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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
MOSSORÓ-RN
2019
LARA FERNANDES DE ARAÚJO PEREIRA
Relatóriodeestágio apresentado a
Universidade Federal Rural do Semi-Árido
como requisito para obtenção do título de
Bacharel em Medicina Veterinária.
MOSSORÓ-RN
2019
AGRADECIMENTOS
A minha mãe, Maria Neuza, minha melhor amiga, por estar ao meu lado todos
os dias, pelas palavras de apoio, por acreditar que eu seria capaz, por nunca medir
esforços para que eu tivesse todo suporte necessário para realizar o curso, por vibrar
com minhas conquistas.Essa realização é nossa mainha!
Ao meu pai, João de Araújo, uma pessoa que posso sanar as minhas dúvidas,
meu porto seguro de conhecimento.
Aos Médicos Veterinários Paulo Cisneiro, Kilder Dantas e Nilza Dutra, meus
motivos de inspiração.
A Médica Veterinária, Emanuelle Oliveira, por ter aceitado compor esta banca.
A minha querida amiga, Viviane Andrade (in memorian), que deixou o curso
sem despedidas, mas estará sempre em meus pensamentos.
As minhas primas, Rafaela, Carine, Irla eRuth por me mostrar que tenho lindas e
problemáticas irmãs, amo vocês!
À memória das minhas avós ,Maria Iracema e Severina Glaura, ambas me
mostraramo melhor que possuíam, e hoje deixaram um espaço cheio de lindas
recordações, um dia ainda iremos nos reencontrar.
Aos animais de minha vida que hoje estão no céu, Tom, Sol, Cida, Pintinha,
Lobinho, Sherie, Julis Rimet, Manda-Chuva, Dora, Mitchu, Rosabé. Aos animais que
alegram o meu dia Penna, Bombom, Mariceu, Anny, Bianca, Bruce, Amires e Mingau.
Pessoal nos formamos!
"Um cão, eu sempre disse, é prosa; um gato é poesia."
Jean Burden
RESUMO
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2001).ParaLittle (2012), a aspiração de lipídios ou pneumonia lipídica(óleo mineral ou
de parafina) não provoca a inibição reflexa da aspiração, isso devido a sua natureza não
irritante. Este tipo de pneumonia pode ser de origem endógena ou exógena. Esse
distúrbio pode ser fatal.
Diante disso,objetivou-se descrever um caso de uma gata(Feliscatus) com
pneumonia aspirativa acompanhado durante o Estágio Supervisionado na área de
Clínica Médica de Pequenos Animais do curso de Medicina Veterinária da UFERSA.
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2 OBJETIVOS
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3 REVISÃO DE LITERATURA
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A pneumonia bacteriana é a inflamação das vias respiratórias
posteriores,secundária à infecção bacteriana devido à aspiração de microrganismos,
devido ou não ao comprometimento dos mecanismos de defesa pulmonar (JERICÓ,
2015).
Esse tipo de pneumonia é pouco frequente em gatos.Osagentes comumente
associados a pneumonia bacteriana em gatosmais frequentes são:
Bordetellabronchiseptica, Streptococcusequi,Mycoplasmasspp.,Streptococcusspp. e
aPasteurellaspp., sendo os dois últimos mais frequentes (LITTLE, 2012).
Conforme o autor supracitado, as manifestações clínicas comumente associadas
a pneumonia bacteriana em gatos são: infecção do trato respiratório anterior, corrimento
nasal, desconforto respiratório grave e manifestações sistêmicas como febre, anorexia,
letargia e dor à palpação abdominal.
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das manifestações clínicas agudas fatais. A sintomatologia, assim como a sua gravidade
é dependente do número de organismos infectantes, local lesionado, resposta
imunológica do hospedeiro ao parasita adulto, ovo e larva (MURAKAMI; PRÓPERO;
MONTANHA, 2011).
