Você está na página 1de 16

Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

O Enisno de Geografia em Moçambique

Fangunai Bernardo Cussaiavida- 708204499

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: Didactica de Geografia II
Ano de Frequência: 3° ano

Turma C / 7

Docente: Norbela Horacio

Tete, Julho de 2022


Classificação

Categorias Indicadores Padrões Nota


Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
 Índice 0.5
 Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura  Discussão 0.5
organizacionais
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
Introdução  Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 3.0
cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e internacional
2.0
relevante na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.5
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA 6ª
 Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 2.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia

ii
Folha para recomendações de melhoria

__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

iii
Índice
1. Introdução................................................................................................................................. 3

1.1. Objectivo geral ......................................................................................................................... 3

1.1.1. Objectivos específicos ........................................................................................................... 3

1.2. Metodologias ............................................................................................................................ 3

2. Conceitos básicos ..................................................................................................................... 4

2.1. Ensino ....................................................................................................................................... 4

2.2. Ensino de Geografia ................................................................................................................. 4

3. Novas tendências Didácticas - metodológicas no Ensino da Geografia .................................. 4

3.1. O Ensino de Geografia em Moçambique ................................................................................. 9

3.1.1. Problemas de Ensino da Geografia em Moçambique ............................................................ 9

3.2. Perspectivas e Possibilidades do Ensino de Geografia na sala de aula .................................. 10

4. Conclusão ............................................................................................................................... 13

5. Referências bibliográficas ...................................................................................................... 14


1. Introdução

O presente trabalho referente a cadeira de Didáctica de Geografia II, viva debruçar sobre as novas
tendências Didácticas - metodológicas no Ensino da Geografia, o ensino de Geografia em
Moçambique. O ensino de Geografia deve se desenvolver impulsionado pela sensibilidade e pela
urgência de aliar o conhecimento científico e tecnológico a uma nova perspectiva de produção
material da vida, pautado no respeito aos seres humanos e à natureza, e principalmente, vinculado
a vivência dos estudantes e seu entorno. Para tanto, consideram-se, de grande importância, os
processos formativos docentes numa vertente crítica, transformadora e emancipatória, a fim de que
possa instrumentalizar os professores a atuarem com o foco na cidadania e na problematização
deste modelo de sociedade.

Atentamos para a importância de uma prática pedagógica dinâmica, participative e reflexiva,


buscando o diálogo do conteúdo com a realidade do aluno, pois, temos observado em nossas
experiências, enquanto professoras da educação básica e superior, que a Geografia no ambiente
escolar ainda sofre com a caracterização de uma ciência descritiva, este fato acaba gerando a falta
de interesse por parte dos alunos e o desgaste por parte dos professores.

1.1. Objectivo geral


 Analisar as novas tendências Didácticas - Metodológicas no Ensino da Geografia.
1.1.1. Objectivos específicos
 Apresentar as novas tendências Didácticas - metodológicas no Ensino da Geografia;
 Descrever o Ensino da Geografia em Moçambique;
 Apresentar sugestões para melhoria de qualidade do Ensino da Geografia.

1.2. Metodologias

De acordo com Lakatos e Marconi (2003), metodologia científica é um conjunto de abordagens,


técnicas e processos utilizados pela ciência para formular e resolver problemas de aquisição
objectiva do conhecimento, de uma maneira sistemática.

Contudo, no que diz as metodologias neste trabalho privilegiou-se a pesquisa bibliográfica que
correspondem aos documentos que nos permitiram uma confrontação de ideias e posicionamentos
teóricos adoptados por vários estudiosos e teóricos em que se assenta este estudo.

3
2. Conceitos básicos
2.1. Ensino

Segundo Baranov, S.P. et al (1989), o ensino é "um processo bilateral de ensino e aprendizagem".
Daí, que seja axiomático explicitar que não existe ensino sem "aprendizagem". Seu posicionamento
sempre foi muito claro, quando estabeleciam entre ensino e aprendizagem, uma unidade dialética.

2.2. Ensino de Geografia

Schoumaker (1999), o ensino dinâmico da Geografia apoia-se em instrumentos mediadores, pois


dá maior significação aos conhecimentos geográficos trabalhados, no entanto o uso de recursos
didácticos não devem ser vistos como um posicionamento pedagógico tecnicista, pois esta prática
se efectiva enquanto alternativa de apoio ao trabalho teórico-metodológico do professor,
contextualizando os conceitos geográficos que, muita das vezes, são abstractos e necessitam de
uma “materialização” para que os alunos os compreendam.

