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Profa. Dra.

Maria Lúcia Silveira Ferlin


FMRP-USP
Caso Clínico
Dados Maternos: mã e com 26 anos, G2P1C1A0, tipo sanguíneo O Rh neg. CI neg. Fez 6 consultas de
pré-natal, UBS. Sorologias pró ximo ao parto negativas. Portadora de hipertensã o gestacional
controlada com metildopa. RN anterior a termo, 3200g sem intercorrências. Chegou ao centro
obstétrico em trabalho de parto espontâ neo.

Dados do Parto: Duraçã o do trabalho de parto de 6 horas, expulsivo 20 minutos, apresentaçã o


cefá lica, bolsa rota 30 minutos, liquido meconiado. Tentado parto fó rceps sem sucesso, sendo
indicado cesá rea por bradicardia fetal. Durante o ato cirú rgico constatado rotura uterina e presença
de hemoâ mnio.

Dados do Recém-Nascido: Peso 3225g, sexo masculino, 48cm. Nasceu em apnéia, hipotô nico,
bradicá rdico, sendo levado ao berço aquecido e realizadas as manobras de reanimaçã o neonatal,
sendo necessá rio intubaçã o traqueal e VPP, massagem cardíaca e drogas. Apgar: 1, 3, 4, 6, 6
respectivamente no 1º, 2º, 5º, 10 e 20º minutos de vida. Transferido para CTI Neonatal,
adequadamente na incubadora de transporte

CTI Neonatal:Ao dar entrada na unidade apresentava-se hipotônico, com pupilas midriáticas, sem
reflexos, FC de 140 bpm, pressão média de 30 mmHg, pulsos centrais finos, perfusão 4 seg. Com 2 horas
de vida apresentou movimentos de sucção e mastigação, olhar fixo, movimentos de pedalar com cianose.
Com 12 horas de vida não apresentava diurese e mantinha o quadro clínico.
É um caso de Anóxia Perinatal?
ASFIXIA PERINATAL
OU
ENCEFALOPATIA – HIPÓXICO ISQUÊMICA

 O nascimento é associado com a cessação abrupta da Circulação


Feto-Placentária

 Ocorrem alterações fisiológicas profundas envolvendo os sistemas


Cardíacos e Respiratórios

 A falha na adaptação apropriada desses sistemas resulta em


comprometimento cardiorrespiratório e necessidade de Ressuscitação
para evitar a ASFIXIA
ASFIXIA PERINATAL
Os procedimentos são necessários para auxiliar o RN
 Transição da vida fetal dependente
- Troca gasosa através da placenta

 Vida neonatal independente


- Trocas gasosas através dos pulmões

Ressuscitação
Previne a lesão cerebral e minimiza a doença
neonatal e infantil subsequente
ASFIXIA PERINATAL

Hipoxemia
Diminuição de Oxigênio Circulante

Isquemia
Diminuição da quantidade de sangue que
perfunde um determinado tecido
ASFIXIA PERINATAL
 Distúrbios nas trocas gasosas resultando em queda da PaO 2 e pH com
elevação da PaCO2 com todas as consequências metabólicas e fisiopatológicas

 A asfixia depende da intensidade e duração dos fatores desencadeantes. Se a


oxigenação e o fluxo sanguíneo são rapidamente restabelecidos, a lesão é
reversível e alguns RN recuperam-se totalmente; do contrário, podem
desenvolver lesões neurológicas permanentes

 A oferta adequada de Oxigênio aos tecidos é fundamental para que as


células mantenham o metabolismo aeróbico e as funções vitais

 Quando a pressão de perfusão é insuficiente para manter as necessidades


mínimas de oxigênio há mudanças no metabolismo aeróbico para anaeróbico,
com consequentes disfunções orgânicas levando à chamada “Síndrome
Hipóxico-Isquêmica

Há dois a quatro RN com EHI para cada 1.000 nascimentos vivos a termo e a
taxa de mortalidade dos RN asfixiados que desenvolvem EHI é de 15% a
25%.1 Dentre os sobreviventes, 25% a 30% apresentam a sequela mais
importante, que é a paralisia cerebral (PC). Outras sequelas são retardo mental
e déficit de aprendizado em níveis variados e epilepsia.
Boletim de Apgar

 Não é empregado para determinar o início da Reanimação


Neonatal, nem para determinar condutas em relação aos
procedimentos a serem realizados.