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A sintomatologia da pneumonia lipóideendógena incluidispnéia, tosse e
expectoração de muco, mas a casos em que a sintomatologia é ausente(RAYA, 2006).
O diagnóstico é realizado com auxílio da radiografia, exame de expectoração,
aspirado pulmonar, tomografia computadorizada e/ou lavado
broquioalveolar(McGAVIN; ZACHARY, 2013).
A histologia de um fragmento pulmonar revela pneumonia intersticial
multifocal, com presença de fibrose intersticial, abundante aglomerado de macrófago,
linfócitos e poucos neutrófilos presentes nos espaços alveolares, há ainda a presença de
células gigantes multinucleadas e proliferação de pneumócitos tipo II (RAYA, 2006). O
uso de um corante que possuem afinidade com lipídio, tal como o Sudan IV que mostra
os vacúolos abundante e rico em lipídios nos macrófagos(CARMINATO,2011).
Nas lesões macroscópicas são representadas por nódulos brancos firmes e
multifocais dispersos por todo o órgão (McGAVIN;ZACHARY, 2013).
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O óleo mineral (parafina líquida ou vaselina líquida)é um produto secundário
derivado da destilação de petróleo na produção de gasolina e que depois de purificado e
destinado a diversos usos entre elas a medicação laxativa. O óleo mineral é transparente,
insípido. Por não ser absorvido no trato digestivo o óleo mineral reduz a absorção de
água além de agir como um lubrificante (ABONIZIO, 2018).
Carminato(2011),relataquea aspiração de lipídios não provoca a inibição reflexa
da aspiração, e devido à baixa volatilidade e alta viscosidade leva a diminuição de tosse.
O óleo mineral depois de aspirado, ou inalado chega à árvore traqueobrônquica e reduz
a motilidade do transporte mucociliar, pois altera as propriedades viscoelásticas das
secreções, dificultando o clareamento pulmonar. A aspiração crônica de óleo mineral é
facilitada por distúrbios de deglutição, doenças esofágicas, e neuropatias, porém a
administração forçada, levando a um quadro de pneumonia lipídica em animais sem
predisposição anatômica ou anormalidade funcional.
Os lipídios são emulsificados nos espaços alveolares e fagocitados pelos
macrófagos alveolares, devido a incapacidade de metabolização do óleo mineral pelas
enzimas pulmonares. Os macrófagos vão para o tecido intersticial e chegam aos vasos
linfáticos peribrônquicos e linfonodos hílares. Nem todos os macrófagos conseguem
penetrar no tecido e por não ser incapaz de metabolizar o óleo mineral ele acaba
desintegrando-se e devolvendo o óleo mineral ao espaço alveolar. Os macrófagos
presentes no espaço alveolar iniciam a sua ativação, o que leva a liberação de citocinas e
reação inflamatória. De início ocorre uma resposta inflamatória de corpo estranho,
evoluindo para uma inflamação intersticial crônica que posteriormente leva a fibrose
pulmonar. Isso se torna um círculo vicioso e acaba contribuindo para a cronicidade da
doença, mesmo que haja a descontinuidade do produto(CARMINATO,2011).
A sintomatologia consiste em um quadro febril brando, apatia, anorexia,
dificuldade respiratória e frequência aumentada dos movimentos respiratórios(HUHN,
2002).
O diagnóstico de pneumonia lipídica é baseado no histórico de ingestão de óleo
mineral, junto com os fatores de risco, além de achados clínicos e exames de imagens
(radiografias e tomografias), deve-se fazer a comprovação de lipídios no material
coletado por via broncoscopia, lavado broncoalveolar, biópsia pulmonar, ou aspiração
por agulha (HUDSOND et al.,1994). Assim, o fluido oriundo do lavado broquioalveolar
com presença de macrófagos repletos de lipídios é o exame de extrema importância para
fechar o diagnóstico.A radiografia quanto à tomografia permite expandir as informações
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sobre a ablação e extensão da inflamação. Na radiologia três incidências devem ser
feitas: lateral esquerda, lateral direita e dorsoventral ou ventrodorsal(LITTLE, 2012).