3. Novas tendências Didácticas - metodológicas no Ensino da Geografia

Segundo Araújo apud Ploharski (2011), a metodologia de ensino – que envolve os métodos e as
técnicas – é teórico prática, ou seja, ela não pode ser pensada sem a prática, e não pode ser praticada
sem ser pensada. De outro modo, a metodologia de ensino estrutura o que pode e precisa ser feito,
assumindo, por conseguinte, uma dimensão orientadora e prescritiva quanto ao fazer pedagógico,
bem como significa o processo que viabiliza a veiculação dos conteúdos entre o professor e o aluno,
quando então manifesta a sua dimensão prática.

Entende-se que a prática da Geografia na escola está recheada de hábitos ancestrais e, esses
continuam a distorcer a realidade construída historicamente distanciando os homens de uma
apropriação do espaço nos moldes de uma cidadania efectiva.

O processo didáctico-pedagógico da Geografia escolar, neste inicio de século XXI, suscita


reflexões quanto ao tratamento com as questões espaciais, destacando aqui os factos e os
acontecimentos locais, regionais, nacionais e/ou globais, bem como, a política escolar baseada na
pedagogia da mudança / transformação dos hábitos e atitudes dos alunos para a produção do
exercício da cidadania.

4
Nesse sentido, o repensar na dimensão técnica, política e ética do processo ensino-aprendizagem
na Geografia escolar e suas repercussões na sociedade, constitui o ponto fulcral nas novas
tendências didactico-metodologicas aplicáveis ao ensino da Geografia.

Opta-se por esse caminho para reflectir, de forma clara e profunda, o que o ensino da Geografia
vem fomentando para a formação de sujeitos que reconheçam a dimensão social de sua participação
na apropriação do espaço, pois entende-se que o trabalho com essa disciplina pressupõe um
projecto de alfabetização espacial que considera a dimensão social, técnica e política para a
desconstrução da ideia de encarar a sociedade como mera mercadoria.

Como lembra-nos Brabant (1989), falar da questão didáctico-pedagógica da Geografia escolar nos
remete a uma reflexão em torno das sérias críticas por qual passa seu ensino, como, aliás, acontece
com o ensino em geral. Deve-se a isto à tradicional postura da Geografia e do professor, que
consideram como importante, no processo educativo: os dados, as informações, o elenco de
curiosidades, os conhecimentos gerais, as localizações, enfim, o conteúdo acessório.

Discurso descritivo, até determinista, a Geografia na escolar elimina, na sua forma constitutiva,
toda preocupação de explicação. A primeira preocupação é descrever em lugar de explicar;
inventariar em lugar de analisar e de interpreter. Essa característica é reforçada pelo
enciclopedismo e avança no sentido de uma despolitização total.

Esse escopo, herança do século XIX, interfere no carácter propedêutico de uma Geografia voltada
para a cidadania, pois não consegue formar e manter conceitos geográficos válidos cientificamente
e relevantes socialmente, existindo um predomínio forte de um ensino alinhado com apenas uma
orientação paradigmática da Geografia e, em muitas situações didácticas verifica se:

 A negligência em relação ao ensino da Geografia Física em favor de uma maximização da


Geografia Humana;
 A negligência – na verdade, o desaparecimento quase completo de sala de aula e dos livros
didácticos – da Geografia Regional, em termos da caracterização e da descrição das macro-
regiões do mundo;
 Descanso – quando não abandono completo – de práticas cartográficas e, até mesmo, do
uso de Atlas, como também, uma das técnicas de tratamento computacional das

5
informações geográficas (geoprocessamento – SIG), existindo, portanto, um atraso
desnecessário.

Mesmo após o Movimento de Renovação denominado “Geografia Crítica”, na década de 70-80,


nota-se que pouco foi modificado no tratamento didáctico-pedagógico da Geografia na sala de aula
o qual poderia contribuir para que os sujeitos envolvidos se reconhecessem como sujeitos do
mundo em que vivem, indivíduos sociais, capazes de construir a sua história, a sua sociedade, o
seu espaço e que conseguissem ter os mecanismos e os instrumentos para tanto.

A propósito, a dimensão social de construção do espaço geográfico, tem uma literatura bastante
difundida no meio científico, não apenas pelos “novos geógrafos”, mas também por pensadores de
outras áreas, contudo a situação de atraso ainda é persistente no quotidiano da escola.

