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MATERIAL DO ALUNO
CURSO BÁSICO EM HIGIENE OCUPACIONAL: AGENTES
FÍSICO E QUÍMICO
MODÚLO IV RUÍDO OCUPACIONAL E AMBIENTAL
MATERIAL DO ALUNO
Salvador
2019
6
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 8
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO....................................................................................... 21
FREQUÊNCIA ....................................................................................................... 31
PLANILHAS DE CAMPO....................................................................................... 80
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 84
7
APRESENTAÇÃO
8
INTRODUÇÃO
Boa Leitura!
9
CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Conceito de Som
10
aproximadamente 1500 m/s e no aço esta velocidade pode chegar até os 5.000
m/s.
Emissor;
Meio;
11
Receptor.
12
Onde:
O que é o decibel?
13
Se a segunda fonte produz duas vezes mais energia que a primeira, a
diferença em dB será:
2
dB 10 log dB 10 log 2 3dB .
1
I
dB 10 log
I0
Onde:
Onde:
I 0 c
A pressão sonora P0 pode ser obtida através da equação , onde:
14
ar 1 , 22 kg / m ³ à 21 C
Densidade do ar ;
12
Intensidade Sonora I 0 10 ;
c 344 m / s
Velocidade do som .
Pode-se perceber que a pressão sonora terá uma variação em seu resultado dado
pela lei do quadrado da distância, ou seja, quanto maior for a distância em relação à uma
fonte de ruído, menor será o valor de ruído percebido pelo receptor, porém esta regra vale
para ambientes em ar livre onde não haja reflexões.Tendo d1 como uma distância de fonte
e d2 sendo igual a 2d1, temos que o valor em dB será igual à:
d1 1
dB 20 log 20 log 6 dB
2 d 1 2
15
O OUVIDO HUMANO
O pavilhão auricular faz parte da orelha externa e é responsável por captar as ondas
sonoras do ambiente e direcioná-las ao longo de um túnel, chamado de canal auditivo
externo. No final deste canal, encontra-se o tímpano que está em contato com três
pequenos ossos: martelo, bigorna e estribo. A vibração do tímpano e dos pequenos ossos
na orelha média faz com que a pressão sonora seja multiplicada e transmitida à orelha
interna.
Já na orelha interna, a onda sonora gerada pela pressão sonora exercida, percorre
a perilinfa, o líquido que preenche a cóclea. Estas vibrações estimulam as células ciliadas
externas e internas do ouvido a trabalharem para amplificar ainda mais o som. Enquanto
as ondas sonoras percorrem a cóclea, que é uma estrutura em formato de caracol, são
selecionadas as frequências que serão transmitidas ao nervo da audição. Dessa forma,
reconhecemos os sons graves e sons agudos. A sensação sonora percorre o nervo auditivo
até o cérebro e ao longo de várias estações para que finalmente este som possa ser
percebido, reconhecido e entendido. O ouvido humano está adaptado para escutar sons
entre 20 e 20.000 Hz e os sons cuja intensidade está acima dos 85 dB (decibéis) são
prejudiciais à saúde auditiva. Os sons muito intensos causam danos permanentes nas
células sensoriais, acarretando em déficits de sensação à percepção sonora.
Fonte: The Noise Manual, Fifth Edition, AIHA (American Industrial Hygiene Association)
Ouvido externo
16
O ouvido externo consiste do pavilhão (geralmente chamado de orelha) e do canal
auditivo externo denominado canal auditivo, um canal abertoque conduz diretamenteà
membrana timpânica (tímpano). Tanto o pavilhão quanto o canal auditivo externo
modificam as características das ondas sonoras, de forma que o espectro sonoro que
movimenta o tímpano não tem as mesmas características do som que originalmente chega
ao pavilhão auditivo. O pavilhão auditivo é, até certo ponto, um “captador” de som, e até
por causa das características anatômicas do pavilhão auditivo, certos sons em
determinadas freqüências são amplificadas, outras atenuadas, de tal forma que o pavilhão
auditivo de cada indíviduo trata de forma particular a onda sonora recebida, progredindo-a
dentro do canal auditivo.
Ouvido médio
Como resultado, muito da quantidade de energia que entra pelo ouvido através do
timpano é o que transmite os movimentos ao estribo e por conta disso que há o estímulo
do sistema do ouvido interno.
O ouvido médio também possui dois músculos que estão juntos de forma
compactada ao martelo e ao estribo: tensor do tímpano e os músculos estapédio,
respectivamente. Estes músculos, que atuam em direções opostas, que são ativadas
através do processo de vocalização (falando ou cantando) e através de sons altos (para o
estapédio) ou através de eventos que causam sobresaltos para o tensor do tímpano.
17
Ouvido interno
Conceito de ruído
Tipos de ruído
Ruído contínuo
18
Ruído Contínuo - dB
87
86,5 86,5
86,2 86,2 86,3
86
85,7
85,4 85,5 85,5
85,3
85 85 85,1 85,1
84,9 84,8 84,884,7
84,4 84,5
84,2
84
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Ruído intermitente
O ruído intermitente é aquele que sofre interrupções em seu fluxo de energia sonoro
através de níveis mais altos ou mais baixos, ao longo do tempo. Estas variações podem
ser com valores superiores à +/- 3 dB em um espaço de tempo superior à 1 segundo.
Ruído Intermitente - dB
93 93,1
91,1
90 90,1
87
85,6 85,1 85,3 85,1 85,5
84 84,3 84,3 84,2
83,4 83,3
82,1
81
80 79,7 79,980,3
78,8
78 77,5
75
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
19
Ruído de impacto ou impulsivo
Ruído de Impacto - dB
120
1s 1s
115 114 114,7 114,7
112,6 112,6 112,8
110 110,7 110,7
109
105
100
95
90
Nestes casos, o ruído de fundo deve ser tratado com os parâmetros de legislação
ambiental e a eficácia do controle direto sobre as fontes afetará de forma positiva a
exposição do ruído ocupacional.
20
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO
Fonte: Anexo I NR 15
Sendo T= 8 horas, temos que LT=85 dB, se adicionarmos 5 dB sobre o valor inicial,
temos LT= 90 dB e consequentemente T= 4 horas e se adicionarmos 5 dB sobre o novo
valor, temos LT= 95 dB e consequentemente T= 2 horas e assim por diante. Isto demonstra
que há uma relação inversamente proporcional na composição dos limites de tolerância
para ruído e tudo está baseado no tempo da jornada padrão de 8 (oito) horas.
21
Outro ponto importante que deve ser observado na tabela 1 é que a mesma segue
a um padrão de dobro da intensidade sempre quando se adiciona o valor de 5 dB sobre o
valor inicial e à este valor damos o nome de taxa de troca.
PAIR p n T e
Onde:
Este princípio adota que com o expoente n=2 o fator de troca ou matematicamente
chamado de fator de dobra será igual a q= 3 dB, ou seja, um acréscimo de 3 dB no nível
de ruído é equivalente (causa a mesma PAIR) à duplicação do tempo de exposição.
