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Transferência e escuta analítica

Julia Garcia Durand


A dinâmica da transferência
(1912)
Julia Durand
• É necessariamente ocasionada durante o
tratamento psicanalítico
• Deve-se compreender que cada indivíduo,
através da ação combinada de sua
disposição inata e das influências sofridas
durante os primeiros anos, conseguiu um
Transferência método específico próprio de conduzir-se
na vida erótica – isto é, nas precondições
para enamorar-se que estabelece, nos
instintos que satisfaz e nos objetivos que
determina a si mesmo no decurso daquela.
• Repetições de padrões
• Somente uma parte dos impulsos que
determinam o curso da vida erótica passou
por todo o processo de desenvolvimento
psíquico
• Esta parte está dirigida para a realidade,
acha-se à disposição da personalidade
consciente e faz parte dela – Princípio de
realidade.

• Outra parte dos impulsos libidinais fica


retida no curso do desenvolvimento:
expressa na fantasia ou inconsciente,
desconhecida pela consciência da
personalidade.
• Evitar postura íntima e afetiva (p156)
• O médico deve ser opaco aos seus
pacientes e, como um espelho, não
Manejo da mostrar-lhes nada, exceto o que lhe é
mostrado
transferência • Evitar atitudes pedagógicas: controlar-se e
guiar-se pelas capacidades do paciente em
vez de por seus próprios desejos.
• Evitar discussões intelectuais
• Ideias libidinais antecipadas
• A transferência ocorre em todos os
indivíduos
• A transferência é uma forma de
resistência, mas uma via de acesso
importante para rastrear a libido e torná-la
acessível à consciência
• Intensidade e persistência variável
conforme a expressão da resistência
• Positiva
• Negativa
• Erótica
• NA SITUAÇÃO ANALÍTICA

ONDE?
• NA VIDA COTIDIANA
• POSITIVA Amistosa Motor da cura
Erótica
Resistência
NEGATIVA Hostil
• Noção mais simples de transferência: O
analista empresta a sua pessoa, isto é, sua
matéria psíquica, para dar vida e corpo a
Diálogos sobre a outra “ pessoa”: um aspecto da figura
parental com quem o psiquismo do
clínica psicanalítica paciente continua enroscado ainda hoje.

(Minerbo, M. ) • Há uma articulação entre os conceitos de


transferência e inconsciente. A
transferência é uma manifestação do
inconsciente; e o inconsciente, que em si
mesmo é incognoscível, manifesta-se
(também) como transferência.
Inconsciente recalcado:

Diferença entre As fantasias são uma forma de


representação.
inconsciente
recalcado e o Inconsciente Pulsional:
Não ligado a uma representação. As
inconsciente experiências vividas não alcançaram uma
representação(Traumas)
pulsional
• Hipótese: A psique, submetida a um conflito
entre movimentos pulsionais e subjetivos,
recalca um dos termos do conflito psíquico
para tentar tratar o desprazer causado pela
acuidade do conflito.
• Assim, uma experiência de satisfação pulsional
entra em conflito com a subjetividade, ou pelo
Inconsciente menos pelo seu excesso – ameaça de
transbordamento da psique -, que torna difícil
recalcado a sua integração, ou devido a sua
incompatibilidade com as exigências
superegóicas, ou certos aspectos da realidade
externa que tais exigências aportam.
• O conflito atual entra em ressonância com um
conflito histórico – proveniente da sexualidade
infantil - , que, na época, devido a uma
conjuntura traumática, só pôde ser
solucionado pelo recalque.
Recalca-se as representações do desejo que
nele estavam implicadas.
Traumatismo secundário: a situação
subjetiva foi vivida, representada e depois
secundariamente recalcada por causa do
Inconsciente conflito.

recalcado O recalque dá origem a uma fixação, que


subtraiu da evolução as moções pulsionais
comprometidas e cria um núcleo de atração.

Defesa neurótica: o eu precisa se organizar


contra o retorno do recalcado e organizar
modalidades de compromisso ante o conflito
atual que o opõe a esse retorno.
Certas experiências psíquicas não são
recalcáveis porque não estão integradas na
subjetividade. É necessário dispor de outro
termo, a clivagem, para descrever sua
Inconsciente situação tópica em relação ao eu.

pulsional Apesar de não recalcadas, elas influenciam o


eu

A representação precisa ser criada na


situação analisante.
• Essas duas defesas – recalque e clivagem, negativam, retiram da vida psíquica, pedaços da
história emocional impossíveis de serem metabolizados pelo paciente, que assim se
tornam inconscientes.

• O que será transferido são os inconscientes – o recalcado (transferência neurótica) ou o


pulsional (transferência psicótica ou narcísica).
• Exigirão do analista uma escuta diferente e, também, uma forma diferente de intervir na
clínica.
Transferência narcísica X transferência neurótica

• Narcísica: experiências narcísicas precoces, acontecidas quando a capacidade de


interpretação ou de metabilização da criança ainda é muito limitada. Trauma entre 0 e 4
anos.

• Neurótica: representações de desejo ligadas à travessia edipiana; nesse caso, a criança


teria entre 4 e 6 anos de idade.
• O resto da mente amadurece, mas uma parte continua verde fixada no tempo, sentindo,
pensando e agindo como na época em que se produziu aquela cicatriz. Essa parte é a
criança-no-adulto, também denominada “o infantil” ou “ o inconsciente”.
Relação comum X transferência

• Quando a criança no adulto está adormecida e é o adulto quem está sentindo, pensando
e agindo, com as rédeas na mão, então é uma relação comum.
• Quando a criança-no-adulto toma as rédeas em uma relação qualquer, quando é ela
quem está sentindo, pensando e agindo, aquela relação está marcada pela transferência.
• Dar voz à criança-no-adulto.

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