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Fabiana, Marcela e Michelle – Obstetrícia

AULA 11 – PBF E DOPPLER • Não existe teste ideal para cada feto ou
gestação de risco
o Cardiotocografia fetal estimulada
PRINCIPAIS OBJETIVOS DA MONITORIZAÇÃO o Cardiotocografia basal
FETAL ANTEPARTO o Perfil biofísico fetal
• Identificar fetos bem oxigenados ou em o Perfil biofísico fetal modificado
risco de hipoxemia o Estudo doppler fetal
• Permitir intervenção apropriada para
redução ou prevenção da morbidade e • Indicações:
mortalidade.
Gestações com alto risco para asfixia intrauterina:

ADAPTAÇÕES PARA ADEQUADA OXIGENAÇÃO o Causas obstétricas:


FETAL ✓ Pós- datismo
• Batimentos cardiofetais ✓ Restrição de crescimento
o Feto intacto – resposta inicial à ✓ Morte fetal prévia
hipóxia aguda = aumento gradual ✓ Diminuição dos movimentos fetais
da variabilidade, resposta do ✓ Hipertensão gestacional/ pré-eclâmpsia
quimiorreceptor mediada pelo ✓ Ruptura prematura de membranas
nervo vago. ✓ Gêmeos discordantes
o 30 – 60 minutos de hipóxia: ✓ Colestase da gravidez
retorno gradual acima ou na linha ✓ Aloimunização -Rh
de base, devido ao aumento dos ✓ Oligodramnia (5cm)
níveis circulantes de epinefrina e ✓ Polidramnia (24cm)
norepinefrina e modulação do
vago pelos opioides endógenos. o Patologias maternas
✓ Diabetes
• Movimentação e comportamento fetal ✓ Hipertensão crônica
o < 20 semanas: períodos com ✓ Cardiopatias
ausência de mobilidade fetal = 6 ✓ Doenças renais
minutos ou menos. ✓ Doenças da tireoide
o 32 – 40 semanas: períodos com ✓ LES
ausência de mobilidade fetal = ✓ Trombofilias
15,5 – 37 minutos.
• Processos fisiopatológicos de risco para morte
• Redistribuição do fluxo sanguíneo fetal ou dano neurológico
o Diminuição do fluxo sanguíneo útero
• Padrões de desenvolvimento – placentário: Hipertensão crônica; Pré-
realização exame USG/ PBF/ CTG eclâmpsia; Doenças colágeno/ renal/
o 30 a 40 minutos de inatividade vascular; Maior parte RCIU.
fetal = normal em 40 semanas; o Diminuição da troca gasosa: Pós-datismo;
alterado se em 32 semanas ou RCIU.
menos o Alterações metabólicas: Hiperglicemia
fetal; Hiperinsulinemia fetal.

AVALIAÇÃO FETAL ANTENATAL

• A eficácia de qualquer método depende


do conhecimento da fisiopatologia do
processo que leva ao dano neurológico
ou morte fetal.
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o Sepse fetal: RPM; Infecção intra-


amniótica; Febre materna por infecção
primária subclínica intra-amniótica.
o Anemia fetal: Hemorragia feto/materna;
Aloimunização materno fetal; Infecção por
parvovírus.
o Falência cardíaca fetal: Arritmia cardíaca;
Hidropsia não imune; Corioangioma
placentário; Aneurisma veia de galeno
o Acidentes de cordão: Entrelaçamento
cordões; Inserção velamentosa;
Oligodramnia

PERFIL BIOFÍSICO FETAL

Está indicado em gestações com fatores de risco


materno ou fetais. É útil na complementação
diagnóstica de gestantes de alto risco ou que
apresentem CTG anteparto alterada e que se pretende
confirmar a hipóxia fetal.

Avalia diversos parâmetros fisiológicos fetais agudos e


crônicos, através da associação da cardiotocografia
O PBF pode se mostrar alterado mesmo diante de feto
basal com quatro parâmetros ultrassonográficos:
saudável, também determinando resultados falso-
tônus fetal, movimentação fetal, movimento
positivos, como em fetos extremamente prematuros
respiratório fetal e volume de líquido amniótico. Para
(por imaturidade do SNC), uso de drogas sedativas,
cada item é atribuída uma nota, que pode ser dois
hipoglicemia, presença de infecção amniótica e
quando o parâmetro avaliado for normal, ou zero
período de sono fetal.
quando anormal, em um período de acompanhamento
de trinta minutos Por conta disso, atualmente já se utiliza o Perfil
Biofísico Fetal Simplificado, que reúne a
Os parâmetros avaliados são:
cardiotocografia e a medida do volume de líquido
• Agudos: movimentos respiratórios fetais, amniótico, dispensando o estudo dos movimentos
tônus fetal, movimentos fetais e reatividade e respiratórios fetais, movimentos fetais e tônus fetal,
variabilidade da frequência cardíaca fetal. que além de serem influenciados por outros fatores
Estas alterações refletem uma resposta que não a asfixia (mencionados anteriormente), só se
adaptativa à hipóxia com redistribuição reflexa alteram de forma tardia na asfixia, quando a hipóxia
do fluxo cardíaco para órgãos preferenciais atinge níveis alarmantes
(cérebro, coração e rins).
• Medida do líquido amniótico:

