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Índice

Apresentações 5

Capítulo 1 - Barreiras Técnicas: Conceitos Básicos 7

Capítulo 2 - A Organização Mundial do Comércio (OMC)


e as Barreiras Técnicas 11

Capítulo 3 - Acordos de Reconhecimento Mútuo (MRAs) 16

Capítulo 4 - Superando as Barreiras Técnicas 21

Capítulo 5 - Ponto focal: Serviços à Disposição dos Exportadores 24

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apresentações

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O presente Manual ora lançado pelo MDIC, CNI, Inmetro e Senai se destina a todo o
empresariado brasileiro, com ênfase nos responsáveis pelas micro, pequenas e
médias empresas. É fruto da experiência do Inmetro de quase três décadas no trato
com a Metrologia, com as Normas Técnicas, com os Regulamentos Técnicos e com
os Procedimentos de Avaliação da Conformidade. Resulta, sobretudo, da experiência
acumulada por exercer no Brasil o papel de "Ponto Focal de Barreiras Técnicas às
Exportações" nos moldes exigidos pelo TBT/OMC. Tal acervo de conhecimentos e de
informações foi condição sine qua non para credenciar o Inmetro a prestar mais um
serviço de importância basilar para a empresa brasileira, pois permitiu condensar
numa pequena brochura os elementos essenciais que recolheu durante a sua lide
diária com aqueles temas, bem como, principalmente, no trato rotineiro da
administração e da implementação do Acordo TBT junto a Genebra.

A realização do presente trabalho decorreu da constatação de que predominava no


País desconhecimento quase generalizado quanto à caracterização exata do que
vem a ser uma barreira técnica, fazendo portanto falta uma conceituação correta,
calcada nos ensinamentos dos fóruns internacionais. Tal lacuna está, hoje, sanada
com a edição deste trabalho.

Capítulo especialmente dedicado aos Acordos de Reconhecimento Multilaterais


(MRAs) apresenta, pela primeira vez em trabalhos dessa natureza, informações sobre
aqueles instrumentos que favorecem o aumento da competitividade das empresas.
Esses Acordos propiciam redução de custos, pois as empresas não necessitarão
repetir ou reanalisar seus produtos quando destinam suas exportações a países com
os quais o Brasil já firmou os referidos Acordos de Reconhecimento, seja para
Sistemas da Qualidade, para Calibrações ou para Ensaios.

Por fim, o Manual dedica um Capítulo específico aos Serviços que o MDIC/Inmetro
ora disponibilizam a todos os empresários que já exportam, ou aos que pensam em
conquistar o mercado externo. São Serviços tais como "O Alerta Exportador" e "O
Denuncie Barreiras Técnicas!"; bem como informações sobre a Solicitação do texto

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completo das propostas de Regulamentos Técnicos notificados à OMC; o Envio de
comentários às propostas de regulamentos notificados à OMC; as Consultas às
notificações endereçadas à OMC e a Solicitação de informações sobre barreiras
técnicas.

O presente Manual sobre Barreiras Técnicas às Exportações fornece, portanto, aos


exportadores, em linguagem simples e clara, uma série de informações básicas sobre
problemas que podem vir a enfrentar no comércio externo e sobre como superá-los.
Recomendo fortemente sua leitura a todos os empresários interessados na matéria,
de modo que se familiarizem com os termos nele contidos e se beneficiem das
informações ali encontradas. Tal esforço deverá, certamente, ser proveitoso para
todos os que vêm encontrando entraves para levar adiante projetos de penetração
no mercado externo.

Sergio Amaral
Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

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No contexto de suas missões institucionais e somando esforços para apoiar a
indústria no seu permanente esforço de promover e consolidar a inserção
competitiva de nossos produtos nos mais diferentes mercados em todo o mundo, o
INMETRO e o SENAI inovam mais uma vez ao lançarem a presente publicação que
trata das Barreiras Técnicas às Exportações.

Levar aos empresários, especialmente os de micro, pequeno e médio porte,


interessados em iniciar ou consolidar seus processos de exportação, informações
básicas sobre a natureza das barreiras técnicas ao comércio e sobre os serviços
oferecidos pelo INMETRO para a sua superação, constitui uma significativa
contribuição para a nossa indústria.

Este documento reflete a constante preocupação da CNI com as questões que


atingem diretamente a competitividade de nosso setor industrial e demonstra o
importante papel que vem desempenhando o SENAI, no âmbito de seu programa
estratégico de gestão da metrologia e avaliação da conformidade, para oferecer à
indústria uma sólida base de soluções tecnológicas para o seu desenvolvimento.

Carlos Eduardo Moreira Ferreira


Presidente da CNI

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A função de “Ponto Focal do Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio” começou
a ser exercida pelo Inmetro no início da década de 80, tendo sido continuamente
aprimorada ao longo dos anos. Atualmente, grande parte das atividades são
voltadas para a prestação de serviços aos exportadores brasileiros, especialmente os
micro, pequenos e médios, ajudando-os a superar eventuais obstáculos às suas
exportações.

