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QUESTIONÁRIO UNIDADE 1

PERGUNTA 1

Considere o fragmento:

“Em síntese: a abordagem liberal “resolve” o problema do Estado mediante a admissão – sem prévia
análise ou discussão – de uma série de pressupostos que afirmam a neutralidade de classe do Estado e a
ausência de concentrações significativas de poder político nas mãos de alguns grupos privilegiados.”

Fonte: BORON, A. Estado, capitalismo e democracia na América Latina.

Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994. (p. 248-249).

A partir do trecho de A. Boron, assinale a alternativa correta quanto ao papel do Estado.

a. O Estado é, assim, para a abordagem liberal, não um agente privilegiado e


universalizante, mas uma mera estrutura a serviço da nação.

b. Não há outras interpretações sobre a posição e a organização estatal.

c. Boron é a favor dessa síntese, pois não há como o Estado deixar de ser neutro.

d. O autor acredita na neutralidade do Estado conforme sua própria declaração apontando


que a abordagem liberal “resolve”.

e. Não há concentrações de poder nas sociedades, pois o Estado deve funcionar como
aparelho a ser administrado com atribuições de gerência, de modo neutro.

RESPOSTA: questão A - O Estado é, assim, para a abordagem liberal, não um agente privilegiado e
universalizante, mas uma mera estrutura a serviço da nação.

PERGUNTA 2

A consideração da dimensão humana na vida social é ainda bastante carente de tratamento ético. Com
base nesta afirmação, pede-se que seja apontada a alternativa que contenha um aspecto político e outro
econômico dessa necessidade ética de humanização institucional.

a. Eficiência crescente dos Estados na viabilização e suporte dos interesses e ações


corporativos é um dos traços mais importantes na descaracterização política do uso do Estado nacional
para o bem comum.

b. As proporções “objetivas” da vida, seja nas cidades, com suas construções de toda a
ordem, além das instituições e organizações, seja nos espaços rurais com as facilidades para a
globalização assumem um gigantismo nunca visto.

c. As instituições de financiamento internacionais são importantes ao crescimento da


economia mundial.

d. As corporações demonstram bem a tese do gigantismo e da distorção da intenção de


origem.

e. A escala ou medida humana não pode ser o parâmetro no mundo “globalizado”, pois é
muito antiquado e atrapalha os negócios diminuir tamanhos e velocidades.

RESPOSTA: questão A - Eficiência crescente dos Estados na viabilização e suporte dos interesses e ações
corporativos é um dos traços mais importantes na descaracterização política do uso do Estado nacional
para o bem comum.

PERGUNTA 3

A política impõe-se às relações sociais, definindo-as quanto às intenções dos agentes em situação
desigual na sociedade. A partir da afirmação, é possível estabelecer a seguinte consequência:

a. Toda classificação é um ato de poder, carrega valores e interesses, a exemplo das


hierarquizações procedentes dos organismos internacionais, como FMI, Banco Mundial, OMC, ao indicar
os parâmetros ou ótimos de desenvolvimento a partir de si, de seus países sedes.

b. Negligenciar a consciência política é, às vezes, o melhor modo de resolver os problemas


estritamente econômicos, jurídicos, pessoais.

c. Mercado é uma categoria de difícil leitura política.

d. É preciso separar política de economia.

e. As técnicas são neutras, pois dependem exclusivamente de seus atributos intrínsecos


(internos).

RESPOSTA: questão A - Toda classificação é um ato de poder, carrega valores e interesses, a exemplo das
hierarquizações procedentes dos organismos internacionais, como FMI, Banco Mundial, OMC, ao indicar
os parâmetros ou ótimos de desenvolvimento a partir de si, de seus países sedes.

