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ACÚSTICA BÁSICA
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ACÚSTICA BÁSICA

DÚVIDAS E ORIENTAÇÕES
Segunda a Sexta das 09:00 as 18:00

ATENDIMENTO AO ALUNO
editorafamart@famart.edu.br
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Sumário

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ONDA SONORA .................................................... 3


CLASSIFICAÇÃO DA ONDA ..................................................................................... 5
COMPONENTES BÁSICAS DA ONDA.................................................................... 13
REFLEXÃO DE ONDAS .......................................................................................... 18
REFRAÇÃO DE ONDAS.......................................................................................... 20
DIFRAÇÃO DE ONDAS ........................................................................................... 21
POLARIZAÇÃO ....................................................................................................... 22
INTERFERÊNCIA DE ONDAS ................................................................................. 23
RESSONÂNCIA ....................................................................................................... 24
BATIMENTO ............................................................................................................ 25
ONDAS ESTACIONÁRIAS ...................................................................................... 26
EFEITO DOPPLER .................................................................................................. 27
VISUALIZANDO OS SONS...................................................................................... 28
JANELA DA VISÃO HUMANA NO ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO .................. 32
HISTÓRICO DA ACÚSTICA .................................................................................... 33
A FREQUÊNCIA DA NOTA LÁ-PADRÃO ................................................................ 52
ESCALA RICHTER .................................................................................................. 53
VELOCIDADE DO SOM .......................................................................................... 54
INTENSIDADE E NÍVEL DO SOM ........................................................................... 57
LIMIAR DE AUDIBILIDADE ..................................................................................... 59
PRODUÇÃO DO SOM ............................................................................................. 60
FONTES SONORAS................................................................................................ 62
TRANSMISSÃO DO SOM........................................................................................ 64
QUALIDADES DO SOM .......................................................................................... 65
EFEITOS DE RUÍDO E VIBRAÇÕES NO HOMEM ................................................. 66
Consequências da exposição excessiva ao ruído .................................................... 66
PERDA DE AUDIÇÃO ............................................................................................. 68
AS PERDAS AUDITIVAS PODEM SER: .................................................................. 69
ATENUAÇÃO DA PERCEPÇÃO AUDITIVA A, B E C .............................................. 69
CURVAS DE AVALIAÇÃO DE RUÍDO NR E NC ..................................................... 72
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ONDA SONORA

O fascínio do estudo do som é a compreensão das teorias que a cercam.


Para entender como a comunicação acontece é necessário saber que existe uma
onda que transporta energia através de um meio elástico e é definida através de
uma quantidade de repetições, a freqüência, que identifica o sinal de uma onda, sua
identidade.
A ciência busca a interação, ajuda simultaneamente a compreensão e até
mesmo em caso onde parece ter distinção teórica ou formas de abordagem
diferentes ela desvenda situações desmistificando os conceitos populares. O som
amarra cada área de conhecimento através da necessidade de uma universalidade e
resgate informativo sobre a real importância da acústica. Uma interação muito
saudável é a relação da Física com áreas específicas de estudo.

Como iniciar o estudo do som?


Para dar início ao estudo do som é obrigatória à compreensão básica sobre
os conceitos de uma onda, sua classificação e seus componentes. É também
exigido que se saiba distinguir o funcionamento matemático de formação, construção
e fenômenos ondulatórios assim como o Movimento Harmônico Simples (MHS) e as
equações matemáticas.
Após um levantamento teórico básico é que o som será estudado de forma
direta mencionando sua origem, características e conseqüências. A partir deste
momento serão feitas as ligações dos termos de cada uma das ciências.

O que é uma onda?


É todo movimento oscilatório (vai-e-vem) gerado por um ponto de perturbação
(fonte de energia potencial capaz de gerar energia cinética).
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Uma compreensão inicial da onda sonora


Primeiramente deve-se saber o que é uma onda, como ela surgiu e como ela
tem continuidade. A onda pode ser, de acordo com a natureza de sua existência,
mecânica (precisa de matéria para se propagar) ou eletromagnética (não precisa de
matéria para se propagar). Assim fica claro definir o fenômeno sonoro durante o ciclo
de emissão e recepção. Já no aspecto de definição das oscilações de uma onda o
estudo inicial do MHS facilita a compreensão do som enquanto oscilador harmônico.

Noção básica sobre os efeitos do som


Durante muito tempo a preocupação com os efeitos do som era a questão do
sistema auditivo, se as pessoas estavam incomodadas porque o som estava muito
baixo ou muito alto, mas na verdade os efeitos do som estão muito mais além que a
questão da acuidade auditiva. Como o som é um transporte de energia que utiliza a
vibração da matéria para se propagar é obvio que toda vez que a onda sonora
acontece surgi também uma vibração material que poderá interagir com os corpos
ou até mesmo com outras formas de energia. Deste modo o som causa interferência
em todo o ambiente onde está presente e em tudo aquilo que ali se faz presente,
demonstrando varias formas de interação e definindo que colabora com algumas
alterações no próprio corpo humano como: dilatação da pupila; aumento de
cortisona; aumento de adrenalina; movimentação irregular dos músculos.

ONDULATÓRIA
Durante bastante tempo os estudiosos discutem sobre a composição do
universo e seu funcionamento. Alguns autores chegam a descrever que tudo que
existe é formado de oscilações energéticas onde seguem em processo constante de
transformação. A cada dia a ciência descreve novas teorias, mas sempre baseada
nas idéias clássicas como a compreensão da Física e suas ramificações. Um caso
envolvente é o estudo do som, que para haver um bom entendimento é feito um
levantamento da organização cronológica de tal caso.
O estudo do som provém da Acústica que faz parte da Ondulatória que é uma
das ramificações da Física Clássica, pois explica os fenômenos naturais que por sua
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vez especifica cada um e seus procedimentos como para compreender o som é


necessário que citar que ele é uma onda e possui todo um processo de
classificação, componentes e fenômenos de propagação.

ONDA
É toda perturbação (energia potencial gerando energia cinética) capaz de
gerar uma oscilação (movimento de vai e vem) transportando energia. A onda não
transporta matéria, mesmo que interaja com meio material no seu processo de
vibração a onda só transportará energia. Para uma melhor compreensão teórica são
necessárias também ferramentas matemáticas para esclarecer as dúvidas existentes
no processo de emissão e recepção de determinada onda.

CLASSIFICAÇÃO DA ONDA

É a forma de definir os tipos de onda devido à:

NATUREZA
Quanto à natureza, ou seja, de acordo com sua existência a onda que
depende da matéria para se propagar é denominada de mecânica e a aquela que
não precisa da matéria para executar a sua propagação é definida como
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eletromagnética.

Onda mecânica
É o tipo de onda que, para existir, necessita de um meio material para se
propagar, pois transporta energia com ajuda da vibração das matérias presente em
um determinado meio. Ótimos exemplos de ondas mecânicas são as ondas do mar,
onda sonora, onda em uma corda, ondas de vibração de um sistema elástico (mola),
em geral serão todas as ondas que utilizam à matéria.

Onda eletromagnética
É a onda independente, pois não precisa de um meio material para se
propagar. O estudo desse tipo de onda é o que leva a tecnologia as mais
interessantes descobertas teóricas e reveladoras do que pode existir no universo. As
ondas eletromagnéticas têm o poder de transmitir energia em altíssimas velocidades
e por isso chega alcançar lugares muito distantes, a principal onda, ou o xodó da
física, é a luz que através da sua propagação e velocidade linear é possível
descreve grandes mistérios do nosso universo, ela chega a atingir os incríveis
300.000.000 m/s (3 . 108 m/s). Uma unidade de medida proveniente dos estudos de
propagação da luz, o anos-luz, que significa o produto da velocidade da luz (metro
por segundo = m/s) e o tempo (segundo = s) gasto originando a grandeza física do
espaço (metro = m).

ALÉM DA VELOCIDADE DO SOM

Veículo hipersônico é aquele cujo vôo consegue superar em seis vezes a


velocidade do som, como o Hiper X-43A, aeronave experimental lançada em 2004
pela Nasa, a agência espacial norte-americana. O novo túnel de vento do IEAv será
usado principalmente para estudos experimentais da combustão supersônica,
utilizada nos motores que viabilizam os vôos das aeronaves hipersônicas.
O túnel, que foi inteiramente projetado no IEAv, é composto de três
componentes básicos: uma região de alta pressão, chamada driver; uma região de
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baixa pressão (driven); e a sessão de testes onde é colocado o modelo, em escala


reduzida, do veículo hipersônico a ser estudado. O túnel tem 25 metros de
comprimento e o projeto teve apoio da FAPESP, na modalidade Auxílio à Pesquisa.
Todos os componentes foram produzidos pela indústria nacional. Para separar os
gases das regiões de alta e baixa pressão, um disco de metal, ou diafragma, é
colocado entre o driver e o driven. Um outro diafragma também é colocado para
separar o driven e a sessão de testes, conhecido como tanque de exaustão.
Segundo Marco Antonio Sala Minucci, vice- diretor do IEAv, no driver é inserido gás
hélio a aproximadamente 5 mil libras de pressão, enquanto no driven é colocado ar
atmosférico em pressões baixas. Na sessão de testes onde fica o modelo, todo o ar
é retirado para que o tanque de exaustão funcione a vácuo, acelerando o
estabelecimento do escoamento sobre o modelo.
“Para iniciar os experimentos, o diafragma que separa o driver do driven é
rompido, de modo a criar uma onda de choque que aquece e pressuriza o ar,
acelerando- o para cima do modelo e simulando a condição ideal de uma aeronave
em vôo hipersônico”, disse Minucci.
O equipamento produz escoamentos de ar com velocidade 25 vezes maior
que a velocidade do som. “Isso significa que podemos simular o vôo de um veículo
em um único estágio, desde quando sai da superfície até chegar à órbita terrestre”,
disse Minucci. No que diz respeito às aplicações práticas, os experimentos
permitirão o desenvolvimento de veículos lançadores de satélites que utilizem
sistemas de propulsão com ar aspirado. “Essa é uma tecnologia ainda inexistente no
mundo. Nos métodos de lançamento convencionais, os veículos lançadores utilizam
motores-foguete, que carregam tanto o combustível como o oxidante”, explica
Minucci.
Na propulsão com ar aspirado, carrega-se apenas o combustível. O oxidante
passa a ser o oxigênio do ar atmosférico. “Como o peso do oxidante é maior do que
o do próprio combustível, a carga útil do veículo lançador aumenta, tornando
possível carregar mais satélites. Mas essa é uma tecnologia que só será realidade
daqui a uns 20 anos”, disse Minucci.
O Instituto de Estudos Avançados (IEAv) já contava com outros dois túneis
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hipersônicos de menor porte, chamados de T1 e T2. Além de incorporar a


experiência acumulada na construção e operação dos dois equipamentos anteriores,
o novo dispositivo, nomeado de T3, tem características inéditas.
“Ao lado de produzir um tempo de teste bem mais longo que o T1 e o T2, o
que facilita os estudos de combustão supersônica, uma outra grande vantagem do
novo túnel está na possibilidade de ensaios de propulsão a laser, um conceito novo
sobre o lançamento de micro e nanossatélites para a órbita terrestre, utilizando
radiação laser”, disse Minucci.
Um grupo de físicos da Universidade de Utah, nos Estados Unidos,
desenvolveu pequenos dispositivos que transformam calor em som e, em seguida,
em eletricidade. Os pesquisadores destacam o potencial da tecnologia, que poderá
ter diversas aplicações.
“Trata-se de uma nova fonte de energia renovável a partir do calor dissipado.
Estamos convertendo calor desperdiçado em eletricidade de modo eficiente”, disse
Orest Symko, coordenador do projeto de pesquisa. Os dispositivos construídos pelo
professor e sua equipe foram apresentados no dia 8, na reunião anual da Sociedade
Acústica Norte-Americana, em Salt Lake City.
Para converter calor em som, os pesquisadores desenvolveram
equipamentos termo acústicos. Em seguida, converteram som em eletricidade por
meio de dispositivo piezo elétrico, que reagem em resposta a pressão – como de
ondas sonoras –, gerando correntes elétricas.
O desafio seguinte para o grupo de Symko foi integrar as duas etapas em um
único equipamento e diminuir suas dimensões. O resultado são pequenos aparelhos,
contidos em ressonadores cilíndricos, que cabem na palma da mão.
Quando o ressonador é estimulado – com fósforos ou isqueiro, por exemplo –,
o calor aumenta até que o ar produzido resulte em uma emissão sonora em uma
freqüência determinada. Em seguida, as ondas sonoras comprimem o dispositivo
piezoelétrico, produzindo uma corrente. Segundo Symko, o processo é similar ao
que ocorre quando se bate com o nervo do cotovelo em uma mesa, produzindo dor a
partir de um impulso.
O objetivo dos cientistas é testar os equipamentos em breve para a geração
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de eletricidade em uma base militar e em uma estação elétrica na Universidade de


Utah.
“O estudo é financiado pelo Exército, que tem grande interesse em encontrar
usos para o calor dissipado de seus radares, assim como produzir uma fonte portátil
de eletricidade que possa ser usada em campos de batalha para alimentar
equipamentos eletrônicos”, disse Symko.
Segundo o cientista, a tecnologia poderá se tornar, em um prazo de dois
anos, uma alternativa viável para células fotovoltaicas na conversão de luz solar em
eletricidade. Outra aplicação estaria em dispositivos para dissipar o calor em
computadores – que geram cada vez mais calor à medida que seus componentes
eletrônicos se tornam mais complexos.

VIBRAÇÃO
Quanto à propagação a onda é classificada de acordo com a vibração do
meio, quando a onda coincide ou possui sua direção paralela à vibração do meio,
esta é considerada uma onda longitudinal e quando é perpendicular é denominada
de transversal.

