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MÓDULO IV

RUÍDO OCUPACIONAL E AMBIENTAL

MATERIAL DO ALUNO
CURSO BÁSICO EM HIGIENE OCUPACIONAL: AGENTES
FÍSICO E QUÍMICO
MODÚLO IV RUÍDO OCUPACIONAL E AMBIENTAL
MATERIAL DO ALUNO

Autor: Rosemberg Silva Lopes da Rocha

Coordenação Técnica: Ana Paula Matsumoto

Revisão educacional: Elisabete Mercadante

Salvador
2019

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA


Antonio Ricardo Alvarez Alban
Presidente

SESI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA

Armando Alberto da Costa Neto


Superintendente

Amélio Miranda Júnior


Gerente de Segurança e Saúde na Indústria

Cléssia Lobo de Morais


Gerente de Educação

Ana Paula Pereira Alves Matsumoto


Maria Fernanda Torres Lins Faiçal
Gerência de Segurança e Saúde do Trabalho

Elisabete Mercadante Alves da Cunha


Renata Araújo Costa
Gerência de Educação Continuada

6
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9

CONCEITOS E DEFINIÇÕES ............................................................................... 10

EXPOSIÇÃO AO RUÍDO....................................................................................... 21

FREQUÊNCIA ....................................................................................................... 31

ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE RUÍDO ................................................................... 43

EQUIPAMENTOS E MONITORAMENTO ............................................................. 50

PLANILHAS DE CAMPO....................................................................................... 80

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 84

7
APRESENTAÇÃO

A Gerência de Saúde e Segurança da Indústria e a Gerência de Educação


do Serviço Social da Indústria, por meio de suas gerências técnicas, tem promovido
ações no sentido do desenvolvimento da indústria através da qualificação de seus
trabalhadores em competências e habilidades.
As ações de Educação Continuada (EC) do SESI tem como propósito
promover a aprendizagem ao longo da vida, sendo organizada em três escolas:
Escola SESI de Gestão em SST; Escola SESI de Educação Corporativa e Escola
SESI de Conexões Criativas.
A Escola SESI de Gestão em SST tem como missão desenvolver pessoas
em competências gerenciais, técnicas e comportamentais, contribuindo para a
formação de uma cultura de segurança e saúde do trabalho nos indivíduos e
organizações.
Dessa maneira, o Curso Básico em Higiene Ocupacional visa desenvolver
profissionais da área de Segurança para uma melhor prática em sua atuação
profissional, tendo como foco os agentes químicos e físicos.
Enfatiza-se que o mesmo não tem como pretensão a limitação ou finalização
da temática de higiene ocupacional, mas compromete-se em atualizar e
compartilhar os saberes, assumindo assim, responsabilidade e ética. Bom curso!

Escola SESI de Gestão em SST - SESI DR-BA

8
INTRODUÇÃO

Este módulo tem como objetivo específico apresentar uma abordagem


ampla acerca da avaliação do ruído sob diversos pontos de vista técnicos e legais,
dos quais o profissional de saúde e segurança do trabalho deverá estar ciente ao
longo de sua carreira profissional

Este Módulo está dividido em 06 capítulos.

O Capítulo 1 apresenta conceitos e definições acerta do tema.

O Capítulo 2 aborda questões relativas a exposição ao ruído.

O Capítulo 3 traz o conceito de frequência.

O Capítulo 4 traz questões sobre adição e subtração de ruído.

O Capítulo 5 apresenta equipamentos e monitoramento do ruído.

E para finalizar, o Capítulo 6 apresenta planilhas de campo.

O conteúdo abordado neste módulo tem como ênfase a avaliação do ruído,


sobretudo na exposição ocupacional com uma abordagem relacionando teoria e
prática.

Boa Leitura!

9
CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Conceito de Som

O ruído pode ser basicamente definido como um “som desagradável ou


indesejado” ou até mesmo outro tipo de distúrbio que tire a concentração e o
equilíbrio mental. Do ponto de vista da acústica, som e ruído constituem-se do
mesmo fenômeno de flutuação de pressão que acontece sobre um meio com
pressão atmosférica; esta diferenciação é amplamente subjetiva, pois o que pode
ser considerado como som para um indivíduo pode facilmente ser considerado
como ruído para outro. O reconhecimento do ruído como um sério problema de
saúde foi mais amplamente discutido de acordo com desenvolvimento da vida
moderna. Com a modernização dos processos produtivos ao longo do tempo,
houve-se ganho de escala e desenvolvimento econômico, entretanto, houveram
também um amplo grupo de indivíduos que “experimentaram” exposições
ocupacionais que os colocaram em uma escala de risco considerada como séria
para a saúde auditiva e a integridade física.Outro ponto importante a destacar dos
avanços da vida moderna é o de cada indivíduo ter a oportunidade de ouvir a
música que quiser, aonde quiser e no volume que achar melhor,ou seja, enquanto
uma música com volume alto possa ser considerada por muitos como som e não
ruído, e que possa dar uma “sensação” de prazer para muitos, o ruído excessivo
de máquinas modernas provavelmente não dará a mesma “sensação” de prazer.

O som e o ruído é o resultado da variação de pressão, ou oscilação, em um


meio elástico, como por exemplo (ar, água, sólidos), gerados por uma superfície
vibratória ou através da turbulência de um fluxo por onde passa um fluído. O som
se propaga em forma de ondas longitudinais, que envolvem uma sucessão de
compressões e rarefações em um meio elástico. Por exemplo, quando a onda
sonora se propaga no ar, as oscilações de pressões acima e abaixo são geradas
no ambiente com a pressão atmosférica.

Com uma temperatura de 21ºC, a velocidade do som no ar é de 344 m/s, já


nos sólidos e líquidos, onde o raio de elasticidade é maior que no ar, o som viaja
de forma mais rápida. Por exemplo, a velocidade do som na água é de

10
aproximadamente 1500 m/s e no aço esta velocidade pode chegar até os 5.000
m/s.

Os fenômenos sonoros são amplamente estudados por diversas ciências,


de forma que pode ser observado que essas disciplinas estão interligadas, porém,
cada uma possui um foco sobre algum aspecto específico do fenômeno.

Dentre as várias ciências para estudos dos fenômenos acústicos, destacam-


se as seguintes: Física Acústica, Psicoacústica, Fisiologia Auditiva.

A física acústica estuda as formas dos fenômenos sonoros, enaquanto que


a psicoacústica estuda sobre a percepção dos sentidos ao fenômeno sonoro. Há
ainda a fisiologia auditiva que estuda sobre as estruturas do aparelho auditivo
humano.

Em física acústica é possível estudar as formas de propagação de um


determinado fenômeno acústico e a esta forma de propagação damos o nome de
ondulatório ou simplesmente ondas, que podem ser classificadas de duas formas:
ondas eletromagnéticas e ondas mecânicas.

As ondas eletromagnéticas são causadas pelo movimento de partículas sub-


atômicas e os fenômenos perceptivos associados são as cores e a luz.

As ondas mecânicas são as que atuam ao nível molecular de um


determinado meio e o fenômeno de percepção, por exemplo, é o som.

De maneira mais abrangente, entende-se por som qualquer alteração física


feita em meio elástico de um estado sólido, líquido ou gasoso em determinado
espaço de tempo e que pode ser percebida pelo ouvido humano na faixa de
frequencia que varia de 20 Hz a 20 kHz.

Para que haja esse fenômeno, é necessário a presença de três elementos


básicos:

Emissor;

Meio;

11
Receptor.

O emissor é o que é responsável por produzir um disturbio no meio que será


percebido pelo receptor.

O meio de propagação tem influência sobre a qualidade do distúrbio e isto


afeta diretamente a maneira de propagação. As perturbações mecânicas são
variações pequenas e rápidas de pressão do meio, causadas pelas compressões
e descompressões das moléculas geradas por seus deslocamentos. As ondas
mecânicas são definidas como: ondas longitudinais e ondas transversais.As ondas
longitudinais são aquelas que fazem com que as moléculas movam-se na mesma
direção de propagação da onda. Já as ondas transversais são aquelas que fazem
com que as moléculas movam-se perpendicularmente a essa direção.

As ondas sonoras, caracterizadas pelas ondas de pressão (compressão e


descompressão de moléculas) são do tipo longitudinal e propagam-se em um meio
elástico, podendo ser o ar, sólidos e líquidos. As ondas transversais são
usualmente encontradas nas vibrações de partes de certos instrumentos musicais,
como nas membranas (peles de instrumentos de percussão) e cordas.

Quando o som possui uma combinação não harmoniosa, é incômodo ou


indesejável, pode-se definir este som como ruído.

Descrevendo a sensação sonora e o decibel

Sendo o som, basicamente uma vibração das moléculas causada em meio


elástico em função da variação de pressão, temos a pressão sonora como um item
importante para ser estudado.A pressão (equação 01), por definição, é a força
resultante que é exercida sobre uma determinada área e pode ser expressa da
seguinte forma:
F
P
A
Equação 01 – Cálculo de Pressão tendo a relação de força sobre uma
determinada área.

12
Onde:

P = Pressão em Pascal (Pa);

F= Força exercida sobre uma área, expressa em Newton (N);

A= Área de recebimento de determinada força, expressa em metro quadrado


(m²).

Através deste conceito, pode-se perceber a interligação entre duas ciências


citadas anteriormente, a física acústica e a psicoacústica. A pressão das moléculas
geradas pelo fenômeno sonoro exerce uma força sobre uma determinada área e
desta forma podemos saber qual a força necessária para causar a vibração sobre
a membrana tímpanica, por exemplo.

O que é o decibel?

A escala de medida que melhor demonstra a relação da sensação que se


tem à um determinado estímulo é a escala decibel (dB). O decibel(dB) é usado para
medir o nívelde som, mas também é amplamente utilizado emprodutos
eletrônicos,sinaise comunicação.O dB é uma unidade logarítmica usada para
descrever uma relação que tem comportamento de crescimento exponencial.

Como a escala decibel demonstra o crescimento exponencial de um


determinado fenômeno, pode se dizer que esta escala trabalha demonstrando o
comportamento que é representado pelo logaritmo neperiano ou logaritmo natural
(ln) do fenômeno que está acontecendo. No caso do nível de pressão sonora a
utilização do logarítmo de base 10 ou apenas log é o que melhor realiza esta
demonstração.

Por exemplo,suponha que temosdois alto-falantes, o primeiro com


reprodução de um somcompotência P1 e outro tendo uma energia acústica mais
forte do mesmo som com potência P2. A diferença, em decibéis entre os dois é
definida como:
P2
dB  10 log , onde logaritmo utilizado é o de base 10.
P1

13
Se a segunda fonte produz duas vezes mais energia que a primeira, a
diferença em dB será:
2
dB  10 log dB  10 log 2  3dB .
1

Equação 02 -Relação do Fator de dobra

O valor de 3 dB representa a diferença necessária para que um som tenha


o dobro ou a metade da energia em relação a outro e para esta relação damos o
nome de fator de dobra.

A intensidade sonora demonstra a percepção que um ser humano tem a uma


determinada amplitude de onda sonora. A amplitude sonora também é conhecida
como volume.

I
dB  10 log
I0

Equação 03 - Equação da Intensidade Sonora

Onde:

I= Intensidade sonora que se tem o interesse de obter;

I0= Intensidade sonora de referência, 10 -12 watt/m2;

A intensidade de um som é diretamente proporcional ao quadrado de sua


pressão sonora.
I  P2  P
dB  10 log  10 log 2   20 log 
I0  P0   P0 

Equação 04 – Relação de proporcionalidade entre intensidade do som e o


quadrado da pressão sonora

Onde:

P= Pressão sonora que se tem o interesse de obter;

P0= Pressão sonora de referência, 20µPa ou 0,00002 Newton/m2;

I 0 c
A pressão sonora P0 pode ser obtida através da equação , onde:

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 ar  1 , 22 kg / m ³ à 21  C
Densidade do ar ;

 12
Intensidade Sonora I 0  10 ;

c  344 m / s
Velocidade do som .

Pode-se perceber que a pressão sonora terá uma variação em seu resultado dado
pela lei do quadrado da distância, ou seja, quanto maior for a distância em relação à uma
fonte de ruído, menor será o valor de ruído percebido pelo receptor, porém esta regra vale
para ambientes em ar livre onde não haja reflexões.Tendo d1 como uma distância de fonte
e d2 sendo igual a 2d1, temos que o valor em dB será igual à:
 d1  1
dB  20 log    20 log  6 dB
 2 d 1  2

Equação 05 – Relação que mostra a diferença de amplitude em função da


lei do inverso do quadrado da distância

O valor de 6 dB representa a diferença na amplitude de um som em função do dobro


de uma determinada distância percorrida em relação a distância original da fonte e,
portanto, a diferença necessária para que um som tenha o dobro ou metade da amplitude
em relação a um outro. Esta diferença de amplitude é que faz com que se tenha uma
percepção de que na medida em que se dobra a distância em relação à fonte, a intensidade
sonora decresce 6 dB.

Figura 01: Relação da diferença da sensação à intensidade sonora devido à


Lei do Inverso do Quadrado da Distância.

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O OUVIDO HUMANO
O pavilhão auricular faz parte da orelha externa e é responsável por captar as ondas
sonoras do ambiente e direcioná-las ao longo de um túnel, chamado de canal auditivo
externo. No final deste canal, encontra-se o tímpano que está em contato com três
pequenos ossos: martelo, bigorna e estribo. A vibração do tímpano e dos pequenos ossos
na orelha média faz com que a pressão sonora seja multiplicada e transmitida à orelha
interna.

Já na orelha interna, a onda sonora gerada pela pressão sonora exercida, percorre
a perilinfa, o líquido que preenche a cóclea. Estas vibrações estimulam as células ciliadas
externas e internas do ouvido a trabalharem para amplificar ainda mais o som. Enquanto
as ondas sonoras percorrem a cóclea, que é uma estrutura em formato de caracol, são
selecionadas as frequências que serão transmitidas ao nervo da audição. Dessa forma,
reconhecemos os sons graves e sons agudos. A sensação sonora percorre o nervo auditivo
até o cérebro e ao longo de várias estações para que finalmente este som possa ser
percebido, reconhecido e entendido. O ouvido humano está adaptado para escutar sons
entre 20 e 20.000 Hz e os sons cuja intensidade está acima dos 85 dB (decibéis) são
prejudiciais à saúde auditiva. Os sons muito intensos causam danos permanentes nas
células sensoriais, acarretando em déficits de sensação à percepção sonora.

Figura 2 – Sistema Auditivo Humano

Fonte: The Noise Manual, Fifth Edition, AIHA (American Industrial Hygiene Association)

Conforme demonstrado na figura 2, o ouvido humano está dividido em três partes,


que serão explicadas no decorrer deste capítulo: Ouvido Externo, Ouvido Médio e Ouvido
Interno.

Ouvido externo

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O ouvido externo consiste do pavilhão (geralmente chamado de orelha) e do canal
auditivo externo denominado canal auditivo, um canal abertoque conduz diretamenteà
membrana timpânica (tímpano). Tanto o pavilhão quanto o canal auditivo externo
modificam as características das ondas sonoras, de forma que o espectro sonoro que
movimenta o tímpano não tem as mesmas características do som que originalmente chega
ao pavilhão auditivo. O pavilhão auditivo é, até certo ponto, um “captador” de som, e até
por causa das características anatômicas do pavilhão auditivo, certos sons em
determinadas freqüências são amplificadas, outras atenuadas, de tal forma que o pavilhão
auditivo de cada indíviduo trata de forma particular a onda sonora recebida, progredindo-a
dentro do canal auditivo.

Ouvido médio

A membrana timpanica ou tímpano, vibra de acordo com as flutuações sonoras às


quais são transmitidas para pequenos ossículos localizados na orelha média, denominados
de martelo, bigoran e estribo, além de fornecer proteção ao ouvido médio e o ouvido interno
contra a entrada de corpos externos.

A função do ouvido médio é de transmitir de forma eficiente o movimento das ondas


sonoras que movimentam o tímpano, de forma que este possa conseguir movimentar o
estribo, que por sua vez, movimenta o fluído que preenche o ouvido interno.

Dentro da orelha média há duas maneiras de ganho de energia. O primeiro, a área


do tímpano é de aproximadamente 17 vezes mais ampla que a área da janela oval do
ouvido, o que faz com que a pressão efetiva (força por unidade de área) seja amplificada
para esta mesma quantidade.