22
Segundo a norma ISO 1999:1990 “Determination of occupational noise exposure
and estimation of noise-induced hearing impairment” demonstra que o princípio da igual
energia é considerado o mais adequado para a estimativa da PAIR.
Isso pode ser visto pelo fato de que o comportamento acústico é um fenômeno
natural e este tipo de fenômeno apresenta comportamento logaritmico, conforme já visto
no item 2.3.
Isto pode ser demonstrado através da aplicação dos fundamentos de acústica, que
informa que a escala decibel (dB) é a décima parte da escala Bel (log x). Sendo o valor de
x = 2 (taxa de variação de dobro ou metade do nível de pressão sonora), temos que o valor
de decibel (dB) será igual à:
dB 10 log 2 10 0,30 3dB
Então, pode-se dizer que o que realmente dobra ou diminui a metade do valor de
um determinado fenônemo acústico é o valor de 3 dB e à este valor denominamos como
fator de dobra.
No caso do valor de 5 dB o nome mais correto que pode ser dado é o de taxa de
troca, pois matematicamente este valor não dobra ou reduz o ruído à metade, conforme
veremos. Porém, este valor sofreu uma “adaptação” de forma que pudesse representar o
dobro ou redução à metade de um determinado fenômeno.
Desta forma, pode se observar que a taxa de troca de 5 dB causa, na verdade, uma
alteração de 3,167 vezes sobre um determinado fenônemo acústico, tanto na
representação do acréscimo da enerrgia sonora, bem como no decréscimo da mesma.
23
Ou seja, enquanto o valor de 3 dB dobra o valor inicial do nível de pressão sonora,
o valor de 5 dB triplica a sensação sonora que temos em relação ao valor inicial de nível
de pressão sonora, isso em termos de fenômenos acústicos.
De maneira geral, o fator de dobra ou taxa de troca é o valor pelo qual se consegue
obter o dobro ou a metade do valor do ruído ao longo do tempo. Cada vez que o valor
inicial dobra, o tempo de tolerância a este valor é reduzido pela metade.
No Brasil há dois valores que representam esta relação, sendo representados por
q = 3 dB (valor dado pela NHO – 01 da FUNDACENTRO) e por q = 5 dB (valor representado
pela NR-15, Anexo I). Legislações internacionais relativas ao ruído em ambientes de
trabalho estabelecem também o nível de ruído máximo para uma jornada de oito horas de
trabalho, denominado de nível de critério, Lcrit. A tabela 03 fornece os limites de tolerância
para ruído ocupacional adotados pela maioria dos países europeus, pela OSHA
(Occupational Safety and Health Admnistration), NIOSH (National Institute for Occupational
Safety and Health) nos EUA e pela NR-15, anexo I e pela NHO-01 da FUNDACENTRO no
Brasil.
Tabela 03 – Demonstração da aplicação do fator de dobra (Q=3 dB) e taxa de troca (Q= 5 dB)
Fonte: Autor
q=3 dB
85 85 90 85 85 8
88 88 95 88 90 4
91 91 100 91 95 2
94 94 105 94 100 1
97 97 110 97 105 0,5
100 100 115 100 110 0,25
24
especial e elaboração do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), por força
de aplicação de normativos legais, deve se utilizar a taxa de troca de Q= 5 dB.
DOSIMETRIA DE RUÍDO
A dose de ruído é o fator acumulativo de ruído em um determinado período de
tempo de exposição a determinada(s) fonte(s). A dose de ruído é calculada de acordo com
os tempos de exposição permitidos para cada nível de ruído.
C C C C
D 1 2 3 .... n
T1 T2 T3 Tn
Lembre-se que a dose de ruído é a relação de tempo em que uma pessoa fica
exposta à um determinado nível de pressão sonora sobre o tempo máximo que pode
permanecer à este nível sem que haja danos à saúde. Quando se alcança um nível de
pressão sonora de 85 dB em um tempo de 8 horas, a dose de ruído será de 100 %.
Trabalhando com estas referências, podemos demonstrar o seguinte:
Fonte: Autor
25
Desta forma, o entendimento que se tem sobre os valores descritos na tabela 4 são
os de ter um comportamento em Progressão Geométrica. Uma progressão geométrica é
uma sequência numérica em que cada termo, a partir do segundo, é igual ao produto do
termo anterior por uma constante, chamada de razão da progressão geométrica. A razão
é indicada pela letra k.
an a1 k ( n1)
Equação 15 – Equação de Progressão Geométrica
Sendo a1 100% , começando a série de dados com n=1 e tendo o valor do quociente
como sendo k=2 como a relação de dobrar ou reduzir a metade o valor da dose, temos
uma P.G igual à:
Fonte: Autor
26
8 100%
7
6
Tempo de Exposição
5
200%
4
(Q=5)Acumulo de
3 Energia vs Tempo
400%
2
800%
1
1600%
3200%
6400%
0
85 90 95 100 105 110 115
Nível de Pressão Sonora
100%
8
7
Tempo de Exposição (horas)
6
5
4 200%
(Q=3)Acumulo de
3
Energia vs Tempo
400%
2
800%
1 1600%
3200%
0 6400%
27
FORMAÇÃO DO LIMTE DE TOLERÂNCIA E TEMPO MÁXIMO
Onde:
Através das equações 2.8.1 e 2.8.2, podemos definir tanto os limites de tolerância
quanto os tempos máximos permissíveis para a NR-15, Anexo I e para a NHO-01.
Tabela 6 – Demonstração das Equações para a formação das tabelas da NR-15 e NHO-01
Fonte:Autor
log 2 log 2 2 2
28
O Anexo II da NR-15, traz alguns valores de limite de tolerância para serem
utilizados, seguindo alguns critérios técnicos para isso. A seguir, será feita uma transcrição
do texto da legislação:
Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibéis (dB), com medidor de nível de
pressão sonora operando no circuito linear e no circuito de resposta de impacto. As
leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. O limite de tolerância para
ruído de impacto será de 130 dB (linear). Nos intervalos entre os picos, o ruído existente
deverá ser avaliado como ruído contínuo.
Em caso de não dispor de medidor de nível de pressão sonora com circuito de resposta
para impacto, será valida a leitura feita no circuito de resposta rápida (FAST) e circuito
de compensação “C”. Neste caso, o limite de tolerância será de 120 dB(C).
N p 16010logn
Np
= Nível de pico, em dB(linear), máximo admissível;
29
Tabela 07 – Níveis de pico máximo admissíveis em função do número de impactos
Np N Np N Np n
120 10000 127 1995 134 398
121 7943 128 1584 135 316
122 6309 129 1258 136 251
123 5011 130 1000 137 199
124 3981 131 794 138 158
125 3162 132 630 139 125
126 2511 133 501 140 100
O valor teto para ruído de impacto corresponde a um valor de 140 dB (Linear) como
nível de pico.
