Você está na página 1de 72

Ética e Medicina

Ética e Medicina
Dr. Alberto Aurélio Posenatto

Formado em 1987 pela Universidade de Caxias de Sul

Especialização em Cardiologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Titulação:
• Especialista em Cardiologia pela sociedade brasileira de Cardiologia
• Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira

Pós Graduações Lato Sensu:


• Estética pelo IBRAPE (São Paulo – SP)
• Perícias médicas pelo CETRUS (São Paulo – SP)

Atividade:
• Cardiologista titular da secretária de Saúde de Porto União – SC
• Cardiologista e diretor técnico da secretária de Saúde de Irineópolis
• Ecocardiografista adulto e fetal do São Camilo União da Vitória
• Atividades em consultório
Ética e Medicina
Ética e Medicina
Estrutura das aulas

1.Aulas expositivas
✔ podem interromper por dúvidas, sugestões, comentários, piadas, casos a discussão

2.Seminários
✔ dois temas já definidos:
✔ Caso / experimento Tuskegge
✔ Código / protocolos de Nuremberg

✔ Serão feitos na modalidade de grupo defensores / grupo acusadores / grupo moderador

3.Discussão de casos
✔ Casos ou discussão de temas atualizados conforme as publicações dos CRM e do CFM

4.Aulas com convidados


✔ Com Delegado do CRM
✔ Com Promotor de Justiça
Ética e Medicina

Conteúdo da aula:

Histórico resumido sobre Ética

Histórico resumido sobre Ética médica

Questionário

Discussão de casos
Ética e Medicina

Enfim

O que é Ética?
Ética e Medicina

Do grego Ethos

Um conjunto de

Costumes

Hábitos

Valores

de uma determinada sociedade ou cultura


Ética e Medicina
Ética e Medicina

Já os romanos....

Mesmo mantendo o mesmo significado, traduziram


para mor

Desta, veio moralis

Que originou o termo moral


Ética e Medicina

A problemática de Ética diz respeito à


determinação do que é

❑ Certo ou errado

❑ Bom ou mau

❑ Permitido ou proibido

MAS....
Ética e Medicina

de acordo com um conjunto de

normas ou valores

adotados historicamente

por uma sociedade


Ética e Medicina

O ser humano deve agir de acordo com tais valores


para que suas ação possa ser considerada ética.

Assim tem-se uma das noções “mais” fundamentais


da ética

Dever
Ética e Medicina

O Dever
restringe
a liberdade !
Ética e Medicina
Ética e Medicina

A Ética não pode ser dissociada da realidade


sócio cultural..

O que é ético num contexto pode não ser em


outro....

Exemplos:
Ética e Medicina

Sacrifício
humano
não é
estudar
Ética
Médica
Ética e Medicina
Ética e Medicina

As dimensões da Ética são três:

1º - Sentido básico ou descritivo

- é implícito e informal
Ética e Medicina

2º - Prescritiva ou normativa

- estabelece e justificam valores e deveres desde:


✔ genéricos
▪ ética cristã e estoica (leis da natureza)

✔ categoria profissional
Ética e Medicina

3º - Reflexiva ou filosófica:

- é a ética da responsabilidade, dos princípios

✔ dá fundamento aos princípios


Ética e Medicina

A crise ética

Origem na perda de referência a determinados valores


e normas

no século XVIII
Ética e Medicina

O Cristianismo deixa de ser a principal


referência ética desde a antiguidade passa
por profunda cisão iniciada com a Reforma
(século XVI)

Surge a necessidade de uma ética


filosófica desvinculada da religiosa
Ética e Medicina

O estudo da ética se liga ao aspecto concreto pela


nossa prática cotidiana

De que maneira isso ocorre?

Tem ligação com a prática/ ética médica?


Ética e Medicina

Desde Platão (século V a.C.) a


Kant (século XVIII), além de pensarem o
momento que viveram, suas reflexões
levantaram questões e propostas universais

Ou seja, os argumentos, os
questionamentos, que formularam, o
modo com encaminharam a discussão
dos problemas éticos
Ética e Medicina

Tem ligação com a prática/ ética médica?

Sim e agora começa a ter ....


