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O sistema urinário contribui para a homeostasia, alterando a composição, o pH, o volume e a pressão do sangue; mantendo a
osmolaridade do sangue; excretando escórias metabólicas e substâncias estranhas; e produzindo hormônios.
O sistema urinário consiste em dois rins, dois ureteres, uma bexiga urinária e uma uretra (Figura 26.1). Após os rins
filtrarem o plasma sanguíneo, eles devolvem a maior parte da água e dos solutos à corrente sanguínea. A água e os solutos
restantes constituem a urina, que passa pelos ureteres e é armazenada na bexiga urinária até ser eliminada do corpo pela
uretra. A nefrologia é o estudo científico da anatomia, fisiologia e patologia dos rins. A especialidade médica que lida com
os sistemas urinários masculino e feminino e com o sistema genital masculino é chamada urologia. O médico que se
especializa neste ramo da medicina é chamado urologista.
1. Os rins regulam o volume e a composição sanguíneos; ajudam a regular a pressão arterial, o pH e os níveis de
glicose; produzem dois hormônios (calcitriol e eritropoetina); e excretam escórias metabólicas na urina.
2. Os ureteres transportam a urina dos rins para a bexiga urinária.
3. A bexiga urinária armazena a urina e depois a expele pela uretra.
4. A uretra elimina a urina do corpo.
Figura 26.1 Órgãos do sistema urinário na mulher.
A urina formada pelos rins passa primeiro pelos ureteres, em seguida para a bexiga urinária para o
armazenamento e, por fim, pela uretra para ser eliminada do corpo.
Os rins desempenham a principal função do sistema urinário. As outras partes do sistema são essencialmente vias de
passagem e áreas de armazenamento. As funções dos rins incluem:
• Regulação da composição iônica do sangue. Os rins ajudam a regular os níveis sanguíneos de vários íons, sendo que
os mais importantes são os íons sódio (Na+), potássio (K+), cálcio (Ca2+), cloreto (Cl–) e fosfato (HPO42–)
• Regulação do pH do sangue. Os rins excretam uma quantidade variável de íons hidrogênio (H+) para a urina e
preservam os íons bicarbonato (HCO3–), que são um importante tampão do H+ no sangue. Ambas as atividades ajudam
a regular o pH do sangue
• Regulação do volume de sangue. Os rins ajustam o volume do sangue por meio da conservação ou eliminação de água
na urina. O aumento do volume de sangue eleva a pressão arterial, enquanto a diminuição do volume de sangue reduz a
pressão arterial
• Regulação da pressão arterial. Os rins também ajudam a regular a pressão arterial por meio da secreção da enzima
renina, que ativa o sistema reninaangiotensinaaldosterona (ver Figura 18.16). O aumento da renina provoca elevação
da pressão arterial
• Manutenção da osmolaridade do sangue. Ao regular separadamente a perda de água e a perda de solutos na urina, os
rins mantêm uma osmolaridade do sangue relativamente constante de aproximadamente 300 miliosmóis por litro
(mOsm/ℓ)*
• Produção de hormônios. Os rins produzem dois hormônios. O calcitriol, a forma ativa da vitamina D, ajuda a regular
a homeostasia do cálcio (ver Figura 18.14), e a eritropoetina estimula a produção de eritrócitos (ver Figura 19.5)
• Regulação do nível sanguíneo de glicose. Tal como o fígado, os rins podem utilizar o aminoácido glutamina na
gliconeogênese, a síntese de novas moléculas de glicose. Eles podem então liberar glicose no sangue para ajudar a
manter um nível normal de glicemia
• Excreção de escórias metabólicas e substâncias estranhas. Por meio da formação de urina, os rins ajudam a excretar
escórias metabólicas – substâncias que não têm função útil no corpo. Algumas escórias metabólicas excretadas na
urina resultam de reações metabólicas no organismo. Estes incluem amônia e ureia resultantes da desaminação dos
aminoácidos; bilirrubina proveniente do catabolismo da hemoglobina; creatinina resultante da clivagem do fosfato de
creatina nas fibras musculares e ácido úrico originado do catabolismo de ácidos nucleicos. Outras escórias metabólicas
excretadas na urina são as substâncias estranhas da dieta, como fármacos e toxinas ambientais.
TESTE RÁPIDO
1. O que são escórias metabólicas e como os rins participam de sua remoção do corpo?
OBJETIVOS
• Descrever as características anatômicas macroscópicas externas e internas dos rins
• Traçar o trajeto do fluxo sanguíneo através dos rins
• Descrever a estrutura dos corpúsculos e túbulos renais.
Os rins são um par de órgãos avermelhados em forma de feijão, localizados logo acima da cintura, entre o peritônio e a
parede posterior do abdome. Por causa de sua posição posterior ao peritônio da cavidade abdominal, são considerados
retroperitoneais (Figura 26.2). Os rins estão localizados entre os níveis das últimas vértebras torácicas e a terceira
vértebra lombar (L III), uma posição em que estão parcialmente protegidos pelas costelas XI e XII. Se estas costelas
inferiores forem fraturadas, podem perfurar os rins e causar danos significativos, potencialmente fatais. O rim direito está
discretamente mais baixo do que o esquerdo (ver Figura 26.1), porque o fígado ocupa um espaço considerável no lado
direito superior ao rim.
Os rins são circundados pela cápsula fibrosa, cápsula adiposa e fáscia renal.
As duas principais regiões do rim são a região vermelha clara superficial, chamada córtex renal, e a região
vermelha escura profunda, chamada medula renal.
Que estruturas passam pelo hilo renal?
A nefroptose, ou rim utuante, consiste em deslocamento inferior (“queda”) do rim. Ela ocorre quando o rim desliza de sua posição normal porque não está bem
xado no lugar pelos órgãos adjacentes ou por seu revestimento de tecido adiposo. A nefroptose se desenvolve mais frequentemente em pessoas muito magras, cuja
cápsula adiposa ou fáscia renal é de ciente. É perigosa porque o ureter pode torcer e bloquear o uxo de urina. O resultante retorno de urina impõe pressão sobre o
rim, dani cando o tecido renal. O ureter torcido também provoca dor. A nefroptose é muito comum; aproximadamente 25% das pessoas tem algum grau de
enfraquecimento das faixas brosas que mantêm o rim no lugar. É 10 vezes mais comum em mulheres do que em homens.
Néfron
Partes do néfron
Os néfrons são as unidades funcionais dos rins. Cada néfron consiste em duas partes: um corpúsculo renal, onde o
plasma sanguíneo é filtrado, e um túbulo renal, pelo qual passa o líquido filtrado (filtrado glomerular) (Figura 26.5).
Estreitamente associado a um néfron está a sua irrigação sanguínea, que acabou de ser descrita. Os dois componentes de
um corpúsculo renal são o glomérulo e a cápsula glomerular (cápsula de Bowman), uma estrutura epitelial de parede
dupla que circunda os capilares glomerulares. O plasma sanguíneo é filtrado na cápsula glomerular, e então o líquido
filtrado passa para o túbulo renal, que tem três partes principais. Em ordem de recebimento do líquido que passa por eles,
o túbulo renal consiste em um (1) túbulo contorcido proximal (TCP), (2) alça de Henle e (3) túbulo contorcido distal
(TCD). Proximal denota a parte do túbulo ligado à cápsula glomerular, e distal indica a parte que está mais longe.
Contorcido significa que o túbulo é espiralado em vez de reto. O corpúsculo renal e os túbulos contorcidos proximais e
distais se localizam no córtex renal; a alça de Henle se estende até a medula renal, faz uma curva fechada, e então retorna
ao córtex renal.
Os túbulos contorcidos distais de vários néfrons drenam para um único ducto coletor. Os ductos coletores então se
unem e convergem em várias centenas de grandes ductos papilares, que drenam para os cálices renais menores. Os ductos
coletores e papilares se estendem desde o córtex renal ao longo da medula renal até a pelve renal. Então, um rim tem
aproximadamente 1 milhão de néfrons, mas um número muito menor de ductos coletores e ainda menor de ductos
papilares.
Em um néfron, a alça de Henle comunica os túbulos contorcidos proximais e distais. A primeira parte da alça de Henle
começa no ponto em que o túbulo contorcido proximal faz a sua última curva descendente. Iniciase no córtex renal e
estendese para baixo e para dentro da medula renal, onde é chamada ramo descendente da alça de Henle (Figura 26.5).
Em seguida, faz uma curva fechada e retorna para o córtex renal, onde termina no túbulo contorcido distal e é conhecido
como ramo ascendente da alça de Henle. Aproximadamente 80 a 85% dos néfrons são néfrons corticais. Seus
corpúsculos renais se encontram na parte externa do córtex renal, e têm alças de Henle curtas, que se encontram
principalmente no córtex e penetram somente na região externa da medula renal (Figura 26.5B). As alças de Henle curtas
são irrigadas por capilares peritubulares que emergem das arteríolas glomerulares eferentes. Os outros 15 a 20% dos
néfrons são néfrons justamedulares. Seus corpúsculos renais encontramse profundamente no córtex, próximo da medula
renal, e têm alças de Henle longas que se estendem até a região mais profunda da medula renal (Figura 26.5C). As alças de
Henle longas são irrigadas por capilares peritubulares e arteríolas retas que emergem das arteríolas glomerulares eferentes.
Além disso, o ramo ascendente da alça de Henle dos néfrons justamedulares consiste em duas partes: uma parte
ascendente delgada seguida por uma parte ascendente espessa (Figura 26.5C). O lúmen da parte ascendente fina é o
mesmo que em outras áreas do túbulo renal; apenas o epitélio é mais fino. Os néfrons com alça de Henle longa
possibilitam que os rins excretem urina muito diluída ou muito concentrada (descrito na Seção 26.6).
Figura 26.5 Estrutura dos néfrons e vasos sanguíneos associados. Observe que o ducto coletor e o ducto papilar não fazem parte do
néfron.
Os néfrons são as unidades funcionais dos rins.
Quais são as diferenças básicas entre os néfrons corticais e justamedulares?
CÁPSULA GLOMERULAR. A cápsula glomerular consiste em camadas visceral e parietal (Figura 26.6A). A camada
visceral é formada por células epiteliais pavimentosas simples modificadas chamadas podócitos. As muitas projeções em
forma de pé destas células (pedicelos) envolvem a camada única de células endoteliais dos capilares glomerulares e formam
a parede interna da cápsula. A camada parietal da cápsula glomerular consiste em epitélio pavimentoso simples e forma a
parede externa da cápsula. O líquido filtrado pelos capilares glomerulares entra no espaço capsular, o espaço entre as duas
camadas da cápsula glomerular, que é o lúmen do tubo urinário. Pense na correlação entre o glomérulo e a cápsula
glomerular da seguinte maneira. O glomérulo é uma mão fechada dentro de um balão flácido (a cápsula glomerular), até
que a mão fechada é revestida por duas camadas de balão (a camada do balão que toca a mão fechada é a camada visceral e
a camada que não toca a mão fechada é a camada parietal) com um espaço entre elas (o interior do balão), o espaço
capsular.
A fotomicrografia em (B) é de um corte através do córtex renal ou da medula renal? Como você sabe
disso?
TÚBULO RENAL E DUCTO COLETOR. A Tabela 26.1 ilustra a histologia das células que formam o túbulo renal e o ducto
coletor. No túbulo contorcido proximal, as células são células epiteliais cúbicas simples com uma borda em escova
proeminente de microvilosidades em sua superfície apical (superfície voltada para o lúmen). Estas microvilosidades, como
as do intestino delgado, aumentam a área de superfície para a reabsorção e secreção. A parte descendente da alça de Henle e
a primeira porção da parte ascendente da alça de Henle (a parte delgada ascendente) são compostas por epitélio
pavimentoso simples. (Lembrese de que os néfrons corticais ou de alça curta não têm a parte ascendente delgada.) A parte
espessa ascendente da alça de Henle é composta por epitélio colunar cúbico simples a epitélio colunar baixo.
Túbulo contorcido proximal (TRP) Células epiteliais cúbicas simples com borda em
escova proeminente das microvilosidades.
Alça de Henle: parte ascendente espessa Células epiteliais cúbicas simples a colunares baixas.
Maior parte do túbulo contorcido distal (TCD) Células epiteliais cúbicas simples.
Parte nal do TCD e todo o ducto coletor Epitélio cúbico simples que consiste em células
principais e células intercaladas.
Em cada néfron, a parte final ascendente da alça de Henle faz contato com a arteríola glomerular aferente que irriga o
corpúsculo renal (Figura 26.6B). Como as células colunares tubulares desta região estão muito próximas uma da outra, são
conhecidas como mácula densa. Ao lado da mácula densa, a parede da arteríola glomerular aferente (e às vezes a arteríola
glomerular eferente) contém fibras musculares lisas modificadas chamadas células justaglomerulares (JG). Em conjunto
com a mácula densa, constituem o aparelho justaglomerular (AJG). Como você verá mais adiante, o AJG ajuda a regular
a pressão arterial no interior dos rins. O túbulo contorcido distal (TCD) começa a uma curta distância depois da mácula
densa. Na última parte do TCD e continuando até os túbulos coletores, dois tipos diferentes de células estão presentes. A
maior parte são células principais, que têm receptores tanto para o hormônio antidiurético (HAD) quanto para a
aldosterona, dois hormônios que regulam suas funções. Um número menor é de células intercaladas, que atuam na
homeostasia do pH do sangue. Os ductos coletores drenam para os grandes ductos papilares, que são revestidos por
epitélio colunar simples.