30
FREQUÊNCIA
Todo corpo que possui movimento repetitivo e oscilatório é um corpo que está em
movimento vibratório. Quando este movimento acontece no ar, por exemplo, há uma
compressão das moléculas quando há um deslocamento da massa de ar para frente e
quando esta massa de ar volta, há também um deslocamento destas moléculas em
sentindo oposto, causando uma descompressão. Este fenômeno está diretamente
relacionado com a densidade e temperatura do ar, pois como a densidade está diretamente
relacionada com a pressão, no movimento de ida a pressão de camada de ar é maior que
nos seus arredores e isto faz com que as moléculas de ar da camada inicial tendam a
empurrar as moléculas da próxima camada e consequentemente vão transmitindo energia
às camadas subsequentes.
O ouvido humano consegue perceber a variação da pressão do ar, bem como sua
intensidade de energia e em ciclos de tempos definidos pelo corpo vibrante. Todo
deslocamento de ar gera uma onda sonora que possui um comprimento determinado, e
este comprimento de onda é a distância percorrida para que uma oscilação possa se
repetir. O comprimento de onda é definido pela letra λ (lambda) e pode ser obtido pela
razão entre velocidade de propagação da onda e a frequencia de oscilação.
c
f
Equação 19 – Comprimento da onda
31
λ= Comprimento de Onda (metro)
c f
Equação 20 – Velocidade de Propagação da Onda
Fonte: Autor
1 1
f t
t f
Equação 21 – Equação da Frequencia e do tempo em função da frequencia
32
A faixa de frequencia audível do ser humano está compreendida entre 20 à 20,000
ciclos por segundo ou 20 Hz à 20 kHz. Abaixo desta faixa qualquer pulsação de onda é
considerada infrasom e acima é considerada como ultrasom.
Como já vimos até aqui, toda onda sonora é gerada pela transferência de energia
entre moléculas de uma determinada massa de ar e quando esta onda sonora se torna
indesejável, temos o que chamamos de ruído.
P Pmáxima Pmínima
Equação 22 – Equação da Amplitude de uma Onda
As bandas de oitava e 1/3 de oitava são as frequencias médias cujos limites são
definidos da seguinte forma:
fi = frequencia inferior;
fs =frequencia superior;
fs 2 fi
Equação 23 – Equação para determinação das frequencias em bandas de oitava
33
Já para bandas de 1/3 de oitava as frequencias são definidas através da equação
a seguir:
fs(1/ 3)oitava 3 2 fi
Cada oitava é definida como a frequencia central, queé definida como a média
geométrica entre a frequencia inferior (fi) e frequencia superior (fs).
Curva A
34
da curva “A” é zero. Entre 1kHz e os 5 kHz, correlacionando com a tendência das curvas
isossônicas ou isoaudíveis, pode-se dizer que a escala “A” amplifica, voltando a atenuar a
partir dos 5.000 Hz.Esta curva de ponderação é a mais utilizada e requerida por Normas
Técnicas, por apresentar respostas similares à do ouvido humano.
Curva B
A curva de compensação “B” sofre menos variação do nível de pressão sonora nas
baixas frequências, verificando-se nenhum tipo de amplificação através do espectro de
frequencia. A curva “B” não apresenta atenuações nas faixas compreendidas entre os 400
e 3 kHz e representa atenuações de níveis intermediários médios.
Curva C
A curva “C” é utilizada para ruídos de alto nível de pressão sonora e é o que menos
produz atenuação, sendo que, na faixa de 100 à 3 kHz a incidência sobre o ruído emitido
é nula. É o circuito mais utilizado para “ruído de impacto”.
Curva D
A curva “D” baseia-se nos altos níveis de pressão sonora, geralmente acima de
120 dB, como ruídos produzidos em pistas de aeroportos.
O circuito “A” foi originalmente concebido para aproximar-se das curvas de igual
audibilidade para baixos NPS (Níveis de Pressão Sonora), próximo de 50 dB;
O circuito “B” foi originalmente concebido para aproximar-se das curvas de igual
audibilidade para médios NPS (Níveis de Pressão Sonora), próximo de 75 dB;
O circuito “C” foi originalmente concebido para aproximar-se das curvas de igual
audibilidade para altos NPS (Níveis de Pressão Sonora), próximo de 100 dB;
O circuito “D” foi originalmente concebido para aproximar-se das curvas de igual
audibilidade para altíssimos NPS (Níveis de Pressão Sonora), próximo de 120 dB.
35
NÍVEL EQUIVALENTE DE RUÍDO
1 t2 2
T t1
p t dt
N eq 10 log
2
p0
Onde:
Sendo Lp total Neq e tendo “n” níveis de pressão sonora ao longo do tempo,
teremos que Neq será igual à:
NÍVEL DE EXPOSIÇÃO
36
É importante lembrar que a equação que regulamenta o Nível Equivalente de Ruído
é fundamentada pela NHO – 01 da FUNDACENTRO que trabalha com fator de troca Q= 3
dB. Já a NR-15, Anexo I utiliza o fator de troca Q=5 dB, ou seja, para utilizar a equação do
Nível Equivalente de Ruído é necessário fazer uma adaptação para comparar com os
limites de exposição estabelecidos pela NR-15.
Ne 85
T
D e 100 2 3
480
Equação 27 – Dose de Ruído obtida através do NE dada pela NHO-01 da FUNDACENTRO
Para utilizar esta equação através dos critérios da NR-15, basta substituir o fator de
troca de Q=3 dB para Q=5 dB, tendo a equação redefinida da seguinte forma:
N e 85
T
D e 100 2 5
480
Equação 28 – Dose de Ruído obtida através do NE dada pela NHO-01 da FUNDACENTRO adptada para
comparação com o limite de tolerância da NR-15, Anexo I
Para se obter o Nível Equivalente de Ruído (NE) tendo como base o valor da dose
é necessário reformular a equação 27 ou 28, conforme demonstrado abaixo:
Ne 85
D 480 D 480 Ne 85 D 480
2 5
log log 2 log 0,062 Ne 5,117
Te 100 Te 100 5 Te 100
480 D
Ne 16 , 61 log 85
Te 100
Equação 29 – Equação para o Nível Equivalente de Ruído dada pela NHO-01 da FUNDACENTRO, adaptada para a NR-
15, Anexo I.
37
NÍVEL DE EXPOSIÇÃO NORMALIZADO
Te
NEN NE 10 log
480
Equação 30 – Equação do Nível de Exposição Normalizado
A NR-15 no Anexo I trabalha, mesmo que de forma implicita, com a taxa de troca
Q=5 dB, o que faz com que a equação do Nível de Exposição Normalizado necessite de
um ajuste para que possa ser utilizada para a comparação com o Limite de Tolerância
descrito na legislação trabalhista.
