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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

CENTRO DE ENSINO À DISTÂNCIA

Desenvolvimento Sócio-Espacial e Dinâmica de Processos Espaciais, do Município de


Mocuba

Gina Ambrósio Maliza-70821743

Curso: Licenciatura em ensino de Geografia


Disciplina: Técnicas e Metodologias em
Geografia Humana
Ano de Frequência: 4º Ano
Turma: C
Docente: Aurelio Carlos Jorge

Quelimane, Abril de 2023


Classificação
Categorias Indicadores Padrões Nota
Pontuação Subt
do
máxima otal
tutor
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura organizacionai  Discussão 0.5
s  Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
Introdução  Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 3.0
cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e
2.0
internacional relevante
na área de estudo
 Exploração dos dados 2.5
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA
Referências  Rigor e coerência das
6ª edição em
Bibliográfica citações/referências 2.0
citações e
s bibliográficas
bibliografia
Folha para recomendações de melhoria:A ser preenchida pelo tutor

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Índice
1. Introdução...............................................................................................................................5

1.1. Objectivo geral.....................................................................................................................6

1.2. Objectivo específicos...........................................................................................................6

1.3. Metodologia.........................................................................................................................6

2.1. Processo Espacial da Expansão Urbana de Mocuba............................................................7

2.2. Desenvolvimento Sócio-Espacial........................................................................................8

2.3. Desenvolvimento Social....................................................................................................11

2.4. Dinâmica de Processos Espaciais......................................................................................14

3. Conclusão..............................................................................................................................17

4. Referências Bibliográficas....................................................................................................18
1. Introdução

A presente pesquisa é uma abordagem sobre Desenvolvimento sócio espacial e


dinâmica de processos espaciais ao longo das décadas ocuparam as cidades, cresceram
rapidamente e impulsionaram mudanças sócio-espaciais caracterizando a construção de
espaços urbanos e novos ambientes, gerando a necessidade de novas ocupações urbanas e
impulsionando o processo de desenvolvimento económico. O desenvolvimento sócio-espacial
é aquele que promove a melhoria na qualidade de vida dos usuários de um determinado local,
o que só é possível conhecendo-se as demandas do mesmo. O objectivo deste trabalho é
compreender o que é desenvolvimento sócio espacial para propor soluções para a área de
estudo em questão, o que torna necessário conhecer outras questões envolvidas, determinantes
para o sucesso ou o fracasso destes lugares. Além disso, busca-se entender como a melhoria
de um espaço pode influenciar a qualidade de vida de seus usuários. Quanto a estrutura do
presente trabalho comporta uma introdução, metodologia, desenvolvimento, conclusão e
referências bibliográfica.

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1.1. Objectivo geral

 Analisar o desenvolvimento sócio-espacial e dinâmica de processos espaciais, do


município de Mocuba.

1.2. Objectivo específicos

 Compreender o desenvolvimento sócio-espacial e dinâmica e como acontece a


apropriação dos espaços;
 Descrever o desenvolvimento sócio-espacial e dinâmicos no Município de Mocuba.

1.3. Metodologia

Conforme Gil (2006), a pesquisa bibliográfica toma forma a partir da consulta à


materiais já elaborados, sendo esses, principalmente, artigos científicos e livros. Aponta,
também, que quase todos os tipos de estudos possuem essa natureza, contudo, há pesquisas
que se voltam exclusivamente ao desenvolvimento a partir de fontes bibliográficas. Nesse
sentido, cabe auferir que uma grande parcela dos estudos descritivos e exploratórios são
definidos como pesquisas bibliográficas, e, desse modo, pode-se propor análise de diversas
posições sobre um determinado problema, isto é, apoia-se na literatura para analisar,
cientificamente, um fenómeno. Os materiais a serem consultados (artigos e livros) são fontes
bibliográficas por excelência, e, assim, são empregados como referências, ou seja, para
sustento de posicionamentos do autor.

