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Identificação de

necessidades do idoso:
Entrevista/anamnese

Módulo 11: Prática de Enfermagem IV -


Enfermagem em Saúde Mental e
Enfermagem Geriátrica

Curso de Enfermagem Gerall


Identificação de necessidades
do idoso

 Identificação de necessidades do idoso;


 Entrevista/anamnese

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Objectivos de aprendizagem

 Ao final desta sessão os estudantes


deverão ser capazes de:
 Identificar aspectos a serem levantados
durante a entrevista do idoso;
 Compreender a entrevista como parte
da identificação de necessidades
(primeira etapa do processo de
enfermagem);
 Descrever peculiaridades da entrevista
ao idoso;

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Identificação de necessidades
do idoso
 A identificação de necessidades do idoso constitui
a primeira etapa do processo de enfermagem, em
que são geradas as informações para a
determinação dos diagnósticos de enfermagem
(segunda etapa do processo de enfermagem);

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Identificação de necessidades
do idoso

 Para a identificação de necessidades, o enfermeiro


utiliza-se da entrevista/anamnese e do exame físico
(este último será tratado na próxima aula).
 O processo de comunicação adequado é muito
importante no decorrer da entrevista e do exame
físico. Portanto, revejam o conteúdo sobre
comunicação com o idoso dado em aula anterior;
 O organograma que apresentamos a seguir ilustra
todas as etapas do processo de enfermagem, porém
nesta aula iremos focar na primeira.

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Etapas do Processo de Enfermagem

1. Identificação de
necessidades
(Entrevista/ anamnese
e Exame Físico).
2. Definição do
5. Avaliação Diagnóstico de
do utente Processo de
Enfermagem Enfermagem (uso da
taxonomia da
NANDA)
4. Implementação do 3. Elaboração
plano de cuidados do plano de
cuidados

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Identificação de necessidades do
idoso
Identificação por meio de
entrevista/anamnese

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Peculiaridades da entrevista ao
idoso
 Requer mais tempo e paciência por parte do
enfermeiro devido as limitações que o idoso
poderá apresentar, como:
 Hipoacusia (dificuldade auditiva);
 Baixa visão;
 Défice de memória;
 Confusão mental;
 Alteração de humor;
 Falta de um bom informante (familiar ou
acompanhante que conheça as necessidades do
idoso).

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Identificação de necessidades
do idoso
 Devido as limitações que o
Necessidades
idoso poderá apresentar e
relatadas
que acabamos de discutir,
suas necessidades
relatadas ficam quase
sempre a desejar, uma vez
que suas reais
necessidades são bem
mais.
 A figura ao lado ilustra Não
bem essa peculiaridade do relatadas
levantamento de dados
com o idoso.
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Identificação de necessidades do
idoso
 Na medida em que os dados do utente são
colhidos, inicia-se a interpretação pelo enfermeiro,
mesmo que o quadro ainda não esteja completo.
 Por isso é que a identificação de necessidades
e o diagnóstico são etapas do Processo de
Enfermagem que se sobrepõem.

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Entrevista

 A entrevista é um processo intencional que


permite ao enfermeiro e ao utente a troca de
informações;
 O enfermeiro deve enfocar sobre a identificação
das reacções do utente que podem ser tratadas por
meio de intervenções de enfermagem;
 A entrevista deve ter:
 Introdução;
 Meio ou entrevista propriamente dita;
 Fechamento.

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Entrevista

 Erros comuns e que devem ser evitados na


entrevista:
Tratar o idoso por nome que ele não gosta de
ser tratado;
Usar adjetivos afetivos;
Usar fala infantil – “vozinho”, “vozinha”;
Usar terminologia técnica com pessoas leigas;
Usar técnicas de comunicação sem prestar
atenção à reação do utente. Por exemplo: tocar o
idoso que não gosta de ser tocado.