A segunda é que os ossículos estão projetados de forma a funcionar como uma


espécie de alavanca que amplia ainda mais a pressão.

Como resultado, muito da quantidade de energia que entra pelo ouvido através do
timpano é o que transmite os movimentos ao estribo e por conta disso que há o estímulo
do sistema do ouvido interno.

O ouvido médio também possui dois músculos que estão juntos de forma
compactada ao martelo e ao estribo: tensor do tímpano e os músculos estapédio,
respectivamente. Estes músculos, que atuam em direções opostas, que são ativadas
através do processo de vocalização (falando ou cantando) e através de sons altos (para o
estapédio) ou através de eventos que causam sobresaltos para o tensor do tímpano.

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Ouvido interno

Os receptores sensoriais atualmente responsáveis pela iniciação dos impulsos


neurais no nervo da audição, consistem em aproximadamente 4000 células ciliares
internas que recebem assistência de aproximadamente 12,000 células ciliares externas
que ficam na cóclea.

Conceito de ruído

O ruído é qualquer sensação sonora indesejável, podendo ser considerado como


um som presente em nosso ambiente que ameaça a nossa produtividade, conforto, bem
estar e saúde.

A mistura dos sons em freqüências distintas é uma das principais características do


ruído e os fatores que podem fazer com que o som se torne um ruído desagradável são:
Tempo de Exposição, Nível de Exposição, Freqüência, Tipos de ruído, Distância da fonte
geradora de ruído, Susceptibilidade Individual.

Tipos de ruído

Como visto no início deste capítulo, o conceito de ruído é o de qualquer sensação


sonora indesejável, podendo ser considerado como um som presente em nosso ambiente,
que ameaça a nossa produtividade, conforto, bem estar e saúde. O ruído apresenta vários
tipos de comportamento em função do tempo e os principais são: Ruído contínuo; Ruído
intermitente; Ruído de impacto ou impulsivo.

Ruído contínuo

O ruído contínuo é o tipo nível de pressão sonora que apresenta pequenas


flutuações sonoras ao longo de um período de observação, conforme descrito pela norma
americana ANSI S3.20 – 1995. É um ruído com pouca varaiação de fluxo de energia sonora
e que pode apresentar ou não caracteríticas de componentes tonais, com uma variação
média aceitável de +/- 3 dB.

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Ruído Contínuo - dB
87

86,5 86,5
86,2 86,2 86,3
86
85,7
85,4 85,5 85,5
85,3
85 85 85,1 85,1
84,9 84,8 84,884,7
84,4 84,5
84,2
84
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Gráfico 01 – Exemplo de comportamento de ruído contínuo.

Ruído intermitente

O ruído intermitente é aquele que sofre interrupções em seu fluxo de energia sonoro
através de níveis mais altos ou mais baixos, ao longo do tempo. Estas variações podem
ser com valores superiores à +/- 3 dB em um espaço de tempo superior à 1 segundo.

Ruído Intermitente - dB

93 93,1
91,1
90 90,1

87
85,6 85,1 85,3 85,1 85,5
84 84,3 84,3 84,2
83,4 83,3
82,1
81
80 79,7 79,980,3
78,8
78 77,5

75
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Gráfico 02 – Exemplo de comportamento de ruído intermitente.

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Ruído de impacto ou impulsivo

O ruído de impacto ou impulsivo é aquele que sofre um ou mais picos de energia


acústica em um intervalo inferior à 1 segundo e com intervalos superiores à 1 segundo.

Ruído de Impacto - dB
120
1s 1s
115 114 114,7 114,7
112,6 112,6 112,8
110 110,7 110,7
109
105

100

95

90

85 85,1 84,8 84,5 84,5 84,8 84,3


83,4
82,1
80 80,5 80,5 80,5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Gráfico 03 – Exemplo de comportamento de ruído de impacto.

Em relação aos tipos de ruído é importante a verificação de possíveis fontes


geradoras de ruído de fundo, que quando não são observadas adequadamente podem
gerar o mascaramento da medição do local de estudo.

Segundo Araújo (2002), a verificação da possível influência de ruído de fundo deve


ser feita realizando a medição com a fonte de ruído ligada e desligada, respectivamente e
ao se desligar a fonte, se o nível de ruído se mantiver praticamente o mesmo, significa que
o ruído proveniente da fonte está mascarado pelo ruído de fundo. Às vezes o ruído de
fundo é proveniente de fontes externas fora do controle da empresa, por exemplo: tráfego
urbano, arrefecimento, entre outros.

Nestes casos, o ruído de fundo deve ser tratado com os parâmetros de legislação
ambiental e a eficácia do controle direto sobre as fontes afetará de forma positiva a
exposição do ruído ocupacional.

20
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO

Tempo de exposição e nível de exposição


A relação entre o tempo de exposição e nível de exposição ao agente físico ruído
segue um comportamento inversamente proporcional, ou seja, a medida que o nível de
ruído aumenta, diminui-se o tempo permitido à este nível. No Brasil, a Portaria 3214 do
Ministério do Trabalho, NR15 no seu Anexo 1, estabelece tais limites partindo de 85 dB(A)
para uma exposição de 8 horas e uma taxa de troca de 5 dB(A) para a redução à metade
da exposição, conforme tabela 1.
Tabela 1 – Limites de Tolerância para ruído contínuo ou intermitente

Fonte: Anexo I NR 15

Ao analisar a tabela 1, tem-se como referência a jornada padrão de oito horas e


sobre este padrão visualiza-se o seguinte:

Sendo T= 8 horas, temos que LT=85 dB, se adicionarmos 5 dB sobre o valor inicial,
temos LT= 90 dB e consequentemente T= 4 horas e se adicionarmos 5 dB sobre o novo
valor, temos LT= 95 dB e consequentemente T= 2 horas e assim por diante. Isto demonstra
que há uma relação inversamente proporcional na composição dos limites de tolerância
para ruído e tudo está baseado no tempo da jornada padrão de 8 (oito) horas.

A tabela 1 começa a ter limite de tolerância em função do tempo a partir de oito


horas, ou seja, a jornada padrão de trabalho é considerada como a referência de tempo
para a determinação da tolerância aos outros níveis descritos na tabela.

21
Outro ponto importante que deve ser observado na tabela 1 é que a mesma segue
a um padrão de dobro da intensidade sempre quando se adiciona o valor de 5 dB sobre o
valor inicial e à este valor damos o nome de taxa de troca.

Conceito de fator de dobra (q=3 dB) e taxa de troca (q= 5 dB)

Segundo Bistafa (2006) a principal preocupação quanto ao ruído em ambientes de


trabalho é a perda auditiva induzida pelo ruído, PAIR. Há um consenso entre os
especialistas, de que a PAIR se deve à conjugação de dois fatores: nível de ruído e tempo
de exposição. Estudos epidemiológicos relativos a populações expostas a ruídos em
ambientes de trabalho, indicam que a PAIR segue uma relação de proporcionalidade
aproximadada conforme demonstrada abaixo:

PAIR   p n T e

Equação 07 – Relação de proporcionalidade da PAIR

Onde:

Te= É o tempo de exposição à pressão sonora “p”;

n = É um expoente à ser determinado.

A finalidade do fator de troca é o de demonstrar a variação do nível de pressão


sonora que provoca a mesma PAIR quando o tempo de exposição é duplicado ou reduz-
se pela metade

Ainda segundo Bistafa (2006), o chamado “princípio de igual energia” demonstra


que a PAIR é proporcional à energia sonora recebida pela orelha. De forma que a
intensidade sonora por unidade de tempo por unidade de área, a energia sonora por
unidade de área será dada pelo produto da intensidade sonora pelo tempo. Como a
intensidade sonora é proporcional à pressão sonora ao quadrado, o “princípio de igual
energia” traduz-se matematicamente em:

PAIR   p 2Te (equação 7.1)

Este princípio adota que com o expoente n=2 o fator de troca ou matematicamente
chamado de fator de dobra será igual a q= 3 dB, ou seja, um acréscimo de 3 dB no nível
de ruído é equivalente (causa a mesma PAIR) à duplicação do tempo de exposição.

22
Segundo a norma ISO 1999:1990 “Determination of occupational noise exposure
and estimation of noise-induced hearing impairment” demonstra que o princípio da igual
energia é considerado o mais adequado para a estimativa da PAIR.

Pode-se dizer que matematicamente o comportamento de qualquer fenômeno


acústico terá sua intensidade de nível de pressão sonora dobrada ou reduzida à metade
sempre que tiver acrescido ou retirado o valor de 3 dB.

Isso pode ser visto pelo fato de que o comportamento acústico é um fenômeno
natural e este tipo de fenômeno apresenta comportamento logaritmico, conforme já visto
no item 2.3.

Isto pode ser demonstrado através da aplicação dos fundamentos de acústica, que
informa que a escala decibel (dB) é a décima parte da escala Bel (log x). Sendo o valor de
x = 2 (taxa de variação de dobro ou metade do nível de pressão sonora), temos que o valor
de decibel (dB) será igual à:
dB  10 log 2  10  0,30  3dB

De forma que, aplicando as propriedades dos logarítmos pode-se visualizar que a


taxa de variação que realmente dobra o nível de pressão sonora é o valor de 2, que é
encontrado quando se possui um expoente de 0,30.

log 2  0,30  100,30  2

Então, pode-se dizer que o que realmente dobra ou diminui a metade do valor de
um determinado fenônemo acústico é o valor de 3 dB e à este valor denominamos como
fator de dobra.

No caso do valor de 5 dB o nome mais correto que pode ser dado é o de taxa de
troca, pois matematicamente este valor não dobra ou reduz o ruído à metade, conforme
veremos. Porém, este valor sofreu uma “adaptação” de forma que pudesse representar o
dobro ou redução à metade de um determinado fenômeno.

Aplicando os conceitos matemáticos de logaritmo é possível descobrir a verdadeira


taxa de variação quando se aplica a taxa de troca Q= 5 dB.

10 0 , 50  3,167  log 3,167  0,50  dB  10  log 3,167  dB  5

Desta forma, pode se observar que a taxa de troca de 5 dB causa, na verdade, uma
alteração de 3,167 vezes sobre um determinado fenônemo acústico, tanto na
representação do acréscimo da enerrgia sonora, bem como no decréscimo da mesma.

23
Ou seja, enquanto o valor de 3 dB dobra o valor inicial do nível de pressão sonora,
o valor de 5 dB triplica a sensação sonora que temos em relação ao valor inicial de nível
de pressão sonora, isso em termos de fenômenos acústicos.

De maneira geral, o fator de dobra ou taxa de troca é o valor pelo qual se consegue
obter o dobro ou a metade do valor do ruído ao longo do tempo. Cada vez que o valor
inicial dobra, o tempo de tolerância a este valor é reduzido pela metade.

No Brasil há dois valores que representam esta relação, sendo representados por
q = 3 dB (valor dado pela NHO – 01 da FUNDACENTRO) e por q = 5 dB (valor representado
pela NR-15, Anexo I). Legislações internacionais relativas ao ruído em ambientes de
trabalho estabelecem também o nível de ruído máximo para uma jornada de oito horas de
trabalho, denominado de nível de critério, Lcrit. A tabela 03 fornece os limites de tolerância
para ruído ocupacional adotados pela maioria dos países europeus, pela OSHA
(Occupational Safety and Health Admnistration), NIOSH (National Institute for Occupational
Safety and Health) nos EUA e pela NR-15, anexo I e pela NHO-01 da FUNDACENTRO no
Brasil.

Tabela 03 – Demonstração da aplicação do fator de dobra (Q=3 dB) e taxa de troca (Q= 5 dB)

Fonte: Autor

Nível de Ruído Máximo Permissível – dB (A) Tempo de


Exposição
Países da Estados Unidos da América Brasil Diário
Europa Tolerado
(horas)

Instituições NIOSH OSHA NHO -01 NR-15


Européias Lcrit= 85 dB (A) Lcrit= 90 dB (A) Lcrit= 85 dB (A) Lcrit= 85
Lcrit= 85 dB q=3 dB q=5 dB q=3 dB dB (A)
(A) q= 5 dB

q=3 dB
85 85 90 85 85 8
88 88 95 88 90 4
91 91 100 91 95 2
94 94 105 94 100 1
97 97 110 97 105 0,5
100 100 115 100 110 0,25

Sobre o ponto de vista prevencionista e matemático, pode se dizer que o fator de


dobra Q = 3 dB é mais restritivo em relação à excessivas exposições ao ruído, sendo
utilizado na elaboração do Programa de Conservação Auditiva (PCA). Porém, para
caracterização de adicionais de insalubridade, percepção ao direito à aposentadoria

24
especial e elaboração do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), por força
de aplicação de normativos legais, deve se utilizar a taxa de troca de Q= 5 dB.

DOSIMETRIA DE RUÍDO
A dose de ruído é o fator acumulativo de ruído em um determinado período de
tempo de exposição a determinada(s) fonte(s). A dose de ruído é calculada de acordo com
os tempos de exposição permitidos para cada nível de ruído.

C C C C 
D   1  2  3  .... n 
 T1 T2 T3 Tn 

Equação 14 – Equação da dose de ruído

Lembre-se que a dose de ruído é a relação de tempo em que uma pessoa fica
exposta à um determinado nível de pressão sonora sobre o tempo máximo que pode
permanecer à este nível sem que haja danos à saúde. Quando se alcança um nível de
pressão sonora de 85 dB em um tempo de 8 horas, a dose de ruído será de 100 %.
Trabalhando com estas referências, podemos demonstrar o seguinte:

Tabela 04 –Relação de Dose de Ruído vs Tempo Máximo Permissível – Inversamente Proporcional

Fonte: Autor

Nível de Ruído em Máxima Dose Nível de Ruído Máxima Dose


dB(A) utilizando a taxa exposição acumulada em dB(A) exposição acumulada
de troca Q= 5 dB, diária para o utilizando a taxa diária para o
conforme a NR-15, permissível período de de troca Q= 5 permissível período de
Anexo I jornada dB, conforme a jornada
padrão NR-15, Anexo I padrão

115 0,125 6400% 85 8 100%

110 0,25 3200% 80 16 50%

105 0,5 1600% 75 32 25%

100 1 800% 70 64 12,5%

95 2 400% 65 128 6,25%

90 4 200% 60 256 3,125%

85 8 100% 55 512 1,125%

25
Desta forma, o entendimento que se tem sobre os valores descritos na tabela 4 são
os de ter um comportamento em Progressão Geométrica. Uma progressão geométrica é
uma sequência numérica em que cada termo, a partir do segundo, é igual ao produto do
termo anterior por uma constante, chamada de razão da progressão geométrica. A razão
é indicada pela letra k.

an  a1  k ( n1)
Equação 15 – Equação de Progressão Geométrica

Sendo a1  100% , começando a série de dados com n=1 e tendo o valor do quociente
como sendo k=2 como a relação de dobrar ou reduzir a metade o valor da dose, temos
uma P.G igual à:

a1  100 2(11)  100% a5  100  2(51)  1600%;


a2  100 2(21)  200%; a6  100  2( 61)  3200%;
a3  100  2(31)  400%; a7  100  2(71)  6400%;
a4  100 2(41)  800%; an  100 2( n1)
Quanto maior for o nível de ruído ao longo do tempo, menor será a tolerância de
permanência a este acumulo de dose e vice e versa. Esta lógica está baseada na jornada
padrão de trabalho de 8 (oito) horas diárias como referência. Um ponto interessante que
pode ser observado é que quanto maior o acumulo de dose, menor é o tempo que é
reduzido na mesma proporção. Então, desta forma temos que:

Tabela 5 – Demonstração da Proporção Inversa entre Energia e Tempo de Exposição

Fonte: Autor

Dose Tempo Valor de NPS Dose Tempo Valor de NPS


Acumulada Permissível em com Taxa de Acumulada Permissível em com Taxa de
horas Troca horas Troca
(Q=5 dB) (Q=3 dB)
100% 8
8 85 100% 8
8 85
1 1
200 8
4 90 200 8
4 88
2 2
400 8
2 95 400 8
2 91
4 4
800 8
1 100 800 8
1 94
8 8
1600 8
 0 ,5 105 1600 8
 0 ,5 97
16 16
3200 8
 0,25 110 3200 8
 0,25 100
32 32
6400 8
 0 ,125 115 6400 8
 0 ,125 103
64 64

26
8 100%

7
6
Tempo de Exposição

5
200%
4
(Q=5)Acumulo de
3 Energia vs Tempo
400%
2
800%
1
1600%
3200%
6400%
0
85 90 95 100 105 110 115
Nível de Pressão Sonora

Gráfico 04 – Relação de Nível de Pressão Sonora e Tempo de Exposição

com Taxa de Troca Q=5 dB para NR-15, Anexo I

100%
8
7
Tempo de Exposição (horas)

6
5
4 200%

(Q=3)Acumulo de
3
Energia vs Tempo
400%
2
800%
1 1600%
3200%
0 6400%

85 88 91 94 97 100 103 106 109 112 115


Nível de Pressão Sonora (dB)

Gráfico 05 – Relação de Nível de Pressão Sonora e Tempo de Exposição

com Fator de Dobra Q=3 dB para NHO 01

Nesta comparação entre a NR-15 e a NHO-01, pode-se observar que a norma da


FUNDACENTRO é mais preventiva a partir de valores que vão se elevando, geralmente
acima de 80 dB. No Brasil, para cumprimento de parâmetros legais, a taxa de troca que
deve ser utilizada é a do Q=5 dB, porém para programas de gestão de ruído, como o PCA
(Programa de Conservação Auditiva) a utilização da taxa de troca Q=3 dB se torna mais
adequada para a tomada de decisão de controle, tanto na área de processo, quanto sobre
os trabalhadores.