Os materiais bibliográficos tomados como referência, de acordo com Gil (2006), são
fontes que têm como escopo possibilitar, ao autor, a rápida obtenção de informações
necessárias para o embasamento de seus argumentos, isto é, esses dados podem ser
localizados facilmente. Há dois tipos de possibilidades de referência: a informativa (contém a
informação que se busca) e a remissiva (o material remete à outras fontes). Cabe destacar,
também, segundo Marconi e Lactatos (2002) e Gil (2006), que a principal vantagem da
pesquisa de carácter bibliográfico é o facto de que permite, ao pesquisador-autor, que
investigue uma vasta gama de fenómenos e/ou problemas sociais. Essa abordagem permite
uma análise ampla e profunda do assunto investigado. Quando há a presença de dados muito
dispersos essa vertente é particularmente eficiente.

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2. Desenvolvimento Sócio-Espacial e Dinâmica de Processos Espaciais, do Município de
Mocuba

Mocuba é um distrito situado no centro da província da Zambézia, em Moçambique, com


sede na cidade de Mocuba. Tem limite, a norte com o distrito de Lugela, a noroeste com o
distrito de Milange, a oeste com o distrito de Morrumbala, a sul com os distritos
de Nicoadala e Namacurra, a leste com o distrito de Maganja da Costa e a nordeste com o
distrito de Ile. De referir que a cidade de Mocuba, foi elevada à categoria de município em
1998.

2.1. Processo Espacial da Expansão Urbana de Mocuba

Um olhar dos espaços urbanos do país nos remete a uma investigação sobre as razões
que podem influenciar as formas de ocupação de solos urbanos das cidades moçambicanas.
Como se pode depreender, no processo de urbanização no município de Mocuba vão surgindo
ao longo do tempo novas relações entre os atores, entre atores e espaço, bem como relações a
várias escalas. O actual município de Mocuba tem sua ocupação datada 1998 . As sucessivas
famílias que foram se instalando na região, começaram a ocupar as zonas Central e Leste,
mais especificamente as proximidades do rio Licungo e Lugela
O processo de urbanização da cidade se intensificou, o qual estabeleceu-se o transporte
ferroviário por meio da construção da estrada de ferro e do empenho que teve para de
Estradas de Ferro operasse na actual cidade. A Estação Ferroviária foi implantada no tempo
colonial e possibilitou a ligação com a cidade de Quelimane, integrando-o no cenário nacional
e proporcionando seu desenvolvimento. A ferrovia trouxe importantes benefícios para a
cidade, entretanto, a mesma não se configura como a principal responsável pelo progresso
local, uma vez que, a estrada de ferro proporcionou grandes melhoramentos, sobretudo, para a
cidade de Mocuba que era sua sede, onde se localizavam pontos de terminais.
Diante do progresso a cidade passou a receber alguns benefícios, tais como energia
eléctrica, sala de cinema e a primeira emissora comunitária denominado de “RCL”, os quais
condicionaram o aceleramento da urbanização local. Em função da oferta de energia eléctrica,
houve a instalação de algumas fábricas, proporcionando o desenvolvimento industrial da
cidade.

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De acordo com Araújo Sobrinho (1998), o progresso económico levou à
industrialização da cidade, a qual recebeu várias indústrias de diferentes ramos, sendo estas
localizadas na cidade. Fábricas de processamento de cereais agrícolas e armazéns de
estocagem de mercadorias também foram criados, sobretudo, na direcção Norte, nas
proximidades.
Apesar do avanço económico, as condições sociais, principalmente dos operários,
eram bastante precárias, tendo a ausência de energia eléctrica, luz eléctrica e saneamento
básico a essa população. Os mesmos residiam em vilas que eram criadas nos arredores das
fábricas e, de acordo com Soares (1988):
A habitação é aqui entendida como forma de preservação e controle da força
de trabalho. Para o operário, a casa significava morar perto do trabalho, ter
emprego, enfim, um abrigo, uma segurança. Para o empresário, a provisão
de moradia para seus operários era uma forma de fixá-los à empresa, uma
vez que a mão-de-obra especializada era muito escassa, além de possibilitar
o pagamento de baixos salários (P.13).

