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em Optometria
Anamnese – Uma Conversa Informal
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Anamnese – Uma Conversa Informal
• Anamnese;
• Acuidade Visual;
• Olho Dominante.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar os principais conceitos sobre Anamnese, diferentes Testes de Acuidade Visual e
avaliação da dominância ocular;
• Capacitar o aluno com conhecimentos sobre a Avaliação Preliminar Quantitativa e Qualitativa,
referente ao Processo Visual.
UNIDADE Anamnese – Uma Conversa Informal
Anamnese
Anamnese: (do grego ana, trazer de novo e mnesis, memória) é uma entrevista realizada
pelo Profissional de Saúde ao seu paciente, cujo objetivo é colher informações que o ajuda-
rão na hipótese diagnóstica e na conduta a ser tomada.
Figura 1
Fonte: Freepik
O profissional não deve, a princípio, descartar nenhum dado, pois todos os detalhes
são importantes até que sua hipótese diagnóstica seja fechada.
O contato visual é muito importante, e tem sido motivo de grande queixa da parte dos
pacientes quanto à falta dele pela parte de muitos profissionais da saúde.
Cuidado!
Você também está sendo observado pelo paciente e seu acompanhante. Sua postura,
como está vestido, seu modo de falar e de tratá-lo, a organização e a limpeza de sua sala,
exatamente quase tudo é inspecionado por eles.
A linguagem corporal também faz parte da Anamnese. O paciente deve ser analisado
a partir do momento em que entrar no seu gabinete.
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É importante perguntar informações básicas do paciente: nome completo, idade,
sexo, etnia, local de nascimento (naturalidade) e de residência (procedência), profissão,
estado civil, número de filhos, religião/crença e escolaridade.
Essas informações são importantes para avaliar o perfil do paciente em relação à sua
saúde ocular. Algumas doenças são mais comuns em certo grupo de pessoas, que varia
de acordo com idade, sexo e etnia.
As queixas visuais muitas vezes estão relacionadas às pessoas que exercem determi-
nadas profissões.
É importante que conste no prontuário a fonte das informações que você está cole-
tando: se é o próprio paciente ou se é seu acompanhante.
Alguns pacientes relatam uma longa lista de queixas, mas você deve pedir que diga
qual delas é a principal, qual ou quais o incomoda(m) mais.
Isso não quer dizer que estamos ignorando as demais queixas. Mas vamos dar prio-
ridade à principal.
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Como já citado, às vezes, o paciente não conhece a doença pelo nom. Então, pode-
mos perguntar se alguém da família perdeu a visão, se enxerga pouco ou se tem alguma
doença grave nos olhos.
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Alguns pacientes, por serem extrovertidos, tendem a mudar de assunto e perder o
foco da consulta. Já outros, de tão introvertidos, não conseguem se expressar.
Atendimento humanizado
Ultimamente, tem se falado muito em atendimento humanizado, porém mais ainda
se fala da falta desse atendimento.
A insatisfação da parte dos pacientes tem aumentado a cada dia. Portanto é funda-
mental que ele seja muito bem recebido e tratado no seu Gabinete de Saúde Ocular.
Se o profissional não se sentir seguro para tal atendimento, realmente será melhor
encaminhar o paciente para um colega com mais habilidades.
Acuidade Visual
Acuidade Visual (AV) é a grande capacidade de percepção do olho em identificar, por
um determinado ângulo, os contornos, as formas e os tamanhos dos objetos, ou seja, o
quão nítido conseguimos ver em determinada distância.
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Figura 2
Fonte: Getty Images
Para esse teste não se requer nenhum preparo. Entre o paciente e a projeção das
letras deve haver uma distância de 6,10m (ou 20 pés), pois a essa distância os olhos
estão relaxados e o cristalino está com o foco regulado para a visão de longe.
No caso de pacientes que já usam algum tipo de correção óptica (óculos ou lentes de
contato), fazemos o teste sem a correção e depois com a correção.
Mínimo visível
Mínimo visível é a menor unidade espacial percebida pelo Sistema Visual calculado
pelo diâmetro mínimo de um círculo ou quadrado sobre um fundo branco. A percepção
do mínimo visível depende do valor angular, da luminância do teste, da percepção da
quantidade de energia pelos fotorreceptores, do movimento do objeto ou dos olhos do
paciente (HERRANZ, 2012).
