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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Contribuição da Excursão no Processo de Ensino-Aprendizagem das formas de relevo


na 10ª classe, da Escola Secundária 25 de Setembro-Manga, cidade da Beira

Ana Achiba Rufumo - 708205138

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: Técnica e Metodologia em G. Humana
Ano de frequência: 4° Ano
Turma: B

Beira, Junho, 2023


Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Contribuição da Excursão no Processo de Ensino-Aprendizagem das formas de relevo


na 10ª classe, da Escola Secundária 25 de Setembro-Manga, cidade da Beira

Ana Achiba Rufumo - 708205138

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: Técnica e Metodologia em G. Humana
Ano de frequência: 4° Ano
Turma: B

Docente: José Olímpio Dombe

Beira, Junho, 2023


Critérios de avaliação (disciplinas teóricas)

Classificação
Categorias Indicadores Padrões Nota
Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
0.5
Índice
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
académico
Conteúdo 3.0
(expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
 Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacional 2.0
relevante na área de
estudo
 Exploração dos
2.5
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas

Normas APA
Referências  Rigor e coerência das
6ª edição em
Bibliográfica citações/referências 2.0
citações e
s bibliográficas
bibliografia
Folha de Feedback dos tutores:

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___________________________________________________________________________
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ÍNDICE

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO.................................................................................................1

1.1. Justificativa..........................................................................................................................1

1.2. Problematização...................................................................................................................2

1.3. Hipóteses:.............................................................................................................................3

1.4. Objectivos do trabalho.........................................................................................................3

1.5. Metodologias do trabalho....................................................................................................4

1.5.1. Pesquisa bibliográfica.......................................................................................................4

1.5.2. Método de observação......................................................................................................4

1.6.Técnicas de colecta dados.....................................................................................................5

1.6.1. Entrevista..........................................................................................................................5

1.6.2. Inquérito............................................................................................................................5

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.....................................................................6

Conceitos básicos........................................................................................................................6

2.1. Excursão...............................................................................................................................6

2.2. Contribuição da excursão geográfica...................................................................................6

2.3. Objectivos da excursão geográfica no PEA da Geografia...................................................7

2.3. Estratégias da excursão geográfica......................................................................................8

2.6. Tipo de Excursão...............................................................................................................10

2.7. Organização de Excursão Geográfica................................................................................11

2.7.1. Planificação.....................................................................................................................11

2.7.2. Conclusão e avaliação.....................................................................................................12

2.7.3. Excursão Geográfica e o ensino de Geografia................................................................12

Referências bibliográficas.........................................................................................................13
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
O presente trabalho resulta de constatações vivenciadas durante a minha vida estudantil e
profissional. Durante os estágios pedagógicos na escola secundária 25 de Setembro Manga,
verifiquei que as excursões não têm lugar no processo de ensino/aprendizagem (PEA) da disciplina
de Geografia.
Pude constatar que a falta desta forma de organização de ensino minimiza as actividades dos alunos
e a importância da observação directa, um método importante que permite o alargar e desenvolver o
conhecimento sobre o mundo.
O PEA da Geografia baseia-se quase exclusivamente na exposição da matéria pelo professor,
constituindo este o foco do processo e relegando os alunos a um papel passivo na elaboração de
conhecimentos.
A ausência da excursão contribui não só para a fraca actividade dos alunos, mas também para a
fragilidade do ensino de Geografia, que se torna rotineiro e de certo modo abstracto, pois os alunos,
no lugar de desenvolverem e elevarem as capacidades de compreensão da essência dos fenómenos,
esforçam-se pela simples memorização.
Esta situação faz com que se duvide da relevância do ensino desta disciplina, se se tomar em conta
que os objectivos da disciplina se sustentam nos objectivos das Ciências Geográficas que
preconizam.

1.1. Justificativa
No processo de formação de professores realizam-se estágios pedagógicos nas escolas secundárias
da Cidade da Beira, de modo a ligar a teoria à prática, onde os estagiários observam e realizam
actividades pedagógicas no âmbito do ensino/aprendizagem de Geografia.
Foi durante o estágio realizado na escola que pude constatar que no PEA as excursões não têm
lugar, embora alguns professores tenham aprendido e realizado excursões durante a sua formação, na
qual revelaram reconhecer a sua importância e
Pertinência para uma aprendizagem significativa dos alunos.