Onda longitudinal

Ondas longitudinais são caracterizadas por possuírem sua propagação na


mesma direção das partículas vibrantes de seu meio de propagação, por exemplo,
quando vibramos uma mola esticada para frente e para trás, como se estivéssemos
comprimindo ela e descomprimindo-a. Esta onda provocada na mola é uma onda
longitudinal, pois ela tem a vibração na mesma direção de propagação. Pode-se ver
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os anéis da mola se movendo para frente e para trás…


Podemos citar como exemplo de onda longitudinal as ondas sonoras. Repare
que as ondas sonoras precisam de um meio de propagação. O estudo das ondas
longitudinais possui fundamental importância, é com este conhecimento que
podemos otimizar o funcionamento de aparelhos sonoros, bem como identificar
movimentos fetais por conta do ultra-som.

Onda transversal

Ondas transversais ocorrem quando a vibração do meio é perpendicular à


direção de propagação da onda. Exemplo: ondas na corda, ondas luminosas.
O movimento de um ponto qualquer tem sempre uma diferença de fase
negativa em relação ao movimento do ponto adjacente a sua direita e é justamente
isso que faz, do movimento coletivo, uma onda transversal que se propaga para a
direita. Se a diferença de fase fosse positiva, a onda se propagaria na direção
oposta. A onda gerada numa corda horizontal pelo movimento para cima e para
baixo da mão que segura uma de suas extremidades é um exemplo de onda
transversal. Outro exemplo de onda transversal, só que não mecânica, é a onda
eletromagnética, na qual os campos elétrico e magnético oscilam
perpendicularmente um ao outro e à direção de propagação da onda.
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LUZ
VIBRAÇÃO DO MEIO

SOM

O som possui principalmente característica de onda longitudinal uma vez que


o objetivo de estudo é o processo de deslocamento entre emissão e recepção. Já a
luz é um bom exemplo de onda transversal devido a sua forma de propagação.

DIMENSÃO
A onda também pode ser classificada de acordo com a quantidade de
dimensões utilizadas na formação da onda. Como existem três dimensões físicas da
matéria, logo a onda que utiliza apenas uma dimensão é denominada de
unidimensional, a que ocorre em superfícies é a bidimensional e aquela que
expende em todas as dimensões é definida como tridimensional.

modelo dimensional

Onda unidimensional
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É toda vez que a onda utiliza apenas uma dimensão do meio de propagação
fazendo com que o estudo sobre ela leve em consideração apenas as características
lineares. Exemplo: propagação da onda em uma corda.

https://www.wikiwand.com/pt/Onda

Onda bidimensional
É toda vez que a onda utiliza duas dimensões do meio de propagação
fazendo com que o estudo sobre ela leve em consideração as características
superficiais. Exemplo: propagação da onda na superfície da água.

https://www.resumoescolar.com.br/fisica/frente-de-onda-e-raio-de-onda/

Onda tridimensional
É toda vez que a onda utiliza três dimensões do meio de propagação fazendo
com que o estudo sobre ela leve em consideração as características geométricas
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gerais. Exemplo: propagação da onda no espaço (som, luz).

http://fisicacontextoaplicacoes.blogspot.com/2017/09/som-ondas-mecanicas-
tridimensionais-e.html

FREQUÊNCIA ESPACIAL

Um grupo de cientistas de diversas instituições brasileiras submeteu uma


proposta para a instalação no Brasil do sistema de radioastronomia SKA (Square
Kilometre Array). Trata-se de um projeto internacional, com custo estimado em US$
1 bilhão, que pretende esclarecer questões importantes sobre a origem do Universo
e verificar a possibilidade de vida extraterrestre.
O SKA prevê a instalação de um arranjo de radiotelescópios com uma área
coletora total de 1 quilômetro quadrado, para a faixa de freqüências de 150 MHz a
20 GHz. Trata-se de uma dimensão equivalente a 100 antenas de 100 metros de
diâmetro. O sistema é considerado a próxima geração em radiotelescópios, pois terá
uma sensibilidade 100 vezes maior que a do principal existente atualmente, o de
Arecibo, em Porto Rico. Com isso, os astrônomos esperam conseguir "enxergar"
bilhões de anos atrás, antes mesmo da formação das galáxias.

COMPONENTES BÁSICAS DA ONDA


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B B

II I I II
A C
C

III A´
III IV IV

D D

Período (T): corresponde ao tempo necessário para que a onda percorra um


ciclo completo. Sua unidade de medida é o segundo. (AA´ = 1s)

(pêndulo simples)
Ou

(sistema elástico)

Frequência (f): corresponde ao número de ciclos por intervalo de tempo, é o


numero de repetições de um fenômeno. Sua unidade de medida é o Hertz. (AB =
25%; AC = 50%; AD = 75%; AA´ = 100%)
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então:
f = 1/T;
se:T = 1/f
logo:
f*T=1

Amplitude (A): é o deslocamento máximo vertical da onda em relação ao


eixo horizontal (x), logo pode ser positiva quando posicionada acima do eixo e
denominada de crista ou será negativa toda vez que estiver abaixo do eixo x quando
se denomina de vale. Sua unidade de medida é o metro.
± A=R

Elongação: é a localização da partícula no decorrer de todo o percurso da


onda, desde o inicio, propagação, fim e repetição do fenômeno. Todos os pontos de
elongação são conhecidos após a projeção no eixo horizontal x. Sua unidade de
medida é o metro.
x = A . cos 𝛗

Comprimento de Onda ( λ ): é a distância que uma onda percorre durante o


tempo de um período T. Pode ser entendida como a distância entre dois pontos
consecutivos e coincidentes do meio que vibram em fase ou a distância entre duas
crista(ou vales) consecutivos. Sua unidade de medida é o metro.
λ=v.T

Velocidade linear de propagação: corresponde à velocidade que os pulsos


de onda se propagam no meio durante um intervalo de tempo. Assim, se uma
pessoa produzir um pulso na extremidade de uma corda, cujo comprimento é de 6.0
m, e se o pulso atingir a outra extremidade depois de um intervalo de tempo de 2.0
segundos, teremos a velocidade de propagação da onda igual a 3,0 m/s.
Relação entre velocidade, período e freqüência:
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v  v  .f
T

vágua > var 𝛗 λágua > λar

Importante:
 A velocidade de propagação de uma onda mecânica depende de
características vinculadas ao meio no qual a onda está se propagando (densidade,
elasticidade, temperatura); A velocidade de propagação de onda eletromagnética
não depende do meio.
 Num dado meio, a velocidade de propagação é constante;
 A freqüência, consequentemente,o seu período não dependem do
meio e são características exclusiva da fonte geradora da onda;
O comprimento de onda de uma onda mecânica depende da velocidade e da
freqüência. Portanto, ele pode variar de acordo com as características do meio.

Fase (𝛗): é o espaço angular da onda, ou seja, a razão entre o espaço


percorrido e o raio transcrito pela circunferência formada pela onda. Corresponde a
diferença da posição de vibração da onda em relação a posição zero no instante
inicial. Sua unidade de medida é o radiano. (AB = /2; AC = ; AD = 3 /2; AA´ =
2 )
𝛗 = φ0 + ω. t

Pulsação (ω): é a velocidade angular da onda, ou seja, a razão do


deslocamento angular pelo intervalo de tempo gasto. Rapidez da qual a partícula
descreve o espaço angular. Sua unidade de medida é o radiano por segundo
(rad/s). (AA´ = 2π)
ω = 2π . f

Aceleração: é a grandeza física responsável em modificar a velocidade e


permitir que o movimento modifique, mudando seu estado de inércia. Para o estudo
das ondas é necessário levar em consideração três modelos de aceleração:
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 Aceleração tangencial: é a aplicação de um vetor linear que tende ao


movimento retilíneo induzindo qualquer ponto a abandonar o movimento circular.
at = a

 Aceleração centrípeta: é responsável por manter o movimento circular e


controlar a velocidade do fenômeno. Está voltada para o centro da circunferência.
Sua unidade de medida é o metro por segundo ao quadrado (m/s2).
ac = ω2 . R ou ac = v2 / R

 Aceleração angular: é a resultante das aplicações das acelerações


tangencial e centrípeta, ou seja, a hipotenusa desses catetos. É a razão entre a
variação da pulsação e o intervalo de tempo.
aa2 = ac2 + ac2 ou aa2 = ∆ω / ∆t

FENÔMENOS ONDULATÓRIOS
Quando uma onda que se propaga num dado meio encontra uma superfície
que separa desse meio de outro (interface), essa onda interage e ocasiona
modificações em sua propagação como retornar ao meio em que estava se
propagando (reflexão) e/ou propagar-se no outro meio (refração).

 Princípio de Huygens
“Cada ponto de uma frente de onda pode ser considerado uma nova fonte de
ondas secundárias que se propagam em todas as direções. Em cada instante, a
curva ou superfície que envolve a fronteira dessas ondas secundárias é a nova
frente de onda.”
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http://www.cepa.if.usp.br/e-fisica/otica/universitario/cap09/cap9_01.php

REFLEXÃO DE ONDAS
Quando uma onda que se propaga num dado meio encontra uma superfície
que separa esse meio de outro, essa onda pode, parcial ou totalmente, retornar ao
meio em que estava se propagando. Esse fenômeno é chamado de reflexão.
O fenômeno de reflexão é característico de qualquer propagação ondulatória
que, por alguma razão ou de alguma forma, encontra um obstáculo à sua
propagação (meios com densidades diferentes).
Os pulsos que propagam em cordas refletem-se mantendo a mesma forma do
pulso original, porém se a corda tiver a extremidade fixa, a onda refletida terá
inversão de fase. Se a corda tiver extremidade livre, não haverá inversão de fase.
No caso de ondas bidimensionais (ondas em águas) ou tridimensionais (som
e eletromagnéticas), o estudo fica mais simples se analisarmos o comportamento
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dos raios de onda, em vez de frentes de onda.

i : ângulo de incidência;
r : ângulo de reflexão;
N : reta normal à superfície.

Leis da reflexão
1ª. O raio incidente A, o raio refletido B e a normal N pertencem ao mesmo
plano (coplanares);
2ª. O ângulo de reflexão r é igual ao ângulo de incidência i: r = i

Características da Reflexão de Ondas


Ao sofrer a reflexão, a onda refletida retorna para o mesmo meio no qual se
propagava. Como a velocidade depende do meio e a freqüência depende da fonte
que a gerou, os dois parâmetros da onda não variam, portanto, o comprimento de
onda também não varia. A reflexão pode ser regular quando a superfície refletora
for plana e lisa, mas se houver irregularidades na superfície a reflexão passa a ser
difusa.

Tipos de reflexão:
 Reverberação: ocorre quando a diferença entre os instantes de
recebimento dos dois sons, propagando-se no ar, é pouco inferior a 0,1 segundos.
Ou seja, o obstáculo deve estar a uma distância menor de 17 metros quando a
velocidade linear de propagação da onda sonora for igual a 340 m/s. A reverberação
pode também ser considerada como “reforço”, quando ocorre quando a diferença
entre os instantes de recebimento do som refletido e do som direto é praticamente
nula. O ouvinte apenas percebe um som mais intenso (maior quantidade de
energia);
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 Eco: ocorre quando os dois sons, direto e refletido, são recebidos num
intervalo de tempo superior a 0,1 segundos. Ou seja, o obstáculo que refletirá o som,
no ar, deve estar a uma distância maior de 17 metros quando a velocidade linear de
propagação da onda sonora for igual a 340 m/s;

REFRAÇÃO DE ONDAS

Vimos que quando uma onda muda de meio de propagação, a sua velocidade
se modifica, consequentemente, muda também o seu comprimento de onda. No
entanto, a freqüência permanece constante. Essa mudança de meio é chamado de
refração.
Assim se a velocidade aumentar (v 2>v1), seu comprimento de onda também
aumentará (V2> V1), e na mesma proporção:

v2  2  f
v1 1

Consideramos uma frente sofrendo refração devido à passagem de um meio


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para outro. Da figura abaixo teremos:

sen i  1 sen i  v1
 
sen r 2 sen r v2

DIFRAÇÃO DE ONDAS

As ondas não se propagam necessariamente em linha reta a partir da fonte


emissora. Elas apresentam a capacidade de contornar obstáculos, desde que estes
tenham dimensões comparáveis ao comprimento de onda. Este desvio permite às
ondas atingirem regiões situadas atrás do obstáculo.
Difração é o fenômeno pelo qual uma onda tem a capacidade de superar um
obstáculo, ao ser parcialmente interrompido por ele.
As ondas sonoras apresentam valores elevados para o comprimento de onda
entre 2 cm a 20 m para ondas audíveis no ar. Por isso, elas se difratam com relativa
facilidade, contornando muros, esquinas, etc.
Pelo contrário, a difração da luz é pouca acentuada, por que o comprimento
de ondas luminosas é muito pequeno, só ocorrendo quando as dimensões dos
obstáculos são pequenas.

Ao passarem o obstáculo, as ondas sofrem um desvio de propagação, transpondo o


obstáculo. Se a largura da fenda for menor ou igual ao comprimento de onda incidente,
ela transpõe o obstáculo.
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POLARIZAÇÃO

https://brasilescola.uol.com.br/fisica/polarizacao-ondas.htm

 Uma onda está polarizada uma vez que é determinada a direção de


propagação.
 Quando uma onda não polarizada atravessar uma região em que as
partículas podem vibrar somente numa única direção, ela se transforma numa onda
polarizada.
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 Colocando-se agora dois obstáculos: um com uma abertura vertical e outro


com uma abertura horizontal.