O número de néfrons é constante desde o nascimento. Qualquer aumento do tamanho do rim se deve ao crescimento
individual de néfrons. Se os néfrons forem lesionados ou estiverem doentes, não se formam novos néfrons. Os sinais de
disfunção renal geralmente não se tornam aparentes até que a função tenha diminuído para menos de 25% do normal,
porque os néfrons funcionais restantes se adaptam para lidar com uma carga maior do que a normal. A remoção cirúrgica
de um rim, por exemplo, estimula a hipertrofia do rim remanescente, que acaba conseguindo filtrar o sangue com 80% da
velocidade de dois rins normais.
TESTE RÁPIDO
OBJETIVO
• Identificar as três funções básicas desempenhadas pelos néfrons e ductos coletores, e indicar onde ocorre cada
uma.
Para produzir urina, os néfrons e os ductos coletores realizam três processos básicos – filtração glomerular, reabsorção
tubular e secreção tubular (Figura 26.7):
Filtração glomerular. Na primeira etapa da produção de urina, a água e a maior parte dos solutos do plasma
sanguíneo atravessam a parede dos capilares glomerulares, onde são filtrados e passam para o interior da cápsula
glomerular e, em seguida, para o túbulo renal.
Reabsorção tubular. Conforme o líquido filtrado flui pelos túbulos renais e ductos coletores, as células tubulares
reabsorvem aproximadamente 99% da água filtrada e muitos solutos úteis. A água e os solutos retornam ao sangue
que flui pelos capilares peritubulares e arteríolas retas. Observe que o termo reabsorção se refere ao retorno de
substâncias para a corrente sanguínea. Por outro lado, o termo absorção indica a entrada de novas substâncias no
corpo, como ocorre no sistema digestório.
Secreção tubular. Conforme o líquido filtrado flui pelos túbulos renais e ductos coletores, as células dos túbulos
renais e do ductos secretam outros materiais – como escórias metabólicas, fármacos e excesso de íons – para o
líquido. Observe que a secreção tubular remove uma substância do sangue.
Figura 26.7 Correlação da estrutura de um néfron com suas três funções básicas: filtração glomerular, reabsorção tubular e
secreção tubular. As substâncias excretadas permanecem na urina e subsequentemente deixam o corpo. Para uma dada substância S, a
taxa de excreção de S = taxa de filtração de S – taxa de reabsorção de S + taxa de secreção de S.
A filtração glomerular ocorre no corpúsculo renal. A reabsorção tubular e a secreção tubular ocorrem ao longo do
túbulo renal e túbulo coletor.
Quando as células dos túbulos renais secretam penicilina, ela está sendo adicionada ou removida da
corrente sanguínea?
Os solutos e o líquido que fluem para os cálices renais menores e maiores e para a pelve renal formam a urina e são
excretados. A taxa de excreção urinária de qualquer soluto é igual à taxa de filtração glomerular, mais a sua taxa de
secreção, menos a sua taxa de reabsorção.
Os néfrons (por meio de filtração, reabsorção e secreção) ajudam a manter a homeostasia do volume e da composição
do sangue. A situação é um pouco semelhante a um centro de reciclagem: os caminhões de lixo despejam lixo em um
alimentador de entrada, onde o lixo pequeno passa por uma esteira transportadora (filtração glomerular do plasma). À
medida que a esteira transportadora transporta o lixo, os funcionários removem artigos úteis, como latas de alumínio,
plásticos e recipientes de vidro (reabsorção). Outros funcionários colocam o lixo adicional deixado na esteira e itens
maiores na esteira transportadora (secreção). No final da esteira, todo o lixo restante cai em um caminhão para ser
transportado para o aterro (escórias metabólicas na urina).
TESTE RÁPIDO
OBJETIVOS
• Descrever a membrana de filtração
• Discutir as pressões que promovem e se opõem à filtração glomerular.
O líquido que entra no espaço capsular é chamado filtrado glomerular. A fração de plasma sanguíneo nas arteríolas
glomerulares aferentes dos rins que se torna filtrado glomerular é a fração de filtração. Embora uma fração de filtração de
0,16 a 0,20 (16 a 20%) seja usual, o valor varia consideravelmente na saúde e na doença. Em média, o volume diário de
filtrado glomerular em adultos é de 150 ℓ nas mulheres e 180 ℓ em homens. Mais de 99% do filtrado glomerular regressa à
corrente sanguínea por meio da reabsorção tubular, de modo que apenas 1 a 2 ℓ são excretados como urina.
Membrana de 㜟ᕀltração
Juntos, os capilares glomerulares e os podócitos, que circundam completamente os capilares, formam uma barreira
permeável conhecida como membrana de filtração. Esta configuração em sanduíche possibilita a filtração de água e
pequenos solutos, mas impede a filtração da maior parte das proteínas plasmáticas, células sanguíneas e plaquetas. As
substâncias filtradas do sangue atravessam três barreiras de filtração – a célula endotelial glomerular, a lâmina basal e uma
fenda de filtração formada por um podócito (Figura 26.8):
Figura 26.8 Membrana de filtração. O tamanho das fenestrações endoteliais e fendas de filtração foi exagerado para dar ênfase.
Durante a filtração glomerular, a água e os solutos passam do plasma sanguíneo para o espaço capsular.
Que parte da membrana de filtração impede as hemácias de entrarem no espaço capsular?
As células endoteliais glomerulares são bastante permeáveis, porque têm grandes fenestrações (poros) com 0,07 a
0,1 μm de diâmetro. Este tamanho possibilita que todos os solutos do plasma sanguíneo saiam dos capilares
glomerulares, mas impede a filtração de células sanguíneas e plaquetas. Localizadas entre os capilares glomerulares e
na fenda entre as arteríolas glomerulares aferentes e eferentes estão as células mesangiais (ver Figura 26.6A). Estas
células contráteis ajudam a regular a filtração glomerular.
A lâmina basal, uma camada de material acelular entre o endotélio e os podócitos, consiste em fibras colágenas
minúsculas e proteoglicanos em uma matriz glicoproteica; as cargas negativas na matriz impedem a filtração de
proteínas plasmáticas maiores carregadas negativamente.
Estendendose de cada podócito estão milhares de processos em forma de pé denominados pedicelos, que envolvem
os capilares glomerulares. Os espaços entre os pedicelos são as fendas de filtração. Uma fina membrana, a
membrana da fenda, se estende através de cada fenda de filtração; isso possibilita a passagem de moléculas que têm
um diâmetro menor do que 0,006 a 0,007 μm, incluindo a água, a glicose, as vitaminas, os aminoácidos, as proteínas
plasmáticas muito pequenas, a amônia, a ureia e os íons. Menos de 1% da albumina, a proteína mais abundante no
plasma, passa pela membrana da fenda, porque, com um diâmetro de 0,007 μm, a albumina é um pouco grandes
demais para passar.
O princípio da filtração – o uso da pressão para forçar os líquidos e solutos através de uma membrana – é o mesmo
tanto nos capilares glomerulares quanto nos capilares sanguíneos de outras partes do corpo (ver a lei de Starling dos
capilares, Seção 21.2). No entanto, o volume de líquido filtrado pelo corpúsculo renal é muito maior do que em outros
capilares sanguíneos do corpo, por três razões:
1. Os glomérulos capilares apresentam uma grande área de superfície para a filtração, porque são longos e extensos. As
células mesangiais regulam a quantidade de área de superfície disponível. Quando as células mesangiais estão
relaxadas, a área de superfície é máxima, e a filtração glomerular é muito alta. A contração das células mesangiais
reduz a área de superfície disponível, e a filtração glomerular diminui.
2. A membrana de filtração é fina e porosa. Apesar de ter várias camadas, a espessura da membrana de filtração é de
apenas 0,1 mm. Os capilares glomerulares também são aproximadamente 50 vezes mais permeáveis do que os
capilares sanguíneos da maior parte dos outros tecidos, principalmente por causa de suas grandes fenestrações.
3. A pressão sanguínea capilar glomerular é alta. Como a arteríola glomerular eferente tem um diâmetro menor do que o
da arteríola glomerular aferente, a resistência à saída do sangue do glomérulo é alta. Como resultado, a pressão
sanguínea nos capilares glomerulares é consideravelmente mais elevada do que nos capilares sanguíneos em qualquer
outro local no corpo.
Figura 26.9 Pressões que impulsionam a filtração glomerular. Consideradas em conjunto, essas pressões determinam a pressão de
filtração efetiva (PFE).
A pressão hidrostática do sangue glomerular promove a filtração, enquanto a pressão hidrostática capsular e a
pressão coloidosmótica do sangue se opõem à filtração.
Suponha que um tumor esteja pressionando e obstruindo o ureter direito. Que efeito isso pode ter na
PHC e, portanto, na pressão de filtração efetiva no rim direito? O rim esquerdo também será afetado?
A pressão de filtração efetiva (PFE), a pressão total que promove a filtração, é determinada como segue:
Assim, uma pressão de apenas 10 mmHg faz com que uma quantidade normal de plasma sanguíneo (menos as proteínas
plasmáticas) seja filtrada do glomérulo para o espaço capsular.
Em algumas doenças renais, os glomerulares capilares são dani cados e por isso se tornam tão permeáveis que as proteínas plasmáticas entram no ltrado
glomerular. Como resultado, o ltrado exerce uma pressão coloidosmótica que puxa a água para fora do sangue. Nesta situação, a PFE aumenta, o que signi ca que
mais líquido é ltrado. Ao mesmo tempo, a pressão coloidosmótica do sangue diminui, porque as proteínas plasmáticas estão sendo perdidas na urina. Como a
quantidade de líquido que é ltrada dos capilares sanguíneos para os tecidos em todo o corpo é maior do que a quantidade que retorna por meio da reabsorção, o
volume sanguíneo diminui e o volume de líquido intersticial aumenta. Assim, a perda de proteínas plasmáticas na urina causa edema, um volume anormalmente
elevado de líquido intersticial.
TESTE RÁPIDO
7. Se a velocidade de excreção urinária de um fármaco como a penicilina for maior do que a velocidade de filtração
do mesmo no glomérulo, de que modo ele entra na urina?
8. Qual é a principal diferença química entre o plasma sanguíneo e o filtrado glomerular?
9. Por que há uma filtração muito maior através dos glomérulos capilares do que através dos capilares em outras
partes do corpo?
10. Escreva a equação para o cálculo da pressão de filtração efetiva (PFE) e explique o significado de cada termo.
11. Como é regulada a taxa de filtração glomerular?
EFEITO
SOBRE A
TIPO DE REGULAÇÃO ESTÍMULO PRINCIPAL MECANISMO E LOCAL DE AÇÃO TFG
Autorregulação renal
Mecanismo Aumento do estiramento das bras musculares lisas das As bras musculares lisas distendidas se contraem, Diminui.
miogênico paredes das arteríolas glomerulares aferentes em estreitando assim o lúmen das arteríolas glomerulares
decorrência do aumento na pressão arterial. aferentes.
Feedback Aporte rápido de Na+ e Cl– à mácula densa por causa da Diminuição na liberação de óxido nítrico (NO) pelo Diminui.
tubuloglomerular pressão arterial sistêmica elevada. aparelho justaglomerular leva à constrição das arteríolas
glomerulares aferentes.
Regulação neural O aumento da atividade dos nervos simpáticos renais Constrição das arteríolas glomerulares aferentes por meio Diminui.
libera norepinefrina. da ativação dos receptores α1 e aumento da liberação de
renina.
Regulação hormonal
Angiotensina II A diminuição do volume sanguíneo ou da pressão arterial Constrição das arteríolas glomerulares aferentes e Diminui.
estimula a produção de angiotensina II. eferentes
Peptídio O estiramento dos átrios do coração estimula a secreção Relaxamento das células mesangiais no glomérulo Aumenta.
natriurético atrial de PNA. aumenta a área de superfície capilar disponível para a
(PNA) ltração.
A terceira função dos néfrons e ductos coletores é a secreção tubular, a transferência de materiais das células do
sangue e do túbulo para o filtrado glomerular. As substâncias secretadas incluem íons hidrogênio (H+), K+, íons amônia
(NH4+), creatinina e determinados fármacos, como a penicilina. A secreção tubular tem dois resultados importantes: (1) A
secreção de H+ ajuda a controlar o pH sanguíneo. (2) A secreção de outras substâncias ajuda a eliminálas do corpo pela
urina.
Em decorrência da secreção tubular, determinadas substâncias passam do sangue para a urina e podem ser detectadas
pelo exame de urina (ver Seção 26.7). É especialmente importante para testar atletas à procura de substâncias que
intensifiquem o desempenho, como esteroides anabolizantes, expansores plasmáticos, eritropoetina, hCG, hGH e
anfetaminas. Os exames de urina também podem ser usados para detectar álcool etílico ou substâncias psicoativas, como
maconha, cocaína e heroína.