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Entrevista
 A divisão formal da história clínica em queixa e
duração, história da doença actual e a seguir o
interrogatório sobre os aparelhos nem sempre é a
forma mais prática de abordar o idoso.
 Muitas vezes, é mais produtivo começar pelo último
para se obter as informações de forma mais
ordenada e completa.
 Não é raro que a queixa principal do idoso não
esteja relacionada ao problema actual e mereça
abordagem prioritária.
 Não omitir a história medicamentosa pregressa, útil
para concluir sobre afecções anteriores e actuais,
inclusive responsável por muitas queixas actuais.
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Entrevista

 Introdução da entrevista:
 Organize-se antes, pois sabendo o que vai
fazer se sentirá mais confiante e capaz de
concentrar-se na pessoa;
Prepare os materiais a serem usados na
entrevista;
Apresente-se ao idoso;
 Pergunte de que maneira o idoso prefere ser
tratado;
Explique a finalidade da entrevista;
Garanta privacidade ao idoso.

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Entrevista

 Introdução da entrevista:
 Não confie em sua memória. Tenha um plano
escrito à mão que oriente sobre as perguntas a
serem feitas (roteiro, formulário); Essa atitude
também ajuda a evitar entrevistas longas e
cansativas;
 As entrevistas aos idosos, em geral, são
similares às entrevistas realizadas com adultos,
porém acrescenta-se a estas a investigação mais
alargada de suas funções motoras e cognitivas;

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Entrevista

 Durante a entrevista propriamente dita:


 Dê total atenção ao idoso; Quando necessário
(por limitações do mesmo) é que o
acompanhante será envolvido;
 Não demonstre pressa;
 Sentem-se;
 Converse sobre áreas específicas, começando
pela queixa principal, abordando a seguir os
aspectos necessários;
 Evite o impulso de interromper a entrevista de
forma brusca.

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Entrevista

 Fechamento da entrevista:
 Certifique-se de que os dados estão completos;
 Verifique ou faça a checagem de possíveis
dúvidas;
 Sempre pergunte se o idoso tem algo mais a
acrescentar;
 Agradeça ao idoso;
 Despeça-se e deixe-o em condição confortável.

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Entrevista

 Observando esse ambiente de entrevista ao idoso, o que


vocês identificam como inadequado

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Entrevista
 Deve-se perguntar sobre os antecedentes
patológicos do idoso, com ênfase nas doenças
crônicas activas. Dada sua prevalência, devem ser
investigadas:
 Afecções cardiovasculares, em especial doença
hipertensiva;
 Diabetes e suas complicações;
 Afecções osteoarticulares;
 Défices relacionados as grandes síndromes
geriátricas (7Is);
 Tuberculose;
 HIV/Sida.

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Entrevista

 Faça perguntas dirigidas para as grandes


síndromes geriátricas (7Is):
 Incapacidade cognitiva;
 Instabilidade postural;
 Imobilidade;
 Incontinência esfincteriana;
 Incapacidade comunicativa
 Iatrogenia;
 Insuficiência familiar.

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Entrevista
 A investigação a respeito das incapacidades
cognitivas e motoras é feita, em geral, por meio
de perguntas dirigidas as Actividades de Vida Diária
(AVD), que incluem:
 Banhar-se; Outra abordagem que ajuda
o enfermeiro na investigação
 Vestir-se; cognitiva do idoso é
 Ir a casa de banho; perguntar sobre as
Actividades Instrumentais da
 Mobilizar-se; Vida Diária (AIVD).
 Continência fecal e
urinária;
 Alimentar-se.

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Actividades Instrumentais da Vida
Diária (AIVD)

 São actividades relacionadas à participação do


idoso em seu entorno social e indicam sua
independente na comunidade. São elas:
 Utilizar o telefone;
 Usar transportes;
 Fazer compras;
 Usar seus remédios;
 Cuidar das próprias
finanças.