 É um método objetivo de quantificar a vitalidade do


RN, sendo útil para transmitir informações do estado
geral e sua resposta à Reanimação Neonatal

Avalia as respostas do Recém –


Nascido ás manobras realizadas
Boletim de Apgar

O escore de Apgar baixo e a acidemia do sangue de cordão


umbilical não podem ser utilizados isoladamente como critério para o
diagnóstico de asfixia perinatal!!!

Critérios para Diagnóstico de Asfixia Perinatal


• Acidemia metabólica ou mista profunda (pH < 7,0) em sangue arterial
de cordão umbilical.
• Escore de Apgar de 0–3 por mais de 5 minutos.
• Manifestações neurológicas no período neonatal (convulsões,
hipotonia, hiporreflexia, coma, entre outras).
• Disfunção orgânica multissistêmica, ou seja, alterações nos sistemas
cardiovascular, gastrintestinal, pulmonar, hematológico ou renal.
Pediatrics 98: 141, 1996
É um caso de Anóxia Perinatal?
Caso Clínico
Dados Maternos: mã e com 26 anos, G2P1C1A0, tipo sanguíneo O Rh neg. CI neg. Fez 6 consultas de
pré-natal, UBS. Sorologias pró ximo ao parto negativas. Portadora de hipertensã o gestacional
controlada com metildopa. RN anterior a termo, 3200g sem intercorrências. Chegou ao centro
obstétrico em trabalho de parto espontâ neo.

Dados do Parto: Duraçã o do trabalho de parto de 6 horas, expulsivo 20 minutos, apresentaçã o


cefá lica, bolsa rota 30 minutos, liquido meconiado. Tentado parto fórceps sem sucesso, sendo
indicado cesárea por bradicardia fetal. Durante o ato cirúrgico constatado rotura uterina e
presença de hemoâmnio.

Dados do Recém-Nascido: Peso 3225g, sexo masculino, 48cm. Nasceu em apnéia, hipotônico,
bradicárdico, sendo levado ao berço aquecido e realizadas as manobras de reanimação
neonatal, sendo necessário intubação traqueal e VPP, massagem cardíaca e drogas. Apgar: 1,
3, 4, 6, 6 respectivamente no 1º, 2º, 5º, 10 e 20º minutos de vida. Transferido para CTI
Neonatal, adequadamente na incubadora de transporte

CTI Neonatal:Ao dar entrada na unidade apresentava-se hipotônico, com pupilas midriáticas, sem
reflexos, FC de 140 bpm, pressão média de 30 mmHg, pulsos centrais finos, perfusão 4 seg. Com 2
horas de vida apresentou movimentos de sucção e mastigação, olhar fixo, movimentos de pedalar
com cianose. Com 12 horas de vida não apresentava diurese e mantinha o quadro clínico.
Porque este RN apresentou
Anóxia Perinatal?

Há Fator de Risco detectável


neste caso?
Fatores de risco

 Ante-natal

 Trabalho de Parto e Parto

Pós-parto
Fatores de Risco
Antenatal

Todo o Oxigênio utilizado pelo feto antes de nascer,


provém do sangue materno, difundindo-se através da
placenta para o sangue do bebê

Antes do nascimento, somente uma pequena fração de


sangue passa através dos pulmões do concepto, não sendo
assim, importantes na oxigenação e excreção do CO2
Fatores de Risco Antenatal

-Idade <16 anos ou >35 anos - Idade Gestacional <39 ou >41 semanas
- Diabetes - Gestação múltipla
- Hipertensão na gestação - Rotura prematura das membranas
- Doenças maternas ( anemia severa,doença - Polidrâmnio ou Oligoâmnio
cardiopulmonar) - Diminuição da atividade fetal
- Infecção materna - Sangramento no 2º ou 3º trimestre
- Alo-imunização ou anemia fetal - Hidropsia fetal