• Crônicos: alteração do volume de líquido


o É calculado através de ultrassonografia pela soma
amniótico e dos movimentos reflexos.
das medidas verticais dos bolsões em cada
Atenção! Durante a instalação da hipoxemia, observa- quadrante uterino. Ou seja, divide-se o útero em
se uma perda progressiva das atividades reflexas fetais quatro quadrantes (QSE, QSD, QIE e QID), realiza-
de forma inversa à ordem de desenvolvimento no se a medida do maior espaço anecóico vertical
concepto, uma vez que os centros mais precocemente em cada um destes e soma.
formados na organogênese seriam também os mais
resistentes à hipóxia. o É considerado normal quando entre 8 e 18 cm.
Abaixo de 5 considera-se oligodramnia e acima
de 23, polidramnia
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o Valores entre 5 e 8 e entre 18 e 23 são MEDICAÇÕES PERFIL BIOFÍSICO FETAL


considerados dentro dos limites dos desvios
Esteroides- - 80-90% redução
padrões em relação à média. Alguns autores
betametasona MRF acima de 48h
utilizam os termos oligodramnia leve e
- 50% redução da
polidramnia leve. MF
Obs: A medida do volume do líquido amniótico é - CTG não reativas
importante na determinação do tempo que se pode Agentes – beta - Aumentam MRF
esperar até a realização do parto, visto que sua adrenérgicos
Sulfato de magnésio - 50% CTG não
redução pode resultar em compressão do cordão
reativas
umbilical.
- Redução MRF

PERFIL BIOFÍSICO FETAL MODIFICADO DOPPLER

✓ Dopplerfluxometria

É o exame que mais fornece informações sobre as


condições fetais, placentárias e hemodinâmicas
maternas e o que mais precocemente detecta a
diminuição da perfusão fetal entre todos os métodos
complementares disponíveis atualmente.

A dopplerfluxometria, na verdade, não estuda o fluxo


ANÁLISE RACIONAL DO PBF sanguíneo, mas sim sua velocidade. Estuda a relação
entre as velocidades sistólica e diastólica do fluxo, o
PBF se baseia no princípio de que atividades biofísicas
que permite inferir o grau de impedância dos vasos, ou
são controladas por centros do cérebro fetal sensíveis
seja, o nível de sua resistência. Dessa forma, o termo
a diferentes graus de hipóxia.
mais correto seria dopplervelocimetria.
• Atividades biofísicas são periódicas – feto passa
Revela de forma precoce o comprometimento fetal
por períodos de sono.
crônico, antes que ocorram danos irreversíveis. Assim,
• Ausência de atividade pode simplesmente
o Doppler surpreende as alterações ainda na sua fase
significar que teste foi feito no período de sono.
compensada, enquanto o perfil biofísico fetal o faz
• Modificações maternas depressivas podem apenas tardiamente, já no seu estágio
suprimir as atividades biofísicas descompensado.
• As primeiras atividades biofísicas a surgirem na
vida fetal são as primeiras a desaparecer com o Os vasos mais utilizados para avaliação de sofrimento
comprometimento fetal por hipóxia ou por fetal crônico são a artéria uterina (circulação
infecção. uteroplacentária), a artéria umbilical (fetoplacentária),
• Os centros mais sensíveis a hipóxia são o da FCF e a artéria cerebral média e o ducto venoso. O exame
os centros respiratórios. pode ser realizado a partir de 24 a 26 semanas.
• O ultimo a desaparecer é o tônus fetal. Na ausência A resistência vascular ao fluxo pode ser avaliada
de outras atividades biofísicas está associado a alta através da razão entre as ondas de velocidade de fluxo.
mortalidade perinatal. Para isso, mede-se a amplitude da velocidade de fluxo
na sístole (S ou A) e o nadir na diástole (D ou B) –
Diversos índices podem ser utilizados, como o Índice de
Pulsatilidade (PI), Índice de Resistência (RI) e relação
Sístole/Diástole (S/D), sem grandes diferenças entre si
na determinação do grau de resistência vascular.
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o Dopplervelocimetria da Artéria umbilical

✓ Forma indireta de avaliar a função


placentária.

✓ Durante uma gestação normal a artéria


umbilical é um vaso de baixa resistência,
que continua a cair com o decorrer da
gravidez. Dessa forma, o pico da
velocidade diastólica aumenta com a
evolução da gravidez. O que se reflere por
uma queda progressiva de todos os índices
de resistência.

✓ Em condições de hipóxia, seja ela aguda ou


crônica, o feto prioriza o fluxo sanguíneo
para tecidos nobres (centralização), como
o coração, o cérebro e a glândula
suprarrenal, em detrimento de outros
órgãos, como os intestinos, o baço, os rins
e a musculatura esquelética, os quais
entram em anaerobiose. Como a artéria
umbilical não leva sangue para órgãos
nobres, ela sofre vasoconstricção e há um
aumento da resistência vascular, que se
expressa à dopplervelocimetria por uma
diminuição do seu fluxo diastólico e
elevação de seus índices de resistência.

✓ Este aumento da resistência com


diminuição progressiva do fluxo diastólico
pode culminar com a ausência de fluxo
diastólico (diástole zero) ou até mesmo
um fluxo reverso durante a diástole,
chamado de diástole reversa.

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