INTERFERÊNCIA DE ONDAS

Suponha que você e um colega mantenham uma corda esticada, cada um


segurando uma das extremidades.
Se cada um produzir uma onda, eles irão se propagar pela corda e acabarão
inevitavelmente por se encontrar.
No ponto em que ocorre a superposição de duas ou mais ondas, o efeito
resultante é a soma dos efeitos que cada onda produziria sozinha nesse ponto.

Princípio da interdependência das ondas

Após a superposição, cada onda continua sua propagação através do meio,


como se nada tivesse acontecido.
Seja P o ponto da corda atingido simultaneamente pelas duas ondas. A
superposição das duas ondas nesse ponto constitui o fenômeno denominado de
interferência.
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Interferência construtiva: durante o cruzamento, houver um reforço das


ondas.

Interferência destrutiva: durante o cruzamento, houver um cancelamento


total ou parcial entre as ondas.

Quando ocorre em ondas luminosas, os pontos onde a interferência é


construtiva aparecem mais brilhantes (maior intensidade). Nos pontos onde ocorre a
interferência destrutiva, aparecem mais escuros (menor intensidade).
Para ondas circulares que se propagam na superfície de um líquido, as linhas
circulares representam, alternadamente, cristas e vales. No cruzamento de duas
cristas ou de dois vales, a interferência é construtiva. No cruzamento de cristas e
vale, a interferência é destrutiva.

RESSONÂNCIA

Quando um corpo começa a vibrar por influência de outro, na mesma


freqüência deste e mesmo posicionamento de fase, ocorre um fenômeno chamado
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ressonância.
Exemplos:
 O vidro de uma janela que se quebra ao entrar em ressonância com as
ondas sonoras produzidas por um avião a jato;
 As cordas de violão que se encontram na mesma nota da oitava
correspondente vibram simultaneamente e independente de ser o mesmo
instrumento.
 Uma taça que vibra e até quebra quando exposta a entonações vocais que
correspondem a sua frequência peculiar de vibração, ou seja, o som emitido é o
mesmo do produzido pela vibração da taça.
 O aparelho de ressonância magnética que emite ondas de reflexão que se
propaga na ida e na volta com a mesma frequência para permitir uma varredura do
volume desejado.
 As pontes, assim como outras estruturas, que necessitam de um
dimensionamento vibratório de acordo com as suas funcionalidades e meio de
exposição, caso contrário correm o risco desabamento por entrar em concordância
com vibrações externas.

BATIMENTO
Quando a superposição ocorre com ondas sonoras de freqüência ligeiramente
diferentes, surge o fenômeno do batimento. O batimento consiste em flutuações
periódicas da intensidade do som resultante. O número de batimentos pode ser
calculado pela seguinte equação:

Exemplo: fa= 500 Hz; fb = 550 Hz; então: B = 550 – 500 => B = 50 Hz
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ONDAS ESTACIONÁRIAS
São ondas resultantes da superposição de duas ondas de mesma freqüência,
comprimento de onda e mesma amplitude, que se propagam ao longo de uma
direção, mas de sentidos opostos. É um caso particular de interferência de ondas.
Considere uma corda presa numa das extremidades. Fazendo a outra
extremidade vibrar com movimentos verticais periódicos, originam-se perturbações
regulares, que propagam pela corda. Ao atingirem a extremidade fixa, elas se
refletem, retornando à corda com sentido de deslocamento contrário ao anterior.
Uma onda estacionária se caracteriza pela amplitude variável de ponto para
ponto, isto é, há pontos da corda que não se movimentam (nós), e pontos que
vibram com amplitude máxima (ventres ou anti-nós).
A distância entre dois nós consecutivos corresponde a meio comprimento de
onda (𝜆 /2). Igualmente, a distância entre dois ventres consecutivos é igual a meio
comprimento de onda (λ /2). A distância entre um nós e um ventre consecutivo vale
(λ /4).

https://brasilescola.uol.com.br/fisica/ondas-estacionarias.htm
27

EFEITO DOPPLER

Ocorre quando há movimento relativo entre a fonte sonora e o receptor. Por


exemplo, a sirene de uma ambulância passando por um ouvinte parado na calçada.
Nota-se que, à medida que a fonte se aproxima, o som vai se tornando mais agudo
e, à medida que a fonte se afasta, o som vai se tornando mais grave.

Explicação do Fenômeno
Quando há aproximação da fonte sonora do receptor, há um número maior de
frentes de ondas na unidade de tempo. Portanto, há um aumento de freqüências
ouvidas. Quando há afastamento, há um número menor de frentes de ondas na
unidade de tempo. Portanto, há uma diminuição da freqüência ouvida.
Este efeito ocorre quando a velocidade de movimento da fonte (v F) é menor
que a velocidade do som (v S) no meio.

A freqüência ouvida pelo observador (f’) quando ele está com velocidade (v0),
será:

vs  vo
f'  f .
vs  vF

onde:
28

VISUALIZANDO OS SONS

Quando refletimos acerca dos fenômenos vibratórios e quais desses são


detectados pelos seres humanos vemos que somos dotados de apenas alguns
sentidos que detectam apenas alguns fenômenos que ocorrem na natureza.
Miríades de outros fenômenos vibratórios permanecem desconhecidas por nossos
sentidos.Certamente os sentidos que temos são aqueles mínimos necessários para
manutenção, defesa e continuidade da nossa vida e que a natureza nos dotou.
Tudo o mais que o homem precisa ele constrói. Se não vemos com nossos
olhos o esqueleto humano, o homem constrói máquina para isso. Se não
enxergamos os astros a olho nu, construímos telescópios para isso. Se não vemos
com nossos sentidos uma onda sonora ou eletromagnética que navega pelo espaço
podemos visualizá-la através de um osciloscópio e assim poderíamos enumerar
muitos outros dispositivos que funcionam como ferramentas extras ao corpo do
homem. O mínimo do que precisamos está em nosso corpo. Assim a natureza nos
construiu. E nos quedamos extasiados em estado de contemplação com tanta
beleza e engenharia atrás de tudo isso, daí a constante busca do homem para
encontrar e conhecer O Grande Arquiteto, buscar sua intimidade, procurar conhecer
as leis pelas quais são regidos os fenômenos do universo. Homens inspirados tem
29

dedicados suas vidas na busca de tudo entender, de tudo explicar, ao longo da linha
de tempo da humanidade.
Percorrendo o espaço vibratório podemos ver que somos dotados de sentidos
que nos permitem ouvir os sons do meio ambiente que estamos e que cobrem uma
faixa média de 20 a 20.000 Hertz ou ciclos por segundo. Podemos sentir o Calor e
podemos ver as Cores.
Quando estudamos a física do som, verificamos como os sons são
percebidos pelos nossos ouvidos, com relação as suas freqüências, suas
intensidades e o timbre. Por causa das relações entre as freqüências de áudio,
podemos denominá-las em toda a extensão da faixa de áudio somente por sete
nomes diferentes: Do, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si.
Ainda em relação às freqüências verificamos que a cada 12 intervalos de
sons subsequêntes, ou 1 oitava, percebemos uma característica especial cada vez
que uma dada frequência é o dobro da outra. A maneira como é organizada a escala
musical temperada guarda um intervalo entre cada nota e sua subsequente que é
igual em toda a escala. Esse valor é igual a 1,0594631, ou seja o quociente entre o
valor da freqüência de um som e a freqüência do som imediatamente inferior, tem
esse valor.
Vendo todo o espectro organizado matematicamente dessa maneira podemos
formular a pergunta: - qual seria a relação entre as freqüências da faixa auditiva
humana e as freqüências dos sinais eletromagnéticos que correspondem as cores?
Assim poderíamos imaginar um virtuose concertista percorrendo o teclado de um
piano e perguntar quais as cores que corresponderiam a cada nota musical tocada.
Vou mostrar como isso realmente funciona e depois mostrarei os cálculos para
chegar a essa conclusão.
Ao contemplar o espectro todo vemos como é interessante notar que
inicialmente detectamos o áudio, passa-se uma larga faixa de freqüências que não
percebemos e logo bem distante das freqüências de som, percebemos as cores
graças aos três tipos de cones de nosso aparelho da visão , cada um deles
responsável por um comprimento de onda, o vermelho, o verde, e o azul, cuja
intensidade de cada um deles, arranjadas convenientemente , acaba por cobrir todo
30

o espectro de cores, coadjuvados pelos bastonetes, responsáveis pelo brilho da cor.


TABELA – FREQUÊNCIAS DE NOTAS MUSICAIS
Nota musical Freqüência de áudio Freqüência de luz Comprimento de onda

Fá# 370,0 Hz 4,07 . 1014 Hz 0,7374 µm

Sol 392,0 Hz 4,31 . 1014 Hz 0,6960 µm

Sol# 415,3 Hz 4,57 . 1014 Hz 0,6570 µm

Lá 440,0 Hz 4,84 . 1014 Hz 0,6200 µm

Lá# 466,2 Hz 5,13 . 1014 Hz 0,5853 µm

Si 493,9 Hz 5,43 . 1014 Hz 0,5525 µm

Dó 523,3 Hz 5,75 . 1014 Hz 0,5214 µm

Dó# 554,4 Hz 6,10 . 1014 Hz 0,4922 µm

Ré 587,3 Hz 6,46 . 1014 Hz 0,4646 µm

Ré# 622,3 Hz 6,84 . 1014 Hz 0,4385 µm

Mi 659,3 Hz 7,25 . 1014 Hz 0,4139 µm

Fá 698,5 Hz 7,68 . 1014 Hz 0, 3906 µm


31

Assim olhando para as teclas de um piano, com a escala igualmente


temperada, indo dos graves para o agudo a primeira nota - fá# encontra seu
correspondente em 737,4 nm (nano metros) - (comprimento de onda) e a nota mais
extrema nos agudos é a nota fá cujo comprimento de onda é de 390,6 nm. Observe
porém que o espaço de correspondência é maior que este que acabamos que ver,
dado que nos instrumentos musicais de cordas, sem os trastes, como o violino por
exemplo, conseguimos notas fora da escala temperada, que tem suas notas
correspondentes no espectro de cores. Assim considerando que o espectro de cores
vai de 3,93 . 1014 até 7,86 . 1014 Hz, temos as notas correspondentes dentro da faixa
de áudio que vai de 357,4 Hz à 714,8 Hz.
Como cada oitava contém 12 intervalos, para sabermos a distância em
oitavas é só dividirmos 593,77907 por 12, que é igual à 49,481589 oitavas.
Fomos até a nona oitava e paramos por aí, porque sabemos que o Lá3 cuja
frequência de áudio é de 440 Hz está contida nesta oitava. De imediato concluímos
que se a distância de 1 Hz até a frequência mais baixa de luz visível, o vermelho, é
de 49,481589 oitavas, se partirmos desta nona oitava para calcularmos a distância,
teremos 49,481589 - 9 = 40,481589 oitavas.
Vemos que essa frequência está dentro do espaço visível, então o Lá3
corresponde à frequência de Luz Visível de 4,8378635.10 à décima quarta
potência, Hz. Podemos pois fazer incrementos à direita e à esquerda desse valor,
na razão de 1,0594631 e verificar até onde estaremos dentro da faixa de luz visível.
Assim, verificamos que, multiplicando seguidamente os valores de Lá3 por
1.0594631, obtemos as demais frequências de áudio correspondentes às
frequências de luz até chegar o limite superior de 614,8 Hz, e do mesmo modo
dividindo seguidamente o valor de Lá3 por 1,0594631 obtemos as demais
frequências de áudios correspondentes às frequências de luz até chegar o limite
inferior de 357,4 Hz.

1,0594631 - é a razão entre cada nota musical e sua subsequente na escala


musical igualmente temperada.
32

JANELA DA VISÃO HUMANA NO ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

ACÚSTICA
É o ramo específico da Ondulatória, subdivisão da Física Clássica, que trata
dos fenômenos relativos ao estudo do som. Para melhor compreensão do estudo da
Acústica é interessante fazer uma abordagem teórica sobre os princípios
fundamentais da Ondulatória.
Assim como o surgimento de todas as ciências, a Acústica também evoluiu e
teve tratamentos específicos permitindo um aprofundamento dos conhecimentos
33

sobre as diversas propriedades do som. Mesmo antes de Cristo já se conheciam


alguns fenômenos naturais que aos poucos foram sendo relacionados com assuntos
ligados ao som, nessa época, ainda não existiam conhecimentos depositados sobre
os comportamentos sonoros presente no cotidiano.