Redefinindo a equação 2.11 de uma forma em que pode-se ser visto a forma de
adaptação, temos:
Q Te 3 Te Te
NEN NE log NEN NE log NEN NE 10 log 480
log 2 480 log 2 480
Como pode ser observado acima a constante “10” está presente na equação em
função do fator de dobra de Q=3 dB, portanto, substituindo pela taxa de troca Q=5 dB
teremos a equação definida da seguinte forma:
Te NEN 5 Te
NEN NE
Q
log NE log NEN NE 16,61 log Te
480
log 2 480 log2 480
38
Uma outra maneira de verificar os dados do Nível de Exposição Normalizado é
realizando a comparação dos dados através da dosimetria ao invés de comparar com o
tempo de exposição. Para isso, é necessário realizar um ajuste matemático na equação:
480 D Te D
NEN 16,61 log 85 NEN 16,61 log100 85
Te 100 480
Equação 33 – Desenvolvimento da Equação do Nível de Exposição Normalizado somente tendo a dosimetria como
varíavel
O que pode ser visto na equação acima é que qualquer valor de dose que for
colocado, independente do tempo, irá ser considerado como um valor para comparação
com o limite de tolerância da jornada padrão.
O que pode ser visto é que a dose de 100 % foi encontrada em um período de
quatro horas, mas quando colocada na equação 33 o valor foi projetado para uma jornada
normalizada de oito horas e é o valor do NEN que deverá ser comparado com o limite de
tolerância especificado pela NR-15, Anexo I.
DOSE PROJETADA
O conceito de dose de ruído é o de acúmulo de energia acústica em função do
tempo, ou seja, a dosimetria é algo que depende do tempo, de forma que é totalmente
possível projetar a dose para tempos diferentes do tempo medido.
39
Dm T p
Dp
Tm
100 8
D8 D 8 200 %
4
Desta forma podemos ver que a dose para uma jornada de oito horas demonstra
que o valor projetado é o dobro do valor inicial, porém o valor do Nível de Exposição
continua sendo o mesmo, conforme pode ser demonstrado utilizando a equação 34.
Primeiro, utilizando os dados medidos no momento, temos que:
480 100
Ne 16,61 log 85 Ne 90 dB ( A )
240 100
Agora, trabalhando com os dados projetados veremos que o Nível de Exposição
será igual a:
480 200
Ne 16,61 log 85 Ne 90 dB ( A )
480 100
Conforme visto, pode-se perceber que o valor do Nível de Exposição se mantém
igual, pois o que se altera em função do tempo é o valor da dosimetria.
Isso também pode ser verificado através da projeção da dose, ou seja, ao longo de
qualquer tempo a relação entre dose e tempo se mantém constante, sendo apenas
demonstrada a projeção acumulada da energia acústica. Se igualarmos os termos
poderemos constatar que há uma constante que se manterá igual ao longo do tempo,
independente do tempo de projeção, conforme segue um exemplo:
Dm Tp 100 8
D8 D8 D8 200 % 200 100 25 25
Tm 4 8 4
40
LAVG (Level Average)
O Level Average ou Nível Médio é valor encontrado a partir da dose de ruído
durante o tempo de medição realizado. O valor encontrado é expresso em dB(A) e retrata
valores com taxas de troca diferentes de Q= 3 dB, geralmente sendo colocadas as taxas
Q= 4, 5 ou 6 dB e a definição da taxa é de acordo com a regulação normativa local. No
Brasil, a legislação prevê a utilização da taxa de troca Q= 5 dB, obtendo-se, então,
resultados de LAVG através da equação:
0,16 D %
Lavg 80 16,61 log
Thoras
9 ,6 D %
Leq 82 10 log
Tmin utos
41
Razão entre a taxa de troca de Q=3 dB e o valor de log2 10,0;
Quando o tempo medido for menor do que oito horas, o TWA será menor que o
LAVG ou LEQ;
Quando o tempo medido for maior do que oito horas, o TWA será maior que o LAVG
ou LEQ;
Quando o tempo medido for igual à oito horas, o TWA será igual ao LAVG ou LEQ.
A equação que pode expressar os valores de TWA pode ser definida da seguinte
forma:
9,6 D % 9,6 D %
TWAQ 5 dB 80 16,61 log ou TWAQ 3 dB 82 10 log
480 480
Equação 37 – Equação para o TWA
Para o TWA as equações tanto para Q=3 ou Q=5 terão o valor de 480 minutos como
uma constante, pois o TWA é a projeção do valor de uma determinada dose de ruído para
uma jornada diária padrão de oito horas, independente do tempo medido.
42
ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE RUÍDO
Na opinião de Bistafa (USP, 2006) quando duas fontes irradiam energia sonora,
ambas contribuem com o nível de pressão sonora em distâncias afastadas da fonte. Se
elas irradiam a mesma quantidade de energia e se for considerado um ponto equidistante
de ambas, então a intensidade sonora neste ponto será o dobro daquela obtida se
houvesse somente uma fonte irradiando.
ADIÇÃO DE RUÍDO
O comportamento dos níveis de pressão sonora segue à uma escala logarítimica,
por isso, não é uma simples soma aritmética que irá retratar a combinação de um ou mais
valores de fontes sonoras de ruído. Por isso, é necessário ter o entendimento de que é
necessário calcular a média quadrática de cada nível e somá-las. Tendo “n” fontes sonoras
a expressão ganha a extensão da seguinte forma:
Lp total 10 log 10 Lp1 / 10 10 Lp 2 / 10 .......... 10 Lp n / 10
Equação 39 – Somatório de ruído com “n” fontes distintas
Desta forma, podemos observar que o valor de NPS total será equivalente à:
NPS total 10 log 10 0 ,180 10 0 ,183 NPStotal 83dB
Agora, quando há uma ou mais fontes de ruído com NPS iguais, pode-se calcular
o valor do NPS total utilizando a equação 41, conforme segue:
Onde:
43
NPSfonte = Nível de Pressão Sonora da fonte;
N = Número de fontes.
Desta forma, podemos citar como exemplo uma sala com várias fontes de igual
intensidade sonora, sendo esta no valor de 85 dB e com 05 fontes em linha. Considerando
estes dados, temos que o valor de NPS total será de:
Estes valores também podem ser definidos através de um gráfico ábaco, onde o
valor encontrado é somado ao valor medido.
44
Achar a diferença entre os dois níveis, considerando que o valor de L1>L2, então
temos que D=L1-L2;
Entrar no gráfico com a diferença, subir até a interseção com a curva, e, então,
obter DL;
Adicionar o valor indicado no eixo das ordenadas ao maior dos dois níveis medidos,
ou seja, L1. Assim, obtém-se a soma dos níveis de ruído das duas máquinas, tendo como
equação NPSt=L1+DL.
Imagine que os valores encontrados para o exemplo acima tenham sido 90 dB para
L1 e 85 dB para L2, tendo em mente os procedimentos descritos pode-se realizar os
cálculos:
Fonte: Autor
45
L ptotal L p1 L
Equação 42 – Determinação de Lptotal
SUBTRAÇÃO DE RUÍDO
No caso de subtração de ruído, os valores são determinados para obtenção de
valores de ruídos de fundo e da mesma forma que a adição do ruído é vista através de
escala logaritmica, a subtração também tem o mesmo comportamento.