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Actividades Instrumentais da
Vida Diária (AIVD)
 Continuação AIVD:
 Preparar as
refeições;
 Cuidar da casa;
 Lavar e passar;
 Fazer reparos
domésticos;

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Entrevista
 O desempenho físico e social do idoso depende da
integridade das funções cognitivas. A perda de
memória recente e a habilidade de cálculo são
indicadores sensíveis de redução dessas funções.
 A avaliação da perda de memória recente é a mais
adequada, dado que a escolaridade pode
influenciar na avaliação da habilidade de cálculo.
 Sugere-se uma primeira avaliação com o teste
rápido - solicitar à pessoa idosa que repita o nome
dos objetos: Mesa, Maçã e Dinheiro. Após 3
minutos, pedir que repita. Se for incapaz há
necessidade de uma maior investigação.

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Entrevista
 A investigação quanto a instabilidade postural
deve abranger além das condições físicas do idoso
(equilíbrio, força motora), o ambiente residencial,
que pode aumentar o risco de quedas.
 Aqui a visita domiciliária torna-se imprescindível.
 Escadas, ausência de diferenciação de degraus e de
corrimãos, iluminação inadequada, tapetes soltos,
obstáculos (fios eléctricos, pisos mal conservados)
no local de circulação, são alguns dos riscos
comuns observados.
 Na visita domiciliária, o enfermeiro poderá
identificar todos esses riscos e ajudar a família a
modificar o ambiente para que se torne seguro
ao idoso.
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Entrevista
 As alterações na mobilidade podem ocorrer por
disfunções motoras, de sensopercepção, equilíbrio
ou défice cognitivo.
 A dinâmica do aparelho locomotor sofre redução
na amplitude dos movimentos, tendendo a
modificar a marcha, passos mais curtos e mais
lentos com tendência a arrastar os pés.
 A amplitude de movimentos dos braços também
diminui, tendendo a ficar mais próxima do corpo.
 A base de sustentação se amplia e o centro de
gravidade corporal tende a se adiantar, em busca
de maior equilíbrio.

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Entrevista

 Investigar presença de incontinência urinária


pois cerca de 30% dos idosos não
institucionalizados costumam apresentá-la e nem
sempre a referem na avaliação clínica ou por
vergonha ou por acharem ser isso normal no
processo de envelhecimento.
 A freqüência e a importância do evento estão
associadas às repercussões emocionais e sociais.
 Muitas das causas são reversíveis - delírio,
restrição de mobilidade, retenção urinária,
infecção e efeito medicamentoso - e devem ser
investigadas.

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Entrevista
 A incapacidade comunicativa pode estar associada
a fatores pessoais do idoso e a fatores familiares e
ambientais (hospitalar).
 Tais fatores devem ser investigados, pois a
comunicação é fundamental ao bem estar do idoso:
 Fatores pessoais: Dificuldade auditiva e visual,
desconforto bucal ou constrangimentos
relacionados a falta de dentes ou próteses má
adaptadas, humor reprimido;
 Fatores familiares: conflitos, desatenção, o idoso é
tomado como obstáculo à dinâmica familiar;
 Ambientais: barulho de equipamento hospitalar,
falta de tempo ou desinteresse da equipe de
saúde, uso de linguagem difícil pela equipe

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Entrevista
 Iatrogenias poderão ser evitadas com a
capacitação profissional para lidar com o idoso.
Contudo, uma pergunta ao idoso poderá amenizar
as iatrogenias medicamentosas:
 Pergunte sobre os medicamentos em uso pelo
idoso, tanto os prescritos quanto os adquiridos
por si próprio.
 Solicite que, quando for à próxima consulta, o
idoso traga os medicamentos que utiliza.
 Com essa medida é possível detectar
automedicação, uso de posologia incorreta e
uso de mais de um medicamento para o
mesmo objetivo, às vezes prescrito por
profissionais diferentes.
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Entrevista
 A Insuficiência familiar poderá ser detectada por
meio de perguntas sobre a dinâmica familiar: com
quem mora, como é a relação entre os membros
da família, identificação da figura do cuidador;
 As condições gerais do idoso também traz um
pouco do que são os cuidados familiares: condições
de higiene do idoso (cabelo, unhas, roupas);
estado de humor;
 A linguagem não-verbal do idoso é importante
nesse sentido, pois quando a dinâmica familiar não
está bem, o idoso tende a chorar com facilidade,
mas também pode esconder a realidade temendo
maus tratos.
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Entrevista

