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O presente estudo busca verificar se a música, ferramenta que pode ser inserida nas
aulas de Língua Estrangeira, especificamente o Inglês, funciona como fator que age no
desenvolvimento da motivação dos alunos em relação à disciplina em questão. O estudo
de língua estrangeira apresenta muita dificuldade em se desenvolver, fato que se deve a
diversos fatores que vão desde o pouco acúmulo de conhecimento dos alunos durante a
vida escolar com relação à disciplina, o que ocasiona a falta de interesse por aquilo que
é ministrado até a falta de recursos para execução das aulas, utilizando-se de
metodologias que proporcionem momentos dinâmicos de interação. Há, então, a busca,
por parte dos professores de Língua Estrangeira, em tornar prazeroso o momento da
aula, superando as dificuldades com as quais tem que lidar. Esse estudo que teve como
objetivo geral verificar se o uso de canções como norteadoras nas aulas de Inglês,
resultam em maior envolvimento dos alunos com a aula e se é, ainda, possível por meio
do uso desta ferramenta, adquirir vocabulário e melhorar a compreensão auditiva dos
alunos. Para construção desse estudo utilizou-se, primeiramente, a pesquisa
bibliográfica que traz como fontes autores como: Kawachi (2008) e Natividade (2005),
bem como outros citados no estudo. Posteriormente, realizou-se a pesquisa de campo,
objetivando coletar informações a respeito do que os alunos esperavam ao escolher a
disciplina, primeiramente para, então, verificar se as expectativas foram atendidas e se a
música auxiliou no processo de aquisição de conhecimento.
Palavras-chave: Língua Inglesa. Música. Motivação. Ensino
ABSTRACT
The present study aims to verify if a song, the tool can be inserted in the classes of a
Foreign Language, specifically English, works as a factor in the development of student
learning in relation to the subject in question. English language teaching is the language
of many tasks in which it is developed, the fact to be identified is the student who has a
little knowledge of the students during a school life with the purpose of causing a lack
of interest in what is taught to the lack of resources for the execution of classes, using
methodologies that provide dynamic moments of interaction. There is, then, a search by
the foreign language teachers for the pleasure of class, overcoming the difficulties with
which he has to deal. This is a study that has as general objective the use of English
classes in English classes, with the largest number of students with classes and still,
being possible, also, the use of this machine, vocabulary and listening from the students.
For the construction of study was used, first, a bibliographic research that brings as
sources authors such as: Kawachi (2008) and Natividade (2005), as well as others cited
in the study. Subsequently, a field research was carried out, aiming to collect
information so that the students were served by the selection method, resulting,
therefore, to be met and met the music in the process of knowledge acquisition.
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 8
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................... 10
2.1 Panorama da educação brasileira: perspectiva conteudista e inovações ........ 10
2.2 Panorama do ensino de Língua Inglesa: desafios para o professor ................ 12
3. TEORIA DE APOIO, CORPUS E CAMPUS ............................................ 20
3.1 A influência da música e seus efeitos ............................................................. 20
3.2 A música enquanto ferramenta pedagógica .................................................... 22
3.3 A música nas aulas de Inglês .......................................................................... 25
3.4 Corpus da Pesquisa ......................................................................................... 27
3.5 Campus da Pesquisa ....................................................................................... 28
4. METODOLOGIA ......................................................................................... 32
4.1 Introdução ....................................................................................................... 32
4.2 População e amostra da pesquisa .................................................................... 32
4.3 Procedimentos metodológicos ........................................................................ 33
5. ANÁLISE DOS DADOS............................................................................... 37
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 43
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 45
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1. INTRODUÇÃO
A educação no Brasil tem sido alvo de discussão devido a diversos aspectos que
se apresentam como importantes e exigem uma maior atenção. A necessidade de
inovação nos métodos de ensino-aprendizagem em sala de aula é um assunto que tem se
mostrado alvo de preocupação e objeto de intensas análise e reflexão, bem como tem
ensejado a proposição de diversas alternativas às práticas mais tradicionais. Cada vez
mais estudiosos e professores se propõem a discutir o tema e a procurar meios que
possibilitem o uso de ferramentas metodológicas variadas no ambiente escolar, bem
como a inserção das metodologias ativas nas aulas de diversas disciplinas.
