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ABRAFP - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FILOSOFIA E PSICANÁLISE


CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE

PAULO DE CARVALHO CHAGAS VIOTTI

TÍTULO: O INCONSCIENTE EM SEUS DIVERSOS PONTOS DE VISTA

ESMERALDAS – MINAS GERAIS


2021
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PAULO DE CARVALHO CHAGAS VIOTTI

TÍTULO: O INCONSCIENTE EM SEUS DIVERSOS PONTOS DE VISTA

ESMERALDAS – MINAS GERAIS


2021
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O INCONSCIENTE EM SEUS DIVERSOS PONTOS DE VISTA

THE UNCONSCIOUS IN ITS DIFFERENT POINTS OF VIEW

Paulo de Carvalho Chagas Viotti (1)

RESUMO
O objetivo deste Artigo, à guisa de dissertação, é conceituar inconsciente, em
especial dos pontos de vista descritivo, sistemático, dinâmico, econômico e
ético.

Palavras-chave: Inconsciente, Inconsciente descritivo; Inconsciente


sistemático; Inconsciente dinâmico; Inconsciente econômico; Inconsciente
ético.

ABSTRACT
The objective of this article, as a dissertation, is to conceptualize the
unconscious, especially from a descriptive, systematic, dynamic, economic and
ethical point of view.

Keywords: Unconscious, Descriptive Unconscious; Systemic unconscious;


Dynamic unconscious; Economic Unconscious; Ethical unconscious.

Introdução
1 Inconsciente
O inconsciente pode ser definido como um arquivo de segurança
máxima aonde de encontram todas as informações, fatos, ocorrências de todas
as áreas vivenciais, as quais o consciente não conseguiu agregar de maneira
equilibrada ou, aquilo que, em sua normalidade, a psiquê não consegue
apropriar, evitando eventuais ocorrências desnecessárias, impróprias ao
momento atual da mesma. Nossa mente é um grande complexo psíquico, onde
o inconsciente de natureza camaleônica, onde encontram-se guardadas
nossas mais profundas e ardilosas ocorrências à guisa de paixões, de medos,
da vida e, da morte.

(1) Graduado em Tecnologia de Processamento de Dados, Pós-graduado em Novas Tecnologias de Comuni-


cação Social, Pós-graduando, Mestrando e Doutorando em Psicanálise Modalidade Livre pela SAPDH – Socie-
dade de Análises Psicanalíticas e Desenvolvimento Humano, Pós-Graduando em Psicanálise Livre da ABRAFP
Atividades de Psicanálise Ltda, Pós-graduando em Homeopatia Integrativa pelo Centro Educacional Terapia
Milenar, Pós-Graduando em Acupuntura e Aurículo-acupuntura pela Instituição EBSáude Cursos e Eventos e,
graduando em Farmácia pela Unicesumar.
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Segundo JUNG (1875-1961)1, é aquilo que ignoramos, que não se


identifica simplesmente com o desconhecido; é antes o psíquico desconhecido,
ou seja, tudo aquilo que presumivelmente não se distinguiria dos conteúdos
psíquicos conhecidos, quando chegasse à consciência. (KINUGASA, 2020)2
nos diz que, o Conteúdo do Inconsciente inclui instintos (desejos) e elementos
instintivos; material acumulado devido à "repressão primária"; conteúdos
empurrados para baixo pela força da repressão; e esquemas filogenéticos que
organizam "fantasias primitivas".

Do ponto de adjetivação estrutural, compõe-se de ID(isto), total incons-


ciente e EGO(Ich=Eu) e SUPEREGO(Über Ich=Censor moral), parcialmente
inconscientes. (KINUGASA, 2020)2 nos diz que o Inconsciente como uma qua-
lidade, de forma adjetiva, aparece na Teoria Estrutural/Segunda Topografia de
Id, Ego e Superego. Aqui, todo o Id (ES=Isto) é inconsciente, mas partes do
Ego (Ich = Eu) e Superego (ÜBER ICH = Eu Ideal, princípios morais internali-
zados) são também inconscientes.

1.1 Inconsciente do ponto de Vista Descritivo

O Inconsciente descritivo diz respeito somente ao fato de um conteúdo


mental não está no momento consciente, encontrando-se em um inconsciente
imediato, como em um limbo, entre o consciente e o inconsciente, somente
aguardando significantes energéticos bastantes significativos que lhes exornem
as características mais profundas.

Visto de fora, descrito por um observador, EU ou o outro fora de mim,


observando, provido de manifestações inconscientes, perceberemos apenas
os produtos, fatos, falas e imagens inesperados, correspondentes a atos falhos,
esquecimentos, sonhos ou surgimento de ideias inesperadas incomuns,
definição de um conceito abstrato e até mesmo a criação de um poema,
normais ou patológicos, mas sempre atos surpreendentes e enigmáticos para a
consciência do sujeito e para a do psicanalista, demonstrando-nos a existência
de um processo inconsciente obscuro e ativo, em nós, sem que o saibamos.
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Portanto, o inconsciente é, não somente a causa deste processo, mas


também a essência do psiquismo, tendo o consciente como um epifenômeno,
cujo significante é o inconsciente, consignando ao inconsciente a significação
de toda vida psíquica, o psíquico em si mesmo e sua realidade geradora e
gerada.