- Uso de drogas ilícitas - Óbito fetal ou neonatal anterior


- Ausência de cuidado pré-natal - Malformação ou anomalia fetal
-Uso de medicações (ex. magnésio e bloqueadores adrenérgicos
- Discrepância entre idade gestacional e peso ao nascer
Fatores de Risco no Trabalho de Parto e
Parto
 Durante o parto normal ocorre hipoxemia transitória com as contrações
uterinas, sendo bem tolerada pelo feto normal

 Causas básicas durante o trabalho de parto e parto

- Interrupção do fluxo sanguíneo umbilical

- Alterações da troca gasosa ao nível da placenta

- Perfusão inadequada da placenta do lado materno

- Comprometimento fetal levando à não tolerância

da asfixia transitória
Fatores de Risco no
Trabalho de Parto e Parto

- Parto cesáreo - Padrão anormal de FC fetal

- Uso de fórcipe ou extração a vácuo - Anestesia geral

- Apresentação não cefálica - Hipertonia uterina

- Trabalho de parto prematuro - Líquido amniótico meconial

- Parto taquitócico - Prolapso de cordão

- Corioamnionite - Uso de opióides 4h anteriores ao parto

- Rotura de membranas >18 horas - Descolamento prematuro da placenta

- Trabalho de parto >24 horas - Placenta prévia

- Segundo estágio do parto >2 horas - Sangramento intraparto significante


Fatores de Risco no Nascimento

 Falha na Adaptação Cardiopulmonar


- Obstrução das vias aéreas

- Quantidade excessiva de líquido pulmonar

- Esforço respiratório inefetivo

- Asfixia no período anterior ao nascimento

-- Gestação

-- Trabalho de Parto

-- Parto
Fatores de Risco Pós - Parto
 Prematuridade e Pós-maturidade

 Retardo do crescimento intra-uterino

 Insuficiência placentária Hipóxia, Acidose

 Fluído amniótico com mecônio

 Malformação congênita

 Gemelaridade

 Déficit de Surfactante Pulmonar

 Polidrâmnio e Oligodrâmnio

 Compressão pulmonar hipoplasia pulmonar

 Iatrogenia Pneumotórax, Bradicardia, Apnéia, Hipóxia, Acidose


Qual o Fator de Risco detectável
neste caso?
Dados Maternos: mã e com 26 anos, G2P1C1A0, tipo sanguíneo O Rh neg. CI neg.

Fez 6 consultas de pré-natal, UBS. Sorologias pró ximo ao parto negativas. Portadora

de hipertensã o gestacional controlada com metildopa. RN anterior a termo, 3200g

sem intercorrências. Chegou ao centro obstétrico em trabalho de parto espontâ neo.

Dados do Parto: Duraçã o do trabalho de parto de 6 horas, expulsivo 20 minutos,

apresentaçã o cefá lica, bolsa rota 30 minutos, liquido meconiado. Tentado parto

fórceps sem sucesso, sendo indicado cesárea por bradicardia fetal. Durante o

ato cirúrgico constatado rotura uterina e presença de hemoâmnio.


O Recém-Nascido apresentou Sinais
Clínicos de Asfixia Perinatal ?
ASFIXIA PERINATAL

O escore de Apgar baixo e a acidemia do sangue de cordão


umbilical não podem ser utilizados isoladamente como critério para o
diagnóstico de asfixia perinatal!!!