A obtenção do ruído de fundo pode ser obtido através da equação 2.17.3, conforme
demonstrado:
NPST NPSD
NPSF 10 log10 10 10 10
Equação 43 – Equação de subtração de NPS com mesmos níveis em cada fonte
Como exemplo, considere que uma sala com quatro máquinas I,II,III e IV estejam
alinhadas e juntas produzem em um NPS de 95 dB e quando são desligadas, o local fica
com um NPS de 85 dB, portanto qual seria o valor do ruído de fundo?
10
95 85
NPSF 10 log10 10 NPSF 10 log109,5 108,5 NPSF 94,5dB
10
Estes valores também podem ser definidos através de um gráfico ábaco, onde o
valor encontrado é subtraído ao valor medido.
46
Gráfico08 – Diferença em dB entre os dois níveis a serem adicionados
Obter a diferença entre os dois níveis “Lt-Lf ”. Sendo o nível menor que 3 dB, temos
que o nível de ruído de fundo é muito elevado para a realização de uma medição exata,
porém, se o nível for entre 3 e 10 dB, será necessário a realização de uma correção. Caso
o valor da diferença seja superior a 10 dB, nenhuma correção torna-se necessária;
Realizar a subtração do valor obtido “DL” do nível de ruído “Lt”, este procedimento
dará o nível de ruído da máquina NPS=Lt-DL.
Uma lixadeira está colocada em meio a outras máquinas. O NPS, quando todas
estão funcionando, é de 100 dB(A). Desligando-se a lixadeira, o NPS reduz-se a 96 dB(A).
Qual o NPS produzido no ponto de medição pela lixadeira isoladamente?
47
Pelo gráfico, a correção deverá ser de 2 dB, subtraindo-se do maior valor. Desse
modo, o NPS da lixadeira operando isoladamente será de NPS L = 100 – 2 = 98 dB(A).
Desta forma, pode-se determinar que Lmáquina= Lptotal – ΔL = 95-2,2 = 92,8 dB,
ou seja, Lmáquina = 92,8 dB.
48
De maneira bem mais simplificada, a determinação poderá ser realizada utilizando
os valores da tabela 10:
Fonte: Autor
49
EQUIPAMENTOS E MONITORAMENTO
50
Interface entre Hardware e Software: É fundamental que o equipamento possua
interface com software para que haja gestão dos dados coletados no campo de estudo.
51
O audiodosímetro deve ser posicionado na lapela
o mais próximo do ouvido do colaborador.
52
com tecnologias capazes de realizar o monitoramento dentro do ouvido humano e
simultaneamente também realizar o monitoramento no ambiente de trabalho. Este tipo
de equipamento denomina-se audiodosímetro de duplo canal que deverá atender as
normas ISO 11904: 2004 e ANSI.S12.42:1995 que especificam os métodos para a
determinação de fontes de emissão sonora próximas ao ouvido humano, além da IEC
61672:2002. O método MIRE se mostra vantajoso em estudos de verificação de
exposição de funções que utilizam headset ou para situações de demonstração da
eficácia de atenuação de um protetor auricular, pois é possível determinar o quanto de
nível de pressão sonora chega até o ouvido de uma pessoa exposta à ruído. Outro
ponto importante é que realizando a medição dentro do canal auditivo, é possível saber
a verdadeira exposição que o tímpano estará tendo à um determinado tipo de nível de
pressão sonora, pois cada indivíduo poderá ter uma resposta diferente à um nível de
pressão sonora advindo da mesma fonte, de forma que para determinar o risco de
perda auditiva de uma determinada atividade onde hajam fontes sonoras próximas ao
ouvido humano este método demonstra ter mais exatidão quando comparado com o
método de comparação da média de ruído medida no ambiente.
O monitoramento com audiodosímetro de duplo canal consiste em instalar um
dos microfones dentro do ouvido do indivíduo exposto à ruído, enquanto que o outro
microfone é instalado do lado de fora próximo da zona auditiva. A sonda que é instalada
dentro do ouvido possui microfones em três tamanhos e diâmetros diferentes (pequeno,
médio e grande) o que permite cobrir um grande número de trabalhadores expostos à
ruído em função do tamanho do canal auditivo. Para que não haja nenhum tipo de dano
no conduto auditivo causado pelo contato com a sonda, estas são protegidas por uma
capa plástica descartável.
A figura 04 demonstra o formato do microfone que atenda a técnica do MIRE
(Microphone In Real Ear).
Figura 4– Demonstração do posicionamento do microfone pelo método MIRE (Microphone In Real Ear)
53
MEDIDOR DE NÍVEL DE PRESSÃO SONORA
O medidor de nível de pressão sonora, geralmente, é utilizado em situações de
monitoramento de ambientes de trabalho com o objetivo de mapear os processos que
possam estar gerando ruído contínuo, intermitente ou ruído de impacto. O medidor de
NPS tem a capacidade de determinar o ruído de forma instantânea e equipamentos
mais modernos, inclusive, possuem filtros de análise de frequência por banda de oitava
e 1/3 de oitava para determinação do comportamento do ruído nas faixa de frequência
audiveis.
A configuração básica do medidor de nível de pressão sonora deverá seguir aos
critérios que atendam à NR-15, Anexo 01 e Anexo 02 e tendo como base técnica para
configuração os parâmetros estabelecidos pela NHO-01 da FUNDACENTRO.
Fonte: Autor
54
Tabela 14 – Configuração Básica do Medidor de Nível de Pressão Sonora
Fonte:Autor
Configuração Básica de um Medidor Inegrador
Parâmetros Dados
Circuito de ponderação “A”
Circuito de Resposta Lento ou Rápida
Limiar de Integração (dB) 80
Limite de Critério (dB) 85
Faixa de Medição Variável 20 à 80 ou 60 à 120 ou 70 à 140
(dB)
*Taxa de troca (q) em (dB) 3
Período de Critério (hh:mm) 8:00
Limite Superior (dB) 115
55
Conforme demonstrado na figura 7, o posicionamento do equipamento deve
estar entre 1,2 à 1,5 m em relação ao chão e a distância do operador deve ser de 0,5
m em relação ao equipamento para que não haja nenhum tipo de interferência no
momento da medição da fonte(s) de ruído à ser estudada.
56
Figura 9 – Posicionamento do equipamento no ambiente externo
57
Estes sinais (mínimos e máximos) são os sinais de referência capazes de criar
uma pressão capaz de alinhar todas as curvas de compensação do equipamento em
único ponto, o ponto zero, na frequência de 1 kHz.
P P P P
10 4,7
94 P
94 20 log log 4,7 log 10 4,7 5
P 10 4,7 2 10 5 P 1Pascal
P0 20 P0 P0 P0 2 10
58
“...9.3.6.1 Para os fins desta NR considera-se nível de ação o valor acima
do qual devem ser iniciadas ações mínimas preventivas de forma a
minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes ambientais
ultrapassem os limites de exposição. As ações devem incluir o
monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e
o controle médico...”