PERGUNTA 4

Zigmunt Bauman e Jacques Généreux (nos trechos a seguir) falam, respectivamente, do esvaziamento da
política (poder retirado progressivamente da política) e da comercialização do poder em um mercado
político (os políticos profissionais vendendo seus programas aos eleitores-clientes).
"As instituições políticas existentes, criadas para ajudá-las a combater a insegurança, são de pouca
ajuda. Em um mundo que se globaliza rapidamente, em que grande parte do poder – a parte mais
importante – foi retirada da política, essas instituições não podem fazer muito para fornecer segurança
ou garantias. O que podem fazer e o que fazem o mais das vezes é deslocar a ansiedade difusa e
dispersa para um único elemento de Unsicherheit – o da segurança, único campo em que algo pode ser
feito e visto. Observação: Unsicherheit é um termo alemão que funde experiências para as quais outras
línguas podem exigir mais palavras – incerteza, insegurança e falta de garantia. Fonte: Em busca da
política, de Zigmunt Bauman. Rio de Janeiro: Zahar, 2000. (p.13)."

"O segundo grau de horror político: a tirania do mercado político: ou de como se trava a resolução de
problemas, mesmo quando a maioria dos eleitores iria, assim, ser atendida em seus interesses. As
famosas restrições externas, invocadas pelos governos para explicar sua impotência, são álibis
mascarando o imobilismo e a covardia política. Os únicos constrangimentos reais são os impostos pela
competição eleitoral a curto prazo. Na disputa por cédulas, a imobilidade é mais lucrativa que a
coragem. Reformas delicadas e políticas de longo prazo são descartadas por governos que precisam de
apoio amplo e imediato de seu eleitorado. Numa democracia, a única maneira de obter uma maioria
dos cidadãos para as políticas de solidariedade é deixar os efeitos perversos do egoísmo, da não partilha
e da exclusão social prolongarem-se por tempo suficiente. De fato, um eleitorado muito desinformado
sobre os custos e sacrifícios associados às políticas que exige – e muito pouco esclarecido por líderes
covardes ou pouco confiáveis – exorta os governos a se afastarem sempre das reformas de longo prazo,
que são fundamentalmente desejáveis. Eles praticam a “estratégia da decadência social”: esperar até
que um problema se torne sério o suficiente para garantir que uma grande maioria dos eleitores esteja
plenamente ciente disso e aceite os custos e as restrições que requer. Mas esta estratégia de
decadência esconde um círculo vicioso cujo resultado é incerto. De fato, se o horror social que o rodeia
leva a maioria dos cidadãos a desejar uma sociedade mais solidária, também inflaciona o verdadeiro
projeto de solidariedade e pode dissuadir a mesma maioria de pagar a conta. Corremos o risco de ser
finalmente convertidos aos benefícios da solidariedade, mas talvez tarde demais, quando seu custo
parece tão insuportável quanto sua ausência. Fonte: “O horror político: o horror não é econômico”, de
Jacques Généreux. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. (C. 4, p.75-99).

Resumo do autor, disponível em: < http://jacquesgenereux.fr/cgi-bin/display_news.pl?


site_id=genereux&news_id=32&skin_file=public/print.html >.

Acesso em 1.1.2018."

Assim posto, concluímos das mensagens dos autores que:

a. a categoria de homoeconomicus, isto é, a redução das dimensões sociais ao econômico,


não é operacional aos agentes do mercado.

b. que os problemas sociais são basicamente econômicos; que superam em muito aqueles
de fundo político.

c. que a dimensão política da vida social explica a qualidade do progresso e do


desenvolvimento econômico.

d. o mercado é exclusivamente econômico.


e. não é possível haver esvaziamento da política, posto que estamos imersos em seu
exercício.

RESPOSTA: questão C - que a dimensão política da vida social explica a qualidade do progresso e do
desenvolvimento econômico.

PERGUNTA 5

Zygmunt Bauman, em seu livro “Em busca da política”, diz que:

“... a liberdade individual só pode ser produto do trabalho coletivo (só pode ser assegurada e garantida
coletivamente). Caminhamos, porém, hoje, rumo à privatização dos meios de garantir/assegurar/firmar
a liberdade individual” e também da “utopia e dos modelos do bem (com os modelos de ‘boa vida’
expulsos e eliminados dos modelos de boa sociedade)”. E continua: “A arte de reinventar os problemas
pessoais sob a forma de questões de ordem pública tende a se definir de modo que torna
excessivamente difícil ‘agrupá-los’ e condensá-los numa força política”.