O crescimento urbano de Mocuba provocou uma diferenciação sócio-espacial, em que


a classe dominante manteve suas residências na região central dotada de diversos
equipamentos urbanos enquanto a população de baixa renda passou a se localizar nas
periferias da cidade, onde a infra-estrutura era praticamente inexistente. Essa nova dinâmica
de produção do espaço incitou uma expansão fragmentada do tecido urbano.

2.2. Desenvolvimento Sócio-Espacial

Primeiramente, é preciso compreender que para haver desenvolvimento sócio-espacial,


é necessário que haja o desenvolvimento em todos os ângulos. Por isso, torna-se importante
conhecer outros temas envolvidos, como espaços públicos, apropriação, e lugar.Para Souza
(2011), desenvolvimento é entendido como uma mudança social positiva.
Ainda segundo Souza, (2011):
A mudança social positiva, no caso, precisa contemplar não apenas as
relações sociais mas, igualmente, a espacialidade. A importância do espaço
(que é palco, fonte de recursos, recurso em si [localização], arena, referencial
simbólico/identitário e condicionador; que é substrato material, lugar e
território), na sua multidimensionalidade, tem sido comummente
negligenciada pela literatura sobre teoria do desenvolvimento. (, p. 61).
Seguindo este raciocínio, deve-se então compreender como as interacções sociais
ocorrem nos espaços públicos, sendo estes Leite, (2004):

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Entende-se que uma noção de espaço público requer, para qualificar como
públicos determinados espaços urbanos da vida contemporânea, uma
inserção conceitual de mão dupla entre espaço e sociabilidade pública.
Implica, portanto, relacionar dois processos interdependentes, que
concorrem simultaneamente para uma única direcção: a construção social do
espaço, enquanto produto e produtor de práticas sociais; e a construção
espacial da sociabilidade pública, enquanto produto e produtor das
espacializações da vida social. (p. 196).
As interacções nestes espaços se dão através da apropriação, podendo os mesmos
serem ou não apropriados, fato que pode ser determinado por vários aspectos, como físicos,
naturais, construtivos e também socioeconómicos. A apropriação pode ser entendida como
(Nishikawa, 1984 apud Mendonça, 2007):
[...] eventos quotidianos relacionados à própria vida urbana e devem ser
reconhecidas, entre outros aspectos, como reveladoras de necessidades de
reestruturações físicas, de modo a permitir flexibilidade no uso do espaço
(p.297).

Quando um espaço passa a ser apropriado, ele adquire valor, significado, para quem o
utiliza, tornando-se assim um lugar. Podendo este ser definido como Augé, (1994):
Finalmente, o lugar é necessariamente histórico a partir do momento em que,
conjugando identidade e relação, ele se define por uma identidade mínima.
Por isso é que aqueles que nele vivem podem aí reconhecer marcos que não
têm de ser objectos de conhecimento. (p.53)
Com o entendimento de como e porque estas interacções acontecem ou não nos
espaços, passa a ser possível promover um desenvolvimento que englobe todas as esferas,
espaciais e sociais, levando assim a uma melhoria na qualidade de vida da população.
De acordo com Souza, (2011):
Desenvolvimento é mudança, decerto: uma mudança para melhor. Um
“desenvolvimento” que traga efeitos colaterais sérios não é legítimo e,
portanto, não merece ser chamado como tal. Em termos muito singelos e
puramente introdutórios, pode-se dizer que se está diante de um autêntico
processo de desenvolvimento sócio-espacial quando se constata uma
melhoria na qualidade de vida e um aumento da justiça social. (p. 61).