No entanto, segundo Hudsond et al. (1994), a radiografia não é um exame
confiável para pneumonia lipídica, visto que de acordo com a concentração de lipídios
nos pulmões pode ser incorretamente diagnosticada como carcinoma broncogênico,
doença metastática ou outra neoplasia.
O histórico de administração oral forçada de óleo mineral é de extrema
importância para fechar o diagnóstico. Na auscultação é possível reconhecer os sons
pulmonares que pode vim através de vários ruídos. A auscultação ainda delimita as
áreas afetadas dos pulmões. A pneumonia lipídica também pode manifestar-se através
de nódulos, pneumatoceles e derrame pleural. Podem ocorrer leucocitose e aumento da
velocidade de hemossedimentação (CARMINATO,2011).
Ainda de acordo com Carminato(2011), a pneumonia lipídica na patologia
caracteriza-se por presença de células gigantes, fibrose alveolar, intersticial e
inflamação crônica, podem ser visualizadas a presença de macrófagos repletos de
lipídios dentro dos alvéolos e a normalidade de septos e das paredes alveolares no início
da doença. Com a o avanço da doença é possível ser visualizadas a presença de grandes
vacúolos e infiltrado inflamatório nas paredes alveolares, brônquicas e septos. Em casos
crônicos é possível visualizar pontos de fibrose e necrose do parênquima ao redor dos
grandes vacúolos repletos de lipídio.
O tratamento consiste em antibicoterapia, fluidificantes de muco pré-formulado. A
oxigenoterapia é de extrema importância em quadros graves, além da fluidoterapia. O
animal não deverá ter seu estado alterado para que não ocorra o agravamento do quadro
respiratório, por isso é necessário o repouso obrigatório do animal em local calmo com
ausência de estresses, tais como sonoro e térmico. Pode ser realizado broncoscopias
com o objetivo de lavagem e retirada do óleo mineral(LITTLE, 2012). De acordo com
Hawkins (2004), a lobectomia é um metodo de tratamento onde é removida a parte
necrosada, evitando assim o agravamento do quadro.
De acordo com Carminato (2011), o prognóstico é reservado, pois em caso de
infecções bacterianas, fibrose progressiva, bronquiectasias, o quadro evolui para
falência respiratória e óbito.
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4 METODOLOGIA
O HOVET possui uma demanda de várias espécies animais, entre elas destacam-
se os pequenos animais, caninos e felinos, cuja casuística é alta. Na área de pequenos
animais o Hospital Veterinário disponibiliza diversos serviços ao atendimento como:
Clínica Médica de Pequenos Animais (CMPA), Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais
(CCPA), Anestesiologia Veterinária, Diagnóstico por Imagens, Patologia Veterinária.
A estrutura do hospital veterinário do setor de pequenos animais, conta com
recepção, sala de espera, cinco consultórios (Figura 2A), duas salas de internamento,
sendo uma para animais com doenças não infecciosas e outra para animais com doenças
infecciosas (Figura 2B), farmácia (Figura 3), laboratório para análises clínicas (Figura
4), sala para exames radiográficos, sala para exames de ultrassonografia, sala para
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medicação pré-anestésica, dois centros cirúrgicos, sala pós-cirúrgica, auditório,
diretoria, copa, almoxarifado, sala de autoclave e esterilização de material.
A B
Fonte: Acervo pessoal, 2019.
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Figura 6 Laboratório para análises clínicas do Hospital Veterinário Dix-Huit Rosado
Maia, Mossoró/RN, 2019.
