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Cursinho Alternativo - UEPA

Professor:
Disciplina: História Data: 17/06/2023

IMPERIALISMO
• Áreas de protetorado: domínios tratados como aliados,
COMPETÊNCIA mantendo-se os quadros dirigentes locais, mas
Nº 4 Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu subordinados a uma autoridade europeia presente (por
impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do exemplo, Índia)
conhecimento e na vida social. • Áreas de colonização direta: dominação militar, política
e econômica, com a presença no local de quadros
HABILIDADE
H16 - Identificar registros sobre o papel das técnicas e
dirigentes europeus (diversas regiões da África)
tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social. • Áreas de influência: Territórios que os dirigentes locais
eram mantidos, mas obrigados a assinar tratados que
O IMPERIALISMO garantiam vantagens econômicas e jurídicas às potências
estrangeiras.
O Imperialismo (ou neocolonialismo) do século
XIX consiste em uma prática de expansão política, A saída de capitais dos países industrializados foi
cultural, econômica e territorial que parte de uma nação acompanhada pela migração maciça da população mais
buscando dominar outras. Assim, as grandes potencias pobre, principalmente europeia, para as novas áreas
impulsionados pelos interesses industriais e de capital, coloniais. Esse deslocamento favoreceu a difusão e a
exerceram suas forças para conquistar territórios e implantação das novas técnicas nesses países distantes,
aumentar sua influência sobre outras regiões do globo. através da internacionalização do capitalismo.

INDUSTRIALIZAÇÃO E IMPERIALISMO AS ARGUMENTAÇOES DE DOMINAÇÃO DO EUROPEU

A chegada da Segunda Revolução Industrial, em Importa destacar também que naquele momento
meados do século XIX, ultrapassou o território inglês e se formulou-se um emaranhado de explicações culturais,
expandiu para outras nações europeias, como humanitárias e filosóficas para explicar a necessidade
Alemanha, França e Holanda. O avanço tecnológico do imperialismo e ocultar os interesses econômicos
ocorrido nesse cenário atingiu, ainda, países como imediatos. Além das necessidades capitalistas de
Estados Unidos e Japão. expansão imperialista, era fundamental justificar esse
Esse fenômeno causou um aumento significativo da expansionismo cultural e cientificamente, buscando uma
produção industrial, que gerava grandes lucros para o postura que ultrapassasse a própria ganância pelo poder.
empresário. Isso, porém, acarretava um sério problema; Dessa forma, teorias como a o do Darwinismo social
onde reinvestir o excedente de lucros e como obter foram deturpadas para tentar explicar a posição de
suprimento constante de petróleo, ferro e cobre, para superioridade do homem branco europeu perante aos
alimentar a crescente produção industrial? A saída outros povos do planeta.
para os países capitalistas foi a busca de locais, fora de Tem-se também a criação do chamado “fardo do
seus respectivos territórios, capazes de atender a essas homem branco”, em teorias racistas que diziam que
necessidades, produzindo lucro garantido aos nações africanas e asiáticas seriam incapazes de se
investidores. Dessa forma, o próprio o capitalismo desenvolver sozinhas, cabendo aos europeus levar o
gerou o processo imperialista, que se realizou através desenvolvimento e o progresso para essas áreas
da busca de novas áreas de interesses econômico para “atrasadas” da Terra. Vários acontecimentos históricos
aplicação dos excedentes de capital. Participaram desse se baseavam nesse tipo de pensamento deturpado,
processo todas as nações que haviam atingido a nova levando até mesmo a grandes tragédias da humanidade,
fase de produção industrial. como o Holocausto provocado pelos nazistas contra o
O Imperialismo também promoveu a partilha do povo judeu.
continente Africano e da Ásia, estabelecendo áreas de
influência, através de estreitos contatos econômicos. A
dominação imperialista apresentou, em cada região,
características especificas de acordo com os interesses
das potências e as relações estabelecidas com as elites
dirigentes locais. Pode-se identificar os seguintes
exemplos de dominação:

• Áreas de domínio econômico: países que não sofriam


dominação política direta, mas eram explorados
economicamente e persuadidos a tomar medidas que
beneficiasse os países imperialistas (caso do Brasil e
O fardo do homem branco. Victor Gilliam, Nova
outros países da América Latina).
York, 1899

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A Diplomacia do canhão atrelado ao uso da força, da Consequentemente, a ocupação do continente africano,


violência e das armas também foi fundamental e por sua vez, não aconteceu de maneira pacífica, pois os
bastante utilizada no processo de conquista. povos africanos lançaram dura resistência contra a
presença europeia. Como se lê no fragmento abaixo:
O IMPERIALISMO NA ÁFRICA
“Apesar da vitória dos europeus no processo de conquista
e ocupação dos territórios do continente africano, os
movimentos de resistência africanos têm tido, nos últimos
anos, destaque como objeto de estudo. Essas pesquisas
tendem a revelar a importância das diferentes formas de
resistência africana, desde o protesto social cotidiano até
a articulação de movimentos de grande alcance.”

ISAACMAN, A.; VANSINA. J. Iniciativas e resistência africanas na África


Central, 1880-1914. In: BOAHEN, A. Adu. (Coord.). História geral da
África: a África sob dominação colonial, 1880-1935. São Paulo:
Ática/Unesco, 1985. V. 7. P. 195

Porém, isso também fez com que diversos conflitos


acontecessem na África, repercutindo até os dias de hoje
e sendo um dos grandes responsáveis pela situação de
pobreza que boa parte do continente se encontra
atualmente.

A DOMINAÇÃO DA ÁSIA
Imperialismo na África. Ilustração:
Edward Linley Sambourne (1844–1910) Os Estados imperialistas europeus expandiram-se
em direção ao continente asiático, particularmente as
Dentro do processo neocolonialista que regiões ricas e desenvolvidas do Sudeste asiático.
aconteceu no século XIX, a ocupação do continente A Índia, região que já fora dominada por portugueses,
africano teve grande destaque. Isso porque o continente holandeses e franceses, em 1763, com o final da guerra
africano foi amplamente impactado pelo imperialismo. dos sete anos (1756-1763), passou ao domínio inglês, sob
A descoberta de diamantes no Transvaal (1867) qual permaneceu por quase 200 anos, até 1947.
e de ouro e cobre na Rodésia (1889) despertou o Até a chegada dos ingleses, mais da metade das
interesse das nações industrializadas. A corrida exportações da índia era de tecidos de algodão. Porém, a
imperialista foi desencadeada por ambições pessoais do produção industrial têxtil inglesa, embora de qualidade
rei Leopoldo II da Bélgica, que em 1876 adquirira um inferior, era mais competitiva (pela grande quantidade e
domínio particular no Congo. Isso causou uma polêmica baixo preço). Essa situação provocou a destruição da
entre as nações europeias interessadas na mesma área. produção indiana tradicional, impondo a Índia a posição
Para resolver o problema do Congo e fixar as regras da de mera exportadora da matéria-prima (fios de algodão)
partilha da África, o chanceler alemão Bismarck para a metrópole e de importadora de tecido pronto.
convocou a conferência de Berlim (1885-1887) Entre 1857 e 1859 explodiu uma rebelião
resultando na partilha da África. O princípio geral nacionalistas, iniciada entre os soldados indianos que
acordado em Berlim reconhecia a área de influência, em serviam à Inglaterra, chamados cipaios. A Guerra dos
território africano, das potências estrangeiras e Cipaios, como ficou conhecida, foi violentamente
legitimava as conquistas que poderiam ser feitas na reprimida. Cerca de 20 anos depois, a índia deixou de ser
zona que cabia a cada uma delas. Mas a partilha um protetorado, área tida como independente, mas sob a
provocou descontentamentos, a Alemanha e a Itália, “proteção” (na prática, controle) inglesa. Nessa época, em
recém-unificadas, ficaram com poucos territórios, de 1876, a Índia passou a fazer formalmente parte do Império
reduzidas possibilidades econômicas. A França e a britânico e a rainha Vitória foi coroada imperatriz da Índia,
Inglaterra reacenderam sua antiga rivalidade, passando tendo um vice-rei indiano.
a disputar o controle das melhores posições e chegando
quase ao conflito direto, quando suas linhas de expansão O IMPERIALISMO CHINES
se encontraram em Fachoda (1898), no Alto Nilo.
É importante ressaltar que a partilha da África não A China, o grande país do Extremo Oriente,
levou em consideração as políticas culturais, mantinha-se afastada das relações comerciais com o
econômicas e sociais que ali já existiam. Ocidente. A abertura comercial chinesa foi conseguida
graças a pressões estrangeiras e várias guerras, especial-