Ética e Medicina
A reflexão ética mais profunda ocorre nos
dilemas, nas situações de conflito...
O critério inicial é a transferência onde...

um ato pode ser considerado ético quando seu


autor for capaz de explicitar seus motivos e
justificá-los,

assumindo integralmente sua atitude


MAS...
Ética e Medicina

QUE A AÇÃO POSSA SER CONSIDERADA


LEI UNIVERSAL

É fundamental para evitar dicotomia / dualidade

Evita-se uma ética para fins internos e


outra para fins externos
Ética e Medicina
Bioética

Trata dos problemas éticos relacionados à vida


humana, em especial a descobertas recentes na
medicina, biologia e engenharia genética como

▪ clonagem
▪ barriga de aluguel
Ética e Medicina

Enfim alguns conceitos históricos...

Os conceitos definidos desde a Grécia


sofreram profundas alterações (objetivamente
veremos):
Agathon: bem
• como principio supremo
Areté: virtude
• ideal de excelência humana
Eudaimonia: felicidade
• como finalidade moral
Ética e Medicina

John Givez estabeleceu os quatro pilares da ética:

1. Beneficência
2. Não prejudicar

3. Autonomia

4. Justiça
Ética e Medicina

CÓDIGO DE ETICA MÉDICA


Ética e Medicina

No âmbito das grandes transformações técnicas e


cientificas ocorram granes mudanças nos parâmetros
morais e éticos da praxis médica

No final do século passado houve a passagem da


postura médica paternalista (denominada por
Foucalt como biopoder) para direito de
autodeterminação dos pacientes como prerrogativa
básica à dignidade humana
Ética e Medicina

As faculdades de medicina surgiram no século


XI, em Salerno, no sul da Itália.

Já o primeiro médico conhecido foi Inhotep (


contemporâneo de Hesi-Rá e Merite-Ptá) em
citações datadas de 2665 a.C.

Mas a conduta médica foi primeiro


regulamentada pelo código de Hamurabi em
cerca de 1750 a. C.
(antecedendo as lei bíblicas)
Ética e Medicina

O Código de Hamurabi
215º – Se um médico tratou de uma ferida grave alguém
com a lanceta de bronze e o curou ou se ele abre a alguém
uma incisão com a lanceta de bronze e o olho é salvo,
deverá receber dez siclos.

216º – Se é um liberto, ele receberá cinco siclos.

217º – Se é o escravo de alguém, o seu proprietário deverá


dar ao médico dois siclos.
Ética e Medicina

218º – Se um médico trata alguém de uma grave ferida com


a lanceta de bronze e o mata ou lhe abre uma incisão com a
lanceta de bronze e o olho fica perdido, se lhe deverão
cortar as mãos.

219º – Se o médico trata o escravo de um liberto de uma


ferida grave com a lanceta de bronze e o mata, deverá dar
escravo por escravo.

220º – Se ele abriu a sua incisão com a lanceta de bronze o


olho fica perdido, deverá pagar
metade de seu preço.
Ética e Medicina

221º – Se um médico restabelece o osso quebrado de alguém


ou as partes moles doentes, o doente deverá dar ao médico
cinco siclos.

222º – Se é um liberto, deverá dar três siclos.

223º – Se é um escravo, o dono deverá dar


ao médico dois siclos.
Ética e Medicina

Um siclo = uma moeda de prata à época

Corresponde a cerca de 15 gramas de prata

Uma grama de prata corresponde a cerca de R$ 3,62


Ética e Medicina

Georges Henri definiu ao final do século


XIX, no livro “Introduction à l’ètude de la
medicine” que

A medicina é uma ciência e uma arte.

A ciência estuda as doenças.

A arte se ocupa da manutenção e do reestabelecimento


da saúde
Ética e Medicina

A base conceitual dos códigos de ética médicos


foi o trabalho de Thomas Percival elaborado
entre 1792 e 1803 denominado

Medical Ethics
Ética e Medicina
Hipócrates, que viveu entre
460 a 377 a.C., foi um
dos primeiros mestres da
ilha grega de Cos

O seu juramento, em geral tido


como primeiro código de ética da
medicina ocidental, deve ter sido
escrito entre IV a I a.C. por
diferentes membros daquela
escola.
Ética e Medicina

Sua compatibilidade com o Cristianismo o tornou


normativa universal, no ocidente, a partir do século
XI.

