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Turma C / 7
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Folha para recomendações de melhoria
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Índice
1. Introdução................................................................................................................................. 3
4. Conclusão ............................................................................................................................... 13
O presente trabalho referente a cadeira de Didáctica de Geografia II, viva debruçar sobre as novas
tendências Didácticas - metodológicas no Ensino da Geografia, o ensino de Geografia em
Moçambique. O ensino de Geografia deve se desenvolver impulsionado pela sensibilidade e pela
urgência de aliar o conhecimento científico e tecnológico a uma nova perspectiva de produção
material da vida, pautado no respeito aos seres humanos e à natureza, e principalmente, vinculado
a vivência dos estudantes e seu entorno. Para tanto, consideram-se, de grande importância, os
processos formativos docentes numa vertente crítica, transformadora e emancipatória, a fim de que
possa instrumentalizar os professores a atuarem com o foco na cidadania e na problematização
deste modelo de sociedade.
1.2. Metodologias
Contudo, no que diz as metodologias neste trabalho privilegiou-se a pesquisa bibliográfica que
correspondem aos documentos que nos permitiram uma confrontação de ideias e posicionamentos
teóricos adoptados por vários estudiosos e teóricos em que se assenta este estudo.
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2. Conceitos básicos
2.1. Ensino
Segundo Baranov, S.P. et al (1989), o ensino é "um processo bilateral de ensino e aprendizagem".
Daí, que seja axiomático explicitar que não existe ensino sem "aprendizagem". Seu posicionamento
sempre foi muito claro, quando estabeleciam entre ensino e aprendizagem, uma unidade dialética.
Segundo Araújo apud Ploharski (2011), a metodologia de ensino – que envolve os métodos e as
técnicas – é teórico prática, ou seja, ela não pode ser pensada sem a prática, e não pode ser praticada
sem ser pensada. De outro modo, a metodologia de ensino estrutura o que pode e precisa ser feito,
assumindo, por conseguinte, uma dimensão orientadora e prescritiva quanto ao fazer pedagógico,
bem como significa o processo que viabiliza a veiculação dos conteúdos entre o professor e o aluno,
quando então manifesta a sua dimensão prática.
Entende-se que a prática da Geografia na escola está recheada de hábitos ancestrais e, esses
continuam a distorcer a realidade construída historicamente distanciando os homens de uma
apropriação do espaço nos moldes de uma cidadania efectiva.
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Nesse sentido, o repensar na dimensão técnica, política e ética do processo ensino-aprendizagem
na Geografia escolar e suas repercussões na sociedade, constitui o ponto fulcral nas novas
tendências didactico-metodologicas aplicáveis ao ensino da Geografia.
Opta-se por esse caminho para reflectir, de forma clara e profunda, o que o ensino da Geografia
vem fomentando para a formação de sujeitos que reconheçam a dimensão social de sua participação
na apropriação do espaço, pois entende-se que o trabalho com essa disciplina pressupõe um
projecto de alfabetização espacial que considera a dimensão social, técnica e política para a
desconstrução da ideia de encarar a sociedade como mera mercadoria.
Como lembra-nos Brabant (1989), falar da questão didáctico-pedagógica da Geografia escolar nos
remete a uma reflexão em torno das sérias críticas por qual passa seu ensino, como, aliás, acontece
com o ensino em geral. Deve-se a isto à tradicional postura da Geografia e do professor, que
consideram como importante, no processo educativo: os dados, as informações, o elenco de
curiosidades, os conhecimentos gerais, as localizações, enfim, o conteúdo acessório.
Discurso descritivo, até determinista, a Geografia na escolar elimina, na sua forma constitutiva,
toda preocupação de explicação. A primeira preocupação é descrever em lugar de explicar;
inventariar em lugar de analisar e de interpreter. Essa característica é reforçada pelo
enciclopedismo e avança no sentido de uma despolitização total.
Esse escopo, herança do século XIX, interfere no carácter propedêutico de uma Geografia voltada
para a cidadania, pois não consegue formar e manter conceitos geográficos válidos cientificamente
e relevantes socialmente, existindo um predomínio forte de um ensino alinhado com apenas uma
orientação paradigmática da Geografia e, em muitas situações didácticas verifica se:
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informações geográficas (geoprocessamento – SIG), existindo, portanto, um atraso
desnecessário.
A propósito, a dimensão social de construção do espaço geográfico, tem uma literatura bastante
difundida no meio científico, não apenas pelos “novos geógrafos”, mas também por pensadores de
outras áreas, contudo a situação de atraso ainda é persistente no quotidiano da escola.