Com base nessa análise, podemos, NECESSARIAMENTE, afirmar que:

a. Um partido político é a viabilização de uma parte dos interesses de uma dada sociedade,
em um movimento universal de intensificação de interesse pela vida pública.

b. Privatizar é sempre ruim.

c. O autor concorda que cada um tem que zelar pela própria vida privadamente, não
caindo nas tentações de querer mudar o mundo pelo idealismo.

d. Há, de um lado, uma abertura de horizontes individuais de toda espécie, pulverizando as


intenções e dificultando o encontro de interesses coletivos, públicos; de outro, uma falta de habilidade
para dar forma a essa miríade de desejos e necessidades que os integrariam em partidos políticos, por
exemplo.

e. A liberdade individual é nociva, posto que só o coletivo importa ao fazer político.

RESPOSTA: questão D - Há, de um lado, uma abertura de horizontes individuais de toda espécie,
pulverizando as intenções e dificultando o encontro de interesses coletivos, públicos; de outro, uma falta
de habilidade para dar forma a essa miríade de desejos e necessidades que os integrariam em partidos
políticos, por exemplo.

PERGUNTA 6

Assinale a alternativa correta quanto à relação entre política e poder.


a. Ambos são normalmente independentes.

b. As práticas políticas não requerem poder em seus contextos psicossociais, tanto que
Bauman destaca casos de sua retirada total dos fazeres políticos.

c. Pode haver expressões de poder sem política, o que é muito comum nas sociedades
contemporâneas com altíssimos padrões de qualidade de vida.

d. O poder, em quaisquer de suas formas, está sempre na base das organizações políticas.

e. Qualquer sociedade é uma sociedade de poderes, mesmo em uma associação apolítica.

RESPOSTA: questão D - O poder, em quaisquer de suas formas, está sempre na base das organizações
políticas.

PERGUNTA 7

Em Espaço e Poder, Claval trata dos fundamentos ideológicos do mundo contemporâneo. Examina
ideologias sociais, iniciando pela Reforma e sua influência no contrato social. O traço comum entre elas é
um certo igualitarismo. O mito fundador é o do pacto “ celebrado entre todos os membros do povo de
Deus” (p. 129). E segue:

“É possível fazer sobre esse mito do contrato social toda uma série de interpretações e de filosofias
políticas. Elas têm certos traços comuns. Elas despem as hierarquias religiosas tradicionais de sua
influência política: já não é mais em um além transcendente que a autoridade encontra suas raízes”.

Fonte: CLAVAL, Paul. Espaço e poder . Rio de Janeiro, Zahar, 1979. (p. 130).

Considerando as informações, indique a alternativa correta quanto aos dois momentos citados por Paul
Claval.

a. Claval está se referindo à passagem da filosofia para o pensamento mítico.

b. O raciocínio do autor tem por objetivo criticar a filosofia política por utilizar como
matéria-prima o universo mítico.

c. Paul Claval não faz distinção entre as visões mítica e filosófica.

d. O poder, a autoridade em meio social, conforme o transcurso histórico, volta a encontrar


suas raízes nas narrativas ou mitos.

e. Primeiramente, o mito fundador estabelece uma base comum ao povo em questão,


passando a modernidade a reestabelecer o mito em outro patamar, a meio caminho entre sua origem e
o esclarecimento iluminista.

RESPOSTA: questão E - Primeiramente, o mito fundador estabelece uma base comum ao povo em
questão, passando a modernidade a reestabelecer o mito em outro patamar, a meio caminho entre sua
origem e o esclarecimento iluminista.

PERGUNTA 8

No que diz respeito às relações entre filosofia, política e ciência política, inspirando-nos na visão de
Norberto Bobbio, assinale a alternativa que as apresente de modo correto.

a. Os estudos do Estado e da política em geral constituem imenso campo de investigação,


dividido entre as duas disciplinas até didaticamente similares: a filosofia política e a ciência política.

b. Na ciência política são compreendidos três tipos de investigação: a) da melhor forma de


governo ou da ótima república; b) do fundamento do Estado ou do poder político com a consequente
justificação (ou injustificação) da obrigação política; c) da essência da categoria do político ou da
politicidade, com a prevalente disputa sobre a distinção entre ética e política.