27
FORMAÇÃO DO LIMTE DE TOLERÂNCIA E TEMPO MÁXIMO

Os critérios de formação dos limites de tolerância da NR-15, Anexo I e da NHO 01


seguiram ao mesmo procedimento matemático, tendo diferença apenas na taxa de troca.
É possível demonstrar isto matematicamente através da equação abaixo:

Equação do Limite de Equação do Tempo Máximo


Tolerância Permissível
 16  16
log  T
LT   T   Q  N .A   LT  N . A  
   
  Q  
log 2 2
Equação 16 – Formação do Equação 17 – Formação do
Limite de Tolerância Tempo Máximo Permissível

Onde:

LT= Limite de Tolerância;

T= Tempo em horas ou minutos;

Q = Taxa de troca, Q=3 (NHO 01) e Q=5 (NR-15);

N.A = Nível de Ação.

Através das equações 2.8.1 e 2.8.2, podemos definir tanto os limites de tolerância
quanto os tempos máximos permissíveis para a NR-15, Anexo I e para a NHO-01.

Tabela 6 – Demonstração das Equações para a formação das tabelas da NR-15 e NHO-01

Fonte:Autor

Limite Tolerância NR 15 Limite Tolerância Tempo Máximo Tempo Máximo


NHO 01 pela NR-15 pela NHO 01
 16   960  16 960
log  log  T   LT 80  
T   LT 80  
LT   T   5  80 LT   T 
 3  82 
 5  
 
 5  


log 2 log 2 2 2

LIMITE DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO DE IMPACTO


A NR-15 em seu Anexo II, determina os limites de tolerância para ruído de impacto
e o critério de avaliação e é importante visualizar que na NHO-01 da FUNDACENTRO há
uma metodologia para o monitoramento deste agente.

28
O Anexo II da NR-15, traz alguns valores de limite de tolerância para serem
utilizados, seguindo alguns critérios técnicos para isso. A seguir, será feita uma transcrição
do texto da legislação:

Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibéis (dB), com medidor de nível de
pressão sonora operando no circuito linear e no circuito de resposta de impacto. As
leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. O limite de tolerância para
ruído de impacto será de 130 dB (linear). Nos intervalos entre os picos, o ruído existente
deverá ser avaliado como ruído contínuo.

Em caso de não dispor de medidor de nível de pressão sonora com circuito de resposta
para impacto, será valida a leitura feita no circuito de resposta rápida (FAST) e circuito
de compensação “C”. Neste caso, o limite de tolerância será de 120 dB(C).

As atividades ou operações que exponham os trabalhadores, sem proteção adequada,


a níveis de ruídos superiores a 140 dB (linear), medidos no circuito de resposta para
impacto, ou superiores a 130 dB(C), medidos no circuito de resposta rápida, oferecerão
risco grave e iminente.

A NHO-01 da FUNDACENTRO, traz a metodologia de monitoramento de ruído de


impacto, conforme apresentado abaixo:

A determinação da exposição ao ruído de impacto ou impulsivo deve ser feito por


meio de nível de pressão sonora operando em “Linear” e circuito de resposta para medição
de nível de pico.

Neste critério o limite de exposição diária ao ruído de impacto é determinado pela


expressão a seguir:

N p  16010logn

Equação 18 – Equação de Nível de Pico

Np
= Nível de pico, em dB(linear), máximo admissível;

n = número de impactos ou impulsos ocorridos durante a jornada diária de trabalho.

A tabela 07, foi construída através da equação anterior, apresenta a correlação


entre os níveis de pico máximo admissíveis e o número de impactos ocorridos durante a
jornada diária de trabalho, extraída a partir da equação de determinação do limite de
exposição diária de ruído de impacto.

29
Tabela 07 – Níveis de pico máximo admissíveis em função do número de impactos

Fonte: NHO – 01 - FUNDACENTRO

Np N Np N Np n
120 10000 127 1995 134 398
121 7943 128 1584 135 316
122 6309 129 1258 136 251
123 5011 130 1000 137 199
124 3981 131 794 138 158
125 3162 132 630 139 125
126 2511 133 501 140 100

O ruído deverá ser considerado como contínuo ou intermitente, quando o número


de impactos ou de impulsos diário exceder a 10.000 (n>10.000).

O valor teto para ruído de impacto corresponde a um valor de 140 dB (Linear) como
nível de pico.

Com relação ao nível de ação para a exposição ocupacional ao ruído de impacto


corresponde ao valor Np obtido na equação 18, subtraído de 3 decibéis (Np-3) dB.

30
FREQUÊNCIA
Todo corpo que possui movimento repetitivo e oscilatório é um corpo que está em
movimento vibratório. Quando este movimento acontece no ar, por exemplo, há uma
compressão das moléculas quando há um deslocamento da massa de ar para frente e
quando esta massa de ar volta, há também um deslocamento destas moléculas em
sentindo oposto, causando uma descompressão. Este fenômeno está diretamente
relacionado com a densidade e temperatura do ar, pois como a densidade está diretamente
relacionada com a pressão, no movimento de ida a pressão de camada de ar é maior que
nos seus arredores e isto faz com que as moléculas de ar da camada inicial tendam a
empurrar as moléculas da próxima camada e consequentemente vão transmitindo energia
às camadas subsequentes.

“...quando o corpo vibrante se desloca para frente, logo atrás se


forma uma zona rarefeita que acompanha de perto e com a mesma
velocidade da zona comprimida. A sucessão destas zonas
comprimidas e rarefeitas no tempo forma o que chamamos de
movimento ondulatório...” Araújo (2002).

O ouvido humano consegue perceber a variação da pressão do ar, bem como sua
intensidade de energia e em ciclos de tempos definidos pelo corpo vibrante. Todo
deslocamento de ar gera uma onda sonora que possui um comprimento determinado, e
este comprimento de onda é a distância percorrida para que uma oscilação possa se
repetir. O comprimento de onda é definido pela letra λ (lambda) e pode ser obtido pela
razão entre velocidade de propagação da onda e a frequencia de oscilação.

c

f
Equação 19 – Comprimento da onda

31
λ= Comprimento de Onda (metro)

Gráfico 06 – Comportamento Espacial e Temporal da Pressão Sonora

Obtendo o comprimento da onda sonora e a frequencia de oscilação, é possível ter


a velocidade de propagação da onda.

c  f
Equação 20 – Velocidade de Propagação da Onda

A tabela 08 demonstra a velocidade do som em alguns meios materiais, confome


descrito abaixo:

Tabela 08 - Velocidade do som em alguns meios materiais

Fonte: Autor

Meio Material Velocidade do Som, c (m/s)


Ar 340
Água 1510
Madeira 4100
Aço 5050

Tanto para se obter o comprimento quanto a velocidade da onda, faz-se necessário


ter a frequencia de oscilação. A frequencia é o número de oscilações de uma onda sonora
em forma senoidal, ocorrida em um intervalo de tempo de 1 segundo. A sua unidade de
medida é o Hertz (Hz) e equivale ao inverso do período.

1 1
f  t
t f
Equação 21 – Equação da Frequencia e do tempo em função da frequencia

32
A faixa de frequencia audível do ser humano está compreendida entre 20 à 20,000
ciclos por segundo ou 20 Hz à 20 kHz. Abaixo desta faixa qualquer pulsação de onda é
considerada infrasom e acima é considerada como ultrasom.

Como já vimos até aqui, toda onda sonora é gerada pela transferência de energia
entre moléculas de uma determinada massa de ar e quando esta onda sonora se torna
indesejável, temos o que chamamos de ruído.

O ruído é um conjunto de ondas sonoras que acontecem em várias faixas de


frequências que estão compreeendidas entre 20 a 20 kHz e que são representadas por um
espectro de frequencia.

O espectro de frequencia é a distribuição de energia acústica em função do tempo


em cada faixa de frequencia audível. É o que podemos chamar de “comportamento da
energia acústica em cada faixa de frequencia”. As baixas frequencias determinam os sons
considerados graves, enquanto os sons agudos são determinados pelas altas frequencias.

A amplitude de uma onda é o que determina a intensidade da mesma e é vista como


a taxa de variação da pressão.

P  Pmáxima  Pmínima
Equação 22 – Equação da Amplitude de uma Onda

Para o Higienista Ocupacional, o estudo do comportamento do ruído é feito através


de monitoramentos de ruído através de equipamentos que possuam filtros de frequencia
por bandas de oitava e/ou 1/3 de oitava.

As bandas de oitava e 1/3 de oitava são as frequencias médias cujos limites são
definidos da seguinte forma:

fi = frequencia inferior;

fs =frequencia superior;

Para bandas de oitava, as frequencias são definidas seguindo a uma determinada


regra a saber:

fs  2  fi
Equação 23 – Equação para determinação das frequencias em bandas de oitava

33
Já para bandas de 1/3 de oitava as frequencias são definidas através da equação
a seguir:

fs(1/ 3)oitava  3 2  fi

Equação 24 – Equação para determinação das frequencias em bandas de 1/3 de oitava

A região de frequencia audível é dividida em dez oitavas e as frequencias centrais


e as larguras das bandas são fixadas pela norma americana ANSI S1.11 (1986).

Cada oitava é definida como a frequencia central, queé definida como a média
geométrica entre a frequencia inferior (fi) e frequencia superior (fs).

Imagine a frequencia central de 1000 Hze suas frequencias inferiores e superiores


definidas da seguinte forma:

Frequencia Inferior Frequencia Central Frequencia Superior


fi  2  fc fc  fi  fs fs  2  fc

Equação 25 – Equações para determinação da frequencia central

Frequencia Inferior Frequencia Central Frequencia Superior


1000 fc  707  1414  1000 Hz fi  2  1000  1414 Hz
fi  2  707 Hz
2

CURVAS DE COMPENSAÇÃO DE NÍVEL DE DECIBEL

As curvas de compensação foram desenvolvidas para determinar a audibilidade


subjetiva que o ouvido humano é diferente nas diversas frequências. Desta forma, a
sensação de ouvir um som em 5.000 Hz é diferente ao ouvi-lo em 500 Hz. Desse modo,
foram desenvolvidas as curvas de compensação em dB em relação às frequências
auditivas, sendo estas frequências definidas da seguinte forma:

Curva A

Esta curva projeta uma atenuação similar do ouvido humano, demonstrando a


forma deste suportar os níveis de pressão sonora de baixos níveis de frequencias distintas.
Segundo ARAUJO, G. (2002), a curva de ponderação “A” atenua de forma significativa,
diminuindo esta atenuação à medida que nos aproximamos dos 1 kHz, onde a atenuação

34
da curva “A” é zero. Entre 1kHz e os 5 kHz, correlacionando com a tendência das curvas
isossônicas ou isoaudíveis, pode-se dizer que a escala “A” amplifica, voltando a atenuar a
partir dos 5.000 Hz.Esta curva de ponderação é a mais utilizada e requerida por Normas
Técnicas, por apresentar respostas similares à do ouvido humano.

Curva B

A curva de compensação “B” sofre menos variação do nível de pressão sonora nas
baixas frequências, verificando-se nenhum tipo de amplificação através do espectro de
frequencia. A curva “B” não apresenta atenuações nas faixas compreendidas entre os 400
e 3 kHz e representa atenuações de níveis intermediários médios.

Curva C

A curva “C” é utilizada para ruídos de alto nível de pressão sonora e é o que menos
produz atenuação, sendo que, na faixa de 100 à 3 kHz a incidência sobre o ruído emitido
é nula. É o circuito mais utilizado para “ruído de impacto”.

Curva D

A curva “D” baseia-se nos altos níveis de pressão sonora, geralmente acima de
120 dB, como ruídos produzidos em pistas de aeroportos.

Em resumo, pode-se dizer que as curvas de compensação podem ser definidas da


seguinte forma:

O circuito “A” foi originalmente concebido para aproximar-se das curvas de igual
audibilidade para baixos NPS (Níveis de Pressão Sonora), próximo de 50 dB;

O circuito “B” foi originalmente concebido para aproximar-se das curvas de igual
audibilidade para médios NPS (Níveis de Pressão Sonora), próximo de 75 dB;

O circuito “C” foi originalmente concebido para aproximar-se das curvas de igual
audibilidade para altos NPS (Níveis de Pressão Sonora), próximo de 100 dB;

O circuito “D” foi originalmente concebido para aproximar-se das curvas de igual
audibilidade para altíssimos NPS (Níveis de Pressão Sonora), próximo de 120 dB.

35
NÍVEL EQUIVALENTE DE RUÍDO

Segundo a NHO 01 da FUNDACENTRO, o Nível Equivalente de Ruído é baseado


na equivalência de energia acústica, sendo definido pela seguinte equação:

  1 t2 2 
 T t1
 p t dt 
N eq  10 log   
2
 p0 
 

Equação 25 – Nível de Equivalente de Ruído

Onde:

Neq= nível de pressão sonora equivalente referente ao intervalo de integração


(T=t2-t1);

pt = pressão sonora instântanea;

p0 = pressão sonora de referência, igual a 20 Pa .

O Nível Equivalente de Ruído representa a exposição total à um nível de pressão


sonora sobre um tempo de interesse ou também pode ser representado pela média do
nível de energia de ruído durante um período de interesse. O valor encontrado apresenta
a exposição ocupacional do ruído durante o tempo de medição e representa integração do
diversos níveis instantâneos de ruído ocorrido no período.

Sendo Lp total  Neq e tendo “n” níveis de pressão sonora ao longo do tempo,
teremos que Neq será igual à:

Neq  10 log 10 Lp / 10


1
 10
Lp
2
/ 10
 ..........10Lpn / 10 
Equação 26 – Nível de Exposição Equivalente

NÍVEL DE EXPOSIÇÃO

O Nível de Exposição é o nível médio de energia acústica representativo da


exposição diária do trabalhador avaliado durante um determinado período de tempo.

36
É importante lembrar que a equação que regulamenta o Nível Equivalente de Ruído
é fundamentada pela NHO – 01 da FUNDACENTRO que trabalha com fator de troca Q= 3
dB. Já a NR-15, Anexo I utiliza o fator de troca Q=5 dB, ou seja, para utilizar a equação do
Nível Equivalente de Ruído é necessário fazer uma adaptação para comparar com os
limites de exposição estabelecidos pela NR-15.