Nos dias de hoje, as barreiras não-tarifárias, em especial as barreiras técnicas,


assumem grande importância como mecanismo de proteção aos mercados. Essas
barreiras atingem as exportações dos países em desenvolvimento diretamente,
camufladas sob a forma de exigências técnicas que os fabricantes desses países, por
sua menor capacitação tecnológica, têm maior dificuldade de cumprir.

Neste manual, são fornecidas aos exportadores, em linguagem simples e clara,


informações sobre as barreiras técnicas e como eles podem utilizar os serviços do
Ponto Focal para superá-las.

O Ponto Focal de Barreiras Técnicas às Exportações oferece gratuitamente seis


serviços através da Internet, todos eles descritos neste manual. Dentre eles, destaca-
se o “Alerta Exportador!” através do qual as empresas podem se inscrever para
receber informações de grande utilidade para participar do comércio internacional.

Através dessas ações, o MDIC, o Inmetro, a CNI e o Senai acreditam estar


contribuindo expressivamente para a expansão das exportações brasileiras.

Armando Mariante
Presidente do Inmetro

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capítulo 1
Barreiras técnicas: conceitos básicos

Para protegerem seus mercados, os países procuram utilizar vários mecanismos que
dificultem o acesso de mercadorias importadas as barreiras comerciais. A maneira
mais comum de proteger os mercados é a utilização de tarifas. Contudo, com as
negociações internacionais sobre comércio, que geralmente resultam em reduções
nas tarifas que os países podem aplicar, foram sendo desenvolvidos novos artifícios
para dificultar as importações, as chamadas barreiras não-tarifárias. Entre essas,
têm se destacado as denominadas barreiras técnicas.

Há várias formas de definir barreiras técnicas às exportações e, para introduzir o


tema, considere-se a definição abaixo, elaborada a partir das regras estipuladas pela
Organização Mundial do Comércio (OMC):

“Barreiras Técnicas às Exportações são barreiras comerciais


derivadas da utilização de normas ou regulamentos
técnicos não transparentes ou que não se baseiem em
normas internacionalmente aceitas ou, ainda, decorrentes
da adoção de procedimentos de avaliação da conformidade
não transparentes e/ou demasiadamente dispendiosos,
bem como de inspeções excessivamente rigorosas.”

Para melhor compreensão dessa definição, é necessário conhecer melhor os


conceitos de normas, de regulamentos técnicos e de avaliação da conformidade.

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Em primeiro lugar, faz-se necessário apresentar a distinção entre regulamentos e
normas. Ambos estabelecem características de um produto ou de processos a ele
relacionados, além de métodos de produção. Esses documentos também podem
incluir requisitos de procedimento, especificação, simbologia, terminologia,
padronização e classificação. Contudo, a grande diferença consiste em que o
cumprimento dos regulamentos é compulsório, enquanto que o das normas é
voluntário.

Os regulamentos são estabelecidos pelo governo através de diversos agentes, em


suas áreas específicas de competência, para assegurar algumas metas, a saber:
garantia da segurança e saúde dos consumidores; proteção dos consumidores contra
práticas comerciais enganosas e a compra inadvertida de produtos inadequados ao
uso e proteção do meio ambiente. Os produtos que não estiverem de acordo com
tais regulamentos não podem ser comercializados. No Brasil, além do Inmetro, vários
Ministérios são autorizados a emitir regulamentos técnicos, tais como: Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ministério do Trabalho e Emprego;
Ministério do Meio-Ambiente; Ministério da Defesa; Ministério dos Transportes e
Ministério da Saúde. Vale acrescentar que os regulamentos técnicos emitidos são
aplicados igualmente aos produtos produzidos nacionalmente e aos produtos
importados.

Por outro lado, as normas, por terem caráter voluntário, não impedem que nenhum
produto seja comercializado. Contudo, os produtos que não estão de acordo com as
normas estipuladas têm maior dificuldade para sua aceitação no mercado. No Brasil,
as normas são elaboradas no âmbito da ABNT - Associação Brasileira de Normas
Técnicas, entidade privada criada com o objetivo de coordenar, orientar e
supervisionar o processo de elaboração das normas nacionais.

Os procedimentos de avaliação da conformidade consistem em procedimentos


técnicos utilizados para confirmar se tais regulamentos/normas estão sendo
cumpridos. Para tanto, são realizados testes, verificações, inspeções e certificações,
com o intuito de avaliar sistemas da qualidade, produtos, serviços e pessoal. O
conceito básico que está por trás dos procedimentos de avaliação da conformidade
é a confiança. Tais procedimentos permitem que se crie uma maior confiança nos
produtos testados/avaliados, protegendo o consumidor e as empresas.

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Vale destacar que os custos que se referem à adaptação de produtos às normas e
regulamentos, assim como aqueles que se referem aos procedimentos de avaliação
da conformidade, incidem normalmente sobre o produtor. Para diminuir estes
custos, têm sido promovidos acordos de reconhecimento mútuo dos procedimentos
de avaliação da conformidade, cujo objetivo principal é fazer com que os resultados
de uma avaliação sejam reconhecidos internacionalmente, ou, em outras palavras,
“testado uma vez, aceito em qualquer lugar”. No capítulo 3, os Acordos de
Reconhecimento Mútuo (MRA, da sigla em inglês) serão analisados com maior
atenção.