Entretanto, a par deste reconhecimento e da recomendação dos programas de ensino, as excursões


não são realizadas. Os professores alegam dificuldades de operacionalização desta actividade pelo

1
facto de possuírem muitas turmas, entre 06 e 12, e a agravar, as mesmas são numerosas, com cerca
de 60 a 90 alunos por cada turma o que dificulta a organização para a efectivação de excursões.

Preocupa-me o estágio actual do PEA de Geografia na escola que privilegia, quase que
exclusivamente, o método expositivo reduzindo as actividades dos alunos a simples assistentes que
escutam e anotam as tarefas dirigidas pelo professor de forma passiva.
Estes motivos associam-se à alegada falta de meios financeiros e materiais, apontados pelos
professores e gestores da educação como factores que inibem a realização de excursões. Mas as
evidências indicam a falta de orientação e propostas para o desenvolvimento desta forma de
organização de ensino.

Pude perceber desde então que afinal a maior parte de fenómenos, objectos e factos que são
retratados na sala de aulas existem ou ocorrem ao olhar dos intervenientes do PEA, estão no seu
meio, constituem o seu dia-a-dia, fazem parte da sua vivência, da sua experiência. Muitas vezes,
professores e alunos não se dão conta da proximidade e importância destes para um
ensino/aprendizagem mais consistente.
Nesta óptica predispus-me a pesquisar as excursões de modo a retorná-las com maior frequência
para o PEA de Geografia, tendo em conta que esta disciplina dá primazia à questão relacionada com
a distribuição dos fenómenos e objectos na superfície terrestre. Esta predisposição visa fundamentar
o papel da Geografia como Ciência que se dedica aos lugares/espaço.
No que concerne ao programa de ensino não esta bem claro sobre a excursão geográfica, o que leva
os professores a tratar os conteúdos de forma teórico, dai surgem a necessidade de realizar a
excursão geográfica para melhor compreensão dos conteúdos geográficos por parte dos alunos.

1.2. Problematização
De acordo com a realidade vivenciada na sala de aula no momento de estágio verificou-se que a
excursão não tem sida realizada ou mesmo não se faz sentir nesta escola. Por isso os estudantes da
disciplina de Geografia não compreendem certos conteúdos relacionados com relevo. Entretanto isso
preocupou muito o autor para fazer esta pesquisa.

Entretanto na ausência de excursão geográfica pode levar uma baixa compreensão dos conteúdos por
parte dos alunos, causando problemas para a futura geração, porque é necessário que a geração
jovem compreenda bem a realidade do nosso dia-a-dia.
2
As constatações acima descritas revelam que a excursão geográfica não faz parte do PEA na maior
parte das nossas escolas. Há um deficiente cumprimento das orientações sugeridas nos programas de
ensino, tornando ineficiente o alcance integral dos objectivos da disciplina de Geografia.
O PEA limita-se a uma simples explanação de conteúdos, o que leva o aluno à reprodução mecânica
e a um processo de memorização que não permite reconhecer e nem explicar os fenómenos e
objectos em estudo.
A simples exposição distancia os objectos geográficos da realidade e do meio onde o aluno está
inserido e a agravar os manuais de ensino em vigor nas nossas escolas não contemplam exemplos
locais.
Estes factos vêm influenciando negativamente a qualidade de ensino, de modo que os objectivos de
ensino da Geografia traduzidos a partir dos objectivos das Ciências Geográficas e dos objectivos do
SNE, se tornam pouco relevantes e sem interesse prático. Perante este cenário coloca-se o seguinte
pergunta de partida:

Que Contribuição tem a Excursão no Processo de Ensino-Aprendizagem das formas de relevo


de 10ª classe, na Escola Secundária 25 de Setembro-Manga, Cidade da Beira?

1.3. Hipóteses:
 Provavelmente com a realização de excursão aumentará o rendimento pedagógico dos alunos
no PEA de Geografia, tornando a aprendizagem mais significativa das formas de relevo;
 Possivelmente com realização de excursão geográfica poderá elevar a relevância pedagógica,
social e prática do PEA de Geografia no quotidiano dos alunos.
 Criação de fundo na escola que permite a Disponibilidade financeira para aquisição dos
meios e material para a realização da aula excursão da disciplina da geografia, pode ser uma
das importantes variáveis que pode influenciar ou impulsiona a realização de aula excursão
na Escola Secundária 25 de setembro.