Critérios para Diagnóstico de Asfixia Perinatal


• Acidemia metabólica ou mista profunda (pH < 7,0) em sangue arterial
de cordão umbilical.
• Escore de Apgar de 0–3 por mais de 5 minutos.
• Manifestações neurológicas no período neonatal (convulsões,
hipotonia, hiporreflexia, coma, entre outras).
• Disfunção orgânica multissistêmica, ou seja, alterações nos sistemas
cardiovascular, gastrintestinal, pulmonar, hematológico ou renal.
Pediatrics 98: 141, 1996
Sinais Clínicos do Recém-Nascido Asfixiado

 Cianose oxigenação insuficiente

 Bradicardia O2 para músculo cardíaco e tronco cerebral

 Hipotensão arterial

 Depressão do estímulo respiratório O2 para tronco cerebral

 Hipotonia muscular O2 para os músculos e cérebro

 Hipertensão pulmonar persistente


Dados do Recém-Nascido

Peso 3225g, sexo masculino, 48cm. Nasceu em apnéia, hipotônico, bradicárdico,


sendo levado ao berço aquecido e realizadas as manobras de reanimação neonatal,
sendo necessário intubação traqueal e VPP, massagem cardíaca e drogas.
Apgar: 1, 3, 4, 6, 6 respectivamente no 1º, 2º, 5º, 10 e 20º minutos de vida.
Transferido para CTI Neonatal, adequadamente na incubadora de transporte

CTI Neonatal

Ao dar entrada na unidade apresentava-se hipotônico, com pupilas midriáticas, sem


reflexos, FC de 140 bpm, pressão média de 30 mmHg, pulsos centrais finos,
perfusão 4 seg. Com 2 horas de vida apresentou movimentos de sucção e
mastigação, olhar fixo, movimentos de pedalar com cianose. Com 12 horas de
vida não apresentava diurese e mantinha o quadro clínico.
Qual a Fisiopatologia da Asfixia
Perinatal ?
Fisiopatologia da
Anóxia
Condições de Aerobiose

Glicose + 38 ADP + 3 PI + 6 O2 6 CO2 + 44 H2O + 38 ATP

Condições de Anaerobiose

Glicose + 2 ADP + 2 PI 2 Lactato + 2 H+ + 2 ATP


Fisiopatologia da Anóxia

Asfixia
Hipercapnia

Glicólise Anaeróbica
Acidose Respiratória
Esgotamento do
Glicogênio do Músculo Acidose Metabólica
Cardíaco
Distúrbios Enzimáticos

Falência Cardíaca Lesão ou Morte Celular

Seqüelas Neurológicas
Morte
Fisiopatologia da Anóxia:
Sistema Nervoso Central

Inicialmente

PA Redistribuição do O2 CO2 H+
Débito Cardíaco

Fluxo Sanguíneo Perda da Auto Regulação PA


Cerebral Vascular

Fluxo Sanguíneo
Cerebral

Hemorragia
Isquemia
Adaptação Peri - Natal do Feto

Intra –Útero Pós - Natal


Intra - Útero

1. Pulmão fetal está preenchido com líquido alveolar


2. Os vasos pulmonares constritos
3. Maior parte do sangue é desviado para a aorta pelo canal arterial
Nascimento

1. Líquido alveolar é absorvido e substituído por ar


Nascimento

2. Vasos umbilicais são clampeados

3. Remoção do circuito placentário pressão arterial sistêmica

4. Distensão gasosa e aumento do O2 nos alvéolos

5. Vasodilatação pulmonar

6. Fluxo sanguíneo pulmonar


Nascimento

7. Sangue rico em O2 vai para o átrio esquerdo


8. Pressão atrial esquerda
9. Do átrio esquerdo vai para ventrículo esquerdo Vários
tecidos do organismo
10. Ocorre o fechamento:
- Canal Arterial
- Forame Oval
Alterações Fisiológicas da Asfixia

Período inicial
1º - movimentos respiratórios rápidos
2º - se asfixia persiste
- cessam os movimentos respiratórios
- frequência cardíaca começa a diminuir
- tônus muscular diminui gradativamente

Apneia
Primária
FC
PA
Alterações Fisiológicas da Asfixia

Asfixia persistente
- movimentos respiratórios profundos semelhante a suspiros (gasping)
- frequência cardíaca continua a diminuir
- pressão arterial começa a cair
- flacidez muscular
- movimentos respiratórios cada vez mais fracos, até o último suspiro

Apneia Secundária

Nesta fase quando a reanimação


neonatal não é executada

Óbito
Apnéia Primária versus Secundária
Hipoxemia Fetal

Apnéia Primária Apnéia Secundária

PARTO Apnéia
FC < 100bpm

Ao nascimento sempre considerar


apnéia secundária e iniciar a
reanimação imediatamente.