Nesse estado de coisas, tem importância crucial a figura do professor, pois é dele
que se espera, em primeiro lugar, um espírito aberto às práticas inovadoras, capaz de
apropriar-se dos desdobramentos recentes em sua área do saber, bem como das
reflexões pedagógicas críticas que possam afetar seu fazer docente, de forma que
contemple o desenvolvimento de habilidades que envolvam a utilização de novas
tecnologias e que tenham como proposta dinamizar as aulas, visto que são os
professores os principais envolvidos no processo, e é por meio de suas decisões teórico-
metodológicas que o processo de ensino aprendizagem pode ter desdobramentos
satisfatórios.
O desafio de transmitir ensinamentos já é visível nas mais diversas áreas do
ensino, e para o professor de Língua Estrangeira, especificamente o de Inglês, a
problemática é ainda mais sensível, pois, muitas vezes, notam-se diversos percalços no
caminho a ser percorrido por essa disciplina, dificuldades essas que envolvem múltiplos
fatores, dentre os quais se pode mencionar, por exemplo, a precariedade, no ambiente
escolar, de recursos que possibilitem o desenvolvimento pleno das aula; também cabe
mencionar a carga horária, que se apresenta reduzida em relação aos outros
componentes curriculares. Outro aspecto relevante nessa discussão é a formação dos
professores, que ainda pode ser inadequada para exercer tal função. Destaca-se ainda a
pobreza no que diz respeito aos conhecimentos prévios dos alunos adquiridos durante o
período de formação escolar com relação à disciplina, o que implica desinteresse pelo
objeto de estudo. Desse modo, torna-se essencial buscar meios que facilitem o processo
e o tornem prazeroso, buscando a efetivação do procedimento de aquisição de
conhecimento.
8
Foi por meio da associação desses diversos fatores e sob a visão de que é
possível amenizar os efeitos das dificuldades encontradas no percurso em direção à
aprendizagem e de que é possível, também, tornar as aulas de Inglês um momento
atrativo por meio da inserção de canções diversas no plano de aula, que se pensou no
presente estudo, procurando entender as razões que levam os alunos a optarem por uma
disciplina em que há forte presença de músicas e os efeitos que isso pode neles causar.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Corroborando essa visão de escola como espaço de formação plena, afirma Koch
(2013):
Por essa concepção, é evidente que a inovação não necessariamente está atrelada
ao uso de equipamentos tecnológicos e de processos sofisticados e dispendiosos. Antes
de tudo, no contexto da sala de aula, a inovação é de mentalidades e de metodologias.
Assim, a preocupação central é averiguar de que forma pode se dar a inserção de
tecnologias ou métodos que apresentem maior dinamismo em sala de aula e levantar
questões que dizem respeito ao professor e a sua adaptação ou formação seguindo a
linha de utilização das ferramentas pedagógicas. Reconhece-se, então, que o professor é
unidade indispensável no processo de introdução de novas técnicas que tenham por
objetivo a aprendizagem efetiva, como bem discorreu Moran (2000):
Outro aspecto relevante a ser levado em consideração no que diz respeito a essa
questão é o público, pois este será diretamente beneficiado com essa discussão sobre
necessidade de mudança e inovação, bem como pela execução das técnicas. No que
concerne ao aluno, portanto, é necessário haver o sentimento afetuoso com o professor e
colegas, com o assunto ministrado e os métodos utilizados.