1.4. Objectivos do trabalho

Geral
 Analisar a contribuição da excursão no Processo de Ensino-Aprendizagem das formas de
relevo 10ª classe, na Escola Secundária 25 de Setembro-Manga, Cidade da Beira

3
Específicos
 Descrever o PEA da 10ª classe no ensino da geografia na Escola Secundária 25 de Setembro-
Manga, Cidade da Beira;
 Identificar as causas e consequências da reduzida ou ausência de excursão no processo de
ensino-aprendizagem na Escola Secundária 25 de Setembro Manga- Beira;
 Propor algumas estratégias para a realização da excursão geográfica no estudo do relevo
terrestre da10ᵃ Classe na Escola Secundária 25 de Setembro.

1.5. Metodologias do trabalho

1.5.1. Pesquisa bibliográfica


Para Gil (1998), Pesquisa bibliográfica considerada mãe de toda pesquisa, fundamenta-se em fontes
bibliográficas; ou seja, os dados são obtidos a partir de fontes escritas, portanto, de uma modalidade
específica de documentos, que são obras escritas, impressas em editoras, comercializadas em
livrarias e classificadas em bibliotecas.
Pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e
publicadas por meios escritos e electrónicos, como livros, artigos científicos, páginas de websites.
Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador
conhecer o que já se estudou sobre o assunto.

1.5.2. Método de observação


Marconi & Lakatos (2003, p. 190), “a observação é uma técnica de colecta de dados para conseguir
informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste
apenas em ver e ouvir, mas também examinar factos ou fenómenos que se desejam estudar ”.

A técnica de observação teve como principal objectivo vivenciar, ou seja, visualizar a realidade da
escola quase não se faz a excursão, isso no momento de estágio pedagógico em Geografia. Portanto
a observação consistira.

Assim, mediante esta técnica permitiu com que o autor observou as aulas, no percurso de uma (1)
semana na turma A e uma (1) semana na turma B da 10ª classe.
Portanto com esta técnica observou se a excursão tem lugar ou não nesta escola, entretanto isso já se
observou no momento de estágio pedagógico.
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Portanto, o objectivo de observação e para vivencia in loco a situação da excursão na escola em
estudo.

1.6.Técnicas de colecta dados


A colecta de dados é a busca por informações para a elucidação do fenómeno ou facto que o
pesquisador quer desvendar, através de um instrumento técnico elaborado pelo pesquisador para o
Registro e a medição dos dados da pesquisa.

1.6.1. Entrevista
Segundo Lakatos (2005), entrevista trata-se de uma conversação que se efectua face a face de
maneira metódica; proporciona ao entrevistado, verbalmente, informação necessária. Através da
entrevista foi possível explorar as experiências dos professores e alguns membros da direcção da
escola secundária 25 de Setembro Manga no curso diurno. Neste caso foram entrevistados três
professores de geografia.
Quanto a finalidade de entrevista é de saber se de facto a excursão tem lugar nesta escola ou não,
porque os professores são os mentores das aulas. Entretanto o objectivo de aplicar esta técnica é para
perceber melhor sobre a realização da excursão na escola.

1.6.2. Inquérito
Segundo Guimarães (2008), o Inquérito por Questionário é uma técnica de investigação que, através
de um conjunto de perguntas, visa suscitar uma série de discursos individuais, interpretá-los e depois
generalizá-los a conjuntos mais vastos. Uma vez escolhido o instrumento, serão necessários prepará-
los e organizá-los para que os inquiridos percebessem o que se pretendia e também para que não
complicasse para os mesmos aquando do preenchimento do questionário. Entretanto serão
inqueridos 80 alunos da 10ª classe da turma A e B.
O objectivo do uso do inquérito é para aferir a realidade da escola no que concerne a excursão
geográfica e pretende se saber com este inquérito os porque não se usa a excursão geográfica. A
escolha de 80 alunos deve se porque são levadas amostras de uma turma e a escolha foi aleatória. Os
questionários serão respondidos pelos alunos porque são eles que conhecem a realidade escolar, ou
seja, são eles com entram em contacto com a matéria escolar.
Deste modo, para a efectivação da presente Monografia foram formuladas duas (2) questões abertas
e sete (7) questões fechadas:
5
CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Conceitos básicos

2.1. Excursão
Refere-se a um conjunto de actividades práticas orientadas para a busca de um determinado
conhecimento, realizada de maneira sistemática através da realidade empírica e pela utilização de
métodos próprios e técnicas específicas de pesquisa e que os resultados obtidos venham a ser
apresentados de forma peculiar através de relatórios (Vesentini, 1995).

