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INSTRUMENTAÇÃO, BIOSSEGURANÇA E MEIOS DE

CONTRASTE
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 4

2. GERENCIAMENTO DE RISCO E DESCARTE DE PRODUTOS 7

BIOLÓGICOS 7

3. PRINCIPAIS AGENTES INFECCIOSOS, FORMA DE TRANSMISSÃO E


PREVENÇÃO 9

4. LIMPEZA 14

5. ESTERILIZAÇÃO 15

6. DESINFECÇÃO 16

7. TIPOS DE RESÍDUOS 21

8. MANEJO DOS RSS 22

9. GESTÃO DE RESÍDUOS 25

10. BIOSSEGURANÇA NO USOS DE RADIOISÓTOPOS 26

11. FUNDAMENTOS FÍSICOS 28

SERVIÇOS DE SAÚDE E IMAGEM COMO UNIDADES DEENSINO E PESQUISA E


SEUS RISCOS 34

12. EMISSÕES RADIOATIVAS 40

13. MEIOS DE CONTRASTE 52

14. MATERIAIS E MÉTODOS 55

CONCLUSÃO 57

REFERÊNCIAS 58
NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em


atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com
isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível
superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de
promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras
normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e


eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética.
Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de
cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do
serviço oferecido.
1. INTRODUÇÃO

Trabalhar em um ambiente seguro e longe das variações acerca de acidentes,


deve ser idealizada não apenas pelos gestores de empresas, mas compete a aqueles
que atuam nestas instituições, potencializar a existência de adequada performance
de atuação, respeitando as orientações administrativas e ambiente em que estes
aplicam suas atividades laborais. Dessa forma, a importância da Segurança no
Trabalho, faz-se continuamente necessária como um fator de prevenção de acidentes
e conscientização por parte de todos os colaboradores pertencentes as empresas,
independente do seu segmento.
A importância da segurança no trabalho deve ser valorizada e potencializada
diariamente pelas empresas e levada em consideração por meio do respeito por parte
de seus colaboradores, haja visto a sua relevância. Cada vez mais, as empresas vêm
adotando e implementando suas práticas (rotinas de trabalho), pautando-se no termo
segurança no trabalho e ambiente seguro, primando pela diminuição dos índices de
acidentes de trabalho (NAVARRO; CARDOSO, 2009).
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), na visão de Machado
e Gomez (1994) e Meleu e Massaro (2017), todo dia, em qualquer parte do mundo,
cerca de 5 a 8 mil pessoas perdem suas vidas em decorrência de acidentes de
trabalho durante sua atividade laboral. Baseado neste alto índice e com foco de
garantir a segurança e prevenir a existência de doenças e acidentes durante a
atividade de trabalho, as empresas devem contar com equipes de profissionais que
estejam a frente quanto à interpretação do que permeia e orienta a legislação sobre
segurança no ambiente de trabalho, suas vantagens, relacionado a questões de
ordem social. Investir na segurança dos trabalhadores ou equipe, é uma forma ou
estratégia que deve ser encarada como um investimento no material humano das
empresas, contribuindo para o não distanciamento ou afastamento de seus
colaboradores, não impedindo a produtividade e servindo como motivador aos
respectivos profissionais, pois estes, certamente se sentirão, além de protegidos,
incentivados a desenvolver a percepção de motivação (COSTA; COSTA, 2010).
Quando a prevenção ao acidente se torna prioridade dentro do ambiente de
trabalho, o ambiente fica mais leve, harmonioso, produtivo, engajado e as pessoas se
sentem valorizadas, aumentando as estatísticas de participação do sucesso da
empresa a qual fazem parte. Isso proporciona, também, melhora na relação do elo
entre os empregados, empregadores e seus afazeres. Quando um colaborador
percebe que há melhorias no ambiente de trabalho que atua, este, passa a sentir mais
integrado a empresa, passa a confiar mais nos propósitos, objetivos e missão da
empresa e, ainda, a ter mais carinho e respeito com relação aos seus líderes. Tais
fatores possivelmente contribuíram para a aquisição de resultados mais favoráveis,
distanciando a existência do insucesso.
Antes de abordarmos especificamente as questões acerca da biossegurança,
faz-se necessário enfatizarmos a existência de uma reflexão sobre a relevância da
atual inovação. A capacidade de se inovar diariamente, diante das necessidades de
mercado, independente do segmento que venhamos a atuar, assume o papel central
na definição do sucesso ou insucesso das empresas e instituições. Inovar é gerar,
produzir, transmitir uma mensagem, propiciar a facilitação para algo e explorar de
modo sustentável e seguro, novas ideias e/ou ideologias e novos conceitos. A
inovação é demandada em todas as áreas do conhecimento e segmentos e/ou ramos
de atividade.
Para garantir um ou vários diferenciais estratégicos, todas as empresas,
independente do seu segmento, devem seguir as tendências de mercado e investir
maciçamente em treinamentos, equipamentos e na segurança de seus colaboradores.
A produção de novas tecnologias é mais rápida a cada dia e a avaliação de sua
utilidade e segurança se torna mais complexa, onerosa e extensa no tempo. Para
decidir sobre a utilidade e a segurança de novas tecnologias, as informações não
podem mais serem tratadas individualmente, sendo necessário construir redes de
informações multidisciplinares, abrangentes, redundantes, interligadas e, sobretudo,
confiáveis do ponto de alta qualidade. Nascem assim, as redes de laboratórios, que
precisam ter procedimentos padronizados e seguros, para que não haja riscos à
saúde e ao ambiente.
Figura 1

Anos, bem como não há formação de recursos humanos sem o amparo de


informações e atualizações, sendo estas fundamentais, atualmente, em que há uma
profusão de saberes sobre praticamente tudo. As obras de referência, produzidas por
autores e editores experientes, devem ter, como missão, ir além da informação. A
construção do conhecimento, envolve a seleção e o descarte de informações. Por
isso, deve ser conduzido por pessoas e instituições qualificadas e imparciais que
tenham por objetivo único, contribuir para o desenvolvimento econômico, social e
sustentável, perfeitamente aplicáveis na biossegurança.
Com o aumento de complexidade, quanto aos procedimentos diversos em
atividades técnicas, as quais exigem cuidados especiais e equipamentos compatíveis
para a proteção dos colaboradores, a fim de evitar danos e aos que utilizam do serviço
circunstantes (pacientes/clientes), bem como ao próprio ambiente em geral, a
Biossegurança torna-se uma disciplina cada vez mais presente e necessária. Embora
a palavra Biossegurança, seja usada pelo leigo quase como sendo um sinônimo de
atividades a organismos geneticamente modificados, o termo é aplicável a todas as
atividades humanas, laboratoriais ou industriais que envolvam riscos, mínimos ou
aqueles de grande significância, na segurança alimentar, na manipulação de micro-
organismos, células em cultivo, substâncias químicas, substância tóxicas, explosivos,
investigações clínicas por meio de laboratórios de imagens, dentre outros (BOSI,
2015).
O autor, supracitado, ainda descreve que o termo risco, é função da
probabilidade de ocorrência de efeito adverso e da severidade do respectivo efeito,
este efeito pode ser compreendido como dano. Não há atividade alguma em que o
risco seja zero. Por isso, a adoção de medidas preventivas que minimizem a incerteza
e a educação em serviço, se fazem necessária a fim de identificar, medir, mitigar e
minimizar os riscos e suas ocorrências.

2. GERENCIAMENTO DE RISCO E DESCARTE DE PRODUTOS

BIOLÓGICOS

O gerenciamento de risco e o descarte de produtos contaminados com material


biológico, envolve diretamente a aplicação da biossegurança, ou seja, a condição de
segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar,
minimizar e/ou eliminar os riscos inerentes às atividades que possam vir a
comprometer a saúde humana, animal, vegetal e do meio ambiente.
A avaliação de risco, incorpora as ações que objetivam o reconhecimento e/ou
a identificação dos agentes biológicos contaminados com micro-organismos, os quais
por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco
de infecção a aqueles que a manipulam, no caso, a equipe de trabalhadores da área
da saúde.
Dessa forma, existe a necessidade de se fazer avaliação cuidadosa acercados
agentes infecciosos que possam estar presentes, para classificá-los e manuseá-los
de forma segura, utilizando e estando provido de Equipamentos de Proteção Individual
(EPI) e/ou Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC). Para tanto, os locais de
trabalho devem ser classificados de acordo com o nível de segurança, com os
respectivos instrumentos e ambientes de trabalho apropriados em termos de
segurança biológica.
O descarte de material biológico, também deve ser de forma adequada,
evitando-se contaminação do local (ambiente de trabalho em saúde) e do meio
ambiente. As normas de segurança devem ser rigorosamente seguidas para propiciar
melhor saúde a todos os que estão envolvidos. Todo serviço de saúde deve contar e
estar munido com instrumentos como a Norma Regulamentadora n° 32, a qual traduz
os riscos existentes através da orientação correta. Poderá ser obtida em manuais de
biossegurança ou com a comissão de biossegurança interna (BRASIL, 2011).
RISCOS BIOLÓGICOS

Rambauske, Cardoso e Navarro (2014) e Machi Junior et al. (2014) descrevem


que os riscos biológicos são decorrentes da exposição aos agentes do reino animal e
vegetal e, ainda, proveniente de micro-organismo ou de seus subprodutos. Entre os
agentes de risco biológico, é possível citar, como sendo os mais importantes:
bactérias, fungos, vírus, protozoários, metazoários, dentre outros. Tais agentes e/ou
micro-organismos podem estar presentes sob diversas formas, as quais oferecem
risco biológico às pessoas que entram em contato com estes, tais como aerossóis,
poeira, alimentos, instrumentos de laboratório, água, cultura celulares, amostras
biológicas (sangue, urina, escarro, secreções), equipamentos médicos, dentre outros.
Os autores supracitados mencionam que os respectivos agentes ou micro-organismos
infecciosos podem ser divididos em grupos de risco, tais como:
• Grupo de risco 1 (nenhum ou baixo risco individual e coletivo): microrganismo com
muito baixa probabilidade de causar doenças no homem ou em animais.
• Grupo de risco 2 (risco individual moderado ou risco coletivo baixo): agente
patogênico que pode causar doença no homem ou em animais, mas que é improvável
que constituam perigo grave às equipes que atuam nos ambientes de investigação
clínica (laboratorial e de imagens), aos animais ou ao ambiente.
A exposição aos agentes infecciosos nesses ambientes, podem causar ou gerar
infecção grave, entretanto, existe tratamento eficaz para tal, além da necessidade de
aplicação de medidas de prevenção contínua, e o risco de propagação infecção
tornar-se-á limitado.
• Grupo de risco 3 (alto risco individual baixo risco coletivo): agente patogênico que,
geralmente, causa doença grave no homem ou no animal, mas que não se propaga
habitualmente de uma pessoa para a outra. Existe tratamento eficaz, podendo ser
aplicadas medidas de prevenção.
• Grupo de risco 4 (alto risco individual e coletivo): agente patogênico que, geralmente,
causa uma doença grave no homem ou no animal e que pode ser transmitido
facilmente de uma pessoa para outra, direta ou indiretamente.
Nem sempre está disponível tratamento eficaz ou medidas de prevenção.
TRANSMISSÃO DE AGENTES INFECCIOSOS ATRAVÉSDO AMBIENTE

Infecções associadas ao ambiente de investigação clínica, segundo o


entendimento de Oliveira e Maruyama (2008), podem ser ocasionadas e transmitidas
de forma direta ou indiretamente à equipe que lá atua, por meio de fontes ambientais,
por exemplo, o ar, os materiais contaminados, os instrumentais(pinças),
equipamentos de uso compartilhado e os aerossóis formados durante o
processamento de amostras biológicas em laboratórios de análises clínicas.
Segundo os autores supracitados, felizmente, as infecções associadas ao
ambiente de investigação podem ser consideradas raras, porque há uma série de
requisitos necessários para impedir que essa transmissão ocorra. Esse evento é
denominado cadeia de infecção, em geral, determinado por: presença de patógeno
de virulência suficiente, dose infectante elevada do patógeno. É um mecanismo de
transmissão do patógeno a partir do ambiente para o hospedeiro, ou seja, a existência
de uma porta de entrada correta para um hospedeiro suscetível.
Para que a transmissão de uma fonte ambiental seja bem-sucedida, Arantes et
al. (2015), apontam dizendo que todos os requisitos da cadeia de infecção devem
estar presentes. A ausência de qualquer elemento impede a transmissão. Além disso,
os agentes patogênicos, em questão, devem superar estresses ambientais para
manter sua viabilidade, virulência e capacidade de iniciar infecção no hospedeiro.

3. PRINCIPAIS AGENTES INFECCIOSOS, FORMA DE TRANSMISSÃO E


PREVENÇÃO

Os principais agentes que podem causar ou ocasionar infecção aos


trabalhadores de laboratório de ensino e pesquisa, assim como indústrias que
manipulam organismos vivos para a produção de medicamentos ou insumos, são
apresentados a seguir, de forma sucinta. Os agentes patogênicos, muitas vezes,
estão em níveis elevados no ambiente de saúde, porém, o processo de limpeza
convencional, muitas vezes, já é suficiente para evitar que ocorra a transmissão
mediada pelo ambiente, bem como a aplicação de hábitos como a higienização das
mãos que são benéficos. No entanto, é prática geral em serviços investigativos de
saúde usar métodos de esterilização para a remoção da transmissão em potencial de
agentes infecciosos dos seus utensílios, como instrumentais (ARANTES et al., 2015).

