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CENTRO TÉCNICO SALVADOR

LORENA DOS SANTOS PAZ

INFECÇÃO URINÁRIA ASSOCIADA À SONDA VESICAL DE DEMORA:


PREVENÇÃO DA INFECÇÃO URINÁRIA DEVIDO AO USO PROLONGADO DA
SVD

SALVADOR – BA
2020
LORENA DOS SANTOS PAZ

INFECÇÃO URINÁRIA ASSOCIADA À SONDA VESICAL DE DEMORA:


PREVENÇÃO DA INFECÇÃO URINÁRIA DEVIDO AO USO PROLONGADO DA SVD

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso Técnico de Enfermagem, do Centro Técnico
Salvador – CTS, como requisito para obtenção do
Grau Técnico.

Orientadora: Thainá Carvalho

SALVADOR/BA

2020
1. EPÍGRAFE

O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo.


Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis.
- José de Alencar
2. RESUMO

Dentre os pacientes, foi utilizado para estudo de caso JSQ, do sexo masculino, com a idade de
65 anos, aposentado, natural de Salvador/BA, medindo 1,79m de altura e peso corporal de 82Kg,
portador de diabetes e hipertensão, residindo atualmente no abrigo onde acompanhei o caso. O
paciente havia sido submetido a uma Prostatectomia aberta para remoção do tecido prostático
devido à Hiperplasia Benigna da Próstata, por isso ele teve que fazer uso de um cateter vesical
para ajudar a drenar a bexiga, por 15 dias. O cateterismo vesical é uma técnica que consiste
na introdução de um cateter, também conhecido por sonda vesical, pela uretra até à bexiga de
forma a fazer a permitir a saída de urina em pessoas que não conseguem controlar esse ato,
devido a obstruções como hipertrofia da próstata, dilatação uretral ou mesmo em casos em que se
pretende realizar exames em urina estéril ou preparar a pessoa para uma cirurgia, por exemplo. A
utilização dessa sonda vesical ou cateter urinário em muitos casos pode favorecer a adesão,
proliferação e migração de microrganismos para o trato urinário levando assim a uma infecção
urinária. A Infecção do Trato Urinário (ITU), conhecida como infecção urinária, pode ocorrer na
uretra, bexiga, ureteres e rins. É mais comum no trato inferior, composto pela bexiga e uretra. A
infecção urinária é uma das infecções mais comuns que ocorre principalmente após o uso da
sonda vesical. JSQ apresentava sintomas como dor abdominal, febre e urina com odor forte e,
após Exame de urina e cultura, foi constatada a infecção urinária. O paciente possui vários fatores
que contribuem para uma infecção do trato urinário como, por exemplo, a idade, tempo de uso da
sonda, mau controle glicêmico e uso de medicamento a base de Dapagliflozina para controle da
diabetes que elimina glicose pela urina, facilitando a proliferação de bactérias. Outro fator que
contribui é o manuseio indevido da sonda por conta do paciente que insistia em fazer a drenagem
da bolsa do cateter sem auxílio e técnicas adequadas. Para o tratamento foi indicado antibiótico à
base de ácido fosfônico, suspensão parcial do uso da Dapagliflozina, bem como orientações para
um bom controle glicêmico.
3. INTRODUÇÃO

Freqüentemente, pacientes internados em hospitais ou que recebem algum tipo de cuidado de


