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SAÚDE
DOENÇAS NEUROMUSCULARES
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217p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-8241-270-1
CDD 616.744
SUMÁRIO
20 ÓRTESES ................................................................................................................................198
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................199
1 INTRODUÇÃO ÀS DOENÇAS NEUROMUSCULARES
O esqueleto pode ser definido como conjunto de ossos e cartilagens que se interligam
para formar o arcabouço do corpo do animal e desempenhar diversas funções, tais como:
proteção, sustentação e conformação do corpo, local de armazenamento de íons cálcio, fosfato e
outros, sistema de alavancas (que movimentadas pelos músculos permitem os deslocamentos
corporais) e local de proteção de certas células sangüíneas.
Todos os ossos são recobertos, nas superfícies interna e externa, por camadas de
tecido com células osteogênicas: endósteo internamente e periósteo externamente.
Macroscopicamente verifica-se que o osso é formado por partes sem cavidade visíveis
- osso compacto - e por partes com muitas cavidades intercomunicantes - osso esponjoso
(Figura 1).
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Fig. 1 – Osso compacto e osso esponjoso. Reproduzida de JUNQUEIRA, L.C. E CARNEIRO, J.
Histologia Básica, Guanabara Koogan: 10ª ed., 2004, p.140.
O tecido muscular é constituído por células alongadas, que contém grande quantidade
de filamentos citoplasmáticos de proteínas contráteis, geradoras das forças necessárias para a
contração desse tecido, utilizando a energia contida nas moléculas de ATP.
Todos os músculos esqueléticos são formados por numerosas fibras. Cada fibra por
sua vez, é formada por subunidades sucessivamente menores (Fig. 4).
Cada fibra muscular contém várias centenas a vários milhares de miofibrilas (círculos
pequenos no corte transverso da Figura 4). Cada miofibrila por sua vez, contém disposta lado a
lado, cerca de 3000 filamentos de miosina e cerca de 3000 filamentos de actina, ambas
responsáveis pela contração muscular.
Fig. 4 - Estrutura dos três tipos de tecido muscular. Reproduzida de GUYTON, A.C. E HALL,
J.E. Text book of Medical Physiology, Elvesier: 11ª ed., 2006, p. 73.
Mecanismo geral 11
1) Potencial de ação → nervo motor até as terminações nas fibras musculares.
Tudo o que somos e fazemos depende de como funciona o nosso sistema nervoso,
desde as mais simples às mais complexas e variadas funções, tais como percepção, análise,
coordenação, planejamento, execução de movimento e memória resultam das interações
neuronais.
A maioria das funções de controle do corpo é desempenhada pelo sistema nervoso,
que recebe informações dos diferentes órgãos sensoriais e, integra-os para determinar a
resposta a ser dada pelo organismo. No entanto, um funcionamento normal depende em grande
parte dos processos normais de desenvolvimento.
No recém-nascido o sistema nervoso ainda é imaturo, desse modo, todas as funções
desenvolvidas pelo sistema nervoso dependem de um processo de desenvolvimento longo para
atingir seu funcionamento completo, com etapas sucessivas de complexidade crescente e em 13
uma seqüência fixa.
Essa seqüência de desenvolvimento neural leva progressivamente à especialização
dos neurônios jovens, à sua agregação e estabelecimento de circuitos neurais entre eles, que
serão discutidos mais adiante (em Neuroplasticidade).
O sistema nervoso pode ser dividido em sistema nervoso central (SNC), que engloba
as estruturas neurais que se encontram dentro do crânio e da coluna vertebral, e sistema
nervoso periférico (SNP), que reúne àquelas distribuídas pelo organismo.
Dessa forma, o SNC é formado pelo encéfalo e medula espinhal, e o SNP pelos nervos
e por pequenos agregados de células nervosas, os gânglios nervosos. Os nervos são
constituídos principalmente por prolongamentos dos neurônios situados no SNC ou nos gânglios
nervosos.
No tecido nervoso, os neurônios são células importantes do ponto de vista funcional.
Eles têm forma e tamanho variável e são constituídos por um corpo celular (pericário), onde se
encontra o núcleo e por prolongamentos celulares: dendritos e axônios (Figura 6).
A maior parte dos neurônios encontrada no sistema nervoso é envolvida por uma
bainha de mielina. As fibras mielinizadas conduzem o impulso muitas vezes mais rapidamente
que uma fibra amielínica.
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A célula nervosa tem moléculas na membrana que são bombas ou então canais para o
transporte de íons para dentro e para fora do citoplasma. O axolema (membrana plasmática do
axônio) bombeia Na- para fora do axoplasma, mantendo uma concentração de Na- que é apenas
um décimo da concentração no fluido extracelular. Ao contrário, a concentração de K+ é mantida
muito mais baixa do que no fluido extracelular. Dessa forma, existe uma diferença de potencial
de -65mV através da membrana, sendo o interior negativo em relação ao exterior. Este é o
potencial de membrana.
neurotransmissores, que são substâncias que, quando se combinam com proteínas receptoras,
abrem ou fecham canais iônicos ou então desencadeiam uma cascata molecular na célula pós-
sináptica que produz segundos mensageiros intracelulares.
Vascularização encefálica
O metabolismo cerebral necessita de um adequado suprimento de glicose e oxigênio
para seu funcionamento, o que requer um fluxo sanguíneo elevado. Para o suprimento
sanguíneo cerebral, o encéfalo conta com uma vascularização peculiar, com vasos penetrando
no crânio por vários pontos, sendo dividida em circulação de território anterior e posterior
(Figuras 7 e 8).
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O córtex motor cerebral é dividido em três grandes áreas: córtex motor primário, córtex
pré-motor e área motora suplementar (Figura 9).
18
Córtex pré-motor:
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Outras regiões merecem destaque, devido suas inter-relações com o córtex motor
primário, como estruturas do lobo parietal, gânglios da base, tálamo e cerebelo.
A junção neuromuscular
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Figura 10 – Placa motora. Reproduzida de GUYTON, A.C. E HALL, J.E. Text book of Medical
Physiology, Elvesier: 11ª ed., 2006, p. 86.
5. Contração muscular
1. Neuroplasticidade
Conceitos
Plasticidade neural é a capacidade do sistema nervoso em modificar as conexões
sinápticas. É um conceito amplo que se estende desde as respostas às lesões traumáticas
destrutivas até as sutis alterações resultantes dos processos de aprendizagem e memória.
“Plasticidade neural pode ser definida como uma mudança adaptativa na estrutura e
nas funções do sistema nervoso, que ocorre em qualquer estágio da ontogenia, como função de
interações com o ambiente interno ou externo ou, ainda, como resultado de injúrias, de 21
traumatismos ou de lesões que afetam o ambiente neural.” (PHELPS, 1990).
Estudos recentes referem que a unidade funcional do sistema nervoso não é mais
centrada apenas no neurônio, mas concebida como uma imensa rede de conexões sinápticas
entre unidades neuronais, além de células gliais (células não envolvidas diretamente na
recepção e condução de impulsos nervosos). Essas conexões são modificáveis em função da
experiência individual, ou seja, do nível de atividade e do tipo de estimulação recebida.
Dessa forma, a plasticidade neural pode envolver alterações exclusivamente funcionais
ou anátomo-funcionais, ocorrer em uma faixa temporal muito ampla (millisegundos a vários
anos), e envolver diversos mecanismos moleculares estritamente dependentes das interações
neurônio-neurônio e neurônio-glia.
A neuroplasticidade pode resultar em recuperação de uma função perdida devido à
lesão, chamada plasticidade benéfica ou compensatória; como também pode gerar funções mal
adaptadas ou patológicas, a plasticidade maléfica.
Plasticidade e desenvolvimento
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As sinapses são capazes de transmitir mensagens entre duas células, assim como
bloqueá-las ou modificá-las, realizando o processamento da informação. Daí a importância da
maturação nervosa para a aprendizagem: aprender significa ativar sinapses normalmente não
utilizadas.
Assim, a maturidade depende tanto do que foi herdado quanto do que foi adquirido
pelas experiências vividas. Contudo, uma criança não aprenderá conhecimentos para os quais
não tenha atingido maturidade suficiente.
Por causa da plasticidade, os neurônios são capazes de adaptar sua função e sua
forma, em resposta à ação do meio externo. A plasticidade é maior durante o desenvolvimento e
diminui gradualmente até a vida adulta, mas não se extingui completamente. Ela pode ser
benéfica, mas nem sempre isso ocorre, pois as transformações neuronais em resposta ao
ambiente podem não restaurar funções perdidas.
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Após o evento lesivo, ocorre também a ruptura de vasos sanguíneos e/ou isquemia 26
cerebral, diminuindo os níveis de oxigênio e glicose, que são essenciais para a sobrevivência de
todas as células. A falta de glicose gera insuficiência da célula nervosa em manter seu gradiente
transmembrânico, permitindo a entrada de mais cálcio para dentro da célula, ocorrendo um efeito
cascata.
De acordo com o grau do dano cerebral, o estímulo nocivo pode levar as células
nervosas à necrose, havendo ruptura da membrana celular, fazendo com que as células liberem
seu material intracitoplasmático e, então, lesem o tecido vizinho; ou pode ativar um processo
genético denominado apoptose (morte celular programada).