PARTO PARTO
Alterações Cádio - Respiratórias da Asfixia
 As arteríolas pulmonares permanecem constritas
 O sangue da circulação sistêmica pouco oxigenado
 O canal arterial permanece aberto com fluxo D E

CIRCULAÇÃO FETAL CIRCULAÇÃO PÓS - NATAL

 Redistribuição do fluxo sangüíneo para coração e cérebro


 Processo contínuo comprometimento do fluxo sangüíneo

Lesão Cerebral, Outros Órgãos e MORTE


Neste caso foi feito o Diagnóstico de
Asfixia Perinatal ?

Foi feito o Diagnóstico?


Quando?
Diagnóstico

A asfixia neonatal pode se manifestar por


uma série de alterações que podem se observadas:

Pré – Natal

Trabalho de Parto e Parto

Repção do Recém-Nascido
Avaliação Pré - Natal
Movimento Fetal
Detecção Materna
Ultra-sonografia
Cardiotocografia Fetal
- Freqüência Cardíaca Fetal
--Teste sem “stress” movimentação fetal
--Teste com “stress” contração uterina
- espontânea
- estímulo vibro-acústico
Eletrocardiografia Fetal Maior Acurácia
Crescimento Intrauterino
Perfil Biofísico Fetal
- Reatividade Cardíaca
- Movimentos Somáticos
- Movimentos Respiratórios
- Tônus Muscular
- Volume do Líquido Amniótico
Velocidade de Fluxo Sanguíneonos Vasos Umbilicais
!!! Disfunção Feto - Placentária
Avaliação Intra - Parto

 Monitorização Eletrônica da Frequência Cardíaca Fetal


- Anormalidade da FCF basal
- Perda variabilidade da FCF
-- Acelerações
-- Desacelerações
Cardiotocografia: ( )Categoria I ( )Categoria II ( )Categoria III Outra

Mecônio
Mecônio no LiquidoAmniótico
no Liquido Amniótico
Avaliação Pós - Natal
Objetivos

Promover a Ventilação e a Perfusão adequadas para


haver boa oxigenação tecidual, no sentido de se interromper
as agressões da asfixia

Quanto
Quanto maior
maior aa demora
demora para
para iniciar
iniciar aa
reanimação,
reanimação, mais
mais difícil
difícil esta
esta se
se torna
torna ee
mais
mais elevado
elevado éé oo risco
risco de
de lesão
lesão cerebral
cerebral ee
óbito
óbito
Ressuscitação Neonatal

 A conduta imediata na sala de parto em RN asfíxicos é a Reanimação


Neonatal, realizada imediatamente após o nascimento por uma equipe
devidamente treinada.

 A Ressuscitação competente de um Recém-Nascido asfixiado é


frequentemente bem sucedida, sendo associada com morbidade
relativamente baixa.

 Torna-se necessário ampla implementação de técnicas relativamente


simples, com treinamento adequado de toda equipe, em todas as
Maternidades seguindo o “O Programa de Reanimação Neonatal”.
Preparo para a Reanimação

Atendimento adequado do neonato na sala de parto


 Anamnese materna
- antecipada e detalhada

 Equipamentos
- Local de fácil acesso
- Testado adequadamente

 Equipe
-Treinada para executar todos os procedimentos
ABC da Reanimação

Airway Via aérea pérvia

Breathing Respiração

Circulation Circulação

Pontos críticos para a Reanimação


bem sucedida

O ponto central da reanimação neonatal é o estabelecimento


da adequada ventilação pulmonar enquanto ocorre a
transição do padrão Cárdio- Circulatório do tipo fetal para o
adulto
Foi feito o Diagnóstico?
Quando?
Dados Maternos: mã e com 26 anos, G2P1C1A0, tipo sanguíneo O Rh neg. CI neg. Fez 6
consultas de pré-natal, UBS. Sorologias pró ximo ao parto negativas. Portadora de hipertensã o
gestacional controlada com metildopa. RN anterior a termo, 3200g sem intercorrências.
Chegou ao centro obstétrico em trabalho de parto espontâ neo.