HISTÓRICO DA ACÚSTICA

Sendo o som o resultado de uma perturbação num meio contínuo (e.g., ar ou


água) que envolve a fonte e os receptores dessa perturbação, a sua história pode
recuar até ao momento em que a seleção natural originou um ser com a faculdade
de “ouvir”, permitindo-lhe assim uma maior capacidade de sobrevivência: os
primeiros vertebrados surgiram em meio aquático há cerca de 500 milhões de anos;
os dinossauros reinaram, envolvidos pelo ar, há mais de 65 milhões de anos.
Tanto quanto se sabe os dinossauros comunicavam entre si mediante sons,
mas só com o aparecimento do Australopiteco (há cerca de 30 milhões de anos), e
da sua postura ereta que lhe libertou as mãos, foi pela primeira vez possível a um
ser vivo construir instrumentos, inclusive instrumentos musicais, cujas características
acústicas, empírico-intuitivas, passaram de geração em geração e influenciaram
outros hominídeos.
As conseqüências sociais do domínio do fogo pelo Homo Erectus (há cerca
de 1.5 milhões de anos), e da sedentarização, com o domínio da agricultura pelo
Homo Sapiens (há cerca de 8000 anos), fazem com que a música, e a acústica
associada, comecem a proliferar pelas mãos e talento daqueles que já não são
obrigados a procurar alimento, mas que assumem a responsabilidade do
entretenimento.
A invenção da roda (há cerca de 5500 anos) abre caminho à “maquinização”
generalizada e, consecutivamente, à generalização de sons artificiais no quotidiano.
A invenção da escrita (há cerca de 5000 anos), permitiu uma maior
organização da sociedade, inclusive da própria música. Contudo, catástrofes
naturais (o dilúvio, há cerca de 5500 anos, que não deve ter sido mais do que uma
grande cheia no “centro” do mundo de então: a Mesopotâmia) e artificiais (destruição
34

de todos os livros da cultura chinesa pelo imperador Shih Huang-Ti, há cerca de


2300 anos; o incendiar da biblioteca de Alexandria, por Júlio César, em 47 a.C., para
que não caísse nas mãos dos Egípcios), fazem com que muitos dos registros que
poderiam confirmar ou infirmar algumas das suposições atuais não tenham
sobrevivido.
Curiosamente, existem alguns textos épicos, datados de 4000 a.C. que
descrevem o dilúvio como um castigo resultante do excessivo ruído produzido pelas
pessoas, o qual perturbou o sossego dos Deuses.
A Bíblia possui muitas referências à música, e.g. (Gênesis cap. 4, vs. 21): E o
nome do seu irmão era Jubal. Ele mostrou ser o fundador de todos os que manejam
a harpa e o pífaro.
Há quem considere inclusive que a seguinte passagem, em que Deus dá
instruções a Moisés, tem motivos acústicos – devido às características de absorção
sonora dos panos –, e antevê a técnica atual – pela indicação de criação de módulos
idênticos – (Êxodo cap. 26, vs. 7 e 8): E tens de fazer panos de pêlo de cabra, para
a tenda sobre o tabernáculo. Farás onze panos de tenda. O comprimento de cada
pano de tenda é de trinta côvados e a largura de cada pano de tenda é de 4
côvados. Há uma só medida para os onze panos de tenda.
Pode também interpretar-se a seguinte passagem, em que Josué descreve o
cerco dos Hebreus à cidade de Jericó (há cerca de 3220 anos), como a primeira
manifestação da ressonância acústica (Josué cap. 6, vs. 20): Então, quando
começaram a tocar as trombetas, o povo gritou. E sucedeu que, assim que o povo
ouviu o som das trombetas e o povo começou a dar um grande grito de guerra,
então a muralha começou a cair rente ao chão…
Só existem registros, que nos datam, localizam e personificam trabalhos
relativos ao som, a partir da Grécia antiga (há cerca de 2500 anos), quando grandes
pensadores começam a tentar dar resposta às perguntas mais prementes. Assim,
ainda que se suponha que o Homo Sapiens já suspeitava, há muitos anos a essa
parte, ser o som um fenômeno ondulatório, idêntico ao que ocorre na superfície livre
de um líquido, quando é perturbado, Aristóteles (384-322 a.C.) é um dos primeiros,
de que há registro, a tentar explicar o som como o resultado do movimento do ar,
35

movimento este produzido pela fonte sonora: …impulsionando o ar à sua volta, de


maneira a que o som viaje de forma inalterada, em qualidade, até onde a
perturbação do ar chegue.
Aristóteles considera – erroneamente de acordo com os conceitos atuais –
que as diferentes sensações de altura se devem a diferenciadas velocidades do
som.
Os Pitagóricos (c. 550 a.C.) são dos primeiros, de que há registro, a reparar
que quando dois alaúdes monocórdios eram tocados em simultâneo, existia uma
consonância muito especial, no som assim ouvido, se a relação entre o comprimento
das suas cordas fosse 2:1, ou seja, uma tivesse metade do comprimento da outra
(suspeita-se que os chineses tenham sido os primeiros a constatar tal fato,
possivelmente há mais de 3000 anos). Os Pitagóricos dão, assim, início à
matematização do som.
A música da Grécia antiga é, contudo, essencialmente monofônica (não
simultaneidade de diferentes sons), sendo a polifonia (simultaneidade de diferentes
sons) fortuita, aleatória e inconsciente. Também o heptatonismo (sete notas
musicais), base do atual sistema teórico da música ocidental, ainda que com
influência da música da Grécia antiga, só surge no séc. VIII d.C., já com o domínio
dos Romanos, mediante o acrescentar de mais 4 cordas à lira tradicional Grega
(phorminx), que já possuía 4, possibilitando assim o executar de uma Oitava
completa.
O maior testemunho dos conhecimentos Gregos sobre acústica, são os seus
anfiteatros, alguns ainda utilizados hoje em dia. A boa qualidade acústica dos
anfiteatros Gregos, deve-se a três regras fundamentais, que qualquer projetista atual
deve ainda ter em conta: boa linha de vista para o palco; uso de uma parede
refletora na zona posterior do palco; ruído ambiente diminuto.
Também os Romanos têm em conta características acústicas para a
construção dos seus teatros. Marcus Vitruvius Pollio (c. 27 d.C.) escreve De
Architectura, onde sugere o uso de vasos ressonantes para melhorar o som dos
teatros.
Existem registros datados de cerca de 600 a.C., de algumas cidades italianas,
36

sob o domínio Etrusco, que separavam as zonas de trabalho, onde predominava


ruído incomodativo, das zonas de repouso. Mais tarde, Júlio César (100-44 a.C.)
proíbe a circulação das bigas (antigo carro romano puxado por dois cavalos), em
certas zonas de Roma, durante certas horas do dia, especialmente à noite. Esta
medida foi mantida pelos seus sucessores e Marco Aurélio (121-180 d.C.), estende-
a a todas as cidades do Império Romano.
No séc. I d.C., Nero (37-68 d.C.) introduz nos jogos olímpicos um concurso
musical, que não tem continuidade.
A partir do séc. IV d.C., com a proclamação do Cristianismo como religião
oficial do Império Romano, a música é “aprisionada” nos mosteiros, sendo “libertada”
apenas no séc. XII d.C., com o surgimento dos trovadores.
Os monges desenvolvem a escrita musical e estruturam a polifonia, esta
última sustentada pela acústica especial dos mosteiros; data do séc. IX d.C. o texto
polifônico mais antigo que chegou até nós, atribuído a Hucbaldo e notado no tratado
Musica Enchiriadis.
Os trovadores compõem e cantam sobretudo melodias seqüenciais
(monofonia), menos complicadas, e que, por isso mesmo, chegam mais depressa ao
coração das donzelas. Os trovadores começam também a valorizar a música
instrumental, a qual era repudiada pela liturgia de então.
É também no séc. XII, que ganha forma uma nova instituição: a Universidade.
De início o corpo de conhecimento, fornecido pela Universidade, para formação de
um homo liber (cavalheiro), consistia no trivium (gramática, retórica e lógica) e no
quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). Em 1210 d.C. o Papa
Inocêncio III reconhece, mediante bula, a instituição Universidade.
O conceito de altura do som e a sua utilização na composição musical, existe
há mais de 2500 anos, mas só com Marin Mersenne (1588-1648), no seu livro
Harmonicorum Liber (1636), e, independentemente, com Galileu Galilei (1564-1642),
no seu livro Discurso sobre os Dois Grandes Sistemas do Mundo (1638), se
associou definitivamente a altura do som à freqüência de vibração. É inclusive no
livro de Mersenne que é inferida, pela primeira vez de que há registro, a freqüência
de vibração de uma corda tensa, de um dado comprimento, em função da freqüência
37

de vibração de uma outra corda tensa, com as mesmas características da primeira


(tensão, diâmetro e densidade) e de comprimento conhecido.
Só em 1939, é normalizada a freqüência 440Hz para a nota la3, mediante
conferência internacional em Londres, depois de muitos séculos de desregramento:
o diapasão de Handel (1685-1759) em la3 vibrava a 422.5 Hz; em 1859, uma
comissão francesa, que incluía Berlioz (1803-1869) e Rossini (1792-1868), tenta
normalizar a freqüência de la3 em 435 Hz, mas, por razões praticas, não tem
sucesso.
Depois de encontrada a relação entre a altura do som e a freqüência de
vibração, a comunidade científica começa a interessar-se pela determinação das
freqüências limites da audição humana, mas só em 1830, Felix Savart (1791-1841),
mediante a utilização de uma roda dentada, que percute sequencialmente uma
membrana elástica (Roda Dentada de Savart), estabelece o valor de 8 Hz para a
freqüência mínima audível e 24000 Hz para a freqüência máxima. Tais valores
limites são subjetivos, considerando-se em média, atualmente, 20Hz e 20000 Hz.
Um desafio idêntico ao anterior, é a determinação do limite mínimo da
intensidade sonora audível. Os primeiros estudos que se conhecem, da autoria de
Toepler (1836-1912) e Boltzmann (1844-1906), remontam a 1870.
A consideração aristotélica da necessidade do ar para a propagação sonora é
posta em causa, sobretudo devido à não visualização ou tateação da vibração do ar,
por Pierre Gassendi (1592-1655), que propõe que o som se deve à emissão de um
feixe de átomos por parte da fonte sonora.
O conflito entre um modelo corpuscular e um modelo ondulatório tem pouco
peso na história relativa ao som, contrariamente ao que acontece na Óptica, pois
ainda que a primeira experiência de propagação sonora no vácuo, de Athanasius
Kircher (1602-1680), publicada em 1650, tenha dado suporte ao modelo de
Gassendi, devido a um baixo nível de vácuo, a derradeira experiência de Robert
Boyle (1627-1691), em 1660, com um maior nível de vácuo, onde se conclui,
irrefutavelmente, ser necessária a existência de ar para que haja propagação
sonora, faz com que o modelo ondulatório prevaleça e que se possa considerar, hoje
em dia, o seguinte: …a teoria do som desenvolveu-se, desde o princípio,
38

essencialmente como uma teoria ondulatória.


Joseph Sauveur (1653-1716) sugere, não se sabe bem quando, o termo
Acústica, do Grego Akoustiké (Akoustike) que significa “relativo ao ouvido”, para
denominar a ciência dos sons.
Talvez para remediar a sua falha experimental, Athanasius Kircher explica, no
seu livro Phonurgia Nova (1673), o fenômeno do eco e da reflexão sonora, mediante
a utilização de Raios Acústicos, com base na lei de reflexão da luz de Euclides (c.
330- 270 a.C.) – lei esta consolidada e complementada por Willebrod Snell (1591-
1626) e René Descartes (1596-1650) – e dá início ao prolífero ramo da Acústica
Geométrica. Contudo, só em 1832, com a dedução da denominada Equação do
Eikonal, por William Rowan Hamilton (1805-1865), foi possível demonstrar as
limitações desta aproximação geométrica.
Em 1678, Christian Huygens (1629-1695), publica Traité de la Lumière, e
torna- se um dos principais proponentes do modelo ondulatório da luz, em oposição
a Sir Isaac Newton. Huygens enuncia, no livro referido, um importante princípio:
...qualquer ponto do “éter” onde a perturbação luminosa incide pode ser entendido
como centro de uma nova perturbação que se propaga esfericamente.
Tal princípio ficou conhecido por Princípio de Huygens.
O Princípio de Huygens pode ser estendido às ondas sonoras, e foi deduzido,
de forma mais rigorosa, por Poisson, em 1818, na sua publicação Memoir on the
Integration of Some Partial Differential Equations and, in Particular, That of the
General Equation of Movement of Elastic Fluids.
O modelo ondulatório da luz só começou a ser aceite pela comunidade
científica em geral, a partir de 1801, quando Thomas Young (1773-1829), introduz o
conceito de Interferência Ondulatória, depois de criar a famosa experiência de fenda
dupla, e obter as famosas Franjas de Difração. O fenômeno da difração
propriamente dito só teve uma explicação razoável quando Augustin Jean Fresnel
(1788-1862), em 1818, juntou o princípio de Huygens ao principio de interferência de
Young e explicou a propagação retilínea da luz e os efeitos de difração. Tal princípio
ficou conhecido como Princípio de Huygens-Fresnel.
Em 1882 Kirchhoff aperfeiçoa a teoria de Fresnel, dando-lhe uma melhor
39

consistência matemática, tendo o seu desenvolvimento ficado conhecido por Teoria


da Difração de Kirchhoff-Fresnel.
Em 1896 Arnold Sommerfeld obtém a solução rigorosa da difração de uma
onda plana num plano semi-infinito, mediante a Teoria da Difração de Kirchhoff-
Fresnel.
Ainda que a Teoria da Difração de Kirchhoff-Fresnel não seja totalmente
válida para as ondas sonoras, só em 1968 Z. Maekawa realiza experiências no
sentido de obter uma função empírica da difração sonora de obstáculos finos.
As primeiras teorias matemáticas da acústica incidem na freqüência de
vibração das cordas tensas, sendo Brook Taylor (1685-1731) – o criador das
famosas séries com o seu nome – o primeiro a deduzir uma expressão analítica,
para determinação da freqüência de vibração das cordas tensas, em função do seu
comprimento, tensão e densidade linear, a qual concordava com as leis
experimentais de Mersenne e Galileu. O trabalho de Taylor foi publicado em 1713,
tendo sido posteriormente aperfeiçoado e generalizado, mediante a introdução de
derivadas parciais, por Daniel Bernoulli (1700- 1782), Leonard Euler (1707-1783) e
Jean le Rond d’Alembert (1717-1783). Considera- se que d’Alembert foi o primeiro a
deduzir, em 1747, para o caso das cordas vibrantes, a equação diferencial da
propagação ondulatória, atualmente denominada simplesmente por Equação de
Onda.
Entretanto, Sauveur, por volta de 1700, observa que uma corda tensa pode
vibrar de forma a que certos pontos da corda não oscilem, os quais denominou por
nodos, e que certos pontos sofram uma oscilação muito violenta, os quais
denominou por ventres. Facilmente reconheceu que esse tipo de vibração se devia à
ocorrência de freqüências superiores à freqüência de vibração da corda como um
todo, e verificou que as freqüências mais altas eram múltiplas inteiras da freqüência
mais baixa, correspondente à vibração da corda como um todo, a qual denominou
por Freqüência Fundamental. Sauver denominou o conjunto de todas essas
freqüências por Harmônicos, correspondendo o 1º harmônico à freqüência
fundamental. Tal denominação é ainda utilizada atualmente.
Em 1755, Daniel Bernoulli demonstra teoricamente que é possível a uma
40