Desta forma, observa-se que para atendimento aos critérios estabelecido pela
NR-15, Anexo nº 1, o limite de tolerância para uma jornada oficial de trabalho (oito
horas) é de 85 dB (A), o que corresponde à uma dose de ruído de 100% acumulada
neste período, logo, o nível de ação, conforme descrito no subitem 9.3.6.2, alínea b é
de 50 % da dose, o que nos dá um valor equivalente à 80 dB (A), uma vez que a NR-
15 trabalha com a taxa de troca de Q=5 dB.
É fundamental que o PPRA tenha o controle efetivo sobre as situações que
ultrapassem o valor de NPS de 80 dB (A) para que possa se realizar a gestão integrada
de segurança e saúde, tendo uma direta interação dos dados do PPRA com o os do
PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) definido pela Norma
Regulamentadora nº 07.
Quando há uma boa integração entre o PPRA e o PCMSO, outro programa
ganha benefícios no tratamento dos dados e da gestão de diagnósticos e controles,
este programa é o PCA (Programa de Conservação Auditiva) estabelecido pela OS nº
608 de 05 de agosto de 1998 do Ministério da Previdência Social.
59
ultrapassado o valor de 100% de dose acumulada de ruído ou valor de TWA ou Lavg
de 85 dB (A) para uma jornada normal de trabalho (oito horas). Vale lembrar que para
a NHO – 01 os termos TWA e Lavg são NEN (Nível de Exposição Normalizado) e NE
(Nível de Exposição) respectivamente.
Um ponto importante que deve ser observado no momento do estudo pericial
são as medidas de controle existentes e sua eficácia, pois segundo o subitem 15.4.1,
alíneas “a” e “b”, a eliminaçãou ou neutralização da insalubridade ocorrerá quando:
60
Vale lembrar que as medidas de controle existentes devem também ser
observadas para a concessão ou não da aposentadoria especial em locais
considerados acima do limite de tolerância.
61
Tabela 15 - Níveis de Pressão Sonora Para cada nível NC
dB dB dB dB dB dB dB dB dB
15 47 36 29 22 17 14 12 11
20 50 41 33 26 22 19 17 16
25 54 44 37 31 27 24 22 21
30 57 48 41 36 31 29 28 27
35 60 52 45 40 36 34 33 32
40 64 57 50 45 41 39 38 37
45 67 60 54 49 46 44 43 42
50 71 64 58 54 51 49 48 47
55 74 67 62 58 56 54 53 52
60 77 71 67 63 61 59 58 57
65 80 75 71 68 66 64 63 62
70 83 79 75 72 71 70 69 68
62
MONITORAMENTO DE RUÍDO E O MEIO AMBIENTE
O monitoramento de ruído ambiental segue, primordialmente, aos parâmetros
estabelecidos na CONAMA 01/90, entretanto, é necessário sempre observar, além da
legislação federal, a legislação estadual e municipal do local que está sendo objeto de
estudo. Em termos técnicos, o parâmetro que deve ser seguido é o que está descrito
na NBR-10151 que informa que deve-se observar o nível de LAeq (Leq em dB(A) ) e
comparar com os valores descritos na tabela 16, tanto para o período diurno, quanto
para o período noturno.
O nível corrigido Lc para ruído sem caráter impulsivo e sem componentes tonais é
determinado pelo nível de pressão sonora equivalente, LAeq;
O nível corrigido Lc para ruído com características impulsivas ou de impacto é
determinado pelo valor máximo medido com o medidor de nível de pressão sonora
ajustado para resposta rápida (fast), acrescido de 5 dB(A);
O nível corrigido Lc para ruído com componentes tonais é determinado pelo LAeq,
acrescido de 5 dB(A);
O nível corrigido Lc para ruído que apresente simultaneamente caracteristicas
impulsivas e tonais deve ser determinado aplicando-se os procedimentos descritos
para cada, tomando-se por base o resultado com o maior valor.
63
MEDIDAS DE CONTROLE
As medidas de controle para ruído deverão ser prioritariamente feitas, seguindo a
hierarquia estabelecida pela Higiene Ocupacional, tendo controle sobre três formas:
Controle na Emissão;
Controle na Transmissão;
Controle na Recepção.
CONTROLE NA EMISSÃO
CONTROLE NA TRANSMISSÃO
CONTROLE NA RECEPÇÃO
64
O controle na recepção é feito quando não é possível mais nenhum tipo de controle
sobre a emissão e propagação, sendo então colocadas medidas de controle diretamente
sobre o trabalhador e estas medidas podem ser:
65
níveis de pressão sonora com intensidade superior à 80 dB(A) e segundo a Norma
Regulamentadora nº 06 em seu item 6.3 informa o seguinte:
Desta forma, vemos que os protetores auriculares devem ser fornecidos pelo
empregador e sem custo adicional para o empregado que após recebe-lo, deve ser
orientado e responsável pela utilização, higienização e guarda do mesmo. Os protetores
auriculares devem ser escolhidos de forma que possam atenuar o ruído de maneira
satisfatória, trazendo o trabalhador para uma exposição considerada de “mundo real”, ou
seja, fazer com que o trabalhador que esteja utilizando o protetor auricular possua uma
exposição abaixo do limite de tolerância. Os tipos de protetores auriculares, basicamente,
podem ser divididos em dois tipos: Plugue de ouvido ou inserção e circumauriculares ou
concha.
Os protetores auriculares do tipo plugue de ouvido, são aqueles que são colocados
dentro da entrada do canal auditivo para formar uma vedação ou bloqueio do som, podendo
ser do tipo inserção ou semi-inserção.
Espuma;
Pré-moldados;
Moldáveis;
Moldáveis personalizados (feitos por encomenda);
Semi-inserção.
Os protetores auriculares do tipo plugue são em geral, com excessão dos protetores
moldáveis, estão disponíveis com ou sem cordas de conexão flexíveis ou com haste flexível
para encaixe sobre a cabeça ou pescoço. Ambos os modelos previnem quanto à perda do
protetor, reduzem a contaminação e são simples de armazenar, permitindo ao trabalhador
coloca-los sobre o pescoço enquanto não estiver sendo utilizados. As cordas do protetor
podem ser colocadas de forma anexa (amarradas) ao capacete, facilitando a colocação e
remoção do protetor pelo trabalhador.
