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2.

A Criação de Zonas de Influências e os Principais Conflitos

2.1. Objectivos do conteúdo

Neste conteúdo pretende-se que o estudante compreenda o processo da criação das zonas de
influência por parte das principais potências imperialistas e os respectivos conflitos dai
provenientes e sua respectiva forma de resolução.

2.2. Conflitos Entre as Potências Europeias Pelas Zonas de Influência

Em 1876, a Bélgica fundou a Associação Internacional do Congo com objectivos de explorar a


África, combater o tráfico de escravos e civilizar os africanos. Esta nobre missão foi confiada a
Stanley. As actividades de Stanley de imediatas originaram conflitos com outras potências com
as mesmas pretensões na região, nomeadamente os portugueses e franceses. No mesmo instante
a França tinha seus interesses e rapidamente se instalou um clima de conflito de interesses. Era o
inicio da corrida entre as principais potências imperialistas pela ocupação dos territórios em
África e rapidamente envolveria outros países europeus.

O período mais activo foi quando a Alemanha se apoderou de algumas zonas estratégicas, da
cobiça da Inglaterra nas costas de África nomeadamente Namíbia e Tanganhica 1. As tensões
avolumaram-se indo desaguar na conferência de Berlim como plataforma de resolução de
diferendos.

Esta corrida foi marcada por conflitos. E como forma de apaziguar estes conflitos que amaçavam
as grandes potencias num confronto, avançou-se assim a proposta de uma conferência
internacional. Foi neste prisma que aconteceu a Conferência de Berlim.

1
Importa frisar que o sudeste africano (Namíbia) e Tanganyika voltaram para Inglaterra após a Primeira Guerra
Mundial quando a Alemanha foi considerada como derrotada na guerra. Estes dois territórios voltaram a guarda da
Inglaterra sob a forma de mandatos no tratado de paz de Versalhes.
2.3. A Conferência de Berlim (1884-1885)

A ideia de uma conferência internacional que permitisse resolver os conflitos territoriais


engendrados pelas actividades dos países europeus na região do Congo foi lançada por iniciativa
de Portugal, mas retomada mais tarde por Bismarck, que, depois de ter consultado outras
potências, foi encorajado a concretiza- la.

Estiveram presentes nesta conferencia os seguintes países: Alemanha, Austria-Hungria, Bélgica,


Dinamarca, os EUA, Franca, Espanha, Inglaterra, Itália, Holanda, Portugal, Rússia, Suécia,
Noruega e Turquia2.

A conferência realizou-se em Berlim, de 15 de Novembro de 1884 a 26 de Novembro de 1885. A


noticia de que seria realizada, a corrida a África - intensificou- se. A conferência não discutiu a
sério o tráfico de escravos nem os grandes ideais humanitários que se supunha terem-na
inspirado. Adoptaram-se resoluções vazias de sentido, relativas a abolição do tráfico escravo e ao
bem-estar dos africanos.

A conferência, que, inicialmente, não tinha por objectivo a partilha da África, terminou por
distribuir territórios e aprovar resoluções sobre a livre navegação no Niger, no Benue e seus
afluentes, e ainda por estabelecer as “regras a serem observadas no futuro em matéria de
ocupação de territórios nas costas africanas3.

Por força do artigo 34 do Acto de Berlim, documento assinado pelos participantes, "toda nação
europeia que, dai em diante, tomasse posse de um território nas costas africanas ou assumisse ai
um “protectorado”, deveria informa-lo aos membros signatários do Acto, para que suas
pretensões fossem ratificadas". Era a chamada doutrina das esferas de influencia, a qual esta
ligado o absurdo conceito de hinterland. A doutrina foi interpretada da seguinte forma: a posse
de uma parte do litoral acarretava a do hinterland sem limite territorial. O artigo 35 estipulava
que o ocupante de qualquer território costeiro devia estar igualmente em condições de provar que
exercia “autoridade” suficiente “para fazer respeitar os direitos adquiridos e, conforme o caso, a

2
SERRA, 2000
3
READER, 2002
liberdade de comércio e de trânsito nas condições estabelecidas”. Era a doutrina dita de
ocupação efectiva, que transformaria a conquista da África na aventura criminosa.