corda tensa vibrar de forma a que estejam presentes, simultaneamente, vários


harmônicos, sendo o deslocamento, de um dado ponto da corda, igual ao resultado
da soma algébrica dos deslocamentos correspondentes a cada harmônico. Tal
formulação ficou conhecida por Principio da Sobreposição.
Em 1759, Joseph Louis Lagrange (1736-1813) apresenta um modelo teórico
das cordas vibrantes, baseado na consideração de massas iguais, uniformemente
espaçadas e ligadas entre si por molas com a mesma constante elástica. Este
modelo, denominado por Linha Sonora, teve e tem grandes aplicações, e permite a
dedução dos harmônicos observados por Sauveur.
Em 1822, Jean Baptiste Fourier (1768-1830), no seu livro Analytical Theory of
Heat, demonstrou, inspirado no princípio da sobreposição de Bernoulli, que qualquer
vibração periódica pode ser decomposta numa soma de senos e co-senos (Série de
Fourier), cujas diferentes freqüências são múltiplos inteiros da freqüência
fundamental, e alicerçou, assim, o ramo da Análise de Freqüência, também
denominado por Análise Espectral.
A primeira teoria matemática da propagação sonora no ar surge no magistral
livro The Principia: Mathematical Principles of Natural Philosophy (1686) de Isaac
Newton (1642-1727). A formulação de Newton, de pulsos de “pressão” transmitidos
através das partículas de ar vizinhas, foi aperfeiçoada e corrigida, em alguns pontos,
por Euler, d’Alembert e Lagrange, com base na consistência matemática então
adquirida pela Mecânica dos Meios Contínuos.
A primeira teoria baseada genuinamente em princípios de dinâmica dos
fluidos, surge numa publicação de Euler em 1759, baseada no modelo de linha
sonora de Lagrange. Nessa publicação Euler deduz a Equação de Onda,
unidimensional, da propagação sonora em fluidos.
A formulação do século XVIII é ainda considerada hoje em dia, para dedução
da equação de propagação das ondas sonoras em fluidos – considerando pequenas
amplitudes de perturbação (acústica linear) – aparte da relação entre a densidade e
a pressão, obtida já no séc. XIX, por Pierre Simon de Laplace (1749-1827) e
publicada no seu livro Méchanique Céleste (1825).
A diferença essencial entre a formulação do séc. XIX e a do séc. XVIII é a
41

consideração de um processo adiabático no lugar de um processo isotérmico. Esta


consideração originou valores teóricos da velocidade do som mais próximos dos
valores experimentais, até então obtidos por Mersenne, em 1640 (450 m/s), Boreli
(1608-1679) e Viviani (1622-1703), em 1656 (350 m/s), e pela Academia das
Ciências de Paris, em 1738, mediante experiências precisas com tiros de canhão
(332 m/s a 0 ºC).
Em 1808, Jean Baptiste Biot (1774-1862) efetua as primeiras experiências
para determinação da velocidade do som em meios sólidos. Utilizando um cano de
ferro com 1 km de comprimento e comparando o tempo de chegada do som através
do ferro e através do ar, Biot chega à conclusão que a velocidade do som no ferro é
muito superior à velocidade do som no ar.
Em 1826, Jean-Daniel Colladon e Jacques Charles Francois Sturm (1803-
1855), investigam a transmissão do som através da água, no lago de Geneva
(Suíça), utilizando um sistema em que é emitido um sinal luminoso associado ao
tocar de um sino dentro de água (1435 m/s a 8ºC).
A dedução da propagação tridimensional em fluidos foi efetuada, pela
primeira vez de que há registro, por Siméon Denis Poisson (1781-1840), em 1820.
Em 1823 Poisson apresenta uma teoria muito elaborada da propagação sonora no
ar, no interior de um tubo, incluindo o fenômeno das Ondas Estacionárias. A teoria é
aperfeiçoada por Herman von Helmholtz (1821-1894), em 1860.
O difícil problema da reflexão e retração de ondas sonoras planas, incidindo
obliquamente na superfície de separação de dois fluidos, foi resolvido por George
Green (1793-1841), em 1838.
Em 1842, Christian Johann Doppler (1803-1853), enuncia o princípio da
alteração da altura do som em função do movimento relativo da fonte e do receptor.
Tal princípio ficou conhecido por Efeito de Doppler.
Os efeitos da viscosidade, e outros processos dissipativos, na propagação
sonora, foram analisados em 1843 por Claude Louis Marie Henri Navier (1785-1836)
e, em 1845, por George Grabiel Stokes (1819-1903), culminando numa equação de
relações constitutivas do fluído, conhecida por Equação Navier-Stokes.
Stokes estuda, pela primeira vez de que há registro, em 1857, o efeito do
42

vento na propagação sonora.


Em 1868, A. Kundt (1839-1894), estuda as ondas estacionárias mediante a
colocação de pó dentro dos tubos, o qual se acumulará na zona dos nodos. Tal
experiência ficou conhecida por Tubo de Kundt.
A relação entre a tensão e a deformação elástica de sólidos, obtida por
Robert Hooke (1635-1703) em 1676, conhecida por Lei de Hooke, foi essencial para
a adaptação, aos sólidos, dos modelos analíticos desenvolvidos para as cordas
tensas e para os fluidos. Tal adaptação não foi, contudo, fácil. Assim, Bernoulli em
1751, deduz a equação diferencial de 4ª ordem (no espaço) para as ondas
transversais em barras. Em 1787, Chladni (1756-1824), coloca areia em cima de
uma placa em vibração, para verificação da localização dos nodos, obtendo figuras
muito bonitas, conhecidas por Figuras de Chladni. As figuras tornam-se de tal forma
famosas que Napoleão Bonaparte (1769-1821) compromete-se a atribuir um prêmio,
de 3000 francos, a quem conseguir desenvolver, satisfatoriamente, uma teoria
matemática para as placas vibrantes. O prêmio foi atribuído, em 1815, a Sophie
Germain (1776-1831), que deduziu a correta equação diferencial de 4ª ordem. Em
1850, Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887), através de uma correta seleção das
condições de fronteira, aperfeiçoou a teoria de Germain.
A resolução do problema análogo ao referido, para membranas flexíveis, foi
iniciada por Poisson e terminada, mediante a consideração do caso especial das
membranas circulares, por Clebsch (1833-1872), em 1862.
Os modos de vibração dos sólidos conjugados com o advento da Mecânica
Quântica fazem com que, em 1912, Peter Joseph Debye (1884-1966) quantifique as
ondas sonoras e introduza o conceito de Fonão, o qual é muito útil na explicação da
condutividade térmica dos isolantes elétricos e na explicação da supercondutividade
em certos metais.
Entretanto, em 1877, John William Strutt, 3º Barão de Rayleigh (1842-1919),
publica o tratado Theory of Sound, que engloba grande parte dos desenvolvimentos
científicos da acústica, até então, e introduz novos desenvolvimentos, como seja o
conceito de Condutividade Acústica de um orifício, a Função de Dissipação, para um
sistema sujeito a amortecimento, o Teorema da Reciprocidade Acústica e a
43

Representação Complexa.
Depois de deduzidas algumas das equações de propagação do som, a
comunidade científica começou a tentar perceber como o sistema auditivo humano
“analisa” as vibrações. Em 1843, Georg Simon Ohm (1789-1854), estabelece que a
sensação de altura, de sons musicais, é proporcional à freqüência fundamental do
som, e o timbre a diferentes combinações da intensidade dos harmônicos, e inicia o
ramo da Psicoacústica.
Em 1860, Gustav Theodor Fechner (1801-1884), baseado em trabalhos
anteriores de Ernst H. Weber (1795-1878), publica Elements of Psychophysics, onde
estabelece o seguinte: Enquanto o estímulo é aumentado multiplicativamente a
sensação é aumentada aditivamente.
Tal lei ficou conhecida por lei de Fechner-Weber. Ainda que se saiba,
atualmente, que não é exata nem universal, tal lei é um pilar da Psicofísica, levando
Fechner a responder aos seus críticos: A Torre de Babel nunca foi completada
porque os trabalhadores não se entendiam no modo como a construir; o meu edifício
psicofísico manter-se-á de pé porque os trabalhadores não se entendem no modo
como o destruir...
Dois anos depois (1862), Helmholtz publica On the Sensations of Tone, onde
dá suporte à lei de Ohm, considerando que o ouvido humano possui vários
ressoadores, sintonizados para diferentes freqüências, efetuando assim uma análise
espectral. Sabe-se hoje que Ohm e Helmholtz estavam no bom caminho, mas o
processamento cerebral, da audição, é mais complexo que uma “simples”
transformação de Fourier.
Só em 1923, Harvey Flecher, possivelmente inspirado no trabalho de
Fechner, introduz o conceito de Unidade de Sensação Auditiva: um incremento de
0.1 no logaritmo, de base 10, do valor médio do quadrado da pressão sonora,
corresponde a um aumento de uma unidade de sensação.
Em 1924 The International Advisory Commitee on Long Distance Telephony
propõe o termo bel, em honra a Alexander Graham Bell (1947-1922), o inventor do
telefone, para a unidade de sensação de Flecher. Passado pouco tempo, o décimo
do bel (decibel, dB), é de utilização generalizada.
44

Em 1931, Flecher e Wallace Munson determinam as curvas de igual


sensação de intensidade, em função da freqüência, e introduzem o conceito de
Fone.
Em 1975, S. S. Stevens estabelece uma relação mais rigorosa entre a
intensidade sonora e a sensação de intensidade, introduzindo o conceito de Sone.
Com o acabar da 2ª Guerra Mundial, em 1945, surge um elevado número de
soldados com problemas auditivos, pelo que, numa tentativa de resolver o problema,
dá- se início ao ramo da Audiologia. É também a 2ª Guerra Mundial que leva ao
desenvolvimento dos Sonares, cujas técnicas de utilização de Ultra-sons abrem
portas às Técnicas não Destrutivas de análise.
Em 1961 Georg von Békésy (1899-1972) ganha o Prêmio Nobel da Fisiologia
e Medicina, pela sua análise criteriosa dos órgãos auditivos de animais e cadáveres
humanos.
Em 1970, Yoichiro Nambu, Hulger Nielsen e Leonard Susskind, iniciam a
modelação das partículas elementares como cordas vibrantes e dão início à famosa
teoria das Super-Cordas, que se apresenta, atualmente, como um dos principais
candidatos à unificação da Física. De fato a música sempre se relevou uma
excelente fonte de inspiração de cientistas e ficcionistas. Tanto assim é que J.R.R.
Tolkien (1892- 1973), o autor do Senhor dos Anéis, não fugiu à regra e considerou
que o universo das suas ficções foi criado pela música: …e ergueu-se um som de
intermináveis e intermutáveis melodias entretecidas em harmonia, um som que,
ultrapassando o ouvido, se propagou às profundidades e às alturas, e os lugares de
habitação de Ilúvatar encheram-se a transbordar, e a música e o eco da música
chegaram ao vazio, que deixou de ser vazio.
Outra das áreas que, indubitavelmente, o séc. XX consagrou, foi a acústica de
espaços fechados (Acústica de Edifícios). Ainda que este tema remonte à Grécia e à
Roma antiga, pode considerar-se que o advento moderno começou em 1898,
quando Wallace Clement Sabine (1868-1919), publicou Architectural Acoustic, onde
é explicitada a idealização de que numa sala reverberante a média da energia
sonora por unidade de volume é constante, o que permite deduzir uma expressão
analítica para obtenção do tempo de reverberação.
45

Em 1930 Carl F. Eyring, estende a hipótese de Sabine a salas não


reverberantes.
Em 1951, H. Haas, constata que é necessária uma diferença de 35 ms, para
que o ser humano possa distinguir a chegada de dois sons. Tal efeito ficou
conhecido por Efeito de Haas ou Efeito de Precedência, e é de vital importância para
a estereofonia de salas.
Leo Leroy Beranek, em 1962, publica Music, Acoustics and Architecture, onde
relaciona conceitos subjetivos da qualidade acústica de uma sala (e.g., intimidade e
vida) com características objetivas (e.g., tempo de atraso da 1ª reflexão,
relativamente ao som direto, e tempo de reverberação).
Atualmente, programas informáticos, bastante elaborados, fornecem ao
projetista uma forma rápida e eficaz de prospectivar um elevado número de
parâmetros objetivos, entretanto desenvolvidos, que deverão ser ajustados, em
função do tipo de recinto, para obtenção da adequada qualidade acústica, mediante
alteração da arquitetura da sala e/ou dos materiais construtivos.
Em 1960 Clough introduz o conceito de Elemento Finito, que com o advento
dos computadores se verificou ser de vital importância e enorme aplicação em vários
domínios científicos, inclusive na acústica.
A instrumentação acústica, deixando de fora os instrumentos musicais,
começou, talvez, em 1819, com a invenção do Estetoscópio, por René Laënnec
(1781-1826). Contudo, indubitavelmente, o invento mais importante foi o Telefone,
em 1876, por Alexander Graham Bell, o qual abriu portas ao importante ramo da
Eletroacústica.
Poulsen, em 1890, faz as primeiras experiências de gravação áudio em
suporte magnético.
Em 1916 E. C. Wente desenvolve o microfone de condensador,
Em 1926, a Warner Brother apresenta o primeiro filme sonoro, com
equipamento dos laboratórios Bell.
Em 1965 os laboratórios Dolby introduzem técnicas de redução de ruído para
as gravações áudio.
Em 1971 a IEC publica um método preciso de calibração de microfones de
46

condensador, com base na técnica da reciprocidade.