A lesão promove, então, três situações distintas: uma em que o corpo celular do
neurônio foi atingido e ocorre a morte do neurônio, sendo, neste caso, o processo irreversível; o
corpo celular está íntegro e seu axônio está lesado ou o neurônio se encontra em um estágio de
excitação diminuído.
Mecanismos neurais que integram a postura com o movimento são difundidos ao longo
do sistema nervoso central, e são recrutados em padrões que são tarefa e contexto
dependentes.
Dessa forma, o sistema motor gera movimentos de três tipos, que diferem entre si em
sua complexidade e grau de controle voluntário. São eles: reflexos, padrões motores rítmicos e
movimentos voluntários (Tabela 1).
Os sinais a partir de órgãos tendinosos são transmitidos por fibras nervosas grandes,
que conduzem rapidamente. Essas fibras transmitem sinais para as áreas locais da medula
espinhal, cerebelo e córtex cerebral.
• Neurônios motores.
Quanto ao córtex motor, cada área cortical motora desempenha uma tarefa:
• Córtex motor primário: codifica a força e a direção do movimento.
Nos primeiros seis anos é que os padrões motores fundamentais aparecem na criança
e se aperfeiçoam de acordo com o desenvolvimento, ao nível dos movimentos de estabilidade,
locomoção e manipulação de objetos. Depois dos primeiros seis ou oito anos segue-se uma
continuação do processo de maturação. O desenvolvimento pode assim ser encarado como um
processo extenso desde o nascimento até a idade adulta.
Dessa forma, com o desenvolvimento gradativo dos padrões motores a criança tem
como objetivo principal alcançar um desempenho motor maduro que caracteriza o adulto.
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A anamnese é seguida por um exame clínico que avaliará sinais de fraqueza muscular,
reflexos e anormalidades sensoriais e mudanças autonômicas, bem como informações sobre dor
e prejuízo funcional.
A hipótese diagnóstica desenvolvida pela história e exame clínico pode ser confirmada
por intermédio de testes específicos. Estes testes também são utilizados para monitorar a
estabilização ou progressão da doença e o impacto de terapias.
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O impacto imediato destas descobertas é que uma base diagnóstica a partir do DNA se
torna possível, podendo fornecer aos pacientes um prognóstico acurado e facilitar a elaboração
de programas de reabilitação.
Infelizmente, muitos pacientes elegíveis ainda não se beneficiam ou não têm acesso a
tal precisão diagnóstica, embora isto esteja mudando.
Apesar de serem fisicamente incapacitantes, na maioria dos casos, estas doenças não
afetam as aptidões intelectuais ou cognitivas dos seus portadores. Estes doentes são
diariamente confrontados com diversas dificuldades que, com o apoio de equipes
multidisciplinares podem ser minimizadas.
Até o presente momento não há tratamento definitivo para a maioria das doenças, mas
há muito que fazer para melhorar a qualidade de vida e a independência desses pacientes.
Afinal, incurável não quer dizer intratável.
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A maioria destas doenças vem sendo tratada apenas com métodos paliativos de
reabilitação motora e cirurgias ortopédicas corretivas das retrações fibrotendíneas e
deformidades esqueléticas.
O principal objetivo das pesquisas com células-tronco é usá-las para recuperar tecidos
danificados por essas doenças e traumas. São encontradas em células embrionárias e em vários
locais do corpo, como no cordão umbilical, na medula óssea, no sangue, no fígado, na placenta
e no líquido amniótico.
Contudo, por mais que sejamos favoráveis ao uso destas células no tratamento das
doenças neuromusculares, trata-se de uma tecnologia que necessita de muita pesquisa antes de
ser aplicada no tratamento clínico.
Por sua grande extensão, essa classificação foi considerada pouco prática e a partir
dela surgiram outras classificações mais simples e abreviadas.
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Outra classificação baseada nas diferentes topografias dentro da unidade motora foi
proposta por Reed (2002), além da diferenciação entre as miopatias:
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Entretanto, convém lembrar que tais técnicas moleculares estão disponíveis apenas
para uma parte das doenças neuromusculares e, além disso, são acessíveis apenas em centros
especializados.
Quando a criança é levada de decúbito dorsal à posição sentada, por uma tração pelas
mãos, há um proeminente atraso da posição da cabeça, ou seja, ela não consegue fletir
ativamente a cabeça acompanhando o movimento (Figura 1).
Fig. 1 – Proeminente atraso da cabeça quando a criança com hipotonia
generalizada é puxada para sentar. Reproduzida de PRASAD E PRASAD .The floppy infant:
contribution of genetic and metabolic disorders. Brain & Development, 27 (2003) 457–76, p. 459.
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As crianças que adquirem marcha nas fases iniciais dos processos distróficos
geralmente apresentam quedas freqüentes e dificuldade para correr e subir escadas, além da
alteração da marcha, que se acompanha de báscula de quadril. O comprometimento
preferencialmente proximal afetando a musculatura de pernas, quadril e coluna acarretam
acentuação da lordose lombar e o característico sinal do levantar miopático - sinal de Gowers
(Figura 4), que consiste de levantar-se do chão fixando cada segmento dos membros em
extensão, como se a criança estivesse se escalando.
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Tal aspecto pode ser notado em alguns casos de amitrofia espinhal tipo I, que se
manifestam no segundo trimestre, e é particularmente evidente nas crianças com a forma
intermediária da amiotrofia espinhal tipo I ou tipo II, exemplo de doença grave que se manifesta
no segundo semestre de vida, quando a criança já permanece sentada, parecendo inicialmente
lentamente progressiva, e passando a apresentar curso rapidamente evolutivo com grave atrofia,
deformidades esqueléticas e insuficiência respiratória, a partir da idade escolar.
Dependendo da época de instalação da sintomatologia e do grau de progressão da
doença, o déficit motor e a atrofia muscular acompanham-se de retrações fibrotendíneas e de
deformidades esqueléticas (Figura 5).
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Curso flutuante com piora da fraqueza no decorrer do dia ou após um período de maior
atividade sugere fenômeno miastênico, característico das afecções da junção mioneural;
evolução em surtos, desencadeados por infecções, atividade física, tipo de alimentação, stress e
medicamentos, sugere diferentes tipos de miopatias metabólicas, tais como: mitocondriopatias,
distúrbios da beta-oxidação, glicogenoses, paralisias periódicas (canalopatias). Ainda nas
miopatias metabólicas, é relativamente comum a queixa de fadiga fácil, dores musculares e,
eventualmente, cãibras.
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Em crianças com hipotonia cerebral ou central, o histórico pré, peri ou pós-natal pode
envolver lesão do sistema nervoso central e geralmente há atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor. Algumas possíveis causas centrais seriam: alterações hipóxico-isquêmicas,
encefalopatia crônica não progressiva, meningite, hemorragia cerebral, entre outras. Além de
sobre trauma perinatal, anóxia neonatal, APGAR baixo e o início da hipotonia devem ser
cuidadosamente verificados. Crianças que necessitaram de assistência ventilatória precoce após
o nascimento para manter a respiração em adição com a hipotonia sugerem a presença de
significante fraqueza muscular.
Antes dos recentes avanços em genética molecular na AME, seus aspectos clínicos
não foram alvo de interesse por um período longo e apenas um número pequeno de publicações
apareceu antes da década de 1990, quando foi identificado o gene responsável situado no
cromossoma 5q.
Cinco anos depois, no começo de 1995, dois genes foram identificados, o SMN
(survival motor neuron) e o NAIP (neuronal apoptosis inhibitory protein), permitiram então em
muitos casos a confirmação do diagnóstico de AME por meio da análise do DNA. Hoje se sabe
que aproximadamente 80 a 95% dos casos de AME são causados por mutações e/ou deleções
no gene SMN.
O locus do SMN consiste de dois genes homólogos, uma cópia centromérica (SMNC) e
uma cópia telomérica (SMNT). Na presença de deleção de alguns exons do gene telomérico,
Tipos de AMEs
Tipo I ou Werdning-Hoffman
A síndrome caracteriza-se por déficit motor grave associado a uma hipotonia simétrica
importante, com acometimento dos músculos do quadril, cintura escapular, pescoço, membros
superiores e inferiores.
Os exames revelam:
• CK – normal
• LCR – normal
• EMG – atividade espontânea regular (5-15c/s), inclusive no sono; fibrilações e
fasciculações raras. Na contração, traçado pobre com potenciais de grande amplitude e longa
duração.
• Biópsia muscular – pequenas fibras arredondadas agrupadas na vizinhança de
feixes normais e hipertróficos.
A idade de aparecimento dos sintomas é referida entre dois e 17 anos, mas a maioria
manifesta-se entre os 18 meses e o início da primeira infância.
A forma clínica do tipo III é de caráter nitidamente proximal, com acometimento lento
da cintura pélvica e, posteriormente, da cintura escapular, confundindo-se com algumas formas
de distrofia muscular progressiva, embora com menor gravidade, particularmente na eventual
presença de pseudo-hipertrofia muscular e CPK levemente elevada. Por isso, ao realizar o
diagnóstico diferencial deve-se lembrar da similaridade com a distrofia muscular progressiva tipo
Becker.
Apesar do curso mais benigno do tipo III, observa-se uma evolução lentamente
progressiva do quadro motor. Os pacientes serão capazes de manter a posição ortostática em
algum ponto do curso da doença, mas com freqüência tornam-se cadeirantes durante a
adolescência ou fase adulta, apesar de manter a marcha por um longo período.