Conforme estabelecido pela NHO – 01, a equação do Nível Equivalente de Ruído


pode ser obtida através de:

 Ne 85 
T  
D  e 100 2 3 

480
Equação 27 – Dose de Ruído obtida através do NE dada pela NHO-01 da FUNDACENTRO

Para utilizar esta equação através dos critérios da NR-15, basta substituir o fator de
troca de Q=3 dB para Q=5 dB, tendo a equação redefinida da seguinte forma:

 N e 85 
T  
D  e 100  2 5 

480
Equação 28 – Dose de Ruído obtida através do NE dada pela NHO-01 da FUNDACENTRO adptada para
comparação com o limite de tolerância da NR-15, Anexo I

Para se obter o Nível Equivalente de Ruído (NE) tendo como base o valor da dose
é necessário reformular a equação 27 ou 28, conforme demonstrado abaixo:

 Ne  85 
D  480  D  480   Ne  85    D  480 
2 5
 log    log 2   log    0,062  Ne  5,117 
Te  100  Te  100   5   Te  100 

 480 D  1 5,117   480 D 


Ne  log     Ne  16 ,61  log     85
 Te 100  0,0602 0,0602  Te 100 

 480 D 
Ne  16 , 61  log     85
 Te 100 

Equação 29 – Equação para o Nível Equivalente de Ruído dada pela NHO-01 da FUNDACENTRO, adaptada para a NR-
15, Anexo I.

37
NÍVEL DE EXPOSIÇÃO NORMALIZADO

A NHO 01 da FUNDACENTRO traz o conceito de Nível de Exposição Normalizado,


que significa converter o valor do Nível Equivalente de Ruído medido em um determinado
período de tempo para um valor que seja comparado com o limite de tolerância da jornada
padrão de 8 horas diárias. Significa dizer que o NEN converte qualquer valor encontrado
em um determinado período de tempo, seja este inferior ou superior à jornada padrão, para
um valor que possa ser comparado com o Limite de Tolerância desta jornada, ou seja, 85
dB (A).

A NHO – 01 define que para um fator de dobra de Q= 3 dB, o Nível de Exposição


Normalizado deve ser definido como:

 Te 
NEN  NE  10  log  
 480 
Equação 30 – Equação do Nível de Exposição Normalizado

A NR-15 no Anexo I trabalha, mesmo que de forma implicita, com a taxa de troca
Q=5 dB, o que faz com que a equação do Nível de Exposição Normalizado necessite de
um ajuste para que possa ser utilizada para a comparação com o Limite de Tolerância
descrito na legislação trabalhista.

Redefinindo a equação 2.11 de uma forma em que pode-se ser visto a forma de
adaptação, temos:

Q  Te   3  Te   Te 
NEN  NE   log  NEN  NE   log   NEN  NE  10  log  480 
log 2  480  log 2  480

Equação 31 – Desenvolvimento da Equação do Nível de Exposição Normalizado para Q=3 dB

Como pode ser observado acima a constante “10” está presente na equação em
função do fator de dobra de Q=3 dB, portanto, substituindo pela taxa de troca Q=5 dB
teremos a equação definida da seguinte forma:

 Te   NEN  5  Te 
NEN  NE 
Q
 log NE   log  NEN  NE  16,61 log Te 
  480 
log 2  480  log2  480  

Equação 32 – Desenvolvimento da Equação do Nível de Exposição Normalizado para Q=5 dB

38
Uma outra maneira de verificar os dados do Nível de Exposição Normalizado é
realizando a comparação dos dados através da dosimetria ao invés de comparar com o
tempo de exposição. Para isso, é necessário realizar um ajuste matemático na equação:

 Te    480 D   Te  (Equação 32.1)


NEN  NE  16,61 log  NEN  16,61 log Te  100   85  16,61 log 480 
 480     

Neste momento é necessário colocar os termos comuns em evidência de forma a


simplificar os dados para a resolução, tendo a equação redefinida da seguinte forma:

 480 D Te    D
NEN  16,61 log     85 NEN  16,61 log100   85
 Te 100 480   

Equação 33 – Desenvolvimento da Equação do Nível de Exposição Normalizado somente tendo a dosimetria como
varíavel

O que pode ser visto na equação acima é que qualquer valor de dose que for
colocado, independente do tempo, irá ser considerado como um valor para comparação
com o limite de tolerância da jornada padrão.

Para entender melhor o conceito, vamos demonstrar isto através de um exemplo.


Suponha que a dose encontrada no período de quatro horas tenha sido equivalente à
100%. Desta forma, temos que o NE será igual a 90 dB e o NEN será igual à:

100   NEN  16,61 log1  85  NEN 85dB


NEN  16,61 log   85
100 

O que pode ser visto é que a dose de 100 % foi encontrada em um período de
quatro horas, mas quando colocada na equação 33 o valor foi projetado para uma jornada
normalizada de oito horas e é o valor do NEN que deverá ser comparado com o limite de
tolerância especificado pela NR-15, Anexo I.

DOSE PROJETADA
O conceito de dose de ruído é o de acúmulo de energia acústica em função do
tempo, ou seja, a dosimetria é algo que depende do tempo, de forma que é totalmente
possível projetar a dose para tempos diferentes do tempo medido.

A dose projetada demonstra a projeção de um determinado acúmulo de enerrgia


acústica em função do tempo em que quer ser demonstrado e isso pode ser feito através
da equação a seguir:

39
Dm  T p
Dp 
Tm

Equação 34 – Equação para a projeção de dose

Para exemplificar, vamos pegar o exemplo utilizado com as informações prestadas


para a equação 2.10.3, onde a dose medida foi de 100% para um tempo de medição de
quatro horas. Para projetar esta dose para uma jornada de oito horas teremos que:

100  8
D8   D 8  200 %
4
Desta forma podemos ver que a dose para uma jornada de oito horas demonstra
que o valor projetado é o dobro do valor inicial, porém o valor do Nível de Exposição
continua sendo o mesmo, conforme pode ser demonstrado utilizando a equação 34.
Primeiro, utilizando os dados medidos no momento, temos que:

 480 100 
Ne  16,61  log     85  Ne  90 dB ( A )
 240 100 
Agora, trabalhando com os dados projetados veremos que o Nível de Exposição
será igual a:

 480 200 
Ne  16,61  log     85  Ne  90 dB ( A )
 480 100 
Conforme visto, pode-se perceber que o valor do Nível de Exposição se mantém
igual, pois o que se altera em função do tempo é o valor da dosimetria.

Isso também pode ser verificado através da projeção da dose, ou seja, ao longo de
qualquer tempo a relação entre dose e tempo se mantém constante, sendo apenas
demonstrada a projeção acumulada da energia acústica. Se igualarmos os termos
poderemos constatar que há uma constante que se manterá igual ao longo do tempo,
independente do tempo de projeção, conforme segue um exemplo:

Dm  Tp 100  8
D8  D8  D8  200 % 200  100 25  25
Tm 4 8 4

A projeção da dose de ruído nada mais é do que a verificação de um valor medido


acumulado para um determinado tempo desejado, de forma que o valor médio de NPS se
mantém constante e isto também pode ser visto através da dosimetria.

40
LAVG (Level Average)
O Level Average ou Nível Médio é valor encontrado a partir da dose de ruído
durante o tempo de medição realizado. O valor encontrado é expresso em dB(A) e retrata
valores com taxas de troca diferentes de Q= 3 dB, geralmente sendo colocadas as taxas
Q= 4, 5 ou 6 dB e a definição da taxa é de acordo com a regulação normativa local. No
Brasil, a legislação prevê a utilização da taxa de troca Q= 5 dB, obtendo-se, então,
resultados de LAVG através da equação:

 0,16  D % 
Lavg  80  16,61  log 
 Thoras 

Equação 35 – Equação para o LAVG

A equação é composta por duas variáveis, o percentual de dose e o tempo de


duração desta dose em horas. Os demais itens são considerados como constantes na
equação, ou seja, não irão variar. Estas constantes poderão ser melhor entendidas
conforme abaixo:

Nível de Ação para um Limite de Tolerrância com Q= 5 dB  80 dB;

Razão entre a taxa de troca de Q=5 dB e o valor de log2  16,61;

Valor de equilíbrio de homeostase em horas  0,16 ou 16/100

LEQ (Level Equivalence)


O Level Equivalence ou Nível Equivalente é valor encontrado a partir da dose de
ruído durante o tempo de medição realizado. O valor encontrado é expresso em dB(A) e
retrata valores com taxas de troca igual a Q=3 dB. No Brasil, a Norma de Higiene
Ocupacional 01 prevê a utilização da taxa de troca Q=3 dB, obtendo-se, então, resultados
de LEQ através da equação:

 9 ,6  D % 
Leq  82  10  log  
 Tmin utos 

Equação 36 – Equação para o LEQ

A equação é composta por duas variáveis, o percentual de dose e o tempo de


duração desta dose em horas. Os demais itens são considerados como constantes na
equação, ou seja, não irão variar. Estas constantes poderão ser melhor entendidas
conforme abaixo:

Nível de Ação para um Limite de Tolerrância com Q= 3 dB  82 dB;

41
Razão entre a taxa de troca de Q=3 dB e o valor de log2  10,0;

Valor de equilíbrio de homeostase em minutos  9,6 ou 960/100.

TWA (Time Weighted Average)


O TWA é utilizado para calcular o Nível de Pressão Sonora Médio para uma jornada
padrão de oito horas. Significa dizer que o TWA interpreta a dose atual medida como se
fosse uma dose para uma jornada de oito horas. Desta forma, pode-se dizer que os valores
de TWA seguem uma regra específica:

Quando o tempo medido for menor do que oito horas, o TWA será menor que o
LAVG ou LEQ;

Quando o tempo medido for maior do que oito horas, o TWA será maior que o LAVG
ou LEQ;

Quando o tempo medido for igual à oito horas, o TWA será igual ao LAVG ou LEQ.

A equação que pode expressar os valores de TWA pode ser definida da seguinte
forma:

 9,6  D %   9,6  D % 
TWAQ 5 dB  80  16,61  log   ou TWAQ 3 dB  82  10  log  
 480   480 
Equação 37 – Equação para o TWA

Para o TWA as equações tanto para Q=3 ou Q=5 terão o valor de 480 minutos como
uma constante, pois o TWA é a projeção do valor de uma determinada dose de ruído para
uma jornada diária padrão de oito horas, independente do tempo medido.

LIMIAR DE INTEGRAÇÃO OU THERSHOLD


O limiar de integração ou thershold é valor a partir do qual o equipamento de ruído
inicia a sua integração dos dados que irão ser computados na média de ruído.

Segundo a NHO -01,página 14, o limiar de integração dos equipamentos de ruído


deve ser de 80 dB. Desta forma, pode-se dizer que para a configuração de um equipamento
de ruído para atendimento aos requisitos técnicos e legais do limiar de integração deve
seguir aos parâmetros descritos na NHO-01 da FUNDACENTRO.

42
ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE RUÍDO
Na opinião de Bistafa (USP, 2006) quando duas fontes irradiam energia sonora,
ambas contribuem com o nível de pressão sonora em distâncias afastadas da fonte. Se
elas irradiam a mesma quantidade de energia e se for considerado um ponto equidistante
de ambas, então a intensidade sonora neste ponto será o dobro daquela obtida se
houvesse somente uma fonte irradiando.

ADIÇÃO DE RUÍDO
O comportamento dos níveis de pressão sonora segue à uma escala logarítimica,
por isso, não é uma simples soma aritmética que irá retratar a combinação de um ou mais
valores de fontes sonoras de ruído. Por isso, é necessário ter o entendimento de que é
necessário calcular a média quadrática de cada nível e somá-las. Tendo “n” fontes sonoras
a expressão ganha a extensão da seguinte forma:


Lp total  10 log 10 Lp1 / 10  10 Lp 2 / 10  .......... 10 Lp n / 10 
Equação 39 – Somatório de ruído com “n” fontes distintas

Vamos à um exemplo simples, considere que a Fonte I emita um nível de pressão


sonora de 80 dB e que a Fonte II emita um nível de pressão sonora de 83 dB. Tendo fontes
de ruído que emitam NPS diferentes, temos como encontrar o valor total do somatório,
através da equação 40, conforme segue:

NPS total  10 log  10 0 ,1 NPS Fonte

Equação 40 – Equação de somatório de NPS com diferentes níveis em cada fonte

Desta forma, podemos observar que o valor de NPS total será equivalente à:

 
NPS total  10 log 10 0 ,180  10 0 ,183 NPStotal  83dB

Agora, quando há uma ou mais fontes de ruído com NPS iguais, pode-se calcular
o valor do NPS total utilizando a equação 41, conforme segue:

NPStotal  NPSFonte  10 log N


Equação 41 – Equação de somatório de NPS com mesmos níveis em cada fonte

Onde:

NPStotal = Nível de Pressão Sonora Total;

43
NPSfonte = Nível de Pressão Sonora da fonte;

N = Número de fontes.

Desta forma, podemos citar como exemplo uma sala com várias fontes de igual
intensidade sonora, sendo esta no valor de 85 dB e com 05 fontes em linha. Considerando
estes dados, temos que o valor de NPS total será de:

NPStotal  85  10 log 5 NPStotal  92dB

Estes valores também podem ser definidos através de um gráfico ábaco, onde o
valor encontrado é somado ao valor medido.

Gráfico 07 – Diferença em dB entre os dois níveis a serem adicionados

Fonte: Mendonça, G. - Gestore, UFRJ (2014)

Segundo Mendonça, G. (2014), o procedimento para a realização da adição


simplificada através do gráfico evita os cálculos logaritmicos, realizando o seguinte
procedimento:

Suponha que os níveis de pressão sonora de duas máquinas sejam medidos


individualmente, obtendo-se os valores de L1 e L2, respectivamente, e se desejar saber
qual é o nível total que as máquinas produzirão quando operando juntas, os dois níveis
devem ser somados.Entretanto, quando se utiliza a escal dB, não se deve somar os valores
diretamente, mas deve ser utilizado o gráfico, realizando os seguintes passos:

Medir os níveis de pressão sonora da máquina 1 e da máquina 2, achando os


valores de L1 e L2 respectivamente;

44
Achar a diferença entre os dois níveis, considerando que o valor de L1>L2, então
temos que D=L1-L2;

Entrar no gráfico com a diferença, subir até a interseção com a curva, e, então,
obter DL;

Adicionar o valor indicado no eixo das ordenadas ao maior dos dois níveis medidos,
ou seja, L1. Assim, obtém-se a soma dos níveis de ruído das duas máquinas, tendo como
equação NPSt=L1+DL.

Imagine que os valores encontrados para o exemplo acima tenham sido 90 dB para
L1 e 85 dB para L2, tendo em mente os procedimentos descritos pode-se realizar os
cálculos:

Efetue a subtração ente os dois níveis, ou seja, D=L1-L2  D=90-85= 5 dB;

No gráfico, entre com o valor obtido através da diferença e na abscissa cruze os


dados até cortar a curva. Quando achar o ponto de interseção na curva, trace uma linha
horizontal até encontrar a ordenada. O valor encontrado será de 1,2;

Adicione o valor encontrado na ordenada ao NPS de maior valor;

NPSt=L1+DL  NPSt=90+1,2= 91,2 dB (A)

De maneira bem mais simplificada, o somatório de mais de uma fonte sonora


poderá ser realizado utilizando os dados da tabela 09:

Tabela 09 – Método Simplificado da Soma de NPS

Fonte: Autor

Diferença (Lp1-Lp2) dB ΔL (Valor a ser somado a


Lp1) dB
0 3
1 2,5
2 ou 3 2
4 1,5
5,6 ou 7 1
8 ou 9 0,5
10 ou mais 0

Os valores de ΔL são determinados pela diferença de valores entre o Lmaior-


Lmenor e o valor de Ltotal é determinado através da equação simplificada:

45
L ptotal  L p1  L
Equação 42 – Determinação de Lptotal

Por exemplo, sendo Lp1= 95 dB e Lp2= 88 dB, como determinar ΔL?

Realiza-se o cálculo “Nível Maior-Nível Menor”, ou seja, Lp1-Lp2=95-88= 7 dB.

Em seguida, verifique o valor de ΔL referente ao resultado da diferença encontrada


e observe que o valor serrá de ΔL= 1 dB.

Deste modo, pode-se concluir que Lptotal=Lp1+ ΔL será igual a 95 + 1 = 96 dB.

SUBTRAÇÃO DE RUÍDO
No caso de subtração de ruído, os valores são determinados para obtenção de
valores de ruídos de fundo e da mesma forma que a adição do ruído é vista através de
escala logaritmica, a subtração também tem o mesmo comportamento.

