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• “até a segunda metade do sec. XV, ou mesmo um pouco depois, o tema da morte impera sozinho. O fim
do homem, o fim dos tempos assume o rosto das pestes e das guerras. O que domina a existência
humana é este fim e esta ordem à qual ninguém escapa. (...)Nos últimos anos do século esta grande
inquietude gira em torno de si mesma: o desatino da loucura substitui a morte e a seriedade que a
acompanha.” (p.15,16)
• A loucura passa a ser vista como uma face da existência, uma face desdenhada, cotidiana, dominada,
que produz um espetáculo da vida, disseminado nos vícios, defeitos e ridículos de cada um.
LOUCURA NA ARTE
E NA LITERATURA
LOUCURA :
ELEMENTO No elemento trágico, encontramos a experiência dos
rostos furiosos, dos fantasmas e da alquimia das
TRÁGICO representações de Bosch, Brueghel, Thierry Bouts e
Dürer. Aqui, a loucura tem uma força primitiva de
revelação.
ELEMENTO
CRÍTICO Na representação crítica mostra-se as mais sátiras
denúncias do erro humano, de sua gênesis brotada de
dentro do coração do homem, das experiências de Brant
e Erasmo. Aqui, a loucura é vista como a fraqueza
humana frente às regras. Para o sábio, ela se torna
objeto de riso.
A RENASCENÇA DO SEC. XVI / XVII
• Em termos institucionais, no meado e fim do sec. XVII, ocorre na Europa o fenômeno social chamado de
A GRANDE INTERNAÇÃO.
• São recolhidos nos hospitais todas as figuras que representavam a exclusão: os portadores de doença
venérea, os pobres, os loucos, os vadios, os criminosos, os libertinos.
• Os excluídos começaram então a ser objeto de remédios correcionais.
A ideia que Foucault traz é que os excluídos, e dentre eles os da
desrazão, são produzidos pela estrutura social que estava se construindo
a partir do surgimento e fortalecimento da burguesia, do capitalismo.
• No fim do sec. XVII e início do sec. XVIII, os hospitais começam a sofrer uma certa organização. Há a
necessidade de se classificar e categorizar os excluídos.
• Houve também a necessidade de ampliar a mão-de-obra.
O MUNDO CORRECIONAL
• Os excluídos começam a ser vistos como erros da sociedade que precisavam ser corrigidos. Corrigidos a
partir de remédios correcionais.
• A instituição era vista como organização, como ordem social que apresenta uma ideologia reguladora.
• Órfãos e pobres válidos eram preparados para o trabalho;
• Criminosos e vadios, levados para os presídios;
• Loucos, doentes venéreos e libertinos (homossexuais) foram mantidos internados nos hospícios e
sanatórios.
• O internamento e os remédios correcionais, como forma de punição, traziam a ideia de que a coação
moral expurgaria do louco, doente venéreo e do libertino, o mal que os condenava ao estado de
alienação.
• Ateus e libertinos eram internados em hospícios a fim de que, através das punições e restrições morais,
se aproximassem das regras de fé e conduta aceitas pela sociedade.
• Os doentes venéreos eram tratados com sangrias, expurgos, banhos e confissões.
• "A libertinagem, no sec. Xviii, é o uso da razão alienada no desatino do coração". (p.101)
• Ler: p.83, 89, 92, 96, 101
• No final do sec.XVIII, então, vemos todo tipo de desvio moral ser considerado loucura e sofrer o
tratamento correcional, a título de punição e polícia.
• A medicina da época era absolutamente condicionada a uma intuição ética e religiosa. E ela começa a
tentar tratar da loucura sem entender muito bem como lidar com ela.
SEGUNDA PARTE
SEC. XIX – A MEDICINA COMO CIÊNCIA –
O LOUCO NO JARDIM DAS ESPÉCIES
• Na segunda parte do seu livro, Foucault começa a apresentar a atuação da medicina científica sobre a
loucura. Ele refaz o percurso, agora tomando com ênfase o fazer e o poder médico.
• A ideia de uma saber científico está fixada em bases metodológicas. Nesse sentido, se começa um
movimento de catalogação dos sintomas. E, a partir daí será possível pensar em tratamentos
específicos e instituições específicas para cada tipo de loucura.
• Catalogação – diagnóstico – estígma.
DOENÇA MENTAL – FIGURAS DA LOUCURA
• Será a partir desse processo de catalogação que a loucura vai ganhar o status de doença mental, para
agrupar aqueles indivíduos que apresentam comportamento que desviam da norma padrão, que
desviam da normalidade.
• A perspectiva de normalidade traz a ideia de adequação ao sistema, portanto, normal é aquele que é
produtivo, funcional.
• Doente mental é aquele que não é adequado, não é produtivo, não é funcional
• Figuras da loucura – categorias: demência, mania, melancolia, histeria, hipocondria.
• Pensar a loucura como doença mental traz como consequência o pressuposto de que ela deveria ser
tratada e curada.
• Os tratamentos tinham a finalidade de contenção e durante muitos anos foram verdadeiras sessões de
tortura contra os doentes mentais.
• Uso do ópio (e de outras técnicas terapêuticas da época) para conter os doentes – muito sucesso nos
resultados de contenção – médico como único detentor de um saber sobre a doença mental. O poder
médico.
TERCEIRA PARTE
O GRANDE MEDO
• A passagem da loucura para o lugar de objeto de estudo da ciência não significou um tratamento mais
humanizado, ao contrário, tornou-se um cenário de experiências aterrorizantes.
• Louco será vigiado nos seus gestos, rebaixado em suas pretensões, contradito em seus direitos e
ridicularizado em seus erros – desrazão – animal
• A política de institucionalização era repressiva e punitiva. O doente mental era culpabilizado por sua
doença e punido por ela (perspectiva da doença mental como uma questão de moral – religião ‘Samuel
tuke’, família e trabalho).
• O tratamento era castigo. O medo do castigo era funcionava como controle interno, uma forma de
disciplinar os corpos.
• O nascimento do asilo e a constituição do saber psiquiátrico são um dos resultados do amplo
movimento de transformação social e institucional que aconteceu na Europa no final do sec. XVIII.
• Porém, Foucault entende que esses resultados estão em continuidade, são a culminância do movimento
de exclusão da desrazão iniciado no sec. XVII.
• Nesse sentido, o asilo é a forma perfeita de exclusão, onde, libertados dos grilhões de ferro, o louco é
definitivamente reduzido à condição de objeto.
• O louco passa então à condição de objeto. Objeto de estudo, objeto de um saber que falará em seu
nome. Dessa forma, a loucura passará a ser domesticada, inspecionada, classificada... Fazendo surgir a
investigação psicopatológica.
• Na perspectiva de Foucault, se a loucura pôde ser libertada, é porque foi definitivamente imobilizada
como doença mental.
SOBRE A LOUCURA