Dados do Parto: Duraçã o do trabalho de parto de 6 horas, expulsivo 20 minutos,


apresentaçã o cefá lica, bolsa rota 30 minutos, líquido meconiado. Tentado parto fórceps
sem sucesso, sendo indicado cesárea por bradicardia fetal. Durante o ato cirúrgico
constatado rotura uterina e presença de hemoâmnio.

Dados do Recém-Nascido: Peso 3225g, sexo masculino, 48cm. Nasceu em apnéia, hipotô nico,
bradicá rdico, sendo levado ao berço aquecido e realizadas as manobras de reanimaçã o
neonatal, sendo necessá rio intubaçã o traqueal e VPP, massagem cardíaca e drogas. Apgar: 1, 3,
4, 6, 6 respectivamente no 1º, 2º, 5º, 10 e 20º minutos de vida. Transferido para CTI Neonatal,
adequadamente na incubadora de transporte
Qual a Gravidade deste
Recém-Nascido?
Gravidade
Critérios para a classsificação da gravidade da EHI associados com o
prognóstico evolutivo dos RN

Estágio I: RN é hiperalerta, com aumento do tônus muscular, podendo apresentar


tremores, dificuldade na alimentação e frequência respiratória normal ou aumentada.
Tipicamente o quadro permanece por 24 a 48 horas e a evolução costuma ser favorável,
sem sequelas. São casos de asfixia leve.

 Estágio II: RN encontra-se letárgico, com dificuldade para se alimentar. Pode apresentar
ocasionalmente episódios de apneia ou convulsões durante os primeiros dias. O quadro
habitualmente se resolve em uma semana. A asfixia é moderada, apresentando 30% de
chances de incapacidades no futuro e 6% de evolução para o óbito.

Estágio III: ocorre estupor e a criança permanece hipotônica ou inconsciente. As


convulsões podem permanecer por muitos dias e são frequentes os episódios de apneia. A
criança pode demorar semanas para melhorar ou nunca se recuperar. A asfixia é grave e as
chances de óbito chegam a 60%. Os sobreviventes desenvolvem sequelas de intensidade
variável.

Arch. Neurol. [S.l.], v. 33, p. 696, 1976


Critérios para a classsificação da gravidade da EHI associados com o prognóstico
evolutivo dos RN: Sarnat e Sarnat

Fonte: (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 1997).


CTI Neonatal

Ao dar entrada na unidade


apresentava-se hipotônico, com
pupilas midriáticas, sem reflexos, FC
de 140 bpm, pressão média de 30
mmHg, pulsos centrais finos,
perfusão 4 seg. Com 2 horas de vida
apresentou movimentos de sucção e
mastigação, olhar fixo, movimentos
de pedalar com cianose. Com 12
horas de vida não apresentava
diurese e mantinha o quadro clínico.
Qual(ais) as Conduta(s) que
deveria(am) ser(em) instituída(s)
para este Recém-Nascido?
Tratamento
O RN com anóxia neonatal apresenta um quadro que além do SNC outros
órgãos ou sistemas podem estar comprometidos, assim a abordagem clínica
deve ser sistemática, para tratar as possíveis consequências decorrentes do
episódio hipóxico-isquêmico

Abordagem Clínica

1. Na Sala de Parto

2. Medidas de Suporte Geral

3. Estratégias de Neuro Proteção


1. Sala Parto

Preparo para a Reanimação

 Anamnese materna
- antecipada e detalhada

 Equipamentos
- Local de fácil acesso
- Testado adequadamente

 Equipe
-Treinada para executar todos os procedimentos
ABC da Reanimação
Airway Via aérea pérvia