Em alguns casos pode haver déficit de nervos bulbares XI e XII, tremor fino de dedos e
fasciculações ocasionais.
6 POLINEUROPATIAS NA INFÂNCIA
As neuropatias hereditárias constituem um importante capítulo da neurologia e podem
ser desdobradas em duas formas principais: as polineuropatias hereditárias sensitivo-motoras
(PHSM) e as neuropatias sensitivas autonômicas hereditárias (NSAH).
afetam o nervo periférico. Suas principais representantes são a PHSM I – Doença de Charcot-
Marie-Tooth e a PHSM III – Doença de Dejerine Sottas.
Dejerine-Sottas (DS) é uma doença do sistema nervoso periférico causado por defeitos
nos genes para proteínas encontradas na proteção isolante da bainha de mielina, resultando em
eventuais perdas ou afinamento da bainha e subseqüente perda de condutividade nos nervos
periféricos.
Descrita pela primeira vez em 1890 por Joseph Jules Dejerine e Jules Sottas, a doença
foi posteriormente reclassificada como um subtipo da CMT, pois ambas as doenças relacionam-
se a diferentes defeitos nos mesmos genes.
A doença de DS abrange uma rara forma congênita grave, com hipotonia proeminente
desde o nascimento, dificuldade alimentar e respiratória, bem como, eventualmente,
artrogripose, e a forma infantil clássica, que se inicia antes dos dois anos de idade e cursa com
retardo do desenvolvimento motor moderado.
Assim, diferenciam-se de outras formas de CMT por ser de início precoce (embora na
infância), fraqueza distal severa e progressão mais rápida.
Miopatias infantis
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Os últimos dez anos têm oferecido enormes avanços no entendimento das miopatias.
As aplicações das técnicas de genética molecular permitiram a identificação da análise
mutacional do gene afetado, do reconhecimento da heterogeneidade intragênica e intergênica,
da patogênese e da correlação genótipo/fenótipo em muitas das miopatias de origem genética. O
valor desses achados na prática clínica têm sido de valor considerável. Dificuldades nos
diagnósticos: pré-natal ou pré-clínico, no aconselhamento genético e no prognóstico estão
começando a fazer parte do passado.
No momento, a atenção está baseada no melhor entendimento da patogênese e em
algumas formas de terapia gênica. A terapia gênica tem recebido muita publicidade, mas,
infelizmente, ainda sem sucesso convincente em qualquer desordem gênica já definida. Um
grande número de tentativas, especialmente na distrofia muscular de Duchenne, ou com
transplante de mioblastos ou com uso de adenovírus carregando "minigenes", mesmo ainda
ineficazes, tem oferecido a perspectiva de um futuro mais promissor, especialmente se o
tratamento for instituído, teoricamente, o mais precocemente possível.
As terapias com uso de drogas, já tão eficazes em outros campos da medicina, têm-se 68
mostrado paliativas, com resultados parciais nos sintomas da grande maioria das miopatias.
Miopatias Congênitas
a) Miopatias centronucleares.
– Central core.
– Multiminicores.
b) Miopatia nemalínica.
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Central Core
A CCD foi descrita originalmente em uma família com hipotonia congênita, fraqueza
não progressiva e áreas centrais de aparecimento amorfo dentro das fibras musculares. O termo
CCD foi posteriormente introduzido e reflete a característica da ausência da atividade enzimática
na área central devido à depleção mitocondrial.
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congênita de quadril.
Miopatia Nemalínica
A segunda forma mais freqüente, responsável por aproximadamente 15% dos casos, é
decorrente de mutações no gene da alfa-actina, observando-se tanto um padrão de herança
recessiva como dominante e quadro clínico mais grave. Os outros genes já identificados foram
encontrados em famílias esporádicas.
Pessoas com a forma severa são, obviamente, afetadas desde o nascimento, com
debilidade respiratória e dificuldade de deglutição. Em casos excepcionais pode haver
artrogripose. Enquanto aquelas com casos moderados ou suaves podem, a princípio, parecer
saudáveis. As formas de início tardio podem apresentar como primeiro sintoma um transtorno da
marcha.
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Bebês freqüentemente chamam a atenção por serem “frouxos” e hipotônicos. Crianças
com miopatia nemalínica normalmente ganham alguma força quando crescem, mas os efeitos da
fraqueza muscular na formação do corpo tornam-se mais evidentes com o passar do tempo.
Adultos apresentam um físico delgado bastante característico (Figura 10).
75
Miopatia Miotubular 76
Todas estas formas de apresentação da doença são extremamente raras, com uma
prevalência mundial global de 1:50.000 nascidos-vivos.
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Os primeiros sintomas da MTM1 têm início in útero, com diminuição dos movimentos
fetais e polihidrâmnios; há geralmente apresentação pélvica. Na história familiar materna podem
existir abortos, partos prematuros do sexo masculino e óbitos neonatais não esclarecidos. Por
vezes, as mães portadoras apresentam alterações fenotípicas, nomeadamente ptose palpebral
(Figura 11) e diplegia facial.
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79
8 DISTROFIAS MUSCULARES CONGÊNITAS (DMC)
Quase a metade dos casos é causada por mutações no gene da cadeia β2 da laminina- 81
2, chamada de merosina, uma proteína da matriz extracelular que se relaciona com as proteínas
intracitoplasmáticas, como a distrofina, por meio de interações com o complexo distroglicano na
membrana da fibra muscular.
Outras formas mais raras de DMC são causadas pela deficiência genética de diversas
proteínas, tais como o colágeno VI (DMC forma de Ullrich); selenoproteína-N1(DMC forma com
espinha rígida); fukutina (doença de Fukuyama); O-manose β-1,2-N-acetilglucosamiltransferase
(doença muscle-eye-brain) e O-mannosyltransferase 1 (doença de Walker Warburg).
Existe ainda um grupo heterogêneo de pacientes com DMC, cujo defeito genético, ou a
deficiência protéica, ainda não foram identificados. Estes pacientes são incluídos no subgrupo
chamado de DMC com merosina presente.
As DMC têm sido subclassificadas com base no envolvimento clínico do SNC. A DMC
de Fukuyama, a Síndrome de Walker-Warburg e a doença Muscle-Eye-Brain, estão associadas
a atraso mental grave e a malformações complexas do SNC. Designou-se de DMC clássica aos
casos que não apresentavam envolvimento clínico do SNC:DMC pura (Tabela 5).
Nos pacientes com a forma clássica, a maioria dos pacientes merosina-positiva tem
quadro clínico moderado e é deambulante, ao passo que quase todos os pacientes merosina-
negativa têm quadro clínico mais grave e não chegam a andar. 84
Até o presente momento não há tratamento definitivo para estas crianças. Apesar dos
avanços em genética molecular, ainda não se conhece perfeitamente a correlação clínico-
genética das diferentes formas de DMC, existindo formas não-classificáveis, principalmente do
tipo merosina-positivas.
9 MIOPATIAS METABÓLICAS E MITOCONDRIOPATIAS
As formas moderadas ou leves podem evoluir com quadro miopático crônico de maior
ou menor gravidade ou sob forma de surtos agudos, recorrentes e reversíveis de fraqueza
muscular, intolerância aos exercícios, cãibras e, eventualmente, fenômeno miotônico e
mioglobinúria.
Miopatias Lipídicas
Mitocondriopatias
As mitocondriopatias representam um vastíssimo e complexo campo de afecções
clinicamente e geneticamente heterogêneas, dependentes de defeitos no metabolismo das
mitocôndrias, que podem ser de diferentes tipos.
Em geral, são doenças ocasionadas por mutações em vários genes, podendo ser
transmitidas por heranças autossômicas ou ligadas ao cromossomo X, que resultam na
deficiência ou perda de função de proteínas musculares de importância significativa para o bom
funcionamento do músculo.
A DMD é uma doença genética, que se manifesta por fraqueza muscular simétrica e
progressiva, inicialmente nas pernas, com os músculos das cinturas escapular e pélvica, mais
comprometidos que pés e mãos.
É uma desordem recessiva que afeta predominantemente meninos (1: 3,5), com
incidência de aproximadamente 1: 3.500 nascidos vivos do sexo masculino. A DMD tem alta
prevalência (3: 100.000) e no Brasil ocorrem cerca de 700 novos casos por ano.
Portanto, sabe-se hoje que constitui um distúrbio genético, de caráter recessivo, com
alta taxa de mutação de um gene localizado no braço curto do cromossomo X, na região Xp21
sendo por este fato, denominada como distrofia Xp2.
Dessa forma, a deficiência mental ocorre em cerca de 1/3 dos meninos com DMD e,
em mais da metade dos casos ocorre miocardiopatia, acometendo a parede póstero-lateral do
ventrículo esquerdo, o que leva ao comprometimento valvular e distúrbios de ritmo.
A DMD se manifesta na cintura pélvica entre dois e quatro anos de idade, sendo
evidente, já anteriormente, a clássica hipertrofia de panturrilhas.
93
A
Fig. 2 – Paciente com DMD. 2A – Sinal de Gower’s. 2B Pseudohipertrofia de panturilha.
Reproduzida de FREZZA et al. Atualização do tratamento fisioterapêutico das distrofias
musculares de Duchenne e Becker. RBPS 2005; 18 (1), p. 47.