saúde domiciliar são acometidos por uma infecção do trato urinário, sendo que aproximadamente
12% dessas infecções hospitalares são ocasionadas pela infecção urinária associada à sonda
vesical de demora. O presente trabalho pretende abordar medidas necessárias apresentadas por
profissionais da enfermagem para prevenção da infecção urinária pelo uso prolongado da sonda
vesical e suas complicações, apresentando algumas situações vivenciadas com o paciente JSQ,
idoso de 65 anos que foi diagnosticado com infecção urinária após o uso prolongado de um
cateter vesical pós-cirurgia de Prostatectomia.
Sondagem ou cateterismo vesical de demora é uma sonda folley com várias apresentações de
tamanho, que é introduzida no meato urinário até a bexiga, por um profissional enfermeiro, para
que a urina saia por meio desse sistema, em caso de retenção urinária, pré e pós-operatório,
monitorização do débito urinário, em caso de bexiga neurogênica, coleta de urina para exames,
dentre outros, ao final da sonda é conectado uma bolsa coletora a qual deve ser esvaziada sempre
que necessário e/ou possível, esta bolsa deve ser mantida sempre abaixo da bexiga do paciente
para que a urina não faça o refluxo, ou seja, não suba da bolsa para a bexiga (PORTAL
EDUCAÇÃO, 2012).
Muitas pessoas que precisam utilizar uma sonda vesical necessitam transitoriamente (apenas
por um tempo e não por toda a vida). Porém este tempo pode variar muito de acordo ao motivo
da sondagem, sendo que a cada dia de uso da SVD, o paciente aumenta o seu risco de sofrer
infecção urinária em 3 a 7% (FREITAS, 2018).
O paciente JSQ precisou utilizar a sonda por no mínimo 15 dias para drenar a bexiga, mas no
quinto dia do uso da SVD apresentava febre e dor abdominal, além de observar que a urina estava
com uma coloração escura, aparência turva e odor forte, apesar do paciente ingerir bastante água
por recomendação médica. O paciente possuía vários fatores que contribuíam para a suspeita de
infecção urinária, como por exemplo, a idade, diabetes mellitus e o uso de medicação para
controle de diabetes à base de dapagliflozina, que é um medicamento que bloqueia o
cotransportador sódio-glicose2 (SGLT2), uma proteína responsável pela reabsorção da glicose no
rim, levando à eliminação do excesso de glicose na urina, propiciando meio adequado ao
crescimento bacteriano. Associado a esses fatores existia também o fato de JSQ manipular a
bolsa para esvaziamento sem nenhuma técnica adequada, por falta de orientação.
Depois de feito a urocultura, exame de urina que detecta a infecção urinária, foi diagnosticada
a doença e o paciente fez uso de antibiótico derivado do ácido fosfônico, teve que interromper o
uso da medicação à base de dapagliflozina até a retirada da sonda vesical, recebeu orientações
sobre como manter um bom controle glicêmico e foi também orientado sobre a manipulação da
bolsa coletora da sonda.
A infecção urinária é uma das infecções mais comuns que ocorre principalmente após o uso
da sonda vesical. Existem várias medidas fortemente recomendadas para a prevenção dessa
infecção. A equipe de enfermagem é responsável pela execução do procedimento técnico, por
isso cabe ao profissional que executa esse procedimento e que gerencia as demais atividades,
definir estratégias e protocolos de ação com o objetivo de prevenir a sua ocorrência.
4. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

Paciente JSQ, consciente, receptivo, orientado em tempo e espaço, sereno, corado, deambula
sem auxílio da enfermagem, capaz de alimentar-se sozinho, recém-operado, fazendo uso de sonda
vesical de demora, utilizando medicação via oral para hipertensão e diabetes.
Foi realizado anamnese do paciente, aferiu-se o peso e altura, depois o exame físico
utilizando as técnicas de inspeção, palpação e ausculta, checagem dos sinais vitais: pressão
arterial, freqüência cardíaca, pulso, freqüência respiratória e temperatura, constatando febre alta e
dor abdominal.
Com a aferição da glicemia capilar, observou-se mau controle glicêmico, por isso a medição
era feita a cada 6 horas. Foi administrado via oral analgésico para diminuir a febre e oferta
hídrica por orientação do médico que fez a Prostatectomia e para melhora da glicemia.
O médico solicitou um exame de urocultura que foi realizado da seguinte forma: lavagem e
higienização das mãos, esvaziamento da sonda e da bolsa coletora, depois, 30 minutos antes da
coleta, o circuito coletor foi clampeado abaixo do nível da porta de amostra, que foi desinfetada
com gazes e álcool 70%, a urina foi aspirada pela porta de amostra com uma seringa e agulha e
transferida para o recipiente coletor devidamente identificado que foi encaminhado para o
laboratório. Quando diagnosticada a infecção urinária, foi administrado ao paciente por via oral
antibiótico à base de ácido fosfônico, em dose única.
A bolsa do cateter era esvaziada pelo profissional sempre que necessário e possível, evitando
que o paciente tentasse fazer sem técnica e orientação, a lavagem da parte exterior da sonda e da
bolsa era feita com água e sabão 2 a 3 vezes por dia. Como o paciente fazia o banho de chuveiro
(aspersão), era conduzido e orientado a pendurar a bolsa num suporte que a mantinha abaixo da
cintura. A limpeza do corte cirúrgico, com álcool 70% e gaze, era feita 1 vez ao dia, logo após o
banho, e arrumação do leito com troca de lençóis e toalhas.
Assistência no que tange orientação alimentar, uso correto das medicações, manuseio da
bolsa coletora da sonda, esclarecimentos de dúvidas e conversa com o paciente para tranqüilizar o
mesmo a respeito da sua situação.
5. RECURSOS UTILIZADOS