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mente a Guerra do Ópio (1840-1842), travada com a quema, em dois episódios chamados de Guerras
Inglaterra. Produzido em grande escala na Índia, já sob o Berberescas, a primeira entre 1801 e 1805 e a segunda
domínio inglês, o ópio, um narcótico obtido da papoula e em 1815.
muito consumido, era vendido com altos lucros aos Pouco depois, em 1823, surge a Doutrina Monroe,
chineses pela Companhia das Índias Orientais. Para a anunciada pelo presidente James Monroe. Esta é
china, esse comércio resultava em enormes prejuízos geralmente resumida na frase “América para os
materiais e morais. Em 1839, o governo chinês proibiu a americanos”, expressando a ideia de que todos os
comercialização do ópio, confiscando e destruindo perto territórios do continente possuem direito à independência.
de 20 mil caixas do produto pertencente aos britânicos. A Na prática, a Doutrina Monroe serve para “expulsar”
Inglaterra reagiu, declarando guerra a China, que saiu gradualmente Grã-Bretanha e França, potências ainda
derrotada após três anos. Em consequência, foi assinado com alguma influência nas Américas, colocando em seu
o Tratado de Nanquim, algo extremamente desfavorável lugar os Estados Unidos, que acabam por “apadrinhar”
para a China, que foi obrigada a abrir vários de seus econômica e politicamente todos os países da área.
portos ao comércio internacional, além de entregar a ilha O próximo movimento importante do imperialismo
de Hong Kong à Inglaterra, que só seria devolvida aos norte-americano é a Doutrina do “Big Stick”, (ou porrete,
chineses em 1999. em português), levada a cabo pelo presidente Theodore
Roosevelt, onde os EUA passam a agir através de
O JAPÃO E A ERA MEIJI guerras, ou fomento de revoluções ou ainda mediante
influência econômica, para aumentar sua influência no
Já com o Japão a situação foi um pouco diferente. planeta. O país naquela época já se tornara uma potência
Com os portos fechados ao resto do mundo e com industrial, e prova sua superioridade na Guerra Hispano-
escassa atividade comercial, o Japão apresentava, em Americana de 1898, ao tomar Cuba, Porto Rico e
meados do século XIX, uma estrutura chamada por Filipinas da Espanha. Além disso, anexa o Havaí e é
muitos de feudal. Contudo, em 1853, no expansionismo influência determinante na independência do Panamá,
capitalista, uma esquadra norte-americana impôs a então uma província colombiana. É ali que pouco depois
abertura dos portos japoneses ao comercio internacional. será construído o Canal do Panamá, uma via que liga de
Para escapar da completa subordinação às modo eficaz os oceanos Atlântico e Pacífico. A Zona do
potências capitalistas, o imperador japonês Mutsuhito Canal, que inclui o canal e áreas circundantes, ficará em
decidiu, buscar a rápida modernização do país, copiando posse dos Estados Unidos de 1903 a 1999.
os países ocidentais. Tomou medidas para acabar com a
estrutura feudal, constituiu um exército nacional e EXERCICIOS
concentrou em suas mãos todos os poderes nacionais.
Tal desenvolvimento ficou conhecido como a era Meiji, QUESTÃO 20 (ENEM 2014) Em busca de matérias-
onde o Estado ficou a serviço dos negócios, primas e de mercados por causa da acelerada
desenvolvendo estruturas de produção, como industrialização, os europeus retalharam entre si a África.
hidrelétricas, indústria naval e portos, ferrovias e o mais Mais do que alegações econômicas, havia justificativas
marcante, os altos investimentos em educação. políticas, científicas, ideológicas e até filantrópicas. O rei
belga Leopoldo II defendia o trabalho missionário e a
O IMPERIALISMO DO EUA civilização dos nativos do Congo, argumento
desmascarado pelas atrocidades praticadas contra a
Imperialismo norte-americano é uma expressão população.
frequentemente utilizada para descrever um histórico de
ações e doutrinas da política externa dos Estados Unidos NASCIMENTO, C. Partilha da África: o assombro do continente mutilado.
Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 7, n. 75, dez. 2011
que demonstram uma inequívoca intenção de controlar
(adaptado).
eventos em todo o mundo, de maneira que favoreça seus
próprios interesses econômicos, políticos e estratégicos. A atuação dos países europeus contribuiu para que a
As raízes desta prática já são encontradas logo após a África — entre 1880 e 1914 — se transformasse em uma
consolidação da independência do país, no início do espécie de grande “colcha de retalhos”. Esse processo foi
século XIX. Naquela época, o litoral do Mediterrâneo, motivado pelo(a)
próximo a Argélia, Tunísia e Líbia era infestado por
piratas financiados pelos governos locais, sendo que (A) busca de acesso à infraestrutura energética dos
ambos dividiam os lucros dos ataques realizados. países africanos.
Para evitar ataques, todas as grandes potências da (B) tentativa de regulação da atividade comercial com os
época pagavam tributos anuais aos três territórios países africanos.
africanos, referidos então como Berbéria. Os norte- (C) resgate humanitário das populações africanas em
americanos, que durante algum tempo pagaram tal situação de extrema pobreza.
tributo, resolveram acabar por conta própria com tal es-