Vias de reabsorção
Uma substância que está sendo reabsorvida do líquido no lúmen dos túbulos pode seguir uma de duas vias antes de entrar
em um capilar peritubular: pode moverse entre células tubulares adjacentes ou através de uma célula tubular individual
(Figura 26.11). Ao longo do túbulo renal, zônulas de oclusão cercam e unem células vizinhas umas às outras, muito
parecido com o envoltório plástico que mantém um pacote de seis latas de refrigerante juntas. A membrana apical (o topo
das latas de refrigerante) está em contato com o líquido tubular, e a membrana basolateral (a base e as laterais das latas
de refrigerante) está em contato com o líquido intersticial na base e lados da célula.
O líquido pode vazar entre as células em um processo passivo conhecido como reabsorção paracelular. Mesmo que
as células epiteliais estejam ligadas por junções oclusivas, estas junções entre as células dos túbulos renais proximais são
“permeáveis” e possibilitam que algumas substâncias reabsorvidas passem entre as células para os capilares peritubulares.
Em algumas partes do túbulo renal, acreditase que a via paracelular represente até 50% da reabsorção de determinados
íons e da água que os acompanha por osmose. Na reabsorção transcelular, uma substância passa do líquido no lúmen
tubular através da membrana apical de uma célula do túbulo, cruza o citosol e sai para o líquido intersticial através da
membrana basolateral.
Mecanismos de transporte
Quando as células renais transportam os solutos para fora ou para dentro do líquido tubular, elas movem substâncias
específicas em apenas uma direção. Não surpreendentemente, diferentes tipos de proteínas transportadoras estão presentes
nas membranas apical e basolateral. As junções oclusivas formam uma barreira que impede a mistura de proteínas nos
compartimentos das membranas apical e basolateral. A reabsorção de Na+ pelos túbulos renais é especialmente importante
em decorrência da grande quantidade de íons sódio que passa através dos filtros glomerulares.
Ureia 54 g 24 g 30 g†
As células que revestem os túbulos renais, assim como outras células de todo o corpo, têm baixa concentração de Na+
no seu citosol em decorrência da atividade das bombas de sódiopotássio (Na+K+ ATPases). Estas bombas estão
localizadas nas membranas basolaterais e ejetam Na+ das células do túbulo renal (Figura 26.11). A ausência de bombas de
sódiopotássio na membrana apical assegura que a reabsorção de Na+ seja um processo unidirecional. A maior parte dos
íons sódio que cruza a membrana apical vai ser bombeada para o líquido intersticial na base e nas laterais da célula. A
quantidade de ATP utilizado pelas bombas de sódiopotássio nos túbulos renais é de aproximadamente 6% do consumo
total de ATP do corpo em repouso. Isso pode não parecer muito, mas é aproximadamente a mesma quantidade de energia
usada pelo diafragma ao se contrair durante a respiração tranquila.
Como observado no Capítulo 3, o transporte de material através das membranas pode ser ativo ou passivo. Lembrese
de que no transporte ativo primário a energia resultante da hidrólise do ATP é usada para “bombear” uma substância
através de uma membrana; a bomba de sódiopotássio é uma dessas bombas. No transporte ativo secundário, a energia
armazenada no gradiente eletroquímico de um íon, em vez da hidrólise de ATP, impulsiona outra substância através de uma
membrana. O transporte ativo secundário acopla o movimento de um íon contra o seu gradiente eletroquímico para o
movimento “morro acima” de uma segunda substância contra o seu gradiente eletroquímico. Os simportadores são
proteínas de membrana que movem duas ou mais substâncias no mesmo sentido através de uma membrana. Os
contratransportadores movem duas ou mais substâncias em sentidos opostos através de uma membrana. Cada tipo de
transportador tem um limite máximo de velocidade de atuação, assim como uma escada rolante tem um limite de quantas
pessoas ela pode transportar de um andar para outro em um determinado período. Este limite, chamado transporte
máximo (Tm), é medido em mg/min.
Na reabsorção paracelular, a água e os solutos no líquido tubular retornam para a corrente sanguínea movendose
entre as células tubulares; na reabsorção transcelular, os solutos e a água do líquido tubular retornam para a
corrente sanguínea passando através de uma célula do túbulo.
Qual é a principal função das junções oclusivas entre as células tubulares?
A reabsorção de soluto impulsiona a reabsorção de água, porque toda a reabsorção de água ocorre por osmose.
Aproximadamente 90% da reabsorção de água filtrada pelos rins ocorrem juntamente com a reabsorção de solutos, como o
Na+, o Cl– e a glicose. A água reabsorvida com solutos no líquido tubular é denominada reabsorção de água obrigatória,
porque a água é “obrigada” a seguir os solutos quando eles são reabsorvidos. Este tipo de reabsorção de água ocorre no
túbulo contorcido proximal e na parte descendente da alça de Henle, porque estes segmentos do néfron sempre são
permeáveis à água. A reabsorção dos últimos 10% de água, um total de 10 a 20 ℓ por dia, é chamada reabsorção de água
facultativa. A palavra facultativa indica que a reabsorção é “capaz de se adaptar a uma necessidade”. A reabsorção de água
facultativa é regulada pelo hormônio antidiurético e ocorre principalmente nos ductos coletores.
Quando a concentração de glicose no sangue é superior a 200 mg/mℓ, os simportadores renais não conseguem reabsorver toda a glicose que entra no ltrado
glomerular. Como resultado, um pouco de glicose permanece na urina, uma condição chamada glicosúria. A causa mais comum de glicosúria é o diabetes melito,
em que o nível de glicose no sangue pode subir muito acima do normal porque a atividade da insulina é de ciente. O excesso de glicose no ltrado glomerular inibe a
reabsorção de água pelos túbulos renais. Isto leva a um aumento do débito urinário (poliúria), diminuição do volume de sangue e desidratação.
Agora que vimos os princípios do transporte renal, vamos seguir o líquido filtrado do túbulo contorcido proximal até a
alça de Henle, para o túbulo contorcido distal e ao longo dos ductos coletores. Em cada segmento, iremos analisar onde e
como substâncias específicas são reabsorvidas e secretadas. O líquido filtrado se torna líquido tubular quando entra no
túbulo contorcido proximal. A composição do líquido tubular muda conforme ele flui ao longo do néfron e do ducto
coletor, em decorrência da reabsorção e secreção. O líquido que flui dos ductos papilares para a pelve renal é a urina.
Secreção e reabsorção no túbulo contorcido proximal
A maior quantidade de reabsorção de soluto e água a partir do líquido filtrado ocorre nos túbulos contorcidos proximais,
que reabsorvem 65% da água filtrada, Na+ e K+; 100% da maior parte dos solutos orgânicos filtrados, como a glicose e os
aminoácidos; 50% do Cl– filtrado; 80 a 90% do HCO3– filtrado; 50% da ureia filtrada; e uma quantidade variável dos íons
Ca2+, Mg2+ e HPO42– (fosfato) filtrados. Além disso, os túbulos contorcidos proximais secretam uma quantidade variável
de H+, íons amônia (NH4+) e ureia.
A maior parte da reabsorção de solutos no túbulo contorcido proximal (TCP) envolve o Na+. O transporte de Na+
ocorre via mecanismos utilizando simportadores e antiportadores no túbulo contorcido proximal. Normalmente, a glicose,
os aminoácidos, o ácido láctico, as vitaminas hidrossolúveis e outros nutrientes filtrados não são perdidos na urina. Em
vez disso, são completamente reabsorvidos na primeira metade do túbulo contorcido proximal por vários tipos de
simportadores Na+ localizados na membrana apical. A Figura 26.12 descreve o funcionamento de um destes
simportadores, o simportador Na+ glicose na membrana apical de uma célula do TCP. Dois íons Na+ e uma molécula de
glicose se ligam à proteína simportadora, que os transporta do líquido tubular para dentro da célula do túbulo. As
moléculas de glicose então saem através da membrana basolateral via difusão facilitada e se difundem para os capilares
peritubulares. Outros simportadores Na+ no TCP recuperam os íons HPO42– (fosfato) e SO42– (sulfato), todos os
aminoácidos e o ácido láctico filtrados de um modo semelhante.
Figura 26.12 Reabsorção de glicose pelos simportadores Na+ glicose nas células do túbulo contorcido proximal (TCP).
Em outro processo de transporte ativo secundário, os contratransportadores Na+H+ carregam o Na+ filtrado a favor
do seu gradiente de concentração para dentro de uma célula do TCP conforme o H+ é movido do citosol para o lúmen
(Figura 26.13A), fazendo com que o Na+ seja reabsorvido para o sangue e o H+ seja secretado no líquido tubular. As
células do TCP produzem o H+ necessário para manter os contratransportadores deslocandose da seguinte maneira. O
dióxido de carbono (CO2) se difunde do sangue peritubular ou líquido tubular ou é produzido por meio de reações
metabólicas no interior das células. Como também ocorre nas hemácias (ver Figura 23.23), a enzima anidrase carbônica
(AC) catalisa a reação do CO2 com a água (H2O) para formar o ácido carbônico (H2CO3); este, em seguida, dissociase em
H+ e HCO3–:
Figura 26.13 Ações dos contratransportadores Na+H+ nas células do túbulo contorcido proximal. A. Reabsorção de íons sódio
(Na+) e secreção de íons hidrogênio (H+) via transporte ativo secundário através da membrana apical. B. Reabsorção de íons bicarbonato
(HCO3–) via difusão facilitada através da membrana basolateral. CO2 = dióxido de carbono; H2CO3 = ácido carbônico; AC = anidrase
carbônica.
Figura 26.14 Reabsorção passiva de Cl –, K+, Ca2+, Mg2+, ureia e água na segunda metade do túbulo contorcido proximal.
Gradientes eletroquímicos promovem a reabsorção passiva de solutos pelas vias paracelular e transcelular.
Conforme a água deixa o líquido tubular, as concentrações dos solutos filtrados restantes aumentam. Na segunda
metade do TRP, os gradientes eletroquímicos para o Cl–, K+, Ca2+, Mg2+ e ureia promovem a sua difusão passiva para os
capilares peritubulares utilizando tanto as vias paracelular quanto transcelular. Entre estes íons, o Cl– está presente na
concentração mais elevada. A difusão do Cl– negativamente carregado para o líquido intersticial por meio da via paracelular
torna o líquido intersticial eletricamente mais negativo do que o líquido tubular. Essa negatividade promove a reabsorção
paracelular passiva de cátions como o K+, Ca2+ e Mg2+.
A amônia (NH3) é um produto residual tóxico derivado da desaminação (remoção de um grupo amina) de vários
aminoácidos, uma reação que ocorre principalmente nos hepatócitos (células do fígado). Os hepatócitos convertem a maior
parte desta amônia em ureia, um composto menos tóxico. Embora pequenas quantidades de ureia e amônia estejam
presentes no suor, a maior parte da secreção desses produtos residuais contendo nitrogênio ocorre por meio da urina. A
ureia e a amônia no sangue são filtrados no glomérulo e secretados pelas células tubulares proximais renais para o líquido
tubular.
As células do túbulo contorcido proximal podem produzir NH3 adicional pela desaminação do aminoácido glutamina,
em uma reação que produz igualmente HCO3–. A NH3 se liga rapidamente ao H+ para se tornar o íon amônio (NH4), que
pode substituir o H+ a bordo dos contratransportadores Na+H+ na membrana apical e ser secretado para o líquido tubular.
O HCO3– produzido nesta reação se move através da membrana basolateral e então se difunde para a corrente sanguínea,
fornecendo tampões adicionais ao plasma sanguíneo.
As células na parte ascendente espessa têm simportadores que simultaneamente reabsorvem um Na+, um K + e
dois Cl–.
Porque este processo é considerado um transporte ativo secundário? A reabsorção de água acompanha
a reabsorção de íons nesta região do néfron?
O movimento do K+ carregado positivamente para o líquido tubular através dos canais da membrana apical deixa o
líquido intersticial e o sangue com cargas mais negativas em relação ao líquido na parte ascendente da alça de Henle. Essa
negatividade relativa promove a reabsorção de cátions – Na+, K+, Ca2+ e Mg2+ – utilizando a via paracelular.
Embora aproximadamente 15% da água filtrada sejam reabsorvidos na parte descendente da alça de Henle, pouca ou
nenhuma água é reabsorvida na parte ascendente. Neste segmento do túbulo, as membranas apicais são praticamente
impermeáveis à água. Como os íons, mas não as moléculas de água, são reabsorvidos, a osmolaridade do líquido tubular
diminui progressivamente à medida que o líquido flui para a extremidade da parte ascendente.
Figura 26.16 Reabsorção de Na+ e secreção de K+ pelas células principais na parte final do túbulo contorcido distal e no ducto
coletor.
Na membrana apical das células principais, os canais de Na+ possibilitam a entrada de Na+ enquanto os canais de
K + possibilitam o efluxo de K + para o líquido tubular.
Qual hormônio estimula a reabsorção e secreção pelas células principais e como esse hormônio exerce o
seu efeito?
Sistema reninaangiotensinaaldosterona
Quando o volume de sangue e a pressão arterial diminuem, as paredes das arteríolas glomerulares aferentes são menos
distendidas, e as células justaglomerulares secretam a enzima renina no sangue. A estimulação simpática também estimula
diretamente a liberação de renina pelas células justaglomerulares. A renina retira um peptídio com 10 aminoácidos chamado
angiotensina I a partir do angiotensinogênio, que é sintetizado pelos hepatócitos (ver Figura 18.16). Ao retirar mais dois
aminoácidos, a enzima conversora de angiotensina (ECA) converte a angiotensina I em angiotensina II, que é a forma
ativa do hormônio.