1.2 Inconsciente do ponto de vista Sistemático

Já definimos o inconsciente como um sistema ao abordarmos a


estrutura da rede das representações. Nessa perspectiva, a fonte de excitação
chama-se representação de coisa, e os produtos são manifestações
deturpadas do inconsciente. O sonho é o melhor exemplo disso.

O excitado tem a coisa representada, com ou sem os alaúdes da ilusão.


Um fato, uma fala, uma imagem, conceitos ou palavras são meios significantes
que fizeram a vinculação entre o obscuro e o aparente. O inconsciente não é
transparente. Seu acionamento, acidental ou não, transborda o significado com
as cores da coisa representada, do emanado ao íntimo, do visível ao
abscôndito, do fogo que não queima e da água que não mata a sede.

O real não vige, mas a dor simbólica, torna-se objetivamente real,


trazendo toda a representatividade da coisa representada, convertendo-a,
energeticamente no transbordar metafórica da vida idealizada, real ou não.

1.3 Inconsciente do Ponto de Vista Dinâmico

Remete-nos à luta hercúlea entre a força das pulsões e do recalcamento


que resiste. A fonte excitante, será chamada de representantes recalcados e,
as produções finais serão as dissimulações do inconsciente que conseguem se
esquivar do recalque. Estas esquivas normativas recebem o nome de retorno
do recalcado, produtos do recalcado, ou ainda, produtos do inconsciente.
São pequenos itens que emergem da consciência que serão vistos como
sintomas neuróticos.
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Tais manifestações do recalcado inconsciente direcionam para a


resolução do conflito, que opõe o impulso do recalcado em direção à
consciência que procura mascará-lo. Desta forma temos que o retorno do
recalcado é composto do recalcado inconsciente que venceu o recalcamento e
de um elemento da consciência que o mascara, como um disfarce consciente
do recalcado, sem mascará-lo totalmente. Os produtos do inconsciente ao
chegar à consciência recebem uma nova carga do recalcamento que os manda
de volta para o inconsciente, em um processo de recalcamento secundário
ou a posteriori.

A questão que se põe, com relação ao recalcamento, é que ele pode ser
visto como um complexo movimento de energias que ao mesmo tempo que fixa
as representações recalcadas no inconsciente, reconduz as representações
recalcadas fugitivas ao inconsciente, que chegam ao pré-consciente a ao
consciente, após essas terem enganado o “guardião” recalcamento. Desta
forma teríamos o recalcamento primário que contém e fixa as representações
recalcadas no solo do inconsciente, um tapume energético erguido pelo
consciente e pré-consciente – contra-investimento - um investimento contrário,
opositor das pressões Inconscientes e, o recalcamento secundário que faz
retroceder, no sistema inconsciente, os produtos pré-consciente do recalcado,
retirando em primeiro lugar a carga pré-consciente e consciente do produto que
estava no pré-consciente e consciente, reativando a carga inconsciente, e, a
seguir, o produto final é atraído pelas representações recalcadas pelo
recalcamento primário.

1.3 Inconsciente do ponto de vista econômico

Neste Inconsciente, a fonte de excitação será chamada de


representante das pulsões e as produções finais do inconsciente serão as
fantasias ou comportamentos afetivos e escolhas amorosas espontâneas,
escorados em fantasias.

As fantasias podem tanto ser explícitas, presentes em nosso cotidiano,


como que enfurnadas e recalcadas no inconsciente, ou ainda como mecanismo
de defesa do Eu contra as pressões Inconscientes, assumindo a forma de
produto do recalcado ou de uma defesa recalcante.
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1.4 Inconsciente do ponto de vista ético

Neste Inconsciente, a fonte energética chamaremos de desejo, ponto de


vista visto sob a ótica da sexualidade, do prazer sexual. Do ponto de vista
conceitual, temos que o desejo é uma pulsão da qual não temos consciência,
que busca o prazer absoluto em uma relação incestuosa, sendo o inconsciente
em busca do incesto, como objetivo ideal, mítico, normal em contraposição ao
patológico e pleno de legalidade. É o objetivo último e universal do desejo
humano.

Entretanto, vemos na psicanálise, que a proibição do incesto é a mais


poderosa força incentivadora ao desejo inconsciente de incesto. No
inconsciente, o incesto é a coisa mais desejada, o valor supremo de um
soberano. Orienta a vida de cada um dos sujeitos desejantes que somos. Pois
bem, o estatuto ético do inconsciente se resume no fato de que é um desejo
movido pelo soberano, que neste caso se tornaria o gozo incestuoso.

REFERENCIAS

1 ARGOUS et al. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Inconsciente#Modelos_do_inconsciente>.
Acesso em: 18.Out.2021

2 KINUGASA, Takayuki et al. Dicionário enciclopédico inter-regional de


psicanálise da IPA. O Inconsciente. Entrada Tri-Regional. Disponível em:
<http:// www.ipa.world/IPA/Encyclopedic_Dictionary> . Acesso em 18.out.2021

NASIO, Juan-David O prazer de ler Freud. — Rio de Janeiro: Jorge


Zahar Ed., 1999. 112p.

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