O mesmo frisa que a excursão é uma prática didáctica que permite despertar não somente o interesse
pela espacialidade, mas também a aventura da descoberta de como os elementos estão distribuídos e
localizados espacialmente no cenário rural e urbano.
A excursão é destinada à obtenção de dados a respeito de fenómenos que ocorrem no presente, onde
as observações deverão servir para o exame atento dos acontecimentos, fatos e costumes
directamente no local de ocorrência, acompanhando os detalhes dos objectos de estudo, sendo
complementadas pelas entrevistas, obtendo-se maiores subsídios no aprofundamento da análise.

2.2. Contribuição da excursão geográfica


A aula de campo é uma ferramenta indispensável no processo de Ensino e Aprendizagem, ela
propicia ao estudante uma vivência e uma aproximação a realidade concreta. A excursão geográfica
possibilita tanto ao professor como aos alunos uma aproximação com os fenómenos que se pretende
estudar. Se olharmos para a Geografia como uma ciência que estuda os fenómenos naturais e que o
seu campo de acção é a natureza, nada melhor que a própria natureza como o meio de ensino mais
eficaz e eficiente para ser usado, e isto é proporcionado através de visitas de estudo ou simplesmente
por excursões geográficas.

Segundo Vesentini (1995), o campo propício aos estudantes um senso de integração dos processos
da natureza e a percepção desta como um todo, e não suas partes isoladas. É a partir deste processo
que o professor pode demonstrar aos seus alunos o funcionamento de determinados
6
fenómenos/processos que ocorrem na natureza, como o caso de erosão, formação de precipitação,
entre outros.

A disciplina de Geografia deixa de ser uma disciplina “cansativa” quando se faz e/ou tira-se o
proveito das excursões, fazendo com que o aluno não fique preso a sala de aula, fomentando deste
modo a prática do olhar geográfico professor torna-se importante e indispensável, este deverá situar
e explicar as actividades a desenvolver ou desenvolvidas e direccionar o estudante/aluno para
observação de aspectos que estejam dentro dos objectivos preconizados.

A excursão geográfica é uma forma de organização do processo docente educativo, no qual oferece
múltiplas vantagens para vincular a escola com a vida, de por em contacto o aluno com o meio
natural e com o processo de produção material (Vesentini, 1995).

Esta actividade também poderá ser entendida como uma forma de organização do processo docente,
possuindo muitas vantagens, servindo de ponte e/ou trampolim entre os conteúdos aprendidos na
sala de aulas e o meio natural. De salientar que este processo deve ser previamente planificado,
envolvendo etapas. Importa referenciar que durante o tempo em que se vai desenvolvendo a aula de
campo.

Ela constitui um grande potencial pedagógico de formação de adolescentes e jovens, pois, “permite a
vinculação da escola com a vida, a teoria com a prática e a assimilação de conhecimentos mediante a
observação de objectos e fenómenos geográficos em seu próprio ambiente; ou seja, que converte a
realidade em meio de ensino”1 (Idem).
Esta forma de organização de ensino permite a observação directa, complementa os métodos de
ensino em Geografia e minimiza a carência dos meios de ensino para uma efectiva realização do
PEA desta disciplina escolar, além de dar densidade empírica às Problematizações feitas.

2.3. Objectivos da excursão geográfica no PEA da Geografia


A excursão geográfica, como uma forma de organização de ensino, constitui um sistema didáctico
que combina os objectivos, conteúdos, meios e métodos de ensino fundamentais em Geografia.
Permite a observação directa de objectos e/ou fenómenos no seu ambiente e a recolha de amostras de
objectos que apoiam o PEA da Geografia.

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Ela permite a aquisição de conhecimentos com duplo significado: por um lado referem se às
particularidades dos objectos e/ou fenómenos geográficos observados, por outro reflectem conceitos
gerais de uma determinada classe dos mesmos.
Estes conhecimentos levam o aluno, de forma gradual, a uma actuação e aplicação consciente na sua
vida prática, como cidadão participativo na transformação e no desenvolvimento económico e social
da sua comunidade.