Para Moran:
ativa nos processos sociais. Dado que a cidadania atualmente não é mais nacional, e sim
global, é natural que as pessoas se interessem pelo aprendizado de línguas que tenham
prestígio social e difusão mundo afora. Esse é o caso do inglês, língua onipresente na
cultura de massa global, no mundo da informática, no mundo dos negócios, na vida
acadêmica.
Assim, as aulas de Língua Inglesa são uma oportunidade para que os sujeitos em
formação travem contato com todo um universo sociocultural, mais do que meramente
com um sistema semiótico. Entretanto, essa nobre e legítima função das aulas de inglês
no currículo da educação básica acaba por encontrar obstáculos para que os objetivos da
disciplina sejam cumpridos.
De modo geral, tem-se já bem claro que as aulas de língua inglesa precisam ser
vistas de formas diversas, consoante a reconhecida necessidade da inserção de recursos
variados na sala de aula. A visão recorrente é de que as aulas da referida disciplina,
quase que obrigatoriamente, devem apresentar caráter mais dinâmico e envolver
práticas de linguagem as mais diversificadas possíveis. Assim, as habilidades
linguísticas básicas – falar, compreender, ler e escrever – precisam ser trabalhadas a
partir da perspectiva dos multiletramentos, uma vez que
Cabe frisar, de todo modo, que o ensino de Língua Inglesa na Educação Básica
não necessariamente visa à proficiência plena no idioma (PONTES; DAVEL, 2016, p.
103). Essa é a posição firmada na Base Nacional Comum Curricular, segundo a qual é
preciso relativizar crenças como a de que existe “um „nível de proficiência‟ específico a
ser alcançado pelo aluno” (BRASIL, 2017, p. 240). Quais seriam, então, os reais
objetivos do ensino da disciplina e como esses objetivos podem ser atingidos?
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Por décadas, o ensino da língua inglesa no Brasil tem sido justificado pela
relevância geopolítica dos países de língua inglesa no cenário econômico e cultural
internacional. Conforme Assis-Peterson; Cox (2007, p. 5), “Em nenhum outro tempo da
história da humanidade, os homens precisaram tanto de uma língua comum como agora,
ao serem reunidos pelo/no ciberespaço”. Ainda que não haja a perspectiva concreta de
contato com falantes nativos do inglês, em ambientes profissionais, por exemplo, é fato
que há grande expectativa por parte dos estudantes com relação ao estudo da língua
inglesa, para que tenham vivências mais significativas com a música, o cinema, os
videogames, dentre outros produtos culturais. Dentre as visões que atualmente
sustentam o ensino de inglês como língua estrangeira, talvez a que mais se destaque seja
a que concebe o inglês como língua franca. Dessa forma, vê-se que o ensino dessa
língua tem importante papel na formação sociocultural do cidadão.
Apesar disso, sabe-se que ainda são muitos os desafios encontrados pelo
professor de língua estrangeira, em especial o de inglês: um deles é o fato de que nem
todos os profissionais que lecionam a disciplina são formados na área. Por se tratar de
disciplina com carga horária reduzida na grade curricular, é possível encontrar
professores de outros componentes curriculares que têm aulas de Língua Inglesa como
um modo de complementar seu horário de aulas. Além desses fatores, alguns
professores e estudiosos sentem haver um desprestígio da disciplina tanto entre a
sociedade em geral quanto na própria comunidade escolar (ASSIS-PETERSON; COX,
2007; OLIVEIRA, 2017). Para esses estudiosos, a disciplina de inglês, sobretudo na
escola pública, é vista como ineficiente. É comum a visão, entre os estudantes e suas
famílias, de que não se aprende inglês na escola, de que quem deseja mesmo apropriar-
se da língua deve recorrer a cursos de escolas de idiomas, “lugar projetado como ideal
para a aquisição do inglês” (ASSIS-PETERSON; COX, 2007, p. 6), projeção que
esconde disparidade de qualidade entre os cursos e que oblitera a potencialidade do
trabalho com a língua na escola regular. Como sabemos, em geral esses cursos são bem
pouco acessíveis à maioria da população. Assim, firma-se uma concepção de que só
aprende inglês quem pode pagar por um curso livre, o que apenas perpetua um perverso
quadro de exclusão socioeconômica. Não se consolida ainda entre a sociedade a
concepção de que o inglês ensinado na escola atende a objetivos de formação humana e
cidadã, mais do que à dotação de um arsenal vocabular e linguístico para funções
técnicas e utilitárias de comunicação no meio profissional.