23
ultrassonografia), e/ou aplicação de medicação.Opaciente também pode ser
encaminhado para a clínica cirúrgica, se houver necessidade.Todas as consultas são
atendidas pelos residentes, e em caso de dúvidas, os médicos veterináriosefetivos
doHOVET-UFERSA são solicitados. Se houver a necessidade será feita realização de
exames complementares, os exames de imagem (radiografia e ultrassonografia), e
exames laboratoriais (citologias, hemograma, bioquímicas, raspados cutâneos, entre
outros).
A equipe técnica do HOVET-UFERSA é composta por cinco médicos
veterinários, um farmacêutico, um bioquímico, um técnico de laboratório, um técnico
em radiologia e dezenove médicos veterinários residentes nas diversas áreas, sendo
cinco residentes em Clínica Médica de Pequenos Animais, além de estagiários.
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5. RELATO DE CASO
Nome: Belinha
Espécie: Felina
Raça: Sem raça definida – SRD
Sexo: Fêmea
Idade: 7 meses
Peso: 1,700 Kg
Registro geral: 3257/18
Endereço: Sitio Pau Darco
Município Governador Dix-sept Rosado - Rio Grande do Norte
Queixa principal: Dificuldade respiratória
5.2 Anamnese
A tutora relatou que o animal com menos de dois meses de idade apresentava
constipação, o abdome e a região anal apresentavam distendidos. Para que houvesse a
melhora do quadro de constipação o animal foi submetido a protocolos terapêuticos que
consistia, principalmente, na administração de óleo mineral por via oral. O animal
desenvolveu um quadro de tosse no decorrer no tratamento, que foi tratada sem
apresentar um melhora significativa.
No dia 14 de novembro de 2018a tutorarelatou que o animal apresentava apático.
No dia seguinte, o animal consumiu peixe, e em seguida foi observado um agravamento
no quadro respiratório. O animal apresentava a boca aberta, vocalizava, não aceitava
contato com os donos, cambaleava ao andar e apresentava-se imóvel ao deitar.No dia 16
de novembro de 2018 a tutora levou o animal ao HOVET-UFERSA.
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mucosashipocoradas,grau de desidratação avaliado em 6%, ausência de ectoparasitas,
coração normofônico, frequência cardíaca 152 bpm, tempo de preenchimento capilar de
3 segundos, pulmões com som de crepitação, dispnéia mista toracoabdominal, abdome
não apresentava alteração e aparência geral reservada(Figura 5).
26
.
Fonte: Acervo pessoal, 2018.
ERITOGRAMA
VALORES VALORES DE REF. EM GATOS
Hemácias 6,40 milhões/mm3 5 – 10 milhões/mm3
Hemoglobina 10,8 g/dL 8 – 15 g/Dl
Hematócrito 32 % 24 – 35 %
VCM 50 Fl 39 – 55 fL
CHCM 34 % 30 – 36 %
LEUCOGRAMA
LEUCÓCITOS 42.600 /mm3 7 – 23 mil/mm3
NEUTRÓFILOS % (Ref. %) ABSOLUTO (Ref. ABSOLUTO)
Segmentados 78 (35 – 75) 33228 mil/mm3 (3600-13800) /mm3
Bastonetes 3 (0 – 3) 1278 mil/mm3 (0-700) /mm3
Metamielócitos 0 0 0 0 /mm3
Mielócitos 0 0 0 0 /mm3
EOSINÓFILOS 1 (2 – 12) 426 mil/mm3 (160-3000) /mm3
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BASÓFILOS 0 (0 – 1) 0 0 /mm3
LINFÓCITO 13 (20 – 55) 5538 mil/mm3 (1600-3000) /mm3
HEMATOSCOPIA
Plaquetas ~ 320mil/mm3 (Ref. 200-600 mil/mm3)
BIOQUÍMICAS SÉRICAS
Creatinina 1,1mg/dL (Ref. 0,7 – 1,7 mg/dL)
OBS: Granulações tóxicas nos neutrófilos segmentados.
Fonte: Banco de dados HOVET/UERSA (2018).