No PEA de Geografia a excursão desenvolve o diálogo entre os alunos e entre estes e o professor,
com os membros da comunidade e/ou do sector de trabalho visitado.
Permite a descrição dos objectos, a concepção de esboços cartográficos e/ou mapas cuja leitura e
interpretação constituem capacidades relevantes no PEA da Geografia.
É um complemento dos métodos de ensino da Geografia uma vez que estimula e aumenta as
actividades dos alunos na sala de aulas, impulsiona seu trabalho independente, reduzindo a sua
dependência em relação ao professor. Quebra a rotina da sala de aulas, cuja acção principal é a do
professor, que privilegia o ensino em detrimento da aprendizagem, impelindo muitas vezes o aluno à
alienação, sem perceber, como sujeito que é, a necessidade de aquisição de conhecimentos
transmitidos.

A excursão geográfica comunga as teorias escalonovistas que perspectivam uma educação centrada
no aluno, e reforça a ideia de que o papel da escola e particularmente do ensino da Geografia deve
traduzir-se na transformação do olhar sobre o mundo, onde o mais importante é de facto aprender a
aprender, mais do que uma simples passagem de classe.
O professor é o mediador deste processo e não detém o monopólio do conhecimento. Por isso, deve
estar atento às reacções e/ou mudanças, reconhecendo as suas limitações e sobretudo que, ensinar é
ao mesmo tempo aprender, processo que é sempre contínuo.

2.3. Estratégias da excursão geográfica


Com relação ao termo “trabalho de campo”, comumente são utilizadas distintas expressões para se
referir a este tipo de actividade, como: aula de campo, pesquisa de campo, estudos do meio, entre
outras. Para Castrogiovanni (2000), o trabalho de campo é entendido como “toda e qualquer
actividade investigativa e exploratória que ocorre fora do ambiente escolar [...] é um instrumento

8
didáctico importante no ensino de Geografia, uma ciência que se encarrega de explicar os fenómenos
resultantes da relação sociedade/espaço”.
Para Castrogiovanni (2000), trabalho de campo é “toda actividade oportunidade fora da sala de aula
que busque concretizar etapas do conhecimento e/ou desenvolver habilidades em situações concretas
perante a observação e participação”.
Compiani e Carneiro, citados por Castrogiovanni (2000), escrevem que o trabalho de campo
desempenha na prática educativa quatro funções:
Ilustrativa, cujo objectivo é ilustrar os vários conceitos vistos nas salas de aula;
motivadora, onde o objectivo é motivar o aluno a estudar determinado tema;
treinadora, que visa a orientar a execução de uma habilidade técnica; e
geradora de problemas, que visa orientar o aluno para resolver ou propor um
problema.

Frente a estas funções é que devemos discutir a forma como esta actividade está sendo
operacionalizada pelos professores. De acordo com o mesmo autor afirma que qualquer outra
actividade que propõe promover aprendizagem, o trabalho de campo precisa ser previamente
planejado dentro de uma proposta pedagógica viável, para que o mesmo possa ter êxito e alcance o
resultado desejado.
Utilizar o trabalho de campo como uma estratégia no ensino de Geografia é uma forma significativa
de integrar os conteúdos ministrados pelos professores, visto que o mesmo proporcionaria a
compreensão da realidade vivida pelos alunos e a apreensão de outros espaços geográficos externos
ao seu quotidiano, ampliando as fontes de conhecimentos que os levam à reflexão e à tomada de
consciência sobre a organização do seu espaço geográfico.

Freire (1996), concordam com o pensamento anterior ao afirmarem que o trabalho de campo se faz
necessário nas aulas de Geografia à medida que se estuda na prática os acontecimentos e as
transformações que ocorrem na sociedade-natureza, o que possibilita a visualização da dinamicidade
dos acontecimentos. Tal estratégia se justifica pela carência da prática da interdisciplinaridade nas
escolas e a falta de integração da realidade local aos conteúdos programáticos curriculares que,
muitas vezes, impõem-se deixando de considerar a vivência dos alunos.