O primeiro Compact Disc é editado em 1982 e, em 1987, começam os


estudos de compressão áudio, baseados nos conhecimentos já existentes de
psicoacústica, que originam o conhecido formato MP3, generalizado através da
Internet.
Desde a queda do Império Romano até à invenção do motor de combustão
interna, o ser humano deixou, aparentemente, de se preocupar com os efeitos
nocivos do ruído. Só em 1929 se dá inicio à fiscalização do ruído emitido por
veículos automóveis: a Inglaterra delega nos policias a verificação, subjetiva, da
emissão sonora excessiva.
Em 1950, Karl Kryter publica, pioneiramente, The Effects of Noise on Man.
Só em 1970 a Comunidade Européia publica uma Diretriz sobre limitações
objetivas da emissão sonora dos veículos automóveis.
Em 1974, a Occupational Safety and Health Administration, nos Estados
Unidos da América, estabelece que os trabalhadores só possam ficar expostos a
níveis sonoros de 90 dB(A) até 8 horas por dia.
Em 1987 é publicado, em Portugal, a Lei de Bases do Ambiente (L. n.º 11/87,
de 7 de Abril) e o Regulamento Geral Sobre o Ruído (D.L. n.º 251/87, 24 de Junho).
Em 1992 são publicadas as normas de Proteção dos Trabalhadores Contra o Ruído
(D.L. n.º 72/92 e D.R. n.º 9/92, de 28 de Abril)
Em 1999 a Organização Mundial de Saúde apresenta um guia para os níveis
sonoros limite em diferentes atividades, e em 2000 é publicado, em Portugal, o
Regime Legal Sobre a Poluição Sonora (D. L. 292/2000, de 14 de Novembro), que
retifica, parcialmente, o regulamento de 1987, e levanta alguma celeuma, sobretudo
devido à aparente impossibilidade prática de cumprimento de alguns dos requisitos
estabelecidos. É também no ano 2000 que é publicada a proposta de Diretriz do
Parlamento Europeu e do Conselho relativa à avaliação e gestão do ruído ambiente.
47

TABELA – HISTÓRICO DO ESTUDO DO SOM

COLABORADOR ÉPOCA ARTICIPAÇÃO


Pitágoras 500 a.C. Intervalos musicais e suas relações
Corda com um terceiro apoio móvel
Aristóteles 335 a.C. Relacionou som com a música
Euclides 275 a.C. Cordas e seus detalhes
Ptolomeu 130 a.C. Diagrama geométrico para cores e cordas

Galileu Galilei 1564 - 1642 Ressonância


Mersenne 1558 - 1648 Lei das cordas vibrantes
Velocidade do som
Gassendi 1592 - 1655 Velocidade e Freqüência
Kiercher 1680 Aparelho do vácuo – Torricelli (1647)
48

Som no vácuo – aparelho


Newton 1642 – 1727 Som no ar = velocidade 280 m/s
Laplace 1749 - 1827 Som no ar – velocidade 320 m/s
Chladni 1827 Acústica – ciência
1789 – 1854 Vibradores senoidais – sistema auditivo
Ohm
Teorema de Fourier – calor
Helmhotz 1821 - 1894 Ressonador
Sir. Charles Wheatstone 1802 – 1875 Termo microfone

Kelvin 1824 – 1907 Teorema de Fourier – calor


Reiss 1861 Transdutor
Lord Rayleigh 1842 - 1919 “The Theory of Sound”
Bell 1847 – 1922 Microfone magnético – telefone
Edison 1877 Gravação e reprodução
Berlinner 1877 Reprodução em rolos
Pouson 1899 Gravação em fio magnético
Langevin 1917 Submarinos - transdutores de cristal
Sabine 1925 Acústica arquitetônica
Rca 1931 Reprodução elétrica
Braunmuehl e Weber 1940 Magnetophon – gravador em fita
Fletcher e Munson 1958 Curvas isoaudíveis
Robinson e Dadson 1958 Precisão no estudo das curvas
Stephens 1966 “Sound and Hearing” – Aristóteles
Sergio Fernando I 2009 Influência do som no comportamento

ALEXANDER GRAHAM BELL – BIOGRAFIA

Alexander Graham Bell nasceu no dia 3 de março de 1847, em Edimburgo, na


Escócia. Era o segundo dos três filhos do casal Alexander Melville Bell e Eliza Grace
49

Symonds. Sua família tinha tradição e renome como especialista na correção da fala
e no treinamento de portadores de deficiência auditiva.
O pai, Alexander Melville Bell, passou a se interessar, não só pelo som das
palavras, como também pelas causas desse som. Estudou anatomia - laringe,
cordas vocais, boca, etc. criando o que chamava de “fala visível”. É autor do livro
“Dicção ou Elocução Padrão”.
O avô, Alexander Bell, foi sapateiro em St. Andrews, na Escócia e, enquanto
consertava sapatos, recitava Shakespeare.Fazia isso com tanta freqüência que, aos
valor exato para cada palavra. Abandonou o ofício de sapateiro e seguiu o caminho
do teatro, porém, alguns anos no palco foram suficientes para que descobrisse outra
profissão; tornou-se professor de elocução e dava conferências dramáticas sobre
Shakespeare, desenvolvendo boa prática no tratamento dos defeitos da fala,
especializando-se em foniatria.
Bell, seu pai e seu avô tinham o mesmo prenome - Alexander. Até os 11
anos, se chamava simplesmente Alexander Bell, até que um dia na escola, a
professora sugeriu que adotasse mais um nome para diferenciar-se do avô. Depois
de consultar os familiares, optou por Graham, em homenagem a um grande amigo
de seu pai.
Aos 14 anos, ele e seus irmãos construíram uma curiosa reprodução do
aparelho fonador. Numa caveira montaram um tubo com “cordas vocálicas”, palato,
língua, dentes e lábios, e com um fole, sopravam a traquéia, fazendo a caveira
balbuciar “ma- ma”, imitando uma criança chorona.
Alexander Graham Bell cresceu assim, em um ambiente rico de estudo da voz
e dos sons, o que certamente influenciou no seu interesse nesse campo, além de ter
a mãe que, muito jovem, ficou surda.
Estudou na Universidade de Edimburgo, onde começou a fazer experimentos
sobre pronúncia. Certo dia, um amigo de seu pai falou sobre a obra de certo cientista
alemão chamado Hermann Von Helmholtz , que havia investigado a natureza física
dos sons e da voz. Excitado com a novidade, apressou-se em conseguir uma cópia
do livro. Só havia um problema: o livro estava escrito em alemão, língua que não
entendia. Além disso, trazia muitas equações e conceitos de física, inclusive
50

relativos à eletricidade, área que tampouco dominava.


Apesar de todas as dificuldades, Bell teve a impressão de que (por meio de
alguns desenhos do livro), Helmholtz tinha conseguido enviar sons articulados, como
vogais, através de fios utilizando eletricidade. Na verdade, o que Helmholtz estava
tentando fazer era sintetizar sons parecidos com a voz, utilizando aparelhos e não
transmití-los à distância. Ao contrário do que vocês podem estar pensando, foi
exatamente esse engano que fez com que Bell começasse a pensar sobre os modos
de enviar a voz à distância por meios elétricos.
Em 1868, em Londres, tornou-se assistente do pai, assumindo seu cargo em
tempo integral quando este tinha de viajar aos Estados Unidos para dar cursos.
Nessa época, seus dois irmãos, o mais velho e o caçula, com intervalo de um
ano, morreram de tuberculose. As dificuldades econômicas aumentaram e a ameaça
da doença, também encontrada em Bell, levou o pai a abandonar a carreira em
Londres, em seu melhor momento e, em agosto de 1870, mudar-se com a família
para o Canadá.
Compraram uma casa em Tutelo Heights, perto de Brantford, província de
Ontário, que era conhecida como “Casa Melville” e que hoje é conservada como
relíquia histórica com o nome de “solar dos Bell”.
O pai de Bell era famoso e foi muito bem recebido no Canadá. Em 1871,
recebeu o convite para treinar professores de uma escola de surdos em Boston, nos
Estados Unidos, porém, preferindo continuar no Canadá, mandou o filho em seu
lugar. Bell passou a ensinar o método de pronúncia desenvolvido por seu pai,
treinando professores em muitas cidades além de Boston, pois, nessa época, antes
da descoberta dos antibióticos, a surdez era muito mais comum, podendo surgir
como resultado de muitas doenças.
Em 1872, abriu sua própria escola para surdos (onde depois conheceu D.
Pedro II, em 1876). No ano seguinte, em 1873 tornou-se professor da Universidade
de Boston, época em que começa a se interessar por telegrafia e estudar modos de
transmitir sons utilizando a eletricidade.
Por meio de seu trabalho como professor de surdos, A. Graham Bell - como
assinava e gostava de ser chamado - conheceu pessoas influentes que, depois,
51

ajudaram- no muito. Um deles foi Thomas Sanders, um rico comerciante de couro


que morava em Salem, próximo a Boston, cujo filho – George – foi aluno de Bell. O
menino mostrou progressos tão rápidos que Sanders, agradecido, convidou Bell a
morar em sua casa.
Outra pessoa importante foi Gardiner Greene Hubbard, um advogado e
empresário bem- sucedido, que viria a ser seu sogro em 1875.
Em 1898, Bell substituiu o sogro na presidência da National Geographic
Society, transformou o velho boletim da entidade na belíssima National Geographic
Magazine, semelhante à que temos hoje.
Alexander Graham Bell morreu em sua casa de Baddeck, no Canadá, no dia
2 de agosto de 1922, aos 75 anos.
Muitos conhecem Bell como o inventor do telefone, muito embora hoje já se
reconheça que o verdadeiro inventor foi o italiano Antonio Meucci , mas poucos
sabem de seus outros feitos. Dê uma olhada na galeria:
 Disco de cera - Para gravação de sons, o que aprimora o fonógrafo de
Edison.
 Sondas tubulares - Para exames médicos
 “Colete a vácuo” - Uma forma primitiva de pulmão-de-aço.
 Raios laser - Foi um dos precursores na descoberta.
 Barcos velozes - Inventor de barcos capazes de superar os 100
quilômetros por hora.
 Carneiros - Selecionando raça.
 Sistema de localização de icebergs - Desenvolveu sistema semelhante
ao sonar
 Fotofone - Inventor do sistema de transmissão de mensagens por meio de
raios luminosos em 1887.
 Aviação - Foi o primeiro homem a voar num aparelho mais pesado que o
ar no Império Britânico em 1907.
52

Ao longo da sua vida, Bell obteve 18 patentes em seu nome e 12 em conjunto


com colaboradores. Desse total, temos os seguintes assuntos: “Inventor é um
homem que olha para o mundo em torno de si e não fica satisfeito com as coisas
como elas são. Ele quer melhorar tudo o que vê e aperfeiçoar o mundo. É
perseguido por uma idéia, possuído pelo espírito da invenção e não descansa
enquanto não materializa seus projetos.” (Alexander Graham Bell - Baddeck –
Canadá).

A FREQUÊNCIA DA NOTA LÁ-PADRÃO

A afinação das orquestras (medidas em hertz, ou ciclo por segundos, para um


concerto em Lá) parece acompanhar as neuroses dos tempos. Veja alguns
exemplos de maestros contemporâneos:

TABELA - DIFERENTES FREQUÊNCIAS DA NOTA LÁ-PADRÃO

ORQUESTRAS Hz
Órgão da catedral de Worcester (1611) 360,0
Haendel (1740) 422,0
Mozart (1780) 421,6
Ópera de Paris (1822) 431,0
53

Padrão francês (1822) 435,0


Piano Steinway (1880) 457,0
Padrão internacional (1938) 440,0
Filarmônica de Berlim (Herbert von Karajan) 448,0
Sinfônica Nacional (Mstislav Rostropovich) 440,0
Sinfônica de Boston (Seiji Ozawa) 442,0
Filarmônica de Nova York (Zubin Mehta) 442,0

O tom usado pelas orquestras para afinar os instrumentos está cada vez mais
alto, para desespero dos cantores de ópera e donos de violinos raros. Os primeiros
temem pela voz, uma vez que forçar as cordas vocais para atingir notas cada vez
mais altas pode significar danos irreversíveis. E os músicos não querem ver seus
preciosos Stradivarius serem empenados para executar peças em tom mais elevado
do que o utilizado pelos autores.
Há muito tempo que os cantores líricos reclamaram do fato de ao cantar um lá
maior – na Flauta Mágica, de Mozart, por exemplo – a inflação do tom empurra a
nota para quase um semitom acima do usado na obra, no tempo do compositor.
A escolha do tom tem sido um exercício de anarquia. O diapasão usado no
Século XVIII para uma apresentação do Messiah, de Haendel, produzia o Lá
vibrando a 422,5 hertz. No século seguinte, entretanto, algumas orquestras
mudaram esse tom para 450 hertz. A confusão terminou – ou quase – durante uma
conferência internacional em 1938, que fixou o Lá em 440 hertz.
Escutando-se, com uma diferença de uns poucos minutos, dois sons com
freqüências 552 e 564 Hz, muitos não são capazes de distinguir um do outro. Mas se
esses dois sons alcançam os ouvidos simultaneamente, percebe-se um som cuja
freqüência é 558 Hz, a média das duas freqüências. Sentindo, também, uma peculiar
variação na intensidade: ela aumenta e diminui como se fosse uma nota de
marcação lenta e trêmula, cuja freqüência é 12 Hz, a diferença entre as duas
freqüências originais – fenômeno de batimento.