Desta feita, dificilmente o ensino, ora apresentado, contribuirá para que os sujeitos em
aprendizagem expressem livremente o desenvolvimento de suas ideias, de suas atitudes e os
procedimentos que lhes são característica frente ao mundo que se globaliza desigualmente.

A nosso ver essa questão pode ser colocada num plano anterior decorrente de uma escola
estruturada a partir de uma divisão intelectual e técnica do trabalho em que se urgia um
“adestramento docente” para que o professor exercesse apenas a função de executor de planos,
projectos educativos e metodologias pensadas por outrem num espaço e tempo controlados e/ou
vigiados (Foucault, 1987).

Dessa forma, os impedindo de pensar sobre a função social do ensino da Geografia no contexto da
vivência da sala de aula, da hierarquia da instituição escolar e da sociedade.

Decorrente dessa prática, a sala de aula da Geografia escolar segue, em seu processo educativo, um
modelo pedagógico curricular conteudístico e, fortemente, padronizado em substituição à
consciência crítica da maioria da sociedade e de sua participação. Essa lógica funcionalista desvela
o pragmatismo que a sociedade ocidental vem mantendo e reforçando no dia-a-dia do fazer
profissional da rede pública e privada de ensino, pois essa prioriza, como meta educacional, às
políticas educacionais “pré- estabelecidas” em detrimento do currículo real, advindo do quotidiano
escolar em seus mais variados aspectos e sua sistematização (Silva, 2002).

6
É na identificação das lacunas, de ordem didáctico-pedagógica na sala de aula de Geografia, que
poderemos perceber a emergência da mudança do paradigma persistentemente presente no âmbito
escolar. Porém, precisamos reflectir sobre as seguintes questões:

 A quem tem servido o conhecimento passado pelo livro didáctico?


 Aos professores?
 A escola?
 Ao grupo dominante?
 Aos alunos?
 Que concepção de homem, de sociedade, de mundo e de participação construímos na
relação que mediamos com os alunos?

O espaço Geográfico hoje, como nos legou Milton Santos (2002, 1986) é concebido como um
conjunto de sistemas de objectos, de sistemas de acções e de sistemas de informações, ultrapassa a
mera visão da materialidade como teatro de acção, mas é condição para a acção, e é a partir desse
entendimento que surge o homem livre que igualmente se afirmará no grupo.

Visto dessa forma, o ensino da Geografia terá por finalidade formar gente capaz de se situar
correctamente no mundo e de influir para que se aperfeiçoe a sociedade humana como um todo.

É inconcebível uma educação feita mercadoria, porque ela reproduz e amplia as desigualdades,
sem extirpar as mazelas da ignorância. “Essa educação sectorial, profissional e consumista só (re)
produz gente deseducada para a vida” (Santos, 1997).

É na sala de aula, cenário vivo de inteirações por excelência, que se intercambiam explícita ou
tacitamente ideias, valores e interesses diversos seguidamente enfrentados pela “lógica da
preparação para o mercado de trabalho”. Diríamos que a escola é democrática? Certamente a escola
é uma contradição onde à ideologia da igualdade de oportunidade se desenvolve lenta, mas
decisivamente o processo de classificação, de exclusão das minorias, e do posicionamento
diferenciado para o mundo do trabalho e para a participação social.

Dessa forma, reflectir a praxis pedagógica é o caminho para verificar se ela reproduz os valores
dominantes ou se ela liberta os indivíduos. Ao nos posicionarmos, avançamos na busca de uma
sociedade mais humanitária, pois sempre haverá a consideração da interacção eu-outro-mundo.

7
Assim, se faz necessário que a acção educativa represente, na sua prática efectiva, um decidido
investimento na consolidação da força construtiva dessas mediações, sempre tentando reverter seu
potencial alienador para aderir à construção de uma cidadania realmente activa, pois a prática
pedagógica não é destituída de sentido político.

A trajectória da Geografia escolar, tem sido permeada por um discurso ideológico que mascara a
importância estratégica dos raciocínios centrados no espaço. Ela tem sido marcada por um
enciclopedismo e por uma enumeração mecânica de factores de ordem natural e social presentes
num dado território.

Esse facto desperta nos alunos uma noção de inutilidade, gerando o desinteresse pelos estudos
geográficos e, consequentemente, acaba por distanciar os sujeitos do conhecimento de si, enquanto
sujeitos sociais e construtores da história no que concerne à cidadania. Estamos num momento em
que a conjuntura política é, sem sombra de dúvida, muito fértil para o mercado competitivo e este
faz da técnica a grande banalidade e o grande enigma que comanda a vida social, impõe relações,
modela e administra essas relações com o entorno. Até mesmo a natureza que foi fragmentada
durante tantos séculos é agora unificada pela história em benefício de firmas, Estados e classes
hegemónicas.