2.5. O papel da excursão geográfica no ensino

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As Orientações Curriculares para o Ensino Médio recomendam o desenvolvimento de práticas fora
do espaço escolar, apontando os estudos do meio como actividade motivadora para os alunos, já que
deslocam o ambiente de aprendizagem para fora de sala de aula (Mapatse, 2006).

A excursão tem um papel preponderante no ensino das Ciências Sociais pois ela permite que os
alunos: estudem a sua região e adquiram noções gerais; desenvolvam a capacidade de observação, a
curiosidade, o interesse pela natureza, pelo passado histórico, pela vida da sociedade e outros
aspectos que os rodeiam.
O uso de ambientes não formais possibilita a contextualização, aplicação e associação de conceitos e
conhecimentos já aprendidos com as informações novas, do ambiente, reduzindo as exigências de
abstracção do aprendiz e permitindo uma compreensão mais eficiente dos conhecimentos. Esse
processo de associação de informações novas com outras já incorporadas, de forma interrelacionada,
denomina-se aprendizagem significativa (Mapatse, 2006).

2.6. Tipo de Excursão


Para Lautenschlager, Kavales e Ludka (2008), a excursão geográfica não se resume a qualquer
viagem realizada por uma turma, classe e/ou escola. A excursão visa a obtenção e alcance de
objectivos previamente traçados pelos professores. As excursões geográficas podem ser classificadas
de várias formas, sendo de acordo com a função didáctica, complexidade e quanto ao papel didáctico
ou objectivo. Quanto a função didáctica, podemos destacar:

 As excursões de introdução ou apresentação de novos conteúdos, os professores servem-se


deste tipo de excursões para familiarizar os alunos com o conteúdo a ser introduzido. Este
cria ou desperta motivação e interesse dos alunos para a matéria. Normalmente são feitas
antes de se introduzir uma determinada matéria.
 Excursões geográficas de assimilação, servem-se destas os professores para incorporar no
aluno o conhecimento de alguns elementos que não foi possível fazer na sala de aula e
consolidar a matéria aprendida. Este tipo de excursão serve para fazer a ligação entre o
aprendido teoricamente com o prático.
 Excursões de aplicação, este tipo serve para o professor fazer um diagnóstico do que foi
aprendido na sala de aula, ou seja, o aluno faz aplicação dos conhecimentos adquiridos. A
partir desta, o professor pode fazer um diagnóstico sobre o nível de assimilação da matéria
por parte dos alunos.
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Quanto a complexidade, podemos destacar as unidisciplinares e as multidisciplinares. Sendo que as
unidiscilpinar são aquelas programadas por professores de uma determinada disciplina, ou seja,
apenas de uma única disciplina; enquanto as multidisciplinares, realizam-se numa classe, englobando
varias disciplinas, criando a interdisciplinaridade.

Quanto ao papel didáctico, segundo Lautenschlager, Kavales e Ludka (2008), podem ser
classificadas em: ilustrativas, indutiva, motivadoras, treinadoras e investigativas.

a) Ilustrativa – serve para mostrar ou reforçar os conceitos já vistos em sala de aula. Pode-se,
também, com menor ênfase aplicar habilidades adquiridas;

b) Indutivas – visam guiar sequencialmente os processos de observação e interpretação, para que os


alunos resolvam um dado problema. O professor é um condutor directo dos trabalhadores ou se
apoia em um guia de actividades.

c) Motivadoras – visam despertar o interesse dos alunos para um dado problema ou aspecto a ser
estudado;

d) Treinadoras – visam essencialmente ao aprendizado sequencial de habilidades, em graus


crescentes de complexidade;

e) Investigativa – propicia aos alunos resolver um determinado problema, ou formular um, os vários
problemas teórico-práticos diferentes.

Olhando para todos os tipos de excursões geográficas, pode-se afirmar que o objectivo central é a
ligação entre a teoria e a prática. Porque todas elas servem-se das visitas de campo para conciliar o
que foi visto, o que vai ser visto, criar ou resolver problemas de matéria que já foi ou vai ser
aprendido na sala de aula com a prática.

2.7. Organização de Excursão Geográfica


A excursão geográfica não é apenas um deslocamento de um ponto a outro, de uma cidade, distrito,
província à outra, ela exige uma planificação antecipada e rigorosa, ou seja ela possui algumas
etapas, sendo de destacar: preparo preliminar, preparo psicológico, organização da excursão,
observações dirigidas, relatório académico. Pode-se ainda resumir estas etapas em apenas três,
planificação, execução e conclusão ou avaliação.