Risco de infecção por agentes bacterianos


O manuseio de agentes infecciosos nos setores de saúde sempre haverá
algum fator de risco para os que lá atuam, principalmente os que trabalham com a
assistência direta. É importante observar as precauções referente a cada agente e o
risco, atrelado a cada momento em que a assistência em saúde venha ser requisitada,
para que esta seja executada dentro das normas de segurança requeridas. Segundo
Arantes et al. (2015), é possível classificar as fontes de
Infecção em dois tipos:
1. manuseio de um agente conhecido, para o qual se sabem as medidas de
precaução;
2. manuseio de agentes desconhecidos, particularmente, quando estes são
manipulados em laboratórios de pesquisa. Os chamados agentes novos inesperados,
cujas medidas de proteção adequada não estão bem estabelecidas pelo pouco
conhecimento acerca dele.
Mesmo sabendo da existência dessas fontes de infecção, se faz necessário
estabelecer as precauções a serem tomadas, independente da classificação de risco.
Em setores de assistência em saúde, segundo o pensamento de Boretti et al.
(2014), a equipe deve estar muito bem entrosada acerca das suas competências e do
seu papel, para evitar a propagação de germes no ambiente em que há a presença
de pacientes que possam estar colonizados. O ser humano está susceptível à
aquisição de alguns germes, os quais podem potencializar alguns agravos à saúde
destes, colocando em risco a vida do homem, tais como: Staphylococcus spp.,
Streptococcusspp, Enterobacteriaceae e Vibrionaceae – membros dos gêneros
Campylobacter (Bactérias entéricas que causam diarreia), Mycobacterium
tuberculosis. Staphylococcus spp.
Os estafilococos são bactérias piogênicas altamente adaptáveis que se
apresentam em várias espécies, principalmente o Staphylococcus aureus,
considerado como o mais patogênico, com via de entrada por meio da pele lesada ou
mucosa, sobretudo por profissionais que atuam em laboratórios e profissionais da
área de assistência à saúde. Os estafilococos podem causar a chamada síndrome do
choque tóxico, na qual envolve bacteremia, septicemia e pneumonia em um terço das
vítimas. O estafilococo piogênico está presente na pele normal às margens de tecidos
lesados. O S. saprophyticus, ao contrário, encontra-se mais relacionada a infecções
do trato urinário. O S. aureus pode causar lesões bastante graves no homem como a
osteomielite e a endocardite, em casos de bacteremias.
Além disso, produz toxinas e enzimas, incluindo as coagulases associadas a
sua patogenia (BORETTI et al., 2014).
Segundo os autores supracitados, os estafilococos podem sobreviver às
condições ambientais de forma resistente, podendo alojar-se em alimentos, o que se
justifica a utilização de proteção das mãos daqueles que trabalham na manipulação
de alimentos. As bactérias podem ser carregadas por contato manual, secreções de
pessoas contaminadas ou portadores nasais. A Enterotoxina Estafilocócica (SE), é
um grupo de toxinas intimamente relacionada à proteína extracelular, produzidas por
conjuntos distintos de genes encontrados em uma ampla variedade de linhagens de
S. aureus. As toxinas SE ativas, podem estar presentes em amostras clínicas, fluidos
de lesão, secreções respiratórias ou tecidos de animais de experimentação
infectados.
A intoxicação por SE poderá ocorrer com resultado da auto exposição
acidental, tanto das mucosas como pelo contato das mãos contaminadas no rosto e
nos olhos. Dessa forma, as mãos devem ser lavadas com frequência e com cuidado
e, ainda, o ambiente de trabalho deve passar por rigorosa limpeza(descontaminação)
das superfícies onde os pacientes entraram em contato.
Dependendo da avaliação de risco da operação, o uso de máscaras
descartáveis pode ser uma medida interessante e necessária para evitar ingestão
acidenta l (BORETTI et al., 2014).

Streptococcus spp.
Estreptococos segundo Rossi et al. (2012), são um grupo de bactérias que
podem ser facilmente carregadas pelas mãos e pela boca e, ainda, transmitidas por
aerossóis e por alimentos contaminados. Os Streptococcus pneumonias e produzem
infecções localizadas e/ou sistêmicas, principalmente em crianças, caracterizadas por
resposta inflamatória aguda. Os pneumococos são responsáveis por cerca de1,5
milhão de casos de pneumonia por ano nos Estados Unidos, sobretudo entre os que
estão acima dos 40 e abaixo de 5 anos de idade.
O ser humano é reservatório do S. pneumonia e. A colonização ocorre na
nasofaringe de indivíduos que o carregam como portadores sadios, não apresentando
sinais clássicos de infecção. Os micro-organismos se disseminam de pessoa para
pessoa, sendo os pacientes com anemia falciforme, tumores linfáticos, alcoolista,
esplenectomizados (removeram o baço) ou infectados pelo vírus da imunodeficiência
humana (HIV), aqueles que ficam mais suscetíveis a infecções mais graves (FIOLO
et al., 2012; ROSSI et al., 2012)

Bactérias entéricas que causam diarreia


Diarreia é uma das doenças mais comuns em crianças de países
subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como o Brasil. A presença da diarreia no
humano ocorre quando há existência de falha na absorção ou há excesso de secreção
dos fluidos gastrointestinais. Cerca de 5 milhões de crianças morrem a cada ano por
infecção intestinal e desidratação associadas a má nutrição.
As bactérias entéricas, ou presentes em amostras de fezes, podem contaminar
facilmente quando manipuladas de forma inadequada. As principais bactérias que
causam diarreia são as da família Enterobacteriaceae e Vibrionaceae e membros dos
gêneros Campylobacter, bem como a Escherichia coli, Salmonella spp.,
Clostridiumperfringens tipo C; de origem viral como Rotavírus e Coronavírus, dentre
outros (PRAXEDES et al., 2013).
Praxedes et al. (2013) fortalecem dizendo que, independentemente do agente
causador da diarreia, a sintomatologia clínica é semelhante para a maioria dos casos,
com alteração do aspecto das fezes, desidratação, apatia, anorexia, queda de peso,
desidratação e, muitas vezes, podendo levar ao óbito.

Mycobacterium tuberculosis
Mycobacterium tuberculosis é transmitida de forma mais comum de pessoa a
pessoa por aerossóis ou, mais casualmente, por ingestão e via percutânea. É uma
bactéria intracelular que se multiplica nos macrófagos. A tuberculose em si pode ser
primária ou secundária. A primária é mais limitada, sendo a secundária, recrudescente
de uma tuberculose primária. Profissionais que atuam nos mais variados serviços da
área da saúde como ambulatórios, hospitais, clínicas, farmácias, consultórios e outros,
estão intimamente expostos a contaminação por M. tuberculosis, se não tomarem os
devidos cuidados e não se protegerem com todos os EPIs recomendados e, desde
que estejam íntegros (ROGERIO et al., 2015).

Risco de infecção por vírus


As infecções por vírus mais frequentes estão relacionadas à contaminação com
vírus transmitidos pela via respiratória (aérea). O trabalho em locais com alta
densidades de vírus, podem ser uma fonte importante de contaminação
(FERRONATO; GILIO; VIEIRA, 2013). Na área de saúde, é possível a contaminação
por acidente com agulhas e material perfuro cortante com os vírus da hepatite B (HBV)
e C (HCV) e, ainda, em alguns casos, contaminação pelo Vírus da Imunodeficiência
Humana (HIV), embora a contaminação por acidentes, na maioria dos casos, seja
pouco frequente, sobretudo, com o advento da utilização de materiais totalmente
descartáveis e tubos de coletas e seringas de polipropileno plástico de alta resistência
(SOARES; ARMINDO; ROCHA, 2014; NUNES et al.,2017). Historicamente, a hepatite
viral tem sido relatada como uma das infecções mais comuns adquiridas entre
profissionais que atuam na área da saúde. Entre as hepatites virais, cinco são as mais
comumente adquiridas, a saber: hepatite A, B, C, D e E.
As hepatites do tipo B, C e D são transmitidas, mais comumente, por
contaminação via material biológico, principalmente aqueles que entraram em contato
com sangue contaminado. Já, as hepatites do tipo A e E, são aquelas adquiridas por
via oral. A maior precaução deve ser tomada com relação às hepatites B, C e E, pois,
levam ao acometimento (doença) crônico, muitas vezes à cirrose e até mesmo ao
câncer de fígado. Os cuidados básicos ao trabalhar com portadores dos respectivos
vírus, com amostras de sangue ou com procedimentos que envolvam material perfuro
cortante, fezes e urina de pacientes com suspeita de hepatite e outras doenças
altamente perigosas, os profissionais devem ter em mente a importância da utilização
de EPIs como avental com manga comprida e elástico no punho, luvas resistentes e
em duplicata, máscara, gorro, óculos de proteção. Tomar cuidado ao manusear
materiais perfurocortantes e descarta-los em recipientes adequados e jamais
reencapar agulhas, bisturis e outros materiais perfurocortantes. Orientações e
instruções como estas devem ser reforçadas pela comissão que compõem a equipe
da Biossegurança do serviço (NUNES et al., 2017).
LIMPEZA, ESTERILIZAÇÃO, DESINFECÇÃO E DESCONTAMINAÇÃO

Para a implementação de um programa de biossegurança, é importante


compreender os princípios de descontaminação, limpeza, esterilização e desinfecção.
Um local de trabalho adequadamente limpo e organizado reduz os riscos biológicos
aos manipuladores. A utilização correta dos produtos de limpeza para cada finalidade,
também é um bom início para evitar os riscos biológicos. A seguir, são descritas as
definições de limpeza, esterilização, desinfecção, assepsia, desinfecção e
higienização, para que possamos estar familiarizados com os respectivos termos.

4. LIMPEZA

O processo de limpeza é um passo crucial para tornar os instrumentos inócuos


e descontaminados. A limpeza manual enérgica com água corrente e sabão líquido
ou detergente (neutro), auxilia na eliminação do material biológico tais como, sangue,
secreções orgânicas e resíduos teciduais. Os instrumentos devem ser limpos o quanto
antes depois do uso para se evitara impregnação consistente (formação de crostas).
Quando se deixa material biológico, este pode atuar como um meio propício para
proliferação de micro-organismos residuais, protegendo-os dos efeitos da desinfecção
e da esterilização total (FROTA et al., 2017).
A limpeza manual, quando aplicada de forma minuciosa junto aos instrumentos,
com água e detergente (sabão neutro) para eliminar todo o material orgânico, depois
de descontaminação na solução de cloro a 0,5% durante 10 minutos ou deve ser
aplicado posteriormente solução alcóolica 70% por meio de flanelas ou compressas,
contribuindo na eliminação dos germes existentes nas superfícies e/ou bancadas,
bem como em equipamentos administrativos, como computadores, os quais são
altamente manipulados. Com relação aos instrumentais, estes devem receber pré-
lavagem e, posteriormente, devem ser encaminhados a Central de Materiais
Esterilizados para receberem processamento auto clavado, visando a eliminação total
dos germes existentes nestes instrumentos. Deve-se usar uma escova para esfregar
os instrumentos e remover a matéria orgânica, devendo ser limpos o quanto antes e
depois do uso, uma vez que estes criam um meio propício para a proliferação de
micro-organismos. Para lavar os instrumentos, devem ser utilizados EPI adequados
para autoproteção, como luvas, óculos de proteção, avental e outros. Os instrumentos
devem ser enxutos para eliminação dos resíduos detergentes (SANTOS JUNIOR et
al., 2018).

5. ESTERILIZAÇÃO

O termo esterilização é definido como o processo de destruição de todos os


micro-organismos existentes em um instrumento, mediante a exposição a agentes
físicos ou químicos. O processo elimina todas as formas de vida microbiana, inclusive
os esporos bacterianos. Na prática, considera-se que a esterilidade foi obtida se a
probabilidade de 1 em 1 milhão. O processo de esterilização é fundamental para
reutilização e inócua dos instrumentos usados na atenção clínica. Quando não existe
equipamento de esterilização disponível ou o instrumento não pode ser esterilizado,
usa-se a esterilização química (desinfecção de alto nível) (OURIQUES; MACHADO,
2013).
Qualquer item, dispositivo ou solução é considerado estéril quando estiver
completamente livre de todos os micro-organismos, incluindo os vírus.
A definição é categórica e absoluta, ou seja, um item é estéril ou não é. O
procedimento de esterilização é aquele que elimina todos os micro-organismos,
incluindo um elevado número de endósporos bacterianos (processo que visa garantir
a sobrevivência da bactéria por períodos de estresse ambiental “falha no processo de
limpeza e esterilização”) (OURIQUES; MACHADO, 2013).
A esterilização pode ser realizada por calor, gás óxido de etileno, gás, água
oxigenada, plasma, ozônio e radiação (na indústria ou em produtos químicos).
Em contraste, o procedimento é definido como um processo que é aplicado em
instrumentos os quais possuem a probabilidade da existência de algum micro-
organismo, a fim de evitar que estes germes sobrevivam em algum artigo. Isso é
conhecido como nível de garantia de “esterilidade”. Outro meio de esterilização é a
esterilização química, a qual poderá ser feita pela imersão de dispositivos, que não
toleram altas temperaturas, em soluções contendo glutaraldeído a 2-4%, por 8 a 10
horas ou em formaldeído a 8%, por um período de 24 horas, podendo ser uma opção,
a esterilização a vapor. Ela requer manuseio especial com luvas e, assim, os
instrumentos esterilizados devem ser enxaguados com água estéril antes do uso, já
que esses produtos químicos deixam resíduos nos instrumentos (GIL; CAMELO;
LAUS, 2013).