Destarte, o mundo do pragmatismo vem submetendo a sociedade e a escola a uma lógica perversa
que prioriza o saber prático, em detrimento do saber filosófico. Esse é considerado residual ou
mesmo desnecessário, prática que ameaça, sem sombra de dúvida, as relações humanas.

Reconhecemos que a função social da Geografia escolar consiste em alfabetizar o aluno para o
conhecimento do seu espaço geográfico, espaço que não deixa de ser da sociedade e/ou da técnica
e é por meio desse conhecimento que os sujeitos poderão politicamente apropriá-los, pois, não
podemos encarar a sociedade como mera mercadoria, senão, os direitos políticos e os direitos
individuais vão ser frequentemente desrespeitados, ou mesmo, pisoteados e anulados.

Aliás, é essa sociedade que contribui na acentuação da violência urbana e rural e no crescente
número dos sem-terra, sem-tecto, sem-nada. É urgente a mudança no enfoque e nas estratégias de
nossas práticas didáctico-pedagógicas, para que possamos contribuir para a construção de uma
sociedade onde não haja tanta discrepância social geradora de baixa qualidade de vida.

8
3.1. O Ensino de Geografia em Moçambique

A Geografia é, por excelência, uma disciplina que permite a ligação entre a teoria e a prática
(Ministério da Educação de Moçambique, 2010). Esta disciplina é extremamente prática e de
aplicação à realidade fisica, social, cultural, económica e ambiental de qualquer área à escala
mundial.

O ensino da Geografia e o papel da escola é preparar os jovens de modo a torná-los cidadãos ativos
e responsáveis na família, no meio em que vivem (cidade, aldeia, bairro, comunidade) ou no
trabalho (Ministério da Educação de Moçambique, 2010, p.6).

Entende-se que o ensino da Geografia tem como objectivo contribuir para a construção de uma
identidade colectiva dos alunos na realidade sócio -espacial, significa dizer « pensar » e « agir » no
espaço.

Contudo, a prática desse ensino é marcada por tensões entre as realidades dos grupos sociais; pelas
constantes mudanças, resultados das produções científicas; pelas reformas educativas, como por
outras tensões significativas da realidade.

3.1.1. Problemas de Ensino da Geografia em Moçambique

No sentido de buscar respostas para alguns problemas da prática pedagógica no ensino de


Geografia, alguns pesquisadores estudam o objecto – a Geografia escolar –em várias perspectivas:

 A construção do conhecimento geográfico na escolar;


 A relação entre os conhecimentos do senso comum;
 O geográfico cientifico e geográfico escolar e finalmente a identidade do professor de
Geografia e sua prática pedagógica.

Assim, a Geografia escolar em Moçambique sofre vários problemas, ligados a escolha e aplicação
dos conteúdos, à pertinência ao nível de ensino, às questões concernentes à Psicologia Infantil, ao
conhecimento da disciplina e aos estatutos epistemológicos desse conhecimento, aos objectivos da
sociedade e à utilização de instrumentos didácticos que facilitem a aprendizagem.

9
Entretanto, o ensino e a aprendizagem da Geografia escolar se caracterizam pela utilização
excessiva do livro didáctico, pela aplicação dos conteúdos mais conceituais que procedimentais,
como também pela utilização descontextualizada e estereotipada das cartas geográficas.

Mas o que leva os professores de Geografia, destes níveis de ensino, a terem esta prática? E quais
seriam as propostas de intervenção que poderiam mudar o quadro do ensino da Geografia escolar?

Em geral, no contexto sócio educacional moçambicano, leva a supor que os professores das escolas
públicas encontram diversas dificuldades de duas ordens: a externa, principalmente económica,
e a interna, que se refere ao tipo de currículo e organização do espaço escolar.

Em outras palavras, a confrontação das representações dos alunos aos conhecimentos geográficos
escolares permitiria a aquisição de um pensamento geográfico crítico, susceptível de ajudar o aluno
a se pensar e a agir no seu próprio meio e outros. O estudo das representações sociais do espaço se
revela útil, pois ele pode apoiar o trabalho dos professores na organização das práticas pedagógicas,
respeitando os saberes dos alunos e as diferentes maneiras de aprender.