Cerca de metade das crianças com DMD conseguem adquirir marcha independente
até os 18 meses de idade. Embora existam variações na evolução do quadro clínico,
normalmente os afetados por DMD não são capazes de andar após os 16 anos.
A sugestão do diagnóstico é alta pela herança ligada ao sexo, pela cronologia peculiar
do quadro clínico e pelos altos níveis de CPK, comumente acima de 10.000 UI/l.
A DMB foi descrita em 1955, como uma distrofia similar à DMD quanto à apresentação
clínica, porém mais discreta na gravidade. Possui o mesmo padrão de herança recessivo ligada
ao X, com altos níveis de creatinoquinase no soro e achados eletromiográficos semelhantes,
com padrão miopático, porém de quadro clínico mais benigno e curso lentamente progressivo.
Assim, a DMB é menos comum, mas a fraqueza muscular é semelhante, histológica e
anatomopatologicamente, com períodos de início (média: 11anos) e de morte (média: 42 anos)
mais tardios.
A DMB também corresponde a uma distrofinopatia, mas seu quadro clínico é mais
leve, pois a deficiência de distrofina é parcial. Diferentes tipos de mutações no gene da distrofina 95
em Xp21 são evidenciáveis em 75% dos casos de DMB.
As fibras musculares tipo IIB se mantêm normais e não há o predomínio de fibras tipo I.
Além disso, o processo necrose-regeneração-proliferação-conjuntiva-involução gordurosa é mais
leve (Figura 3).
Fig. 3 – Paciente com DMB, em algumas áreas as fibras musculares sofreram necrose e
degeneração. Reproduzida de RAMELLI et al, Becker muscular dystrophy with marked
divergence between clinical and molecular genetic findings: case series. SWISS MED WKLY
2006; v. 136, p. 190.
O diagnóstico diferencial entre DMD e DMB é realizado por imunorreação da distrofina,
no qual há falhas segmentares quando é DMB, e negativo quando é DMD.
Nos casos em que não são encontradas as deleções, o diagnóstico é confirmado pela
demonstração de deficiência parcial da distrofina no tecido muscular pelas técnicas 96
imunohistoquímicas e Western blot.
Os filhos de sexo masculino de um homem com DMB nunca serão afetados pela
doença, mas todas as suas filhas serão obrigatoriamente portadoras assintomáticas do gene, e
poderão transmitir a doença a seus descendentes do sexo masculino (com uma probabilidade de
50%). Além disso, a mãe e as irmãs de um paciente com DMB também poderão ser portadoras e
transmitir o gene defeituoso para seus filhos homens.
97
As DMC constituem um grupo de doenças bastante complexo e heterogêneo, formam
um grupo de miopatias de caráter progressivo com grande variabilidade clínica e genética.
Várias formas de DMC já foram identificadas, sendo que cada uma delas é causada
por uma mutação genética específica, que pode ocorrer em diferentes cromossomos. Estas
formas foram classificadas de acordo com a cronologia de sua identificação e com o mecanismo
de herança envolvido, que pode ser autossômico dominante ou recessivo.
As mutações genéticas responsáveis por cada uma das formas de DMC levam à
deficiência de proteínas musculares específicas, como: Sarcoglicanas, Calpaína, Disferlina,
Teletonina, Titina e outras.
Não é possível diferenciar as várias formas de DMC apenas por exame clínico. Por 98
isso, é importante identificar o defeito molecular primário (a mutação genética responsável) ou a
proteína muscular deficiente em cada caso, pois os riscos de repetição da doença na família
serão muito diferentes, dependendo do mecanismo de herança envolvido.
Os sintomas se iniciam com fraqueza nas pernas, dificuldades para subir escadas e
levantar de cadeiras e após um período, que pode ser bem prolongado, apresentar sintomas de
ombros e braços como dificuldade para erguer objetos. A época do início das manifestações é
variável: poucos apresentam sintomas já no primeiro ano de vida; a maioria aparece após a
primeira década.
É uma distrofia muscular muito rara, devido a um defeito molecular no locus 4q,
existindo relação entre o tamanho da deleção e a gravidade do quadro clínico, bem como a
idade de início, sendo também notado o fenômeno da antecipação, com deleções cada vez
maiores em gerações sucessivas. 99
Contudo, a FSH é uma das formas mais benignas das distrofias musculares
progressivas, sendo o terceiro distúrbio neuromuscular hereditário mais comum, perdendo
apenas para a DMD e a distrofia miotônica.
No ombro a abdução dos membros superiores reflete atrofia dos músculos serrátil
anterior, do trapézio e do rombóide. Posteriormente, os músculos bíceps e tríceps braquial são
afetados. Os músculos deltóides são preservados em 50% dos casos, mas mesmo se não
ficarem comprometidos, perdem sua vantagem mecânica, devido à falta de estabilidade do
membro superior, causando limitação da abdução e flexão ativas.
Formas pediátricas, de início precoce, podem ser muito graves, tanto na face, que fica
praticamente paralisada, como nos membros, ocorrendo invalidez já no fim da primeira década,
e existindo ocasionalmente associação com surdez e síndrome de Coat, que é uma
degeneração vascular oxidativa da retina.
O pé torto pode ocorrer no início da doença, devido à fraqueza dos músculos fibular e
tibial anterior. A atrofia dos músculos dos membros inferiores pode progredir para a perda da
deambulação.
100
• Forma congênita
• Forma com início na infância (manifestações neonatais discretas ou ausentes)
• Forma com início na vida adulta
A forma mais grave é a congênita e a forma mais leve se apresenta ao final da idade
adulta, com cataratas e calvície frontal, com discreta afecção muscular. Por último, a forma do
adulto jovem é muito heterogênea, predominando em alguns casos a miotonia, atrofia e
debilidade muscular ou retardo mental.
de percussão).
Dessa forma, a palavra miotonia foi usada pela primeira vez em 1891, referindo-se a
um transtorno do músculo esquelético de aumento no tempo de relaxamento após uma
contração ou ante um estímulo mecânico, o que provocaria incapacidade transitória de realizar o
movimento antagônico.
Doença de Steinert
Paramiotonia congênita
Outras formas de miotonia sem debilidade
A distrofia miotônica ou Doença de Steinert foi à primeira entidade clínica descrita que
se caracteriza por miotonia, miopatia, opacidade policromática do cristalino, anormalidades
cardíacas e envolvimento de outros órgãos (multisistêmica).
A maioria das desordens miotônicas pode ser classificada como canalopatias de cloro,
com ou sem fraqueza muscular, e canalopatias de sódio. A miotonia congênita clássica pode ser
de dois tipos: a doença de Thomsen (autossômica dominante) e a miotonia generalizada
autossômica recessiva (doença de Becker). Há três desordens envolvendo os canais de sódio: a
paramiotonia congênita, a paralisia periódica hipercaliêmica e a miotonia flutuante, que foram
descritas em 1994 por Ricker.
Os ataques podem ser diurnos, duram ao redor de uma hora e variam em freqüência,
desde várias vezes ao dia a uma vez ao ano, diminuindo com a idade. Desencadeiam-se no
repouso após exercício prolongado (cerca de 20-30 minutos após o término), pela exposição ao 106
107
A doença de Becker se difere da enfermidade de Thomsen pelo início mais tardio (6-12
anos), associa debilidade muscular proximal e é lentamente progressiva.
108
O tratamento é tradicionalmente longo e, nos casos típicos, pode ser iniciado com
corticoterapia, mesmo antes do resultado da biópsia muscular, adotando-se, quando necessário,
outras medidas imunossupressoras mais drásticas, tais como azatioprina, ciclofosfamida,
metotrexate e ciclosporina. Nos casos de instalação crônica sem alterações cutâneas e sem
aumentos consistentes dos níveis enzimáticos, o diagnóstico diferencial com as diferentes
formas de DMP pode ser difícil, e a EMG que, dentro de um padrão miogênico de alteração,
mostra alguns aspectos peculiares, bem como a biópsia muscular, devem ser efetuadas antes
de introduzir o tratamento.
Polimiosites
O comprometimento do flexor do pescoço ocorre em dois terços dos casos, o que pode
ocasionar dificuldade para sustentar o pescoço. A fraqueza nos ombros ou quadris pode confinar
a pessoa a uma cadeira de rodas ou à cama.
Dermatomiosites
O termo miosite por corpos de inclusão foi introduzido em 1971 por Yunis e Samahal,
para descrever um subconjunto de pacientes com miosite crônica, cujas biópsias musculares
mostraram, além de inflamação, fibras musculares contendo vacúolos anormais e inclusões
características de filamentos no citoplasma e núcleo.
Em 1993, o termo miopatias hereditárias por corpos de inclusão foi introduzido para
designar doenças musculares hereditárias com características musculares patológicas
notavelmente semelhantes àquelas das miosites esporádicas, com exceção da falta de
inflamação linfocítica.
Dessa forma, as miosites por corpos de inclusão hereditária e esporádica são doenças
musculares progressivamente debilitantes. Apesar dos consideráveis progressos recentes, a
patogênese detalhada não é conhecida e um tratamento consistentemente bem-sucedido não
está disponível.
A alteração dos canais de cálcio causa transtornos do músculo: a paralisia periódica 117
Uma série de alterações clínicas pode estar relacionada às formas esporádicas, como
o hiperaldosteronismo, uso de drogas que causem perda renal de potássio, diabetes mellitus,
acidose tubular renal, doença de Addison, hipertireoidismo e patologias gastrointestinais que
levem a depleção de potássio.