Breathing Respiração

Circulation Circulação

Pontos críticos para a Reanimação bem sucedida

O ponto central da reanimação neonatal é o estabelecimento da adequada


ventilação pulmonar enquanto ocorre a transição do padrão Cárdio-
Circulatório do tipo fetal para o adulto

Quando a hipoxia intrauterina ocorreu ha mais tempo, as


manifestações da EHI, em niveis variados, são inevitáveis
2. Medidas de Suporte Geral
 Manipulação Mínima

 Controle Térmico:
Deve-se manter a temperatura corporal dentro de uma faixa fisiológica (36,5°C – 37,2°C)

 Monitorização Contínua:
FC, FR, pO2, PA, diurese, eletrólitos, glicemia, gasometria
Apnéia frequente por lesão do SNC ventilação mecânica
Alteração da FC lesão no SNC
lesão do músculo cardíaca

Controle eletrolítico:
Hipocalcemia comum nos RN com anóxia Altera contratilidade cardíaca
Sintomática e assintomática Ca Convulsões
Hipercalcemia resinas trocadoras de íons e salbutamol
Os níveis plasmáticos de cálcio devem ser mantidos entre 7mg/dL e 11mg/dL
2. Medidas de Suporte Geral
 Manutenção da glicemia
Hipoglicemia ATP, inicia cascata de eventos bioquímicos, AA excitatórios
Hiperglicemia lactato cerebral, lesão cerebral, edema intracelular e vários
distúrbios na regulação do tônus vascular cerebral
Manter a glicemia a níveis fisiológicos (50mg/dL a 90mg/dL)

Balanço Hídrico
Retenção hídrica SIHA, necrose tubular aguda anúria ou oligúria
Restrição hídrica inicial de 60mL/kg/dia. Fazer controle rigoroso do débito
urinário procurando-se evitar sobrecarga ou queda de pressão de perfusão

Controle da Hipotensão
Hipotensão Perda do volume circulante solução salina
lesão miocárdica contratilidade aminas vasoativas
Pressão de perfusão cerebral depende da PA média sistêmica
posicionar cabeça do RN linha com elevação 30º
2. Medidas de Suporte Geral

 Controle da Função Renal

 Controle de Infecções

 Controle Hematológico

 Controle Neurológico

- Convulsões Barbitúricos e outras drogas quando necessário


Verificar presença de distúrbios metabólicos

- Edema Cerebral
Exames Laboratoriais

 Hemograma, Hemocultura e PCR

 Função renal : uréia, creatinina

 Função hepática: γGT, TGO, TGP, albumina

 Coagulograma

 CKMB Exames de Imagem

Ultra som de crânio


 Eletrólitos

CT de crânio
 Glicemia
Ressonância Magnética de crânio

 Lactato
Poligráfico = EEG com diferentes canais
! Para o RN
 Gasometria
3. Estratégias de Neuro Proteção

As intervenções preventivas de lesão neuronal que têm maior potencial


para serem empregadas no RN, até o momento são: uso precoce
fenobarbital (antes das crises convulsivas) e hipotermia leve, de
preferência corporal total
Qual(ais) as Conduta(s) instituída(s)
para este Recém-Nascido?
1. Na Sala de Parto

A reanimação efetiva e rápida na sala de parto pode prevenir o dano


neurológico da asfixia aguda, entretanto se a hipóxia ocorreu intra-útero
há mais tempo, as manifestações da hipóxia em níveis variados são
inevitáveis, porem minimizadas

Dados do Recém-Nascido: Peso 3225g, sexo masculino, 48cm.


Nasceu em apnéia, hipotô nico, bradicá rdico, sendo levado ao
berço aquecido e realizadas as manobras de reanimação
neonatal, sendo necessário intubação traqueal e VPP,
massagem cardíaca e drogas. Apgar: 1, 3, 4, 6, 6 respectivamente
no 1º, 2º, 5º, 10 e 20º minutos de vida. Transferido para CTI
Neonatal, adequadamente na incubadora de transporte
2. Medidas de Suporte Geral