Na perspectiva de responder à segunda questão, através da análise sobre representações sociais do


espaço e ensino / aprendizagem de Geografia, Bomfim (2004) afirma que, os alunos são portadores
de experiências, de ideias e de conhecimentos subjetivamente enraizados no espaço vivido.

3.2. Perspectivas e Possibilidades do Ensino de Geografia na sala de aula


Diante da grande diversidade que nos é apresentada hoje, precisamos (re)pensar constantemente
nossas práticas docentes. Não podemos pensar uma aula apolítica, conteudista e de forma
tradicional, que visa a um resultado traduzido principalmente pelas notas de prova. Éurgente trazer
para o contexto da sala de aula novas linguagens e metodologias que auxiliem neste processo.

Assim, a proposta de se pensar as práticas escolares formais e não formais a partir da diversidade,
com as novas tecnologias – as novas ou as velhas linguagens revisitadas/(re)significadas –, torna-
se de fundamental importância. A dificuldade encontrada em passar os conteúdos de geografia de
forma mais clara e interessante no ensino fundamental e médio, especialmente nas escolas públicas,
tem sido atribuída a alguns aspectos que precisamos superar, entre eles a deficiência da formação
ou desatualização dos professores, falta de material didático que promova a contextualização,
precariedade do trabalho docente.

10
Mas apesar deste quadro precisamos re-ver, re-avaliar, re-significar nossas práticas. Precisamos
aproximar cada vez mais a realidade do aluno ao que se é ensinado na escola.

Callai (2005), ressalta a importância de se valorizar a experiência dos alunos, afirmando que é a
partir da vivência concreta que se busca a ampliação do espaço da criança com a aprendizagem da
leitura destes espaços e, como recurso, desenvolve-se a capacidade de aprender a pensar o espaço,
desenvolvendo raciocínios geográficos, incorporando habilidades e construindo conceitos.

O uso de diferentes linguagens, muitas vezes chamadas de alternativas, porém são velhas práticas
re-significadas e contextualizadasno estudo de Geografia articulam-se com novas propostas de
ensino, pois, segundo Reichwald Jr (2004) apud Silva (2009), no bojo da renovação e dos novos
caminhos trilhados, dialogar com as áreas do conhecimento, ecom base em textos variados das
diferentes ciências, da mídia e da formação e informação existente, do imaginário popular, da
cultura local, entre outras, é algo enfatizado com as mudanças da sociedade contemporânea.

Devemos contextualizar este conhecimento, usar os recursos atuais e mostrar para nosso aluno que
a informação nem sempre é acompanhada por uma formação adequada. Podemos usar as redes
sociais, a internet, o livro didático, mapas, vídeo, musica, entre tantas outras metodologias para
auxiliar na construção do conhecimento eficaz e crítico.

Ressaltamos aqui a importância da forma como é utilizado algum recurso didático, pois,
dependendo de como é feita a abordagem, tal recurso pode não surtir o efeito esperado pelo
professor, ou mesmo pode ser transformado numa prática tão tradicional quanto a o uso do tão
criticado livro didático ou nas chamadas aulas de “cuspe e giz”.

Para que o recurso possa trazer inovações no processo de ensino e aprendizagem, o professor
necessita planejar, articular o conteúdo abordado com a realidade vivenciada pelo aluno. Precisa
contextualizar os conceitos e os conteúdos ensinados, pensando que o conceito é importante,
porém, mais ainda, é importante aplicá-los ou traduzi-los na realidade.

É a criatividade do professor, aliada às novas metodologias ou velhas (re)significadas que podem


levar o aluno à curiosidade e ao entusiasmo em relação ao conteúdo que está sendo ensinado.Por
exemplo, um texto pode se tornar um excelente recurso didático, salientando que a leitura deve ser
estimulada, uma vez que nosso aluno não consegue se prender muito tempo a um único texto.

11
Se soubermos explorar esses preciosos recursos nos quais temos a disposição, de maneira correta,
teremos em mãos uma poderosa ferramenta e vários instrumentos que nos possibilitam “irmos a
todos os lugares” e não esquecendo da globalidade desse conhecimento que nos atinge de forma
rápida. Um detalhe que merece ser mencionado é que podemos trabalhar os aspectos humanos,
físicos, ambientais, sociais, econômicos, históricos e outros da Geografia. E o melhor: podemos
trabalhar a sua relação sem dissociar uma da outra, sem separar o conhecimento nas famosas
caixinhas.