Ainda segundo Souza (2011):


No que tange à melhoria da qualidade de vida, ela corresponde à crescente
satisfação das necessidades – tanto básicas quanto não-básicas, tanto
materiais quanto imateriais – de uma parcela cada vez maior da população.
(p. 62).

Pode-se concluir, portanto, que o desenvolvimento sócio-espacial promove uma


melhoria na qualidade de vida uma vez que leva em conta não somente os interesses
económicos, mas também e principalmente os interesses sociais, buscando a igualdade e a
inclusão, fazendo com que os espaços sejam melhores e mais apropriados, fato que leva a uma
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série de consequências positivas, como, por exemplo, a preservação da identidade dos lugares
e consequentemente da própria cidade.
Na prática, para alcançar um resultado satisfatório em um projecto que vise realizar
alterações em qualquer escala urbana - neste caso em particular, o centro de uma cidade
pequena - de maneira não-superficial, faz-se necessária uma análise mais aprofundada, como,
por exemplo, acerca da história, dos usos e apropriações, compreender os impactos que estas
modificações podem causar e observar se são positivos, para obter além da estética, um
resultado de qualidade.
Em outra oportunidade, Souza (2002) enfatiza em conjunto os três elementos
considerados por ele como essenciais para a ocorrência do desenvolvimento sócio-espacial:
melhoria da qualidade de vida, aumento da justiça social e da autonomia dos grupos. Segundo
o autor, a melhoria da qualidade de vida ocorre quando uma parcela cada vez maior da
população aumenta paralelamente a sua satisfação das necessidades básicas e não básicas,
tanto materiais quanto imateriais. Já a justiça social se apresenta com maior complexidade,
pois existem inúmeras ideias e pensamentos - muitas vezes, conflitantes - relacionados ao
assunto.
Segundo Souza (2006) a importância do espaço, reafirmando seu pensamento deste
como sendo multifacetado. Para o autor, o espaço é muito mais do que um produto social, ele
também interfere directamente nas relações sociais, sendo uma dimensão da sociedade, daí
surge a necessidade de se valorizá-lo efectivamente. Devido a tal importância e relação,
justifica-se o fato de se abordar o desenvolvimento acompanhado pelo termo sócio-espacial.
Souza define desenvolvimento como sendo um “processo aberto de mudança para melhor, e
uma incessante busca por mais justiça social e melhor qualidade de vida sobre a base da
autonomia individual e colectiva.”. O autor ainda complementa que a autonomia,
compreendida no sentido castoradiano é a que mais se aproxima de sua ideia, porém não se
pode desprezar os pequenos ganhos do quotidiano. O espaço heterónomo vem carregado de
rugosidades e preconceitos, o que torna muito difícil a construção de uma sociedade
autónoma. A construção de ideias, rotinas, institucionalidades e mesmo espaços físicos - sedes
de assembleias e encontros - favorecem a participação popular, mesmo num espaço com
pouca autonomia, além de constituir forma de resistência e busca por maior participação.
Souza (2013) retoma algumas ideias, tal como desenvolvimento como mudança social
para melhor, qualidade de vida, justiça social e autonomia individual e colectiva. Salienta
ainda que onde houver assimetria estrutural de poder, pobreza, injustiça, impactos ambientais

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em larga escala, se torna imprescindível tratar de desenvolvimento sócio-espacial. Após a
retomada das ideias anteriores, Souza (2013) esmiúça o termo desenvolvimento, através da
origem da palavra - retirar obstáculos, liberar - e totalmente desvinculado do crescimento
económico.
Falar em desenvolvimento sócio-espacial significa para Souza (2013) a superação da
ideia de desenvolvimento como “mais do mesmo”, da perseguição por melhorias apenas nos
índices quantitativos. Tratar desse conceito significa a busca por mais autonomia,
considerando as múltiplas facetas do espaço (primeira e segunda naturezas, território e suas
relações de poder, lugar e suas subjectividades).
Para Souza (2006) o desenvolvimento sócio-espacial deve ser buscado pelo grupo
social sem interferência externa, nesse sentido também converge com a alternância, já que
essas instituições surgem através da organização da sociedade (de forma consciente) em busca
de uma transformação positiva para uma determinada parcela da população, nesse caso os
agricultores familiares, que buscam maior autonomia frente ao mercado neoliberal e Estado,
que tem como prioridade grandes produtores agro comerciais.