Depois dos esclarecimentos acima, é mais fácil entender como uma barreira técnica
pode vir a se estabelecer. Ela poderá surgir a partir de diferentes situações, como
por exemplo: quando há ausência de transparência das normas ou regulamentos
aplicados; pela imposição de procedimentos morosos ou dispendiosos para avaliação
da conformidade; ou em decorrência de regulamentos excessivamente rigorosos
impostos pelas legislações estrangeiras.

Note-se, portanto, que normas e regulamentos técnicos não constituem barreiras


técnicas per se; tal conotação se dá, apenas, quando as exigências neles contidas
vão além do aceitável.

Os obstáculos impostos ao comércio internacional pela existência de barreiras


técnicas fizeram com que fosse firmado, no âmbito da Organização Mundial de
Comércio, um acordo internacional sobre barreiras técnicas, o TBT (Agreement on
Technical Barriers to Trade). A apresentação e análise do TBT e de suas proposições,
incorporado integralmente pela OMC, será objeto do próximo capítulo.

Cabe salientar aqui que, do ponto de vista dos países em desenvolvimento, o


enfrentamento de barreiras técnicas é ainda mais complexo. Isto se dá porque,
mesmo que determinadas normas e regulamentos técnicos estejam de acordo com
os propósitos e definições apresentados, esses países têm dificuldade de se adaptar
e seguir as regras estipuladas. Os países em desenvolvimento se depararão, desta
forma, com “barreiras técnicas” à sua inserção no comércio internacional, em
função de se encontrarem em estágio tecnológico ainda incipiente, face aos demais
países avançados.

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As discussões sobre barreiras técnicas no âmbito da OMC são analisadas
estritamente à luz do TBT. Sendo assim, contestações dos países, inclusive daqueles
menos desenvolvidos, serão atendidas apenas se estiverem de acordo com as regras
definidas pela OMC, o que reduz o espaço para reivindicações.

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capítulo 2
A Organização Mundial do Comércio (OMC)
e as Barreiras Técnicas

A Organização Mundial do Comércio (OMC)

Atualmente, o fórum mais importante voltado para as negociações comerciais é a


OMC. Esta organização, que iniciou suas atividades em 1995, concretizou uma
intenção antiga, porém frustrada, dos países recém-saídos da II Guerra Mundial de
criar uma organização internacional que regulasse o comércio internacional.

Com a dificuldade de se criar uma organização internacional do comércio, foi


estabelecido, em caráter provisório, o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT,
da sigla em inglês), no sentido de impedir a adoção de políticas comerciais
protecionistas, características do período entreguerras. O GATT entrou em vigor em
janeiro de 1948, com o objetivo primordial de assegurar a previsibilidade nas
relações comerciais internacionais e um processo contínuo de liberalização do
comércio.

Embora o GATT não fosse uma organização internacional, seu poder pode ser
verificado pela realização de oito rodadas de negociação desde a sua criação. As
últimas realizadas foram a Rodada Tóquio, de 1973 a 1979, e a Rodada Uruguai, de
1986 a 1994.

A decisão de criar a OMC foi tomada durante a Rodada Uruguai. A OMC refinou o
mecanismo de resolução de disputas comerciais entre seus membros, de
monitoramento das políticas comerciais de cada membro, incentivando, além disso,
a assistência técnica aos países menos desenvolvidos.

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Os princípios básicos da OMC são em geral os mesmos do GATT, dentre os quais o
princípio da não-discriminação é especialmente importante para a compreensão da
importância da assinatura do Acordo sobre Barreiras Técnicas e do Acordo sobre
Medidas Sanitárias e Fitossanitárias.

O princípio da não-discriminação está refletido em duas cláusulas a da Nação


mais Favorecida e a do Tratamento Nacional. A cláusula da Nação mais Favorecida
determina que qualquer vantagem, privilégio ou imunidade garantida a qualquer
parte contratante do acordo, seja qual for o produto, deve ser estendida
incondicionalmente às outras partes contratantes. Por sua vez, a cláusula do
Tratamento Nacional estabelece que produtos importados de países contratantes
não podem ser submetidos a impostos internos ou outros encargos que sejam
superiores àqueles aplicados direta ou indiretamente aos produtos domésticos.

O Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio (TBT)

Inicialmente, foi assinado, no âmbito do GATT, um Acordo sobre Barreiras Técnicas


em 1979, o Standards Code. Sua meta principal consistia na determinação de regras
de preparação, adoção e aplicação de normas e regulamentos técnicos e de
procedimentos de avaliação da conformidade.

Ao estabelecerem a OMC, os países negociaram um novo Acordo sobre Barreiras


Técnicas, o Technical Barriers to Trade Agreement (TBT), de 1994. O TBT incorporou
praticamente os mesmos princípios do Standards Code, proporcionando um
aprofundamento do acordo em questão.

Ao aderirem ao GATT, os países signatários poderiam, ou não, assinar o Standards


Code, já que seu caráter não era compulsório. As provisões do TBT, por sua vez, são
de cumprimento obrigatório por todos os países-membros da organização, ou seja,
países que compõem a OMC são obrigados a aceitá-las, no momento de sua adesão.