 Balança Digital com Estadiômetro


 Estetoscópio
 Esfigmomanômetro Digital
 Termômetro Digital
 Abaixador de língua
 Glicosímetro, lancetas e tiras reagentes
 Analgésico oral
 Antibiótico à base de ácido fosfônico
 Sonda vesical de demora e bolsa coletora
 Frasco adequado para o exame de urocultura com adesivo
 Luva de procedimento
 Álcool 70%
 Agulha e seringa
 Sabão
 Pacote de gaze
 Algodão
 Papel toalha
6. RESULTADOS ALCANÇADOS

O paciente JSQ encontra-se mais colaborativo e interagindo melhor com a equipe de


enfermagem devido ao envolvimento do mesmo em diálogos e dinâmicas. Apresentou apirexia,
depois do uso do medicamento e os sinais vitais se mantiveram estáveis.
Com o controle da alimentação, houve uma melhora na glicemia, o que deixou o paciente
mais animado. O paciente entendeu a necessidade do profissional manipular a bolsa para
esvaziamento e sempre solicitava ajuda quando percebia que a bolsa necessitava ser esvaziada.
Com o uso do antibiótico, o paciente sentiu melhora nos sintomas da infecção urinária e
passou a aceitar a sugestão de deambulação, para evitar a distensão abdominal por acúmulo de
gases, para Ajudar a retirar o sedimento cirúrgico do corpo, melhorar a circulação e glicemia,
fortalecer os pulmões e se sentir mais ativo, sempre mantendo a bolsa de drenagem abaixo da
cintura.
7. SUGESTÃO PARA MELHORIAS

RESOLUÇÃ
PROBLEMA
O DO DINÂMICA DA SOLUÇÃO
IDENTIFICADO
PROBLEMA

Como procedimento invasivo, o cateterismo


vesical pode levar ao constrangimento físico e
Constrangimento psicológico do paciente, sendo de total
Atendimento
físico e psicológico responsabilidade do profissional informar as
humanizado
do paciente razões de sua necessidade, obter o consentimento
para sua realização e precaver qualquer tipo de
constrangimento – equipe de enfermagem.

Para maior segurança e garantir que a bolsa de


O paciente não se
drenagem permaneça abaixo da linha da cintura, o
sentia à vontade para Fixação da
enfermeiro deve fazer uso de fita reajustável de
caminhar segurando bolsa
perna para fixação da bolsa – equipe de
a bolsa
enfermagem.

Instalação de um gancho no banheiro – equipe de


O paciente não tinha instalações.
Uso de um
onde pendurar a
suporte ou Fiscalizar se o suporte ou gancho mantinha a bolsa
bolsa de drenagem
gancho abaixo da linha da cintura do paciente e sem
na hora do banho
contato com o chão – equipe de enfermagem.

– Alternar o lado de fixação da bolsa coletora para


Alternar o lado evitar lesão no meato urinário e a pele onde a
Queixa de incômodo
de fixação da sonda se apóia. Deve-se alternar a posição da
na extremidade da
bolsa de bolsa no momento da higienização, procurando
uretra
drenagem não exceder 6h à 8h contínuas para cada lado –
equipe de enfermagem.
8. CONCLUSÃO

É papel da equipe de enfermagem, inclusive do técnico de enfermagem, adotar medidas que


reduzam a incidência de infecções, em especial das infecções do trato urinário relacionadas ao
uso do cateterismo vesical, por se tratar de uma prática realizada predominantemente pela equipe
de enfermagem. A principal função do técnico em enfermagem é auxiliar os enfermeiros nas
atividades que envolvem o cuidado com os pacientes, incluindo ações de reabilitação e
recuperação de saúde, adotando medidas simples como a lavagem das mãos e uso de técnica
asséptica. Além disso, deve-se investir no conhecimento para melhorar a assistência ao paciente
em todos os âmbitos, desde o controle de fatores que propiciam a infecção até mesmo medidas de
conscientização do paciente para seu próprio cuidado, oferecendo um atendimento mais
humanizado e garantindo uma melhor qualidade na recuperação do paciente.
9. REFERÊNCIAS

Cateterismo Vesical de Demora. O Portal do Brasil, 2020. Disponível em:


<https://www.gov.br/pt-br/servicos-estaduais/cateterismo-vesical-de-demora>. Acesso em:
10/04/2020.

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