Este documento discute a institucionalização do conceito de violência e loucura ao longo da história. Desde o século 18, a loucura passou a ser vista como uma doença em vez de um dado natural, e os hospitais psiquiátricos se tornaram locais de isolamento. No século 20, questionou-se a hegemonia dos hospitais psiquiátricos e passou-se a defender a desinstitucionalização e os direitos dos portadores de transtornos mentais. A partir da modernidade, privilegiou-se a criação de
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Título original
A institucionalização da violencia de uma maneira global
Este documento discute a institucionalização do conceito de violência e loucura ao longo da história. Desde o século 18, a loucura passou a ser vista como uma doença em vez de um dado natural, e os hospitais psiquiátricos se tornaram locais de isolamento. No século 20, questionou-se a hegemonia dos hospitais psiquiátricos e passou-se a defender a desinstitucionalização e os direitos dos portadores de transtornos mentais. A partir da modernidade, privilegiou-se a criação de
Este documento discute a institucionalização do conceito de violência e loucura ao longo da história. Desde o século 18, a loucura passou a ser vista como uma doença em vez de um dado natural, e os hospitais psiquiátricos se tornaram locais de isolamento. No século 20, questionou-se a hegemonia dos hospitais psiquiátricos e passou-se a defender a desinstitucionalização e os direitos dos portadores de transtornos mentais. A partir da modernidade, privilegiou-se a criação de
A figura do desatino e da internação começam a se chocar no início da
racionalidade da idade das luzes (século XVIII). A terra do internamento parece adquirir na sociedade poderes prórpios de “terra do mal”. Sob um aspecto fantástico, o mal que se tinha excluido do internamento agora reaparece e, para espanto do público; “ Vêem-se nascer e ramificar em todos os sentidos os temas de um mal, físico e moral ao mesmo tempo, que envolve, nessa indecisão, poderes confusos de corrosão e horror. Impera então uma espécie de imagem indiferenciada da "podridão", que diz respeito tanto à corrupção dos costumes quanto à decomposição da carne, e pela qual irão pautar-se a repugnância e a piedade sentidas em relação aos internos (FOUCAULT, Vigiar E Punir, 1974) Segundo Foucault, é no fantático e não na medicina que o desatino, a loucura, se encontra. O imaginário das pessoas ao se referir à loucura, portanto, retoma com a noção fantástica do mundo do medo, da corrupção, da falta de comunicação e dos “vicios”.
Segundo o autor, as instituições se tornaram, a partir da segunda metade do
século XVIII o grande movimento de reforma psiquiatrica inciou e tem ai sua origem em trasnformar a instituição num movimento asilar. Hospitais, a casa de força, todos os locais de internamento se tornaram ambientes de dificílimo acesso, bem isolados.
Com a obra de Michel Foucault existe um esforço em torno do levantamento
do conceito de loucura que são vistos como um dado natural, imutável, cuja abordagem varia através dos tempos, que ao longo da história a loucura e não- loucura, razão e não-razão estiveram uma existindo pela relação da outra .
A partir do século XiX o conceito da loucura se torna efeito psicológico de uma
falta de moral e passa a ser vista como uma doença, sofrendo influências da psicanálise. Já o homem contemporâneo no quesito loucura é aquele histérico, depressivo, esquizofrênico, cujo comportamento é obsceno, dando ênfase também às condições orgânicas, ligando-se à medicalização excessiva. “O que a história da loucura nos revela, pondo em questão toda a cultura ocidental moderna, é que o louco é excluído porque insiste no direito à singularidade e portanto, à interioridade” (FRAYZE-PEREIRA, 1993, p.102.)
É ao longo do século XXI que a discussão se torna massiva em torno da
importância da reestruturação da assistência psiquiátrica e suas formas de hegemonia centralizadora dos hospitais psiquiátricos. São muitos relatos de violência acerca desses meios que tornaram necessários salvaguardar os direitos civis, a dignidade pessoal, os direitos humanos dos usuários e propiciar a sua permanência em seu meio comunitário.
Em 1990 os países da America Latina comprometeram-se em promover um
documento que assegura as discussões sobre a reestruturação da psiquiatria, inclusive no Brasil. Em 2005 esse documento foi retomado e reafirmaram a necessidade de proteção dos direitos humanos e da cidadania dos portadores de transtornos mentais e a necessidade da construção de redes de serviços alternativos.
A partir da modernidade, portanto, nos deparamos com o conceito de
desistucionalização da loucura. A partir desses marcos, começou-se a privilegiar a criação de serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico, mas na realidade, é muito mais amplo do que só deslocar a atenção para a comunidade.
Na obra de Alice Hiders “A reforma psiquiátrica no Brasil: uma (re) visão” é
feita uma análise de Rotelli em torno da obra Desinstitucionalização, que a vê como um trabalho prático de transformação que contempla a ruptura de inúmeras ideias, criação de áreas com novas políticas de saúde mental e a transformação de ideias, locais e conceitos. O foco era dado para a doença e passa a ser o sujeito, dando importância a saúde, projetos terapêuticos, reabilitação e reinserção social.A reorientação do modelo assistencial em saúde mental demanda investimentos políticos, técnicos, financeiros e éticos, entre outros, assim como a articulação com outras instâncias educação, trabalho, cultura, habitação e habilitação profissional que tenham capacidade para intervir na existência do sujeito, seu sofrimento e ajudando a reconstruí-lo.