As disposições do TBT definem que os órgãos governamentais e não-governamentais


não devem produzir regulamentos e normas técnicas que se configurem em
obstáculos para o comércio internacional, o mesmo se aplicando a exigências em
relação aos testes para a avaliação da conformidade. Em outras palavras, esses
instrumentos não podem ser transformados em barreiras técnicas.

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Seguindo o princípio da não-discriminação do Acordo, embasado na cláusula do
Tratamento Nacional, aos Estados não é permitido exigir que os produtos
importados estejam de acordo com regulamentos técnicos mais restritivos do que
aqueles exigidos aos produtos domésticos. Do mesmo modo, seguindo a cláusula da
Nação mais Favorecida, a concessão a produtos de um determinado país, cujo
regulamento ou norma técnica seja menos restritivo, deverá ser estendida a todas as
partes contratantes do Acordo.

Um dos objetivos presentes no TBT é a harmonização das normas, regulamentos


técnicos e procedimentos de avaliação da conformidade entre todos os membros.
Para tanto, estimula-se a sua elaboração com base em normas internacionais,
incentivando também a participação dos países-membros em instituições
internacionais de normalização.

Outro princípio a ser destacado é o princípio da equivalência, em que os países são


estimulados a aceitar como equivalentes os regulamentos e os procedimentos de
avaliação da conformidade de outros países, quando estes proporcionarem
resultados satisfatórios aos objetivos de seus próprios regulamentos.

De forma a assegurar a transparência nos processos de elaboração de regulamentos


técnicos e de procedimentos de avaliação da conformidade, os países-membros
devem estabelecer centros de notificação-comentários. Através destes centros de
informação, ou pontos focais, deve ser disponibilizada uma nota justificativa e
explicativa do propósito do regulamento, de sua cobertura, acessibilidade ao seu
projeto e concessão de prazo para comentários e críticas das partes interessadas.

É necessário acrescentar ainda que disputas envolvendo o TBT podem ser resolvidas
pelo mecanismo de solução de controvérsias estabelecido pela OMC. Ademais,
estabeleceu-se um Comitê de Barreiras Técnicas na Organização, com o objetivo de
avaliar a implementação e a operação do Acordo, assim como estabelecer um fórum
para a revisão do mesmo. O Comitê se reúne regularmente em Genebra,
encontrando-se também a cada três anos com o objetivo de promover uma revisão
do TBT.

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No Brasil, o centro de notificação de barreiras técnicas é de responsabilidade do
Inmetro e se denomina Ponto Focal de Barreiras Técnicas às Exportações. O quarto
capítulo do presente trabalho dedicará maior atenção ao Ponto Focal e à sua
importância para promoção do comércio exterior brasileiro.

O Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS)

Outro acordo que trata de barreiras técnicas no âmbito da OMC é o chamado


Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS, da sigla em inglês), assinado
em 1994, como parte das resoluções da Rodada Uruguai. Diferentemente do TBT, o
SPS não possui antecedentes no âmbito do GATT.

O SPS tem como objetivo impedir que medidas que visem a proteção à saúde de
pessoas, plantas e animais constituam barreiras ao comércio internacional,
incentivando a harmonização destas medidas em nível internacional, o que pode
ser feito através da adoção das medidas estabelecidas em organizações
internacionais nessa área.

As organizações internacionais de normalização mais importantes para referência


ao SPS são o Comitê do Codex Alimentarius, o Escritório Internacional de Epizootia
e a Secretaria de Proteção às Plantas. O Inmetro coordena as atividades do Comitê
Codex Alimentarius do Brasil (CCAB), que possui como membros órgãos do governo,
indústrias, entidades de classe e órgãos de defesa do consumidor, além de ter sido
escolhido para coordenar as atividades Regionais do Codex na América Latina e no
Caribe.

Deve ser salientada, ainda, a íntima relação entre a área científica e a adoção de
medidas sanitárias/fitossanitárias. Com o objetivo de impedir que os países emitam
medidas de forma discricionária, com a intenção de introduzir barreiras ao
comércio, exige-se que seja comprovada cientificamente a necessidade de adotar
ou manter tal medida. Comprovadas tais necessidades, será então possível
estabelecer-se a medida desejada.

O princípio da não-discriminação também está presente nas provisões do SPS.


Assim sendo, um país não deve exigir o cumprimento de uma medida que não seja
também estendida aos produtores nacionais.

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Ademais, assim como o TBT, o SPS também determina que sejam criados centros de
informação em cada país-membro participante do Acordo. Estes centros têm como
incumbência notificar os outros centros a existência de medidas sanitárias e
fitossanitárias, dos procedimentos de inspeção, produção e tratamento de
quarentena, tolerância a pesticidas, etc.

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capítulo 3
Acordos de Reconhecimento Mútuo (MRAs)

Um dos instrumentos mais importantes utilizados para se evitar o estabelecimento


de barreiras técnicas são os Acordos de Reconhecimento Mútuo (MRAs). Dois
aspectos básicos são fundamentais para se entender o incentivo e a busca por
MRAs, a saber: a tentativa de se reduzir custos e a procura pela construção de
confiança entre os participantes.