Desta feita, dificilmente o ensino, ora apresentado, contribuirá para que os sujeitos em
aprendizagem expressem livremente o desenvolvimento de suas ideias, de suas atitudes e os
procedimentos que lhes são característica frente ao mundo que se globaliza desigualmente.
A nosso ver essa questão pode ser colocada num plano anterior decorrente de uma escola
estruturada a partir de uma divisão intelectual e técnica do trabalho em que se urgia um
“adestramento docente” para que o professor exercesse apenas a função de executor de planos,
projectos educativos e metodologias pensadas por outrem num espaço e tempo controlados e/ou
vigiados (Foucault, 1987).
Dessa forma, os impedindo de pensar sobre a função social do ensino da Geografia no contexto da
vivência da sala de aula, da hierarquia da instituição escolar e da sociedade.
Decorrente dessa prática, a sala de aula da Geografia escolar segue, em seu processo educativo, um
modelo pedagógico curricular conteudístico e, fortemente, padronizado em substituição à
consciência crítica da maioria da sociedade e de sua participação. Essa lógica funcionalista desvela
o pragmatismo que a sociedade ocidental vem mantendo e reforçando no dia-a-dia do fazer
profissional da rede pública e privada de ensino, pois essa prioriza, como meta educacional, às
políticas educacionais “pré- estabelecidas” em detrimento do currículo real, advindo do quotidiano
escolar em seus mais variados aspectos e sua sistematização (Silva, 2002).
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É na identificação das lacunas, de ordem didáctico-pedagógica na sala de aula de Geografia, que
poderemos perceber a emergência da mudança do paradigma persistentemente presente no âmbito
escolar. Porém, precisamos reflectir sobre as seguintes questões:
O espaço Geográfico hoje, como nos legou Milton Santos (2002, 1986) é concebido como um
conjunto de sistemas de objectos, de sistemas de acções e de sistemas de informações, ultrapassa a
mera visão da materialidade como teatro de acção, mas é condição para a acção, e é a partir desse
entendimento que surge o homem livre que igualmente se afirmará no grupo.
Visto dessa forma, o ensino da Geografia terá por finalidade formar gente capaz de se situar
correctamente no mundo e de influir para que se aperfeiçoe a sociedade humana como um todo.
É inconcebível uma educação feita mercadoria, porque ela reproduz e amplia as desigualdades,
sem extirpar as mazelas da ignorância. “Essa educação sectorial, profissional e consumista só (re)
produz gente deseducada para a vida” (Santos, 1997).
É na sala de aula, cenário vivo de inteirações por excelência, que se intercambiam explícita ou
tacitamente ideias, valores e interesses diversos seguidamente enfrentados pela “lógica da
preparação para o mercado de trabalho”. Diríamos que a escola é democrática? Certamente a escola
é uma contradição onde à ideologia da igualdade de oportunidade se desenvolve lenta, mas
decisivamente o processo de classificação, de exclusão das minorias, e do posicionamento
diferenciado para o mundo do trabalho e para a participação social.
Dessa forma, reflectir a praxis pedagógica é o caminho para verificar se ela reproduz os valores
dominantes ou se ela liberta os indivíduos. Ao nos posicionarmos, avançamos na busca de uma
sociedade mais humanitária, pois sempre haverá a consideração da interacção eu-outro-mundo.
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Assim, se faz necessário que a acção educativa represente, na sua prática efectiva, um decidido
investimento na consolidação da força construtiva dessas mediações, sempre tentando reverter seu
potencial alienador para aderir à construção de uma cidadania realmente activa, pois a prática
pedagógica não é destituída de sentido político.
A trajectória da Geografia escolar, tem sido permeada por um discurso ideológico que mascara a
importância estratégica dos raciocínios centrados no espaço. Ela tem sido marcada por um
enciclopedismo e por uma enumeração mecânica de factores de ordem natural e social presentes
num dado território.
Esse facto desperta nos alunos uma noção de inutilidade, gerando o desinteresse pelos estudos
geográficos e, consequentemente, acaba por distanciar os sujeitos do conhecimento de si, enquanto
sujeitos sociais e construtores da história no que concerne à cidadania. Estamos num momento em
que a conjuntura política é, sem sombra de dúvida, muito fértil para o mercado competitivo e este
faz da técnica a grande banalidade e o grande enigma que comanda a vida social, impõe relações,
modela e administra essas relações com o entorno. Até mesmo a natureza que foi fragmentada
durante tantos séculos é agora unificada pela história em benefício de firmas, Estados e classes
hegemónicas.