De facto, reconhecendo o Estado Livre do Congo, permitindo o desenrolar de negociações


territoriais, estabelecendo as regras e modalidades de apropriação “legal” do território africano,
as potências europeias se arrogavam o direito de sancionar o princípio da partilha e da conquista
de um outro continente. Semelhante situação não tem precedentes na história: jamais um grupo
de Estados de um continente proclamou, com tal arrogância, o direito de negociar a partilha

e a ocupação de outro continente. Para a história da África, esse foi o principal resultado da
conferência. As apropriações de territórios deram-se praticamente no quadro da conferência, e a
questão das futuras apropriações foi claramente levantada na sua resolução final. De facto, em
1885, ja estavam traçadas as linhas da partilha definitiva de África.

Em suma a razão que levou a convocação da Conferencia de Berlim foram os conflitos entre
Estados Europeus estimulados pela disputa por territórios africanos, conhecido até então como
zonas de influência4. Em termos de deliberação pode-se resumir no seguinte:

1.Reconhecimento do Estado Livre do Congo

2.A liberalização do comércio nas bacias do Congo e do Níger

3. Estabelecimento do Principio de Ocupação Efectiva

2.3. Teorias Sobre a Partilha de África

Numa tentativa ilusória de explicar a partilha de África destacam-se quatro principais teorias:

Teoria Económica, Teoria Psicológica, Teorias Diplomáticas e Teorias da Dimensão Africana.

4
Pode-se entender como zona de influência aos territórios que as potências mantinham acordos comerciais
pacíficos, e que depois da Conferencia de Berlim com a aplicação do princípio de Ocupação Efectiva passaram a
designar-se de colónias.
2.4. Teoria Económica

Esta teoria sustenta que a partilha de África tinha motivações económicas especialmente ligadas
ao desenvolvimento económico de Europa. Estas motivações cingiam-se na superprodução, nos
excedentes de capital, e o sub-consumo dos países industrializados leva-os a colocar uma parte
do seu excedente fora das suas fronteiras.

2.5. Teorias Psicológicas

Repousavam no Darwinismo Social, Cristianismo Evangélico e Atavismo Social.

Darwinismo Social: Defendia que na luta pela sobrevivência as espécies mais fortes dominam as
espécies mais fracas. Para o caso da partilha da África pelos Europeus era uma manifestação
deste processo natural e inevitável.

Cristianismo Evangélico: dado o Estado barbárie que os africanos viviam era um imperativo dos
europeus expandir o cristianismo como forma de liberta-los.

Atavismo Social: A partilha de África pelos Europeus justifica-se como um egoísmo natural que
o Estado manifesta de se expandir territorialmente mediante medição da força.

2.6. Teorias Diplomáticas

As teorias diplomáticas sustentavam-se em:

1.Prestigio Nacional: Era inevitável a partilha de África por causa do prestígio nacional da
Europa.

2.O equilíbrio de forças: A causa principal da partilha de África repousava no desejo de paz e de
estabilidade da Europa. Desde que a Europa parou com os conflitos no seu solo o foco de
conflitos passou a ser a África e Ásia.
3.A estratégia Global: Os movimentos proto-nacionalistas africanos ameaçavam a estratégia
global da Europa, dai a razão da partilha de África.

2.7. Teoria de Dimensão Africana

Esta teoria, e a única que refere que a partilha de África não teve nada a ver com a realidade
europeia. Em suma as teorias acima expostas defendiam uma visão eurocentristas. De acordo
com a dimensão africana, a partilha de África foi o resultado do longo período de delapidação
das riquezas africanas iniciadas no século XV com o processo da Expansão marítima Europeia.

Fim e bom Trabalho

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