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– “Partilha europeia e conquista da África”

Godfrey N. Uzoigwe - Partilha europeia e conquista da África: apanhado geral


 Autor da ênfase em dois sujeitos (conquistador=europa e conquistado= áfrica) teoria da
dimensão africana;
 Em 30 anos há uma mudança tremenda 1880-1914:

 Teoria econômica: “valida, mas é uma tese discutível, pois não dá para explicar todos as
questões”;
o Capitalismo como origem do imperialismo;
o Imperialismo (lenin, Rosa Luxemburgo) é a “Ideia de monopólio de capital
(financeiro, capital dos bancos que investem e possuem interesses)”;
o Mesmo que a teoria tenha problemas, não pode negar que no nível mais profundo
o imperialismo é um fenômeno econômico;
o “embora a teoria clássica do imperialismo econômico seja aniquilada, isso não
permite necessariamente refutar sua conclusão de que o imperialismo, no nível
mais profundo, é essencialmente econômico.”
 Teoria Psicologicas: são justificativas a posteriori, são nebulosas e a-históricas;
o Distorção/má leitura do Darwin. Ele diz que a evolução do mais apto é
consequência, já a leitura inverte, coloca como justificativa inicial para a
dominação;
o Visão crista de que: os cristãos devem converter os pagões. Visão de que as
religiões de matriz africana são “demoníacas”;
o “partilha da África se devia, em parte não desprezível, a um impulso “missionário”,
em sentido lato, e humanitário, com o objetivo de “regenerar” os povos
africanos11. Já se afirmou, além disso, que foram os missionários que prepararam
o terreno para a conquista imperialista na África oriental e central, assim como em
Madagáscar12. No entanto, se é verdade que os missionários não se opuseram à
conquista da África e que, em certas regiões, dela participaram ativamente, esse
fator, por si só, não se sustenta como uma teoria geral do imperialismo, em razão
de seu caráter limitado.”
 “As teorias psicológicas, embora possam conter algumas verdades que ajudam a
compreender a partilha da África, não conseguem explicar por que essa partilha se deu
num determinado momento histórico.”
 Teoria diplomática: disputas internas da Europa;
o “Um objetivo básico tanto das teorias psicológicas como das diplomáticas, a elas
aparentadas, é acabar com a ideia de que a partilha da África se deve a motivos
econômicos. Mas a tese do prestígio nacional mostra-se pouco convincente
precisamente quando os fatores econômicos a ele concomitantes são eliminados
ou minimizados demais.”
 Autor diz que a partilha da africa deve ser examinado a partir da áfrica, e não um
apêndice da história europeia;
 Teoria da dimensão africana:
o Não nega a perspectiva econômica, contudo mostra que houve uma mudança.
Uma expansão econômica se torna uma conquista militar, pois houve resistência
(mostra que houve resistências, uma agencia da parte africana, deste modo, a
África não é passiva neste processo). “motivos de ordem essencialmente
econômica que animaram os europeus e que a resistência africana à invasão
crescente da Europa precipitou a conquista militar efetiva”;
 Primeiramente há uma abordagem diplomática, que propõe uma relação
de submissão, o que não é aceito;
 “embora a causa imediata da partilha fossem as rivalidades econômicas
entre os países industrializados da Europa, ela constituía ao mesmo tempo
uma fase determinante nas relações de longa data entre a Europa e a
África. Hardy julgava que a resistência africana e à crescente influência
europeia precipitou a conquista efetiva, tal como as rivalidades comerciais
cada vez mais exacerbadas das nações industrializadas levaram à partilha.”
o introduz a ideia de que não era inevitável, algo inscrito à história da África, se
tornando seu devir e ponto central da história africana;
 “processo de devoração da África pela Europa”;
o “explica a partilha levando em consideração tanto os fatores europeus como os
africanos”;
 Conduta da europa muda após 1876 e 1880 em relação a África:
o 1876 – Conferencia Geografica de Bruxelas organizado por Leopoldo I, rei dos
Belgas em 1865. (exploração do território Áfricano, o que levou a criação do
Estado livre do Congo. Portugueses também começam a explorar o continente;
o “A ação de Portugal e França entre 1876 e 1880 indicava claramente que estavam
comprometidos na exploração colonial e na instauração de um controle formal na
África. Isto obrigou finalmente o Reino Unido e a Alemanha a abandonar sua
preferência pelo controle informal em favor de um domínio efetivo, o que os levou
a anexar territórios na África oriental, ocidental e meridional a partir do final de
1883.”
 O congresso de Berlim (15 de novembro de 1884 a 26 de novembro de 1885, realizada por
Bismarck) não é o começo do processo, mas uma resposta;
o “inicialmente, não tinha por objetivo a partilha da África”
o A avanços europeus anteriores;
o Projetos estão se intercalando (territorialmente). Devido a possíveis guerras na
Europa devido a disputas de terra na África, Bismarck chama para um conferencia
para evitar essas guerras; (congresso de Berlim)
o Congresso de Berlim não faz a partilha (mito), mas delimita códigos/regras de
tomada/conquista; artigo 34-35 do congresso
 1º regra (34): Quem ocupar uma área deve avisar o resto (evitar ocupar
área já ocupadas). “toda nação europeia que, daí em diante, tomasse
posse de um território nas costas africanas ou assumisse aí um
“protetorado”, deveria informá-lo aos membros signatários do Ato, para
que suas pretensões fossem ratificadas”;
 Esfera de influência: ligado ao conceito de hinterland: “posse de
uma parte do litoral acarretava a do hinterland sem limite
territorial.”
 2º regra (35): Não basta dizer que é meu, deve-se ocupar efetivamente.
“ocupante de qualquer território costeiro devia estar igualmente em
condições de provar que exercia “autoridade” suficiente “para fazer
respeitar os direitos adquiridos e, conforme o caso, a liberdade de
comércio e de trânsito nas condições estabelecidas”. Era a doutrina dita de
ocupação efetiva, que transformaria a conquista da África na aventura
criminosa que se verá.”
 Protetorado com ocupação militar; art.35
o O congresso traz a consequência de um aumento da corrida de conquista. “Antes
da conferência de Berlim, as potências europeias já tinham suas esferas de
influência na África por várias formas: mediante a instalação de colônias, a
exploração, a criação de entrepostos comerciais, de estabelecimentos
missionários, a ocupação de zonas estratégicas e os tratados com dirigentes
africanos. Após a conferência, os tratados tornaram-se os instrumentos essenciais
da partilha da África no papel. Eram de dois tipos esses tratados: os celebrados
entre africanos e europeus, e os bilaterais, celebrados entre os próprios
europeus”;
 Por que conseguiram conquistar? 1)” graças às atividades dos missionários e dos
exploradores, os europeus sabiam mais a respeito da África e do interior do continente –
aspecto físico, terreno, economia e recursos, força e debilidade de seus Estados e de suas
sociedades – do que os africanos a respeito da Europa”; 2) Poder militar, técnico, recursos
economicos e medico (combater a malária) dos Europeus. 3) Europeus agiram em grupo,
enquanto os africanos, tinham um histórico longo de rivalidades e conflitos e rivalidades
interestatais e intraestatais. “[...] a conduta dos países africanos foi assinalada não só pela
falta de solidariedade, de unidade e de cooperação, mas também pelo fato de alguns deles
não hesitarem em se aliar aos invasores europeus contra seus vizinhos [...]”;
 Em nenhum momento a resistência foi superada. A conquista é relativamente fácil devido
a superioridade da tecnologia militar, contudo a implementação da administração
enfrenta uma resistência constante e continua;
 O imperialismo é um fenômeno europeu e, deste modo, é próprio da história europeia e
não africana. Do ponto de vista da África, deve-se observar a partir de uma perspectiva da
ocupação;

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