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Por esses e outros fatores é que se firma uma visão pessimista de que o ensino de
inglês na escola regular, sobretudo pública, é ineficiente:
Segundo essa visão, cumpre superar a visão de que o aprendizado de uma língua
estrangeira deve necessariamente atrelar-se à introjeção de repertório sociocultural
comum aos falantes nativos. Uma vez que o inglês é uma língua franca, os artefatos
culturais empregados no ensino da língua devem visar à construção de uma visão de
mundo intercultural, que leve em conta a cultura do aprendiz e rechace qualquer viés de
submissão cultural.
destacar a inserção, nas aulas de inglês, de gêneros digitais, da canção, das histórias em
quadrinhos, de gêneros multimidiáticos, dentre outras possibilidades.
ao explorar o gênero carta para pen pal [...] não trabalhamos apenas com os
aspectos que o constituem formalmente e com a língua utilizada, mas
tentamos levar o aluno a perceber a possibilidade de se corresponder com
alguém que não conhece e o quanto isso pode ser enriquecedor e gratificante
(CRISTÓVÃO ET AL., 2010, p. 197).
Vê-se, portanto, que são diversas as possibilidades de dinamização e inovação nas aulas
de língua inglesa. Dentre essas possibilidades, também a música e a canção aparecem como
esfera discursiva e gênero capazes de enriquecer a prática de sala de aula com a
disciplina. Gobbi (2001) traz interessante sumário histórico do uso da música na
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educação e nas aulas de inglês até o início do século XXI. Segundo seu levantamento, o
uso da música no aprendizado de línguas remonta à Idade Média. Uma das conclusões
da autora é que “um ponto favorável à música é que ela geralmente tem mais chance de ser
ouvida, pela sua maior incidência em nossas vidas, o que resulta em uma maior armazenagem
da informação” (GOBBI, 2001, p. 31).
Kawachi (2008), por sua vez, salienta que por meio da música, estabelece-se
uma maior interação entre professores e alunos, além de ser possível abordar
inspirações, visões de mundo, história e significados culturais contidos nas canções
como fonte para se ensinar língua, sociedade e cultura (KAWACHI, 2008, p. 33).
Assim, a autora aposta no poder motivacional da música como estratégia de ensino.
Outro fator que faz com que a música seja considerada um valioso instrumento
pedagógico é a sua constante presença na vida de inúmeros alunos, levando em
consideração que é altamente comum presenciar jovens com fones de ouvidos durante
os intervalos das aulas, com o celular em mãos, expondo também, de forma audível,
seus gostos musicais, os quais se assemelham, muitas vezes, aos de seus amigos e dos
seus grupos de convivência, além da capacidade de ajudar a equilibrar as energias,
desenvolver a criatividade, a memória, a concentração, autodisciplina, socialização,
além de contribuir para a higiene mental, reduzindo a ansiedade e promovendo vínculos
(BARRETO; SILVA, 2004).