6. DESINFECÇÃO

Com relação ao termo desinfecção, este é geralmente um processo menos letal


do que a esterilização. Este processo elimina quase todos os micro-organismos
patogênicos reconhecidos, mas não necessariamente todas as formas microbianas,
por exemplo: os esporos de bactérias ou fungos em objetos inanimados. Referente ao
significado de objetos inanimados, estes são os que podem carregar algum agente ou
micro-organismo infeccioso que é capaz de possibilitar a colonização e infecção aos
pacientes. Essas fontes podem ser consideradas como um potencial importante de
riscos microbiológicos para os profissionais da saúde. São exemplos desses meios:
bancadas, aparelhos telefônicos, teclados de computadores, glicosímetros, aparelho
de eletrocardiograma, estetoscópios, aparelhos depressão arterial, termômetros,
prontuários físicos (pranchetas), dentre outros. A desinfecção não garante o exagero
e, portanto, não tem a margem de segurança obtida por meio de processos de
esterilização (FERREIRA et al., 2015).
Os autores supracitados reforçam dizendo que o processo de desinfecção, é
um procedimento que reduz o nível de contaminação microbiana, mas há amplo leque
de atividades que se estendem desde a esterilidade em um extremo a uma redução
mínima do número de agentes contaminantes microbianos. Desinfetantes não
esporicidas podem diferir em sua capacidade de realizar desinfecção ou
descontaminação.
Alguns germicidas podem matar rapidamente apenas as formas vegetativas de
uma bactéria comum, como estafilococos e estreptococos, algumas formas de fungos
e lipídios que possam conter vírus, enquanto outros, são eficazes contra os micro-
organismos relativamente resistentes, como Mycobacterium tuberculosisvar. bovis,
vírus não lipídico e a maioria dos fungos. Quanto ao processo de desinfecção, este
pode ser subdividido em: desinfecção de nível alto; desinfecção de nível intermediário;
e desinfecção de nível baixo
Desinfecção de nível alto
Conforme descrevem Ferreira et al. (2015), este procedimento mata micro-
organismos vegetativos e inativa vírus, mas não necessariamente um elevado número
de esporos bacterianos. Tais desinfetantes são capazes de esterilizar, quando o
tempo de contato é relativamente longo, por exemplo, por um período de 6 a 10 horas.
Como desinfetantes de alto nível, eles são usados por períodos relativamente curtos,
entre 10 a 30 minutos. Trata-se de germicidas químicos esporicidas potentes. São
formulados para o uso (aplicados) em dispositivos médicos, mas não são superfícies
ambientais como bancadas ou pisos de laboratórios.

Desinfecção de nível intermediário


Referente à desinfecção de nível intermediário, este procedimento visa eliminar
micro-organismos vegetativos, incluindo M. tuberculosis e fungos e, ainda, inativa a
maioria dos vírus. Germicidas químicos utilizados neste processo, muitas vezes, são
aprovados pela Environmental Protection Agency (EPA) para uso como desinfetantes
hospitalares, que são também tuberculocidas. Comumente, são usados para
desinfecção de bancadas de laboratório e como parte da composição de germicidas
e detergentes utilizados para fins de limpeza.

Desinfecção de nível baixo


Perante a desinfecção de nível baixo, este refere-se a procedimentos os quais
visam eliminar, preferencialmente, os germes (bactérias) vegetativas, exceto M.
tuberculosis, inativando alguns fungos e vírus. A EPA, aprova germicidas químicos,
utilizados nesse processo, nos Estados Unidos, como desinfetantes hospitalares e
higienizadores.
A falta de implementação efetiva, adequada estrutura física, falta de recursos
materiais, sem apoio dos supervisores engajados e de um programa de segurança no
ambiente de trabalho, pode propiciar um ambiente desconfortável e desfavorável para
a atuação profissional, desencadeando o surgimento de uma atmosfera propicia a
contaminação, deixar vulnerável a proteção da equipe, corroborando para a
potencialização de riscos à saúde de todos os trabalhadores que lá atuam. A falta de
gestão em segurança de trabalho, de instalações adequadas e treinamento do
pessoal, gera um ambiente de alto risco, colocando em perigo outros canais que não
têm relação direta com o trabalho desenvolvido. A redução da exposição aos riscos,
depende do planejamento e da organização das atividades aplicadas por lá,
conhecimento de agentes e situações de riscos que podem ou não estar evidentes,
medidas de controle e proteção, práticas e procedimentos seguros, e capacitação
continuada de toda a equipe “do administrativo ao operacional”. Esta deve ser uma
preocupação constante dos responsáveis.

ENFERMAGEM NO PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃODE MATERIAIS


O Centro de Materiais e Esterilização (CME) possui uma história que vem
acompanhando os procedimentos cirúrgicos, a fim de zelar por melhores condições
de cirurgia e procedimentos invasivos nos cuidados pós-cirúrgicos.
Esse setor atua visando à prevenção de infecções, mesmo que indiretamente,
articulando ciência, segurança e qualidade, por meio da equipe de enfermagem.
O paciente internado dificilmente não necessitará de um procedimento invasivo.
A maioria dos micro-organismos que penetra na ferida operatória é transmitida nos
setores críticos, como o Centro Cirúrgico (CC), proveniente de um reservatório ou
fonte presente no campo operatório. Dessa forma, quase toda infecção é adquirida
durante o período do transoperatório onde, consequentemente, existe maior
exposição do paciente.
Percebe-se a importância do CME no controle das infecções hospitalares,
tendo em vista que a infecção de sítio cirúrgico é uma das principais complicações
causadas em pacientes que necessitam de procedimentos cirúrgicos, representando
um desafio para os hospitais no controle e na prevenção. Assim, o instrumental a ser
utilizado no paciente deve ser processado adequadamente, a fim de que esse material
não se torne uma fonte de contaminação e transmissão de micro-organismos.
Para que se possam processar adequadamente os artigos – de forma a garantir
a segurança do paciente – é necessário implementar programas de educação
permanente em saúde que alcancem todos os profissionais que atuam nessa área,
buscando mudanças no processo de trabalho por meio da sensibilização,
engajamento, compartilhamento e aplicação do conhecimento científico na prática
profissional, como fator fundamental para o reconhecimento e a valorização dos
profissionais e no combate à infecção, pois a saúde tem sido influenciada pelos
avanços tecnológicos e indicadores da qualidade dos processos, sendo que os
trabalhadores precisam acompanhar essas mudanças e se tornarem mais
capacitados, subsidiados por valores políticos, culturais e éticos.
A educação permanente em saúde é uma proposta essencial para mudança
nos processos de trabalho e suas relações no setor, oferecendo melhorias na
assistência de enfermagem, buscando o desenvolvimento e o aperfeiçoamento dos
profissionais. Este projeto amplia os espaços de aprendizagem para o próprio setor
de trabalho. O trabalho do enfermeiro do CME é bastante complexo, pois acumula
características técnico assistenciais, como a gestão de pessoas e da área física,
atividades privativas ao setor, manuseio de novas tecnologias, além da capacidade
de visualizar as necessidades de outras áreas que dependem do seu trabalho.
A comunicação e a colaboração da equipe são indispensáveis para o
desenvolvimento de práticas seguras de trabalho. Neste sentido, os profissionais
devem assumir papéis complementares, compartilhando saberes e responsabilidades
na resolução de problemas e tomada de decisão.
O desenvolvimento de ações de educação permanente em saúde visa diminuir
possíveis falhas ocorridas nos processos de trabalho, pois a capacitação técnica em
uma área específica facilita a inserção dos trabalhadores e desenvolve a prática
profissional no ambiente de trabalho, contribuindo para a reflexão sobrea importância
de seu trabalho. Compreende-se que a educação permanente é uma estratégia para
que os indivíduos reflitam sobre suas ações e as possibilidades de exercer o cuidado
sem fragmentá-lo em tarefas. Através da educação permanente em saúde é possível
maior capacitação construída dentro do mundo do trabalho, mediado por valores
políticos, culturais e éticos.
Através da educação permanente em saúde é possível maior capacitação
construída dentro do mundo do trabalho, mediado por valores políticos, culturais e
éticos. A educação permanente torna-se parte do processo de cuidado do sujeito-
cuidador. Assim, é necessário existir adesão das instituições de saúde para essa
proposta, bem como o envolvimento pessoal e profissional de cada sujeito.
Nesse sentido, refletirá na qualidade de vida desse profissional e despertará os
potenciais de cada sujeito, resultando em produtividade com qualidade e satisfação
do trabalho desenvolvido.
O CME é um setor com diversas peculiaridades, sendo difícil manter a equipe
em sincronia, e uma forma de prevenir essa situação é o desenvolvimento de
programas contínuos de treinamento e aperfeiçoamento dos trabalhadores.
Diante disso, evidencia-se que as atividades envolvidas no trabalho em CME,
podem ser simples, contudo, é essencial para a prestação da assistência de
qualidade, e requer a união de vários conhecimentos, tais como: microbiologia,
fisiologia e química. Para que o material esteja adequadamente preparado precisa-se
pensar como aquele cuidado será́ realizado.
O trabalho da enfermagem em CME tem por objetivo o cuidado indireto, ao
processar, armazenar e distribuir artigos a quem presta o cuidado direto aos
pacientes. Para que isso ocorra, precisa- se de instrumentos de trabalho, tais como:
equipamentos, materiais, técnicas, normas, capacidade de comunicação,
gerenciamento e conhecimentos científicos, visando disponibilizar artigos seguros. O
enfermeiro, como responsável pelo setor e pela sua equipe, deve realizar ações de
educação permanente em saúde, a fim de minimizar possíveis falhas no processo de
limpeza, preparo, desinfecção, esterilização e acondicionamento dos artigos, pois
influenciam em riscos de infecção hospitalar aos pacientes.
A participação qualificada do enfermeiro no CME é fundamental para fomentar
a produção de conhecimento na área, a fim de promover a transformação e
crescimento profissional, sendo necessário ter base teórica, pedagógica e de
relacionamento interpessoal. Entretanto, a produção científica em CME nos últimos
anos é escassa, ao passo que os avanços tecnológicos e científicos aumentam a
qualidade e complexidade de informações a todo o momento. Diante do exposto, é
importante refletir que para o enfermeiro alcançar a valorização profissional,
transformar seu espaço de trabalho em um ambiente agradável, onde toda a equipe
possa sentir-se segura, deve ter seu olhar voltado para valorização do cuidado,
humanização e estar fundamentado em pesquisas científicas e ações efetivas de
educação permanente em saúde.
O CME tem papel fundamental no combate às infecções hospitalares. Para
tanto, é necessária a operacionalização adequada desse setor para que se garanta a
qualidade da assistência indireta prestada ao paciente. Assim, esse estudo permitiu a
análise do processo de trabalho dos profissionais de enfermagem atuantes no CC e
CME, quanto à esterilização de material cirúrgico e à valorização profissional.
Considerando o processo de esterilização do material cirúrgico é possível
perceber que alguns profissionais mostram ter algumas informações sobre as etapas
envolvidas no processo, pois não souberam detalha-las. Nota-se que emergem
dúvidas e inseguranças durante o processo, assim como a certeza de que o ambiente
não é adequado para o desenvolvimento do trabalho, comprometendo seriamente a
eficácia da esterilização.
A importância do enfermeiro na qualificação do trabalho de esterilização de
materiais e na identificação das necessidades de sua equipe, quanto as suas dúvidas
sobre o processo de trabalho no CME, garantem a eficácia dos processos, além de
contribuir para a prevenção de infecções hospitalares.

7. TIPOS DE RESÍDUOS

Segundo Brasil (2005), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),


através da Resolução n° 358 de 29 de abril de 2005, recomenda-se a autoclavação
ou incineração para tratamento de produtos infecciosos antes do descarte, uma vez
que podem gerar e/ou ocasionar dano ao homem e ao meio ambiente.

GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DESAÚDE


Conforme a Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária/ Anvisa – RDC n° 306, de 7 de dezembro de 2004, os resíduos do
Grupo A, podem conter agentes biológicos que, por suas características e
especificidades, possivelmente apresentam risco de infecção. O gerenciamento de
resíduos de serviços de saúde (RSS) constitui-se em um conjunto de procedimentos
de gestão, planejados e implantados com base em dados científicos e técnicos,
normativos e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e
proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente,
visando à proteção dos trabalhadores e à preservação da saúde pública, dos recursos
naturais e do meio ambiente (BRASIL, 2004b).
Sanches et al. (2018) descrevem que o gerenciamento de resíduos,
provenientes dos ambientes de saúde, devem abranger todas as etapas de
planejamento dos recursos físicos e materiais, e da capacitação dos recursos
humanos envolvidos no manejo dos RSS. Todo gerador deve elaborar um plano de
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde (PGRSS), baseado nas suas
características e na classificação dos resíduos gerados, estabelecendo as diretrizes
de manejo dos RSS. O PGRSS a ser elaborado, deve ser compatível com as normas
locais relativas à coleta, ao transporte e à disposição final dos RSS, de acordo coma
legislação vigente.
8. MANEJO DOS RSS

Sanches et al. (2018) apontam que o manejo do RSS é entendido como a ação
de gerenciar os resíduos em seus aspectos intra e extra estabelecimento, desde a
geração até a disposição final, devendo ser incluso as seguintes etapas:
Segregação, Acondicionamento e Identificação. Os respectivos termos
encontram-se descritos a seguir, para que possamos melhor compreendê-los.
• Segregação: consiste na separação dos resíduos no momento e no local de sua
geração, de acordo com as características físicas, químicas, biológicas, seu estado
físico e os riscos envolvidos.
• Acondicionamento: consiste no ato de embalar os resíduos segregados em sacos
ou recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura (punção,
perfurante. Abertura cortante com profundidade, entretanto, com diâmetro mínimo) e
ruptura. A capacidade de acondicionamento dos recipientes deve ser compatível com
a geração diária de cada tipo de resíduo.
Os resíduos sólidos devem ser acondicionados em saco, constituído de
material resistente à ruptura e vazamento, impermeável, baseado na NBR 9.919/2000
da ABNT, respeitados os limites de peso de cada saco(embalagem), sendo proibido
seu esvaziamento e/ou seu reaproveitamento.
Os sacos (embalagens), devem estar contidos em recipientes de material
lavável, resistente a punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema
de abertura sem contato manual, com os cantos arredondados, e ser resistente ao
tombamento.
Os recipientes de acondicionamento existentes nas salas de cirurgia e nas
salas de parto, não necessitam de tampa para vedação, conforme sinalizado na
legislação de 13/11/2009.
Os resíduos, quando líquidos, devem ser acondicionados em recipientes
constituídos de material compatível com o líquido armazenado, resistentes, rígidos e
estanques, com tampa rosqueada e vedante;
• Identificação: consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos
resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações para o correto
manejo dos RSS.
A identificação deve estar visível nos sacos de acondicionamento, nos
recipientes de coleta interna e externa, nos recipientes de transporte interno e externo
e nos locais de armazenamento, em local de fácil visualização, de forma indelével,
utilizando-se símbolos, cores e frases, atendendo aos parâmetros referenciados na
norma NBR 7.500 da ABNT, além de outras exigências relacionadas à identificação
de conteúdo e ao risco específico de cada grupo de resíduos.
A identificação dos sacos de armazenamento e dos recipientes de transporte
poderá ser feita por adesivos, desde que seja garantida sua resistência aos processos
normais de manuseio dos sacos (embalagens) e dos recipientes.
O grupo A é identificado pelo símbolo de substância infectante constante na
NBR 7.500 da ABNT, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos.

Figura 2: Símbolos
Embalagem Substância Infectante:

Figura 3

Quanto à segregação dos resíduos biológicos, potencialmente infecciosos,


devem ser considerados a partir dos seguintes critérios, a saber:
• Qualquer material que contenha ou esteja contaminado com patógenos humanos.
• Qualquer material que contenha ou esteja contaminado com agentes patogênicos
de origem animal.
• Qualquer material que contenha ou esteja contaminado com patógenos de plantas.
• Qualquer material que contenha ou esteja contaminado com DNA recombinante ou
organismos recombinantes.
Para tanto, resíduos laboratoriais e clínicos contendo produtos derivados do
sangue e de tecido, culturas de células e outro material potencialmente infeccioso
humano ou de primatas, incluindo todas as culturas contendo resíduos infecciosos de
laboratório potencialmente infecciosos, deverão ser inativados. Um método
recomendado é a esterilização a vapor via autoclave. Apesar da incineração ser usada
para peças anatômicas e animais infectados ou inativação química como o tratamento
do lixo doméstico. O armazenamento de resíduo infectante não inativados, deverá
estar restrito apenas a laboratórios geradores. Resíduos infecciosos ou patogênicos,
devem ser apenas armazenados em recipientes fechados ou cobertos como
bioresíduos e não podem ser armazenados por um período maior do que 24h.
Recipientes contendo resíduo biológico e caixas cheias, ou parcialmente cheias, não
devem ser mantidas por mais de 30 dias (MENDES et al., 2015).

9. GESTÃO DE RESÍDUOS

Com relação ao termo resíduo, este pode ser caracterizado por resíduos
sólidos e resíduos biológicos. A gestão dos resíduos sólidos urbanos nas cidades
brasileiras elaboradas pelo homem, vem se tornando um desafio do ponto de vista
ambiental em largas proporções, uma vez que é perceptível a presença de exaustão
quanto à vida útil dos aterros sanitários utilizados, geração de poluição e
contaminação do ar, crescente presença de catadores autônomos em lixões, os quais
ficam expostos e vulneráveis a acidentes, a multiplicação de vetores como ratos, cães
e gatos, tornando-se proliferadores de doenças, a escassez quanto à disponibilidade
de áreas para a utilização e/ou criação de aterros alternativos, bem como a falta de
consciência para o não desperdício, dentre outros. Os exemplos citados
anteriormente, são alguns dos indicativos palpáveis que sinalizam a necessidade de
revisão quanto ao modo do agir e da forma como devemos direcionar os resíduos
produzidos nos lares (domicílios) ou mesmo, aqueles produzidos pelas indústrias
(RIBEIRO et al., 2014).
Quanto ao atendimento de resíduos biológicos, autores como Ribeiro et al.
(2014) descrevem que tais produtos podem ser considerados como sendo uma
importante fonte de contaminação, capazes de gerar e desencadear doenças,
comprometendo a integridade do meio ambiente e a saúde pública. Dessa forma, são
necessários a instituição de procedimentos especiais para o seu controle, tratamento
e eliminação. Geralmente, os resíduos biológicos são oriundos de hospitais, clínicas
de atendimento em saúde, laboratórios, dentre outros estabelecimentos.
O gerenciamento dos resíduos biológicos requer um conjunto de
procedimentos que devem ser cuidadosamente planejados e implementados.
Dessa forma, é possível prevenir a propagação de doenças, minimizar os
impactos ambientais e permanecer em conformidade aos regulamentos e as leis
aplicáveis.

10. BIOSSEGURANÇA NO USOS DE RADIOISÓTOPOS

Usos, aplicações e efeitos das radiações, têm sido muito estudados desde fim
do Século XIX, com a descoberta da radioatividade. Assim, o Século XX presenciou
desde os horrores da bomba atômica até a multiplicação da utilização de
radioisótopos, tanto em diagnósticos in vitro como nos Ensaios de Ligação
Competitiva e/ou chamados de Imunoensaios (são baseados nos princípios
deque antígenos específicos estimularão reações imunológicas muito específicas e
de que proteínas serão produzidas pela reação e ação imunológica), in vitro em
medicina nuclear e em tratamentos (especialmente na área de cancerologia).
Em consequência disso, os efeitos biológicos das radiações foram
identificados, e medidas de proteção radiológica foram adotadas nas várias situações
no uso de radioisótopos. Uma postura profissional que envolvam conhecimento das
normas e as razões pelas quais foram estabelecidas, é fundamental para que
possamos usufruir dos benefícios desse uso e reduzir, ao máximo, seu risco
(SILVEIRA; GUILAM; OLIVEIRA, 2013).
A medicina nuclear é uma especialidade médica que abrange e emprega
materiais radioativos, tendo como finalidade a realização de diagnósticos e fins
terapêuticos. A quantidade de materiais radioativos empregados (radio fármacos), são
consideradas mínimas e seu uso é bastante seguro desde que respeitados alguns
preceitos que regulam tais serviços. No caso da medicina nuclear diagnóstica, os
radiofármacos são introduzidos no corpo do paciente/cliente por ingestão (oral),
inalação (inspiração) ou injeção (administração parenteral). Estes radiofármacos
(emissores de raios gama ou pósitrons), produzem raios gama com energias
suficientes para atravessar o corpo do paciente/cliente e chegara um conjunto de
detectores externos ao paciente, por exemplo, a câmara gama ou câmera de
cintilação (Figura 9). O radiofármaco é processado por algum órgão ou tecido
específico e, portanto, fornece informação sobre a função do órgão e não
especificamente sobre sua anatomia. Além disso, os radiofármacos possuem meias-
vidas física e biológica curtas, de forma a serem rapidamente eliminados do corpo do
paciente (SAPIENZA; MARONE; CHIATTONE, 2001).

Cintilômetro:

Figura 4

Da mesma forma Pozzo et al. (2014, p. 142), ainda descrevem acerca da


medicina nuclear no Brasil, ofertada através do Sistema Único de Saúde (SUS):
Esta é uma especialidade médica que tem como característica principal o uso
de emissores de radiação ionizante, na forma não selada. Estes devem ser ligados a
moléculas de interesse biológico, compondo substâncias chamadas de
radiofármacos, que são administradas aos pacientes para diagnóstico ou terapia. Se
o radionuclídeo usado for emissor de radiação eletromagnética (gama) ou de
pósitrons, é possível mapear a distribuição do material dentro do corpo do paciente
usando um detector externo chamado de câmara de cintilação (gama câmara) ou um
tomógrafo por emissão de pósitrons (PET). Se o radionuclídeo usado for emissor de
partículas, como o 131I, que é emissor de partículas beta, é possível realizar terapias
específicas para muitos tipos de tumores. Em alguns casos também é possível
detectar a radiação de freamento dessas partículas para compor uma imagem
adquirida com câmara de cintilação para seguimento da terapia, por exemplo.
Para que a especialidade seja aplicada é necessária uma equipe multi e
interdisciplinar composta por médicos, tecnólogos ou biomédicos, físicos-médicos,
radiofarmacêuticos e equipe de enfermagem treinada para o trabalho com fontes de
radiação não seladas.

11. FUNDAMENTOS FÍSICOS

Para desenvolver os aspectos de biossegurança relacionados ao uso de


radioisótopos, devemos considerar o átomo com dimensão de 10-8 cm, construído de
um núcleo positivo (de 10-13 cm) e uma camada eletrônica. O núcleo do átomo é
formado de prótons e nêutrons, sendo uma espécie nuclear identificada pelo seu
número atômico (Z) ou, número de prótons pelo número de nêutrons N e sua massa
pela soma de nêutrons e prótons ou, o número de massa (A). A princípio, existem
cerca de 104 elementos químicos conhecidos, 300 isótopos estáveis e,
aproximadamente, mil isótopos radiativos. Assim, a maioria dos elementos
encontrados na natureza possuem mais de um isótopo. Os isótopos de um elemento
têm as mesmas propriedades químicas, pois possuem o mesmo número de elétrons
na coroa eletrônica. Contudo, têm propriedades físicas e nucleares diferentes
(BRAND; FONTANA; SANTOS, 2011).
As forças que mantêm prótons e nêutrons ligados são de natureza diferente
das gravitacionais e eletromagnéticas. Muito intensas e independentes da carga
elétrica (são capazes de unir partículas da mesma carga, como os prótons), essas
forças atuam apenas dentro do núcleo. Nesse sentido, a radioatividade é considerada
como sendo um fenômeno nuclear, originado da desintegração espontânea de
núcleos atômicos. A probabilidade por unidade de tempo de que um nuclídio (é uma
espécie atômica caracterizada pelo número de protões, neutrões e estado energético
do núcleo) se desintegre (emita partículas), depende somente do nuclídio e é
independente de tempo.
Esta probabilidade é representada pela constante de decaimento (λ) (BRAND;
FONTANA; SANTOS, 2011).
No organismo humano ou animal, a probabilidade total de decaimento de um
radioisótopo é a soma das probabilidades de decaimento biológico (pelo metabolismo)
e físico (por desintegração radioativa) (NEVES; COSTA; DREXLER, 2010).

EMISSÕES RADIOATIVAS
As emissões dos núcleos radioativos podem ser de três tipos: partícula α,
partícula β e radiação gama. A partícula α, constituída por 2 prótons e 2 nêutrons, tem
carga 2+ e massa igual ao núcleo do átomo de hélio, é representada como 42 αou 42
He. A partícula beta é um elétron criado no núcleo, no momento da emissão. Pode ter
carga negativa (0-1 β) ou positiva (0+1 β). Quando o pósitron é emitido e encontra um
elétron do meio, ocorre a reação de aniquilação. Há transformação de massa em
energia e o aparecimento de duas radiações gama de mesma direção e sentidos
opostos e de energia igual a 0,51 Mev, resultante da transformação da massa do
elétron em repouso, na equação E = mc2. Normalmente, uma emissão de radiação
gama. A radiação gama é de natureza eletromagnética e comprimento de onda,
geralmente menor do que os raios X. Sua emissão acompanha as das partículas alfa
e beta (XAVIER et al., 2007).

INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA


As radiações emitidas por um elemento radioativo em determinado meio,
interagem tanto com as camadas eletrônicas quanto aos núcleos dos átomos que
compõem esse meio, em um processo probabilístico que depende do tipo de partícula,
de sua energia e das características do meio. Dessa interação, resulta a chamada
absorção de radiação, ou seja, o resultado da transferência de energia da radiação
para o meio. Esse mecanismo serve de base de proteção radiológica (XAVIER et al.,
2007).
Os mesmos autores supracitados mencionam que a partícula alfa pode produzir
ionizações (retirada de elétrons da camada eletrônica) e excitação (levar o elétron a
uma camada mais energética). Define-se como alcance da partícula alfa, o espaço
percorrido pela partícula até que pare, ou seja, que perca toda sua energia.
MOLÉCULAS MARCADAS E RADIOFÁRMACOS
Molécula marcada é aquela em que um ou mais átomos radioativos, de maneira
que podem ser distinguidas das demais, não marcadas. Radiofármaco é a molécula
marcada, utilizada in vivo, para diagnósticos e tratamentos em medicina nuclear,
sendo, portanto, sujeita aos controles necessários a um fármaco. Em geral, o símbolo
de isótopo é colocado entre chaves antes do nome químico e, quando necessário, é
indicada sua posição na molécula. Exemplo: [2 – 14C] timidina. A atividade radioativa
de um composto marcado ou de um radiofármaco é expressa em unidades de
atividade (Bq) por unidade de massa (g), denominada atividade específica, ou por
unidade de volume (L), denominada concentração radioativa (OLIVEIRA et al., 2006).
O tipo de molécula e seu uso, definem o radionuclídeo utilizado para sua
marcação. É levada em conta a diferença de massa que ocorre na molécula ao se
introduzir um átomo radioativo nela. O tipo e a energia de emissão são também
importantes. Quando se pensa na utilização de um radioisótopo para uso in vitro,
procura-se um com T1/2 longa e que não tenha energia muito alta para não levar a
exposições desnecessárias. Exemplos de isótopos com essas características são o
14C (beta menos, T1/2 5700 a) e 3H (beta menos, T1/2 12 a).
Para o mapeamento de um órgão, procuram-se elementos T1/2 curta e
emissores de radiação gama com energia suficiente para que sejam detectados fora
do organismo (OLIVEIRA et al., 2006).

PROTEÇÃO RADIOLÓGICA E DOSIMETRIA


O termo proteção radiológico, refere-se à proteção contra radiações, a higiene,
a segurança e o controle no manuseio de materiais radioativos. Visa não somente a
proteção adequada às pessoas que trabalham com radiação como também à
população em geral que, de alguma forma, pode estar exposta. Sua finalidade é
proteger contra os perigos potenciais dessa exposição e possibilitar o usufruto de seus
benefícios.
Até a descoberta dos raios X e da radioatividade, a exposição do ser humano
à radiação ionizante limitou-se, quase que exclusivamente, às fontes naturais e à
radiação cósmica, que constituem a chamada radiação natural de fundo, em nível
considerado muito baixo 2.
Os primeiros profissionais que se preocuparam com as normas de proteção
radiológica foram os radiologistas. A primeira unidade de dose de radiação foi
denominada Roentgen (R) e definida como a quantidade de raios X que pode provocar
certa ionização num volume bem definido de ar nas condições normais de temperatura
e pressão (CNTP).
Paralelamente, veio a recomendação de que a exposição de um profissional se
mantivesse em um nível de 1R/d (MOURA; BACCHIM NETO, 2015). Moura e Bacchim
Neto (2015) apontam que a evolução dos estudos dos efeitos biológicos de radiação
(EBR), mostrou que os níveis máximos de 1 R/deram muito altos e que existiam outros
fatores que alteravam a relação dose x efeito: tipo de radiação, volume irradiado e
outros. A unidade Roentgen (R), sendo definida apenas para o ar, não servia de
parâmetro para inferir os efeitos biológicos advindos de determinada dose de
exposição.
Em 1953, foi introduzida a unidade rad (radiation absorbed dose) equivalente à
absorção de 100 erg de energia por grama de material irradiado, medindo, portanto,
a dose absorvida pelo tecido e abrangendo todos os tipos de radiações.
As unidades Roentgen e rad consideram, respectivamente, a energia absorvida
no ar e no tecido, mas não dão a dimensão dos danos biológicos produzidos. Embora
hoje já existam estudos que descrevem acerca de procedimentos realizados por
mecanismos robóticos em cirurgia endovascular, por exemplo, o que sinaliza a
presença de uma importante evolução. Entretanto, tal método ainda necessita ser
mais bem explorado (desenvolvido), bem como carece de ajustes acerca do seu
custo, o que provavelmente será muito mais elevado, logo, no futuro. Sem contar que
levará anos para que seja implantado como rotina em todos os ambientes que
promovem ações de cuidado assistencial. Da mesma forma, cabe destacar que
poucos artigos em nosso meio científico, são publicados discutindo sobre os riscos da
radiação provocados pelos equipamentos radiológicos, tanto os de angiografia
Como os da angiotomografia (LEYTON et al., 2014; MOURA; BACCHIM
NETO,2015). Os mesmos autores, ainda indagam o seguinte questionamento: Até
que ponto devemos nos preocupar com isso?
Foi necessária a introdução da unidade rem (Roentgen equivalent in man) que,
além de considerar a dose absorvida, leva em conta fatores como o tipo e a energia
da radiação e sua distribuição em diferentes tecidos, para que os possíveis danos
biológicos possam ser inferidos. O conceito de fator de qualidade “Q” foi introduzido
e, assim, o rem é igual à dose em rad multiplicada pelo Q. Para a radiação
eletromagnética esse fator é igual a 1 e, para a partícula alfa, é igual a10. Se tivermos
a mesma dose em rad de um emissor alfa e de um emissor gama, teremos doses, em
rem, 10 vezes maiores no caso de exposição à partícula alfa (LIMA; AFONSO;
PIMENTEL, 2009).
Segundo Brasil (2019), há três parâmetros fundamentais quando se pensa em
proteção radiológica (CNEN NE- 3.01), a saber:
• distância da fonte radioativa ao operador;
• tempo de exposição do operador à radiação;
• blindagem interposta entre a fonte e o operador.
Da mesma forma, Brasil (2014c) descreve que a proteção radiológica abrange
um campo muito vasto que inclui desde, por exemplo, o estudo do local adequado de
construir uma usina nuclear até a disposição final de resíduos radioativos, devendo
existir adequada distribuição dos espaços que prestam cuidados em saúde, por meio
da instituição de exames e intervenções radiológicas (CNEN NE 6.02).
Trabalhos que envolvam níveis altos de atividade radioativa (da ordem de 10 4
Bq), como a produção de radiofármacos para uso em Medicina Nuclear ou a marcação
de moléculas para radioimunoensaios, devem ser desenvolvidos em cabines de
segurança especialmente destinadas para esse fim, com as seguintes características
conforme orienta Brasil (2019):
• Blindagem – adequada para o radioisótopo que está sendo manuseado. Deve
manter a exposição do operador abaixo de 1 mSv/semana.
• Exaustão – a cabine deve ter compressão menor do que a do ambiente do
laboratório. O ar exaurido, deve passar por filtros adequados e ser monitorado antes
de ser liberado no meio ambiente.
• Manuseio – com ferramentas adequadas que permitam o trabalho a distância e não
prejudiquem a sua precisão.
• Resíduos – precisam ser retirados sem que entrem em contato com o meio ambiente.
E, dependendo do seu resultado, cuidados ou exames médicos posteriores.

AÇÕES DE BIOSSEGURANÇA NO CONTEXTO DE GESTÃO DE


QUALIDADE
Biossegurança é a ciência voltada para o controle e minimização de riscos
advindos da prática de diferentes tecnologias, tanto em laboratório quanto aplicadas
ao meio ambiente. O fundamento básico da biossegurança é assegurar o avanço dos
processos tecnológicos e proteger a saúde humana, animal e o meio ambiente.
É possível e desejável, por estar explícita ou implicitamente incertas, considerar
ações de biossegurança no contexto da gestão de qualidade, cuja finalidade é garantir
que atividades, produtos e serviços gerados em uma organização tenham a
adequação esperada. Com isso, o resultado, certamente, será o do desempenho da
biossegurança com maior competência e melhor qualidade. Há na literatura,
abordagens que envolvem a biossegurança em relação à qualidade, dando motivação
para que o assunto seja mais objetiva e amplamente discutido.
Para que metas e objetivos da biossegurança possam estar elencados
internamente em uma empresa e seus objetivos serem apropriadamente atingidos,
considera-se ideal e necessário que exista um programa de qualidade adequado e
que seja implantado, baseado em princípios e valores previamente definidos pela
empresa. Em situações em que a implantação formal não esteja cogitada, princípios
que regem programas de qualidade devem, ao menos, ser aproveitados como base e
benefício para o cumprimento de metas e objetivos da biossegurança pelo menos,
para que a equipe não fique ou esteja exposta. Vários programas de qualidade
existentes, possuem graus diferentes de complexidade durante a sua implantação e
manutenção. A implantação desses programas, qualquer que seja o ramo de atividade
ou segmento de organização das empresas devem possuir como base algumas
vertentes, tais como a educação, o treinamento, a motivação e o engajamento
deliberado de todas as pessoas envolvidas (líderes e liderados), em todos os níveis
hierárquicos, a começar pelo mais alto mandatário (PINTO; CARVALHO; HO, 2006).
Cabe destacar que a matéria-prima mais importante é a humana, dessa forma,
as lideranças devem sempre manter seus colaboradores participativos e ativos nas
decisões da empresa ou pelo menos, devem ser ouvidos.
Figura 5

Existe, atualmente, por boa parte dos serviços de prestadores de assistência,


grande preocupação acerca de como ofertar serviços com qualidade e segurança. Tal
metodologia, prima pela garantia, monitorização e melhoria da qualidade dos serviços
prestados, os quais devem ser um dos grandes objetivos de cada instituição de saúde
(radiológica) face às atuais diversidades. A maioria dos compradores de serviços,
sejam aqueles diretos (clientes pagantes) ou indiretos, ao buscarem por respostas
frente aos seus problemas de saúde e na radiologia, em particular, esperam receber
o que há de melhor, seja um resultado laboratorial eficaz, pontual e fidedigno, e ainda,
aguardam receber por parte destes serviços, o que há de melhor quanto ao
atendimento humano e níveis de qualidade em todos os locais.