66
PROTETORES TIPO CONCHA
Fonte: Berger, H.E (2003) - The Noise Manual, Third Edition – AIHA (American Industrial Hygiene
Association)
67
A escolha do protetor auricular deve levar em consideração as vantagens e
desvantagens oferecidas por cada tipo, além da taxa de redução de ruído oferecida, entre
outros fatores. A American Industrial Hygiene Association (AIHA), no livro de Berger, H.E
(2003) - The Noise Manual, Fifth Edition, elaborou uma tabela comparativa entre os dois
tipos de protetores:
68
Ponto de Observação Inserção Concha
Pode ser dificil para os supervisores A verificação de utilização deste
de área assegurar que os protetores tipo de protetor pode ser
Monitoramento de estejam sendo efetivamente verificada visualmente à
utilização utilizados. A avaliação distância. A avaliação
doajusterequerdiscussão doajusterequerdiscussão
aprofundadaecontato pessoal com aprofundadaecontato pessoal
cada trabalhador. com cada trabalhador.
São preferencias os tipo concha para Geralmente são desconfortáveis
Utilização em proteger as orelhas do calor, porém para este tipo de ambiente, pois
ambientes quentes poderá haver incomodo em função há uma grande probabilidade de
do acúmulo de suor no canal haver acúmulo de suor no
auditivo. interior do protetor concha.
Pode ser utilizado sobre as toucas ou Os protetores tipo concha
Utilização em protetores de orelhas e facilmente poderão prover aquecimento das
ambientes frios inseridos antes de entrar no ambiente orelhas em ambientes frios,
frio, porém se já estiver em um porém o alcochoamento do
ambiente frio, sua colocação ficará protetor pode enrigecer se estiver
dificil com as mãos cobertas com armazenado em local muito frio.
luvas de proteção. Pode ser ajustada a sua
colocação em locais frios,
mesmo utilizando luvas.
Fácil para armazenar e para carregar É volumoso para armazenar e
Armazenamento, ou utilizar sobre o pescoço quando carregar, porém pode ser
portabilidade e perda. não estiver sendo utilizado, porém é colocado no cinto ou colocado
fácil de perder. no pescoço quando não
utilizado.
Sujeito acortes ouperfuraçõespara Sujeitos à remoção da pressão
Sabotagem melhorar o confortoemdetrimento para obtenção da sensação de
daproteção. alívio ou perfuração dos
alcochoamentos para obtenção
de ventilação, sendo estes
procedimentos feitos em
detrimento da proteção.
Não deve ser utilizado quando for Pode ser utilizado na presença
Infecções do ouvido constatado infecção no ouvido, de infecções de pequeno grau na
ou acúmulo de cera acúmulo de cera ou outra condição orelha externa (com supervisão
adversa descrita pela área médica.1 e aprovação médica), pode ser
utilizado independentemente ao
fato de haver acúmulo de cera.
Não deve ser utilizado quando
houver problemas
dermatológicos na orelha
externa ou na região
circumauricular.
69
MECANISMOS E LIMITAÇÕES DE ATENUAÇÃO DOS
PROTETORES AURICULARES
1. Vazamentos de Ar;
2. Vibração do Protetor Auricular;
3. Transmissão através da estrutura;
4. Condução através dos ossos e tecidos.
Vias de entrada do ruído com protetor concha Vias de entrada com o protetor inserção
Fonte: Berger, H.E (2003) - The Noise Manual, Third Edition – AIHA (American Industrial
Hygiene Association)
1 - VAZAMENTOS
70
Devido a flexibilidade da cartilagem do canal auditivo, os protetores auriculares de
inserção podem vibrar dentro do conduto, como uma espécie de pistão, reduzindo com
isso a atenuação do protetor, principalmente em baixas frequências. Os protetores
auriculares tipo concha, também, pois vibram com um comportamento de massa/mola e o
aumento ou não desta vibração poderá ser causado pelas características dinâmicas do
protetor auricular tipo concha e seu acolchoamento, bem como, da cartilagem do ouvido
humano. Além disso, é importante observar a quantidade de volume de ar aprisionado
dentro do protetor auricular, o que pode também influenciar no aumento da vibração.
3 – TRANSMISSÃO ESTRUTURAL
71
simplesmente utilizar o protetor auricular não significa a eliminação do risco que os
trabalhadores possam vir a sofrer em relação a diminuição da capacidade auditiva, por
isso, os protetores necessitam ser utilizados de forma correta e durante todo o tempo de
exposição, obedecendo aos criérios mínimos estabelecidos de forma a buscar manter a
atenuação recomendada para cada tipo de protetor, conforme valores estabelecidos por
laboratórios de acústica credenciados pelo Ministério do Trabalho. Segundo Saliba, T
(2013), para que um protetor garanta atenuação igual a 20 dB (A) quando usado
constantemente (100% do tempo), será capaz de atenuar somente 5 dB(A) se for utilizado
em 50 % do tempo de exposição. Por isso, é fundamental que os protetores auriculares
ofereçam o maior conforto possível para o trabalhador, que ele seja treinado sobre a forma
correta de utilização e que se sinta motivado a estar utilizando o protetor auricular em área
de risco, sem que haja cobranças frequentes para isso, além disso, é muito importante que
o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) realize periodicamente
o controle efetivo dos profissionais expostos á ruído para verificar a eficácia de controle
das ações geradas no PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) e tmabém
no PCA (Programa de Conservação Auditiva), sendo este último, um programa mais
específico que detalhará de forma objetiva a gestão dos dados entre as áreas de saúde e
segurança do trabalho, como por exemplo, o controle das audiometrias com perdas não
ocupacionais e o valor efetivo da taxa de atenuação de redução do ruído.
Segundo Gerges, S.N.Y (1992), este é o método mais correto para determinar a
proteção proporcional ao trabalhador exposto ai ruído quando estiver usando o protetor.
Para isso, além das medições do comportamento do ruído em cada faixa de frequência da
72
banda de oitava, é necessário obter os dados de atenuação do protetor em cada faixa de
frequência, bem como o seu desvio padrão.
Método de Análise de Frequência por banda de oitava para cálculo de atenuação da redução de ruído do protetor auricular
Dados para inserção / 125 250 500 1000 2000 4000 8000 dBA*
Valores em faixas de
frequência (Hz)
1) NPS Medido 68.9 78.4 86.8 90.0 86.2 83.0 78.9 93.5
2) Atenuação Média 27.4 26.6 27.5 27.0 32.0 44.0 42.5
3) Desvio Padrão (σ) 5 6 6 7 7 7 8
4)Atenuação – σ 22.4 20.6 21.5 20.0 28.0 37 34.5
5)Atenuação - 2σ 17.4 14.6 15.5 13.0 21.0 30.0 26.5
6)NPS com protetor, 84 % 46,5 57.8 65.3 70.0 58.2 46 44.4 71,7
de confiança (1-4)
7)NPS com protetor, 98% 51.5 63.8 71.3 77.0 65.2 53.0 52.4 78,4
de confiança (1-5)
8) Nível de Proteção 21,8
Global (1-6)
O procedimento de preenchimento da tabela consiste em:
A diferença entre o valor de atenuação média e o desvio padrão para cada faixa de
frequência, dará o valor para demonstrar o NPS com o protetor com 84 % de confiança;
73
A diferença entre o valor de atenuação média e 2 vezes o desvio padrão para cada
faixa de frequência, dará o valor para demonstrar o NPS com o protetor com 84 % de
confiança;
Segundo Berger, H.E (2003), um erro conceitual crítico que é feito frequentemente
é presumir que a correção do desvio padrão ajusta os dados laboratoriais para estimar
valores do mundo real. O propósito real dodesvio padão é o de ajustar os dados médios
de teste para refletir a atenuação alcançada por 84 por cento (utilizando 1 vez o Desvio
Padrão) ou 98 por cento (utilizando 2 vezes o Desvio Padrão).