2.3. Desenvolvimento Social

A definição de “desenvolvimento social” parece razoável, pondera Souza. O


desenvolvimento social explicita as esferas económicas, políticas e culturais, mas se mostra
insuficiente, segundo ele, por não contemplar a “dimensão espacial da sociedade”, e mesmo
quando lembrada torna-se mera “projecção abstracta da dimensão económica no espaço”
(Souza, 2003, p. 98,99).
Desta forma, a maneira que o espaço urbano é ainda interpretado só poderá gerar mais
dissiparidades, pois seu fim último ainda é o lucro através do dito “desenvolvimento urbano”.
Para Souza a “organização espacial e as formas espaciais reflectem o tipo de sociedade que as
produziu, uma vez produzidas, influenciam os processos sociais subsequentes” (Souza, 2003,
p.99). Quando se trata a questão urbana, sem se pensar o sentido que as projecções materiais
podem gerar nas relações sociais, a gestão ou o planeamento urbano só podem ser ineficazes
ou ineficientes. Sendo assim, o que deveria se propor para Souza é uma reflexão partir do
espaço social e das relações projectadas no espaço para que se possa visualizar as dimensões
espaciais qualificando-as e mesmo redimensionando-as para transformá-las, ou seja, não

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apenas visando transformar o espaço social, “mas a transformação das relações sociais e do
espaço social, simultaneamente” (Souza, 2003, p.100).
A qualidade de vida corresponderia “à crescente satisfação das necessidades – tanto
básicas quanto não básicas, tanto materiais quanto imateriais – de uma parcela cada vez maior
da população”. A justiça social evidenciaria a nossa capacidade de “conciliar poderosamente
o respeito à alteridade com a exigência de igualdade” (Souza, 2002, p. 64).
Isto só é possível, segundo Souza, se repensarmos a concepção de autonomia
individual e a concepção autonomia colectiva. Sendo que cada uma destas concepções teria
um papel importante a cumprir numa sociedade que visa a democracia como sistema político
não apenas formal. A autonomia individual só é possível se o indivíduo for capaz de
estabelecer metas para si próprio de forma lúcida e na medida em que for capaz de reflectir
criticamente sobre informações de que dispõe em fontes confiáveis e a autonomia colectiva
“depreende não só de instituições sociais capazes de garantir justiça, liberdade e possibilidade
de pensamento crítico, mas também a constante formação de indivíduos lúcidos e críticos,
dispostos a encarnar e a defender essas instituições (Souza, 2002, p. 64,65).
Na realidade a qualidade de vida e a justiça social são vistas como subordinadas a
autonomia individual e a autonomia colectiva, ou seja, mesmo que se possa ter ganhos em
qualidade de vida e justiça social se esses ganhos não forem fruto de decisões democráticas
não se pode falar em sociedade autónoma. Isso não quer dizer, que a justiça social e a
qualidade de vida sejam submissas as autonomias individuais e colectivas.
A relação entre a justiça social a autonomia pode ser vista com mais facilidade, mas
entre a qualidade de vida e a autonomia não se garante que as decisões políticas serão
acertadas. Até porque, “na presença de uma heteronomia significativa no plano colectivo, será
frequente a manipulação dos sentimentos de satisfação individual, como ocorre nas
sociedades de consumo contemporâneas” (Souza, 2002, p. 66).
Por fim ainda é necessário sintetizar como Souza percebe o processo de gestão e o
olhar objectivo das categorias expostas acima. Se bem entendido o desenvolvimento sócio-
espacial é necessário frisar que os ganhos em níveis de justiça social e qualidade de vida, além
de percorrerem um processo democrático de decisões em uma sociedade autónoma, colocam-
nos agora a necessidade de planejar. Planejar não só possíveis propostas de interventivas,
intuindo resolver as demandas urbanas, mas através do planeamento e da gestão urbana
construir e reconstruir nossos aportes teóricos considerando os atores sociais como sujeitos
capazes de participar das decisões políticas públicas.