118
As crises de paralisia são tratadas com potássio oral na dose de 0,25 mEq/Kg a cada
meia hora até a melhora da fraqueza. Monitorização dos níveis de potássio é obrigatória.
Potássio endovenoso deveria ser evitado.
12 MIASTENIA GRAVE
As palavras “Myasthenia gravis” têm origem grega e latina, “mys” = músculo, “astenia”
= fraqueza e “gravis” = pesado, severo. Contudo, a fraqueza muscular (myasthenia) não tem que
ser grave (gravis) para ser miastenia. Na literatura médica foram muitas as denominações, a
partir de 1887, para esta doença, destacando-se:
Embora a miastenia grave seja rara, sua prevalência tem aumentado ao longo dos
anos e é mostrada na literatura com diferentes taxas que variam de 0,5 a 14,2:100.000
habitantes.
A incidência varia de 2.0 a 10.4:1.000.000 habitantes. A doença pode ocorrer em
qualquer faixa de idade, do nascimento aos 80 anos, tendo maior comprometimento aos 26 anos
nas mulheres e 31 anos nos homens. Nos vários estudos, as mulheres são mais acometidas do
que os homens até quarta década, variando de 2 a 4:1.
A miastenia grave pediátrica é muito rara. A forma juvenil é uma desordem auto-imune,
enquanto a forma congênita resulta de mutações genéticas que prejudicam a transmissão 121
neuromuscular. A miastenia neonatal transitória é um distúrbio autolimitado relacionado à
transferência de anticorpos placentários da miastenia grave auto-imune materna. Pode ser difícil
fazer a distinção entre as formas congênita e juvenil, particularmente na presença de uma
história clara de ptose e outras manifestações de hipotonia ao nascimento que sugestionem
doença genética.
Outra classificação proposta por Osserman divide a miastenia grave em quatro tipos,
de acordo com a localização e grau de comprometimento (Tabela 2). O tipo I refere-se a
miastenia ocular e ocorre em 15 a 20% dos casos. O tipo II é subdivido em: a) miastenia
generalizada moderada com progressão lenta; sem crises, responsiva a drogas (30%) e b)
generalizada moderadamente grave; grave comprometimento bulbar e dos músculos somáticos,
sem crises; resposta a drogas menos satisfatórias (25%). O tipo III corresponde a miastenia
aguda fulminante; progressão rápida de sintomas graves, sem crises respiratórias e resposta
pobre a drogas; alta incidência de timoma; alta mortalidade (15%). E o tipo IV a miastenia tardia
grave, semelhante ao item III, mas progressão por mais de d dois anos da classe I para a classe
II (10%).
Grau Descrição
I Localizada
II Generalizada Leve
Os sintomas são decorrentes de uma fraqueza muscular característica, que piora com
esforço, melhora com repouso e drogas anticolinesterásicas.
Dessa forma, a miastenia grave afeta mais comumente os músculos da face, como os
do globo ocular, causando muitas vezes visão dupla, ou os das pálpebras, causando ptose, ou
ainda o masseter, que comanda o maxilar, causando dificuldades na fala e na mastigação.
Portanto, os principais sintomas que podem aparecer são: visão dupla, ptose palbebral,
podem acometer músculos da face, mastigação, da fonação e deglutição, dificuldade de
sustentação da cabeça, fraqueza nos músculos dos membros (predomínio proximal), déficit
motor em atividades prolongadas ou repetidas (fraqueza evidente durante atividade contínua),
melhora com repouso, reflexos profundos preservados, sensibilidade preservada, nível de
consciência preservado e pares cranianos sem alterações.
Os sintomas geralmente progridem afetando os outros músculos como os bulbares e
dos membros, resultando numa fraqueza generalizada.
Alguns fatores podem ser desencadeantes de um eventual início rápido, tais como
stress, drogas, gravidez, puerpério, etc. Também algumas doenças podem estar associadas à
miastenia grave, são elas: timomas, anemia aplástica, hiperplasia linfofolicular da medular do
timo, lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide, síndrome de Sjögren, doença mista do 123
tecido conjuntivo, anticorpos anticardiolipina, polimiosite.
Embora ainda não haja cura para miastenia grave, a maioria dos tipos da doença
podem ser tratados e mantidos sob controle com orientação médica adequada.
Como parte do tratamento, também pode se indicar algum tipo de atividade física,
como fisioterapia, hidroterapia ou terapia ocupacional, que permitirão a adaptação às tarefas
cotidianas e a manutenção da saúde cardiovascular.
124
13 ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (ELA)
A ELA é uma doença que afeta os neurônios do trato córtico – espinal e do corno
anterior da medula espinhal. Portanto, é caracterizada por sinais e sintomas tanto de
comprometimento do neurônio motor inferior quanto superior.
125
Assim, é uma doença do sistema nervoso, degenerativa e incapacitante, caracterizada
por perda de neurônios motores no córtex, tronco cerebral, e medula espinhal.
Apesar de ser uma doença rara e complexa, ELA já é estudada desde o século 19. Os
indícios de um mal que causava paralisia progressiva dos membros e da língua nas pessoas
começaram a se configurar em 1830, ao ser retratado por Sir Charles Bell, anatomista e cirurgião
britânico. Já em 1848, François Aran, clínico e autor de textos médicos, descreveu uma nova
síndrome, caracterizada por fraqueza muscular progressiva de natureza neurológica.
Para a literatura médica, o ano de 1853 acenou com o primeiro caso reconhecível de
ELA: o de Prosper Laconte, dono de um circo francês. Mas somente 16 anos depois, em 1869,
as características essenciais para o reconhecimento da ELA foram determinadas, após uma
série de estudos realizados por dois médicos franceses: Joffroy e Jean-Martin Charcot. O Dr.
Charcot foi o primeiro a ligar os sintomas com um grupo de células especificamente afetadas
pela doença - os neurônios motores. Também coube a Charcot a descrição da paralisia bulbar
progressiva (PBP) e da esclerose lateral primária (ELP), consideradas por ele distintas da
esclerose lateral amiotrófica.
Cada tipo de doença degenerativa afeta uma determinada região do sistema nervoso.
Os sinais e sintomas clínicos serão decorrentes deste duplo acometimento neuronal, contudo, a
atrofia muscular global com uma conseqüente paralisia é uma característica evidente.
Na ELA, há perda dos neurônios motores, cuja perda progressiva afeta todos os
músculos do corpo, provocando perda da força, paresia e atrofia dos músculos afetados.
Assim, a ELA é uma doença progressiva, com óbito ocorrendo em geral de dois a cinco
anos após o início da doença, sendo a insuficiência respiratória a principal causa de morte.
De causa e patogênese ainda desconhecidas, nos últimos quinze anos tem sido
sugeridos mecanismos etiopatológicos diversos: morte celular por agressão auto-imune nos
canais do cálcio e incremento do cálcio intracelular, infecção viral, estresse oxidativo, dano por
radicais livres, neurotoxicidade por glutamato e disfunção das mitocôndrias ou dos mecanismos
de transporte axonal.
Há um componente genético óbvio em apenas 10% dos casos de ELA; esses casos
exibem significante heterogeneidade genética e fenotípica. Pelo menos 12 locus, com padrões
de herança dominante, recessivo e ligado ao X foram associados com a ELA da forma familiar e
outras síndromes relacionadas.
Desse modo, as formas hereditárias ou familiares são as únicas doenças do neurônio
motor que se conhecem as causas. As formas familiares de ELA correspondem de cinco a 10%
dos casos. Nos casos em que a doença é hereditária, estão identificados três locus de
transmissão autossômica dominante (21q22, 9q34 e 9q21-q22) e dois de transmissão
autossômica recessiva (2q33 e 15q15-q21).
Com o passar do tempo, a afecção muscular vai se tornando simétrica nos quatro
membros e transcorrido aproximadamente um ano, a maioria dos pacientes apresenta
tetraparesia em maior ou menor grau. Podem ser encontradas ainda a espasticidade e a
hiperreflexia, que associadas à ausência de déficits sensitivos constituem características
importantes para estabelecer o diagnóstico clínico.
O quadro clínico típico inicia-se com sintomas localizados nas plantas dos pés, com
sensação de picada, formigamento ou queimação, alterações na sensibilidade, ascendente e
simétrica (sensibilidade vibratória e termoalgesia), déficit motor (dificuldade para dorsiflexão de
ambos os pés e marcha com os pés caídos), sintomas em quirodáctilos bilateral e
simetricamente.
O avanço dos estudos moleculares, nos últimos anos, tem colaborado na melhor
caracterização e no diagnóstico de vários tipos e subtipos das neuropatias periféricas
hereditárias de CMT e também da neuropatia hereditária sensível à compressão. 131
Pelo fato da variabilidade clínica ser bastante ampla e as variações entre os diferentes
tipos de CMT serem sutis, o diagnóstico diferencial entre eles só é possível por meio de exames
moleculares (exames de DNA).
Reproduzida de http://www.emedicine.com/pmr/topic29.htm
133
Sua abordagem depende do diagnóstico e dos processos a que se relaciona. Por isso,
devem-se distinguir entre os quadros, aqueles em que a NP é a apresentação semiológica
principal e aqueles em que ela é secundária entre os diversos sintomas de um processo
sistêmico.