CTI Neonatal o RN foi colocado em incubadora, intubado, com manipulaçã o


mínima, controle térmico, com monitorizaçã o da pressã o arterial, saturaçã o de O2
, FC. Foram realizados controles hidroeletrolítico, glicêmico, infeccioso, da funçã o
renal, hepá tica, coagulograma e gasométrico. Foram também realizado exames de
imagem e eletroencefá lico.
Exames Laboratoriais

 Hemograma, Hemocultura e PCR Dentro da normalidade

 Função renal : uréia, creatinina U= 39 mg/ml (N) Creat= 1,73mg/ml (N)

 Função hepática: γGT, TGO, TGP, albumina TGO 1041Ul (N até 38Ul)

 Coagulograma TP.52,4↑(N=11,1s) INR4,64(N<1,3)


TPPA 52 ↑ N24,4) R=1,86 (< 1,2)
 CKMB 3844 µ/l (N= 25 µ/l

 Eletrólitos 135mmol/l 4,4 mmol/l 0,92mmol/l

 Glicemia 36mg/dl

 Lactato 22mmol/l (N= 0,5-2,0mmol/l)


1ª 2ª
pH = 6,87 6,99 mm/Hg
 Gasometria pO2 = 226 30 mm/Hg
pCO2 = 17,2 47,6 mm/Hg
HCO3= 3,0 10,9 mmol/l
BE = -33,7 -21,5
Sat O2= 99.8% 47,5%
3. Estratégias de Neuro Proteção

Indicado HIPOTERMIA TERAPÊ UTICA.


 Cardiocirculatórias:
Complicações
Infarto agudo do miocárdio, insuficiência miocárdica(VD) levando a isquemia e necrose.
Inicialmente taquicardia sinusal, seguido de bradicardia, e insuficiência cardíaca. RN apresenta
hiperatividade precordial, pulsos amplos ou finos ,déficit de perfusão e edema generalizado

Respiratórias:
Hipertensão pulmonar persistente do RN, hipoxemia sistêmica (shunt D E pelo forame oval e
canal arterial persistente

 Gastrointestinais:
Níveis aumentados de amônia insuficiência hepática necrose.
Insuficiente perfusão sanguínea em RN principalmente se RNPT, pode causar isquemia das alças
intestinais enterocolite necrozante

 Distúrbios metabólicos:
Inicialmente hiperglicemia catecolaminas e cortisol
Após consumo excessivo dos depósitos de glicogênio hepático hipoglicemia
Alguns casos hiperinsulinismo tardio - hipoglicemia
Hipocalcemia precoce secundário insuficiência renal e transitória do paratormônio
Hipercalcemia na insuficência renal mais prolongada
Hiponatremia e natriúria na recuperação da necrose tubular aguda
Complicações
Renais:
Oligúria ou anúria
Síndrome inapropiada de hormônio anti-diurético (SIHAD) disfunção hiopofisária pela
agressão isquêmica. Reabsorvem grande quantidade de água no túbulo distal oligúria,
edema e hiponatremia
Necrose tubular aguda consequente a lesão isquêmica renal redução do débito urinário e
insuficiência renal aguda que persiste vários dias ou semanas

 Hematológica:
CIVD devido às lesões nos vasos sanguíneos, diminuição dos fatores de coagulação devido
à disfunção hepática e diminuída produção de plaquetas pela medula óssea. Ocorre
sangramento em locais de veno-punção, equimoses, petéquias, hematúria, hematomas,
hemorragia digestiva, melena.Pode ocorrer choque hipovolêmico.

Neurológicas:
Convulsões geralmente se iniciam nas 1 as 24horas
Edema cerebral: pode ser precoce resultando em necrose cerebral.
Seguimento: Equipe Multiprofissional

CIRURGIA
ENFERMEIRA INFANTIL
PSICÓLOGA NEUROLOGIA
NUTRICIONISTA OFTALMO
PEDIATRA OTORRINO
ORTOPEDIA

ASSISTENTE
SOCIAL EQUIPE DE
REABILITAÇÃO
FONOAUDIOLOGIA
RN FISIOTERAPIA
Lactente TERAPIA OCUPACIONAL
Obrigada

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