A hegemonia da normativa hipocrática não se


manteve imutável e foi mesmo superada.

o médico hipocrático mantém relação


individual com o paciente, ausente de
qualquer preocupação com justiça social
existe proibição de cirurgia e de
experimentação
Ética e Medicina

Voltando a Percival
Foi um dos principais protagonistas da
transição da natureza hipocrática para
o perfil moderno
Ética e Medicina

❑ Foi o primeiro a usar a expressão ética médica

❑ Teve amplitude temática:


✔ Procurou cobrir todas diferentes áreas,
relacionamento público ou privado, com outros
especialistas, interação com o Direito e presença
ante o doente

❑ Sua obra foi sistematizada à semelhança do que é


feito hoje
Ética e Medicina
No Brasil
- Existiram sete códigos
- O de 1988 foi considerado como Lei federal
(3268/57) pelo STJ e pelo STF

No Império foi adotado o código da Associação


Médica Americana
Na Republica, em 1929, durante o IV
Congresso Latino-Americano adotou-se o
Código de Moral Médica, copiado de Cuba
Ética e Medicina

Já em 1931, durante o 1º Congresso Médico


Sindicalista, adotou-se o Código de Deontologia
Médica

Em 1945 o decreto lei 7955/45 criou os CRM e


homologou o código de deontologia médica

Em 1953 a AMB adotou o Código de Ética Médica


Ética e Medicina

O ultimo código é de 1988 mas foi revisado, atualizado


e ampliado
O CEM tem 135 artigos

A resolução 1931/2009 incorporou às regras éticas


conceitos à boa relação entre médico e paciente
além de autonomia e o livre decidir de pacientes em
fase terminal
Ética e Medicina

Esta mudança procurou corrigir a falha


histórica que dava ao médico um papel
paternalista e autoritário nessa relação,
progredindo à cooperação
Ética e Medicina

“Aprenda com os erros dos outros.

Você nunca viverá o suficiente para


cometê-los todos sozinho”
Ética e Medicina
Ética e Medicina

Código de Ética do
Estudante de Medicina
Ética e Medicina

Princípios fundamentais

VI - Cabe ao estudante, dentro de sua formação


e possibilidade,
contribuir para o desenvolvimento social,
participando de
movimentos estudantis, organizações sociais,
sistema de saúde
ou entidades médico-acadêmicas
Ética e Medicina

VIII - As atividades acadêmicas do estudante não podem


ser exploradas com objetivos de lucro, finalidade política
ou religiosa
Ética e Medicina

XI - O estudante buscará ser solidário com os


movimentos
de defesa da dignidade profissional médica, seja por
remuneração
digna e justa, seja por condições de trabalho compatíveis
com
o exercício ético-profissional da medicina e seu
aprimoramento
técnico-científico.
Ética e Medicina

XII - O estudante terá, para com os colegas, respeito,


consideração
e solidariedade, sem se eximir de apontar aos seus
responsáveis
(professores, tutores, preceptores, orientadores) atos
que contrariem os postulados éticos previstos neste
Código.
Ética e Medicina

XVII - O estudante de medicina não deve aceitar ou


contribuir com a mercantilização da medicina.
Ética e Medicina

EIXO 1
RELAÇÃO DO ESTUDANTE COM AS
INSTITUIÇÕES DE ENSINO E DE SAÚDE

Art. 5º: O estudante de medicina tem direito à liberdade


de expressão, podendo questionar decisões que
interfiram no
cotidiano estudantil, sugerindo melhorias que julgar
adequadas.
Ética e Medicina

Art. 8º: É direito do estudante de medicina procurar ter


representatividade na instituição, a fim de ter garantido o
direito
à voz e ao voto, bem como participar de projetos que
visem a
melhoria da educação médica em sua instituição.
Art. 9º: O estudante de medicina pode recorrer às
Ética e Medicina

Art. 12: O estudante de medicina é, por definição,


integrante do sistema de saúde e não deve se valer da
facilidade
do acesso a este para qualquer benefício próprio.
Ética e Medicina