Stansell (2000) afirma já ter sido provado que a música, durante esse
processo, diminui a ansiedade, aumenta a motivação, promove o interesse e
contribui para a diversão dos envolvidos. Stansell afirma ainda que ela possui
um papel fundamental em todas as áreas de aquisição de uma língua, ou seja,
auxilia no aprendizado de vocabulário, de pronúncia e de gramática, assim
como na fluência. (KAWACHI, 2008, p. 15)
A música pode ser utilizada para fins pedagógicos visando a diversos objetivos:
proporcionar a comparação de produções, estimular o interesse por um determinado
eixo do conhecimento ou conteúdo, propor a maior interação entre os alunos, incentivar
a leitura e a aquisição de novo vocabulário. Dependendo do contexto em que está
inserido, possibilita a análise e o estudo de fatos históricos, o reconhecimento de
problemas e denúncias sociais, além de permitir o conhecimento a respeito das diversas
culturas ao redor do mundo e o reconhecimento de variações que a língua apresenta.
Todos esses fatores devem-se ao fato de a música apresentar caráter intrinsecamente
interdisciplinar, podendo abordar os mais diversos temas. É perfeitamente possível,
22
portanto, perceber o seu diálogo com qualquer um dos componentes curriculares, o que
se confirma no discurso de Natividade:
O uso da música sem objetivo específico e seus malefícios são vistos no discurso
de Natividade (2005), que se baseia em conclusões de Ferreira (2001): “a principal
desvantagem do uso da música é o seu emprego sem objetivo e sem planejamento ou
propósito, ou pelo Profissional que a domine ou que assim o pense.”. O autor menciona
ainda o fato de poucos professores fazerem uso da música de forma que contribua
verdadeiramente com a produção notável de resultados qualitativos.
Esse uso, portanto, deve ser feito de forma consciente, como, aliás, deve ocorrer
em todo procedimento pedagógico. É mais proveitoso que as produções musicais
escolhidas para execução em sala de aula sejam capazes de prender a atenção dos
alunos, bem como apresentar, em sua estruturação linguística e sua temática, e
elementos relevantes para a análise pretendida, permitindo seu estudo e análise de forma
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Reconhecendo que a sala de aula pode ser definida como um ambiente em que
diversas opiniões, estilos e comportamentos são encontrados, é possível fazer tal
associação a qual produção musical está presente no dia a dia dos que frequentam tal
espaço.
aula e com o momento da aula em si. Entretanto, com base em experiências vivenciadas
em sala de aula, o gênero talvez seja o fator de maior importância em determinar se o
público sentirá apreço pelo que for utilizado ou não, pois também é interessante levar
para apreciação canções que não façam parte do cotidiano dos alunos. Tal visão também
é positiva, pois resultará por aumentar o leque de possibilidades e alargar o repertório
musical, proporcionando um momento de aprendizado significativo. Oferecer tal
sentimento de reconhecer-se naquilo que é visto, bem como o sentimento de
pertencimento ao que se tem na aula, tende a tornar o momento de aprendizagem mais
rico, seja com relação ao gênero, seja com relação à letra, ao ritmo, ao intérprete... O
crucial e indispensável é possibilitar um momento prazeroso de construção de
conhecimento.
A forma como a aula de Língua Inglesa é vista pelos alunos já foi citada no
presente trabalho, e percebe-se que há ainda uma relação entre disciplina e aluno.
Dentre as vantagens com que pode contar o professor de Língua Inglesa, e que pode ser
utilizada a seu favor, encontra-se o vasto aglomerado de material disponível para uso
em sala de aula. Há sites que disponibilizam a organização dos planos de aulas para
utilização imediata; vídeos em Língua Inglesa podem ser encontrados facilmente
disponíveis no imenso mundo que é a internet; é, ainda, inúmera a quantidade de
episódios de séries na língua em questão, dos mais variados níveis e regiões falantes
desse idioma. A música caracteriza-se como, talvez, o recurso mais acessível para esse
público. Não é mais necessário ouvir a música algumas vezes para transcrevê-la e, por
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fim, ter acesso a sua letra, visto que tanto os recursos de áudio quanto escritos podem
ser encontrados facilmente na rede.