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Mínimo separável
Denomina-se mínimo separável a capacidade de percepção de 2 pontos luminosos
separados que se aproximam até que fiquem bem próximos, a um ângulo entre 50 e 94
segundos de arco.
Mínimo reconhecível
Nós nos referimos a um mínimo reconhecível quando o Sistema Visual é capaz de
identificar, reconhecer formas, objetos e sua orientação.
Optotipos
Antes de irmos para a prática, vamos falar um pouco mais sobre os optotipos. Essa
palavra vem do grego: óptos (visível) e typós (marca), traduzindo marca visível.
Segundo Snellen, o optotipo deve ter o tamanho de 5 minutos de arco por meio de
um ângulo de 1 minuto de arco para que o Sistema Visual possa discriminá-lo. Isso a uma
distância de 6,10m para que não ocorra influência por parte da acomodação do cristalino.
5'
(5 minutos de arco)
1'
(1 minuto de arco)
5' 1'
(1 minuto
(5 minutos
de arco)
de arco)
5'
Figura 3
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Tangente = altura/distância
Assim:
tg 5′ x distância
AV =
H ( tam da letra )
tg 5′ x distância 0, 00146 x 6
=AV = > AV = 1
> AV =
=
H ( tam da letra ) 0, 00876
Entenda!
Assim, 8,76mm é o tamanho da letra que, a uma distância de 6m, o Sistema Visual
deve identificar.
Use a fórmula!
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Vamos falar sobre porcentagem de visão?
A menor letra que meu paciente conseguiu enxergar foi a de 17,52mm (20/40).
tg 5′ x distância
AV =
H ( tam da letra )
tg 5′ x distância 0, 00146 x 6
Av = → AV = 0,5
> AV =
=
H ( tam da letra ) 17,52
Se ele leu até a linha da Acuidade Visual 20/40, também posso resolver assim:
ou 25% da visão.
Muito fácil!
Uma pessoa que consegue ler apenas a primeira linha (20/200) tem apenas 10%
da visão.
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Figura 4
Fonte: Getty Images
Mas o que podemos dizer da Acuidade Visual de uma pessoa que só consegue ver a
letra do 20/200 a uma distância de 3m?
Entenda!
O que estamos fazendo ao diminuir a distância para 3m nada mais é do que uma
ampliação do tamanho dessa letra:
Caso um outro indivíduo só consiga ver a mesma letra à distância de 1,5m, isso quer
dizer que a acuidade dele é 20/800, pois para ver à distância de 6m, a mesma letra
deveria ter o tamanho de 35,04 cm (20/800).
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No atendimento a pessoas com baixa visão severa, a tomada da Acuidade Visual é
feita em distâncias menores que 6m.
Figura 5
Fonte: Divulgação
Figura 6
Fonte: Acervo do conteudista
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desde que não haja lesões na retina, catarata central ou mesmo opacificação de córnea
etc. (MONDADORI, 2008; DIAS, 2016).
Figura 7
Fonte: Acervo do conteudista
Primeiro sem a correção óptica (óculos ou lentes de contato), e depois com a correção.
Vamos praticar?
Se ele ler até a linha do 20/20, anotamos; AVSC OD 20/20. Outro exemplo: caso
leia a linha do 20/40 (F Z B D E) corretamente, mas a próxima linha (20/30) só consiga
ler três letras, exemplo: O F * * T, anotamos que a sua AVSC OD é 20/30-2 (porque
não conseguiu ler 2 letras dessa linha).
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Figura 8
Fonte: Acervo do conteudista
Mas se nem assim ele conseguir ver o 20/200, deveremos diminuir a sua distância
da tabela para 3m.
Nesse caso, a letra da tabela que a 6m valia 20/200, passa a valer 20/400 e, assim,
se ele for capaz de identificar algumas letras da Tabela, teremos de fazer a anotação de
acordo com a nova distância. Exemplo: leu até a 3ª linha que a 6m seria 20/60, então,
anotaremos AVSC OE 20/120.
Se nem mesmo diminuindo a distância para 3m e nem com o uso do PH foi possível
que ele identificasse a letra maior, mais uma vez diminuiremos a distância: dessa vez,
para 1,5m.
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Contar dedos
Com a nossa mão posicionada à distância de 1m dos olhos do paciente, perguntamos
se ele consegue ver e contar os nossos dedos.