SERVIÇOS DE SAÚDE E IMAGEM COMO UNIDADES DEENSINO E


PESQUISA E SEUS RISCOS

As unidades de ensino de nível técnico, faculdades ou universidades, sempre


mantêm seus códigos de conduta e de ética como uma de suas bases principais. A
ética tem como base, entre vários princípios, o não prejuízo ao próximo. Considerando
o local de trabalho, isso se traduz em garantir a segurança e a saúde aos
trabalhadores. Segundo a Organização Internacional do Trabalho(OIT) e a
Organização Mundial da Saúde (OMS), são entendidas como lesões e doenças em
ambiente de trabalho, aquelas que são formalmente registradas.
Considerando o número de pessoas que trabalham de maneira informal, deve
haver bem mais ocorrências de que se tem conhecimento por meio das estatísticas
mundiais (MONTENEGRO et al., 2016).
Enquanto promovedores da assistência, seja da área preventiva e da curativa,
devemos evidenciar e/ou instigar a existência de alguns objetivos consolidados dentro
de todas as instituições, ou seja, primar a elaboração de planos de ações globais, aos
quais devem estar norteadas em objetivos básicos, porém, essenciais, são eles:
1. elaborar e implementar instrumentos de políticas e normas para a saúde dos
trabalhadores;
2. proteger e promover a saúde no ambiente de trabalho;
3. promover o desempenho e o acesso aos serviços de saúde ocupacionais;
4. fornecer e divulgar evidências, objetivando a ação e a prática;
5. incorporar a saúde dos trabalhadores em outras políticas;
6. despertar o sentimento de proteção e motivação entre os membros da equipe;
7. potencializar a existência de um ambiente propício e/ou adequado para promover
adequada assistência;
8. propiciar assistência segura e otimizadora;
9. aplicar assistência humanizada em todos os aspectos durante o assistir.
Para cumprir tais objetivos, Costa e Costa (2010) discorrem que as instituições
devem contar com atividades, como as que se encontram descritas, contando com
ações intermediadas pela Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (CIPA) e das Comissões de Biossegurança (CB). Essas duas
comissões possuem como papel principal e fundamental, atuar na guarda da conduta
ética relacionada à definição da política e de efetiva prática para a melhoria da saúde
no ambiente de trabalho, viabilizando e potencializando a proteção de todos os seus
colaboradores.
Relacionado ao investimento em treinamentos, formações e em equipamentos,
por parte de muitas empresas que seguem os preceitos de biossegurança de forma
adequada, é perceptível que estas têm alcançado resultados bem-sucedidos,
apresentando maiores taxas de manutenção dos funcionários e menores
distanciamentos das suas jornadas laborais, o que permite a produtividade. Há que
se considerar que os custos investidos maciçamente na prevenção, são menores
quando comparados aos custos em decorrência de acidentes. Visto que, relacionado
a acidentes, estes não se tornam negativos apenas pelo distanciamento do
colaborador, mas nos efeitos psicológicos que estes também podem acarretar a estes
sujeitos. Ribeiro, Pires e Scherer (2016) descrevem que essas consequências,
relacionadas à presença de acidentes no ambiente de trabalho, tornam-se onerosas
por gerarem as chamadas violações legais, refletindo na falta de investimentos na
saúde do trabalhador.
Com o advento da nova era da comunicação, possibilitando que nos
comuniquemos de Norte a Sul em tempo real, a biossegurança deve ser adaptada às
necessidades de prevenção perante os novos riscos em termos práticos, ou seja, o
meio digital pode ser usado como uma ferramenta integradora e multiplicadora de
saberes diante das novidades relacionadas a proteção dos integrantes de uma
empresa. Em consequência, a exposição a riscos ergométricos e o impacto de fatores
psicológicos têm aumentado, como a angústia pelo trabalho não terminado, pela
menor demanda de tempo para finalizar determinada atividade e o uso de horário de
trabalho irregular para o cumprimento de tarefas, o que torna o controle complexo,
propicia a elevação de índices de acidentes, gerando a desmotivação de
colaboradores, desertando a presença do estresse e o surgimento de doenças
mentais como a depressão, dificultando o gerenciamento.
No campo da exposição há produtos e materiais biológicos, também é
perceptível a mudança no perfil de agentes infecciosos, os quais, cada vez mais,
tornam-se resistentes ao tratamento medicamentoso que, até então, não era
complexo, exigindo de tratamentos coadjuvantes para eliminar determinado germe e
viabilizar a recuperação daqueles que se encontravam enfermos ou colonizados,
exigindo, assim, a necessidade de reclassificação de risco, instigando, nos dias atuais,
que estes sejam realizados de forma dinâmica e proporcional à evolução das diversas
espécies com relação a presença de risco.
Portanto, o ensino e a pesquisa possuem, como responsabilidade, estar à
frente dessas demandas e, sem dúvida, colaborar com o estabelecimento de novas
diretrizes da biossegurança. Por essa razão, os profissionais dessas áreas ou aqueles
que atuam junto a arte do cuidar, são sempre as equipes que exercem funções
fronteiriças, seja como professor, seja como cientista ou técnico, dentre outros
profissionais e agentes de apoio, os quais necessitam ter criatividade, flexibilidade,
mente aberta e alto poder de improvisação, visão para aplicar o cuidado e a
sensibilidade. Na prática, estes atores criam, estabelecem metas, gerenciam,
executam, concluem e, finalmente, modificam através das suas experiências as
condutas para melhores condições de saúde da equipe que levam adiante, também,
a evolução na qualificação profissional. Têm, em suas atividades, a verdadeira arte
de induzir novos raciocínios e propor despertares, estabelecer mudanças em
paradigmas e abrir a mente para algo novo e melhor para a saúde da humanidade.
Considerando um profissional que cuida, independente do seu segmento, é
bem mais fácil deduzir que a organização deve ser muito bem estabelecida, planejada
e descrita de forma clara, com detalhes. Os materiais a serem utilizados por estes,
devem ser muito bem identificados e ter organização cronológica bem estabelecida.
Assim, o termo biossegurança deve ser adotado como a ciência voltada para o
controle e a minimização de riscos advindos da prática de diferentes tecnologias, seja
em laboratórios de análises clínicas, unidades de saúde, seja em biotérios, no meio
ambiente, ou ainda, em laboratórios de investigação por imagens (MONTENEGRO et
al., 2016).
O fundamento básico da biossegurança é assegurar o avanço dos processos
tecnológicos e proteger a saúde humana, animal e o meio ambiente (Ministério do
Meio Ambiente). Em função desta atividade dinâmica, alguns fatores importantes
ocasionam certa preocupação, tais como: pouco investimento em pesquisadores na
educação e formação continuada, poucas pesquisas e publicações em
biossegurança, assim como a ausência de discussões acerca do referido tema em
fóruns nas universidades, como a contaminação ambiental e o estresse do trabalho
na sociedade contemporânea. Cabe aos gestores das empresas, a execução de
adequado planejamento, por meio da concepção de projetos preventivos até o
estabelecimento de todas as etapas (prevenção, notificação, avaliação e suporte),
propondo a educação continuada e preocupando-se com a saúde como um único
universo.
Acredita-se que a integração do setor administrativo com as áreas específicas,
possam trazer benefícios a todos os envolvidos, pois o alvo de todo o trabalho
preventivo está dirigido tanto para a segurança de núcleos menores quanto maiores,
como laboratórios, departamentos, unidades, universidades, municípios, estados e
federações. Com relação a infraestrutura física, quando bem planejada e construída,
condiciona trabalho mais organizado e de forma adequada, prevenindo a existência
de exposição indevida a agentes considerados de risco à saúde, certamente
reduzindo intercorrências e a acidentes ocupacionais.
Esses procedimentos, no campo da pesquisa experimental, são denominados
Boas Práticas (BP) (BRASIL, 2004; NEIVA, 2018; KUNSCH, 2011).
As práticas de biossegurança baseiam-se na necessidade de proteção do
operador, de seus auxiliares e da comunidade local, contando com o local de trabalho
seguro, dos instrumentos e equipamentos e do meio ambiente, contra riscos que
possam prejudicar a saúde. O manuseio com biossegurança de produtos químicos
que prejudicam a saúde e dos organismos considerados contaminantes, é regido por
leis federais, estaduais e municipais. Como exemplo,
cita-se a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) que regula o
manuseio de radioisótopos, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
(CTNBio) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que normatiza o
manuseio de agentes infecciosos de alta periculosidade, tais como: os vírus da
Hepatite B(HBV), Hepatite C (HCV), da Imunodeficiência Humana (HIV) e Ebola,
assim como as bactérias resistentes e/ou multirresistentes ao tratamento por falta de
uso racional de antibióticos, dentre outros (MOLENTO, 2017).
Os órgãos internacionais também se preocupam com o risco de exposições a
tais agentes, por isso se empenham em estabelecer normativas e diretrizes sobreo
manuseio de agentes de risco e instituem os mecanismos de proteção à saúde
humana, animal e ambiental, além de oferecer treinamentos de forma contínua. A
identificação correta é uma forma importante de prevenir o manuseio inadequado de
agentes infecciosos e substâncias químicas perigosas. Existem normas bem
estabelecidas de rótulo, transporte e armazenamento para todas as substâncias
químicas, medicamentos, agentes infecciosos e materiais biológicos, assim como
para as fontes potenciais de contaminação (MOLENTO, 2017).
A necessidade e o hábito de ler o rótulo de todo material de trabalho, assim
como a constante utilização de equipamento de proteção individual e coletiva
adequados para cada procedimento, são as principais formas de prevenir acidentes e
se proteger e, sem dúvida, o treinamento sistemático é primordial e muito importante.
Por exemplo, segundo Molento (2017), o correto armazenamento de solventes,
reagentes e vidrarias, utilizando locais previamente definidos e adequadamente
identificados com simbologia preconizada, minimiza os riscos inerentes aos acidentes
de trabalho. Sem dúvida, o controle de descarte de produtos considerados agressores
ao meio ambiente, devem ser cuidadosamente monitorados para preservar o meio
ambiente em que se vive, evitando o descarte inadequado de materiais passíveis de
reciclagem, adotando a coleta seletiva consciente, possibilitando economia e proteção
ambiental para o bem-estar da população e humanidade.

CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE


Através da NBR n° 12.808 de 1993, a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT, 2015), dispõe instrução sobre como deve ser realizada a
classificação e dispensação dos resíduos utilizados nos ambientes de saúde os quais
são popularmente conhecidos como resíduos hospitalares. Após o seu uso, estes
devem ser descartados em recipientes que estejam devidamente identificados
conforme sua origem (Exemplo: resíduo químico, resíduo comum, perfurocortantes,
dentre outros), pois, para cada produto a um tipo específico de símbolo para facilitar
a destinação correta, conforme representado pela Figura 2, tais como:
• Tipo A – resíduo biológico.
• Tipo B – resíduo químico.
• Tipo C – resíduo radioativo.
• Tipo D – lixo comum.
• Tipo E – Perfurocortantes.

Figura 6
Tais especificações, se aplicadas de forma correta, sinalizam positivamente um
dos principais processos acerca da reciclagem e destinação correta destes materiais
e do gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS).
A caracterização e classificação dos RSS são o ponto de partida para a
realização de uma coleta, transporte, tratamento e disposição final mais seguros para
o homem e o meio ambiente. Os estabelecimentos geradores devem averiguar se o
gerenciamento dos RSS está́ ou não está atendendo a essas legislações,
principalmente quanto à segregação correta na fonte de geração e destinação final,
conforme sua classificação (ABNT, 2004a).

12. EMISSÕES RADIOATIVAS

As emissões dos núcleos radioativos podem ser de três tipos: partícula α,


partícula β e radiação gama. A partícula α, constituída por 2 prótons e 2 nêutrons, tem
carga 2+e massa igual ao núcleo do átomo de hélio, é representada como 42 αou 42
He. A partícula beta é um elétron criado no núcleo, no momento da emissão.
Pode ter carga negativa (0-1 β) ou positiva (0+1 β). Quando o pósitron é emitido
e encontra um elétron do meio, ocorre a reação de aniquilação. Há transformação de
massa em energia e o aparecimento de duas radiações gama de mesma direção e
sentidos opostos e de energia igual a 0,51 Mev, resultante da transformação da massa
do elétron em repouso, na equação E = mc2. Normalmente, uma emissão de radiação
gama. A radiação gama é de natureza eletromagnética e comprimento de onda,
geralmente menor do que os raios X. Sua emissão acompanha as das partículas alfa
e beta (XAVIER et al., 2007).

INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA


As radiações emitidas por um elemento radioativo em determinado meio,
interagem tanto com as camadas eletrônicas quanto aos núcleos dos átomos que
compõem esse meio, em um processo probabilístico que depende do tipo de partícula,
de sua energia e das características do meio. Dessa interação, resulta a chamada
absorção de radiação, ou seja, o resultado da transferência de energia da radiação
para o meio. Esse mecanismo serve de base de proteção radiológica (XAVIER et al.,
2007).
Os mesmos autores supracitados mencionam que a partícula alfa pode produzir
ionizações (retirada de elétrons da camada eletrônica) e excitação (levar o elétron a
uma camada mais energética). Define-se como alcance da partícula alfa, o espaço
percorrido pela partícula até que pare, ou seja, que perca toda sua energia.

MOLÉCULAS MARCADAS E RADIOFÁRMACOS


Molécula marcada é aquela em que um ou mais átomos radioativos, de maneira
que podem ser distinguidas das demais, não marcadas. Radiofármaco é a molécula
marcada, utilizada in vivo, para diagnósticos e tratamentos em medicina nuclear,
sendo, portanto, sujeita aos controles necessários a um fármaco.
Em geral, o símbolo de isótopo é colocado entre chaves antes do nome
químico e, quando necessário, é indicada sua posição na molécula. Exemplo: [2 –
14C] timidina. A atividade radioativa de um composto marcado ou de um radiofármaco
é expressa em unidades de atividade (Bq) por unidade de massa (g), denominada
atividade específica, ou por unidade de volume (L), denominada concentração
radioativa (OLIVEIRA et al., 2006).
O tipo de molécula e seu uso, definem o radionuclídeo utilizado para sua
marcação. É levada em conta a diferença de massa que ocorre na molécula ao se
introduzir um átomo radioativo nela. O tipo e a energia de emissão são também
importantes. Quando se pensa na utilização de um radioisótopo para uso in vitro,
procura-se um com T1/2 longa e que não tenha energia muito alta para não levar a
exposições desnecessárias. Exemplos de isótopos com essas características são o
14C (beta menos, T1/2 5700 a) e 3H (beta menos, T1/2 12 a).
Para o mapeamento de um órgão, procuram-se elementos T1/2 curta e
emissores de radiação gama com energia suficiente para que sejam detectados fora
do organismo (OLIVEIRA et al., 2006).
PROTEÇÃO RADIOLÓGICA E DOSIMETRIA