Para Murphey (1990), por exemplo, a música pode ser útil como recurso de
aprendizagem de línguas por, pelo menos, duas razões: primeiro, ela pode ser
motivadora; segundo, o insumo da linguagem da música pode estar de acordo
com algumas razões existentes para aquisição das línguas, tais como a
simplicidade e semelhança que apresenta, frequentemente, com o discurso do
aprendiz. (GOBBI, 2001, p. 12)
Há, ainda, um diálogo, por meio da música, entre a escola e o mundo exterior, o
que possibilita que o professor traga sua identidade, percepção e sentimentos para os
momentos das aulas.
Isso, de algum modo, pode contribuir para a aprendizagem dos alunos que têm
contato com a língua por meio da música.
Interessar-se por ler, analisar e refletir sobre a forma como a disciplina de língua
inglesa é vista e qual papel exerce o professor de tal componente curricular,
considerando seus desafios e limitações, que são inúmeros e diários, foi também um
exercício necessário para a elaboração do trabalho. Tais partes encontram-se no presente
estudo de forma detalhada, apresentando, as opiniões, visões e conclusões da autora.
Assim é que a escola de ensino médio em tempo integral surge como um novo
modelo pedagógico e de gestão, que propõe o alcance do aprendizado em diversas
esferas, não se valendo somente de disciplinas comuns e conteúdos convencionais.
Tal processo e visão são implementados a partir de uma base comum, que
constitui o quadro de disciplinas da organização, e por meio das disciplinas eletivas, que
são o grande diferencial e ponto forte nas escolas em tempo integral e necessitam
“dialogar com as necessidades múltiplas dos sujeitos expressas em seus projetos de
vida2.”, bem como reconhecer a importâncias dos eixos de Formação Cidadã e NTPPS
(Núcleo de Trabalho, Pesquisas e Práticas Sociais), disciplinas que integram o currículo
das escolas de ensino em tempo integral, “uma vez que ambos os componentes ajudam
aos estudantes na afirmação de sua identidade composição das expectativas quanto ao
futuro acadêmico e profissional.3”.
São oferecidas disciplinas eletivas dos mais diversos eixos e temáticas, em uma
quantidade que vá contemplar todos os alunos igualmente, com os planos de aula
pensados e elaborados pelos professores da instituição da modalidade em tempo
integral. A partir desse catálogo, os alunos optam por cinco das disciplinas que são
ofertadas no semestre em questão. Esse processo de escolha é feito a partir de eventos
em que os professores apresentam ao corpo discente da escola as disciplinas que
pretendem ofertar na etapa letiva que terá início.
A Língua Inglesa é uma disciplina que traz muito mais do que simples
memorização de termos, regras gramaticais, ou reconhecimentos de mecanismos,
apenas. Muito mais do que isso, o Inglês, como qualquer outra língua, pode se
apresentar como forma de manifestação cultural, como ferramenta de uso social, como
manifestação histórica ou como instrumento de interdisciplinaridade.
oralmente a Língua e a forma como ela é executada; o writing, que se refere a formas de
expressão nessa língua por meio da escrita; o reading, habilidade pela qual se consegue
compreender o que é escrito por meio da leitura; e, por último, o speaking, competência
que está relacionada à capacidade falar em dado idioma. Verifica-se que, segundo a
proposta da disciplina eletiva em questão, algumas habilidades receberão maior atenção
e serão trabalhadas em primeira instância.
Vê-se, então, que o Inglês, que exibe características dinâmicas por ser tratar de
uma língua viva em claro processo de expansão mundo afora, apresenta-se como uma
grande possibilidade de utilização em disciplinas eletivas, visto que suas ideias e seus
propósitos se complementam e conduzem a um caminho em comum.
4. METODOLOGIA
4.1 Introdução
Como vimos, esta pesquisa requer um levantamento inicial dos motivos que
levaram os alunos a optarem pela disciplina de Inglês Básico através da Música e, uma
posterior verificação acerca do modo pelo qual a utilização de canções nas aulas da
citada disciplina eletiva desenvolve a motivação e apreço pelo que é repassado. Dessa
forma, propondo-se a atingir tal objetivo, fez-se necessário seguir alguns passos que
deram forma e funcionaram de modo a caracterizar o presente estudo.