A angiotensina II afeta a fisiologia renal de três modos principais:
1. Ela diminui a taxa de filtração glomerular, causando vasoconstrição das arteríolas glomerulares aferentes.
Ela aumenta a reabsorção de Na+, Cl– e água no túbulo contorcido proximal, estimulando a atividade dos
2. contratransportadores Na+H+.
3. Ela estimula o córtex da glândula suprarrenal a liberar aldosterona, um hormônio que por sua vez estimula as células
principais dos ductos coletores a reabsorver mais Na+ e Cl– e a secretar mais K+. A consequência osmótica de
reabsorver mais Na+ e Cl– é que mais água é reabsorvida, provocando aumento do volume sanguíneo e da pressão
arterial.
Hormônio antidiurético
O hormônio antidiurético (HAD) ou vasopressina é liberado pela neurohipófise. Ele regula a reabsorção facultativa de
água, aumentando a permeabilidade à água das células principais na parte final do túbulo contorcido distal e no túbulo
coletor. Se não houver HAD, as membranas apicais das células principais têm uma permeabilidade muito baixa à água. No
interior das células principais existem pequenas vesículas que contêm muitas cópias de uma proteína de canal de água
conhecida como aquaporina2.* O HAD estimula a inserção das vesículas contendo aquaporina2 nas membranas apicais
por exocitose. Como resultado, a permeabilidade à água da membrana apical da célula principal aumenta, e as moléculas de
água se movem mais rapidamente do líquido tubular para o interior das células. Como as membranas basolaterais são
sempre relativamente permeáveis à água, as moléculas de água então se movem rapidamente para o sangue. Os rins podem
produzir somente 400 a 500 mℓ de urina muito concentrada por dia quando a concentração de HAD é máxima, como por
exemplo durante a desidratação grave. Quando o nível de HAD declina, os canais de aquaporina2 são removidos da
membrana apical via endocitose. Os rins produzem um grande volume de urina diluída quando o nível de HAD é baixo.
Um sistema de feedback negativo envolvendo o HAD regula a reabsorção facultativa de água (Figura 26.17). Quando a
pressão osmótica ou a osmolaridade do plasma e dos líquidos intersticiais aumenta – isto é, quando a concentração de água
diminui – apenas 1%, os osmorreceptores no hipotálamo detectam a alteração. Os impulsos nervosos estimulam a secreção
de mais HAD para o sangue, e as células principais se tornam mais permeáveis à água. Conforme a reabsorção facultativa
de água aumenta, a osmolaridade do plasma diminui até o normal. Um segundo estímulo poderoso para a secreção de HAD
é a diminuição no volume de sangue, como ocorre na hemorragia ou na desidratação grave. Na ausência patológica de
atividade do HAD, uma condição conhecida como diabetes insípido, uma pessoa pode excretar até 20 ℓ de urina muito
diluída diariamente.
Figura 26.17 Regulação por feedback negativo da reabsorção facultativa de água pelo HAD.
Angiotensina II O baixo volume de sangue ou a baixa pressão Estimula a atividade dos Aumenta a reabsorção de
arterial estimulam a produção de contratransportadores Na+-H+ nas células do Na+, outros solutos e água,
angiotensina II induzida pela renina. túbulo contorcido proximal. aumentando o volume
sanguíneo e a pressão
arterial.
Aldosterona O aumento nos níveis de angiotensina II e o Melhora a atividade das bombas de sódio- Aumenta a secreção de K+ e
aumento do nível de K+ no plasma promovem potássio na membrana basolateral e os canais a reabsorção de Na+, Cl–;
a liberação de aldosterona pelo córtex da de Na+ na membrana apical das células aumenta a reabsorção de
glândula suprarrenal. principais do ducto coletor. água, o que aumenta o
volume sanguíneo e a
pressão arterial.
Hormônio antidiurético O aumento da osmolaridade do líquido Estimula a inserção de proteínas de canais de Aumenta a reabsorção
(HAD) extracelular ou a diminuição do volume água (aquaporina-2) nas membranas apicais facultativa de água, o que
sanguíneo promovem a liberação de HAD pela das células principais. diminui a osmolaridade dos
neuro-hipó se. líquidos corporais.
Peptídio natriurético A distensão dos átrios do coração estimula a Suprime a reabsorção de Na+ e água no Aumenta a secreção de Na+
atrial (PNA) secreção de PNA. túbulo contorcido proximal e ducto coletor; na urina (natriurese);
inibe a secreção de aldosterona e ADH. aumenta a produção de
urina (diurese) e, portanto,
diminui o volume sanguíneo
e a pressão arterial.
Hormônio paratireóideo A diminuição do nível de Ca2+ plasmático Estimula a abertura dos canais de Ca2+ nas Aumenta a reabsorção de
promove a liberação de PTH pelas glândulas membranas apicais das células da parte Ca2+.
paratireoides. inicial do túbulo contorcido distal.
Paratormônio
Embora os hormônios mencionados até agora envolvam a regulação da perda de água na urina, os túbulos renais também
respondem a um hormônio que regula a composição iônica. Por exemplo, um nível mais baixo do que o normal de Ca2+ no
sangue estimula as glândulas paratireoides a liberar o paratormônio (PTH). O PTH, por sua vez, estimula as células do
início dos túbulos contorcidos distais a reabsorver mais Ca2+ para o sangue. O PTH também inibe a reabsorção de HPO42–
(fosfato) pelos túbulos contorcidos proximais, promovendo assim a secreção de fosfato.
A Tabela 26.4 resume a regulação hormonal da reabsorção e secreção tubulares.
TESTE RÁPIDO
12. Esquematize a reabsorção das substâncias pelas vias transcelular e paracelular. Nomeie as estruturas da
membrana apical e da membrana basolateral. Onde estão localizadas as bombas de sódiopotássio?
13. Descreva dois mecanismos no TCP, um na alça de Henle, um no TCD e um no ducto coletor para a reabsorção
de Na+. Que outros solutos são reabsorvidos ou secretados com o Na+ em cada mecanismo?
14. Como as células intercaladas secretam íons hidrogênio?
+
15. Esquematize as porcentagens de água filtrada e Na filtrado que são reabsorvidas no TCP, na alça de Henle, no
TCD e no ducto coletor. Indique quais hormônios, se houver, regulam a reabsorção em cada segmento.
OBJETIVO
• Descrever como o túbulo renal e os ductos coletores produzem urina diluída e concentrada.
Mesmo que a ingestão de líquidos seja muito variável, o volume total de líquido no corpo humano normalmente permanece
estável. A homeostasia do volume de líquido corporal depende, em grande parte, da capacidade dos rins de regular a taxa
de perda de água na urina. Os rins com funcionamento normal produzem um grande volume de urina diluída quando a
ingestão de líquidos é elevada, e um pequeno volume de urina concentrada quando a ingestão de líquidos é baixa ou a perda
de líquidos é grande. O hormônio antidiurético controla se é formada urina diluída ou urina concentrada. Se não houver
HAD, a urina é muito diluída. No entanto, um nível elevado de HAD estimula a reabsorção de mais água para o sangue,
produzindo a urina concentrada.
Figura 26.18 Formação de urina diluída. Os números indicam a osmolaridade em miliosmoles por litro (mOsm/ℓ). As linhas marrons
espessas na parte ascendente da alça de Henle e no túbulo contorcido distal indicam impermeabilidade à água; as linhas azuis espessas
indicam a parte terminal do túbulo contorcido distal e o ducto coletor, que são impermeáveis à água na ausência de HAD; as áreas azul
claras ao redor do néfron representam o líquido intersticial.
Quando o nível de HAD é baixo, a urina é diluída e tem uma osmolaridade menor do que a osmolaridade do
sangue.
Quais partes do túbulo renal e do túbulo coletor reabsorvem mais solutos do que água para produzir
urina diluída?
1. Como a osmolaridade do líquido intersticial da medula renal se torna progressivamente maior, mais e mais água é
reabsorvida por osmose conforme o líquido tubular flui ao longo da parte descendente em direção à ponta da alça de
Henle. (A fonte deste gradiente osmótico medular será explicada adiante.) Como resultado, o líquido que permanece
no lúmen tornase progressivamente mais concentrado.
2. As células que revestem a parte ascendente espessa da alça de Henle têm simportadores que reabsorvem ativamente o
Na+, K+ e Cl– do líquido tubular (ver Figura 26.15). Os íons passam do líquido tubular para as células da parte
espessa da parte ascendente, então para o líquido intersticial e, por fim, um pouco se difunde para o sangue nas
arteríolas retas.
3. Embora os solutos estejam sendo reabsorvidos na parte ascendente espessa, a permeabilidade à água desta porção do
néfron é sempre muito baixa, por isso a água não pode seguir por osmose. Conforme os solutos – mas não as
moléculas de água – estão deixando o líquido tubular, sua osmolaridade cai para aproximadamente 150 mOsm/ℓ. O
líquido que entra no tubo contorcido distal é, portanto, mais diluído do que o plasma.
4. Enquanto o líquido continua fluindo ao longo do túbulo contorcido distal, são reabsorvidos solutos adicionais, e
apenas algumas moléculas de água. As células da parte inicial do túbulo contorcido distal não são muito permeáveis à
água e não são reguladas pelo HAD.
5. Por fim, as células principais da parte final dos túbulos contorcidos distais e ductos coletores são impermeáveis à
água quando o nível de HAD é muito baixo. Assim, o líquido tubular tornase progressivamente mais diluído à
medida que flui adiante. No momento em que o líquido tubular flui para a pelve renal, sua concentração pode estar em
65 a 70 mOsm/ℓ. Isto é quatro vezes mais diluído do que o plasma sanguíneo ou o filtrado glomerular.
Multiplicação em contracorrente
A multiplicação em contracorrente é o processo pelo qual um gradiente osmótico que aumenta progressivamente é
formado no líquido intersticial da medula renal como resultado do fluxo em contracorrente. A multiplicação em
contracorrente envolve as alças de Henle longas dos néfrons justamedulares. Observe na Figura 26.19A que a parte
descendente da alça de Henle transporta líquido tubular do córtex renal profundo para a medula, e a parte ascendente
transportao na direção oposta. Uma vez que o fluxo em contracorrente ao longo das alças descendente e ascendente da alça
de Henle longa estabelece o gradiente osmótico na medula renal, dizse que a alça de Henle longa atua como um
multiplicador por contracorrente. Os rins usam este gradiente osmótico para excretar urina concentrada.
Figura 26.19 Mecanismo de concentração da urina nas alças de Henle longas dos néfrons justamedulares. A linha verde indica a
presença de simportadores Na+K+2Cl – que reabsorvem simultaneamente esses íons para o líquido intersticial da medula renal; esta
porção do néfron também é relativamente impermeável à água e à ureia. Todas as concentrações estão em miliosmóis por litro (mOsm/ℓ).
A formação da urina concentrada depende de concentrações elevadas de solutos no líquido intersticial da medula
renal.
Quais solutos são os principais contribuintes para a alta osmolaridade do líquido intersticial na medula
renal?
A produção de urina concentrada pelos rins ocorre da seguinte maneira (Figura 26.19):
Simportadores nas células da parte ascendente espessa da alça de Henle causam um acúmulo de Na+ e Cl– na
medula renal. Na parte ascendente espessa da alça de Henle, os simportadores Na+K+2Cl– reabsorvem Na+ e Cl– do
líquido tubular (Figura 26.19A). A água não é reabsorvida neste segmento, no entanto, porque as células são
impermeáveis à água. Como resultado, há um acúmulo de íons Na+ e Cl– no líquido intersticial da medula.
O fluxo em contracorrente pelas partes descendente e ascendente da alça de Henle estabelece um gradiente
osmótico na medula renal. Como o líquido tubular se move constantemente da parte descendente para a parte
ascendente espessa da alça de Henle, a parte ascendente espessa está constantemente reabsorvendo Na+ e Cl–. Por
conseguinte, o Na+ e o Cl– reabsorvidos se tornam cada vez mais concentrados no líquido intersticial da medula renal,
o que resulta na formação de um gradiente osmótico que varia de 300 mOsm/ℓ na medula externa a 1.200 mOsm/ℓ
profundamente na medula interna. A parte descendente da alça de Henle é muito permeável à água, mas é
impermeável a solutos, exceto a ureia. Como a osmolaridade do líquido intersticial fora da parte descendente é maior
do que a do líquido tubular dentro dela, a água se move para fora da parte descendente via osmose. Isto faz com que a
osmolaridade do líquido tubular aumente. À medida que o líquido prossegue ao longo da parte descendente, sua
osmolaridade aumenta ainda mais: na curva fechada da alça, a osmolaridade pode chegar a 1.200 mOsm/ℓ nos néfrons
justamedulares. Como você já viu, a parte ascendente da alça de Henle é impermeável à água, mas seus simportadores
reabsorvem Na+ e Cl– do líquido tubular para o líquido intersticial da medula renal, de modo que a osmolaridade do
líquido tubular diminui progressivamente à medida que ele flui pela parte ascendente. Na junção entre a medula e o
córtex, a osmolaridade do líquido tubular cai para aproximadamente 100 mOsm/ ℓ . Em geral, o líquido tubular se
torna progressivamente mais concentrado conforme flui ao longo da parte descendente e progressivamente mais
diluído enquanto passa ao longo da parte ascendente.