Como destacado no primeiro capítulo, os custos que envolvem os procedimentos de


avaliação da conformidade são bastante elevados, podendo ser reduzidos por meio
dos chamados MRAs. Através desses acordos, que podem ser bilaterais ou
multilaterais, os resultados da avaliação da conformidade realizadas em um país são
aceitos por outros participantes do MRA. Desta forma, evita-se que tais
procedimentos sejam repetidos, diminuindo os custos e o tempo envolvidos, o que é
de extrema importância para aumentar a competitividade dos produtos no comércio
internacional.

A confiança está no cerne desta questão, sendo essencial para que os países
reconheçam mutuamente os procedimentos de avaliação da conformidade como
satisfatórios. Assim sendo, após uma avaliação minuciosa dos procedimentos
elaborados pelos credenciadores com os quais se pretende firmar um MRA, vínculos
de confiança são estabelecidos, promovendo o reconhecimento mútuo dos
resultados atingidos. Desta maneira, consolida-se a expressão previamente citada:
“testado uma vez, aceito em qualquer lugar”.

Neste contexto, vê-se que os MRAs são fundamentais para o comércio exterior,
desonerando os exportadores e evitando que estes incorram em custos não
esperados.

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A OMC, prevendo tais dificuldades para as transações comerciais entre seus
membros, fez constar no Acordo Sobre Barreiras Técnicas ao Comércio, um artigo
específico para tratar da questão do “Reconhecimento da Avaliação da
Conformidade pelos Organismos do Governo Central”. Para tanto, o referido acordo,
em seu Artigo 6, no parágrafo 6.3, encoraja os membros, a pedido de outros
membros, a se mostrarem dispostos a entrar em negociações que visem a
concretização de acordos de reconhecimento mútuo dos resultados dos
procedimentos de avaliação da conformidade expedidos entre si. Mais adiante, no
parágrafo 6.4, o TBT encoraja as partes contratantes a permitir a participação de
instituições de avaliação da conformidade localizadas no território de outros
participantes em seus procedimentos de avaliação da conformidade, e que tais
participações se dêem em condições não menos favoráveis do que aquelas
concedidas às instituições localizadas em seu território ou no território de qualquer
outra parte contratante.

Os princípios que dão embasamento a este Artigo do TBT são o princípio da


harmonização e o da equivalência, analisados no segundo capítulo.

Nos países em desenvolvimento, onde na maioria das vezes esses acordos ainda não
estão disponíveis, tais exigências impõem aos exportadores mais um obstáculo, se
traduzindo em “barreiras técnicas”. Para contornar tal situação, faz-se necessária a
promoção de programas de cooperação técnica que viabilizem a transferência de
tecnologia e de experiência dos países desenvolvidos. É através desses programas de
cooperação técnica que se torna possível dotar a infra-estrutura de acreditação de
um país do necessário nível de confiança para seus produtos, processos e sistemas, à
luz dos requisitos específicos dos fóruns internacionais que promovem tais acordos.

Um exemplo desse trabalho foi o apoio da União Européia através do Projeto de


Cooperação Técnica ALA 93/15 e ainda pelo Projeto UKAS/DfID, que proporcionaram
a transferência de know-how, treinamentos e cessão de equipamentos para
aprimoramento da infra-estrutura laboratorial de ensaios e calibrações.

No ano de 2002, o Inmetro assinou dois novos acordos de cooperação técnica, com
os dois mais expressivos institutos de metrologia mundiais - o norte-americano NIST
(National Institute of Standards and Technology) e o alemão PTB (Physikalisch
Technische Bundesanstalt).

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Com o objetivo de facilitar as exportações brasileiras, o Inmetro tem perseguido,
continuamente, o reconhecimento dos seus Sistemas de Credenciamento em vários
fóruns internacionais. Os Acordos de Reconhecimento Mútuo já firmados pelo
Inmetro nas áreas de sua competência, encontram-se descritos a seguir:

IAF - International Accreditation Forum: Fórum Internacional de Credenciamento,


responsável por Acordos de Reconhecimento Mútuo entre organismos
credenciadores em vários escopos, congregando, atualmente, em seus
MRAs, apenas os 28 países mais industrializados do mundo. Nas
Américas, somente os EUA, o Canadá e o Brasil atingiram tal
reconhecimento. O Inmetro obteve tal reconhecimento em agosto de
1999, após um longo processo de avaliação de seus procedimentos de
credenciamento, iniciado em 1995. Isto significa, em síntese, que os
certificados conferidos por organismos certificadores credenciados
pelo Inmetro aos sistemas de gestão da qualidade das empresas
brasileiras, à luz das normas da série ISO-9000, passaram a ser
reconhecidos internacionalmente pelas empresas sediadas nos países
signatários do referido acordo.

ILAC - International Laboratory Accreditation Cooperation: Fórum internacional


que engloba os credenciadores de laboratórios de calibração e ensaios.
O Brasil é o único país da América Latina a obter esse reconhecimento,
ato que se deu em novembro de 2000. Tal fato conferiu aos
certificados de calibração e aos relatórios de ensaios realizados em
laboratórios credenciados pelo Inmetro a sua aceitação por todos os
países que compõem aquele fórum. Elimina-se, assim, a repetição de
ensaios ou de análises nos países compradores, reduzindo custos e
aumentando a competitividade das empresas.