A obtenção do ruído de fundo pode ser obtido através da equação 2.17.3, conforme
demonstrado:

 NPST NPSD

NPSF  10 log10 10  10 10 
 
Equação 43 – Equação de subtração de NPS com mesmos níveis em cada fonte

Como exemplo, considere que uma sala com quatro máquinas I,II,III e IV estejam
alinhadas e juntas produzem em um NPS de 95 dB e quando são desligadas, o local fica
com um NPS de 85 dB, portanto qual seria o valor do ruído de fundo?

 10
95 85

NPSF  10 log10  10  NPSF  10 log109,5  108,5  NPSF  94,5dB
10

 
Estes valores também podem ser definidos através de um gráfico ábaco, onde o
valor encontrado é subtraído ao valor medido.

46
Gráfico08 – Diferença em dB entre os dois níveis a serem adicionados

Fonte: ARAUJO, M.G (2002)

Segundo Araujo, M.G (2002), o procedimento para a realização da subtração


simplificada através do gráfico evita os cálculos logaritmicos, realizando o seguinte
procedimento:

Medir o nível de ruído total, tendo a máquina em funcionamento e ruído de fundo


“Lt”;

Medir o nível de ruído de fundo, com a máquina desligada “Lf”;

Obter a diferença entre os dois níveis “Lt-Lf ”. Sendo o nível menor que 3 dB, temos
que o nível de ruído de fundo é muito elevado para a realização de uma medição exata,
porém, se o nível for entre 3 e 10 dB, será necessário a realização de uma correção. Caso
o valor da diferença seja superior a 10 dB, nenhuma correção torna-se necessária;

O procedimento de correção é realizado da seguinte forma, entra-se no ábaco de


subtração em dB com o valor da diferença D=Lt-Lf, buscando o valor de interseção com a
curva, e quando encontrar, seguir para a esquerda até o eixo vertical “DL”;

Realizar a subtração do valor obtido “DL” do nível de ruído “Lt”, este procedimento
dará o nível de ruído da máquina NPS=Lt-DL.

Uma lixadeira está colocada em meio a outras máquinas. O NPS, quando todas
estão funcionando, é de 100 dB(A). Desligando-se a lixadeira, o NPS reduz-se a 96 dB(A).
Qual o NPS produzido no ponto de medição pela lixadeira isoladamente?

47
Pelo gráfico, a correção deverá ser de 2 dB, subtraindo-se do maior valor. Desse
modo, o NPS da lixadeira operando isoladamente será de NPS L = 100 – 2 = 98 dB(A).

Um exemplo de realizar o cálculo pelo método gráfico pode ser verficado da


seguinte maneira:

Equação 44 – Determinação de valor para ser comparado com o gráfico de subtração

Tendo que Lp total = 95 dB e Nível de Fundo = 91 dB.

E, sendo Lptotal considerado o Nível de fundo + Nível da máquina, como poderá


ser definido o ΔL?

Realiza-se o cálculo “Lptotal-Nível de fundo” = 95 – 91 = 4 dB.

Com o valor da diferença encontrado, acessa-se o gráfico para a determinação do


ΔL

Desta forma, pode-se determinar que Lmáquina= Lptotal – ΔL = 95-2,2 = 92,8 dB,
ou seja, Lmáquina = 92,8 dB.

48
De maneira bem mais simplificada, a determinação poderá ser realizada utilizando
os valores da tabela 10:

Tabela 10 – Método Simplificado da Subtração de NPS

Fonte: Autor

Diferença (Lptotal- ΔL (Valor a ser


Lpfundo) dB subtraído a Lptotal)
dB
3 3
4 ou 5 2
6,7,8 ou 9 1
10 ou mais 0

Assim, analisando os dados da tabela 10, obtem-se que Lmáquina= Lptotal – ΔL =


95-2 = 93,0 dB

49
EQUIPAMENTOS E MONITORAMENTO

EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO DE RUÍDO


No mercado de higiene ocupacional, há uma infinidade de equipamentos de
medição de várias marcas e modelos e que a cada dia vêm sendo desenvolvidas novas
tecnologias para a medição de ruído. É importante ressaltar que um equipamento de ruído
deve seguir alguns parâmetros técnicos para serem considerados adequados, dentre eles
citaremos:

Grau de precisão: Capacidade do equipamento em fornecer resultados que possam


ser considerados confiáveis, sendo divididos os equipamentos em dois tipos: Tipo I e Tipo
II, conforme definida pela norma IEC 61672. Os equipamentos Tipo I possuem grau de
precisão de +/- 0,7 dB, enquanto que os equipamentos de Tipo II possuem grau de precisão
de +/- 1,0 dB.

Reprodução de dados: O equipamento necessita de capacidade de reproduzir a


mesma resposta quando submetido ao mesmo estímulo realizado. Isso pode ser visto
quando se coloca um sinal de referência (estímulo) de um calibrador sobre um microfone,
por exemplo, 114 dB com sinal de frequência de 1 kHz.

Sensibilidade: O equipamento necessita ter a capacidade de fornecer respostas


para as pequenas diferenças de estímulo. Pode ser definida como a menor mudança na
variável medida capaz de provocar uma mudança na resposta do instrumento.

Tempo de Resposta: É definido como o momento em que o equipamento fornece a


resposta ao estímulo, baseado na diferença de tempo entre o instante no qual o sensor é
ativado.

Estabilidade dos dados: O equipamento necessita ter a capacidade de reter os


dados e manter a sua performance com qualidade e respeitando aos parâmetros técnicos
estabelecidos por normas nacionais e internacionais durante o período de medição do
estudo.

Portabilidade: Os equipamentos que possuem caracteristicas de portabilidade


tornam-se mais confortáveis para utilização e mais compactos para armazenamento.

Simplicidade: O equipamento necessita ter caracterísitcas de fácil utilização e de


operação, ter a possibilidade de estar no idioma do usuário.

50
Interface entre Hardware e Software: É fundamental que o equipamento possua
interface com software para que haja gestão dos dados coletados no campo de estudo.

Ampla escala (range) de medição: O equipamento necessita ter a capacidade de


realizar a medição de níveis de pressão sonora em baixos e altos níveis dentro de uma
mesma escala (range).

Durabilidade: É fundamental que o equipamento possua características de


durabilidade e que consiga operar bem em ambientes industriais pesadas. É importante
lembrar que, geralmente, os equipamentos eletrônicos tem tempo de “depreciação” de
cinco anos, porém isso pode variar diante as condições gerais de utilização.

EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO DE RUÍDO E POSICIONAMENTO


AUDIODOSÍMETRO

O audiodosímetro é um equipamento capaz de medir os mais variados níveis


de pressão sonora ao longo do tempo, combinando estes níveis e fornecendo os
resultados em forma de dose acumulado ao longo do tempo e também em forma
integrada,sendo os resultados expressos em percentual (%) e em dB.
A configuração básica do audiodosímetro deverá seguir aos critérios que
atendam à NR-15, Anexo 01 e tendo como base técnica para configuração os
parâmetros estabelecidos pela NHO-01 da FUNDACENTRO.
Atualmente, os audiodosímetros vem sendo projetados de forma mais compacta
sendo mais leves e confortáveis para o trabalhador e mais fácil para manuseio do
usuário.

Tabela 11 – Diversos modelos de audiodosímetro


Fonte:Autor
Diversos modelos de Audiodosímetros compactos

Audiodosímetro Audiodosímetro SV- Audiodosímetro Audiodosímetro


Edge – 5 104 TYPE 4448 Casella - 350
Fonte: 3M Fonte: SVANTEK Fonte: Bruel&Kjaer Fonte: Casella

O posicionamento do audiodosímetro deve ser realizado sempre próximo à zona


auditiva do colaborador que está sendo objeto de estudo, por isso, deve ser projetado
da seguinte forma:

51
O audiodosímetro deve ser posicionado na lapela
o mais próximo do ouvido do colaborador.

Figura 03 – Posicionamento do audiodosímetro

Segundo a NHO-01 da FUNDACENTRO, a configuração básica de um


audiodosimetro deverá seguir aos seguintes parâmetros:

Tabela 12 – Configuração Básica do Audiodosímetro


Fonte:Autor
Configuração Básica de um
Audiodosímetro
Parâmetros Dados
Circuito de ponderação “A”
Circuito de Resposta Lento
Limiar de Integração (dB) 80
Limite de Critério (dB) 85
Faixa de Medição 70 à 140 dB (A)
*Taxa de troca (q) em (dB) 3
Período de Critério 8:00
(hh:mm)
Limite Superior (dB) 115

*Vale lembrar que a configuração de um audiodosímetro deve ser realizada de


modo que se tenha dados confiáveis e que possam ser comparados com os parâmetros
legais estabelecidos pela legislação brasileira, ou seja, o equipamento deve ter uma
configuração básica para atendimento e comparação com a NR-15 Anexo I e neste
caso é necessário haver a alteração da taxa de troca (fator de dobra) “q”= 3 dB para a
taxa de troca “q”= 5 dB.

AUDIODOSÍMETRO COM MIRE (Microphone in Real Ear)


Os audiodosímetros com a técnica de Microfone no Ouvido Real (Microphone
in Real Ear – MIRE) é uma técnica para a realização do monitoramento de fontes de
ruído localizadas à curtas distâncias do ouvido humano, requerendo atenção especial
para a realização do monitormamento. Atualmente no mercado existem equipamentos

52
com tecnologias capazes de realizar o monitoramento dentro do ouvido humano e
simultaneamente também realizar o monitoramento no ambiente de trabalho. Este tipo
de equipamento denomina-se audiodosímetro de duplo canal que deverá atender as
normas ISO 11904: 2004 e ANSI.S12.42:1995 que especificam os métodos para a
determinação de fontes de emissão sonora próximas ao ouvido humano, além da IEC
61672:2002. O método MIRE se mostra vantajoso em estudos de verificação de
exposição de funções que utilizam headset ou para situações de demonstração da
eficácia de atenuação de um protetor auricular, pois é possível determinar o quanto de
nível de pressão sonora chega até o ouvido de uma pessoa exposta à ruído. Outro
ponto importante é que realizando a medição dentro do canal auditivo, é possível saber
a verdadeira exposição que o tímpano estará tendo à um determinado tipo de nível de
pressão sonora, pois cada indivíduo poderá ter uma resposta diferente à um nível de
pressão sonora advindo da mesma fonte, de forma que para determinar o risco de
perda auditiva de uma determinada atividade onde hajam fontes sonoras próximas ao
ouvido humano este método demonstra ter mais exatidão quando comparado com o
método de comparação da média de ruído medida no ambiente.
O monitoramento com audiodosímetro de duplo canal consiste em instalar um
dos microfones dentro do ouvido do indivíduo exposto à ruído, enquanto que o outro
microfone é instalado do lado de fora próximo da zona auditiva. A sonda que é instalada
dentro do ouvido possui microfones em três tamanhos e diâmetros diferentes (pequeno,
médio e grande) o que permite cobrir um grande número de trabalhadores expostos à
ruído em função do tamanho do canal auditivo. Para que não haja nenhum tipo de dano
no conduto auditivo causado pelo contato com a sonda, estas são protegidas por uma
capa plástica descartável.
A figura 04 demonstra o formato do microfone que atenda a técnica do MIRE
(Microphone In Real Ear).

Figura 4– Demonstração do posicionamento do microfone pelo método MIRE (Microphone In Real Ear)

Fonte: Svantek (Adaptada pelo autor)

53
MEDIDOR DE NÍVEL DE PRESSÃO SONORA
O medidor de nível de pressão sonora, geralmente, é utilizado em situações de
monitoramento de ambientes de trabalho com o objetivo de mapear os processos que
possam estar gerando ruído contínuo, intermitente ou ruído de impacto. O medidor de
NPS tem a capacidade de determinar o ruído de forma instantânea e equipamentos
mais modernos, inclusive, possuem filtros de análise de frequência por banda de oitava
e 1/3 de oitava para determinação do comportamento do ruído nas faixa de frequência
audiveis.
A configuração básica do medidor de nível de pressão sonora deverá seguir aos
critérios que atendam à NR-15, Anexo 01 e Anexo 02 e tendo como base técnica para
configuração os parâmetros estabelecidos pela NHO-01 da FUNDACENTRO.

Tabela 13 – Exemplos de modelos de Medidores de NPS

Fonte: Autor

Diversos modelos de Medidor de Nível de Pressão Sonora

Medidor de Medidor de Medidor de NPS Audiodosímetro


NPS Sound NPS SVAN - 2270 CEL - 630
Pro 971 Fonte: Bruel&Kjaer Fonte: Casella
Fonte: 3M Fonte:
SVANTEK
Figura 5 - Diversos modelos de Medidor de NPS com analisador de frequência por banda de
oitava e 1/3 de oitava

Segundo a NHO-01 da FUNDACENTRO, a configuração básica de um medidor


de Nível de Pressão Sonora deverá seguir aos seguintes parâmetros:

54
Tabela 14 – Configuração Básica do Medidor de Nível de Pressão Sonora
Fonte:Autor
Configuração Básica de um Medidor Inegrador
Parâmetros Dados
Circuito de ponderação “A”
Circuito de Resposta Lento ou Rápida
Limiar de Integração (dB) 80
Limite de Critério (dB) 85
Faixa de Medição Variável 20 à 80 ou 60 à 120 ou 70 à 140
(dB)
*Taxa de troca (q) em (dB) 3
Período de Critério (hh:mm) 8:00
Limite Superior (dB) 115

O posicionamento do equipamento deve ser realizado sempre no ambiente de


trabalho, com ou sem trabalhador, posicionando o microfone para a fonte de emissão
de ruído de forma que possam ser captados os mais diversos níveis de pressão sonora
e ao longo do tempo de medição possam ser integrados em um único resultado médio.

Monitoramento sendo realizado com colaborador Monitoramento sendo realizado ambiente de


em posto fixo. trabalho para mapeamento de ruído
Fonte: Autor Fonte: Autor

Figura 6 - Formas de posicionamento de equipamento de Nível de Pressão Sonora

A Bruel&Kjaer, em seu handbook chamado Measuring Sound traz as diversas


formas do posicionamento do microfone do medidor de nível de pressão sonora em
relação à fonte de ruído e em relação ao ambiente à ser monitorado.
O posicionamento do microfone, por exemplo, deve levar em consideração os
seguintes itens:
 Distância das paredes;
 Distância dos prédios ou construções;
 Distância das janelas;
 Montagem e posicionamento;
 Altura em relação ao solo.

55
Conforme demonstrado na figura 7, o posicionamento do equipamento deve
estar entre 1,2 à 1,5 m em relação ao chão e a distância do operador deve ser de 0,5
m em relação ao equipamento para que não haja nenhum tipo de interferência no
momento da medição da fonte(s) de ruído à ser estudada.

Figura 7 – Posicionamento do equipamento e do avaliador no ambiente.

Fonte: Handbook, Measuring Sound – Bruel&Kjaer

A figura 8 demonstra o posicionamento do medidor de NPS em relação à fonte


de ruído, é fundamental saber qual será o posicionamento correto do equipamento para
que não haja resultados incorretos.

Figura 8 – Posicionamento do equipamento em relação à fonte

Fonte: Handbook, Measuring Sound – Bruel&Kjaer

Em ambientes externos, é importante que o equipamento esteja bem


posicionado de forma a evitar a influência de reflexões de edificações e sempre deve
ser colocado em frente à fachada da edificação, posicionado de frente para a(s) fonte(s)
de ruído, conforme demonstrado na figura 8 . Para evitar a reflexão do ruído que pode
ser causado pelas edificações, o equipamento deve ser posicionado à no mínimo 3,5
m em relação à edificação e com o microfone posicionado para a(s) fonte(s) de ruído e
em frente à fachada à uma altura de 1 à 2 metros.

56
Figura 9 – Posicionamento do equipamento no ambiente externo

Fonte: Handbook, Measuring Sound – Bruel&Kjaer

Em ambientes internos, o equipamento deve ser posicionado de forma que não


sofra interferências do local de estudo, ou seja, em relação às janelas, deve estar
posicionado à uma distância de 1,5 m e em relação às paredes, deve estar posicionado
à uma distância de 1 m, conforme demonstrado na figura 10.

