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Introdução.
- Os estudiosos no assunto, avaliaram diversas doenças
exantemáticas que seguem um padrão e as numeraram.
1ª doença – sarampo (protótipo das doenças exantemáticas)
2ª doença – escarlatina
3ª doença – rubéola
4ª doença – doença de Filatov-Dukes (Não existe. Não se
descobriu qual o agente infeccioso nem era reprodutível)
5ª doença – eritema infeccioso
6ª doença – exantema súbito
Sarampo
- Sobre o ponto de saúde pública global, é ainda considerada
gravíssima, sendo que ainda mata muito. Potencial de
morbimortalidade altíssimo, principalmente extremamente
carente, como na África.
- Agente: Vírus do sarampo, do gênero morbilivírus e da família
paramixovírus – RNA. Um grande representante dessa família é o
vírus sincicial respiratório. Ou seja, essa família é braba.
- Historicamente acometia crianças de 5-10 anos, antes das
vacinas. Hoje houve um deslocamento para pessoas mais velhas,
principalmente viajantes.
- Transmissibilidade: A partir do momento que uma pessoa
susceptível tem contato com um indivíduo doente, a
possibilidade é de 90%. Um outro detalhe importante é que a
partir do 7º dia após a inoculação já se transmite.
- A incubação dura de 10-12 dias. Ou seja, antes dos Pródromos
já se está transmitindo o vírus. Daí a importância da imunização
em massa.
Observações
- Não existe doença subclínica. Não tem como ter dúvida se teve
ou não a doença. A história da doença é clássica.
- A gravidade guarda correlação com o exantema.
- Há um grave comprometimento transitório da imunidade
celular, pois o sarampo tem predileção por linfócitos T. Isso dura
no máximo 2 semanas, mas leva a um quadro de anergia
cutânea, então não é possível fazer PPD nessa fase, por exemplo.
Outro ponto importante é a reativação de infecção latente, com
reativação da cicatriz de BCG por exemplo (em 20%). O “lado
bom” é que há a remissão temporária de doenças autoimunes.
Complicações
- Infecção bacteriana secundária – Otite média aguda (mais
frequente) e pneumonia (mais temida), ambas causadas pelo
pneumococo, como qualquer infecção respiratória.
Tratamento
- Suporte e sintomáticos.
- Vitamina A: O sarampo promove uma descamação muito
intensa do epitélio respiratório e gastrointestinal, de tal modo
que a vitamina A em Mega doses consegue salvar vidas,
principalmente em menores que 2 anos com forma grave,
imunodeprimidos e desnutridos ou com síndrome de má-
absorção.
Prevenção
- A principal medida é a imunização, fazendo parte vacina tríplice
viral ou da tetra viral. O período de latência para gerar
anticorpos protetores é menor que o de incubação, podendo ser
utilizada nos casos de pós-contato em até no máximo 72 horas.
- Como a vacina é feita com agentes vivos atenuados, alguns
grupos não podem fazer, como gestantes, imunodeprimidos
(mesmo que tenha sido vacinado) e menores de 6 meses (essa
dose é desconsiderada no calendário). Nesses casos em situação
de contato, pode-se fazer a imunoglobulina padrão até o 6º dia
após o contato.
Rubéola
Observações.
- 2/3 das infecções são subclínicas.
- Pode ter uma artralgia/artrite simples. Transitória.
Complicações.
- Púrpura trombocitopênica (1/3000), geralmente não muito
grave.
- Encefalite (1/6000), geralmente simples.
- Panencefalite esclerosante progressiva, com manifestações
menos intensas que a PES do sarampo, nem sempre levando à
morte. Muito raro (1/10.000.000)
Síndrome da rubéola congênita
- O grande problema da rubéola. Não existe a história de ter sido
causada pela vacina. O problema está no vírus selvagem.
- Catarata grave no RN, múltiplas malformações fetais e por
vezes óbito. De todas as infecções congênitas, é a mais grave.
- A solução está na adequada cobertura vacinal. Um adulto
precisa ter duas vacinas.
Tratamento da rubéola
- Sintomático, quando apresenta algum sintoma.
- Não existe prevenção pós-contato. Se a gravida foi exposta, é
só rezar.
Eritema infeccioso
Clínica
- Fase prodrômica – ausente ou inespecífica.
- Fase exantemática – guarda características muito peculiares,
tendo como base manifestações imuno-mediadas, por
anticorpos contra o vírus. Essas manifestações são tardias.