BIPM - Bureau International des Poids et Mesures: Fórum que congrega os


Institutos Nacionais de Metrologia dos Países signatários da Convenção
do Metro (1875) e outros países associados. Se um país exportador não
dispuser de um sistema reconhecido de medições e ensaios, poderá
perder mercados pois, cada vez mais, nos países desenvolvidos, as
importações não são permitidas se não estiverem acompanhadas de
certificados reconhecidos de medições e ensaios. O Inmetro, junto com
outros 47 países é signatário de um Arranjo de Reconhecimento Mútuo

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(MRA) de Padrões Metrológicos Nacionais e de Certificados de
Calibração que se baseia em resultados de desempenho em
comparações internacionais, cujos resultados estão acessíveis em uma
Base de Dados do BIPM. O reconhecimento mútuo se estende aos
certificados de medição e de calibração emitidos por toda a Rede
Brasileira de Calibração.

EA - European Co-operation for Accreditation: Fórum que reconheceu o Inmetro,


a partir de janeiro de 2001, como instituição que credencia
laboratórios dentro dos padrões internacionais. Tal feito, atingido
ainda por poucos países industrializados, conferiu uma maior aceitação
das exportações brasileiras aos países membros da União Européia. O
reconhecimento mútuo da EA atribui valor diferenciado aos
certificados de calibração e aos relatórios de ensaios emitidos por
todos os laboratórios de calibração já credenciados pelo Inmetro.

Embora os resultados já alcançados pelo Inmetro junto aos fóruns acima


mencionados lhe confira posição de destaque perante uma extensa gama de
credenciadores em todo o mundo, muito há ainda por ser feito. Podemos citar por
exemplo, em termos de reconhecimento internacional, a área de treinamento e de
certificação de auditores, reconhecimentos a serem obtidos no âmbito da IATCA:

IATCA - International Auditor and Training Certification Association: Associação


Internacional de Treinamento e Certificação de Auditores, cujo objetivo
central é facilitar a aceitação da certificação de auditores para
sistemas da qualidade. Este acordo, quando firmado, desobrigará as
empresas brasileiras de arcarem com o ônus das múltiplas certificações
de auditores, dos quais hoje se exige a certificação perante diversas
entidades certificadoras.

No âmbito Interamericano, esforços coletivos têm sido desenvolvidos para a


negociação de acordos de reconhecimento mútuo, como o que vislumbra o fórum
regional composto pelos organismos credenciadores das Américas.

IAAC - Inter American Accreditation Cooperation: O objetivo maior dessa entidade


é promover a aceitação de certificações de sistemas da qualidade, de
produtos e de resultados laboratoriais de ensaios e de calibrações,
tanto no âmbito regional, como em nível internacional.

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A IAAC intenta conjugar em um único fórum internacional não só o
escopo do reconhecimento de credenciadores de laboratórios, mas
também dos credenciadores de organismos de certificação de sistemas
da qualidade e de meio-ambiente. Atualmente, a IAAC conta com 18
países que participam daquela cooperação na qualidade de Membros
Plenos.

No âmbito do Mercosul, Brasil e Argentina também vêm buscando estabelecer


Acordos de Reconhecimento Mútuo e, para tanto, firmaram em 1999 um
Memorando de Entendimento, entre os Ministérios da Indústria e Comércio de
ambos os países, consolidando o Acordo Bilateral Brasil-Argentina.

Acordo Bilateral Brasil-Argentina: Através deste acordo, deu-se mais um passo


para o reconhecimento mútuo dos Certificados de Avaliação da
Conformidade expedidos por laboratórios credenciados no Brasil e na
Argentina. Tal acordo abrange setores industriais de relevância, como
por exemplo o de produtos elétricos de baixa tensão e o de brinquedos.

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capítulo 4
Superando as Barreiras Técnicas

O Acordo de Barreiras Técnicas ao Comércio da OMC, visando dar maior


transparência às regras do comércio internacional, determina que “cada membro
deve assegurar que exista um centro de informação capaz de responder a todas as
consultas razoáveis de outros membros e de partes interessadas de outros membros,
bem como fornecer os documentos pertinentes a regulamentação técnica e aos
procedimentos de avaliação da conformidade”.

A existência destes centros de informações, os pontos focais, em todos os países


membros, permite que os participantes do comércio internacional contem com uma
rede de informações, proporcionando o conhecimento antecipado das propostas de
regulamentos técnicos e procedimentos de avaliação da conformidade notificados à
OMC. No Brasil, o Inmetro exerce o papel de “Ponto Focal de Barreiras Técnicas às
Exportações ”desde a década de 80, ainda na época do GATT.

Ao longo dos anos, as funções dos pontos focais dos países mais voltados para as
exportações foram sendo ampliadas, tornando-se importantes instrumentos de
apoio às empresas que atuam no comércio exterior. Suas atividades fornecem
informações que auxiliam o setor produtivo a adequar-se às exigências técnicas dos
países para onde destinam seus produtos, evitando que as mercadorias sejam
recusadas no momento do desembarque. Atualmente, os pontos focais tendem a se
tornar centros de acumulação e de disseminação de informações sobre as barreiras
técnicas ao comércio.