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Para que isso se torne realidade Souza entende que nossos parâmetros de autonomia
individual e colectiva devem ser complementados por parâmetros subordinados particulares,
visto que a justiça social e a qualidade de vida não passam de conceitos abstractos se não
contextualizados. Souza (2002) qualifica estes parâmetros subordinados particulares com
exemplos específicos a cada parâmetro subordinado geral. A justiça social pode ser associada
níveis de segregação espacial, condições socioeconómicas e níveis de participação da
população em geral.
A qualidade de vida, por sua vez, pode ser associada a satisfação individual em torno
de serviços de saúde, educação e aqueles relativos à moradia (Souza, 2002, p.67).
Para atingir as especificidades dos parâmetros subordinados particulares Souza propõe
adaptações singularizantes que darão conta de compreender no espaço e no tempo a situação
concreta. É aí que a actuação profissional tem o dever de contribuir para gestão democrática
em um desenvolvimento sócio-espacial. Cabe “aos próprios indivíduos/cidadãos envolvidos
no planeamento ou na gestão em um determinado espaço e tempo” controlar o processo de
construção e reconstrução dos desafios sócio-espaciais (Souza, 2002, p.68).
Aos profissionais envolvidos, apreender o universo de expectativas, quanto as
demandas é um exercício quotidiano. Para isso são importantes as pesquisas de campo, os
indicadores sociais e demais instrumentos empíricos construídos com o objectivo de captar “a
intersubjectividade dos atores sociais” (Souza, 2002, p.60).
Por tudo isso é que se considera, que é fundamental o planeamento sócio-espacial do
desenvolvimento.
Por causa disso, os programas de desenvolvimento e combate à pobreza devem ter
uma visão espacial, para que a solução de um problema na cidade não cause outro no campo”
(Toledo, 1998, p. 3-3).
Além disso, constata-se que as transformações estão ocorrendo sem a participação do
Estado e fazem algumas recomendações técnicas (ou seriam políticas) para os governos, como
incrementar o “uso do espaço rural para acomodar os pobres das periferias das cidades” e
buscarem a “descentralização das políticas para reforçar o papel do poder local”. (Toledo,
1998, p. 3-3).
No que se refere à questão do “uso do espaço rural”, defende-se aqui que independente da
acção dos governos alguns movimentos sociais, trazem principalmente os germes de um
processo sócio-espacial mais amplo, que pode vir a ser o grande alicerce da economia de
dispersão, que é a ruralização ou interiorização, em grande parte já em marcha.

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São movimentos pioneiros na busca de uma nova espacialidade, diferente daquela do
capitalismo tradicional. Assim como a urbanização foi um dos eixos definidores da sociedade
actual, a ruralização poderá vir a ser o de uma sociedade transformada no sentido de se
caminhar na busca de um novo padrão de civilização.
A questão tecnológica é central neste contexto. Como defende Quandt, os avanços
tecnológicos geram uma mudança paradigmática que abre uma “janela de oportunidade
tecnológica”, que por sua vez permite também a abertura de uma “janela de oportunidade
locacional”. Para ele “isto significa que mudanças tecnológicas radicais contribuem para criar
possibilidades de participação para novos competidores e novas localidades” (Quandt, 1997,
p.16).
Ainda segundo Quandt (1997), então, “características territoriais”, num determinado
modelo de desenvolvimento regional, que a partir das inovações tecnológicas que permitiram
sua consolidação, permitem também pensá-lo pelo “conceito de sistema de inovação”.

