Você está na página 1de 5

Faculdade de Medicina Dr. Domingos Leonardo Cerávolo – Universidade do Oeste Paulista.

Roteiro

Exame Físico – Fundo de Olho – Oftalmoscopia direta

A possibilidade de analisar estruturas terminais do sistema circulatório e uma porção


exteriorizada do sistema nervoso (nervo óptico) é suficiente para tornar a oftalmoscopia
(fundoscopia) um exame único, podendo ser reconhecidos importantes sinais que
orientam diagnósticos e tratamentos. Justifica-se, assim, a importância do domínio e da
prática do exame não somente pelo oftalmologista, mas também por todo médico
responsável por cuidados gerais, sempre correlacionando com a história clínica.

O exame do fundo de olho envolve a visualização, através do oftalmoscópio, das


principais estruturas retinianas:

➢ Disco óptico ou papila: imagem amarela luminosa localizada medialmente na


retina. O disco óptico é o lugar onde o nervo óptico entra no globo ocular, ou
seja, o lugar de convergência de todas as fibras nervosas da retina.
➢ Vasos retinianos:
o 4 ramos principais de artérias e veias (nasal superior, nasal inferior,
temporal superior e temporal inferior) - localizadas medialmente na
retina, saindo do disco óptico.
o As veias seguem o mesmo padrão da distribuição das artérias. São
ligeiramente mais escuras, de maior calibre e com um trajeto mais
sinuoso do que as artérias.
➢ Mácula: área avermelhada, localizada centralmente na retina.
➢ Fóvea: ponto central da retina, localizada na mácula.

Dois tipos de oftalmoscopia:

➢ Direta, na qual se obtém uma imagem ampliada quinze vezes maior (assunto
deste roteiro)
➢ Indireta, com visualização mais ampla da retina, evidenciando-se até sua
periferia.

A oftalmoscopia direta é comumente realizada pelo clínico geral.

Permite ao clínico obter informações de doenças sistêmicas que apresentam alterações


no fundo de olho.

O exame do fundo ocular é realizado habitualmente sem a dilatação da pupila, pois nem
sempre é possível a dilatação farmacológica. Nestes casos, é mais utilizado o feixe de
luz redondo do oftalmoscópio. É importante, portanto, realizar o exame em ambientes
escuros com o olhar fixado em um ponto distante, tendo em vista que favorece a
midríase. Havendo possibilidade, deve ser realizada a dilatação farmacológica
(utilizam-se colírios midriáticos de curta duração - ex: tropicamida 1%).

O feixe redondo de maior diâmetro (grande abertura) utiliza-se para visualizar grandes
áreas retinianas.

O feixe vertical é usualmente utilizado para definir melhor as alterações de relevo da


superfície retiniana (percepção de profundidade).

O feixe de luz verde usa-se para uma melhor definição das fibras nervosas (visualização
dos vasos e fóvea).
As etapas do exame de fundo de olho são:

I) Passos iniciais:
• Apresentar-se ao paciente;
• Chamá-lo pelo nome;
• Higienizar as mãos;
• Orientar que realizará o exame de Fundo de Olho.

II) Manter a sala com pouca luz.

III) Paciente deve estar com a face à altura da face do examinador (sentado ou em pé)
e com a cabeça preferencialmente apoiada em superfície plana.

IV) Pedir para o paciente ficar com os olhos bem abertos, olhando fixo em um ponto à
sua frente, à mesma altura dos seus olhos e sobretudo não seguindo a direção do feixe
de luz neste momento do exame.

V) Ligar o oftalmoscópio.

VI) O oftalmoscópio deve estar na posição vertical;

VII) O dedo indicador deverá estar posicionado no disco de rotação do aparelho - corrigir
o erro refracional do examinador: Se usar óculos, deixar no zero. Em princípio, devemos
examinar o olho do paciente com o olho equivalente ao nosso, isto é, o
esquerdo examina o esquerdo e o direito examina o direito.

• Examinar com a mão direita e com olho direito – o olho direito do paciente
• Examinar com a mão esquerda e com olho esquerdo – o olho esquerdo do
paciente.
VIII) O exame deve começar pelo nervo óptico (disco óptico). Se visualizar primeiro um
vaso sanguíneo, deve-se seguir a sua direção até o disco óptico e então começar o
exame.

IX) Deverão ser observadas as estruturas: disco óptico, vasos sanguíneos, mácula e
restante da retina.

- Papila: À distância de um braço do paciente, aproxima -se o máximo possível, pelo


lado temporal, sempre buscando a visualização do reflexo vermelho até que apareça
alguma estrutura do fundo de olho. Focaliza-se a imagem, utilizando o conjunto de
lentes do oftalmoscópio. A seguir, deve-se localizar a papila ou disco óptico. A trajetória
dos vasos, também, serve de guia, uma vez que saem juntamente com as fibras do
nervo óptico. Analisa-se a papila quanto à cor, forma, limite e escavação (espaço central
por onde passam as fibras nervosas e os vasos sanguíneos).
DISCO ÓPTICO (PAPILA):

- Coloração – rosada.
- Forma – habitualmente redonda e ovalada.
- Tamanho – diâmetro médio mais ou menos 1,5 mm.
- Bordos – os bordos do disco óptico normalmente são nítidos e bem definidos.
- Vasos: Examinar a artéria e veia central da retina que saem da papila óptica e se
dividem em ramos temporal superior, nasal superior, temporal inferior e nasal inferior.
Os vasos sanguíneos deverão ser avaliados pela sua transparência, estreitamente focal
das artérias, tortuosidade e dilatação venosas, eventuais hemorragias ou exsudatos
retinianos.

- Retina: Após a análise dos vasos, passamos a apreciar a retina como


um todo, analisando a cor e uniformidade.

- Mácula: O exame da mácula é feito por último, uma vez que essa região é mais
sensível à luminosidade, provocando desconforto ao paciente. É uma área avermelhada
escura, arredondada e mais escura do que o resto da retina. Não tem vasos sanguíneos.
Localiza-se temporal ao disco óptico, a uma distância aproximada de mais ou menos 3-
4 mm do bordo temporal do disco óptico. Para se examinar melhor a área macular pede-
se ao paciente para olhar para a luz do oftalmoscópio.

FUNDO DE OLHO NORMAL

O grande círculo pálido é o disco óptico, início do nervo óptico. As arteríolas emergem
do disco e têm a coloração vermelha mais clara do que as vênulas, que são escuras e
nele imergem.
A área avermelhada à direita do disco é a mácula, o local de maior acuidade visual,
cujo centro é a fóvea.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Rodrigues, Maria de Lourdes Veronese. “Semiologia oftalmológica”. MEDICINA
(Ribeirão Preto. Online) 29.1 (1996:54-60).
Coleção CBO – Série Oftalmologia Brasileira – Semiologia Básica em
Oftalmologia. 3ª edição. Editora Gen, 2013.

Você também pode gostar