ESCALA RICHTER
54

A escala Richter foi criada pelo norte-americano Charles F. Richter em 1935


como parte de seus estudos sobre os abalos sísmicos freqüentes que ocorrem no
sul da Califórnia. Ele desenvolveu uma forma matemática de quantificar a magnitude
dos terremotos a partir das informações obtidas com um sismógrafo, aparelho que
registra os movimentos das placas tectônicas que recobrem a superfície do planeta.
A escala criada por Richter se baseia nos gráficos registrados durante o terremoto
propriamente dito. A medida da amplitude desses gráficos em milímetros determina
a magnitude dos terremotos em uma escala logarítmica de 0 a 10, segundo uma
fórmula matemática. Isso significa que um abalo de magnitude 4 é dez vezes maior
que um de magnitude 3 e assim sucessivamente.

SISMÓGRAFOS
1 - As movimentções das placas tectônicas são registrada na forma desse
gráfico. A amplitude (na vertical) desses traços é usada no cálculo da magnitude ou
intensidade dos abalos.
2 - O tempo para que os gráficos no sismógrafo registrem o terremoto a partir
de seus primeiros tremores é utilizado na localização do seu epicentro.

Magnitude - O maior terremoto já registrado tinha magnitude 8.

VELOCIDADE DO SOM
55

A velocidade de qualquer onda mecânica, transversal ou longitudinal,


depende das propriedades inerciais do meio (para armazenar energia cinética) e,
também, das suas propriedades elásticas (para armazenar energia potencial).

Onde 𝜏 é a tensão na corda e 𝜇 é sua densidade linear. Se o meio de


propagação é o ar, podemos intuir que a propriedade inercial correspondente a μ é a
densidade volumétrica do ar, 𝜌.
Numa corda esticada, a energia potencial está associada ao alongamento
periódico dos elementos da corda, quando a onda passa por eles. Quando uma
onda sonora se propaga através do ar (ou de qualquer outro gás), a energia
potencial é associada a compressões e rarefações periódicas de pequenos
elementos de volume do gás. A propriedade que determina o quanto um elemento
do gás modifica seu volume, quando a pressão (força por unidade de área) sobre ela
aumenta ou diminui, é o módulo de elasticidade volumar B, que é definido como:

Aqui, ∆V/V é a variação fracional em volume produzida por uma variação de pressão
∆ρ. A unidade SI de pressão é o Newton por metro quadrado, que recebeu um nome
especial, o pascal (Pa). A unidade de B também é o pascal. Os sinais de ∆ρ e ∆V são
sempre opostos: quando aumentamos a pressão sobre um elemento de fluído (∆ρ positivo),
seu volume diminui (∆V negativo). Incluímos o sinal negativo para que B seja, por definição,
sempre positivo. Trocando τ por B e μ por ρ na Eq.

é obtido:
56

(velocidade do som) para um meio com módulo de elasticidade volumar B e


densidade ρ. (RESNICK, 1996)
Os materiais possuem propriedades diferentes. Quando se trata da
velocidade do som em cada meio isso se confirma e dependendo do estado físico e
da temperatura como podemos ver na tabela abaixo.

TABELA - VELOCIDADE DO SOM – MEIOS E TEMPERATURAS

MEIO ºC m/s
Cloro 0 205,3
Hélio 0 965,0
Hidrogênio 0 1284,0
Oxigênio 0 316,0
Ar 0 331,0
Ar 20 343,0
Ar 25 346,0
vapor d´ água 100 404,8
Água 0 1402,0
Água 15 1450,0
Água 20 1482,0
Água 25 1497,0
água do mar 0 1522,0
água do mar 25 1532,8
Benzeno 17 1166,0
Mercúrio 25 1450,0
Cobre 20 3560,0
alumínio 0 6420,0
57

alumínio 20 5100,0
alumínio 25 5000,0
ferro 20 5130,0
ferro 25 5200,0
vidro 20 5000,0
vidro 25 4540,0
granito 20 6000,0
aço 0 5941,0
borracha .... 54,0

A densidade da água é quase mil vezes maior que a do ar. Se este fosse o
único fator relevante, poderíamos esperar, que a velocidade do som na água fosse
consideravelmente menor do que no ar, só que esta colocação não é verdadeira.
Podemos, então, concluir que o módulo de elasticidade volumar da água deve
ser mais de 1.000 vezes maior do que o do ar. Isto é verdade. A água é muito mais
incompressível do que o ar, o que é outra ∆V /V maneira de dizer que o seu módulo
de elasticidade volumar é muito maior. (RESNICK, 1996)

INTENSIDADE E NÍVEL DO SOM

Em um momento de silêncio, se for acionado uma serra elétrica por perto,


percebe-se que existe algo mais que freqüência, comprimento de onda e velocidade
ligado ao som. Também existe a intensidade. A intensidade I de uma onda sonora é
definida como a taxa média de transmissão de energia, por unidade de área, para
esta onda. Logo, a unidade SI para a intensidade é o Watt/m².
A amplitude de deslocamento do ouvido humano vai desde 10 –5 m, para o
som mais intenso que pode suportar, até 10–11 m, para o mais fraco som audível,
dando uma razão entre as amplitudes de 106. A intensidade do som depende do
quadrado da amplitude; assim, a razão entre as intensidades para estes dois limites
da audição humana é 1012. Os seres humanos são sensíveis a uma enorme faixa de
intensidades.
58

A ESCALA deciBEL

O dB é a abreviatura para decibel, a unidade de nível sonoro, um nome


escolhido em reconhecimento ao trabalho de Alexandre Grahan Bell. I0, na Eq.

é uma intensidade de referência padrão (= 10–12W/m2), escolhida assim


porque está próxima do limite inferior da audição humana.
Para I = I0, a Eq.

Fornece 𝛽 = 10 log 1 = 0, de tal modo que nosso nível padrão de referência


corresponde a zero decibel. O 𝛽 aumenta de uma mesma quantidade constante,
sempre que a intensidade sonora I aumenta de um fator fixo. Na realidade, está é a
maneira como o sistema auditivo humano opera, de tal modo que pode ser
uniformemente sensível a uma faixa bem larga de intensidades sonoras, como pode
ser visto na tabela abaixo.

TABELA - VALORES CALCULADOS A PARTIR DA EQ.


𝐼
𝛽 = (10𝑑𝐵)𝑙𝑜𝑔
𝐼0
𝛽 (dB) I/I0
0 100 = 1
10 101 = 10
20 102 = 100
30 103 = 1.000
40 104 = 10.000
50 105 = 100.000
. .
59

. .
. .
120 1012 = 1.000.000.000.000

A resposta do sistema auditivo ao som não é a mesma para todas as


freqüências. A figura seguinte mostra como os limites de audição e de sensação
dolorosa variam, através do espectro sonoro, para pessoas com audição média.
Os limiares da dor e da escuta dependem da freqüência. A figura acima
mostra, também, a faixa aproximada das freqüências e níveis de som encontrados
na música.
Os níveis do som são os mais diversos podendo iniciar do momento do
silêncio, que tem o valor de 0dB, e chegar ao limiar da dor, 120dB, como na tabela.

LIMIAR DE AUDIBILIDADE
60

CONVERSÃO DA ENERGIA SONORA EM deciBEL

PRODUÇÃO DO SOM

A percepção do som é essencialmente um processo que se dá no órgão do


sentido da audição no ouvido interior e se constitui a interface pela qual as ondas de
som são transformadas em sinais adequados de informação – os impulsos nervosos
– dentro do nervo auditivo. A integração e, interpretação destes impulsos sensoriais
dentro do cérebro – melhor dito, no córtex auditivo – é a natureza da efetiva
percepção auditiva (GRANDJEAN, 1999).
61

Uma lâmina de aço muito fina é fixada em uma base de apoio qualquer para
que ela possa. Quando deslocamos a lâmina, sua extremidade livre começa a
oscilar para a direita e para a esquerda.
Se a lâmina vibrar com rapidez, produzirá um som sibilante, mostrando que
os sons são produzidos pela matéria em vibração.
À medida que a lâmina oscila para a direita, ela realiza trabalho nas
moléculas do ar, comprimindo-as, transferindo a elas energia na direção da
compressão. Ao mesmo tempo, as moléculas do ar, situadas à esquerda, se
expandem e se tornam rarefeitas, o que retira energia delas.
Quando a lâmina se move no sentido inverso, ela transfere energia para as
moléculas do ar situadas à esquerda, enquanto as da direita perdem energia.
O efeito combinado de compressão e rarefação simultânea transfere energia
das moléculas do ar para a esquerda para a direita, ou da direita para a esquerda na
direção do movimento da lâmina, produzindo ondas longitudinais, nas quais as
moléculas do ar se movimentam para frente e para trás, recebendo energia das
moléculas mais próximas da fonte e transmitindo-a para as moléculas mais
afastadas dela, até chegarem ao ouvido.
No ouvido as ondas atingem uma membrana chamada tímpano. O tímpano
passa a vibrar com a mesma freqüência das ondas, transmitindo ao cérebro, por
impulsos elétricos, a sensação denominada som.
62

FONTES SONORAS

É considerada uma fonte sonora toda situação onde ocorre liberação de


energia utilizando um meio material como instrumento gerador podendo ser
considerado também fonte vibratória, temos como tais situações as pregas vocais, o
solado de um sapato “elegante” em um piso rígido e até mesmo o ato de bater com a
palma das mãos que por sinal é um ótimo exemplo de liberação de energia positiva.
As fontes sonoras podem gerar sons harmônicos construindo, assim,
melodias musicais. Sons musicais podem ser gerados por cordas (guitarra, piano,
violino), membranas (tambores, tamboris), colunas de ar (flauta, oboé, órgão de
tubos e o fujara), blocos de madeira ou barras de aço (marimba, xilofone) e muitos
outros corpos oscilantes.
Muitos instrumentos envolvem, em sua operação, mais de uma parte vibrante.
No violino, por exemplo, não só as cordas, mas também, o corpo do instrumento
participa da produção do som que é apreciado.
As ondas estacionárias podem ser produzidas numa corda esticada, presa em
ambas as extremidades. O seu aparecimento é devido à reflexão das ondas nas
extremidades fixas da corda. Se existe uma relação apropriada entre o comprimento
do fio e o das ondas, a superposição destas, propagando-se em sentido opostos,
produz um padrão de onda estacionária (ou modo de oscilação). O comprimento de
onda necessário para que isto aconteça é o correspondente a uma das freqüências
de ressonância da corda. A vantagem de produzir tais ondas é que, nessas
condições, a corda oscila com grande amplitude, pressionado periodicamente o ar à
sua volta e, assim, dando origem a uma onda sonora com a mesma freqüência das
oscilações na corda. A importância da onda sonora assim produzida é óbvia para um
guitarrista, por exemplo.
O comprimento de um instrumento musical reflete a faixa de freqüência para a
qual foi projetado para funcionar: comprimentos menores significam freqüências
maiores. A figura seguinte, por exemplo, mostra a família dos violinos e saxofones,
com suas faixas de freqüências indicadas pelo teclado de piano. Observe que, para
cada instrumento, há uma considerável superposição com os seus vizinhos de
63

freqüências mais alta e mais baixa.


Em qualquer sistema oscilante que gere sons musicais, seja uma corda de
violino ou o ar num tubo de órgão, costumam ser gerados, ao mesmo tempo, o modo
fundamental e vários harmônicos de ordem superior. O som resultante deve-se à
superposição desses componentes. Esses harmônicos têm intensidades diferentes
para instrumentos diversos, o que explica por que uma mesma nota soa de modo
diverso, quando tocada por instrumentos diferentes. A próxima figura mostra, por
exemplo, as formas de onda resultantes quando a mesma nota é tocada por três
instrumentos diferentes, com a mesma freqüência fundamental.
Os formatos de onda e o som resultante que se pode ouvir diferem porque os
instrumentos produzem os harmônicos de ordem superiores a diferentes
intensidades.

Diapasão

Flauta

Violino

Voz (letra a)

Clarineta

As ondas sonoras são longitudinais, isto é, são produzidas por uma seqüência
de pulsos longitudinais.
As ondas sonoras podem se propagar com diversas freqüências, porém o
ouvido humano é sensibilizado somente quando elas chegam a ele com freqüência
64

entre 20 Hz 20 000 Hz, aproximadamente.


Quando a freqüência é maior que 20 000 Hz, as ondas são ditas ultra-
sônicas, e menor que 20 Hz, infra-sônicas.
As ondas infra-sônicas e ultra-sônicas não são audíveis pelo ouvido humano.
As ondas infra-sônicas são produzidas, por exemplo, por um abalo sísmico. Os ultra-
sons podem ser ouvidos por certos animais como o morcego e o cão. As ondas
sonoras audíveis são produzidas por vibrações de cordas, de colunas de ar e de
discos (membrana).
O som musical, que provoca sensações agradáveis, é produzido por
vibrações periódicas. O ruído, que provoca sensações desagradáveis, é produzido
por vibrações aperiódicas.