Células nos ductos coletores reabsorvem mais água e ureia. Quando o HAD aumenta a permeabilidade à água das
células principais, a água se move rapidamente por osmose para fora do líquido do ducto coletor para o líquido
intersticial da medula interna, e então para as arteríolas retas. Com a perda de água, a ureia deixada para trás no
líquido tubular do ducto coletor tornase cada vez mais concentrada. Como as células tubulares profundas da medula
são permeáveis à ureia, ela se difunde do líquido no túbulo para o líquido intersticial da medula.
A reciclagem de ureia provoca seu acúmulo na medula renal. Conforme a ureia se acumula no líquido intersticial,
um pouco dela se difunde para o líquido tubular nas partes descendente e ascendente delgada das alças de Henles
longas, que também são permeáveis à ureia (Figura 26.19A). No entanto, enquanto o líquido flui pela parte
ascendente espessa, túbulo contorcido distal e parte cortical do ducto coletor, a ureia permanece no lúmen porque as
células nesses segmentos são impermeáveis a ela. Conforme o líquido flui pelos ductos coletores, a reabsorção de
água continua via osmose porque existe HAD. Esta reabsorção de água aumenta ainda mais a concentração de ureia
no líquido tubular, mais ureia se difunde para o líquido intersticial da medula renal interna, e o ciclo se repete. A
transferência constante de ureia entre os segmentos do túbulo renal e o líquido intersticial da medula é chamada
reciclagem de ureia. Desta maneira, a reabsorção de água a partir do líquido dos túbulos promove o acúmulo de ureia
no líquido intersticial da medula renal, o que por sua vez promove a reabsorção de água. Os solutos deixados para
trás no lúmen então se tornam muito concentrados, e um pequeno volume de urina concentrada é excretado.
Troca em contracorrente
A troca em contracorrente é o processo pelo qual a água e os solutos são passivamente trocados entre o sangue das
arteríolas retas e o líquido intersticial da medula renal, como resultado do fluxo em contracorrente. Observe na Figura
26.19B que as arteríolas retas também consistem em alças descendentes ou ascendentes, que são paralelas uma à outra e à
alça de Henle. Assim como o líquido tubular flui em direções opostas na alça de Henle, o sangue flui em direções opostas
nas partes ascendente e descendente das arteríolas retas. Uma vez que o fluxo em contracorrente entre as partes descendente
e ascendente das arteríolas retas possibilita a troca de solutos e água entre o sangue e o líquido intersticial da medula renal,
dizse que as arteríolas retas atuam como um trocador por contracorrente.
O sangue que entra nas arteríolas retas tem uma osmolaridade de aproximadamente 300 mOsm/ℓ. À medida que ele
flui ao longo da parte descendente para a medula renal, onde o líquido intersticial se torna cada vez mais concentrado, o
Na+, o Cl– e a ureia se difundem do líquido intersticial para o sangue e a água se difunde do sangue para o líquido
intersticial. Mas depois que a osmolaridade aumenta, o sangue flui para a parte ascendente das arteríolas retas. Aqui, o
sangue flui por uma região em que o líquido intersticial se torna cada vez menos concentrado. Como resultado, o Na+, o
Cl– e a ureia se difundem do sangue de volta para o líquido intersticial, e a água se difunde do líquido intersticial de volta
para as arteríolas retas. A osmolaridade do sangue que sai das arteríolas retas é apenas ligeiramente maior do que a
osmolaridade do sangue que entra nas arteríolas retas. Assim, as arteríolas retas fornecem oxigênio e nutrientes para a
medula renal sem extinguir nem diminuir o gradiente osmótico. A alça de Henle longa estabelece o gradiente osmótico na
medula renal por meio da multiplicação em contracorrente, mas as arteríolas retas mantêm o gradiente osmótico na medula
renal por troca em contracorrente.
A Figura 26.20 resume os processos de filtração, reabsorção e secreção em cada segmento do néfron e do ducto
coletor.
A filtração ocorre no corpúsculo renal; a reabsorção ocorre ao longo do túbulo renal e dos ductos coletores.
Em quais segmentos do néfron e ducto coletor ocorre a secreção?
Os diuréticos são substâncias que desaceleram a reabsorção renal de água e, assim, aumentam a diurese, elevando o uxo de urina, o que por sua vez reduz o
volume sanguíneo. Os diuréticos são frequentemente prescritos para tratar a hipertensão arterial, pois a redução no volume sanguíneo geralmente reduz a pressão
arterial. Os diuréticos de ocorrência natural incluem a cafeína no café, no chá e nos refrigerantes, que inibe a reabsorção de Na+, e o álcool etílico da cerveja, do vinho
e de destilados, que inibe a secreção de HAD. A maior parte dos fármacos diuréticos atua por interferência no mecanismo da reabsorção de Na+ ltrado. Por exemplo,
os diuréticos de alça, como a furosemida, inibem seletivamente os simportadores Na+-K+-2Cl– na parte ascendente espessa da alça de Henle (ver Figura 26.15). Os
diuréticos tiazídicos, como a clorotiazida, atuam no túbulo contorcido distal, onde promovem a perda de Na+ e Cl– na urina por meio da inibição de simportadores
Na+-Cl–.
TESTE RÁPIDO
16. Como os simportadores na parte ascendente da alça de Henle e as células principais do ducto coletor
contribuem para a formação de urina concentrada?
17. Como o HAD regula a reabsorção facultativa de água?
18. O que é mecanismo de contracorrente? Por que ele é importante?
A avaliação de rotina da função renal envolve avaliar a quantidade e a qualidade da urina e os níveis de escórias
metabólicas no sangue.
CARACTERÍSTICA DESCRIÇÃO
Cor Amarelo ou âmbar; varia com a concentração de urina e dieta. A cor é decorrente do urocromo (pigmento
produzido a partir da decomposição da bile) e da urobilina (decorrente da degradação da hemoglobina). A urina
concentrada tem uma coloração mais escura. A coloração é afetada pela dieta (avermelhada pela beterraba),
medicamentos e certas doenças. Os cálculos renais podem provocar hematúria.
Odor Ligeiramente aromática; torna-se semelhante à amônia quando em repouso. Algumas pessoas herdam a
capacidade de formar metilmercaptana após a ingestão de aspargos, o que confere um odor característico. A urina
dos diabéticos tem um odor frutado decorrente dos corpos cetônicos.
pH Varia entre 4,6 e 8,0; média 6,0; varia consideravelmente com a dieta. As dietas hiperproteicas aumentam a
acidez; as dietas vegetarianas aumentam a alcalinidade.
Densidade especí ca A densidade especí ca é a relação entre o peso do volume da substância e o peso de um volume igual de água
destilada. Na urina, vai de 1,001 a 1,035. Quanto maior a concentração de solutos, maior a densidade especí ca.
A água representa aproximadamente 95% do volume total da urina. Os 5% restantes consistem em eletrólitos, solutos
derivados do metabolismo celular e substâncias exógenas, como fármacos. A urina normal praticamente não contém
proteína. Os solutos típicos encontrados na urina incluem os eletrólitos filtrados e secretados que não são reabsorvidos, a
ureia (resultante da degradação das proteínas), a creatinina (resultante da clivagem de fosfato de creatina nas fibras
musculares), o ácido úrico (resultante da clivagem de ácidos nucleicos), o urobilinogênio (resultante da clivagem da
hemoglobina) e pequenas quantidades de outras substâncias, como ácidos graxos, pigmentos, enzimas e hormônios.
Se uma doença altera o metabolismo do corpo ou a função do rim, podem aparecer vestígios de substâncias que
normalmente não são encontradas na urina, ou constituintes normais podem aparecer em quantidades anormais. A Tabela
26.6 lista vários constituintes anormais na urina que podem ser detectados como parte de um exame de urina. Os valores
normais dos componentes da urina e as implicações clínicas dos desvios da normalidade estão listados no Apêndice D.
Exames de sangue
Dois exames de sangue fornecem informações sobre a função renal. Um deles é a determinação dos níveis sanguíneos de
ureia, resultante do catabolismo e desaminação de aminoácidos. Quando a TFG diminui significativamente, como pode
ocorrer em caso de doença renal ou obstrução do sistema urinário, os níveis sanguíneos de ureia se elevam abruptamente.
Uma estratégia terapêutica é reduzir a ingestão de proteínas, com consequente redução da produção de ureia.
Albumina Constituinte normal do plasma; geralmente aparece apenas em quantidades muito pequenas na urina, porque é
demasiadamente grande para atravessar as fenestrações capilares. O excesso de albumina na urina – a
albuminúria – indica aumento na permeabilidade das membranas de ltração decorrente de uma lesão ou
doença, aumento da pressão arterial ou irritação das células renais por substâncias como toxinas bacterianas, éter
ou metais pesados.
Glicose A presença de glicose na urina – a glicosúria – normalmente indica diabetes melito. Ocasionalmente é causada
pelo estresse, que pode provocar a secreção excessiva de epinefrina. A epinefrina estimula a clivagem do
glicogênio e a liberação de glicose pelo fígado.
Hemácias (eritrócitos) O achado de eritrócitos na urina – hematúria – geralmente indica uma condição patológica. Uma causa é a
in amação aguda de órgãos urinários em decorrência de uma doença ou irritação por cálculos renais. Outras
causas: tumores, traumatismo, doença renal, contaminação da amostra por sangue menstrual.
Corpos cetônicos Altos níveis de corpos cetônicos na urina – cetonúria – são sugestivos de diabetes melito, anorexia, inanição ou
muito pouco carboidrato na dieta.
Bilirrubina Quando os eritrócitos são destruídos por macrófagos, a porção de globina da hemoglobina é separada e o grupo
heme é convertido em biliverdina. A maior parte da biliverdina é convertida em bilirrubina, o que dá à bile a sua
principal pigmentação. O nível acima do normal de bilirrubina na urina é chamado bilirrubinúria.
Cilindros Os cilindros são pequenas massas de material que endureceram e assumem a forma do lúmen do túbulo em que
se formaram, de onde são liberados quando o ltrado se acumula atrás deles. Os cilindros são nomeados de acordo
com as células ou substâncias que os compõem ou de acordo com sua aparência (p. ex., cilindros leucocitários,
cilindros hemáticos e cilindros epiteliais, que contêm células das paredes dos túbulos).
Microrganismos O número e o tipo de bactérias variam de acordo com a infecção urinária especí ca. Uma das causas mais comuns
é E. coli. A maioria dos fungos consiste em Candida albicans, uma causa de vaginite. O protozoário mais frequente é
Trichomonas vaginalis, uma causa da vaginite em mulheres e uretrite em homens.
Outro exame frequentemente utilizado para avaliar a função renal é a determinação da creatinina plasmática, que
resulta do catabolismo do fosfato de creatina no músculo esquelético. Normalmente, o nível sanguíneo de creatinina
permanece estável porque a taxa de secreção de creatinina na urina é igual a sua produção pelo músculo. Um nível de
creatinina acima de 1,5 mg/dℓ (135 mmol/ ℓ ) geralmente é uma indicação de má função renal. Os valores normais para
exames de sangue específicos estão listados no Apêndice C, juntamente com situações que podem fazer com que os valores
aumentem ou diminuam.
em que U e P são as concentrações da substância na urina e no plasma, respectivamente (ambas expressas nas mesmas
unidades, como mg/mℓ), e V é a taxa de fluxo de urina em mℓ/min.
A depuração de um soluto depende de três processos básicos de um néfron: filtração glomerular, reabsorção tubular e
secreção tubular. Considere uma substância que é filtrada, mas não é reabsorvida nem secretada. A sua depuração é igual à
sua TFG, pois todas as moléculas que passam pela membrana de filtração aparecem na urina. Isto é o que ocorre com o
polissacarídio vegetal inulina; ela passa facilmente pelo filtro, não é reabsorvida nem secretada. (Não se deve confundir a
inulina com o hormônio insulina, que é produzido pelo pâncreas.) Normalmente, a depuração da inulina é de
aproximadamente 125 mℓ /min, que é igual à sua taxa de filtração glomerular. Na prática clínica, a depuração da inulina
pode ser utilizada para determinar a taxa de filtração glomerular. A depuração da inulina é obtida da seguinte maneira: a
inulina é administrada por via intravenosa e, em seguida, medemse as concentrações de inulina no plasma e na urina,
juntamente com o fluxo de urina. Embora a utilização da depuração da inulina seja um método preciso para determinar a
taxa de filtração glomerular, ela tem suas desvantagens: A inulina não é produzida pelo organismo e deve ser infundida
continuamente enquanto estão sendo realizadas as mensurações. Medir a depuração da creatinina é uma maneira mais fácil
de avaliar a TFG, porque a creatinina é uma substância que é produzida naturalmente pelo organismo como um produto
final do metabolismo muscular. Quando a creatinina é filtrada, não é reabsorvida, e é secretada apenas em uma quantidade
muito pequena. Como há uma pequena quantidade de secreção de creatinina, a depuração da creatinina é apenas uma
estimativa aproximada da TFG e não é tão precisa quanto analisar a depuração da inulina. A depuração da creatinina
normalmente é de aproximadamente 120 a 140 mℓ/min.