5.6 Diagnóstico
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eadministração de Amoxilinatriidatadaassociado aoclavulanato de potássio,
pentabiotico, furosemida e metadona(Figura 7).
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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Para amenizar a condição de angústiarespiratória, a gata foi encaminhada para a
oxigenoterapia a fim de amenizar a sua condição. Nelson e Couto (2006) relatamque os
felinos que apresentam angustia respiratória deve-se tentar a estabilização antes da
realização de exames diagnósticos.
Como observado na tabela 2, o animal foi tratado com óleo mineral por várias
vezes. De acordo comLittle(2012), a inalação de óleo mineral durante a administração
para o tratamento de tricobezoares e constipação, apresenta como uma das principais
causas de pneumonia aspirativa de lipídios, sendo condizente com o animal do caso
relatado.
O hemograma evidenciou leucocitose, linfocitose, se enquadrando em um
quadro inflamatório e infeccioso. A hematoscopia indicou infecção bacteriana a partir
de granulações tóxicas nos neutrófilos segmentados. De acordo com Hawkins (2004), o
hemograma pode indicar uma leucocitose neutrofílica com desvio à esquerda ou
neutropenia com desvio à esquerda regenerativo, no entanto, sugere que um hemograna
sem alterações não seja o principal fator de descarte de pneumonia bacteriana associada
à pneumonia aspirativa crônica. Condizente com Hudsond et al. (1994) que relata que o
animal não havia anormalidades físicas, e a hematologia, bioquímica, e urinálise
estavam dentro dos limites normais.
Foram realizadas duas projeções radiográficas, VD (ventro-dorsal) e LL (látero
lateral), com finalidade de elucidar o tipo e a extensão (gravidade) da pneumonia.No
laudo foi possível a visualização de um padrão instersticial/alveolar focal nos lobos
médios, caudais e o acessório, visualizando um processo inflamatório grave, fibrose, ou
calcificação distrófica. O laudo foi sugestivo de pneumonia por aspiração.
A conduta realizada em caráter de emergência consistiu na oxigenoterapia,
administração de Amoxicilina com associação de clavulanato de potássio), pentabiótico,
mucomucil xarope (pois tem função mucolítico), furosemida (devido ao edema
pulmonar), metadona(para o alívio da dor) e fluidoterapia. Segundo Hawkins (2004), os
antibióticos deverão ser administrados em animais com sinais de infecção bacteriana.
Para Spinosa (2002) amoxicilina é da família da penicilina de segunda geração sensível
à penicilase e o ácido clavulâmico inibe as beta-lactamases. De acordo com Hawkins
(2006), outras drogas podem ser utilizadas como o: trimetoprim-sulfadiazina (15 a 30
mg/Kg a cada 12 horas), enrofloxacina (2,5 a 5 mg/Kg a cada 12 horas), e o
cloranfenicol (50 mg/Kg a cada 8 horas).
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A fluidoterapia de acordo com Hawkins(2006) tem como objetivo a
umidificação e diluição da viscosidade o que ajuda os mecanismos normais de
depuração dos pulmões, além de ser mucolítica e de natureza não irritante.
A tutora foi alertada sobre o prognóstico e a recomendação da internação com
oxigenoterapia.No entanto a tutora não seguiu a recomendação e retornou com o animal
para casa, o que levou a piora domesmo.
No retorno, o animal apresentava poucas melhoras e estava febril (39.7º C). A
terapia local consistiu na administração do mucomucil, pentabiotico, meloxicam e
dipirona sódica, o animal permaneceu internado e recebeu fluidoterapia e
oxigenoterapiaaté o fim do expediente.
A tutora novamente retornou com o animal para casa e assim, foi estipulado a
terapia domiciliar com Amoxicilina-clavulanato 250 mg/15 mL,mucomucil e
meloxicam, a terapia foi estipulada ate novas recomendações.