 Em relação à alimentação do idoso, é importante


que o enfermeiro pergunte a respeito de:
 Perda da autonomia para preparar os alimentos
e para alimentar-se;
 Perda parcial ou total da visão que dificulte a
seleção, preparo e consumo dos alimentos;
 Perda da autonomia financeira para comprar os
alimentos;
 Diminuição do apetite, da sensação de sede e
da percepção da temperatura dos alimentos;

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Entrevista

 Continuação:
 Perda ou redução da capacidade olfativa,
interferindo no seu apetite;
 Algum motivo que o faça restringir determinados
tipos de alimentos, como dietas para perda de
peso, diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia;
 Alterações de peso recentes;
 Dificuldade de mastigação por lesão oral, uso de
prótese dentária ou problemas digestivos.

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Entrevista

 Devido a redução fisiológica da acuidade visual do


idoso e o uso de lentes corretivas para enxergar
adequadamente, pergunte sobre dificuldade para:
 Realização de atividade da vida diária
(identifique risco para queimaduras e outros
acidentes).
 Sair de casa e realizar alguma actividade de
lazer, visitar parentes, ir ao mercado.
 Ler, assistir televisão, dirigir ou executar
qualquer tarefa que lhe traga motivação.

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Entrevista

 Estudos mostram que 74% dos homens e 56% das


mulheres casadas mantêm vida sexual ativa após os
60 anos.
 A identificação de disfunção nessa área pode ser
indicativa de problemas psicológicos, fisiológicos ou
ambos.
 Muitas das alterações sexuais que ocorrem com o
avançar da idade podem ser resolvidas com
orientação.
 Alguns problemas podem afetar o desempenho
sexual: fadiga, artrites, diabetes, hipertensão e
medo de infarto, efeitos colaterais de fármacos e uso
de álcool.
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Entrevista

 Embora a freqüência e a intensidade da atividade


sexual possam mudar ao longo da vida, redução na
capacidade de desfrutar prazer nas relações sexuais
não devem ser considerados como parte normal do
envelhecimento;
 Devem fazer parte da avaliação sistemática das
pessoas idosas sexualmente ativas a investigação de
DST/Sida;
 As mulheres após a menopausa, principalmente,
após os 60 anos, normalmente apresentam
desconforto nas relações sexuais com penetração
vaginal, devido ao hipoestrogenismo e hipotrofia dos
tecidos genitais.
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Avaliação funcional

 A avaliação funcional busca verificar, de forma


sistematizada, em que nível as doenças ou
agravos impedem o desempenho, de forma
autônoma e independente, das AVD das pessoas
idosas, permitindo o desenvolvimento de um
planejamento assistencial mais adequado.

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Avaliação funcional

 No grupo de pessoas idosas, os "mais idosos,


muito idosos ou idosos em velhice avançada"
(idade  80 anos), também vêm aumentando
proporcionalmente e de forma muito mais
acelerada, constituindo o segmento populacional
que mais cresce nos últimos tempos - 12,8% da
população idosa e 1,1% da população total.
 É nesse contexto que a “avaliação funcional”
torna-se essencial ao estabelecimento de
diagnósticos adequados, que servirão de base
para decisões sobre tratamentos e cuidados.

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Avaliação funcional
 A avaliação funcional determinará o
comprometimento funcional do idoso e sua
necessidade de auxilio.
 É uma tentativa sistematizada de avaliar de forma
objetiva os níveis no qual uma pessoa está
funcionando numa variedade de áreas utilizando
diferentes habilidades.
 É uma maneira de medir se uma pessoa é ou não
capaz de desempenhar as actividades de autocuidado.
Caso não seja capaz, verificar se essa necessidade de
ajuda é parcial, em maior ou menor grau, ou total.
 Usualmente, utiliza-se a avaliação no desempenho
das atividades de vida diária.

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Actividades complementares no
LH

 Avaliação das Actividades de Vida Diária (AVD);


 Avaliação das Actividades Instrumentais da Vida
Diária (AIVD); e
 Avaliação funcional.

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