EIXO 2
RELAÇÃO DO ESTUDANTE COM O CADÁVER
Art. 13: O estudante de medicina guardará respeito ao
cadáver, no todo ou em parte, incluindo qualquer peça
anatômica,
assim como modelos anatômicos utilizados com
finalidade de aprendizado
Ética e Medicina

EIXO 3
RELAÇÕES INTERPESSOAIS DO ESTUDANTE

Art. 14: É direito do estudante participar da recepção


dos ingressantes, objetivando um ambiente saudável,
congregativo,
humano e não violento, respeitando o presente Código e
promovendo o seu conhecimento.
Parágrafo único: É dever do estudante posicionar-se
contra qualquer tipo de trote que pratique violência física,
psíquica, sexual ou dano moral e patrimonial.
Ética e Medicina

Art. 18: O estudante deve respeitar as diferenças entre


faculdades e seus colegas, não estimulando
discordâncias ou
confrontos institucionais.
Ética e Medicina

Art. 20: Em atividades de aprendizagem prática e/ou


teórica, é dever do acadêmico de medicina respeitar os
professores
e pacientes envolvidos e dedicar sua atenção
inteiramente ao
atendimento e/ou conteúdo ministrado, evitando
distrações com
aparelhos eletrônicos e conversas alheias à atividade.
Ética e Medicina

Art. 22: O estudante de medicina deve preservar a


imagem
do professor, solicitando autorização prévia para
gravações em
áudio e/ou vídeo do conteúdo ministrado, não sendo
permitida
sua comercialização.
Ética e Medicina

Art. 25: É vedado ao estudante de medicina divulgar


informação sobre assunto médico de forma
sensacionalista,
promocional ou de conteúdo inverídico.
Ética e Medicina

Art. 26: A realização de atendimento por acadêmico


deverá obrigatoriamente ter supervisão médica.
Parágrafo único: Os estudantes, ao realizar exames que
envolvam o pudor do paciente, devem estar sob
supervisão
médica presencial.
Ética e Medicina

Art. 29: A quebra de sigilo médico é de responsabilidade


do médico assistente, sendo esse ato vedado ao
acadêmico de
medicina.
Art. 30:

Art. 30: O estudante de medicina deve garantir que


o paciente alcance o nível necessário de compreensão
das
informações comunicadas, mitigando dificuldades como
regionalismo
da língua, baixa acuidade auditiva, nível de escolaridade
e
doenças incapacitantes.
Ética e Medicina

Art. 31: O estudante de medicina deve escrever de forma


correta, clara e legível no prontuário do paciente.
Ética e Medicina

EIXO 4
RESPONSABILIDADE DO ESTUDANTE COM OS
SEUS ESTUDOS/FORMAÇÃO
Ética e Medicina

Art. 33: O estudante de medicina não pode receber


honorários ou salário pelo exercício de sua atividade
acadêmica
institucional, com exceção de bolsas regulamentadas.
Ética e Medicina

Art. 34: É permitido o uso de plataformas de mensagens


instantâneas para comunicação entre médicos e
estudantes de
medicina, em caráter privativo, para enviar dados ou tirar
dúvidas
sobre pacientes, com a ressalva de que todas as
informações
passadas tenham absoluto caráter confidencial e não
possam
extrapolar os limites do próprio grupo, tampouco circular
em
grupos recreativos, mesmo que compostos apenas por
médicos
e estudantes.
Art. 35: É responsabilidade do estudante contribuir
Ética e Medicina

EIXO 5
RELAÇÃO DO ESTUDANTE COM A SOCIEDADE

Art. 40: O estudante de medicina é formador de opinião


e deve fomentar o desenvolvimento das relações
interpessoais
entre discentes, docentes, funcionários, comunidade e
pacientes,
visando também o estímulo à prevenção de doenças e à
melhoria
da saúde coletiva.
Ética e Medicina

EIXO 6
RELAÇÃO DO ESTUDANTE COM A EQUIPE
MULTIPROFISSIONAL

Art. 43: O estudante de medicina deve respeitar a atuação


de cada profissional no atendimento multiprofissional ao
paciente.

Você também pode gostar