Se ele responder que sim e der a resposta correta, anotamos: AVSC OE CD/1metro
(conta dedos a 1m), e se não acertar ou relatar não estar vendo, tentamos novamente à
distância de 0,5m. Se responder corretamente, anotamos: AVSC OE CD/0,5m.
Não desista!
Continue tentando!
Percepção de luz
Projetando a luz da lanterna a uma distância de uns 40cm sobre os olhos do pacien-
te, fazendo movimentos com a lanterna da esquerda para a direita e da direita para a
esquerda, perguntaremos se ele observa a luz em algum momento.
Cabe a nós observarmos se ele esboça alguma reação diante desses movimentos. Se
disser que vê e seguir a luz na direção correta, anotamos AVSC OE/PL (percepção de luz).
Último passo!
Depois de tentar todos os passos anteriores sem obter uma resposta satisfatória da
parte do paciente, prosseguiremos, ainda, usando a lanterna para a avaliação da per-
cepção de fosfeno.
Olho Dominante
Lateralidade é a predominância ou maior eficiência de um dos lados do corpo.
Por exemplo, executar certas tarefas utilizando um determinado membro direito ou es-
querdo do corpo com maior destreza (escrever com a mão direita ou chutar a bola com
o pé esquerdo), isto é, um dos dois lados executará a ação com maior perfeição. Isso se
dá por conta da supremacia que um hemisfério do cérebro exerce sobre o outro.
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Assim, é possível observar por imagens a área de ativação do olho dominante em
ambos os lados do córtex. Cerca de 60% da população possui dominância ocular direita
(GAMA, 2016).
Pode ocorrer a lateralidade cruzada, quando a pessoa é destra (escreve com a mão
direita) mas seu olho dominante é o esquerdo e vice-versa.
Esse teste visa a igualar a visão dos 2 olhos, pois ter a mesma Acuidade Visual em
ambos os olhos não significa que a qualidade visual também é a mesma. Porém, é im-
portante saber qual é o olho dominante, pois se não conseguirmos chegar ao equilíbrio,
o olho dominante deverá ter a melhor visão.
Figura 9
Fonte: Freepik
Nesse Sistema, adaptamos a lente de contato com a correção para longe no olho
dominante, e a correção para perto no olho não dominante. Pessoas muito exigentes
têm dificuldade em se adaptar a esse Sistema.
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Figura 10
Fonte: Acervo do conteudista
Figura 11
Fonte: Acervo do conteudista
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Figura 12
Fonte: Acervo do conteudista
Com as mãos
O paciente deverá juntar as duas mãos formando uma abertura em forma de triângu-
lo não muito grande. Então, alongando os braços para frente, ele irá olhar alguma letra
na Tabela de Optotipos através da abertura. Assim que fixar, não deve se mover mais.
Com o oclusor, faça a oclusão alternada no olho direito e no olho esquerdo, perguntan-
do com qual dos olhos ele está vendo a letra escolhida na Tabela. O olho que afirmar
ver é o dominante.
Figura 13
Fonte: Acervo do conteudista
Figura 14
Fonte: Acervo do conteudista
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Reflexões Contemporâneas sobre Anamnese na Visão do Estudante de Medicina
https://bit.ly/3sGjXOm
Acuidade visual. Medidas e notações
https://bit.ly/3cDg2wv
A lateralidade cruzada e o desempenho da leitura e escrita em escolares
https://bit.ly/31zAnwb
Apostila de propedêutica. Edição 2 – Anamnese, Exame Clínico e Promoção à Saúde
https://bit.ly/3m6m4c1
Dica número 7 – Especial para os novos Técnicos em Optometria
https://bit.ly/3rBtMMb
Como descobrir meu olho dominante
https://bit.ly/3czxX73
Oculomotricidade e seus fundamentos
https://bit.ly/2PLF6IE
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Referências
BARDINI, R. La función visual en el análisis optométrico. Madri: Valencia, 1983.
DÍAZ, J. P.; DIAS, C. de S. Estrabismo. 4.ed. São Paulo: Santos, 2002. 531p.
DUKE-ELDER’S. Refração Prática. 10.ed. Rio de Janeiro: Rio Med, 1997. 306p.
KANSKI, J. J. Oftalmologia clínica. 4.ed. Rio de Janeiro: Rio Med, 2004. 680p.
MONDADORI, R.. Refração, um guia prático. Lages: Inês Ltda., 2008. 152p.
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