c. Por filosofia política entende-se hoje uma investigação no campo da vida política capaz
de satisfazer a essas três condições: a) o princípio de verificação ou de falsificação como critério da
aceitabilidade dos seus resultados; b) o uso de técnicas da razão que permitam dar uma explicação
causal em sentido forte ou mesmo em sentido fraco do fenômeno investigado; c) a abstenção ou
abstinência de juízos de valor, a assim chamada “avaloratividade”.

d. Cabe à ciência política se encarregar de valorar seu objeto de estudo de modo que
possa, de fato, contribuir com o conhecimento científico.

e. Das inúmeras formas de relação entre as disciplinas filosofia política e ciência política,
uma delas parte da ideia da filosofia como metaciência, de modo que a filosofia política teria como
tarefa a investigação dos pressupostos e das condições da validade da ciência e a análise da linguagem
política.

RESPOSTA: questão E - Das inúmeras formas de relação entre as disciplinas filosofia política e ciência
política, uma delas parte da ideia da filosofia como metaciência, de modo que a filosofia política teria
como tarefa a investigação dos pressupostos e das condições da validade da ciência e a análise da
linguagem política.

PERGUNTA 9

O Estado é uma estrutura englobante e soberana. Assinale a alternativa que contradiga essa afirmação.

a. Há tanta variedade de organizações estatais quantas sociedades existem.

b. Pode-se pensar o mercado totalmente separado do aparelho de Estado.


c. Podem ser reconhecidas no Brasil três formas históricas de administração pública: a
patrimonial, a burocrática e a gerencial.

d. O surgimento do Estado-nação moderno representa uma mudança significativa no


quadro de poderes ou forças dos agentes sociais.

e. A administração pública pode ser dividida em administração pública direta e


administração pública indireta.

RESPOSTA: questão B - Pode-se pensar o mercado totalmente separado do aparelho de Estado.

PERGUNTA 10

Em “ O que é política”, Hanna Arendt reconhece o caráter existencial da política. Leia o trecho a seguir.

“A política baseia-se na pluralidade dos homens”. Em seguida, acrescenta, “política trata da convivência
entre diferentes”. Assim, se a pluralidade implica coexistência de diferenças, a igualdade a ser alcançada
através desse exercício de interesses, quase sempre conflitantes, é da liberdade e não a justiça, pois é
aquela, a liberdade, que distingue ‘o convívio dos homens na polis de todas as outras formas de convívio
humano que eram bem conhecidas dos gregos”.

Portanto, a igualdade (isonomia) quer dizer antes de tudo que todos têm o mesmo direito à atividade
política. Ela não é nem pode ser garantida por leis, pois estas decorrem de acordos ou imposições que
surgem no curso das relações humanas, ao passo que o ser político, o cidadão, precede essas
confabulações, e nesta condição promove ou não os acertos que se inscrevem no convívio sempre
contraditório da política enquanto ação ou intervenção no seio da comunidade. “Nós estamos
acostumados”, explica, “a entender lei e direito no sentido dos dez mandamentos enquanto
mandamentos e proibições, cujo único sentido consiste em que eles exigem obediência”. A lei ordena e
ao interditar movimentos e ações “cria, antes de mais nada, um espaço no qual ela vale, e esse espaço é
o mundo em que podemos mover-nos em liberdade”.

PENNA, L. de A. O que é a política em Hannah Arendt? Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), [s.d.].

A partir das ideias desse trecho da resenha, assinale a afirmação com elas concordante.

a. A política tem o efeito colateral de aprofundar as diferenças sociais sendo essa, às vezes,
sua finalidade.

b. É a justiça e não a liberdade que garante a coexistência das diferenças e, portanto, a


busca da igualdade.

c. A igualdade deve ser garantida por leis, permitindo, assim, a liberdade no fazer político.

d. Leis e contratos implicariam interdições e obrigações, e daí um campo para a ação livre.
e. A reflexão apresentada baseia-se no igualitarismo, reduzindo o papel da liberdade.

RESPOSTA: questão D - Leis e contratos implicariam interdições e obrigações, e daí um campo para a
ação livre.

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