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(D) domínio sobre os recursos considerados estratégicos


(C)
para o fortalecimento das nações europeias. (C) multiplicidade linguística do território.
(E) necessidade de expandir as fronteiras culturais da (D) desconhecimento histórico do continente.
Europa pelo contato com outras civilizações. (E)invisibilidade antropológica da comunidade.

QUESTÃO 21 (ENEM 2021- 2º APLICAÇÃO) Ata Geral


da Conferência de Bruxelas, 2 de julho de 1890

As potências declaram que os meios mais


eficazes para combater a escravatura no interior da África
são os seguintes:

1º — A organização progressiva dos serviços


administrativos judiciais, religiosos e militares nos
territórios da África, colocados sob a soberania ou sob
protetorado das nações civilizadas;

2º — O estabelecimento gradual no interior, pelas


potências de quem dependem os territórios, de estações
fortemente ocupadas, de maneira que a sua ação
protetora ou repressiva possa se fazer sentir com eficácia
nos territórios assolados pela caçada ao homem.

Disponível em: www.fd.unl.pt. Acesso em: 21 jan. 2015.

No contexto da colonização da África do século XIX, o


recurso ao argumento civilizatório apresentado no texto
buscava legitimar o(a)

(A) estabelecimento de governos para a constituição de


Estados nacionais.
(B) submissão de espaços para alterar as relações de
produção.
(C) delimitação de jurisdições para bloquear a expansão
capitalista.
(D) defesa do continente para encerrar as contínuas
guerras civis.
(E) reconhecimento da alteridade para preservar as
práticas tribais.

QUESTÃO 22 (ENEM 2021- 2º APLICAÇÃO) A “África”


tem sido incessantemente recriada e desconstruída. A
“África” tem sido um ícone contestado, tem sido usada e
abusada, tanto pela intelectualidade quanto pela cultura
de massas; tanto pelo discurso da elite quanto pelo
discurso popular sobre a nação e os povos que,
supostamente, criaram e se misturaram no Novo Mundo;
e, por último, tanto pela política conservadora como pela
progressista.

SANSONE, L. Da África ao afro: uso e abuso da África entre os


intelectuais e na cultura popular brasileira durante o século XX. Afro-
Ásia, v. 27, 2002.

As diferentes significações atribuídas à África, citadas no


texto, são consequências do(a)

(A) identidade folclórica da população.


(B) desenvolvimento científico da região.

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