CORDA COLUNA DE AR MEMBRANA

TRANSMISSÃO DO SOM

A maioria dos sons chega ao ouvido transmitido pelo ar, que age como meio
de transmissão. Nas pequenas altitudes, os sons são bem audíveis, o que não
ocorre em altitudes maiores onde o ar é menos denso.
O ar denso é melhor transmissor do som que o ar rarefeito, pois as moléculas
gasosas estão mais próximas e transmitem a energia cinética da onda de umas para
outras com maior facilidade.
Os sons não se transmitem no vácuo, por que exigem um meio material o
para sua propagação. De uma maneira geral, os sólidos transmitem o som melhor
que os líquidos, e estes melhor que os gases.
65

QUALIDADES DO SOM

Se a energia emitida pela fonte é grande, isto é, se o som é muito forte, temos
uma sensação desagradável no ouvido, pois a quantidade de energia transmitida
exerce sobre o tímpano uma pressão muito forte. Quanto maior a vibração da fonte
maior a energia sonora, logo, quanto maior a amplitude da onda, maior a intensidade
do som.
Os sons muitos intensos são desagradáveis ao ouvido humano. Sons com
intensidades acima de 130 dB provocam uma sensação dolorosa e sons acima de
160 dB podem romper o tímpano e causar surdez.
De acordo com a freqüência, um som pode ser classificado em agudo ou
grave. Essa qualidade é chamada altura do som. Sons graves ou baixos têm
freqüência menor. Sons agudos ou altos têm freqüência maior.
A voz do homem tem freqüência que varia entre 100 Hz e 200 Hz e a da
mulher, entre 200 Hz e 400 Hz. Portanto, a voz do homem costuma ser grave, ou
grossa, enquanto a da mulher costuma ser aguda, ou fina.
De acordo com Bonjorno, 1996, página 415: “O som não pode se propagar no
vácuo. Por essa razão, a onda sonora é chamada onda material ou onda mecânica.
São também ondas mecânicas as ondas numa corda, na água e numa mola. Essas
ondas precisam de um meio material (sólido, líquido ou gás) para se propagar.”

TIMBRE = SINGULARIDADE FREQÜÊNCIA = ALTURA INTENSIDADE =


VOLUME

SOM: É qualquer oscilação mecânica que se propague em um meio elástico,


desde que as frequências que a componham encontrem-se dentro da faixa de
audiofrequências.
TOM: É qualquer oscilação mecânica audível composta por uma única
frequência. O tom corresponde ao fenômeno períodico de oscilação cuja forma de
onda é representada por uma senóide. Na natureza não encontra-se tons puros.
RUÍDO: É o fenômeno audível, cujas frequências não podem ser
66

discriminadas, porque diferem entre si por valores inferiores aos detectáveis pelo
aparelho auditivo. Aparece em um analisador espectral como um espectro largo,
quase contínuo em frequências.
Como exemplo temos: o ruído da chuva, o amassar do papel celofane, etc.
BARULHO: Reserva-se o nome de barulho, em geral, a todo som
indesejável. Difere- se do ruído por apresentar um espectro de frequências, passível
de ser analisado, o que permite os tratamentos acústicos adequados a cada caso.

EFEITOS DE RUÍDO E VIBRAÇÕES NO HOMEM

Um longo tempo de exposição a um ruído alto pode causar sobrecarga do


coração causando secreções anormais de hormônios e tensões musculares. O efeito
destas alterações aparece em forma de mudanças de comportamento, tais como:
nervosismo, fadiga mental, frustração, prejuízo no desempenho no trabalho,
provocando também altas taxas de ausência no trabalho. Existem queixas de
dificuldades mentais e emocionais que aparecem com irritabilidade, fadiga e mal-
ajustamento em situações diferentes e conflitos sociais entre os indivíduos expostos
ao ruído.

Consequências da exposição excessiva ao ruído

 Dilatação das pupilas


 Aumento da produção de hormônios (tireóide)
 Movimentos do estômago e abdômen
 Aumento da freqüência cardíaca
 Aumento da produção de adrenalina
 Reação muscular
 Aumento da produção de cortisona
 Vaso constrição dos vasos sanguíneos
 Insônia (dificuldade de dormir)
 Estresse
67

 Depressão
 Perda de audição
 Agressividade
 Perda de atenção e concentração
 Perda de memória
 Dores de Cabeça
 Aumento da pressão arterial
 Cansaço
 Gastrite e úlcera
 Queda de rendimento escolar e no trabalho
 Surdez (em casos de exposição à níveis altíssimos de ruído)
 Impotência sexual

Ouvir música pode reduzir dores crônicas em até 21% e depressão em até
25%. A conclusão é de um estudo feito nos Estados Unidos, publicado na nova
edição do periódico britânico Journal of Advanced Nursing.
A pesquisa foi feita com 60 pessoas de ambos os sexos e com entre 21 e 65
anos, todos portadores de dores crônicas não-malignas, estado caracterizado pela
presença de dores resistentes a intervenções tradicionais. Os pacientes sofriam de
problemas como dores nas costas, osteoartrite e artrite reumatóide, em média há
seis anos.
Os voluntários foram divididos em três grupos com 20 integrantes cada um,
dois deles submetidos à sessão de audição musical e um grupo controle que não
ouviu música no período de estudo.
As autoras da pesquisa, Sandra Siedliecki, da Fundação Clínica de
Cleveland, e Marion Good, da Universidade Case Western, verificaram que os
grupos que ouviram música uma hora por dia durante uma semana apresentaram
melhoria nos sintomas físicos e psicológicos em relação ao grupo controle.
“O primeiro grupo foi convidado a escolher o estilo musical preferido, que
variou de rock a baladas melodiosas e de pop a sons da natureza comumente
usados para promover sono ou relaxamento”, explica Sandra em comunicado da
68

Blackwell Publishing, editora do Journal of Advanced Nursing.


O segundo grupo escolheu entre cinco tipos de músicas relaxantes
selecionadas pelas pesquisadoras, com peças de jazz, piano, orquestra, harpa e
sintetizador.
Os grupos que ouviram música reportaram queda nas dores entre 12% e
21%, medidas pelo questionário McGill, inventário que consiste de 78 palavras
descritoras, organizadas em quatro grupos e 20 subgrupos e uma escala de 0 a 100,
onde 0 significa ausência de dor.
Outros pontos positivos foram verificados, como 19% a 25% menos de relatos
de depressão em relação ao grupo controle. Os pacientes submetidos à audição de
peças musicais também disseram sentir maior capacidade de controlar as dores.
“Houve pequenas diferenças nos valores identificados nos dois grupos que
ouviram música, mas ambos mostraram melhorias consistentes em cada uma das
categorias analisadas”, disse Sandra. “Dores crônicas não-malignas constituem um
grande problema de saúde pública e qualquer novidade que possa oferecer algum
alívio é bem-vinda.”

PERDA DE AUDIÇÃO

Um efeito fisiológico de exposição a níveis altos de ruído, é a perda de


audição na banda de freqüências de 4 a 6 kHz. Geralmente o efeito é acompanhado
pela sensação de percepção do ruído após o afastamento do campo ruidoso. Este
efeito é temporário. E portanto, o nível original do limiar da audição é recuperado.
Esta é chamada de mudança temporária do limiar de audição. Se a exposição ao
ruído é repetida antes da completa recuperação, a perda temporária pode tornar-se
permanente, não somente na faixa de 4 a 6 kHz, mas também abaixo e acima desta
faixa. As células nervosas no ouvido interno são danificadas, portanto o processo da
perda de audição é irreversível.
A exposição a níveis de pressão sonora abaixo de 80 dB(A), para 90% da
população, não causa dificuldade na sensação e interpretação do som. A perda de
audição por exposição a níveis acima de 80 dB(A) depende da distribuição dos
69

níveis com o tempo de exposição e da susceptibilidade do indivíduo.

AS PERDAS AUDITIVAS PODEM SER:

Trauma Acústico - o conceito de trauma acústico como sendo a perda


auditiva de instalação repentina, causada pela perfuração do tímpano acompanhada
ou não da desarticulação dos ossículos do ouvido médio, ocorrida geralmente após
a exposição a barulhos de impacto, de grande intensidade (tiro, explosão, etc.) com
grandes deslocamentos de ar.
Surdez temporária - Também conhecida como mudança temporária do limiar
de audição, ocorre após uma exposição a um barulho intenso, por um curto período
de tempo.
Surdez permanente - A exposição repetida dia após dia, a um barulho
excessivo, pode levar o indivíduo a uma surdez permanente.

ATENUAÇÃO DA PERCEPÇÃO AUDITIVA A, B E C

Circuitos eletrônicos de sensibilidade variável com a freqüência, de forma a


modelar o comportamento do ouvido humano, são padronizados e classificados
como A, B, C e D. O circuito A aproxima-se das curvas de igual audibilidade para
baixos NPSs. Os circuitos B e C são análogos ao circuito A porém para médios e
altos NPSs respectivamente. Hoje, entretanto, somente o circuito A é largamente
usado, uma vez que os circuitos B e C não fornecem boa correlação em testes
subjetivos. O circuito D foi padronizado para ruídos em aeroportos.

TABELA - NÍVEL DAS CURVAS A,B EC

Freqüência (Hz) Curva A dB(A) Curva B dB(B) Curva C dB(C)

10 -70,4 -38,2 -14,3

25 -44,7 -20,4 -4,4


70

50 -30,2 -11,6 -1,3

100 -19,1 -5,6 -0,2

125 -16,1 -4,2 -0,1

160 -13,4 -3 0

200 -10,9 -2 0

250 -8,6 -1,3 0

500 -3,2 -0,3 0

1000 0 0 0

1250 0,6 0 0

1600 1 0 -0,1

2000 1,2 -0,1 -0,2

2500 1,3 -0,2 -0,3

5000 0,5 -1,2 -1,3

10000 -2,5 -4,3 -4,4

12500 -4,3 -6,1 -6,2

16000 -6,6 -8,4 -8,5

20000 -9,3 -11,1 -11,2

TABELA - NÍVEL DA VOZ EM DB

Distância (m) Normal Alto Muito Alto Grito


0,3 65 71 77 83
0,6 59 65 71 77
0,9 55 61 67 73
1,2 53 59 65 71
1,5 51 57 63 69
3,6 43 49 55 61

A tabela mostra a relação desenvolvida por Eldridge sobre critérios para


perda de audição. Um nível de 85 dB(A) na faixa de 3 kHz para 8 horas de
71

exposição por dia pode ser considerado como limite para perda de audição.

TABELA - LIMITES DO NPS - PORTARIA 3214/1978

NPS dB(A) Máxima exposição diária permissível


85 8 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 30 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos

RECOMENDAÇÕES ISO R 1996 E NBR 10151

As Recomendações ISO R 1996 e NBR 10151 ou CONAMA 001 que são


basicamente similares, estabelecem para conforto acústico em comunidade
72

(excluindo ruído de aviões) a comparação entre dois níveis: um nível medido


corrigido Lc e um nível de critério Lr , definidos como segue:
(1) O nível global de avaliação corrigido Lc em dB(A), é baseado no nível
medido LA em dB(A) (ou Leq em dB(A) quando o ruído varia de maneira complexa)
que deve ser critério corrigido.
(2) O nível de critério Lr em dB(A), é considerado o limite superior
permitido, que provoca queixas sempre quando Lc > Lr .

O nível critério básico é válido para áreas residenciais com níveis entre 35
dB(A) e 45 dB(A) de ruído externo (na NBR 10151 é considerado apenas 45 dB(A)).
Este nível básico deve ser corrigido dependendo do horário e zoneamento, para
fornecer o nível critério Lr em dB(A).
A diferença entre o nível corrigido Lc e o nível critério Lr dá um indicativo da
reação da comunidade.
A avaliação de ruído em ambientes internos residenciais pode ser obtida
ainda com a correção de Lc dependendo da condição das janelas. No caso de ruído
em ambientes internos não residenciais, as curvas de avaliação NC (NR ou PNC)
podem ser usadas com o nível classificado NC.

CURVAS DE AVALIAÇÃO DE RUÍDO NR E NC

As curvas de avaliação de ruído NR (Noise Rating) ou NC (Noise Criteria),


são conjuntos dos níveis de banda de oitava que podem ser comparados com nível
de pressão sonora do ambiente.
Neste método, sobre as curvas padrão NR, são marcados os níveis do
ambiente medidos por banda de freqüência. Pode-se então visualizar qual a classe
da NR que se acha associada ao ambiente sob análise, que é o valor mais alto de
NR obtido da interseção das curvas padrão com os pontos marcados x.

TABELA – NÍVEIS PADRONIZADOS POR LOCAL


73

Locais dB(A) NC
Hospitais

Departamentos, enfermarias, centros cirúrgicos 35 - 45 30 - 40

Laboratórios, áreas para uso do público 40 - 50 35 - 45

Serviços 45 - 55 40 - 50

Escolas

Bibliotecas 35 - 45 30 - 40

Salas de aula, laboratórios 40 - 50 35 - 45

Circulação 45 - 55 40 - 50

Hoteis

Apartamentos 35 - 45 30 - 40

Restaurantes, salas de estar 40 - 50 35 - 45

Portaria, recepção, circulação 45 - 55 40 - 50

Residências

Dormitórios 35 - 45 30 - 40

Salas de estar 40 - 50 35 - 45

Auditórios

Salas de concertos, teatros 30 - 40 25 - 30

Salas de conferências, cinemas e de uso múltiplo 35 - 45 30 - 35

Restaurantes, salas de estar 40 - 50 35 - 45

Escritórios

Salas de reunião 30 - 40 25 - 35

Salas de gerências, projetos e administração 35 - 45 30 - 40

Salas de computadores 45 - 65 40 - 60

Salas de mecanografias 50 - 60 45 - 55

Igrejas e templos (cultos meditativos) 40 - 50 35 - 45

Locais esportivos

Pavilhões fechados para espetáculos e atividades esportivas 45 - 60 0 - 55


74

REFERÊNCIA

Rane Professional Audio Reference. Diversas edições. Rane Corporation.


Novo Dicionário de Termos Técnicos Inglês—Português. 19a Edição, Revista e
Ampliada. Eugênio Fürstenau. Editora Globo. 1995.
Merriam—Webster's Collegiate Dictionary - 10th Edition. Merriam—Webster, Inc.
1995
75

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