- O exantema é trifásico
1 – Eritema facial em um dos lados (face esbofeteada) – 2-5 dias
2 – Normalmente quando some do rosto, há uma progressão
craniocaudal incompleta que só chega até as superfícies flexoras
dos MMSS e MMII. A característica desse exantema é de ser
reticular (ou rendilhado), sumindo do meio para fora. Essa fase
dura em torno de 2 semanas.
Observações.
- Não há descamação
- Pode ocorrer uma artralgia/artrite leve em pequenas
articulações periféricas, mais comum em meninas mais velhas.
Tratamento
- Sintomático, na fase inespecífica. O exantema não precisa fazer
nada, porque não coça.
Complicações.
Exantema súbito
Clínica
- Fase prodrômica – 3 a 5 dias
Febre muito alta, mas só febre!
- Fase exantemática
- Após o sumiço abrupto da febre, aparece um exantema
máculo-papular rubeoliforme no tronco e migrando para
periferia. Essa progressão centrífuga é característica.
-Não tem descamação
Complicações
- Convulsão febril (5-10%)
Tratamento
- Sintomáticos. Não precisa se desesperar e entrar com
antibiótico para não induzir uma farmacodermia. A diferença de
farmacodermia para exantema súbito, é que a farmacodermia
coça.
Varicela
Clínica
- Fase prodrômica de 24-48 horas, com sintomas inespecíficos
como febre, cefaleia, dor abdominal, eventualmente
conjuntivite.
- Fase exantemática – extremamente característica – durando de
3-7 dias. Inicia com manifestações gerais (2-4 dias). As
manifestações cutâneas são vesículas, pruriginosas, de evolução
característica, rápida com polimorfismo regional.
- Se inicia no couro cabeludo, face e tronco, com progressão em
direção às extremidades. A distribuição é centrípeta, com
predomínio de lesões no centro, mas ela migra para a periferia
(centrífuga).
- Mácula, pápula, vesícula, pústula E crosta podem acontecer
dentro de 24 horas.
- Quando todas as lesões estiverem na fase de crosta, a criança já
não transmite mais a doença.
Complicações
- Impetigo, por bactérias da pele como estafilococo e
estreptococo, principalmente.
- Complicações neurológicas, principalmente uma afecção muito
característica chamada ataxia cerebelar. A única virose, dentro
das exantemáticas que tem tropismo por cerebelo é a varicela. O
prognóstico é excelente.
- Síndrome da varicela progressiva ou hemorrágica – é uma
“sepse” pelo vírus varicela zoster, com característica marcante
de uma CIVD, hepatite importante, hemorragia pulmonar e
manifestação neurológicas graves, com evolução para choque.
Felizmente é rara.
- Síndrome da varicela congênita – rara – atrofia dos membros,
comprometimento dos SNC e oftalmológicas inespecíficas. As
manifestações cutâneas intra-útero são gravíssimas com
cicatrizes e atrofias cutâneas.
- Síndrome de Reye - hepatopatia, hipoglicemia e manifestações
neurológicas potencialmente fatais em decorrência do uso de
AAS durante algumas infecções virais (varicela e influenza) em
indivíduos geneticamente predispostos.
- Síndrome da varicela progressiva – mais comum em
imunocomprometidos, com surgimento prolongado das lesões,
envolvimento visceral, coagulopatia e hemorragias graves.
Lembrar sempre dessa possibilidade em imunocomprometidos
com dor abdominal importante e lesões hemorrágicas.
Felizmente é rara.
Tratamento
- Sintomáticos, na maioria das vezes incluindo o uso de
antitérmicos para febre, e anti-histamínicos para o controle do
prurido. As unhas devem ser mantidas curtas. Em caso de
infecção secundária, pode ser preciso o uso de antibióticos.
- Pode ser feito um banho de permanganato de potássio para
aliviar a coceira.
- O Aciclovir pode ser usado no sentido de mudar o curso da
doença, devendo, no entanto, ser considerado apenas em
pacientes com risco de complicações:
- Pacientes com mais de 12 anos, não gestantes.
- Crianças com mais de 12 meses com doenças pulmonares e
cutâneas crônicas
- Indivíduos em uso de corticoide sistémico em dose não
imunossupressora e por tempo curto ou intermitente, ou que
usam corticoide inalatório.