Porém, outros sinais compõem o quadro clínico tais como: parestesia e dor em
queimação, comprometimento da propriocepção articular, principalmente ao nível de membros
inferiores; desregulação autonômica com a flutuação da pressão arterial, da freqüência cardíaca
e hipotensão ortostática; hiporeflexia principalmente bicipital e patelar ou até mesmo arreflexia
distal; hipersensibilidade ao toque; comprometimento dos nervos cranianos resultando em
diplegia facial, disfagia e disartria.
Apesar de a maioria dos casos apresentarem cura espontânea, 15-20% ficam com
déficit residual, 15-30% necessitam assistência ventilatória, 5-20% vão a óbito.
15 ASSISTÊNCIA NAS DOENÇAS NEUROMUSCULARES
Reabilitação em Equipe
Mas, tanto reabilitar como habilitar são tarefas multiangulares, dada a variedade de
comprometimentos que podem coexistir em decorrência de uma lesão. São processos de
consolidação de objetivos terapêuticos, não caracterizando área de exclusividade profissional, e
sim uma proposta de atuação multiprofissional voltada para a recuperação e o bem-estar
biopsicossocial do indivíduo.
Uma vez feito o diagnóstico, uma equipe de profissionais da saúde entra em cena para
acompanhar a melhora da qualidade de vida do paciente, incluindo monitorização da ingestão de
alimentos e líquidos, cuidados respiratórios, hidratação, controle de hipersalivação, constipação
e micção, assim como maiores cuidados pessoais, tais como, apoio emocional, manutenção e
controle da dor.
A partir daí deve-se definir os objetivos terapêuticos, detalhar os cuidados, que devem
ser múltiplos e focados por diferentes ângulos, de modo que a assistência seja desenvolvida por
um grupo de profissionais voltados às necessidades do paciente, seu desenvolvimento motor,
estimulação da fala e da linguagem, estímulos cognitivos, adequação de aspectos emocionais e
afetivos, prevenção de deformidades, orientação aos cuidadores no sentido de compreender as
limitações e aceitá-las.
Para o trabalho da equipe, três fatores devem ser abordados: capacitação profissional,
a interface do trabalho dos profissionais e a autonomia dos profissionais.
• Assistência domiciliar: termo genérico usado para qualquer ação em saúde que
se processe em domicílio, sem levar em conta a complexidade ou objetivo do atendimento, indo
de uma orientação simples até suporte ventilatório invasivo domiciliar.
Casais ou famílias que já tiveram filhos ou parentes afetados por uma doença genética
podem, por meio de testes genéticos, saber se correm o risco de vir a ter outros descendentes
com o mesmo problema e planejar a sua futura prole. Os casais em risco que desejam ter seus
próprios filhos podem se submeter ao diagnóstico pré-natal. Este permite diagnosticar ao redor
da décima semana de gestação se o feto herdou o gene mutado.
Existem três fases na história da doença crônica: a fase de crise, caracterizada pelo
período sintomático até o início do tratamento, ocorrendo uma desestruturação na vida do
paciente e da família; a fase crônica, marcada pela constância, progressão e remissão do quadro
de sinais e sintomas, quando o paciente e a família procuram dar autonomia e reestruturação às
suas vidas, e a fase terminal, abrangendo desde o momento em que a morte parece inevitável,
até a morte propriamente dita.
Quando nos referimos à criança, o esperado é que ela viva situações de saúde, para
crescer e desenvolver-se dentro dos limites da normalidade, porém quando, nos defrontamos
com ela, na condição de doente, como todo ser humano, tem seu comportamento modificado.
Sua reação diante dessa experiência desconhecida, que é a doença, pode lhe trazer
sentimentos de culpa, medo, angústia, depressão e apatia, e ameaçar a rotina do seu dia-a-dia.
• Promover/estimular/prolongar a marcha,
A terapia ocupacional tem papel importante nas doenças do neurônio motor, uma vez
que avalia o paciente na sua rotina de vida diária e a partir daí realiza o planejamento visando à
independência deste indivíduo em suas atividades sociais, laborativas e recreacionais.
Para evitar aspirações, os pulmões contam com três mecanismos reflexos de proteção:
tosse, fechamento laríngeo e deglutição. Em pacientes com doença neuromuscular os reflexos
de proteção estão geralmente ausentes ou alterados, as aspirações são mais freqüentes.
Durante a inspiração, parte do volume gerado pelo ventilador é desviada para as rotas
superiores, elevando as pressões subglóticas e permitindo a produção da fala. Mas, a fala em
pacientes ventilados é dependente do ciclo ventilatório e só é possível durante a inspiração e
numa pequena parte da expiração, ao contrário da fala normal que ocorre durante a expiração.
Assim, pensando em melhoria da qualidade de vida, otimizar da fala é um objetivo terapêutico
importante.
Dependendo da condição neurológica, alguns pacientes podem perder gradual ou
repentinamente a fala ou a capacidade lingüística e passam a fazer uso da comunicação
alternativa e ampliada – CAA (Figura 1). O termo CAA é utilizado para definir outras formas de
comunicação como o uso de gestos, língua de sinais, expressões faciais, o uso de pranchas de
alfabeto ou símbolos pictográficos, até o uso de sistemas sofisticados de computador com voz
sintetizada.
151
É necessário que se dê importância a esses sinais para que a partir dos indícios e
dificuldades aparentes em cada paciente, este possa ser encaminhado a profissionais
responsáveis que sejam capazes de intervir no processo de deglutição e linguagem, fazendo
adaptações com o decorrer da doença de acordo com as necessidades de cada paciente. Por
intermédio dessas condutas, poderá haver melhora na qualidade de vida, melhorando o
processo de alimentação e fala, interferindo significativamente para que haja uma menor
desordem durante o processo degenerativo.
15.7 Nutrição e doenças neuromusculares
De acordo com a doença e quadro clínico do paciente, o nutricionista orienta sobre a 152
escolha dos alimentos e sua forma mais aceitável, tanto para o paciente como para sua família.
Em função da atrofia da massa muscular própria destas doenças o peso tende a estar
em percentil abaixo daquele em que se encontra a estatura, sendo esta adequada para a idade
cronológica. Caso o peso e a altura estejam em percentil igual isto denota o excesso de tecido
adiposo, o que é ruim para a função motora dada a fraqueza muscular. Caso haja parada de
ganho ponderal, sinaliza maior perda de massa muscular por desnutrição, sendo indicativo de
gastrostomia.
Diante disto é necessário monitoramento constante do peso dos pacientes com doença
neuromuscular. Alguns precisam de atenção especial na composição da dieta. Excessos de
carboidrato podem aumentar a sobra energética para 20% e, portanto a entrada do total
energético não pode combinar com o aumento de peso.
Por outro lado, em algumas doenças, como a ELA, muitos fatores contribuem com a
má-nutrição. Dentre os comprometimentos, destaca-se a disfagia, que induz diminuição de
massa corporal, desidratação e desnutrição. Associada à diminuição da ingestão alimentar,
observa-se aumento da taxa de metabolismo basal e das necessidades nutricionais, que
determinam perda ponderal nesses indivíduos. Reconhecer o perfil nutricional e intervir
precocemente pode ser um diferencial no tratamento.
154
Nesse contexto é possível afirmar que a atuação do fisioterapeuta que trabalha com
pacientes neurológicos deve ser focada nas manifestações e seqüelas neurofuncionais, e não
apenas na doença neurológica. Por intermédio da análise de tarefas motoras funcionais é 155
possível identificar os problemas que estão interferindo na sua realização, como por exemplo, a
diminuição da força e mobilidade, o aumento de tônus e a falta de graduação de movimento. A
partir disso, deve-se elaborar um programa terapêutico voltado para as reais necessidades do
paciente.
A avaliação deve iniciar-se pela anamnese, que consiste da queixa principal, história
da doença atual, história da doença pregressa, história funcional. Um interrogatório
complementar identificando fatos relevantes de sua história pessoal, social e profissional, além
dos dados de antecedentes familiares, é importante na determinação das condutas e orientações
que serão feitas. Para uma boa anamnese é fundamental ouvir o paciente (ou seus
pais/cuidadores) e documentar suas preocupações.
Baseados nas informações que foram reunidas desde a anamnese, podemos agora
identificar cada problema que está interferindo na função e suas atividades cotidianas.
O próximo passo da avaliação é o exame físico, que deve objetivar achados diretos ou
indiretos resultantes da doença e/ou incapacidades e de maneira geral verifica os sinais vitais; os
aspectos neuromotores: tônus muscular, trofismo muscular, reflexos osteotendinosos, equilíbrio,
coordenação, força muscular, motricidade voluntária; os aspectos musculoesqueléticos:
mobilidade e sensibilidade; aspectos cognitivos; postura, trocas posturais, transferências e
marcha.
156
Em se tratando de doenças neuromusculares, é importante a verificação dos sinais
vitais, não apenas durante a avaliação, mas em todo o processo terapêutico. A pressão arterial,
freqüência cardíaca e respiratória, além da temperatura e saturação sempre que necessário.
A avaliação do tônus exige repetidos exames, porque são comuns as flutuações devido
ao estado constantemente mutante da excitabilidade do sistema nervoso central. Durante a
observação inicial do paciente, pode-se perceber a presença de movimentos anormais ou de
posturas dos membros, ou do corpo. Padrões motores estereotipados, movimentos flutuantes
involuntários e ausência de movimentos espontâneos indicam a presença de anormalidade do
tônus. A postura em posições fixas, antigravitacionais sugere espasticidade. Membros com
completa ausência de movimentos e um aspecto frouxo indicam baixo tônus. A palpação revela
informações sobre o estado de repouso dos músculos.