Se os rins de uma pessoa estão prejudicados por doenças ou lesões a ponto de serem incapazes de funcionar adequadamente, então o sangue deve ser depurado
arti cialmente por meio de diálise, a separação entre os grandes e pequenos solutos por difusão através de uma membrana seletivamente permeável. Um método
de diálise é a hemodiálise, que ltra diretamente o sangue do paciente removendo escórias metabólicas e eletrólitos e líquidos em excesso e, em seguida, devolve o
sangue depurado para o paciente. O sangue retirado do corpo passa por um hemodialisador. Dentro do hemodialisador, o sangue ui através de uma membrana de
diálise, que contém poros su cientemente grandes para possibilitar a difusão de pequenos solutos. Uma solução especial, chamada dialisado, é bombeada para o
hemodialisador de modo a circundar a membrana de diálise. O dialisado é especialmente formulado para manter gradientes de difusão que removem as escórias
metabólicas do sangue (como ureia, creatinina, ácido úrico, excesso de fosfato, potássio e íons sulfato) e adicionam substâncias necessárias (como glicose e íons
bicarbonato) a ele. O sangue depurado é passado através de um detector de êmbolos de ar para remover o ar e, em seguida, devolvido ao corpo. Adiciona-se um
anticoagulante (heparina) para evitar a coagulação do sangue no hemodialisador. Como regra geral, a maior parte das pessoas que faz hemodiálise precisa de
aproximadamente 6 a 12 h por semana de tratamento, habitualmente divididas em três sessões.
Outro método de diálise, chamado de diálise peritoneal, usa o peritônio da cavidade abdominal como a membrana de diálise para ltrar o sangue. O peritônio
tem uma grande área de superfície e diversos vasos sanguíneos, e é um ltro muito efetivo. Insere-se um cateter na cavidade peritoneal, que é ligado a uma bolsa de
dialisado. O líquido ui por gravidade para a cavidade peritoneal e é deixado lá durante tempo su ciente para possibilitar que as escórias metabólicas e o excesso de
eletrólitos e líquidos se difunda para o dialisado. Em seguida, o dialisado é drenado para fora para uma bolsa, descartado e substituído por dialisado novo.
Cada ciclo é chamado troca. Uma variação da diálise peritoneal, chamada diálise peritoneal ambulatorial contínua (CAPD), pode ser realizada em casa.
Normalmente, o dialisado é drenado e reabastecido 4 vezes/dia e uma vez à noite durante o sono. Entre as trocas, a pessoa pode se mover livremente com o dialisado
na cavidade peritoneal.
A depuração do ânion orgânico ácido paraaminohipúrico (PAH) também tem importância clínica. Depois que o
PAH é administrado por via intravenosa, ele é filtrado e secretado em uma única passagem pelos rins. Deste modo, a
depuração do PAH é usada para medir o fluxo plasmático renal, o volume de plasma que passa pelos rins em 1 min.
Normalmente, o fluxo plasmático renal é de 650 m ℓ /minuto, o que é aproximadamente 55% do fluxo sanguíneo renal
(1.200 mℓ/minuto).
TESTE RÁPIDO
19. Quais são as características da urina normal?
20. Quais substâncias químicas são encontradas normalmente na urina?
21. Como pode ser avaliada a função renal?
22. Por que as depurações plasmáticas renais da glicose, ureia e creatinina são diferentes? Como cada depuração
se compara com a TFG?
A partir dos ductos coletores, a urina flui para os cálices renais menores, que se unem para se tornar os cálices renais
maiores, que se juntam para formar a pelve renal (ver Figura 26.3). A partir da pelve renal, a urina flui primeiro para os
ureteres e, em seguida, para a bexiga urinária. A urina é então eliminada do corpo por uma uretra única (ver Figura 26.1).
Ureteres
Cada um dos dois ureteres transporta a urina da pelve renal de um rim para a bexiga urinária. Contrações peristálticas das
paredes musculares dos ureteres empurram a urina para a bexiga urinária, mas a pressão hidrostática e a gravidade também
contribuem. Ondas peristálticas que vão da pelve renal à bexiga urinária variam em frequência de 1 a 5 por minuto,
dependendo da velocidade em que a urina está sendo formada.
Os ureteres têm 25 a 30 cm de comprimento. São tubos estreitos de paredes espessas, que variam entre 1 e 10 mm de
diâmetro ao longo do seu trajeto entre a pelve renal e a bexiga urinária. Como os rins, os ureteres são retroperitoneais. Na
base da bexiga urinária, os ureteres se curvam medialmente e atravessam obliquamente a parede da face posterior da bexiga
urinária (Figura 26.21).
Embora não haja uma válvula anatômica na abertura de cada ureter na bexiga urinária, uma válvula fisiológica é
bastante efetiva. À medida que a bexiga se enche com urina, a pressão em seu interior comprime as aberturas oblíquas para
os ureteres e impede o refluxo de urina. Quando esta válvula fisiológica não está funcionando corretamente, é possível que
microrganismos passem da bexiga urinária para os ureteres, infectando um ou ambos os rins.
Três camadas de tecido formam a parede dos ureteres. A camada mais profunda, a túnica mucosa, tem epitélio de
transição (ver Tabela 4.1I) e uma lâmina própria subjacente de tecido conjuntivo areolar com uma quantidade
considerável de colágeno, fibras elásticas e tecido linfático. O epitélio de transição é capaz de se distender – uma vantagem
importante para qualquer órgão que precisa acomodar um volume variável de líquido. O muco secretado pelas células
caliciformes da túnica mucosa impede que as células entrem em contato com a urina, cuja concentração de soluto e cujo pH
podem diferir drasticamente do citosol das células que formam a parede dos ureteres.
Ao longo da maior parte do comprimento dos ureteres, o revestimento intermediário, a túnica muscular, é constituído
por camadas longitudinais internas e circulares externas de fibras musculares lisas. Esta disposição é oposta à do canal
alimentar, que contém camadas circulares internas e longitudinais externas. A túnica muscular do terço distal dos ureteres
também contém uma camada externa de fibras musculares longitudinais. Assim, a túnica muscular do terço distal do ureter
é longitudinal internamente, circular centralmente e longitudinal externamente. O peristaltismo é a principal função da
túnica muscular.
O revestimento superficial dos ureteres é a túnica adventícia, uma camada de tecido conjuntivo areolar que contém
vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos que suprem a túnica muscular e a túnica mucosa. A túnica adventícia mesclase
a áreas de tecido conjuntivo e mantém os ureteres em posição.
Bexiga urinária
A bexiga urinária é um órgão muscular oco e distensível situado na cavidade pélvica posteriormente à sínfise púbica. Nos
homens, é diretamente anterior ao reto; nas mulheres, é anterior à vagina e inferior ao útero (ver Figura 26.22). Pregas do
peritônio mantêm a bexiga em sua posição. Quando ligeiramente distendida em decorrência do acúmulo de urina, a bexiga
urinária é esférica. Quando está vazia, ela se achata. Conforme o volume de urina aumenta, tornase piriforme e ascende
para a cavidade abdominal. A capacidade média da bexiga urinária é de 700 a 800 mℓ. Ela é menor nas mulheres, porque o
útero ocupa o espaço imediatamente superior à bexiga urinária.
Três camadas formam a parede da bexiga urinária. A mais profunda é a túnica mucosa, uma membrana mucosa
composta por epitélio de transição e uma lâmina própria subjacente semelhante à dos ureteres. O epitélio de transição
possibilita o estiramento. Além disso, existem pregas de mucosa que possibilitam a expansão da bexiga urinária. Em torno
da túnica mucosa está a intermediária túnica muscular, também chamada músculo detrusor da bexiga, que é formada
por três camadas de fibras de músculo liso: as camadas longitudinal internamente, circular na parte intermédia e
longitudinal externamente. Em torno da abertura da uretra, as fibras circulares formam o músculo esfíncter interno da
uretra; abaixo dele está o músculo esfíncter externo da uretra, composto por músculo esquelético e proveniente do
músculo transverso profundo do períneo (ver Figura 11.12). O revestimento mais superficial da bexiga urinária nas faces
posterior e inferior é a túnica adventícia, uma camada de tecido conjuntivo areolar que é contínua com a dos ureteres.
Sobre a face superior da bexiga urinária está a túnica serosa, uma camada de peritônio visceral.
Figura 26.22 Comparação entre as uretras masculina e feminina.
A uretra masculina mede aproximadamente 20 cm de comprimento, enquanto a uretra feminina mede cerca de 4
cm de comprimento.
Reflexo de micção
A eliminação de urina da bexiga urinária é chamada micção. A micção ocorre por meio de uma combinação de contrações
musculares involuntárias e voluntárias. Quando o volume de urina na bexiga excede 200 a 400 mℓ, a pressão intravesical
aumenta consideravelmente, e receptores de estiramento em suas paredes transmitem os impulsos nervosos para a medula
espinal. Esses impulsos se propagam até o centro da micção nos segmentos medulares sacrais S2 e S3 e desencadeiam um
reflexo espinal chamado reflexo de micção. Neste arco reflexo, impulsos parassimpáticos do centro da micção se
propagam para a parede da bexiga urinária e músculo esfíncter interno da uretra. Os impulsos nervosos provocam a
contração do músculo detrusor da bexiga e o relaxamento do músculo esfíncter interno da uretra. Ao mesmo tempo, o
centro de micção inibe neurônios motores somáticos que inervam o músculo esquelético esfíncter externo da uretra. Com a
contração da parede da bexiga urinária e o relaxamento dos esfíncteres, ocorre a micção. O enchimento da bexiga urinária
provoca uma sensação de plenitude, que inicia um desejo consciente de urinar antes de o reflexo miccional efetivamente
ocorrer. Embora o esvaziamento da bexiga urinária seja um reflexo, na primeira infância aprendemos a iniciálo e
interrompêlo de modo voluntário. Por meio do controle aprendido sobre o músculo esfíncter externo da uretra e
determinados músculos do assoalho pélvico, o córtex cerebral pode iniciar a micção ou retardar o seu aparecimento por um
período de tempo limitado.
Uretra
A uretra é um pequeno tubo que vai do óstio interno da uretra no assoalho da bexiga urinária até o exterior do corpo
(Figura 26.22). Em homens e mulheres, a uretra é a parte terminal do sistema urinário e a via de passagem para a descarga
de urina do corpo. Nos homens, também libera o sêmen (líquido que contém espermatozoides).
Nos homens, a uretra também se estende do óstio interno da uretra até o exterior, mas o seu comprimento e via de
passagem através do corpo são consideravelmente diferentes do que nas mulheres (Figura 26.22A). A uretra masculina
primeiro atravessa a próstata, em seguida o músculo transverso profundo do períneo e, finalmente, o pênis, percorrendo
uma distância de aproximadamente 20 cm.
A uretra masculina, que também consiste em uma túnica mucosa profunda e uma túnica muscular superficial, é
subdividida em três regiões anatômicas: (1) A parte prostática, que passa através da próstata. (2) A parte membranácea,
a porção mais curta, que atravessa o músculo transverso profundo do períneo. (3) A parte esponjosa, a mais longa, que
atravessa o pênis. O epitélio da parte prostática é contínuo com o da bexiga urinária e consiste em epitélio de transição, que
se torna epitélio colunar estratificado ou epitélio colunar pseudoestratificado mais distalmente. A túnica mucosa da parte
membranácea contém epitélio colunar estratificado ou epitélio colunar pseudoestratificado. O epitélio da parte esponjosa é
composto por epitélio colunar estratificado ou colunar pseudoestratificado, exceto perto do óstio externo da uretra. Neste
local, é composto por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. A lâmina própria da uretra masculina é
composta por tecido conjuntivo areolar, com fibras elásticas e um plexo de veias.
A túnica muscular da parte prostática é composta principalmente por fibras de músculo liso circulares superficiais à
lâmina própria; estas fibras circulares ajudam a formar o músculo esfíncter interno da uretra da bexiga urinária. A túnica
muscular da parte membranácea consiste em fibras musculares esqueléticas provenientes do músculo transverso profundo
do períneo dispostas circularmente, que ajudam a formar o músculo esfíncter externo da uretra.
Várias glândulas e outras estruturas associadas à reprodução liberam seus conteúdos na uretra masculina (ver Figura
28.9). A parte prostática da uretra contém as aberturas (1) dos ductos que transportam secreções da próstata e (2) das
glândulas seminais e do ducto deferente, que liberam os espermatozoides para a uretra e fornecem secreções que
neutralizam a acidez do sistema genital feminino e contribuem para a mobilidade e a viabilidade dos espermatozoides. Os
ductos das glândulas bulbouretrais se abrem na parte esponjosa da uretra. Eles liberam uma substância alcalina antes da
ejaculação, que neutraliza a acidez da uretra. As glândulas também secretam muco, que lubrifica a extremidade do pênis
durante a excitação sexual. Ao longo da uretra, mas especialmente na parte esponjosa da uretra, as aberturas dos ductos das
glândulas uretrais liberam muco durante a excitação sexual e a ejaculação.