Dentre as vantagens desse tipo de método, a mesma autora cita como seus
aspectos satisfatórios a economia de tempo, o fato de atingir um maior número de
pessoas de forma simultânea, bem como obter respostas de forma mais rápida e precisa,
como já foi citado, e ainda oferecer mais segurança e liberdade, o que se deve ao fato de
se preservar a identidade de quem o preenche o instrumental.
Como resultado, obteve-se os dados que podem ser conferidos nos gráficos a
seguir.
Figura 01
Já 40% dos informantes, quantidade que corresponde a oito alunos, afirmam ter
selecionado a disciplina porque gostam de ouvir músicas em Inglês; por fim, 10%
asseguram que a motivação principal foi o fato de algum amigo ter escolhido a
disciplina. Por essas respostas, vê-se que metade da turma escolheu a disciplina sem um
claro interesse no estudo da língua inglesa. Já nessa altura, porém, pode-se ver que a
música constitui atrativo suficiente para parcela expressiva dos informantes, já que
manifestam claro interesse na audição de músicas.
Figura 02
37
Figura 03
Nota-se, pois, que, embora apenas metade da turma tenha declarado como
motivação para a escolha da disciplina a expectativa de melhorar seu nível de inglês
(figura 1), a totalidade dos informantes afirma que espera adquirir vocabulário e
aperfeiçoar a pronúncia. Ou seja, a turma como um todo espera concluir a disciplina
aprendizagem dos alunos, e mais da metade afirmou que tal fator não alterou a
aprendizagem. Alguns complementam e afirmam que desenvolveram até mesmo um
apreço pelas canções, e outro aluno reconheceu todas as canções levadas para sala de
aula. Nesse sentido, cabe argumentar que, dentre as funções da escola, está a de inserir o
aluno em um universo sociocultural progressivamente diferenciado em relação a seus
horizontes imediatos. Como a maior parte da turma não rejeita de pronto a opção pelo
trabalho com canções menos conhecidas, pode-se concluir que as aulas cumprem com
esse papel da escola de proporcionar vivências culturais diversificadas aos educandos.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante as aulas, foi possível perceber que os alunos comentavam entre si sobre
o nível de dificuldade de compreensão entre as pronúncias apresentadas, visto que
músicas de bandas e cantores advindos de países diversos estavam presentes nas aulas.
Composições de artistas como U2, Michael Bublé, Bryan Adams, Travis, Robbie
Williams, entre outros, fizeram-se presentes nas aulas, e os alunos apresentavam-se
capazes de comentar as diferenças que percebiam entre as pronúncias, definindo-as a
seu modo.
que foi repassado, percebendo-se que a componente curricular não passa despercebida
pelos que a cursam.
REFERÊNCIAS
ARAGÃO, R. C. São as histórias que nos dizem mais: emoção, reflexão e ação na
sala de aula. 2007. 276 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Faculdade de Letras,
Universidade Federal de Minas Gerais.
_____. Projeto Forte: formação, reflexão e tecnologias no ensino de inglês na Bahia. In:
ARAÚJO, J. C; DIED, M. (Org.). Letramentos na web: gêneros, interação e ensino.
Fortaleza: Edições UFC, 2009.
FERREIRA, M. Como usar a música em sala de aula. São Paulo: Contexto, 2001.
GOSTO musical revela como as pessoas pensam, diz estudo. G1. 29 jul. 2015.
Disponível em: <http://g1.globo.com/musica/noticia/2015/07/gosto-musical-revela-
como-as-pessoas-pensam-diz-estudo.html>. Acesso em: 5 ago. 2018
MORAN, J. M. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. 2. ed.
Campinas: Papirus, 2007.