- Uso crônico de salicilatos
- O segundo caso dentro de um domicílio.
Prevenção
- pré-Exposição - Imunização, através da tetraviral aos 15 meses
e uma segunda dose de 4 a 6 anos.
Mononucleose infecciosa
Clínica
- Pródromos – febre arrastada (de 7 a 10 dias), mal-estar, dor de
cabeça, dor de garganta, dor abdominal, náuseas, mialgia. Bem
inespecífico. O que chama a atenção nessa fase é que 90% dos
pacientes irão desenvolver uma linfonodopatia generalizada. Há
ainda esplenomegalia em 50% dos casos e hepatomegalia em
30%.
- Apenas 3-15% dos pacientes com Mononucleose desenvolverão
exantema. As alterações cutâneas são mais frequentes quando
se faz um tratamento errado (comum) com penicilina. Nesse
caso, há 80% ou mais de chance de desenvolver um exantema
por uma vasculite imuno-mediada.
Avaliação complementar
- Hemograma completo – leucocitose com 20-40% de linfócitos
atípicos (aquele excesso de CD8) e pode ter trombocitopenia.
- Monoteste – anticorpos heterofilos – um exame indireto, onde
se joga uma amostra de sangue e mistura com hemácias de
carneiros fazendo uma hemoaglutinação dessas hemácias.
Crianças menores de 4 anos não tem a capacidade de produzir
anticorpos heterofilos.
- Anticorpos específicos – Anti-VCA (aumentado do início ao fim
da doença); Anti-EA (Aumentado no início e cai no término);
Anti-EBnA (Elevado no término da doença -4-6 após a infecção).
Complicações
1 – Ruptura esplênica (<0,5%) – precisa fazer repouso.
2 – Obstrução de VAS (<5%)
3 – Sintomas neurológicos – cefaleia, convulsões e ataxia
cerebelar. O paciente também pode ter um quadro chamado
metamorfopsia ou síndrome de Alice no país das maravilhas,
onde ao olhar um objeto, as extremidades estão aumentadas.
4 – Hematológicas – raramente.
Tratamento
1 – Repouso
2 – Proibir atividade física por pelo menos 1 mês.
3 – Sintomáticos, exceto AAS pelo risco da síndrome de Reye.
4 – Prednisona 1mg/kg/dia, por 7 dias, em caso de obstrução de
vias aéreas.
Escarlatina
Clínica
- Pródromos – na vida real, os Pródromos se fundem com a parte
exantemática. Para facilitar, se espera febre alta. Quando a
infecção começa na orofaringe, tem-se um Enantema
característico, língua de morango branco e depois língua em
morango vermelho. Há um exudato purulento nas amigdalas.
Tratamento
1 – Penicilina Benzatina IM dose única
2 – Amoxicilina via oral por 10 dias!
Nos alérgicos, pode-se fazer um macrolídeo também por 10 dias
(a Azitromicina é a única que pode ser usada por apenas 5 dias).
Doença de Kawasaki
- É uma vasculite de pequenas e médias artérias, de fundo
reumatológico, e com tendência de acometimento das
coronárias. Acredita-se que a reação reumatológica seja
desencadeada por algum agente comum, já que não acomete
adultos e nem lactentes com menos de 6 meses. Há alguma
predisposição genética, principalmente em pacientes de origem
asiática.
Avaliação complementar
1 – Hemograma completo, com discreta anemia e leucocitose
com desvio à esquerda. Há uma trombocitose extrema, podendo
chegar a mais de 1 milhão de plaquetas/cm³.
2 – Provas de atividade inflamatória. Todos estarão aumentados,
mas o VHS é muito importante pois ajuda a acompanhar a
evolução da doença.
3 – Ecocardiograma, para avaliar acometimento coronário em no
mínimo 3 momentos.
- No momento do diagnóstico
- Na 2ª a 3ª semana após o diagnóstico
- Final da doença (VHS baixar)
Tratamento
1 – AAS inicialmente numa dose anti-inflamatória (80-
100mg/kg/dia de 6/6 horas) até a melhora clínica (15 dias ou 48
horas sem febre). Quando houver melhora clínica, se reduz para
uma dose antiagregante (3-5mg/kg/1xdia).
2 – Imunoglobulina (2g/kg em infusão contínua em 12 horas)
com melhora clínica pronunciada. Pode repetir no máximo mais
uma vez.