Figura 7

O termo proteção radiológico, refere-se à proteção contra radiações, a higiene,


a segurança e o controle no manuseio de materiais radioativos. Visa não somente a
proteção adequada às pessoas que trabalham com radiação como também à
população em geral que, de alguma forma, pode estar exposta. Sua finalidade é
proteger contra os perigos potenciais dessa exposição e possibilitar o usufruto de seus
benefícios.
Até a descoberta dos raios X e da radioatividade, a exposição do ser humano
à radiação ionizante limitou-se, quase que exclusivamente, às fontes naturais e à
radiação cósmica, que constituem a chamada radiação natural de fundo, em nível
considerado muito baixo. Os primeiros profissionais que se preocuparam com as
normas de proteção radiológica foram os radiologistas. A primeira unidade de dose de
radiação foi denominada Roentgen (R) e definida como a quantidade de raios X que
pode provocar certa ionização num volume bem definido de ar nas condições normais
de temperatura e pressão (CNTP).
Paralelamente, veio a recomendação de que a exposição de um profissional se
mantivesse em um nível de 1R/d (MOURA; BACCHIM NETO, 2015). Moura e Bacchim
Neto (2015) apontam que a evolução dos estudos dos efeitos biológicos de radiação
(EBR), mostrou que os níveis máximos de 1 R/deram muito altos e que existiam outros
fatores que alteravam a relação dose x efeito: tipo de radiação, volume irradiado e
outros. A unidade Roentgen (R), sendo definida apenas para o ar, não servia de
parâmetro para inferir os efeitos biológicos advindos de determinada dose de
exposição.
Em 1953, foi introduzida a unidade rad (radiation absorbed dose) equivalente à
absorção de 100 erg de energia por grama de material irradiado, medindo, portanto,
a dose absorvida pelo tecido e abrangendo todos os tipos de radiações.
As unidades Roentgen e rad consideram, respectivamente, a energia absorvida
noar e no tecido, mas não dão a dimensão dos danos biológicos produzidos. Embora
hoje já existem estudos que descrevem acerca de procedimentos realizados por
mecanismos robóticos em cirurgia endovascular, por exemplo, o que sinaliza a
presença de uma importante evolução. Entretanto, tal método ainda necessita ser
mais bem explorado (desenvolvido), bem como carece de ajustes acerca do seu
custo, o que provavelmente será muito mais elevado, logo, no futuro. Sem contar que
levará anos para que seja implantado como rotina em todos os ambientes que
promovem ações de cuidado assistencial. Da mesma forma, cabe destacar que
poucos artigos em nosso meio científico, são publicados discutindo sobre os riscos da
radiação provocados pelos equipamentos radiológicos, tanto os de angiografia como
os da angiotomografia (LEYTON et al., 2014; MOURA; BACCHIM NETO,2015). Os
mesmos autores, ainda indagam o seguinte questionamento: Até́ que ponto devemos
nos preocupar com isso?
Foi necessária a introdução da unidade rem (Roentgen equivalent in man) que,
além de considerar a dose absorvida, leva em conta fatores como o tipo e a energia
da radiação e sua distribuição em diferentes tecidos, para que os possíveis danos
biológicos possam ser inferidos. O conceito de fator de qualidade “Q” foi introduzido
e, assim, o rem é igual à dose em rad multiplicada pelo Q. Para a radiação
eletromagnética esse fator é igual a 1 e, para a partícula alfa, é igual a10. Se tivermos
a mesma dose em rad de um emissor alfa e de um emissor gama, teremos doses, em
rem, 10 vezes maiores no caso de exposição à partícula alfa (LIMA; AFONSO;
PIMENTEL, 2009).
Segundo Brasil (2019), há três parâmetros fundamentais quando se pensa em
proteção radiológica (CNEN NE- 3.01), a saber:
• distância da fonte radioativa ao operador;
• tempo de exposição do operador à radiação;
• blindagem interposta entre a fonte e o operador.
Da mesma forma, Brasil (2014c) descreve que a proteção radiológica abrange
um campo muito vasto que inclui desde, por exemplo, o estudo do local adequado de
construir uma usina nuclear até a disposição final de resíduos radioativos, devendo
existir adequada distribuição dos espaços que prestam cuidados em saúde, por meio
da instituição de exames e intervenções radiológicas (CNEN NE 6.02).
Trabalhos que envolvam níveis altos de atividade radioativa (da ordem de 10 4
Bq), como a produção de radiofármacos para uso em Medicina Nuclear ou a marcação
de moléculas para radioimuno ensaios, devem ser desenvolvidos em cabines de
segurança especialmente destinadas para esse fim, com as seguintes características
conforme orienta Brasil (2019):
• Blindagem – adequada para o radioisótopo que está sendo manuseado. Deve
manter a exposição do operador abaixo de 1 mSv/semana.
• Exaustão – a cabine deve ter compressão menor do que a do ambiente do
laboratório. O ar exaurido, deve passar por filtros adequados e ser monitorado antes
de ser liberado no meio ambiente.
• Manuseio – com ferramentas adequadas que permitam o trabalho a distância e não
prejudiquem a sua precisão.
• Resíduos – precisam ser retirados sem que entrem em contato com o meio ambiente.

DOSIMETRIA
A facilidade em medir a radioatividade com precisão e a sensibilidade que
permite a avaliação de sua distribuição nos vários compartimentos orgânicos, fazem
dos traçadores radioativos, um potente instrumento de investigação científica. Os
radioisótopos são amplamente utilizados em medicina nuclear, em estudos de
bioquímica, nutrição, fisiologia e de biologia em geral. Entretanto, ouso dos
radioisótopos exige algumas precauções, que têm de ser consideradas quanto a sua
manipulação e a seu armazenamento. As partículas e radiações dissipam sua energia
ao interagirem com moléculas da estrutura celular e provocam danos que podem
comprometer a saúde de quem se expõe a elas, porém o conhecimento desses riscos
permite o seu uso seguro (LEYTO Net al., 2014). Moura e Bacchim Neto (2015, p.
167), ainda fortalecem dizendo que:
A limitação da dose é uma prática bem definida na proteção radiológica dos
indivíduos ocupacionalmente expostos (IOEs). Cada IOE deve ser monitorado
mensalmente para assegurar que não irá receber doses ocupacionais acima dos
limites. A monitoração frequente das doses recebidas pelos profissionais pode indicar
praticas relacionadas a altas exposições ocupacionais e, assim, determinar
estratégias de proteção radiológica mais eficientes e objetivas. Para aumentar a
acurácia dado simetria pessoal, a Comissão Internacional de Proteção
Radiológica(ICRP) recomenda que sejam usados dois dosímetros na altura do tórax,
sendo um sobre as proteções e outro por baixo destas. Desta maneira, será
proporcionada uma estimativa mais segura das doses recebidas por esses
profissionais. Dosímetros adicionais podem ser utilizados para medir as doses
recebidas pelos cristalinos e pelas extremidades dos profissionais.
Dados provenientes da radioterapia, dos acidentes nucleares ou da
contaminação, devido à ocupação profissional, mostram que as radiações produzem
alterações gênicas e cromossômicas que aumentam a taxa de mutações de células
dos indivíduos das gerações subsequentes. Por outro lado, as mutações induzidas
pelas radiações ionizantes podem, também, ocorrer em células somática e essas não
são transmitidas à descendência dos indivíduos irradiados ( LEYTONet al., 2014).
Figura 8
A radiação ionizante pode provocar malformações congênitas, esterilidade,
reduzir a fertilidade, provocar câncer, leucemia, catarata; acelerar o envelhecimento e
causar a morte. No entanto, como qualquer outro agente a que o ser humano está
exposto, os riscos da exposição à radiação devem ser dimensionados. Riscos
genéticos e somáticos associados às radiações ionizantes, mostram que os efeitos
produzidos dependem de fatores que serão discutidos a seguir (VALVERDE et al.,
2000).

QUALIDADE DA RADIAÇÃO
A intensidade dos efeitos biológicos das radiações ionizantes depende do tipo
de radiação (se particulada ou eletromagnética), de sua energia, de sua massa ou de
sua carga e, principalmente, do rendimento de transferência linear da energia por
milímetro de percurso (LET) no tecido orgânico. Radiações eletromagnéticas, como
os raios X e os raios gama, são pouco eficientes para transferir sua energia para o
tecido, sendo, por isso, menos mutagênicas que a partícula alfa. Esta, mostra alta
eficiência na transferência de energia para os compostos orgânicos (VALVERDE et
al., 2000; LEYTON et al., 2014).

INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO NOS TECIDOS E A PRODUÇÃO DE RADICAIS


LIVRES
A ação deletéria da radiação sobre as células ocorre, predominantemente, por
processos indiretos, ou seja, não é o impacto direto da radiação que danifica a célula,
mas os produtos tóxicos gerados secundariamente no seu interior. Sendo a água o
principal constituinte do corpo humano e da célula, correspondendo a cerca de ¾ da
massa corpórea, é nesse compartimento que ocorre a maior quantidade das
interações primárias da radiação. Quando a radiação interage com moléculas da
água, desencadeia-se uma série de fenômenos físico-químicos que geram os radicais
livres ionizados e, energeticamente excitados (spins elevados a níveis singletos e
tripletos), os quais produzem os danos celulares irreparáveis
(TEIXEIRA; GUARIENTO, 2010). A radiação, interage, inicialmente, por
processos físicos com os átomos dos tecidos orgânicos e, na sequência, ocorre a
transferência da energia da radiação para os constituintes do corpo.
RELAÇÃO RISCO/BENEFÍCIO NO USO DE MATERIAS RADIOATIVOS
Os organismos internacionais como a ICRP, padronizam o limite máximo
permitido de radiação ionizante para trabalhadores por um ano em 50 mSv, para
ingestão ou inalação do material radioativo. Essa estimativa de dose baseia-se no
homem – padrão, com características fisiológicas e anatômicas definidas na
publicação da ICRP n° 2324 que leva em conta a possibilidade de a radiação produzir
câncer e doenças hereditárias. Doses superiores a 4 Sv, conhecidas como doses
letais 50% (DL50), são fatais para 50% de uma população exposta. Doses acima de
7 Sv são praticamente fatais (NAVARRO et al., 2008; NAVARRO, 2009).
Para a regularização de seu funcionamento, o laboratório ou unidade de
medicina nuclear deve cumprir certas regras básicas em função da sua classificação.
A norma CNEN n° 3.01 (CNEN NE – 3.01), que descreve as Diretrizes Básicas
de
Proteção Radiológica, define:
Acidente – é o desvio inesperado e significativo das condições normais de
operação de uma instalação que possa resultar em danos à propriedade e ao meio
ambiente ou em exposições de trabalhadores e de indivíduos do público, acima dos
limites primários de dose equivalente estabelecidos pela CNEN (BRASIL, 2014c).
Áreas restritas têm de ser claramente identificadas, monitoradas, conforme
norma específica da CNEN. Devem ser sinalizadas com o símbolo internacional de
radiação, bem como todas as blindagens ou embalagens das fontes radioativas, e
providas, para orientação em caso de acidente, de instrumentação e procedimentos
apropriados sempre afixados em paredes, quadros e outros lugares bem visíveis
(BRASIL, 2014c).
Figura 9

CONTROLE RADIOLÓGICO DE TRABALHADORES


A empresa, isto é, os responsáveis pela instalação onde se utiliza material
radioativo, devem manter registro de cada colaborador/trabalhador. Nesse registro
deve ser anotada toda e qualquer ocorrência que acarrete ao profissional exposição
à dose de 1/10 (um décimo) do limite anual (que é de 50 mSv/ano, por exemplo, para
o corpo inteiro). Os trabalhadores envolvidos com atividades em áreas controladas
devem ser, individualmente, monitorados de acordo com as normas específicas CNEN
(BRASIL, 2014c).
Relacionado à atividade laboral dos profissionais que atuam na radiologia,
Brand, Fontana e Santos (2011), descrevem que os referidos trabalhadores devem
ser submetidos a controle periódico do ponto de vista médico, a incluir os seguintes
exames, acerca da manutenção da sua segurança:
1. Exame pré-ocupacional: a fim de verificar se está em condições normais de saúde
para iniciar a sua ocupação, incluindo uma análise do seu histórico médico e
radiológico sobre exposições anteriores.
2. Exame periódico: de acordo com a natureza da função e com a dose recebida pelo
trabalhador.
3. Exame especial: para trabalhadores que tenham recebido doses superiores aos
limites primários estabelecidos na norma CNEN n° 3.01, ou quando o médico julgar
necessário
4. Exame pós – ocupacional: logo após o término da ocupação e, dependendo do seu
resultado, cuidados ou exames médicos posteriores.

QUALIDADE TOTAL
Para tanto, recomenda-se que as unidades de radiologia evoluam de
programas de controle da qualidade para programas de gestão da qualidade total. A
qualidade no setor saúde é entendida como a sistematização de todos os processos,
em todas as áreas e esferas da gestão, na busca da perfeição ao nível ético e técnico.
A qualidade deixa de ser um aspecto de um produto ou serviço, tornando-se a base
para um sistema de gestão abrangente e dinâmico, o qual conta com alguns setores,
tornando-se os pilares para o sucesso de uma empresa.
São estes: sistema de gestão da qualidade e inserção da biossegurança.

EVOLUÇÃO DA QUALIDADE
O controle da qualidade era exercido, antigamente, somente com relação ao
produto acabado. Havia apenas inspeção ou fiscalização final que, na concepção
atual, é de resultado insatisfatório. Após, houve a evolução para o
Controle Estatístico de Processo – cuja ênfase era a segurança e o “zero
defeito”, em seguida, para a Garantia da Qualidade ou Controle de Qualidade –
baseada em normas e procedimentos formais – e, finalmente, para a Qualidade Total
– a qual contempla a satisfação dos clientes e a competitividade (PINTO; CARVALHO;
HO, 2006; MACEDO; RODRIGUES, 2009). Qualidade Total é o conceito expresso em
princípios pelos quais uma organização pode sobreviver e desenvolver-se em um
ambiente competitivo.