Figura 10 – Posicionamento do equipamento no ambiente interno

Fonte: Handbook, Measuring Sound – Bruel&Kjaer

CALIBRADORES DE NÍVEL DE PRESSÃO SONORA


Segundo a ISO 1996 – 1: 2003 e também a NHO-01 da FUNDACENTRO, o
procedimento de calibração dos equipamentos de ruído deve ser realizado antes e
depois de cada medição e os dados necessitam ser registrados em planilha de campo.
O calibrador acústico opera com um sinal de referência que varia entre 94 dB
(sinal mínimo) e 114 dB (sinal máximo), sendo emitido em uma frequência de 1 kHz.

Figura 11 – Posicionamento do microfone no calibrador acústico

Fonte: Handbook, Measuring Sound – Bruel&Kjaer

57
Estes sinais (mínimos e máximos) são os sinais de referência capazes de criar
uma pressão capaz de alinhar todas as curvas de compensação do equipamento em
único ponto, o ponto zero, na frequência de 1 kHz.

Figura 12– Ponto de interseção das curvas de compensação

Fonte: Handbook, Measuring Sound – Bruel&Kjaer

As pressões (mínimas e máximas) que poderão fazer com que as curvas de


compensação se encontrem em um único ponto são 1 e 10 pascal respectivamente e
podem ser encontradas através da equação 2.2.8.

P  P  P   P 
  10 4,7  
94 P 
94  20 log    log   4,7  log   10 4,7   5 
 P  10 4,7  2  10 5  P  1Pascal
 P0  20  P0   P0   P0   2  10 

P 114 P P P  P 


114  20 log    log   5,7  log   105,7     105,7   5 
 P  105, 7  2  10  5  P  10 Pascal
 P0  20  P0   P0   P0   2  10 

MONITORAMENTO DE RUÍDO E APLICAÇÃO LEGAL

MONITORAMENTO DE RUÍDO E O PPRA


Para atendimento aos requisitos técnicos e legais estabelecidos pelo Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais, através da Norma Regulamentadora nº 09 o
monitoramento de ruído deverá seguir aos parâmetros de limite de tolerância
estabelecidos no Anexo 01 e Anexo 02 da NR-15, onde a utilização de um ou outro
anexo será em função do tipo de ruído que está sendo observado no momento dos
monitoramentos realizados.
Um ponto importante que deve ser observado para a gestão dos dados de ruído
no PPRA é o conceito de nível de ação, que segundo o item 9.3.6 e seus subitens, é
definido como:

58
“...9.3.6.1 Para os fins desta NR considera-se nível de ação o valor acima
do qual devem ser iniciadas ações mínimas preventivas de forma a
minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes ambientais
ultrapassem os limites de exposição. As ações devem incluir o
monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e
o controle médico...”

“...9.3.6.2 Deverão ser objeto de controle sistemático as situações que


apresentem exposição oz\cupacional acima dos níveis de ação, conforme
indicado nas alíneas que seguem:

b) para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), conforme critério


estabelecido na NR-15, Anexo nº 1, item 6...”

Desta forma, observa-se que para atendimento aos critérios estabelecido pela
NR-15, Anexo nº 1, o limite de tolerância para uma jornada oficial de trabalho (oito
horas) é de 85 dB (A), o que corresponde à uma dose de ruído de 100% acumulada
neste período, logo, o nível de ação, conforme descrito no subitem 9.3.6.2, alínea b é
de 50 % da dose, o que nos dá um valor equivalente à 80 dB (A), uma vez que a NR-
15 trabalha com a taxa de troca de Q=5 dB.
É fundamental que o PPRA tenha o controle efetivo sobre as situações que
ultrapassem o valor de NPS de 80 dB (A) para que possa se realizar a gestão integrada
de segurança e saúde, tendo uma direta interação dos dados do PPRA com o os do
PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) definido pela Norma
Regulamentadora nº 07.
Quando há uma boa integração entre o PPRA e o PCMSO, outro programa
ganha benefícios no tratamento dos dados e da gestão de diagnósticos e controles,
este programa é o PCA (Programa de Conservação Auditiva) estabelecido pela OS nº
608 de 05 de agosto de 1998 do Ministério da Previdência Social.

MONITORAMENTO DE RUÍDO E A INSALUBRIDADE


O monitoramento e estudo para verificação da possibilidade de caracterização
da insalubridade, tem como parâmetro legal a NR-15, Anexos – 01 e 02 e a metodologia
de monitoramento deve seguir aos parâmetros técnicos estabelecidos pela NHO-01 da
FUNDACENTRO, tendo apenas que utilizar o parâmetro de taxa de troca Q=5 dB para
monitoramento de ruídos contínuos e intermitentes, pois a NHO-01 utiliza a taxa de
troca Q=3 dB.
A situação de um colaborador ou de um GHE (Grupo Homogêneo de Exposição)
ou GES (Grupo de Exposição Similar) será considerada como insalubre quando for

59
ultrapassado o valor de 100% de dose acumulada de ruído ou valor de TWA ou Lavg
de 85 dB (A) para uma jornada normal de trabalho (oito horas). Vale lembrar que para
a NHO – 01 os termos TWA e Lavg são NEN (Nível de Exposição Normalizado) e NE
(Nível de Exposição) respectivamente.
Um ponto importante que deve ser observado no momento do estudo pericial
são as medidas de controle existentes e sua eficácia, pois segundo o subitem 15.4.1,
alíneas “a” e “b”, a eliminaçãou ou neutralização da insalubridade ocorrerá quando:

“...15.4.1 A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer:

a) com adoção de medida de ordem geral que conserve o ambiente de


trabalho dentro dos limites de tolerância.
b) com a utilização de equipamento de proteção individual.
O que deve ficar claro, principalmente com a alínea “b”, é que o simples fato de
entregar e treinar sobre o uso do equipamento de proteção individual não é garantia
que determinada atividade possa ser considerada insalubre. É fundamental ter o
controle eficaz e evidências que possam demonstrar que os riscos ambientais estão
devidamente controlados de maneira que o adicional de insalubridade não seja devido.

MONITORAMENTO DE RUÍDO E A APOSENTADORIA ESPECIAL


O monitoramento e estudo para verificação da possibilidade de caracterização
da aposentadoria especial, tem como parâmetro legal o Decreto 3048 de 06 de maio
de 1999 e o Decreto 4882 de 18 de novembro de 2003, que estabelecem os critérios
de limites de tolerância da NR-15, Anexos – 01 e 02 e a metodologia de monitoramento
deve seguir aos parâmetros técnicos estabelecidos pela NHO-01 da FUNDACENTRO,
tendo apenas que utilizar o parâmetro de taxa de troca Q=5 dB para monitoramento de
ruídos contínuos e intermitentes, pois a NHO-01 utiliza a taxa de troca Q=3 dB.
A situação de um colaborador ou de um GHE (Grupo Homogêneo de Exposição)
ou GES (Grupo de Exposição Similar) será considerada como insalubre quando for
ultrapassado o valor de 100% de dose acumulada de ruído ou valor de TWA ou Lavg
de 85 dB (A) para uma jornada normal de trabalho (oito horas). Vale lembrar que para
a NHO – 01 os termos TWA e Lavg são NEN (Nível de Exposição Normalizado) e NE
(Nível de Exposição) respectivamente.
Para aposentadoria especial o valor que deve ser utilizado como parâmetro de
caracterização da aposentadoria especial é o do Nível de Exposição Normalizado
(NEN) e este não deve ser superior a 85 dB (A).

60
Vale lembrar que as medidas de controle existentes devem também ser
observadas para a concessão ou não da aposentadoria especial em locais
considerados acima do limite de tolerância.

MONITORAMENTO DE RUÍDO E A ERGONOMIA


A Norma Regulamentadora nº 17 determina critérios técnicos da ABNT, através
da NBR-10152 para a determinação do conforto acústico em locais de trabalho, onde
são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constante.
O subitem 17.5.2.1, estabelece que os locais com características descritas
acima devem possuir o nível de ruído aceitável de 65 dB e a curva de avaliação de
ruído (NC) não superior a 60 dB.
Os critérios de ruído ou curvas NC são o padrão mais comum para espaços
interiores. Eles foram desenvolvidos para levar em conta a resposta humana a níveis
de pressão sonora em diferentes bandas de oitava. A forma das curvas pode ser visto
na Figura 2.20.4.1 - Curvas NC da NBR 10152.
As curvas NC são baseadas nas frequências de 63 a 8000 Hz valores banda de
oitava. Quando os valores de banda de oitava da pressão acústica do espaço são
conhecidos, eles são plotados na curva NC. A Tabela 15 - Níveis de Pressão Sonora
Para cada nível NC mostra os níveis de pressão sonora para cada nível de NC em
formato tabular.
O valor de NC não é uma "média" que é baseado em uma curva traçada através
dos pontos de dados. Em vez disso, é o maior valor de NC em qualquer banda de uma
oitava. Isso é chamado de método tangente.

61
Tabela 15 - Níveis de Pressão Sonora Para cada nível NC

Fonte: NBR 10152

Curva NC 63 Hz 125 Hz 250 Hz 500 Hz 1 kHz 2 kHz 4 kHz 8 kHz

dB dB dB dB dB dB dB dB dB

15 47 36 29 22 17 14 12 11

20 50 41 33 26 22 19 17 16

25 54 44 37 31 27 24 22 21

30 57 48 41 36 31 29 28 27

35 60 52 45 40 36 34 33 32

40 64 57 50 45 41 39 38 37

45 67 60 54 49 46 44 43 42

50 71 64 58 54 51 49 48 47

55 74 67 62 58 56 54 53 52

60 77 71 67 63 61 59 58 57

65 80 75 71 68 66 64 63 62

70 83 79 75 72 71 70 69 68

Figura 13 - Formas das curvas NC da NBR 10152.

62
MONITORAMENTO DE RUÍDO E O MEIO AMBIENTE
O monitoramento de ruído ambiental segue, primordialmente, aos parâmetros
estabelecidos na CONAMA 01/90, entretanto, é necessário sempre observar, além da
legislação federal, a legislação estadual e municipal do local que está sendo objeto de
estudo. Em termos técnicos, o parâmetro que deve ser seguido é o que está descrito
na NBR-10151 que informa que deve-se observar o nível de LAeq (Leq em dB(A) ) e
comparar com os valores descritos na tabela 16, tanto para o período diurno, quanto
para o período noturno.

Tabela 16 – Nível de critério de avaliação NCA para ambientes externos, em dB (A)

Fonte: NBR 10151

Tipos de áreas Diurno Noturno


Áreas de sítios e fazendas 40 35
Áreas estritamente residencial urbana ou de 50 45
hospitais ou de escolas
Área mista, predominantemente residencial 55 50
Área mista, com vocação comercial 60 55
administrativa
Área mista, com vocação recreacional 65 55
Área predominantemente industrial 70 60

É importante ressaltar que, se o ruído tiver caracteísticas especiais, ou seja, ruído


de impacto ou com componetes tonais, o valor medido necessitará de ajustes, conforme
transcrito:

 O nível corrigido Lc para ruído sem caráter impulsivo e sem componentes tonais é
determinado pelo nível de pressão sonora equivalente, LAeq;
 O nível corrigido Lc para ruído com características impulsivas ou de impacto é
determinado pelo valor máximo medido com o medidor de nível de pressão sonora
ajustado para resposta rápida (fast), acrescido de 5 dB(A);
 O nível corrigido Lc para ruído com componentes tonais é determinado pelo LAeq,
acrescido de 5 dB(A);
 O nível corrigido Lc para ruído que apresente simultaneamente caracteristicas
impulsivas e tonais deve ser determinado aplicando-se os procedimentos descritos
para cada, tomando-se por base o resultado com o maior valor.

63
MEDIDAS DE CONTROLE
As medidas de controle para ruído deverão ser prioritariamente feitas, seguindo a
hierarquia estabelecida pela Higiene Ocupacional, tendo controle sobre três formas:

Controle na Emissão;

Controle na Transmissão;

Controle na Recepção.

CONTROLE NA EMISSÃO

O controle na emissão ocorre, geralmente, com a observação dos movimentos dos


meios de propagação: sólido, líquido e gases, onde a proposta de controle é o da
diminuição do movimento destes fluídos de propagação no meio. Por exemplo, em meio
sólido, a vibração da estrutura de um triturador de rochas causa uma intensidade sonora
elevada, a qual pode ser diminuida com o controle da diminuição dos movimentos
desnecessários do triturador (que podem estar sendo gerados por folgas), realizando
reparos em paradas de manutenção programada. Para os gases e líquidos, o controle é
realizado com a diminuição da velocidade do fluxo e das turbulências geradas no meio.

É fundamental que haja um planejamento detalhado dos projetos de engenharia


(mecânica, elétrica, civil, produção, etc) para que haja o efetivo controle com a alocação
correta e necessária de recursos técnicos e financeiros.

CONTROLE NA TRANSMISSÃO

O controle na transmissão é feito, geralmente, em sistemas que já foram


implantados, tendo como observância a mudança de trajetória e controle de propagação
sonora de uma determinada fonte. Como exemplo, imagine um misturador industrial
controlado por um operador industrial localizado na sala de controle, afastada 10 metros
da fonte A fonte gera um valor de Leq de 88 dB(A) e na sala (que não possui proteção), o
ruído chega à um valor de 85 dB(A). Através do controle de propagação deste ruído que
chega à sala, através de instalação de janelas com dupla camada, o ruído chega com um
valor de Leq de 82 dB (A), ou seja, um valor quatro vezes menor do que o emitido pela
fonte é o que chega até o operador após o controle.

CONTROLE NA RECEPÇÃO

64
O controle na recepção é feito quando não é possível mais nenhum tipo de controle
sobre a emissão e propagação, sendo então colocadas medidas de controle diretamente
sobre o trabalhador e estas medidas podem ser:

 Limitação do tempo de exposição para a execução de uma tarefa;

 Controle médico através de exames periódicos de acordo com o PCMSO e PCA;

 Elaboração de planejamento para a escolha adequada dos protetores auriculares;

LIMITAÇÃO DO TEMPO DE EXPOSIÇÃO


Deve ser realizada através da redução do tempo de exposição aos níveis de ruído
que se encontrem superiores aos valores entre o nível de ação e o limite de tolerância. A
limitação pode ser obtida através de rodízio entre os funcionários, implementados através
do Planejamento e Controle de Produção (PCP), removendo os trabalhadores expostos
durante longo tempo em atividades ruidosas para outras com menor intensidade de NPS.
È necessário um alinhamento direto com a área de produção e processo para que não haja
impacto sobre a produtividade da empresa objeto de estudo, por isso, é importante que o
higienista tenha em mente o estudo de tempos e movimentos, geralmente visto pela
Ergonomia, para que não haja interferência da medida proposta sobre o processo e sobre
a operação da tarefa.

A. CONTROLE MÉDICO ATRAVÉS DE EXAMES PERIÓDICOS DE ACORDO COM


PCMSO E PCA

O empregador deverá prover meios de realização de audiometria em todos os


colaboradores que estiverem com exposições acima do nível de ação, descrito pela
NR-09 que fala sobre o PPRA, como sendo 80 dB (A). É fundamental que haja a
interação entre a área de engenharia de segurança do trabalho, que cuida dos
monitoramentos e implantação dos controles de engenharia descritos no PPRA,
com a área médica, responsável pela gestão de diagnósticos dada pelo PCMSO.
O bom alinhamento entre estas duas áreas fornece resultados positivos para a
gestão da saúde e da segurança propostas pelo PCA.

B. ELABORAÇÃO DE PLANEJAMENTO PARA A ESCOLHA ADEQUADA DOS


PROTETORES AURICULARES

A elaboração do planejamento para a escolha adequada dos protetores


auriculares deve envolver diretamente os grupos de trabalhadores expostos à

65
níveis de pressão sonora com intensidade superior à 80 dB(A) e segundo a Norma
Regulamentadora nº 06 em seu item 6.3 informa o seguinte:

“..item 6.3 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI


adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento...”

Desta forma, vemos que os protetores auriculares devem ser fornecidos pelo
empregador e sem custo adicional para o empregado que após recebe-lo, deve ser
orientado e responsável pela utilização, higienização e guarda do mesmo. Os protetores
auriculares devem ser escolhidos de forma que possam atenuar o ruído de maneira
satisfatória, trazendo o trabalhador para uma exposição considerada de “mundo real”, ou
seja, fazer com que o trabalhador que esteja utilizando o protetor auricular possua uma
exposição abaixo do limite de tolerância. Os tipos de protetores auriculares, basicamente,
podem ser divididos em dois tipos: Plugue de ouvido ou inserção e circumauriculares ou
concha.