2.4. Dinâmica de Processos Espaciais

A ocupação do território por iniciativa da população, nem sempre reconhecida pelo poder
público, aqui denominada de autoprodução, é o processo mais preponderante na formação e
consolidação destas áreas. Para além deste, identificam-se outros tipos de intervenção que as
marcam pontualmente:

 O termo “talhão” em Moçambique utiliza-se ao nível do planeamento físico, em vez


do termo “lote”parcelamento e atribuição de talhões, com níveis variáveis de infra-
estruturação (sector público e/ou lideranças locais);
 Reassentamentos e realojamentos, com níveis variáveis de infra-estruturação (sector
público e, em alguns casos, investidores privados, agências internacionais e
organizações da sociedade civil);
 Qualificação urbana, através da implementação ou melhoria de infra-estruturas, da
construção de equipamentos e da melhoria do espaço público (sector público, agências
internacionais e organizações da sociedade civil);
 Renovação urbana, recorrendo à demolição do tecido existente para a construção de
novos espaços, geralmente na lógica do mercado (sector público e privado e, em
alguns casos, agências internacionais e organizações da sociedade civil);
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 Construção de grandes infra-estruturas, equipamentos e empreendimentos
imobiliários, em áreas tendencialmente desocupadas (sector público e privado e
agências internacionais);
 Regularização fundiária, através da atribuição de título de direito de uso e
aproveitamento da terra (DUAT) (Conselho Municipal e agências internacionais).

Os processos e dinâmicas de intervenção actual nas áreas pere-urbanas mais antigas e


consolidadas decorrem da pressão exercida pelo mercado e da sua maior visibilidade, dada a
proximidade ao centro. Por sua vez, os das áreas mais distantes, junto do limite norte do
município, resultaram inicialmente da maior disponibilidade de espaço que ofereciam à
expansão da cidade, respondendo à demanda residencial provocada pelo aumento
demográfico natural e migratório, sobretudo numa fase inicial. A expressão liga-se a ideia de
crescimento desenvolvimentista nas suas diferentes fases de tempo e de ritmo, considerado
você não a particularidade territorial, e aplica-se aos diferentes processos espaços,
particularmente urbanos, e entre outras disciplinas a geografia, onde se associar normalmente
à análise espacial e ao estudo dos sistemas. Em primeiro lugar, o estudo da dinâmica espacial
pode apoia-se em quatro lógicas de mudanças diferentes (Levy e Lussault, 2003, p.281): “da
posição relativa de uns lugares e outros, ou seja, as modificações no tempo de acessibilidade
dos lugares; a mudança de espacial, fruto, por exemplo da difusão: a mudança das
diferenciações espaços modifica o sistema espacial; e a mudança qualificado dos lugares, por
exemplo, uma cidade turística”. Frequentemente, esta evolução centra-se nas mudanças dados
demográficos, marcadas sobretudo pelo despovoamento dos espaços rurais e pela
concentração urbana, na Zambézia como também em Mocuba, pela de residências e
actividades e pela confirmação dos espaços urbanos.

Segundo lugar, a dinâmica urbana considerar o processar de urbanização, nas suas


diversas facetas, de sinal morfológico, económico e funcional ou de tipo ambiental, em
qualquer dos casos marcados quase sempre em todo o mundo pela difusão de géneros de vida
urbana (muito condicionados pelo consumo) e pelo aumento do contínuo urbano, assim como
pelo poder económica e político emanados das cidades.
A dinâmica desenvolvimento territorial tê-los linha de conta ainda como mudanças
que ocorrem não interior do espaço urbano, podendo ser vista a cidade como uma realidade,
com crises e conflitos constantes a medida ocorre os eu crescimento e estruturação, pode dar
lugar à constituições de conturbações ou um processos de explosão urbana com a formação de