O Inmetro, como Ponto Focal brasileiro, segue a tendência observada nos países
mais desenvolvidos e não se limita a executar atividades obrigatórias segundo o
acordo TBT da OMC. Atualmente, o Ponto Focal tornou-se um prestador de serviços
essenciais às empresas que disputam os mercados internacionais, ao fornecer-lhes
um insumo essencial para sua competitividade: o conhecimento prévio dos

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regulamentos técnicos e dos procedimentos de avaliação da conformidade a que
seus produtos estarão submetidos. Adicionalmente, o Ponto Focal busca trabalhar de
maneira a auxiliar especialmente o micro, o pequeno e o médio exportador,
justamente os que têm maiores dificuldades em tratar destes assuntos.

Um importante exemplo destes serviços é o “Alerta Exportador!”. Os inscritos neste


serviço, prestado gratuitamente, recebem informações, através de e-mail, sobre as
notificações que os demais países fazem à OMC. Outro serviço prestado é o
fornecimento aos exportadores dos textos completos das novas medidas a serem
implementadas: para solicitá-los basta acionar o Ponto Focal, que contatará seu
similar no país regulamentador e deste solicitará o envio da versão integral da
proposta de regulamento.

Estar ciente da intenção de regulamentação de determinada área ou produto,


anteriormente à sua vigência, é crucial, pois os regulamentos propostos podem
representar obstáculos ao comércio internacional ou medidas protecionistas. Um
exportador, ao tomar conhecimento de que um país deseja introduzir exigências
indevidas, pode ainda utilizar outro serviço do Ponto Focal — questionar a aplicação
daquela medida, exigindo explicações do país que pretende introduzi-las. Caso
surjam dúvidas, o exportador pode solicitar o adiamento da entrada em vigor das
novas exigências até que a situação seja plenamente esclarecida.

Note-se que o país que está emitindo o regulamento não está obrigado a adiar ou
suspender a aplicação das medidas, mas é obrigado a explicá-las de maneira
convincente. Caso a explicação não seja considerada satisfatória, o Brasil poderá
levar o caso às reuniões regulares do Comitê de Barreiras Técnicas da OMC ou, até
mesmo, em casos graves, solicitar a abertura de um painel ao Órgão de Solução de
Controvérsias da Organização.

Outro serviço fundamental é a identificação permanente de barreiras técnicas. Todas


as denúncias enviadas pelos exportadores são analisadas por especialistas que
verificam se, efetivamente, a dificuldade encontrada constitui-se em uma barreira
técnica. Em se constatando a existência de uma barreira, inicia-se o processo
negocial para eliminá-la.

26 www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas
Um aspecto relevante encontrado nos serviços do Ponto Focal é que eles são
prestados em português. Particularmente para o micro, o pequeno e o médio
empresário que pretendem iniciar suas atividades de exportação, este é mais um
diferencial que pode facilitar suas atividades.

Encontram-se abaixo sintetizadas as principais atividades realizadas atualmente no


Ponto Focal de Barreiras Técnicas às Exportações do Brasil. São elas:

! A disseminação para todos os exportadores brasileiros dos resumos


em português das notificações apresentadas pelos demais países
membros da OMC;

! O recebimento e o encaminhamento dos comentários dos


exportadores questionando aspectos das propostas de regulamentos
técnicos estrangeiros ou as solicitações de adiamento de entrada dos
mesmos em vigor;

! O recebimento contínuo de denúncias sobre barreiras técnicas


enfrentadas por produtos brasileiros, sua análise por especialistas e a
busca de sua eliminação;

! A análise de denúncias sobre barreiras técnicas aos produtos


brasileiros;

! A armazenagem centralizada de todos os tipos de conhecimentos


necessários à superação das barreiras técnicas às exportações e
disponibilização dessas informações através de sua home page;

! A notificação à OMC de todos os regulamentos técnicos brasileiros


que possam interferir no comércio internacional e o
encaminhamento dos comentários e sugestões recebidos dos demais
países aos organismos brasileiros proponentes dos respectivos
regulamentos.

www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas 27
capítulo 5
Ponto Focal: Serviços à Disposição dos Exportadores

O Ponto Focal de Barreiras Técnicas às Exportações disponibiliza seis serviços aos


exportadores através da Internet. Todos eles podem ser acessados através do
endereço:

www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas

Os serviços, que podem ser utilizados sem qualquer custo para o exportador, são:

1. ”Alerta Exportador!”;
2. Denuncie Barreiras Técnicas!;
3. Solicitações do texto completo das propostas de regulamentos técnicos
notificados à OMC;
4. Envio de comentários às propostas de regulamentos notificados à OMC;
5. Consultas às notificações endereçadas à OMC;
6. Solicitação de informações sobre barreiras técnicas.

Cada um destes serviços está descrito abaixo. É importante ressaltar que o


recebimento do “Alerta Exportador!” exige que o empresário se inscreva
previamente, o que pode ser feito no site do Ponto Focal.