PROTETORES TIPO PLUGUE

Os protetores auriculares do tipo plugue de ouvido, são aqueles que são colocados
dentro da entrada do canal auditivo para formar uma vedação ou bloqueio do som, podendo
ser do tipo inserção ou semi-inserção.

Os protetores auriculares do tipo plugue são feitos de materiais do tipo espuma


moldável com células de lenta recuperação, vinila, silicone, elastomeros, malhas de fibras
de vidro e materiais que utilizam a combinação de cera e algodão. Estes protetores podem
ser categorizados da seguinte forma:

 Espuma;
 Pré-moldados;
 Moldáveis;
 Moldáveis personalizados (feitos por encomenda);
 Semi-inserção.

Os protetores auriculares do tipo plugue são em geral, com excessão dos protetores
moldáveis, estão disponíveis com ou sem cordas de conexão flexíveis ou com haste flexível
para encaixe sobre a cabeça ou pescoço. Ambos os modelos previnem quanto à perda do
protetor, reduzem a contaminação e são simples de armazenar, permitindo ao trabalhador
coloca-los sobre o pescoço enquanto não estiver sendo utilizados. As cordas do protetor
podem ser colocadas de forma anexa (amarradas) ao capacete, facilitando a colocação e
remoção do protetor pelo trabalhador.

66
PROTETORES TIPO CONCHA

Os protetores auriculares do tipo circumauricular são protetores que se encaixam


sobre a orelha externa, sendo capazes de produzir uma vedação acústica sobre o ouvido,
tendo como objeto de pressão a cabeça, e podem ser ainda encaixados nos capacetes e
serem utilizados simultaneamente.

Os protetores tipo circumauricular normalmente consiste em uma concha plástica


de material rígido que é capaz de cobrir toda a orelha externa utilizando acolchoamento de
espuma ou material mais maleável. Eles são mantidos na cabeça através de haste
maleável, geralmente feita de material plástico ou são também podem ser conectadas
diretamente ao capacete.

A figura 14 demonstra cada tipo de protetor auricular nos modelos de inserção e


tipo concha.

Fonte: Berger, H.E (2003) - The Noise Manual, Third Edition – AIHA (American Industrial Hygiene
Association)

67
A escolha do protetor auricular deve levar em consideração as vantagens e
desvantagens oferecidas por cada tipo, além da taxa de redução de ruído oferecida, entre
outros fatores. A American Industrial Hygiene Association (AIHA), no livro de Berger, H.E
(2003) - The Noise Manual, Fifth Edition, elaborou uma tabela comparativa entre os dois
tipos de protetores:

Tabela 16 – Visão comparativa entre os tipos de protetores auriculares


de inserção e concha
Fonte: The Noise Manual, Fifth Edition, AIHA (2003)
Ponto de Observação Inserção Concha
Geralmente são os preferidos para Geralmente são os preferidos
utilização durante um longo período, para utilização em tarefas em
Conforto e preferência mas alguns trabalhadores se que necessite a colocação e
pessoal incomodam de colocar algo dentro remoção do protetor várias vezes
do ouvido, por isso, um período de por dia, porém, alguns
adaptação pode ser requerido. trabalhadores não se adaptam à
pressão que o protetor exerce na
cabeça e são mais volumosos
que os de inserção.
Altamente dependente da qualidade Geralmente proporciona uma
Proteção do treinamento dado ao trabalhador, proteção mais confiável do que
sua habilidade em utilizar e os protetores de inserção, com
motivação. Quando bem colocados, menos dependência de
principalmente os de espuma, treinamento ao usuário,
podem prover bons níveis de habilidades em utilizar e
proteção. motivação.
Alguns protetores de inserção estão Geralmente são vendidos em
Tamanho disponíveis apenas em tamanho tamanho único, porém a
único, porém a verificação do verificação do tamanho e da
conduto auditivo dos trabalhadores acomodação do protetor concha
deve ser observado para a melhor sobre a área de audição deve ser
escolha do protetor. verificada.
Habilidade e cuidado no momento Uma atenção cuidadosa não é tão
da colocação são fundamentais para crítica quanto com um protetor
Facilidade de uma boa vedação e consequente tipo inserção, pois sua colocação
utilização proteção. Protetores do tipo espuma é mais objetiva.
são mais maleáveis e tolerantes do
que os outros tipos.
Cabelos longos, óculos, brincos e A vedação feita na cabeça pode
equipamentos de segurança não ser quebrada por causa de longos
Compatibilidade interferem na vedação, além de não cabelos, hastes de óculos,
interferir no estilo de corte ou capacetes e outros equipamentos
penteado de cabelo. de segurança,além de poder
fazer com que o trabalhador seja
obrigado a mudar o seu estilo de
corte ou penteado de cabelo.
Ideal para ser utilizado em Pode interferir no movimento em
Utilização em ambientes apertados ou confinados. ambientes apertados ou
ambientes apertados confinados.
ou confinados

68
Ponto de Observação Inserção Concha
Pode ser dificil para os supervisores A verificação de utilização deste
de área assegurar que os protetores tipo de protetor pode ser
Monitoramento de estejam sendo efetivamente verificada visualmente à
utilização utilizados. A avaliação distância. A avaliação
doajusterequerdiscussão doajusterequerdiscussão
aprofundadaecontato pessoal com aprofundadaecontato pessoal
cada trabalhador. com cada trabalhador.
São preferencias os tipo concha para Geralmente são desconfortáveis
Utilização em proteger as orelhas do calor, porém para este tipo de ambiente, pois
ambientes quentes poderá haver incomodo em função há uma grande probabilidade de
do acúmulo de suor no canal haver acúmulo de suor no
auditivo. interior do protetor concha.
Pode ser utilizado sobre as toucas ou Os protetores tipo concha
Utilização em protetores de orelhas e facilmente poderão prover aquecimento das
ambientes frios inseridos antes de entrar no ambiente orelhas em ambientes frios,
frio, porém se já estiver em um porém o alcochoamento do
ambiente frio, sua colocação ficará protetor pode enrigecer se estiver
dificil com as mãos cobertas com armazenado em local muito frio.
luvas de proteção. Pode ser ajustada a sua
colocação em locais frios,
mesmo utilizando luvas.
Fácil para armazenar e para carregar É volumoso para armazenar e
Armazenamento, ou utilizar sobre o pescoço quando carregar, porém pode ser
portabilidade e perda. não estiver sendo utilizado, porém é colocado no cinto ou colocado
fácil de perder. no pescoço quando não
utilizado.
Sujeito acortes ouperfuraçõespara Sujeitos à remoção da pressão
Sabotagem melhorar o confortoemdetrimento para obtenção da sensação de
daproteção. alívio ou perfuração dos
alcochoamentos para obtenção
de ventilação, sendo estes
procedimentos feitos em
detrimento da proteção.
Não deve ser utilizado quando for Pode ser utilizado na presença
Infecções do ouvido constatado infecção no ouvido, de infecções de pequeno grau na
ou acúmulo de cera acúmulo de cera ou outra condição orelha externa (com supervisão
adversa descrita pela área médica.1 e aprovação médica), pode ser
utilizado independentemente ao
fato de haver acúmulo de cera.
Não deve ser utilizado quando
houver problemas
dermatológicos na orelha
externa ou na região
circumauricular.

69
MECANISMOS E LIMITAÇÕES DE ATENUAÇÃO DOS
PROTETORES AURICULARES

Em exposições à ruído onde o ouvido humano se encontra desprotegido, a via


principal de entrada das ondas sonoras é através do conduto auditivo até a chegada ao
tímpano. Entretanto, em um ouvido protegido, existem quatro vias distintas para a
passagem do ruído, conforme a figura 15 são:

1. Vazamentos de Ar;
2. Vibração do Protetor Auricular;
3. Transmissão através da estrutura;
4. Condução através dos ossos e tecidos.

Trajetória do ruído através dos protetores auriculares até o ouvido interno

Vias de entrada do ruído com protetor concha Vias de entrada com o protetor inserção

Fonte: Berger, H.E (2003) - The Noise Manual, Third Edition – AIHA (American Industrial
Hygiene Association)

1 - VAZAMENTOS

Para uma máxima proteção, os protetores auriculares devem essencialmente fazer


uma vedação correta com as paredes do canal auditivo ou com as regiões
circumauriculares que cercam o pavillhão auriculares. A entrada de ar em função do
vazamento poderá reduzir a atenuação de 5 à 15 dB em uma ampla faixa de frequencia,
dependendo do tamanho do vazamento. Tipicamente a perda é mais notável nas baixas
frequencias e a existência devazamentos de ar, devido à má adaptaçãoou mácondiçãodos
protetores auricularesmuitas vezes éo que diferencia a atenuação dada em laboratório da
atenuaçãodo mundo real.

2 – VIBRAÇÃO DO PROTETOR AURICULAR

70
Devido a flexibilidade da cartilagem do canal auditivo, os protetores auriculares de
inserção podem vibrar dentro do conduto, como uma espécie de pistão, reduzindo com
isso a atenuação do protetor, principalmente em baixas frequências. Os protetores
auriculares tipo concha, também, pois vibram com um comportamento de massa/mola e o
aumento ou não desta vibração poderá ser causado pelas características dinâmicas do
protetor auricular tipo concha e seu acolchoamento, bem como, da cartilagem do ouvido
humano. Além disso, é importante observar a quantidade de volume de ar aprisionado
dentro do protetor auricular, o que pode também influenciar no aumento da vibração.

3 – TRANSMISSÃO ESTRUTURAL

A colisão das ondas sonoras sobre as superfícies exteriores de um protetor


auricular irão faze-lo vibrar, em função da força aplicada sobre este. Esta vibração é
transmitida através do tipo de material do protetor até a superfície interna onde a resultante
desta vibração irradia som de intensidade reduzida para dentro do volume fechado do
protetor auricular e o tímpano. A quantidade de redução de som é dependente da massa,
da rigidez e do amortecimento interno do material do protetor auricular. A transmissão
estrutural nos protetores auriculares tipo concha, através das componentes copo e
acolchoamento é significante, normalmente promovendo uma limitação da atenuação para
as frequencias acima de 1 kHz. A transmissão nos protetores tipo inserção acontece pelo
fato do protetor possui vários “furos” (microcamadas ou materiais imperfurados) que faz
com que haja uma fuga de ar e possível entrada de som no conduto auditivo, mesmo que
em pequenas intensidades/quantidades.

4 – CONDUÇÃO ATRAVÉS DOS TECIDOS E OSSOS

Mesmo que os protetores auriculares estejam perfeitamente colocados, de forma


que bloqueassem as três formas de vazamento apresentadas até aqui, a energia sonora
continuaria alcançando o ouvido interno através da condução óssea e de tecidos através
da transmissão via crânio. Agora, essa transmissão depende diretamente do ajustamento
do protetor, que no caso do tipo concha, o ajustamento deve ser realizado ao redor da
orelha e no caso do tipo inserção, o ajustamento deve ser realizado no contorno do canal
externo do ouvido. Segundo Gerges apud Berger, o efeito de atenuação do protetor pode
ser reduzido de 5 a 15 dB em razão do vazamento pela via áerea. Segundo Gerges, S.N.Y
(1992), qualquer um desses quatro fatores pode limitar a atenuação de ruído do protetor.
Portanto, deve-se minimizar o vazamento sonoro através ou em torno do protetor. Mesmo
que haja um controle direto contra os vazamentos, estes poderão acontecer de forma
inevitável, atingindo o ouvido humano através da Condução por ossos e tecidos e pela
Vibração do Protetor Auricular. É importante sempre ficar atento ao fato de que

71
simplesmente utilizar o protetor auricular não significa a eliminação do risco que os
trabalhadores possam vir a sofrer em relação a diminuição da capacidade auditiva, por
isso, os protetores necessitam ser utilizados de forma correta e durante todo o tempo de
exposição, obedecendo aos criérios mínimos estabelecidos de forma a buscar manter a
atenuação recomendada para cada tipo de protetor, conforme valores estabelecidos por
laboratórios de acústica credenciados pelo Ministério do Trabalho. Segundo Saliba, T
(2013), para que um protetor garanta atenuação igual a 20 dB (A) quando usado
constantemente (100% do tempo), será capaz de atenuar somente 5 dB(A) se for utilizado
em 50 % do tempo de exposição. Por isso, é fundamental que os protetores auriculares
ofereçam o maior conforto possível para o trabalhador, que ele seja treinado sobre a forma
correta de utilização e que se sinta motivado a estar utilizando o protetor auricular em área
de risco, sem que haja cobranças frequentes para isso, além disso, é muito importante que
o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) realize periodicamente
o controle efetivo dos profissionais expostos á ruído para verificar a eficácia de controle
das ações geradas no PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) e tmabém
no PCA (Programa de Conservação Auditiva), sendo este último, um programa mais
específico que detalhará de forma objetiva a gestão dos dados entre as áreas de saúde e
segurança do trabalho, como por exemplo, o controle das audiometrias com perdas não
ocupacionais e o valor efetivo da taxa de atenuação de redução do ruído.

26 – ATENUAÇÃO DOS PROTETORES AURICULARES


Todo protetor auricular é projetado para atenuar os níveis de ruídos do ambiente
para valores abaixo do limite de tolerância,porém, nem sempre esta atenuação se mostra
eficaz. Para saber se a atenuação do protetor auricular está sendo realmente eficaz, é
necessário verificar a atenuação do protetor e esta verificação é feita da seguinte forma:

Método por Análise de Frequência por banda de oitava (Método Longo)


Este é o procedimento mais exato para estimar valores de atenuação de um protetor
auricular e a este procedimento dá-se o nome de método por banda de oitava, também
conhecido como Método NIOSH #1, original do documento publicado no ano de 1973 com
o título de Criteria for a Recommended Standard: Occupational Exposure to Noise, DHHS
(NIOSH) Publication No. 73-11001ou método longo.

Segundo Gerges, S.N.Y (1992), este é o método mais correto para determinar a
proteção proporcional ao trabalhador exposto ai ruído quando estiver usando o protetor.
Para isso, além das medições do comportamento do ruído em cada faixa de frequência da

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banda de oitava, é necessário obter os dados de atenuação do protetor em cada faixa de
frequência, bem como o seu desvio padrão.

A partir do momento que se tem os dados do comportamento do ruído em cada


faixa de frequência, o que pode ser obtido através de Medidores de Nível de Pressão
Sonora ou Audiodosímetros com filtros de oitava, bem como os dados de atenuação e
desvio padrão do protetor auricular objeto de estudo, realiza-se um cálculo para saber a
real atenuação do protetor auricular,de forma que para se obter uma confiabilidade de 84
% é subtraído o valor medido de cada faixa de frequencia pelo valor de atenuação menos
o desvio padrão. Agora, para se obter a confiabilidade de 98 % é subtraído o valor medido
de cada faixa de frequencia pelo valor de atenuação menos o desvio padrão.

Tabela 17 - Procedimento para a realização do cálculo do método longo

Fonte: The Noise Manual, Fifth Edition, AIHA (2003)

Método de Análise de Frequência por banda de oitava para cálculo de atenuação da redução de ruído do protetor auricular
Dados para inserção / 125 250 500 1000 2000 4000 8000 dBA*
Valores em faixas de
frequência (Hz)
1) NPS Medido 68.9 78.4 86.8 90.0 86.2 83.0 78.9 93.5
2) Atenuação Média 27.4 26.6 27.5 27.0 32.0 44.0 42.5
3) Desvio Padrão (σ) 5 6 6 7 7 7 8
4)Atenuação – σ 22.4 20.6 21.5 20.0 28.0 37 34.5
5)Atenuação - 2σ 17.4 14.6 15.5 13.0 21.0 30.0 26.5
6)NPS com protetor, 84 % 46,5 57.8 65.3 70.0 58.2 46 44.4 71,7
de confiança (1-4)
7)NPS com protetor, 98% 51.5 63.8 71.3 77.0 65.2 53.0 52.4 78,4
de confiança (1-5)
8) Nível de Proteção 21,8
Global (1-6)
O procedimento de preenchimento da tabela consiste em:

Realizar a medição do ambiente ou do trabalhador através de Medidor de Nível de


Pressão Sonora ou através de audiodosímetro ambos com filtros de banda de oitava e
obter o valor médio global;

É necessário obter os valores de atenuação média do protetor auricular, esta


informação pode ser obtida através do Certificado de Aprovação do EPI;

É necessário obter os valores de desvio padrão do protetor auricular, esta


informação pode ser obtida através do Certificado de Aprovação do EPI;

A diferença entre o valor de atenuação média e o desvio padrão para cada faixa de
frequência, dará o valor para demonstrar o NPS com o protetor com 84 % de confiança;

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A diferença entre o valor de atenuação média e 2 vezes o desvio padrão para cada
faixa de frequência, dará o valor para demonstrar o NPS com o protetor com 84 % de
confiança;

O somatório de valores encontrados em cada faixa de frequência, após a subtração


com o valor encontrado para a confiança de 84%, é o valor global com 84 % de confiança
e representa o valor real de NRRsf;

O somatório de valores encontrados em cada faixa de frequência, após a subtração


com o valor encontrado para a confiança de 98%, é o valor global com 98 % de confiança
e representa o valor real de NRR;

Nível Global = Valor Medido em dB(A) - NPS com protetor, 84 % de confiança.