A falta de controle voluntário sobre a micção é chamada incontinência urinária. Em lactentes e crianças menores de 2 a 3 anos de idade, a incontinência é normal,
porque os neurônios para o músculo esfíncter externo da uretra não estão completamente desenvolvidos; a micção ocorre sempre que a bexiga urinária é
su cientemente dilatada para estimular o re exo de micção. A incontinência urinária também ocorre em adultos. Existem quatro tipos de incontinência urinária –
por estresse, de urgência, por transbordamento e funcional. A incontinência urinária por estresse é o tipo mais comum de incontinência em mulheres jovens e de
meia-idade. Resulta da fraqueza dos músculos profundos do assoalho pélvico. Como resultado, todo esforço físico que aumenta a pressão abdominal, como tossir,
espirrar, rir, fazer exercícios, fazer força, levantar objetos pesados e a gestação, levam à perda de urina da bexiga urinária. A incontinência urinária de urgência é
mais comum em pessoas idosas e é caracterizada por desejo súbito e intenso de urinar, seguido por perda involuntária de urina. Pode ser causada por irritação da
parede da bexiga urinária por infecção ou cálculos renais, acidente vascular cerebral ou encefálico, esclerose múltipla, lesão raquimedular ou ansiedade. A
incontinência por transbordamento se refere à perda involuntária de pequenos volumes de urina causada por algum tipo de bloqueio ou contrações fracas da
musculatura da bexiga urinária. Quando o uxo de urina é bloqueado (p. ex., por aumento da próstata ou cálculos renais) ou quando os músculos da bexiga urinária
não conseguem se contrair, a bexiga ca sobrecarregada e a pressão em seu interior aumenta até que pequenos volumes de urina gotejem para fora. A
incontinência urinária funcional é a perda de urina decorrente da incapacidade de chegar a um banheiro a tempo, como resultado de condições como AVC, artrite
grave ou doença de Alzheimer. A escolha do tratamento adequado depende do diagnóstico correto do tipo de incontinência. Os tratamentos incluem exercícios de
Kegel (ver Correlação clínica | Traumatismo do músculo levantador do ânus e incontinência urinária por estresse no Capítulo 11), treinamento da bexiga urinária,
medicação e, possivelmente, até mesmo uma cirurgia.
Nas mulheres, a uretra encontrase diretamente posterior à sínfise púbica; é dirigida obliquamente, inferiormente e
anteriormente; e tem um comprimento de 4 cm (Figura 26.22B). A abertura da uretra para o exterior, o óstio externo da
uretra, está localizada entre o clitóris e a abertura vaginal (ver Figura 28.11A). A parede da uretra feminina é constituída
por uma túnica mucosa profunda e uma túnica muscular superficial. A túnica mucosa é uma membrana mucosa composta
por epitélio e lâmina própria (tecido conjuntivo areolar com fibras elásticas e um plexo de veias). Perto da bexiga
urinária, a túnica mucosa contém epitélio de transição, que é contínuo com o da bexiga urinária; perto do óstio externo da
uretra, é composto por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. Entre estas áreas, a túnica mucosa contém
epitélio colunar estratificado ou colunar pseudoestratificado. A túnica muscular consiste em fibras musculares lisas
dispostas circularmente e é contínua com a da bexiga urinária.
Um resumo dos órgãos do aparelho urinário é apresentado na Tabela 26.7.
Rins Parte posterior do abdome, entre a última vertebra Órgãos sólidos, avermelhados, em formato de feijão. Regular o volume e
torácica e L III, posteriores ao peritônio a composição do
(retroperitoneais). Relacionam-se com as costelas XI e Estrutura interna: três sistemas tubulares (artérias, sangue, ajudar a
XII. veias, túbulos urinários). regular a pressão
arterial, sintetizar
glicose, liberar
eritropoetina,
participar da síntese
de vitamina D,
excretar escórias
metabólicas na
urina.
Ureteres Posteriores ao peritônio (retroperitoneais); descem do Tubos espessos de paredes musculares, com três Tubos que
rim até a bexiga urinária ao longo da face anterior do camadas estruturais: túnica mucosa do epitélio de transportam a urina
músculo psoas maior e cruzam para trás da pelve até transição, túnica muscular com camadas circulares e dos rins até a bexiga
alcançar a face posteroinferior da bexiga urinária longitudinais de músculo liso, túnica adventícia de urinária.
anteriormente ao sacro. tecido conjuntivo areolar.
Bexiga urinária Cavidade pélvica anterior ao sacro e reto nos homens e Órgão oco, distensível e muscular, com forma variável Órgão de
sacro, reto e vagina nas mulheres e posterior ao púbis dependendo da quantidade de urina que contém. Três armazenamento
em ambos os sexos. No sexo masculino, a face superior camadas básicas: túnica mucosa interna de epitélio de que armazena
é recoberta por peritônio parietal; no sexo feminino, o transição, revestimento intermediário de músculo liso temporariamente a
útero recobre a face superior. (músculo detrusor da bexiga), túnica adventícia ou urina até que seja
túnica serosa externa sobre a face superior no sexo conveniente
masculino. eliminá-la do corpo.
Uretra Emerge da bexiga urinária em ambos os sexos. Nas Tubos de paredes nas com três camadas estruturais: Tubo de drenagem
mulheres, cruza o assoalho perineal da pelve até túnica mucosa interna que consiste em epitélio de que transporta a
emergir entre os lábios menores do pudendo. No sexo transição, epitélio colunar estrati cado e epitélio urina armazenada
masculino, cruza a próstata, em seguida o assoalho pavimentoso estrati cado; camada intermediária na do corpo.
perineal da pelve e então o pênis até emergir em sua de músculo liso circular; tecido conjuntivo no
extremidade. externamente.
TESTE RÁPIDO
23. Que forças ajudam a impulsionar a urina da pelve renal para a bexiga urinária?
24. O que é micção? Como ocorre o reflexo de micção?
25. Como se comparam a localização, comprimento e histologia da uretra em homens e mulheres?
Como se viu, uma das muitas funções do sistema urinário é a eliminação de escórias metabólicas do corpo. Além dos rins,
vários outros tecidos, órgãos e processos contribuem para o confinamento temporário das escórias metabólicas, transporte
de escórias metabólicas destinadas à eliminação, reciclagem de materiais e excreção de substâncias tóxicas ou em excesso
no organismo. Estes sistemas de manejo de escórias metabólicas incluem:
• Tampões corporais. Os tampões nos líquidos corporais se ligam ao excesso de íons hidrogênio (H+), evitando assim
aumento da acidez dos líquidos corporais. Os tampões, como cestos de lixo, têm uma capacidade limitada; o H+, como
o papel em um cesto de lixo, precisa ser eliminado do organismo
Sangue. A corrente sanguínea transporta as escórias metabólicas, do mesmo modo que caminhões de lixo atendem a
• uma comunidade
• Fígado. O fígado é o principal local de reciclagem metabólica, como ocorre por exemplo na conversão de aminoácidos
em glicose ou de glicose em ácidos graxos. O fígado também converte substâncias tóxicas em outras menos tóxicas,
como a amônia em ureia. Estas funções do fígado são descritas nos Capítulos 24 e 25
• Pulmões. A cada expiração, os pulmões excretam CO2, e expulsam calor e um pouco de vapor de água
• Glândulas sudoríferas. Especialmente durante a prática de exercícios físicos, as glândulas sudoríferas da pele ajudam
a eliminar o excesso de calor, água e CO2, juntamente com pequenas quantidades de sais e ureia
• Sistema digestório. Por meio da defecação, o sistema digestório excreta alimentos sólidos não digeridos; escórias
metabólicas; um pouco do CO2; água; sais; e calor.
TESTE RÁPIDO
A partir da terceira semana de desenvolvimento fetal, uma porção do mesoderma ao longo da face posterior do embrião, o
mesoderma intermediário, diferenciase nos rins. O mesoderma intermediário está localizado em elevações pareadas
chamadas cristas urogenitais. Três pares de rins se formam no mesoderma intermediário nesta sucessão: o pronefro, o
mesonefro e o metanefro (Figura 26.23). Apenas o último par permanece como os rins funcionais do recémnascido.
O primeiro rim a se formar, o pronefro, é o mais superior dos três e possui um ducto pronéfrico associado. Esse
ducto se abre na cloaca, a parte terminal expandida do intestino posterior, que funciona como uma saída comum para os
sistemas urinário, digestório e genital. O pronefro começa a se degenerar durante a quarta semana e desaparece
completamente até a sexta semana.
O segundo rim, o mesonefro, substitui o pronefro. A parte retida do ducto pronéfrico, que se liga ao mesonefro,
desenvolvese no ducto mesonéfrico. O mesonefro começa a degenerar por volta da sexta semana e, aproximadamente na
oitava semana, quase não há sinais dele.
Três pares de rins se formam no mesoderma intermediário nesta ordem: pronefro, mesonefro e metanefro.
Quando começa o desenvolvimento dos rins?
Por volta da quinta semana, uma evaginação mesodérmica, chamada broto ureteral, se desenvolve a partir da parte
distal do ducto mesonéfrico perto da cloaca. O metanefro, ou rim definitivo, se desenvolve a partir do broto ureteral e do
mesoderma metanéfrico. O broto ureteral forma os ductos coletores, os cálices, a pelve renal e o ureter. O mesoderma
metanéfrico forma os néfrons dos rins. No terceiro mês os rins fetais começam a excretar urina no líquido amniótico
circundante; na verdade, a urina fetal compõe a maior parte do líquido amniótico.
Durante o desenvolvimento, a cloaca dividese no seio urogenital, para onde drenam os ductos urinário e genital, e
um reto que se abre no canal anal. A bexiga urinária se desenvolve a partir do seio urogenital. Nas mulheres, a uretra se
desenvolve como resultado do alongamento do curto ducto que se estende da bexiga urinária ao seio urogenital. Nos
homens, a uretra é consideravelmente mais longa e mais complicada, mas também é derivada do seio urogenital.
Embora os rins metanéfricos se formem na pelve, eles ascendem para o seu destino final no abdome. Ao fazêlo,
recebem vasos sanguíneos renais. Embora os vasos sanguíneos inferiores geralmente degenerem conforme aparecem os
superiores, às vezes os vasos inferiores não degeneram. Consequentemente, algumas pessoas (~ 30%) têm múltiplos vasos
renais.
Em uma condição chamada agenesia renal unilateral, apenas um rim se desenvolve (geralmente o direito), decorrente
da ausência de um broto ureteral. A condição ocorre uma vez em cada 1.000 recémnascidos e geralmente afeta mais
meninos do que meninas. Outras anormalidades nos rins que ocorrem durante o desenvolvimento são rins mal rodados (o
hilo renal está voltado anterior, posterior ou lateralmente, em vez de medialmente); rins ectópicos (um ou ambos os rins
estão em uma posição anormal, geralmente inferior); e rins em ferradura (a fusão dos dois rins, geralmente
inferiormente, em um único rim em forma de U).
TESTE RÁPIDO
Com o envelhecimento, os rins diminuem de tamanho e o fluxo sanguíneo renal assim como a filtração sanguínea
diminuem. Estas mudanças no tamanho e na função renal parecem estar ligadas à redução progressiva no suprimento
sanguíneo para os rins conforme o indivíduo envelhece; por exemplo, vasos sanguíneos como os glomerulares tornamse
danificados ou em quantidade reduzida. A massa dos dois rins diminui de uma média de aproximadamente 300 g em jovens
de 20 anos para menos de 200 g aos 80 anos, um decréscimo de aproximadamente um terço. Do mesmo modo, o fluxo
sanguíneo renal e a TFG diminuem em 50% entre os 40 e 70 anos de idade. Aos 80 anos, aproximadamente 40% dos
glomérulos não estão funcionando e, portanto, a filtração, a reabsorção e a secreção diminuem. As doenças renais que se
tornam mais comuns com a idade incluem as inflamações renais agudas e crônicas e os cálculos renais. Em decorrência da
redução na sensação de sede com a idade, os indivíduos idosos também são sensíveis à desidratação. Alterações vesicais
que ocorrem com o envelhecimento incluem uma redução no tamanho e na capacidade da bexiga e o enfraquecimento dos
músculos. As infecções urinárias são mais comuns nos adultos mais velhos, assim como poliúria (produção excessiva de
urina), nictúria (micção excessiva à noite), aumento da frequência urinária (polaciuria), a disúria (dor à micção), retenção
ou incontinência urinária e hematúria.
TESTE RÁPIDO
29. O quanto a massa renal e a taxa de filtração diminuem com a idade?
Para apreciar as muitas maneiras com que o sistema urinário contribui para a homeostasia de outros sistemas do
corpo, consulte Foco na homeostasia | Contribuições do sistema urinário. Em seguida, no Capítulo 27, veremos como os
rins e os pulmões contribuem para a manutenção da homeostasia do volume de líquido corporal, níveis de eletrólitos nos
líquidos corporais, e equilíbrio acidobásico.
Cálculos renais
Os cristais de sais existentes na urina ocasionalmente precipitam e se solidificam e se tornam insolúveis (cálculos
renais). Com frequência contêm cristais de oxalato de cálcio, ácido úrico ou fosfato de cálcio. As condições que
levam à formação de cálculos incluem ingestão excessiva de cálcio, baixo consumo de água, urina anormalmente
alcalina ou ácida e hiperatividade das glândulas paratireoides. Quando um cálculo se aloja no ureter, a dor pode ser
intensa. A litotripsia extracorpórea por ondas de choque é um procedimento que usa ondas de choque de alta
energia para desintegrar cálculos renais e constitui uma alternativa à remoção cirúrgica. Quando o cálculo renal é
localizado usando raios X, um dispositivo chamado litotritor fornece ondas de som breves de alta intensidade, através
de um coxim cheio de gel ou água colocado sob o dorso. Durante um período de 30 a 60 min, 1.000 ou mais ondas
de choque pulverizam o cálculo, produzindo fragmentos que são suficientemente pequenos para serem eliminados na
urina.