1. “Alerta Exportador!”

Os exportadores podem ser informados, diariamente, sobre as notificações


encaminhadas à OMC relativas à eventual entrada em vigor de novos regulamentos
técnicos nos países de seu interesse e que atinjam os produtos de sua empresa.

28 www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas
O “Alerta Exportador!” funciona a partir da inscrição do exportador. No momento do
preenchimento do cadastro, o usuário fornece informações definindo os produtos e
os países de seu interesse. O “Alerta Exportador!” emite, automaticamente,
mensagens via correiro eletrônico (e-mail) sobre as notificações encaminhadas à
OMC relativas a propostas de regulamentos técnicos e procedimentos de avaliação
da conformidade identificados como de interesse daquele exportador em particular.

Cabe observar que os resumos das notificações, que chegam à OMC em um dos três
idiomas oficiais da instituição (inglês, francês e espanhol), são sempre traduzidos
para o português antes de serem enviados para os exportadores. Esta tradução, que
pode envolver termos técnicos complexos, é realizada com o apoio de especialistas
do Inmetro nos diferentes setores.

Alertados antecipadamente, os exportadores podem, caso seja de seu interesse,


solicitar a íntegra da proposta de regulamento técnico para análise. A partir desta
análise, as empresas podem iniciar o processo de adaptação de seus produtos antes
mesmo que as novas exigências passem a vigorar, evitando custos adicionais. Dentre
estes destacam-se: perdas em economias de escala ocasionadas por necessidades de
adequação da linha de produção para atender às exigências pontuais identificadas
no decorrer de um processo de exportação, atrasos em suas entregas ou problemas
nos portos de destino.

2. Denuncie Barreiras Técnicas!

O Ponto Focal recebe denúncias sobre eventuais barreiras técnicas identificadas em


processos de exportação, analisa essas denúncias e orienta o exportador sobre os
procedimentos a serem adotados. Pela complexidade do tema, muitas vezes o
exportador, particularmente o micro, o pequeno e o médio, não sabe se suas
dificuldades em exportar decorrem de exigências descabidas existentes em outros
países. O Inmetro, com sua ampla experiência na área de regulamentação, analisa a
denúncia e busca auxiliar o exportador.

Muitas vezes, a busca de uma solução para o problema torna necessário o


envolvimento de outros órgãos do governo brasileiro. Esta ação pode se dar tanto
através de um processo negocial, diretamente com o país que prejudica o
exportador brasileiro, ou, em casos mais graves, através de uma solicitação ao órgão
de Solução de Controvérsias na OMC.

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3. Solicitações de texto completo das propostas de regulamentos
notificados à OMC

Qualquer exportador brasileiro, independentemente de ser inscrito no “Alerta


Exportador!”, pode solicitar ao Ponto Focal a disponibilização dos textos completos
das propostas de Regulamentos Técnicos e dos Procedimentos de Avaliação da
Conformidade notificados à OMC que se encontrem em consulta pública,
provenientes de qualquer país membro.

Diante desta solicitação, entra-se imediatamente em contato com o Ponto Focal do


país emissor do regulamento técnico, devendo aquele país respondê-la, conforme
previsto no TBT. Observe-se que os países em desenvolvimento não são obrigados a
enviar a íntegra dos seus regulamentos em um dos idiomas oficiais da OMC (inglês,
espanhol ou francês), podendo enviá-los em seus próprios idiomas.

4. Envio de comentários sobre as propostas notificadas à OMC

Quando o exportador, inscrito ou não no “Alerta Exportador!”, julgar que as


exigências constantes de alguma notificação da qual tenha conhecimento mereçam
comentários, poderá enviá-los, através do Ponto Focal, ao país que está propondo o
regulamento. Poderão ser sugestões, solicitações de prazos adicionais, explicações,
ou reclamações: quaisquer observações serão importantes para que se evite a
criação de barreiras técnicas que prejudiquem as exportações brasileiras.

Estes comentários são analisados pelo respectivo organismo regulamentador do país


emissor, objetivando avaliar a sua pertinência e, em geral, envia-se uma resposta a
quem forneceu tais comentários. Contudo, caso não se receba esta resposta, o Brasil
pode solicitá-la, formal e publicamente, nas reuniões do Comitê de Barreiras
Técnicas da OMC.

5. Consulta às notificações à OMC em português

Para aqueles usuários que optarem por não receber os resumos das notificações
sistematicamente, através do “Alerta Exportador!”, existe a possibilidade de acessá-
los isoladamente, a qualquer tempo, em português, no Ponto Focal de Barreiras
Técnicas às Exportações. As notificações em período de comentários estarão
disponíveis no site.

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6. Solicitações de informações sobre barreiras técnicas

Os exportadores podem procurar o Ponto Focal para solicitar qualquer tipo de


informação sobre barreiras técnicas. É importante destacar que tais solicitações
devem ser realizadas da maneira mais completa e detalhada possível. Diariamente,
são recebidas inúmeras solicitações de todo o Brasil, permitindo que ocorra um
enorme processo de acumulação de conhecimentos sobre o assunto.

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Resultado do Convênio Inmetro/Senai

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