Segundo Berger, H.E (2003), um erro conceitual crítico que é feito frequentemente
é presumir que a correção do desvio padrão ajusta os dados laboratoriais para estimar
valores do mundo real. O propósito real dodesvio padão é o de ajustar os dados médios
de teste para refletir a atenuação alcançada por 84 por cento (utilizando 1 vez o Desvio
Padrão) ou 98 por cento (utilizando 2 vezes o Desvio Padrão).

No método longo, é importante ressaltar que o valor que deve ser considerado é o
valor utilizando 84 % de confiança, pois este valor retrata o NRRsf (Noise Reduction Rate
– Subject Fit) e o valor de 98 % de confiança retrata o valor de NRR (Noise Reduction
Rate). Trataremos destes dois conceitos mais a frente.

NÍVEL DE REDUÇÃO DE RUÍDO, VALOR SUGERIDO (NRR, sf)

O nível de redução de ruído com valor sugerido é o critério mais aceito atualmente,
pois a técnica descrita pela norma ANSI 12.6-1997 B define o método conhecido como
“ouvido real”, que consiste em realizar os testes de atenuação de ruído em laboratório com
pessoas sem pleno conhecimento sobre como colocar os protetores auriculares, tendo
apenas como referência a leitura nas embalagens. Por se tratar de um teste realizado com
pessoas que não foram devidamente treinadas para a utilização correta do protetor
auricular, o NRRsf é calculado levando em conta uma vez o desvio padrão, o que fornece
um grau de confiança de 84 %.

O higienista ocupacional, se deparando com uma situação onde o trabalhador não


tenha pleno conhecimento sobre a utilização do protetor, torna-se mais interessante a
utilização do NRRsf, que inclusive, é o valor descrito nas embalagens dos protetores
auriculares fabricados no Brasil.

74
A adoção do NRRsf como método de ensaio oficial no Brasil, foi aprovado pelo MTE
através da Portaria nº48 de 25 de março de 2003, que foi revogada pela Portaria nº 121,
de 30 de setembro de 2009.

O método de cálculo direto, utilizando o valor do NRRsf fornecido pelo fabricante é


obtido através de ensaios definidos através dos critérios da norma ANSI S12.6-1997(B),
onde o valor é utilizado para calcular o NPS protegido em NPSc (dBA), tendo o uso do
protetor auricular com o ouvido protegido, sendo este valor submetidos à uma diferença
dos valores em NPSc (dBA) ou NPSc (dBC) que são encontrados através de valores
encontrados no ambiente onde o trabalhador está exposto, conforme equações que
seguem:

NPS C ( dBA)  NPS em dB ( A)  NRR ( SF ) OU

NPS C ( dBA )  NPS em dB (C )  ( NRR ( SF )  5)

Equação 46 – Determinação do valor de NPS do ouvido protegido

Segundo Araujo, G.M (2002), recomenda-se que nos casos de se utilizar o método
curto do NIOSH a medição no ambiente seja realizada em dB(A) e dB(C). Após realizada
a medição no ambiente, calcular o NPSc em dB(A) do ouvido protegido a partir da equação
que aplica o dB(C) e obter a atenuação do EPI pela diferença entre o NPSc em dB(A)
calculado e o NPS em dB(A) medido.

É importante lembrar que o valor de NRRsf, quando definido através do método


longo ou método do “mundo real”, traz mais confiabilidade à gestão dos dados por ser tratar
de um método mais objetivo, enquanto que no cálculo simples de atenuação levando em
conta o valor de NRRsf dado pelo fabricante o valor é subjetivo, pois não retrata o nível de
atenuação do ruído com o comportamento do ruído do ambiente.

NÍVEL DE REDUÇÃO DE RUÍDO (NRR)

O valor de NRR (Noise Reduction Rate) é um valor padronizado nos Estados Unidos
desde 1979 e é um índice de redução de ruído que representa a média de atenuação
proposta por um determinado sistema de proteção auditiva individual em um determinado
ambiente quando se conhece o Nível de Pressão Sonora na curva de compensação “C”.

O NRR é calculado de maneira analoga ao método de banda de oitava citado na


tabela 17 do método longo para NRRsf, exceto pelo fato de trabalhar com um sinal de ruído
rosaem dB (C) (igual energia de intensidade sonora em cada faixa de frequência de banda
de oitava) que é utilizada como alternativa aos valores lançados na linha 1 da tabela do

75
método longo (valores encontrados no ambiente e em dB (A)). Desta forma, os valores de
atenuação em cada faixa de frequência em dB (A) são subtraídos do espectro de ruído
rosa em dB(C) e não dos valores medidos no campo de trabalho em dB (A) e ainda é
subtraído do valor um “fator de segurança” de 3 dB, conforme afirmação de BERGER, H.E
(2003).

No método de banda de oitava, quando se utiliza do NRR, admite-se a utilização de


2 vezes o desvio padrão, de forma que o valor de atenução em cada faixa de frequência
terá um fator de proteção teoricamente estimado com uma confiança de 98%.

Isso se deve ao fato de que o método de obtenção do valor de NRR leva em


consideração a utilização de pessoas treinadas na utilização de protetor auricular na
realização dos testes, enquanto que no método de NRRsf os testes são realizados sempre
com pessoas que não são muito habituadas ao dia a dia de utilização de um protetor
auricular.

Dessa forma, pode se dizer que o valor de NRR sempre será maior que o valor de
NRRsf e no método de banda de oitava, a confiabilidade de 84% fica para o valor de NRRsf
e o valor de 98% de confiabilidade fica para o valor de NRR.

O método simples de NRR para estimar a exposição em dB (A) é através da


subtração do valor em dB (C) encontrado no ambiente de trabalho pelo valor de NRR
fornecido pelo fabricante do protetor auricular, conforme demonstrado a seguir:

NPS C ( dBA )  NPS em dB (C )  NRR

Equação 47 – Método simples de determinação do NPS protegido estimado através do NRR

O NIOSH define um fator de correção de 7 dB sendo subtraído do valor de NRR,


quando se utiliza o valor em dB(A) encontrado no ambiente de trabalho. Isso se deve ao
fato de que a atenução do NRR perde considerável taxa de exatidão quando subtraída
diretamente do valor nesta curva de compensação. Por isso, quando não houver como
realizar a medição na curva “C”, a aplicação do método abaixo se torna mais viável,
lembrando que o NIOSH informa que este deve ser utilizado como uma correção de “pior
caso”:

NPS C ( dBA )  NPS em dB ( A)  ( NRR  7 )

Equação 48 – Método NIOSH com fator de correção aplicado

MÉTODO DE DUPLA PROTEÇÃO

76
O método de dupla proteção é recomendado sempre que houver situações de
exposição à níveis de pressão sonora superiores à 100 dB (A). O NIOSH em 1998
recomendou no Hearing Loss Prevention Program – HLPP (Programa de Prevenção de
Perda Auditiva) que seja utilizada a combinação de protetores auriculares do tipo inserção
junto com o protetor do tipo concha. Para exemplificar a justificativa de utilizar a dupla
proteção, pode ser destacada as atividades em área de produção de fabricação de latas
de refrigerante, onde existem várias prensas trabalhando simultaneamente, fazendo com
que o nível de pressão sonora ultrapasse facilmente os 100 dB ao longo de uma jornada.
Desta forma, a melhor forma de proteção individual é com a utilização de um protetor de
inserção de espuma (por exemplo) junto com um protetor tipo concha bem ajustado as
condições anatômicas de quem o utiliza.Em termos de atenuação, não é correto realizar a
soma dos valores de atenução e sim adotar um fator de proteção para aquele que possui
maior atenuação entre os protetores utilizados.Nos EUA, o NIOSH determina que no uso
combinado dos protetores auriculares deverá ser acrescido o valor de 5 dB sobre o maior
NRR. Já no Brasil, segundo Gerges, S. (2003)¹ a dupla proteção com o uso de dois
protetores não é algo calculado e atualmente existe uma previsão muito aproximada,
porém sem precisão e que pode ser adotado para o cálculo. Trata-se de utilizar o valor de
6 dB sobre o maior NRRsf, tendo como expressão final o seguinte:

NRR SF ( Dupla Pr oteção )  NRR SF em dB ( A )  6 dB

Equação 49 – Determinação de Valor de NRRsf utilizando a dupla proteção

Ressaltando que o valor de NRRsf que será utilizado na expressão acima será o de
maior valor entre os protetores auriculares utilizados no método de dupla proteção.

¹ Revista Proteção, janeiro de 2003, p.76.

SUPER OU SUBPROTEÇÃO

Durante os estudos de atenuação de protetores auriculares é importante verificar a


seleção do protetor auricular mais adequado para cada nível de exposição de forma a
proteger o ouvido de forma satisfatória, sem que haja a superproteção ou a subproteção.
A norma européia EN 458:2006 sugere níveis de intensidade de ruído que devem chegar
à orelha protegida, conforme demonstrado pela tabela 18.

A escala de atenuação é fundamentada da seguinte forma:

Proteção Insuficiente: Atenuação igual ou superior à 85 dB (A);

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Proteção Aceitável: Atenuação com valores igual à 80 dB(A) e inferiores à 85 dB
(A);

Proteção Boa: Atenuação com valores na faixa de 75 à 80 dB (A);

Proteção Muito Alta: Atenuação com valores abaixo de 70 dB(A).

Tabela 18 – Níveis de ruído dentro do ouvido protegido


Fonte: EN 458 - 2006

NÍVEL DE RUÍDO DENTRO DO GRAU DE ATENUAÇÃO


OUVIDO PROTEGIDO EM dB (A)
ACIMA DO LT = 85 ATENUAÇÃO
INSUFICIENTE
LT – 5 = 80 ATENUAÇÃO ACEITÁVEL
LT - 10 = 75 BOA ATENUAÇÃO
LT - 15 = 70 ATENUAÇÃO ACEITÁVEL
ABAIXO DE LT – 15 = 70 ATENUAÇÃO MUITO
ALTA

A atenuação se mostra insuficiente a partir do momento em que os valores


encontrados estejam acima de 85 dB estando acima do Limite de Tolerância ;

Uma faixa aceitável de atenuação, mas ainda não ideal está compreendida em
valores entre 80 e 85 dB estando abaixo do Limite de Tolerância, mas acima do Nível de
Ação;

A faixa considerada ideal de atenuação está compreendida entre valores


compreendidos na faixa de 75 e 80 dB, pois previnem a perda da audição e não
proporcionam o risco de superatenuação;

A faixa de atenuação entre 70 e 75 dB ainda são considerados aceitáveis, mas já


mostram indícios de atenuação muito alta;

A atenuação abaixo de 70 dB se mostra insuficiente, pois este valor chegando


dentro de uma orelha protegida, são considerados muito baixos e há uma clara
superatenuação.

Um detalha importante é que esta a superatenuação não oferece o risco direto de


perda auditiva, mas sim o risco de limitar a capacidade auditiva do usuário de protetor
auricular de forma que o impediria de identificar sinais sonoros importantes para sua
segurança, como exemplo: sinais sonoros de máquinas e equipamentos, alarmes,

78
máquinas em movimento, etc., podendo ser um potencial gerador de acidentes. No caso
da subatenuação o risco de perda auditiva é elevada, pois mesmo utilizando os protetores
auriculares, a intensidade sonora que chega aos ouvidos do usuário está acima do limite
de tolerância, ou seja, acima de 85 dB. É fundamental que haja critérios técnicos para a
escolha dos protetores auriculares de acordo com as atividades executadas, de forma que
a sua utilização ao longo da exposição diária seja realmente eficaz.

79
PLANILHAS DE CAMPO
Para a realização dos monitoramentos quantitativos nos ambientes de trabalho é
fundamental que haja uma planilha de campo que possa agregar todo os dados
considerados importantes para a realização dos estudos de higiene ocupacional.

80
PLANILHA PARA AUDIODOSIMETRIA - MODELO

AUDIODOSIMETRIA

Código da Avaliação: G.E.S: Data: / /

Nome da empresa:

Nome do avaliado: Matrícula:

Cargo/função:

Setor:

Local de Trabalho:

Fonte Geradora do Ruído:

Ruídos de Fundo:

Jornada de trabalho / dia (min): Tempo exposto / dia (min):

Faz uso de E.P.I.? Sim Não Existe registro de treinamento? Sim Não

E.P.I. (Modelo): Nº do C.A.:

E.P.C (Descrição):

Tipo de Exposição: Habitual Intermitente Ocasional

81
Horário de Início da avaliação (h): Refeição / Retorno: / Término:

Pré e pós Calibração (dB): E Dose Projetada %: NE: NEN:

Observações:

EQUIPAMENTOS DE AVALIAÇÃO

Audiodosímetro – Marca/Modelo: Nº série:

Calibrador – Marca/Modelo: Nº série:

Assinatura do empregado:

Nome do responsável técnico pela empresa:

Assinatura do responsável técnico pela empresa:

Nome do técnico avaliador:

Assinatura do técnico avaliador:

82
PLANILHA PARA MONITORAMENTO PONTUAL - MODELO

Nome da empresa: Data: / /

Empregado avaliado:

Limiar de integração – dB - Tempo de execução: _________


Ponderação: - Constante do tempo:Lento
Faixa (range): _____ a _____

Resultados – dB(A)/
Nº do Ponto

dB (C)
Identificação do Posto
Taxa de troca - Q=3
(Local avaliado)
L.Min L.Max LEQ

Observações:

Medidor de NPS digital - Marca / Modelo: Nº série:

Nome do responsável técnico (empresa):

Assinatura do empregado:

Nome do técnico avaliador:

Assinatura:

83
REFERÊNCIAS
Acústica Aplicada ao Controle de Ruído – Bistafa, S. (2006);

ANSI S3.20 – 1995 American National Standard Bioacoustical Terminology American National
Standards of the Acoustical Society of America

Criteria for a Recommended Standard: Occupational Exposure to Noise, DHHS (NIOSH)


Publication No. 73-11001

Gerges, S.N.Y (1992), Ruido: Fundamentos e Controle

Handbook, Measuring Sound – Bruel&Kjaer (2006)

Higiene Ocupacional ao Alcance de Todos, Rocha, Rosemberg e Bastos, Marcos (2017), Editora
Autografia.

IEC 60050-801 (1994) - International Electrotechnical Vocabulary – Chapter 801: Acoustics and
electroacoustics

IEC 61672:2002 Descriptors, Sound-level meters, Acoustic measurement, Acoustic equipment

ISO 1999:1990 “Determination of occupational noise exposure and estimation of noise-induced


hearing impairment”

Manual Prático de Higiene Ocupacional e PPRA, SALIBA, T. (2013);

NBR 10151: 2000 - Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da
comunidade Procedimento

Normas Regulamentadoras, nº 06, 07, 09, 15, 17;

Perícia e Avaliação de Ruído e Calor – Araújo, G. (2002);

PORTARIA MTB Nº 3.214, DE 08 DE JUNHO DE 1978 - DOU DE 06/07/1978

RESOLUÇÃO CONAMA nº 1, de 8 de março de 1990, critérios de padrões de emissão de ruídos


decorrentes de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as
de propaganda política.

The Noise Manual, Fifth Edition, AIHA (American Industrial Hygiene Association) Berger, H.E
(2003)

84

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