11
2.7.1. Planificação
Esta etapa é muito importante visto que o sucesso da excursão depende de uma boa planificação.
Compreendem a esta etapa, todas actividades realizadas antes da execução, ou seja, é nesta etapa
onde o professor organiza o trabalho docente-aluno e cria condições para a excursão.

É nesta etapa também que são definidos os objectivos da excursão, tomando em conta ao conteúdo.
Estes objectivos devem estar em conformidade com alguns factores, como, tipo de excursão, idade,
nível, entre outros. Ainda é nesta fase que o professor realiza uma visita previa ao local escolhido
como forma de criar condições para a realização da excursão. O deslocamento prévio do professor é
de extrema importância visto que este irá verificar as potencialidades que a região pode oferecer para
a realização da visita de estudo.

2.7.2. Conclusão e avaliação


Conforme foi dito anteriormente, a excursão geográfica não é apenas a deslocação de um ponto para
o outro, esta envolve todo um processo. Após o regresso, toda a informação recolhida deverá ser
tratada e compilada num relatório. Para além da elaboração do relatório, deverá ser feito uma
avaliação de toda a excursão, os pontos fortes e vantagens e as desvantagens e fracassos. A ausência
de relatório e avaliação, torna a excursão num mero passeio ou viagem.

2.7.3. Excursão Geográfica e o ensino de Geografia


As visitas de estudo servem-se dos recursos locais próximos para estudos, observações, caminhadas,
entre outros. Proporciona a compreensão da interacção complexa dos processos geográficos.
(Muchangos, 2007)

A excursão geográfica visa à compreensão e explicação das diferentes organizações espaciais, com
a finalidade de realizar observações e levantar informações. Esta é uma actividade prática destinada
a busca de conhecimentos através de uso de métodos e técnicas que venham a auxiliar na construção
de um conhecimento.

Segundo Falcão e Pereira (2009), a busca por alternativas metodológicas que levem o aluno a
compreender o mundo criticamente se faz necessária, visto que o excesso de aulas expositivas, de
conteúdo descritivo etc., têm motivado o descaso dos alunos em relação à matéria.

12
A ciência geográfica auxilia-se na excursão geográfica para a construção mediação e consolidação
de conhecimentos. Esta ciência não pode se basear apenas a teoria, mas a ligação entre o teórico e o
prático.

A excursão geográfica pode ser feita em redor da escola, no bairro, cidade. Os professores de
Geografia devem se auxiliar desta prática na leccionação dos seus conteúdos, não se limitando
apenas a explicação teórica na sala de aulas. Ela desperta interesse e motivação nos alunos,
predispondo e contribuindo para o gosto da disciplina.

Referências bibliográficas
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Geografia em sala de aula. Práticas e reflexão. 2. Edição porto alegre.
2. Duarte, Stela (2001). Avaliação da aprendizagem de Geografia; Desvelando a produção do
fracasso escolar na 10ª classe do ensino secundário geral-cidade de Maputo, Moçambique. Tese
de doutoramento em Educação. Convénio PUC/UP São-Paulo.
3. Falcão, Wagner Scopel e Pereira, Thiago Barcelos (2009). A Aula de Campo na Formação
Crítico/Cidadã do Aluno: Uma Alternativa para o Ensino de Geografia. Porto Alegre.
4. Freire, Paulo (1996). Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa.São
Paulo: Paz e Terra.
5. MINED (2010) – Moçambique Geografia, Programa da 9ª Classe, Edição: Moçambique.
6. Libâneo, José Carlos (1992). Didáctica Geral. São Paulo: Cortez.
7. Mapatse. M. V (2006). Francisco. Excursão no processo de ensino/aprendizagem da geografia,
subsídios para a sua realização no contexto da 10a classe na província de sofala- Moçambique.
São Paulo.
8. Pilleti, Claudino (2002). Didáctica geral, 23 edição, são Paulo.
9. Santos, Milton (1996). Por uma Geografia Nova. Da crítica da Geografia a uma Geografia
crítica. 4.ed. São Paulo : Editoria Hucitec.
10. Vesentini, José William (1995). O ensino da Geografia no século XXI. In Caderno Prudentino
de Geografia. São Paulo: Associação dos Geógrafos Brasileiros.

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