Gostaríamos de salientar as múltiplas possibilidades e caminhos de se ensinar Geografia de uma


forma que fuja das abordagens tradicionais, mas esses caminhos dependem de uma série de
situações, entre eles o contexto da realidade escolar, o bairro, a turma. O que buscamos é cada vez
mais uma Geografia contextualizada, reflexiva e crítica, capaz de fazer com que nosso aluno reflita
e atue sobre a sua realidade. Nossa intenção deve ser plantar uma sementinha que abra caminhos
para os professors refletirem sobre as suas práticas.

Acreditamos nos ensinamentos de Freire (2000), quando afirma que “ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” e este objetivo
será alcançado com maior propriedade através das linguagens que possam sensibilizar, aguçar o
desejo pelo conhecimento, pois permitem a aproximação, o diálogo, a criatividade, enfim, de uma
efetiva aprendizagem.

Entretanto, o ensino de Geografia, tanto no campo, quanto na cidade precisa ir além da troca de
materiais e manuais didáctico-pedagógicos. É preciso obter informações que permitam
compreender as crianças nos aspectos relativos à educação na cidade e no campo e, principalmente,
sobre o seu desenvolvimento cognitivo, psicológico, percepção do espaço e padrão de linguagem.

De uma maneira geral, os manuais didácticos e programas de ensino de Geografia retratam uma
realidade estereotipada, que nada tem a ver com a realidade social e cultural dos alunos. Os manuais
tradicionais não enfatizam a compreensão do saber geográfico historicamente acumulado,
dificultando a visão da Geografia real, vivenciada no seu quotidiano e tão necessária para
melhoraras relações entre o homem e a natureza. A constituição literária e mercadológica desses
manuais se dinamizam constantemente através dos órgãos governamentais, os quais reforçam a
ideologia da indústria cultural.

12
4. Conclusão

Feito o trabalho sobre as novas tendências Didácticas - metodológicas no Ensino da Geografia,


podemos conluir que o ensino da Geografia ganhou mais importância a partir do momento em que
os conteúdos geográficos ficaram susceptíveis de interpretação da sociedade, considerando a
realidade, o espaço e as experiências dos alunos, em função da sua importância educativa na
formação dos indivíduos.

Ao assumirmos, como objectivo principal desta investigação reflectir sobre a abordagem da


educação geográfica em função da sua importância, bem como a prática dos professores da
disciplina, é porque aceitamos que a educação se encontra hoje em dia no estatuto principal de
acesso a um futuro melhor, em resposta às transformações que a sociedade vêm assistindo, num
ambiente em que o saber viver junto, aprender a fazer e, aprender a ser constituem um dos
objectivos da formação dos indivíduos.

13
5. Referências bibliográficas

Baranov, S.P. et al. (1989). Pedagogía. La Habana: Pueblo y Educación.

Bomfim, N.R (2004). Tese de doutorado. Représentation sociale de l’espace et


enseignement/apprentissage de la géographie scolaire chez les élèleves “favelados” d’une ville au
nord est du Brésil - Universidade do Quebec em Montreal, Canadá.

Brabant, J. (1989). Crise da Geografia, Crise da Escola. In O. U de Oliveira. (org). Para onde
vai o ensino de geografia (pp. 15-23). S. Paulo. Ensino Contexto

Callai, H.C. (2005). Aprendendo a ler o mundo: a Geografia nos anos iniciais do ensino
fundamental. In: Cadernos Cedes. Campinas, vol. 25, no 66. p. 227-247. Disponível
em<http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em 16/05/2005

Freire, P. (2000). Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra.

Lakatos, E. M. & Marconi, M. de A. (2003). Fundamentos de Metodologia Científica. 5.ed. São


Paulo: Atlas.

MEC/INDE. (2007). Plano Curricular do Ensino Secundário Geral (PCESG) – Documento


Orientador, Objectivos, Estrutura, Plano de Estudos e Estratégias de Implementação.
Moçambique. INDE

Santos. M.F.P. (1997). Formação, pesquisa e práticas docentes. O Estágio Supervisionado na


Formação dos Professores de Geografia. In: reformas curriculares em questão. João Pessoa: Editora
Mídia

Schoumaker, B. (1999). Cahiers de géographie. Compétences et savoirs terminaux en géographie.


Réflexions et propositions. 43(120), p. 437-449

Silva, T. T. (2002). Teorias do Currículo. Porto: Porto Editora

14

Você também pode gostar