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extensas e complexo regiões urbanas, onde emergem novas realidades morfológicas, como
têm lugar tara configurações redes sociais e económicas, onde um fragmentação urbana
revelar mais força separação entre grupos de pessoas que de continuidade fazer tecido urbano.
Em qualquer caso, a dinâmica espacial está implícito não conceito de cidade e urbanização,
associado à alteração dos transportes e das relações económicas e sociais marcadas pela maior
facilidade de circulação das pessoas e bens e pela possibilidade de trocas de capital e de
informação ilimitada, deforma instantaneamente.
Não quadro de reorganizações territoriais, verifica-se como dinâmicas espaços parece
muito marcadas pela oposição entre territórios atractivos e ganhadores, especialmente em
algumas cidades e como suas áreas mais qualificados, assim como localidades melhor
conservadas e enclaves naturais, por oposição a territórios considerados repulsivos ou
perdedores, onde as condições ambientais são deficitárias, a pobreza mais evidente e a
insegurança é hum problema real. Internamente, como dinâmicas urbanas aparecem marcadas
pelo contexto regional e nacional, assim como pela especificidade de cada aglomerado,
podendo assinalar-se, em tudo o caso, nas dinâmicas recentes de muitos espaços, a crescente
importância do turismo, o papel de eventos e de outras oportunidades de investimento
público, a continua suburbanização, como resultado de melhorias nas condições de
acessibilidade e incremento da mobilidade dos habitantes, o que leva também a que como
condições de centralidades e multipliquem em determinando lugares e que a expansão da
mancha urbana e o crescendo demográfico possa ocorrem cada vez mais não espaços
interurbanos.

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3. Conclusão

Como pôde ser constatado neste trabalho, de forma concreta, o espaço é dinâmico. A
todo o momento as suas formas são construídas, destruídas e reconstruídas. Ademais, de
forma paralela a essas modificações na paisagem urbana, observa-se um espaço “vivo” a
partir da acção da sociedade não só na produção propriamente, mas, no uso ou apropriação
deste espaço de diversas maneiras.
Dai que o desenvolvimento sócio-espacial é aquele que compreende todas as áreas do
desenvolvimento, melhorando assim a qualidade de vida dos usuários de um determinado
espaço. Para tanto, é necessário um estudo mais aprofundado acerca do local de projecto, afim
de entender como o espaço funciona, seus usos e apropriações, para que sejam encontradas as
melhores soluções. Com base nos estudos realizados neste trabalho, foi possível perceber o
quanto os ambientes urbanos podem influenciar a qualidade de vida da população. Isto
porque, além de se tornarem bem apropriados, se bem pensados, podem se tornar espaços
mais seguros e confortáveis. Além disso, é possível encontrar meios que ajudem a
desenvolver o lado socioeconómico, trazendo benefícios a todas as partes envolvidas. Locais
bem projectados são capazes de gerar a apropriação, o que leva as pessoas a se identificarem
com os espaços, tornando-os um lugar. O processo de percepção é o que permite esta
identificação, portanto, analisar a percepção ambiental pode vir a ser muito enriquecedor. Um
ponto interessante a ser observado é que todos os locais acabaram por ser espaços
multifuncionais, com usos diversos, o que se mostrou muito positivo, constatando-se que os
mesmos lugares, por serem públicos, podem impactar a qualidade de vida de diferentes
pessoas, idades, gostos e culturas, constituindo portanto um factor determinante para o
sucesso dos mesmos.

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4. Referências Bibliográficas

Araújo S. F. L. (1998). Produção do Espaço e Evolução Urbana da Área Central de


Uberlândia/MG. Dissertação de Mestrado, Publicação FAU. DM. Brasília:
Mestrado em Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília.
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