Infecções urinárias
O termo infecção urinária é usado para descrever uma infecção de uma parte do sistema urinário ou o achado de
numerosos microrganismos na urina. As infecções urinárias são mais comuns em mulheres, por causa do menor
comprimento da uretra. Os sinais/sintomas incluem disuria, urgência urinária, polaciuria, lombalgia e enurese noturna.
As infecções urinárias incluem uretrite, inflamação da uretra; cistite, inflamação da bexiga urinária; e pielonefrite,
inflamação dos rins. Se a pielonefrite se tornar crônica, o tecido cicatricial formado nos rins pode prejudicar
substancialmente sua função. Beber suco de oxicoco (cranberry) pode impedir a ligação de bactérias E. coli ao
revestimento da bexiga urinária, de modo que as bactérias são mais prontamente drenadas para fora durante a
micção.
Doenças glomerulares
Várias condições podem lesionar o glomérulo renal, direta ou indiretamente em decorrência de doenças em outras
partes do corpo. Tipicamente, a membrana de filtração sofre danos, e isso aumenta a sua permeabilidade.
A glomerulonefrite é uma inflamação do rim que envolve os glomérulos. Uma das causas mais comuns é uma
reação alérgica às toxinas produzidas por estreptococos que recentemente infectaram outra parte do corpo,
especialmente a faringe. Os glomérulos tornamse tão inflamados, tumefeitos e ingurgitados que as membranas de
filtração permitem que as células sanguíneas e proteínas plasmáticas entrem no filtrado. Como resultado, a urina
contém muitas hemácias (hematúria) e alta concentração de proteína. Os glomérulos podem ser permanentemente
danificados, levando à insuficiência renal crônica.
A síndrome nefrótica é uma condição caracterizada por proteinúria (proteínas na urina) e hiperlipidemia (níveis
sanguíneos elevados de colesterol, fosfolipídios e triglicerídios). A proteinúria é decorrente do aumento na
permeabilidade da membrana de filtração, o que possibilita que as proteínas, especialmente a albumina, extravasem
do sangue para a urina. A perda de albumina resulta em hipoalbuminemia (baixo nível sanguíneo de albumina), uma
vez que a produção hepática de albumina não consegue contrabalancear o aumento das perdas urinárias. O edema,
geralmente observado na região periorbital, nos tornozelos, nos pés e no abdome, ocorre na síndrome nefrótica, pois
a perda de albumina do sangue diminui a pressão coloidosmótica sanguínea. A síndrome nefrótica está associada a
diversas doenças glomerulares de causa desconhecida, assim como a doenças sistêmicas como diabetes melito,
lúpus eritematoso sistêmico (LES), vários tipos de câncer e AIDS.
Insuficiência renal
A insuficiência renal consiste em diminuição ou interrupção da filtração glomerular. Na insuficiência renal aguda
(IRA), os rins param totalmente (ou quase totalmente) de funcionar de modo abrupto. A principal característica da
IRA é a supressão do fluxo de urina, geralmente caracterizada tanto por oligúria (débito urinário diário entre 50 mℓ e
250 mℓ quanto por anúria (débito urinário diário inferior a 50 mℓ. As causas incluem hipovolemia (p. ex., decorrente de
hemorragia), diminuição do débito cardíaco, túbulos renais danificados, cálculos renais, contrastes utilizados para
visualizar os vasos sanguíneos em angiografias, antiinflamatórios não esteroides e alguns antibióticos. Também é
comum em pessoas que sofrem de uma doença grave ou lesão traumática compressiva; nestes casos, pode estar
relacionada com a falência generalizada de órgãos, conhecida como síndrome de disfunção de múltiplos órgãos
(SDMO).
A insuficiência renal se manifesta de várias maneiras. Há edema decorrente da retenção de sal e água e acidose
metabólica decorrente da incapacidade dos rins de excretar substâncias ácidas. No sangue, a ureia se acumula em
decorrência da redução da excreção renal de escórias metabólicas e ocorre elevação dos níveis de potássio, que
podem levar à parada cardíaca. Muitas vezes, há anemia, porque os rins não produzem eritropoetina suficiente para a
produção adequada de eritrócitos. Uma vez que os rins já não são capazes de converter vitamina D em calcitriol, que
é necessário para a absorção adequada de cálcio a partir do intestino delgado, também pode ocorrer osteomalacia.
A insuficiência renal crônica (IRC) se refere ao declínio progressivo e geralmente irreversível da taxa de
filtração glomerular (TFG). A IRC pode resultar de glomerulonefrite crônica, pielonefrite, doença renal policística ou
perda traumática de tecido renal. A IRC se desenvolve em três fases. Na primeira fase, reserva renal diminuída, os
néfrons são destruídos até que aproximadamente 75% dos néfrons funcionais são perdidos. Nesta fase, a pessoa
pode não manifestar sinais ou sintomas, porque os néfrons remanescentes se ampliam e assumem a função daqueles
que foram perdidos. Quando 75% dos néfrons são perdidos, a pessoa entra na segunda fase, chamada insuficiência
renal, caracterizada por diminuição da TFG e aumento dos níveis sanguíneos de escórias nitrogenadas e de
creatinina. Além disso, os rins não conseguem concentrar ou diluir a urina de modo efetivo. A fase final, chamada
doença renal em estágio terminal (DRET), ocorre quando aproximadamente 90% dos néfrons foram perdidos. Nesta
fase, a TFG diminui para 10 a 15% do normal, ocorre oligúria e os níveis sanguíneos de escórias nitrogenadas e
creatinina aumentam ainda mais. As pessoas com DRET precisam de diálise e são possíveis candidatas a transplante
de rim.
Câncer de bexiga
A cada ano, aproximadamente 12.000 norteamericanos morrem de câncer de bexiga. A doença geralmente ocorre
em pessoas com mais de 50 anos, sendo três vezes mais comum em homens do que mulheres. De modo geral, é
indolor durante sua evolução, mas na maior parte dos casos, hematuria é o principal sinal da doença. Menos
frequentemente, as pessoas sentem dor à micção e/ou aumento da frequência de micção.
Desde que a doença seja identificada e tratada precocemente, o prognóstico é favorável. Felizmente, cerca de
75% dos cânceres vesicais são restritos ao epitélio da bexiga urinária e a sua extirpação é de fácil execução por meio
de cirurgia. As lesões tendem a ser de estádios baixos, o que significa que têm apenas um pequeno potencial de
produzir metástases.
O câncer de bexiga frequentemente é decorrente de um carcinógeno. Aproximadamente 50% de todos os casos
ocorrem em tabagistas ou em pessoas que em algum momento de sua vida fumaram. O câncer também tende a se
desenvolver em pessoas que estão expostas a substâncias químicas chamadas aminas aromáticas. As pessoas que
lidam com couro, corante, borracha e indústrias de alumínio, assim como pintores, são frequentemente expostas a
esses produtos químicos.
Transplante renal
O transplante renal é a transferência de um rim de um doador para um receptor cuja função renal não é mais
adequada. Neste procedimento, o rim doado é colocado na pelve do receptor através de uma incisão abdominal. A
artéria e a veia renais do órgão transplantado são anastomosadas a uma artéria ou veia próximas da pelve do
receptor, e o ureter do rim transplantado é então conectado à bexiga urinária. Durante o transplante de rim, o paciente
recebe apenas um rim, uma vez que é necessário apenas um rim para manter função renal suficiente. Os rins não
funcionantes geralmente são deixados no local. Como em todos os transplantes de órgãos, os transplantados renais
devem sempre estar atentos aos sinais de infecção ou rejeição do órgão. O receptor de transplante fará uso de
imunossupressores pelo restante de sua vida para evitar a rejeição do órgão “estranho”.
Cistoscopia
A cistoscopia é um procedimento muito importante para o exame direto da túnica mucosa da uretra e da bexiga e
da próstata nos homens. Neste procedimento, inserese um cistoscópio (um tubo flexível estreito com iluminação) na
uretra para examinar as estruturas atravessadas por ela. Com acessórios especiais, podese coletar amostras de
tecido para exame (biopsia) e remover pequenos cálculos. A cistoscopia é útil para avaliar problemas da bexiga
urinária, como câncer e infecções. Também pode avaliar o grau de obstrução resultante de aumento da próstata.
TERMINOLOGIA TÉCNICA
REVISÃO DO CAPÍTULO
Conceitos essenciais
Introdução
1. Os órgãos do sistema urinário são os rins, os ureteres, a bexiga e a uretra.
2. Depois que os rins filtram o sangue e devolvem a maior parte da água e muitos solutos para a corrente sanguínea, o restante
da água e solutos constitui a urina.
1. Imagine a descoberta de uma nova toxina que bloqueia a reabsorção do túbulo renal, mas não afeta a filtração.
Preveja os efeitos a curto prazo desta toxina.
2. Para cada um dos seguintes resultados de exame de urina, indique se você deve se preocupar ou não e por quê: (a)
urina amareloescura turva; (b) urina com odor de amônia; (c) excesso de albumina; (d) cilindros epiteliais; (e)
pH de 5,5; (f) hematúria.
3. Bruce está sentindo ondas rítmicas repentinas de dor na região inguinal. Ele notou que, embora esteja consumindo
líquidos, sua produção de urina diminuiu. Qual condição está acometendo Bruce? Como é o tratamento? Como ele
pode prevenir episódios futuros?
26.1 Os componentes do sistema urinário são os rins, ureteres, bexiga urinária e uretra.
26.2 Os rins são ditos retroperitoneais porque se localizam posteriormente ao peritônio.
26.3 Os vasos sanguíneos, vasos linfáticos, nervos e um ureter passam pelo hilo renal.
26.4 Aproximadamente 1.200 mℓ de sangue entram nas artérias renais a cada minuto.
26.5 Os néfrons corticais têm glomérulos no córtex renal superficial; suas alças de Henle curtas penetram apenas na
medula renal superficial. Os néfrons justamedulares têm glomérulos profundos no córtex renal; suas alças de
Henle longas se estendem através da medula renal até quase a papila renal.
26.6 Esta seção deve estar passando pelo córtex renal, pois não há corpúsculos renais na medula renal.
26.7 A penicilina secretada está sendo removida da corrente sanguínea.
26.8 As fenestrações endoteliais (poros) nos glomérulos capilares são muito pequenas para as hemácias passarem por
elas.
26.9 A obstrução do ureter direito aumentaria a PHC e, assim, diminuiria a pressão de filtração efetiva no rim direito;
a obstrução não teria qualquer efeito sobre o rim esquerdo.
26.10 Auto quer dizer próprio; o feedback tubuloglomerular é um exemplo de autorregulação, porque ocorre
inteiramente nos rins.
26.11 As junções oclusivas entre as células do túbulo formam uma barreira que impede a difusão de transportador, canal
e proteínas de bomba entre as membranas apical e basolateral.
26.12 A glicose entra na célula do TCP por meio de um simportador Na+glicose na membrana apical e sai por difusão
facilitada através da membrana basolateral.
26.13 O gradiente eletroquímico promove a circulação de Na+ para o interior da célula tubular por meio dos
contratransportadores da membrana apical.
26.14 A reabsorção dos solutos cria um gradiente osmótico que promove a reabsorção de água por osmose.
26.15 Este é considerado um transporte ativo secundário, porque o simportador utiliza a energia armazenada no
gradiente de concentração de Na+ entre o líquido extracelular e o citosol. Não é reabsorvida água neste caso,
porque a parte ascendente espessa da alça de Henle é praticamente impermeável à água.
26.16 Nas células principais, a aldosterona estimula a secreção de K+ e a reabsorção de Na+ por aumento da atividade
das bombas de sódiopotássio e do número de canais de saída de Na+ e K+.
26.17 A aldosterona e o peptídio natriurético atrial influenciam a reabsorção renal de água, juntamente com o HAD.
26.18 A urina diluída é produzida quando a parte ascendente espessa da alça de Henle, o túbulo contorcido distal e o
ducto coletor reabsorvem mais solutos do que água.
26.19 A alta osmolaridade do líquido intersticial na medula renal é decorrente principalmente do Na+, do Cl– e da ureia.
26.20 A secreção ocorre no túbulo contorcido proximal, na alça de Henle e no ducto coletor.
26.21 A falta de controle voluntário sobre a micção é denominada incontinência urinária.
26.22 Os três subdivisões da uretra masculina são a parte prostática, a parte membranácea e a parte esponjosa.
26.23 Os rins começam a se formar durante a terceira semana de desenvolvimento.
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*A osmolaridade de uma solução é a medida da quantidade total de partículas dissolvidas por litro de solução. As partículas podem ser
moléculas, íons ou uma mistura de ambos. Para calcular a osmolaridade, multiplique a molaridade (ver Seção 2.4) pela quantidade de
partículas por molécula, quando a molécula tiver se dissolvido. Um termo semelhante, osmolalidade, é a quantidade de partículas de
soluto por quilograma de água. Uma vez que é mais fácil medir os volumes das soluções do que determinar a massa de água que eles
contêm, a osmolaridade é mais frequentemente usada do que a osmolalidade. A maior parte dos líquidos corporais e soluções utilizadas
clinicamente é diluída e, nesse caso, há uma diferença inferior a 1% entre estas duas medidas.
*O HAD não regula o canal de água mencionado anteriormente (aquaporina1).