A avaliação dos movimentos passivos e dos reflexos miotático revela informações 157
A força muscular deve ser avaliada nos vários segmentos, testando-se metódica e
comparativamente os grupos musculares interessados. Ela é usualmente graduada conforme a
tabela abaixo (Tabela 1), porém de forma subjetiva:
Além disso, devemos avaliar a capacidade de transferência de uma postura para outra.
Essa avaliação consta de onde o paciente inicia e desenvolve o movimento até assumir outra
postura, quais as compensações utilizadas. Deve constar também qual transferência é capaz de
realizar sozinho e em qual precisa de ajuda.
Quando há marcha, esta deve ser analisada solicitando que o paciente caminhe certa
distância, descalço com olhos abertos e fechados indo e voltando sob a observação do
examinador, sendo iniciada à entrada do paciente à sala de exame. São analisados os
componentes de movimento de cada segmento corporal durante as fases da marcha que são:
apoio inicial, apoio médio, apoio final, balanço inicial, balanço médio e balanço final.
Em muitas das doenças citadas, observamos o padrão miopático de marcha. Porém
cabe ressaltar, que outras alterações podem estar presentes, principalmente relacionadas ao
tônus.
Após ter sido formulado os objetivos apropriados, devemos determinar quais são os
procedimentos terapêuticos mais adequados para a aquisição das metas. A decisão do plano
terapêutico mais apropriado deve ser formulada levando em consideração uma série de fatores,
tais como: a interação com os outros profissionais da saúde, os custos financeiros, etc. Deve
também ser feita uma estimativa da duração total de tratamento, freqüência e duração de cada
sessão.
É importante que periodicamente, seja feita uma reavaliação do paciente, para que se
possa medir a eficácia ou não do tratamento. Além disso, propõe-se que ao início e término de
cada terapia seja analisada alguma função do paciente para estabelecer as prioridades da
abordagem fisioterapêutica diária, além de redirecionar os objetivos, caso o paciente não
responda favoravelmente a proposta terapêutica.
Os marcos do desenvolvimento são definidos como atividades que uma criança faz,
em certos períodos cronológicos, artificialmente isoladas e separadas de seu desenvolvimento
total; são usados para testar o progresso motor e mental, especialmente nos casos de desvio
patológico. 163
É importante lembrar que a evolução de uma criança não se realiza de modo regular e
progressivo, mas sim por saltos qualitativos que são seguidos de períodos de lenta maturação. É
por isso que nunca se deve ir depressa demais, é preciso levar em conta as relações mantidas
entre os diversos elementos do desenvolvimento.
Com esse objetivo principal estão o Denver, o BMS, o MAI, o IMS e o BDIST, cada
uma com suas peculiaridades. Somente o PDMS propõe-se a avaliação da evolução do
desenvolvimento em resposta à terapia, mas não cumpre completamente o proposto, pois não
responde às alterações no desenvolvimento ocorridas em curto prazo em crianças com um maior
comprometimento.
Além dessas escalas já validadas na literatura, outras escalas estão sendo construídas
atualmente. A Alberta Infant Motor Scale (AIMS) enfoca a seqüência do desenvolvimento do
controle postural por intermédio de 58 itens, propondo: identificar atrasos de desenvolvimento;
prover informações a médicos e pais a cerca das atividades motoras da criança; mensurar o 164
desempenho motor antes, durante e após o tratamento; medir pequenas mudanças na
performance não detectáveis por métodos tradicionais e atuar como um instrumento de pesquisa
apropriado para avaliar a eficácia de programas de reabilitação.
Mas o tempo entre o comprometimento e a falência respiratória pode ser ampliado com
intervenções, tais como: manobras de higiene brônquica e eliminação de secreções ou
ventilação mecânica noturna, ou diminuída por doenças respiratórias agudas. A priori, o
tratamento da hipoxemia e hipercapnia de um paciente com doença neuromuscular
obrigatoriamente inclui técnicas que visem restabelecer uma adequada renovação do ar alveolar,
e não envolve necessariamente o uso de oxigênio. Na verdade, o oxigênio, empregado
isoladamente em situações de hipoventilação, pode levar o paciente à morte.
Entre os aparelhos de ventilação mecânica não invasiva, que atuam no corpo, estão os
Negative Pressure Body Ventilators (Figura 1), que fazem uma pressão negativa intermitente ao
redor da parede torácica ou abdominal, facilitando a entrada do ar pela via aérea. São menos
práticos que os aparelhos de pressão positiva.
167
Outros aparelhos atuam aplicando pressões positivas nas vias aéreas. Por sua
praticidade, preço, portatibilidade, estes aparelhos (IPPV - Intermitent Pressure Positive
Ventilation) levam grande vantagem sobre os anteriores. Entre estes aparelhos, existem dois
grandes grupos: os ventiladores a pressão e os ventiladores a volume.
Nos últimos anos os ventiladores a pressão do tipo BiPAP (Bilevel Positive Pressure
Airway – Figura 3) têm-se tornado mais populares por serem de manipulação simples e mais
baratos. Na falência ventilatória de pacientes neuromusculares, apenas a fase inspiratória (IPAP
- Inspiratory Positive Airway Pressure) é necessária. A fase expiratória (EPAP - Expiratory
Positive Airway Pressure) não pode ser zerada, uma vez que o BiPAP possui circuito único e
uma pressão positiva em torno de 4 a 5 mm Hg pode ser necessária para a exalação do CO2
através da válvula.
168
Os principais modelos de interfaces são: Interface oral, interface oral com lipseal,
interface nasal, interface oronasal, interface total face.
Air-stacking são insuflações que são adicionadas aos pulmões de forma a expandi-los
até sua capacidade máxima. O paciente inspira profundamente e consecutivamente novos
volumes de ar são disponibilizados por meio das interfaces. Estes volumes são mantidos no
pulmão através do fechamento da glote até a expansão pulmonar e da caixa torácica se
completar e a retenção pela glote não mais puder ocorrer. Aparelhos como ambu, ventiladores a
volume e o Cough Assist® (Figura 5) são os mais indicados para fornecimento de ar para o
exercício.
170
Essas alterações irão causar diminuição do torque e da força muscular. Para cada
semana de imobilização completa no leito um paciente pode perder de 10 a 20% de seu nível
inicial de força. Por volta de um mês, 50% da força inicial pode estar perdida. A fraqueza
generalizada pode resultar em incoordenação e má qualidade de movimento.
Assim, a inatividade afeta diretamente a força muscular e resistência à fadiga. Os
primeiros músculos a se tornarem fracos e atrofiados são os músculos de membros - inferiores e
tronco.
Uma vez instaladas as escaras, estas podem ser infectadas, sendo estas de difícil
cicatrização, podendo levar a complicações sérias como infecção óssea (osteomielite) ou até
mesmo a infecção generalizada (septcemia) que pode ocasionar o óbito do paciente.
Outras alterações no tecido ósseo incluem a diminuição da massa óssea total (que
pode levar a osteopenia), devido ao aumento da atividade osteoclástica e diminuição da
atividade osteoblástica, e aumento da excreção de cálcio (máxima atividade osteoclástica em
torno de 16 semanas).
A redução das contrações musculares nos membros inferiores facilita a estase venosa
em partes do corpo que reduzem a velocidade da circulação venosa. Este fator somado à
pressão constante do peso do corpo no leito, compressão de capilares, aumento da pressão
interna dos capilares e hipercoagulantes do sangue, aumento da resistência das veias podem
causar a TVP. Os riscos da TVP incluem evolução para embolia pulmonar e até óbito.
torácica com posterior perda da função muscular. Quando se associar ao déficit do mecanismo
de tosse e do movimento ciliar, causa um padrão respiratório superficial, dificultando a
eliminação de secreções e criando um terreno propício para o desenvolvimento de infecções e
conseqüentemente de atelectasias.
Ocorre uma redução do volume corrente, volume minuto, capacidade pulmonar total,
capacidade residual funcional, volume residual e volume expiratório forçado. Todas essas
funções estariam diminuindo de 25 a 50% no imobilismo.
São indicados exercícios de moderada para baixa resistência onde a prescrição é feita
de acordo com o quadro apresentado pelo paciente determinando intensidade, duração e
repetições apropriadas para cada situação, buscando evitar quadros de fadiga e dor, mobilização 177
passiva das articulações, técnicas neuromusculares proprioceptivas de facilitação e de
relaxamento muscular, exercícios de equilíbrio postural e dinâmico, alongamentos e massagem.
178
O método Kabat é mais do que uma técnica. É uma filosofia de tratamento e a base
desta filosofia está no conceito de que todo ser humano, incluindo aqueles portadores de
deficiência, tem um potencial ainda não explorado.
Foi desenvolvida por Herman Kabat e seu trabalho foi continuado e expandido por
Margaret Knott. Herman Kabat estava interessado no tratamento de pacientes com “paralisia”, e
enfatizava a importância da excitação central. A força de contração muscular é diretamente
proporcional ao número de unidades motoras ativadas, as quais obedecem à lei do “tudo ou
nada”. O funcionamento destas é dependente do grau de excitação dos motoneurônios. Logo, o
principal alvo deste método é estimular o maior número de unidades motoras em atividade e
ativar todas as fibras musculares remanescentes.
