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Perda auditiva induzida (PAIR) por ruido é um tipo de surdez sensorial causada pela exposição
prolongada do sistema auditivo a um ambiente ruidoso, uma vez que as células ciliadas do
órgão de Corti são degeneradas, resultando em uma situação irreversível.
A PAIR é provocada pela exposição prolongada ao ruído. É uma perda auditiva do tipo
neurossensorial, geralmente bilateral, irreversível e progride com o tempo de exposição ao
ruído (CID 10 – H 83.3).
Anatomia
O ouvido consiste em três partes básicas: o ouvido externo, o ouvido médio, e ouvido interno.
A orelha serve para proteger o ouvido médio e prevenir danos ao tímpano, também
canaliza as ondas que alcançam o ouvido para o canal e o tímpano no meio do ouvido,
ele é capaz de amplificar os sons com frequências de aproximadamente 3.000Hz.
A medida que o som se propaga no ouvido externo o som ainda está na forma de uma
onda de pressão. Somente quando o som alcança o tímpano na separação do ouvido
externo e médio, a energia da onda é convertida em vibrações na estrutura óssea do
ouvido.
Ouvido médio
Ouvido interno
Na cóclea existe células ciliadas minúsculas e delicadas, cujos cílios se movem quando
o ouvido recebe ondas sonoras. Este pequeno movimento dispara sinais elétricos ao
longo do nervo coclear, que vai do ouvido até o cérebro. Ao receber esses impulsos
elétricos, o cérebro interpreta-os como sons.
Se os pequenos cílios dentro do seu ouvido interno estiverem tortos ou lesionados –
isso acontece com a idade ou quando você é regularmente exposto a sons altos – eles
podem gerar impulsos elétricos aleatórios para o seu cérebro, causando zumbido
Causas:
É uma sensação auditiva desagradável, que provoca incomodo e acarreta uma série de
efeitos nocivos ao ser humano. Aproximadamente 16% dos casos de perda auditiva em
adultos estão associados à exposição ao ruído no local de trabalho, e cerca de 600
milhões de trabalhadores, estão expostos a níveis nocivos de ruído em todo mundo.
Dados:
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) refere que, mundialmente, cerca de 4 milhões
de anos de vida ajustados por incapacidade são perdidos em virtude da exposição a ruido
ocupacional, com prevalências de 7% a 21% a depender da região (WHO,2018). No Brasil,
analisa realizadas com dados de 2006 a 2019 revelaram 7.819 casos notificados, com destaque
para o estado de São Paulo que registrou maior número de notificação (HILLESHEIM, et
al.;2022).
Dados epidemiológicos:
O ministério da saúde considera a PAIR uma doença ocupacional, sendo sua notificação
obrigatória no sistema de informação de agravos de notificação (SINAN), a ser monitorado pela
vigilância em saúde do trabalhador (VISAT). A NOTIFICAÇÃO é uma conduta importante por
parte dos profissionais da saúde pois contribui para o conhecimento da situação de saúde da
região, obtendo melhor planejamento de ações e tomadas de decisões.
Legislação:
Diagnóstico/Tratamento/Reabilitação
Considerando que o trabalhador seja atendido no SUS, na suspeita de perda auditiva
relacionada ao trabalho, o profissional da atenção básica deve encaminhar o trabalhador
para rede de serviços de média e alta complexidade do SUS, para que possa ser submetido à
realização de exames audiológicos, que tem por objetivo confirmar a existência de
alterações auditivas.
É importante lembrar que o profissional de saúde também deve pesquisar informações
sobre a história ocupacional do trabalhador a fim de detalhar a exposição e buscar relação
entre esta e os sinais e sintomas apresentados.
Os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST), atuam como retaguarda técnica
especializada para as ações e serviços da rede SUS garantindo a continuidade e integralidade
da atenção à saúde do trabalhador. Desta forma, na ocorrência de suspeita de Perda
Auditiva Relacionada ao Trabalho os trabalhadores também podem ser referenciados para
os CRST.
Não existe até o momento tratamento para PAIR. Deve-se notificar o caso e acompanhar a
progressão de perda auditiva por meio de avaliações periódicas.
A PAIR não provoca incapacidade para o trabalho, mas pode ocasionar limitações na
realização de tarefas.
Os casos devem ser avaliados individualmente para orientar ações de reabilitação do
trabalhador e adequação do ambiente de trabalho.
Prevenção
O diagnóstico precoce pode evitar o agravamento da perda auditiva apresentada pelo
trabalhador, além disso, norteará a busca ativa de novos casos neste ambiente de trabalho e
permitirá que medidas de proteção individual e coletiva sejam adotadas, evitando assim o
desencadeamento de perda auditiva em trabalhadores e o agravamento naqueles que já
estão adoecidos.
As empresas devem manter um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), de
acordo com a Norma Regulamentadora Nº 9 (NR 9), no qual os riscos no trabalho devem ser
identificados, quantificados para adoção de medidas de prevenção e controle dos riscos e
direcionamento do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), de
avaliação da saúde dos trabalhadores, de acordo com a Norma Regulamentadora Nº 7 (NR
7).
As ações de controle da Perda Auditiva Relacionada ao Trabalho estão relacionadas ao
controle de ruído: na fonte, na trajetória e no indivíduo. Podem conter medidas
organizacionais, como: pausas, mudança de função e redução da jornada de trabalho. Além
do controle de outros fatores como: as substâncias química ototóxicas, vibração e calor.
Notificação
Os casos de Perda Auditiva Relacionadas ao Trabalho devem ser notificados:
Ao SUS;
Na Ficha de Notificação do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de
Notificação),
À Previdência Social, por meio da CAT (Comunicação da Previdência Social)