Com o óbito do animal após 11 dias após o atendimento no HOVET, procurou-
se realizar a necrópsia, no entanto, a mesma não foiautorizada. A necrópsia seria
bastante importante para o caso, pois provavelmente elucidaria a causa da constipação e
se de fato a pneumonia lipídica foi causada pela aspiração do óleo mineral. Seguindo
Hawkins (2004), o diagnóstico de pneumonia por aspiração deve ser realizado com base
a achados radiográficos, anamnese e histopatológico.Hudsond et al. (1994) relata que
após fragmentos do pulmão congelado ser cordão com Oil-Red-0 Stain foi evidenciado
uma grande quantidade de gordura neutra, sendo a em maior quantidade dentro dos
vacúolos intracitoplasmáticos dos macrófagos ficando de acordo com Carminato, 2011.
O que induziu o paciente a desenvolver a pneumonia aspirativa não foi
elucidado, porém acredita-se que o longo histórico de administração de óleo mineral via
oral tenha levado ao quadro sugestivo de pneumonia lipóide exógena. Assim o
diagnóstico presuntivo é que o animal sofria de um quadro de pneumonia aspirativa
exógena por óleo mineral decorrente ao seu uso crônico.
A pneumonia aspirativa por óleo mineral é uma patologia rara na Clínica de
Pequenos Animais, de diagnostico dificultoso, o tratamento é inespecífico e realizado
com base na sintomatologia.Oprognóstico é reservado, assim caracteriza-se como uma
doença potencialmente letal(LITTLE, 2012).
Carminato (2011) relataum caso de um cachorro de dez anos que apresentava
fadiga e tosse após um mês sendo administrado óleo mineral (5 mL por via oral, a cada
12 horas) devido a um recorrente quadro de constipação.
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Hudsond et al. (1994) relata um caso de um cachorro, macho, mestiço que foi
atendido na Clinica de Pequenos Animais na Universidade de Aubum, apresentando
tosse não produtiva com duração de três meses, anorexia, dispnéia, intolerância ao
exercício, hipersalivação, com o cabeça estendido para baixo e ligeiramente inclinada
para a esquerda (evidenciando uma dificuldade respiratória), normotérmico, e as
frequencia de pulso e respiratórias foras de 120 e 60, respectivamente. Relata ainda que
os sons pulmonares estavam aumentatos e os cardiacos diminuidos. O animal tinha um
historico de constipação e dois anos anteriores teria feito o tratamento a base de oleo
mineral por via oral, a posologia é desconhecida.
É indispensável que os médicos veterinários fiquem cientes dos riscos da
administração do óleo mineral e que estejam atentos a anamnese de um paciente com
quadro de doença do trato respiratório inferior. Além disso, é essencial que se observem
se há real necessidade de indicação do óleo mineral como laxativo, e se o paciente não
está inserido no grupo de risco (animais com palatosquise, distúrbios gastrointestinais e
deficiências neurológicas). O medico veterinário deve explicar ao tutor como
administrar o óleo mineral, assim como suas possíveis complicações.
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7 CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
DAVIS. J. L. et al. Acute and chronic mineral oil pneumonitis in two horses.
JournalEquineVeterinaryEducation, v. 13, n. 5, p. 230-234, 2001.
35
HUDSON, J. A., et al.PRESUMED MINERAL OIL ASPIRATION AND CAVITARY
LUNG LESIONS IN A DOG. Veterinary Radiology Ultrasound,v. 35, n.4, p. 277–
281, 1994.
36
PEREIRA, C.M. O papel do estagiário na formação dos alunos do curso de
administração da UFRGS. Porto Alegre, 2013.
RASKIN, R.E.; MEYER, D.J. CitologiaClínica de cães e gatos: atlas colorido e guia
de interpretação.2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 976 p.
RASKIN, Rose E.; MEYER, DennyJ..Citologia clínica de cães & gatos: Atlas
colorido e guia de interpretação. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda., 2012. 976
p.
37