A abordagem Bobath tem por objetivo inibir os padrões da atividade reflexa anormal e
facilitar padrões motores mais normais como uma preparação para uma maior variabilidade de
habilidades funcionais.
Os pontos-chaves são partes do corpo por meio das quais o terapeuta pode controlar e
modificar, com maior eficácia, os padrões de postura e de movimentos em outras partes do
corpo. Eles podem ser usados para inibir, estimular e facilitar. São eles: cabeça, ombros,
cotovelos, punhos, polegares, quadris, joelhos e tornozelos.
Tapping de deslizamento: é feito com uma batida precisa e firme com os dedos
do terapeuta estendidos, pelo comprimento do músculo (ou em músculos que trabalham na
mesma direção).
O método Bobath nas doenças neuromusculares pode atuar nos sentidos de: aumentar
o tônus postural, trabalhar o controle e alinhamento de cabeça e tronco, trabalhar problemas
relacionados a atividades funcionais, orientar pais e cuidadores quanto ao posicionamento e
manipulação, conseguir atividades contra a gravidade, usar estimulações apropriadas, etc.
Nenhum músculo se move sozinho, sempre que um deles se contrai gera movimento e
acomodação em outros músculos formando um conjunto. Este conjunto denomina-se cadeia de
tensão muscular. Partindo deste conceito a R.P.G. trabalha globalmente o paciente de forma
pessoal e quantitativa, com a finalidade de ir do sintoma à causa das lesões, levando ao
relaxamento das cadeias musculares encurtadas, ao desbloqueio respiratório e ao reequilíbrio do
tônus postural. A R.P.G. trata o indivíduo e não a doença.
Movimentos fisiológicos são executados quando uma articulação é movida dentro dos
três planos cardinais cinesiológicos (coronal, sagital, e transverso). Os movimentos fisiológicos
são: extensão, flexão, rotação, adução, abdução, pronação, e supinação. 187
Eletroterapia
Existe uma diversidade de correntes que podem ser utilizadas na eletroterapia, cada
qual com suas particularidades quanto a indicações e contra-indicações. Mas todas elas têm um
objetivo comum: produzir algum efeito sobre o tecido a ser tratado, que é obtido por meio das
reações físicas, biológicas e fisiológicas que o tecido desenvolve ao ser submetido à terapia.
O ultrassom pode ser de grande valia para a melhora do retorno venoso e linfático, 189
analgesia, além de ter ação anti-inflamatória. São ondas sonoras longitudinais, produzidas a
partir da transformação da corrente elétrica comercial em corrente de alta freqüência, que ao
incidir sobre um cristal de quartzo provoca compressão e expansão alternada do cristal.
O laser tem indicações no tratamento de úlceras de decúbito que podem surgir pelo
imobilismo ou posicionamento inadequado por tempo prolongado em cadeira de rodas. O laser é
uma radiação eletromagnética não ionizante, que promove efeitos a partir da interação da luz
com o tecido, influenciando as respostas celulares tais como estimulação ou inibição de
atividades bioquímicas, fisiológicas e proliferativas, além de ter efeito de biomodulação. Por meio
desses mecanismos, podemos obter respostas terapêuticas como efeitos analgésicos, anti-
inflamatório, antiedematoso e cicatrizante.
O uso de estimulação elétrica funcional não tem indicações na grande maioria dos
casos, uma vez que utiliza uma corrente elétrica externa e controlada na superfície cutânea, por
meio de eletrodos adequados, com o objetivo de atingir o músculo ou grupos musculares e/ou
seus terminais nervosos, produzindo neles uma contração muscular. Em muitas doenças
neuromusculares é preciso evitar a fadiga muscular e assim o uso dessa eletroestimulação não é
indicado. Além disso, em doenças do neurônio motor inferior essa corrente é ineficaz.
Quando o corpo não está em alinhamento, a fáscia pode realizar seu trabalho até um
ponto crítico. Então, se uma área da fáscia alcançou sua expansão máxima e não pode cobrir a
área designada, o restante da fáscia deve mover-se até aquela parte. A distorção da fáscia
causa em outra parte do corpo uma compressão pela parede da fáscia que a cobre. Enquanto as
outras áreas da fáscia tentam manter pressões iguais em todas as partes do corpo, a fáscia fica
totalmente alongada, e acomodações futuras não podem ser feitas. As partes que podem ser
comprimidas irão sustentar compressão máxima para compensar aquelas estruturas que não
podem ser comprimidas. A única maneira que o corpo pode permanecer ereto contra a
gravidade é adotando mais assimetrias posturais.
Não há deformidade única, isolada ou localizada, por isso, não pode haver correção
única, isolada ou localizada. Todo tratamento fisioterapêutico de uma deformidade ou de uma
simples limitação articular só pode ser global.
Liberar as restrições miofasciais pode afetar outros órgãos do corpo devido à liberação
de tensão no grande sistema fascial.
A pompagem é uma técnica que também atua nas fáscias do tecido conjuntivo,
desenvolvida pelo francês Marcel Bienfait. É um trabalho miotensivo com mobilização somada
ao deslizamento das fáscias, que tem como objetivo o relaxamento muscular, melhora na
nutrição circulatória dos tecidos moles e articulações, quebra de
contraturas/encurtamentos/retrações e restauração do formato ou comprimento normal das
estruturas miotendíneas.
Se uma retração muscular, uma cicatriz, um edema provocarem uma estase, haverá
ausência de mobilidade entre as fáscias, e a circulação lacunar, não ocorre eficientemente,
porque depende da mobilidade entre os tecidos, visto não haver uma bomba a ela destinada.
Neste caso, a pompagem deve ser realizada com o objetivo de liberar os bloqueios e promover a
circulação lacunar.
A drenagem linfática pode ser indicada para pacientes com doenças neuromusculares
que apresentem edema, seja por imobilidade, pós-operatórios ou outra alteração. Dessa forma,
melhora a oxigenação e a defesa do organismo, aumenta o potencial reparador, dinamiza todos
os processos catalisadores de uma boa cicatrização, além de ter ação anti-inflamatória.
A criança com doença neuromuscular não vivencia experiências tanto pela sua
limitação como por falta de estímulos ambientais que agravam seu atraso. Por isso, a brincadeira
é um recurso que contribui para o desenvolvimento de habilidades motoras, perceptivas, visuais,
socais e cognitivas.
A brincadeira é o meio pelo qual a criança aprende e constitui uma válvula de escape
para a necessidade inata de atividade. O lúdico é um facilitador para a interação com o meio,
uma ferramenta que permite a inserção da criança na cultura e por meio do qual é possível
relacionar as vivências internas com a realidade externa. 194
Há quatro aspectos que explicam a atividade lúdica da criança: por prazer, para
expressar a agressividade, para dominar a angústia e para estabelecer contatos sociais.
Em todas as idades, o brincar é realizado por puro prazer e diversão, criando uma
atitude alegre em relação à vida e à aprendizagem. Isso certamente é uma razão suficiente para
valorizar o brincar.
Em virtude das necessidades dos usuários de cadeira de rodas é que surgiu um ramo
da ciência voltado para essa problemática a fim de melhorar a qualidade de vida do portador de
incapacidades. Esse ramo da ciência é chamado de tecnologia assistiva que é definido como
qualquer item de equipamento como peças ou produtos adquiridos comercialmente e feitos sob
medida.
Indivíduos com incapacidades graves que não podem andar ou até mesmo sentar
sozinhos, podem passar a vida deitados ou sendo carregados, por esse motivo os profissionais
lançam mão do uso da cadeira de rodas. Para muitos, a cadeira de rodas é um estigma de
incapacidade e dependência, porém a liberdade de ir e vir estão diretamente relacionados à
melhor qualidade de vida e maior independência.
Num primeiro momento existe o controle cervical, o controle de tronco está presente ou
instável, não há deformidades instaladas, mas o paciente pode apresentar posturas
compensatórias (escoliose).
Nessa fase, o assento plano com base rígida e de densidades diferentes é utilizado
para obter o posicionamento adequado, favorecendo melhor acomodação da pélvis. O apoio
lateral de tronco em dois pontos tem a intenção de proporcionar suporte adequado, quando o
controle de tronco for insatisfatório e corrigir posturas compensatórias. O cinto de segurança é
um recurso adicional para auxiliar na estabilidade de tronco. O apoio de cabeça removível é útil
quando há necessidade de longa permanência na posição sentada ou durante a locomoção do
paciente em terrenos acidentados. O cavalo de abdução é utilizado para o alinhamento dos
membros inferiores, quando o paciente apresentar adução, e o apoio lateral para as coxas será
de utilidade para quando há tendência à abdução.
A palavra órtese deriva da palavra grega orthósis, que significa “tornar correto”. É todo
dispositivo destinado a sustentar todo ou parte do peso corporal, corrigindo e evitando
199
deformidades, imobilizar ou limitar movimentos de parte ou de todo o membro.
Em alguns casos a indicação de órteses é feita para uso noturno, com os objetivos de
evitar ou retardar o processo de encurtamento, retrações e deformidades, manter a amplitude
articular para facilitar a realização de algumas tarefas e facilitar a higienização. É preciso
monitorar o uso dessas órteses e fazer revisões periódicas.
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