Destarte, o mundo do pragmatismo vem submetendo a sociedade e a escola a uma lógica perversa
que prioriza o saber prático, em detrimento do saber filosófico. Esse é considerado residual ou
mesmo desnecessário, prática que ameaça, sem sombra de dúvida, as relações humanas.
Reconhecemos que a função social da Geografia escolar consiste em alfabetizar o aluno para o
conhecimento do seu espaço geográfico, espaço que não deixa de ser da sociedade e/ou da técnica
e é por meio desse conhecimento que os sujeitos poderão politicamente apropriá-los, pois, não
podemos encarar a sociedade como mera mercadoria, senão, os direitos políticos e os direitos
individuais vão ser frequentemente desrespeitados, ou mesmo, pisoteados e anulados.
Aliás, é essa sociedade que contribui na acentuação da violência urbana e rural e no crescente
número dos sem-terra, sem-tecto, sem-nada. É urgente a mudança no enfoque e nas estratégias de
nossas práticas didáctico-pedagógicas, para que possamos contribuir para a construção de uma
sociedade onde não haja tanta discrepância social geradora de baixa qualidade de vida.
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3.1. O Ensino de Geografia em Moçambique
A Geografia é, por excelência, uma disciplina que permite a ligação entre a teoria e a prática
(Ministério da Educação de Moçambique, 2010). Esta disciplina é extremamente prática e de
aplicação à realidade fisica, social, cultural, económica e ambiental de qualquer área à escala
mundial.
O ensino da Geografia e o papel da escola é preparar os jovens de modo a torná-los cidadãos ativos
e responsáveis na família, no meio em que vivem (cidade, aldeia, bairro, comunidade) ou no
trabalho (Ministério da Educação de Moçambique, 2010, p.6).
Entende-se que o ensino da Geografia tem como objectivo contribuir para a construção de uma
identidade colectiva dos alunos na realidade sócio -espacial, significa dizer « pensar » e « agir » no
espaço.
Contudo, a prática desse ensino é marcada por tensões entre as realidades dos grupos sociais; pelas
constantes mudanças, resultados das produções científicas; pelas reformas educativas, como por
outras tensões significativas da realidade.
Assim, a Geografia escolar em Moçambique sofre vários problemas, ligados a escolha e aplicação
dos conteúdos, à pertinência ao nível de ensino, às questões concernentes à Psicologia Infantil, ao
conhecimento da disciplina e aos estatutos epistemológicos desse conhecimento, aos objectivos da
sociedade e à utilização de instrumentos didácticos que facilitem a aprendizagem.
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Entretanto, o ensino e a aprendizagem da Geografia escolar se caracterizam pela utilização
excessiva do livro didáctico, pela aplicação dos conteúdos mais conceituais que procedimentais,
como também pela utilização descontextualizada e estereotipada das cartas geográficas.
Mas o que leva os professores de Geografia, destes níveis de ensino, a terem esta prática? E quais
seriam as propostas de intervenção que poderiam mudar o quadro do ensino da Geografia escolar?
Em geral, no contexto sócio educacional moçambicano, leva a supor que os professores das escolas
públicas encontram diversas dificuldades de duas ordens: a externa, principalmente económica,
e a interna, que se refere ao tipo de currículo e organização do espaço escolar.
Em outras palavras, a confrontação das representações dos alunos aos conhecimentos geográficos
escolares permitiria a aquisição de um pensamento geográfico crítico, susceptível de ajudar o aluno
a se pensar e a agir no seu próprio meio e outros. O estudo das representações sociais do espaço se
revela útil, pois ele pode apoiar o trabalho dos professores na organização das práticas pedagógicas,
respeitando os saberes dos alunos e as diferentes maneiras de aprender.
Assim, a proposta de se pensar as práticas escolares formais e não formais a partir da diversidade,
com as novas tecnologias – as novas ou as velhas linguagens revisitadas/(re)significadas –, torna-
se de fundamental importância. A dificuldade encontrada em passar os conteúdos de geografia de
forma mais clara e interessante no ensino fundamental e médio, especialmente nas escolas públicas,
tem sido atribuída a alguns aspectos que precisamos superar, entre eles a deficiência da formação
ou desatualização dos professores, falta de material didático que promova a contextualização,
precariedade do trabalho docente.