GESTÃO PELA QUALIDADE TOTAL


A Qualidade Total tem complexidade de implantação muito maior que ade
outros programas da qualidade, como o 5S, mas isso não impede que possa ser
implantada em qualquer situação, independentemente do tamanho da organização–
micro, pequena, média ou grande (Figura 14). Para atender ao consumidor de maneira
adequada e eficaz, as empresas vêm buscando desenvolver programa se estratégias
que primam pela qualidade. Esses programas passaram a ser uma das estratégias
capazes de gerar competitividade por meio da diferenciação e agregação de valor aos
produtos e serviços, fornecendo vantagem competitiva a quem tem sucesso em sua
implementação (PERTENCE; MELLEIRO, 2010).
Os 5S são derivados de palavras japonesas, iniciadas pela letra “S” e que
expressam princípios fundamentais de uma determinada organização que a utiliza.
Inicialmente, integravam o método 9 “esses”: SEIRI, SEITON, SEISO, SEIKETSU e
SHITSUKE, SETSUYAKO, SEKININ, SHITSUKOKU e SHUKAN.
Entretanto, Lapa (1998), descreve que os cinco primeiros “S” já expressam os
princípios de um determinado segmento, os quais são definidos a seguir:
1. SEIRI – Senso de utilização, arrumação, organização, seleção.
2. SEITON – Senso de ordenação, sistematização, classificação.
3. SEISO – Senso de limpeza, zelo.
4. SEIKETSU – Senso de asseio, higiene, saúde, integridade.
5. SHITSUKE – Senso de autodisciplina, educação, compromisso.
O sucesso na implementação dos programas de qualidade depende de se fazer
adequada Gestão Eficiente de Qualidade. Para tanto, deve-se preparara organização
para a implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade, tendo o Programa 5S
como uma boa opção e um forte aliado para preparação das organizações que
pretendem iniciar tal processo. A Qualidade Total é um sistema gerencial para
atender, principalmente, à sobrevivência e à prosperidade da organização, mediante
a satisfação das necessidades das pessoas. Como pessoas, devem ser estendidos
os clientes, os acionistas, o governo e a sociedade como um todo.
Figura 10

Essa gestão da qualidade se faz em todos os processos, por meio de ações


científicas sistemáticas desenvolvidas por toda a organização. A tendência atual é que
as organizações – micros, pequenas, médias ou grandes – a do tema Qualidade Total
como filosofia de trabalho, para garantir a qualidade dos produtos e /ou serviços que
produzem. As que vierem a ficar à margem desse movimento, correm o risco de deixar
o mercado por falta de competitividade. A Gestão pela Qualidade Total implica que
todos os processos estejam monitora dose sob controle. Essa é a base para que tudo
o que é produzido, não apresente defeito (ARENA et al., 2011).
A implantação da Qualidade Total é iniciada pela vontade explícita de
mudanças da administração da organização, visando melhorias. Os fundamentos do
programa devem ser introduzidos de forma orientada, tendo as pessoas –
administradores e funcionários – como alvo, vindo depois da fase de treinamento
(REGO; PORTO, 2005). Arena et al. (2011) descrevem que é possível avaliar o
estágio em que determinada organização se encontra com relação à qualidade e, com
isso, indicar o caminho da obtenção da Qualidade Total. Desse modo, faz-se
necessárias mudanças e busca de melhoria na qualidade do produto ou serviço
quando:
• os clientes não são ouvidos, por não serem considerados importantes;
• não há estímulo ao trabalho em equipe, a solução de problemas e a tomada de
decisões são de competência exclusiva de chefias;
• os recursos humanos não são valorizados e as necessidades das pessoas, em
termos de manifestação de suas opiniões, não são satisfeitas;
• faltam objetivos claros e isso resulta em esforços dispersos e ações descontínuas;
• em virtude de estar dando certo, não há aperfeiçoamento contínuo;
• cada setor atua isolado dos demais, não fazendo parte do processo que compõe o
todo;
• a decisão é centralizada e falta autonomia para as pessoas;
• os objetivos da organização não são informados e disseminados internamente e, por
isso, cada pessoa conhece só aquilo com que trabalha;
• não há padronização e documentação dos processos;
• os erros gerados nos processos e transferidos para os produtos e /ou serviços são
apontados, principalmente, pelo consumidor final.

PROTEÇÃO RADIOLÓGICA DO PROFISSIONAL


Esta proteção se refere a todos os indivíduos ocupacionalmente expostos a
radiação ionizante, trabalhando com exames de imagens para diagnóstico. Os
principais riscos são as possibilidades de ocorrerem doses altas e o acúmulo de
exposições durante a vida do trabalhador que podem ser grandes. Portanto, é
importante manter as doses mais baixas possíveis e também manter o histórico de
doses recebidas, através dos laudos emitidos mensalmente pelo laboratório que
fornece o serviço de dosimetria. Para Okuno (2013), reduzir a possível exposição dos
profissionais é possível, para tanto, são necessários alguns parâmetros, os quais
devem ser considerados e respeitados:

13. MEIOS DE CONTRASTE

Os meios de contraste radiológicos são compostos introduzidos no organismo


por diferentes vias, que permitem aumentar a definição das imagens radiográficas,
graças ao aumento de contraste provocado por eles, possibilitando, desse modo, a
obtenção de imagens de alta definição e, com isso, maior precisão em exames de
diagnóstico por imagem. A utilização de compostos com a finalidade de melhorar a
qualidade das imagens radiológicas é bastante antiga, cerca de mais de meio século.
Desde então, reações adversas resultantes da introdução de uma substância estranha
ao corpo humano, administrada via oral ou intravenosa, têm sido relatadas, uma vez
que nem sempre estas substâncias são inofensivas e algumas vezes podem alterar a
circulação sanguínea causando reações inesperadas. Partindo deste princípio,
diversas precauções devem ser tomadas tanto com os pacientes, como no preparo e
armazenamento dos meios de contraste.

Todos os meios de contraste iodados usados atualmente são derivados do


ácido-triiodobenzóico. São classificados com base nas suas características físico-
químicas, incluindo sua estrutura química, as modalidades, viscosidade, quantidade
de átomos de iodo na estrutura, propriedades biológicas, capacidade de ionização em
solução, hidrossolubilidade, lipofilia e toxicidade. Os meios de contraste iônicos são
aqueles capazes de se dissociar em soluções aquosas formando íons cátions e
ânions, enquanto os não iônicos não se dissociam (Figura 1), porém interagem com
moléculas de água por meio de interações intermoleculares. Alguns cuidados no
armazenamento e assepsia dos meios de contraste são imprescindíveis, incluindo
armazená-los ao abrigo de luz, uma vez que são fotossensíveis, e distantes da
incidência de raios X, pela possibilidade da radiação ionizante causar a degradação
das moléculas, alterando assim a estrutura do meio de contraste e, com isso, suas
propriedades de contraste nas imagens radiológicas. Além disso, é importante mantê-
los na temperatura de 15 a 25ºC, uma vez que em baixas temperaturas pode ocorrer
a formação de cristais, verificar prazos de validade e não utilizar os frascos e ampolas
abertos por mais de 24 horas, devido ao risco de contaminação por micro organismos.
Figura 10: Estrutura molecular dos meios de contraste iodados avaliados

No presente trabalho foi investigada a influência da radiação ionizante de raios


X e gama sobre a estabilidade da estrutura molecular de diversos meios de contraste
comerciais amplamente usados na radiologia em exames de diagnóstico por imagem
de raios X e tomografia computadorizada, por meio da espectroscopia de ressonância
magnética nuclear (RMN) de 1H e 13C. Buscou-se avaliar possíveis alterações nas
estruturas moleculares dos meios de contraste, pela incidência da radiação, o que
poderia causar mudanças nas suas propriedades físico-químicas e biológicas, bem
como na toxicidade, comprovando assim os resultados presentes da literatura.

14. MATERIAIS E MÉTODOS

Amostras
Oito diferentes meios de contraste iodados, sendo três iônicos e cinco não
iônicos, foram cedidos por quatro fabricantes que os disponibilizam no Brasil. Os
contrastes, e respectivos fabricantes, são: Iopamiron 300 e Pielograf 76% (Bayer
Schering Pharma; Berlim, Alemanha), Ominipaque e Visipaque (Farmasa; São Paulo,
Brasil), Henetix e Telebrix (Guerbet; Paris, França), Optiray 320 e Optiray 350
(Mallinckrodt; Saint Louis, EUA). De cada meio de contraste, oito alíquotas foram
tomadas, das quais quatro foram submetidas à radiação por raios X, duas à radiação
por raios gama e duas foram mantidas para controle, não sendo expostas a nenhuma
radiação. Para proceder a irradiação dos meios de contraste, estes foram dispostos
em tubos de microcentrífuga contendo 1,7 ml de cada meio, identificados por letras,
para evitar que o operador dos instrumentos soubesse a origem deles. O preparo das
amostras foi realizado no Laboratório de Química da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná (UTFPR), seguindo normas de assepsia para cada frasco aberto e
aspirado.

Irradiação por raios X

A irradiação das amostras por raios X foi realizada no Setor de Radioterapia do


Hospital, utilizando-se um monitor de radiação Radcal 9010 (Radcal Corp; Monrovia,
EUA) e uma câmara de ionização Radcal 10X5-6 (Radcal Corp.; Monrovia, EUA), com
volume sensível de 6 cm3 calibrados para faixa de energia de radiodiagnóstico,
determinando-se a radiação exata que as amostras estavam recebendo. Como fonte
de radiação foi utilizado tubo de raios X de um simulador de tratamentos de
radioterapia RMX 625 R (Raytheon Medical Systems; Melrose Park, EUA), de filtração
inerente equivalente a 0,5 mm de alumínio. As amostras foram expostas a diferentes
doses de radiação por raios X, variando-se de 9,85 a 10.200 mR, a uma distância de
50 cm da fonte e tensão de 90 kV.
Irradiação por raios gama

A irradiação das amostras por raios gama foi realizada utilizando-se a energia
média de 1,25 MeV, proveniente de uma fonte de cobalto-60 instalada em uma
máquina de teleterapia Theratron 780 C (MDS Nordion; Ontário, Canadá),
empregando bolus de 0,5 cm de espessura de gel sobre as amostras. A distância
fonte–superfície adotada foi de 50 cm e o rendimento a esta distância foi de 5 Gy/min.
As amostras foram expostas a duas doses de radiação: 0,1 e 10 Gy. Em ambos os
equipamentos as amostras foram irradiadas em um campo de 8 × 8 cm2.

Análises de RMN
Os espectros de RMN de 1H e 13C{1H} foram adquiridos em um espectrômetro
Bruker Avance 400 (Bruker; Karlsruhe, Alemanha) de campo magnético de 9,4 tesla,
instalado no Laboratório de RMN da Universidade Federal do Paraná, observando-se
os núcleos de 1H e 13C a 400,13 e 100,62 MHz, respectivamente, em D2O (água
deuterada) à temperatura ambiente de aproximadamente 22ºC em uma sonda
multinuclear de observação direta de 5 mm. Para isso, alíquotas de 0,2 ml de cada
meio de contraste foram filtradas em algodão diretamente para tubos de RMN de 5
mm, com auxílio de pipetas Pasteur, os quais foram completados com 0,4 ml de D2O
contendo 2,2,3,3-tetradeutério-3-trimetilsililpropionato (TMSP-d4 – referência interna)
(11). Os espectros de RMN de 1H foram adquiridos com a sequência de pulsos zg,
acumulando-se quatro varreduras, 64 K pontos (1 K = 1.024) e janela espectral de ~13
ppm. Em algumas amostras foi necessária a pré-saturação do sinal da água,
utilizando-se a sequência de pulsos zgpr. Por sua vez, os espectros de RMN de
13C{1H} foram adquiridos com a sequência de pulsos zgpg30, acumulando-se 1.024
varreduras, 32 K pontos e janela espectral de ~255 ppm. Ambos os espectros de RMN
de 1H e 13C{1H} foram processados com auxílio do programa TopSpin (Bruker;
Karlsruhe, Alemanha), aplicando-se multiplicações exponenciais dos free induction
decays (FIDs) por fatores de 0,3 e 3,0 Hz para a construção dos espectros de RMN
de 1H e 13C com 64 K e 32 K pontos, respectivamente. Os deslocamentos químicos
em ambos os espectros de RMN de 1H e 13C{1H} foram calibrados em relação ao
sinal do TMSP-d4 em 0,0 ppm.
CONCLUSÃO

A evolução da imagem do sistema analógico (aquisição baseado em filme) para


o formato digital tem sido impulsionado pelas necessidades de redução de custos,
com rendimento eficiente e fluxo de trabalho na gestão e visualização de uma
proliferação crescente no número de imagens produzidas. Assim como as imagens
em formato digital tornam passíveis de metodologias de processamento de imagem
para o realce, análise de exibição, o armazenamento e interpretação mesmo
aumentada. Por causa da onipresença de imagens em biomedicina, a disponibilidade
crescente de imagens em formato digital, a ascensão do hardware de alta potência
computador e redes e, a comunhão de soluções de processamento de imagem,
imagens digitais tornaram-se um tipo de dados central que deve ser considerada em
muitas aplicações informática biomédica. A criação de um padrão internacional para
imagens médicas e informações relacionadas, o DICOM (Digital Imaging and
Communications in Medicine) que define os formatos das imagens médicas
padronizaram a forma de armazenamento de informações de uso clínico.
Na medicina moderna, imagiologia médica tem sofrido grandes avanços. Hoje,
essa capacidade de obter informações sobre o corpo humano tem muitas aplicações
clínicas úteis. Ao longo dos anos, diferentes tipos de imagens médicas foram
desenvolvidos, com suas próprias vantagens e desvantagens. Há métodos baseados
em raios-X convencionais, tomografia computadorizada (TC) e mamografia. Para
melhorar a imagem de raios X, os agentes de contraste podem ser utilizados, por
exemplo, para exames de angiografia. A imagiologia molecular é utilizada na medicina
nuclear e utiliza uma variedade de métodos para visualizar os processos biológicos
que ocorrem nas células dos organismos. Pequenas quantidades de marcadores
radioativos, chamados produtos radiofarmacêuticos, são utilizados para imagiologia
molecular. Outros tipos de imagens médicas são a ressonância magnética (MRI) e
imagens por ultrassom. Ao contrário dos raios-X convencionais, CT e Molecular
Imaging, a ressonância magnética e o ultrassom operam sem radiação ionizante. A
RM utiliza campos magnéticos fortes, que não produzem efeitos biológicos
irreversíveis conhecidos nos seres humanos
REFERÊNCIAS

Comissão Nacional de Energia Nuclear, Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica,


Norma NN-3.01, Rio de Janeiro, 2011.

Comissão Nacional de Energia Nuclear, Requisitos de Segurança e Proteção


Radiológica de Serviços de Radioterapia - Resolução 130/2012, Rio de Janeiro,
D.O.U. 04 de junho de 2012.

Facure, A., Silva, A, X. The use of high-density concretes in radiotherapy treatment


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