No método longo, é importante ressaltar que o valor que deve ser considerado é o
valor utilizando 84 % de confiança, pois este valor retrata o NRRsf (Noise Reduction Rate
– Subject Fit) e o valor de 98 % de confiança retrata o valor de NRR (Noise Reduction
Rate). Trataremos destes dois conceitos mais a frente.
O nível de redução de ruído com valor sugerido é o critério mais aceito atualmente,
pois a técnica descrita pela norma ANSI 12.6-1997 B define o método conhecido como
“ouvido real”, que consiste em realizar os testes de atenuação de ruído em laboratório com
pessoas sem pleno conhecimento sobre como colocar os protetores auriculares, tendo
apenas como referência a leitura nas embalagens. Por se tratar de um teste realizado com
pessoas que não foram devidamente treinadas para a utilização correta do protetor
auricular, o NRRsf é calculado levando em conta uma vez o desvio padrão, o que fornece
um grau de confiança de 84 %.
74
A adoção do NRRsf como método de ensaio oficial no Brasil, foi aprovado pelo MTE
através da Portaria nº48 de 25 de março de 2003, que foi revogada pela Portaria nº 121,
de 30 de setembro de 2009.
Segundo Araujo, G.M (2002), recomenda-se que nos casos de se utilizar o método
curto do NIOSH a medição no ambiente seja realizada em dB(A) e dB(C). Após realizada
a medição no ambiente, calcular o NPSc em dB(A) do ouvido protegido a partir da equação
que aplica o dB(C) e obter a atenuação do EPI pela diferença entre o NPSc em dB(A)
calculado e o NPS em dB(A) medido.
O valor de NRR (Noise Reduction Rate) é um valor padronizado nos Estados Unidos
desde 1979 e é um índice de redução de ruído que representa a média de atenuação
proposta por um determinado sistema de proteção auditiva individual em um determinado
ambiente quando se conhece o Nível de Pressão Sonora na curva de compensação “C”.
75
método longo (valores encontrados no ambiente e em dB (A)). Desta forma, os valores de
atenuação em cada faixa de frequência em dB (A) são subtraídos do espectro de ruído
rosa em dB(C) e não dos valores medidos no campo de trabalho em dB (A) e ainda é
subtraído do valor um “fator de segurança” de 3 dB, conforme afirmação de BERGER, H.E
(2003).
Dessa forma, pode se dizer que o valor de NRR sempre será maior que o valor de
NRRsf e no método de banda de oitava, a confiabilidade de 84% fica para o valor de NRRsf
e o valor de 98% de confiabilidade fica para o valor de NRR.
76
O método de dupla proteção é recomendado sempre que houver situações de
exposição à níveis de pressão sonora superiores à 100 dB (A). O NIOSH em 1998
recomendou no Hearing Loss Prevention Program – HLPP (Programa de Prevenção de
Perda Auditiva) que seja utilizada a combinação de protetores auriculares do tipo inserção
junto com o protetor do tipo concha. Para exemplificar a justificativa de utilizar a dupla
proteção, pode ser destacada as atividades em área de produção de fabricação de latas
de refrigerante, onde existem várias prensas trabalhando simultaneamente, fazendo com
que o nível de pressão sonora ultrapasse facilmente os 100 dB ao longo de uma jornada.
Desta forma, a melhor forma de proteção individual é com a utilização de um protetor de
inserção de espuma (por exemplo) junto com um protetor tipo concha bem ajustado as
condições anatômicas de quem o utiliza.Em termos de atenuação, não é correto realizar a
soma dos valores de atenução e sim adotar um fator de proteção para aquele que possui
maior atenuação entre os protetores utilizados.Nos EUA, o NIOSH determina que no uso
combinado dos protetores auriculares deverá ser acrescido o valor de 5 dB sobre o maior
NRR. Já no Brasil, segundo Gerges, S. (2003)¹ a dupla proteção com o uso de dois
protetores não é algo calculado e atualmente existe uma previsão muito aproximada,
porém sem precisão e que pode ser adotado para o cálculo. Trata-se de utilizar o valor de
6 dB sobre o maior NRRsf, tendo como expressão final o seguinte:
Ressaltando que o valor de NRRsf que será utilizado na expressão acima será o de
maior valor entre os protetores auriculares utilizados no método de dupla proteção.
SUPER OU SUBPROTEÇÃO
77
Proteção Aceitável: Atenuação com valores igual à 80 dB(A) e inferiores à 85 dB
(A);
Uma faixa aceitável de atenuação, mas ainda não ideal está compreendida em
valores entre 80 e 85 dB estando abaixo do Limite de Tolerância, mas acima do Nível de
Ação;
78
máquinas em movimento, etc., podendo ser um potencial gerador de acidentes. No caso
da subatenuação o risco de perda auditiva é elevada, pois mesmo utilizando os protetores
auriculares, a intensidade sonora que chega aos ouvidos do usuário está acima do limite
de tolerância, ou seja, acima de 85 dB. É fundamental que haja critérios técnicos para a
escolha dos protetores auriculares de acordo com as atividades executadas, de forma que
a sua utilização ao longo da exposição diária seja realmente eficaz.
79
PLANILHAS DE CAMPO
Para a realização dos monitoramentos quantitativos nos ambientes de trabalho é
fundamental que haja uma planilha de campo que possa agregar todo os dados
considerados importantes para a realização dos estudos de higiene ocupacional.
80
PLANILHA PARA AUDIODOSIMETRIA - MODELO
AUDIODOSIMETRIA
Nome da empresa:
Cargo/função:
Setor:
Local de Trabalho:
Ruídos de Fundo:
Faz uso de E.P.I.? Sim Não Existe registro de treinamento? Sim Não
E.P.C (Descrição):
81
Horário de Início da avaliação (h): Refeição / Retorno: / Término:
Observações:
EQUIPAMENTOS DE AVALIAÇÃO
Assinatura do empregado:
82
PLANILHA PARA MONITORAMENTO PONTUAL - MODELO
Empregado avaliado:
Resultados – dB(A)/
Nº do Ponto
dB (C)
Identificação do Posto
Taxa de troca - Q=3
(Local avaliado)
L.Min L.Max LEQ
Observações:
Assinatura do empregado:
Assinatura:
83
REFERÊNCIAS
Acústica Aplicada ao Controle de Ruído – Bistafa, S. (2006);
ANSI S3.20 – 1995 American National Standard Bioacoustical Terminology American National
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