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Mas apesar deste quadro precisamos re-ver, re-avaliar, re-significar nossas práticas. Precisamos
aproximar cada vez mais a realidade do aluno ao que se é ensinado na escola.
Callai (2005), ressalta a importância de se valorizar a experiência dos alunos, afirmando que é a
partir da vivência concreta que se busca a ampliação do espaço da criança com a aprendizagem da
leitura destes espaços e, como recurso, desenvolve-se a capacidade de aprender a pensar o espaço,
desenvolvendo raciocínios geográficos, incorporando habilidades e construindo conceitos.
O uso de diferentes linguagens, muitas vezes chamadas de alternativas, porém são velhas práticas
re-significadas e contextualizadasno estudo de Geografia articulam-se com novas propostas de
ensino, pois, segundo Reichwald Jr (2004) apud Silva (2009), no bojo da renovação e dos novos
caminhos trilhados, dialogar com as áreas do conhecimento, ecom base em textos variados das
diferentes ciências, da mídia e da formação e informação existente, do imaginário popular, da
cultura local, entre outras, é algo enfatizado com as mudanças da sociedade contemporânea.
Devemos contextualizar este conhecimento, usar os recursos atuais e mostrar para nosso aluno que
a informação nem sempre é acompanhada por uma formação adequada. Podemos usar as redes
sociais, a internet, o livro didático, mapas, vídeo, musica, entre tantas outras metodologias para
auxiliar na construção do conhecimento eficaz e crítico.
Ressaltamos aqui a importância da forma como é utilizado algum recurso didático, pois,
dependendo de como é feita a abordagem, tal recurso pode não surtir o efeito esperado pelo
professor, ou mesmo pode ser transformado numa prática tão tradicional quanto a o uso do tão
criticado livro didático ou nas chamadas aulas de “cuspe e giz”.
Para que o recurso possa trazer inovações no processo de ensino e aprendizagem, o professor
necessita planejar, articular o conteúdo abordado com a realidade vivenciada pelo aluno. Precisa
contextualizar os conceitos e os conteúdos ensinados, pensando que o conceito é importante,
porém, mais ainda, é importante aplicá-los ou traduzi-los na realidade.
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Se soubermos explorar esses preciosos recursos nos quais temos a disposição, de maneira correta,
teremos em mãos uma poderosa ferramenta e vários instrumentos que nos possibilitam “irmos a
todos os lugares” e não esquecendo da globalidade desse conhecimento que nos atinge de forma
rápida. Um detalhe que merece ser mencionado é que podemos trabalhar os aspectos humanos,
físicos, ambientais, sociais, econômicos, históricos e outros da Geografia. E o melhor: podemos
trabalhar a sua relação sem dissociar uma da outra, sem separar o conhecimento nas famosas
caixinhas.
Acreditamos nos ensinamentos de Freire (2000), quando afirma que “ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” e este objetivo
será alcançado com maior propriedade através das linguagens que possam sensibilizar, aguçar o
desejo pelo conhecimento, pois permitem a aproximação, o diálogo, a criatividade, enfim, de uma
efetiva aprendizagem.
Entretanto, o ensino de Geografia, tanto no campo, quanto na cidade precisa ir além da troca de
materiais e manuais didáctico-pedagógicos. É preciso obter informações que permitam
compreender as crianças nos aspectos relativos à educação na cidade e no campo e, principalmente,
sobre o seu desenvolvimento cognitivo, psicológico, percepção do espaço e padrão de linguagem.
De uma maneira geral, os manuais didácticos e programas de ensino de Geografia retratam uma
realidade estereotipada, que nada tem a ver com a realidade social e cultural dos alunos. Os manuais
tradicionais não enfatizam a compreensão do saber geográfico historicamente acumulado,
dificultando a visão da Geografia real, vivenciada no seu quotidiano e tão necessária para
melhoraras relações entre o homem e a natureza. A constituição literária e mercadológica desses
manuais se dinamizam constantemente através dos órgãos governamentais, os quais reforçam a
ideologia da indústria cultural.
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4. Conclusão
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5. Referências bibliográficas
Brabant, J. (1989). Crise da Geografia, Crise da Escola. In O. U de Oliveira. (org). Para onde
vai o ensino de geografia (pp. 15-23). S. Paulo. Ensino Contexto
Callai, H.C. (2005). Aprendendo a ler o mundo: a Geografia nos anos iniciais do ensino
fundamental. In: Cadernos Cedes. Campinas, vol. 25, no 66. p. 227-247. Disponível
em<http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em 16/05/2005
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