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O Inconsciente e Suas Diversas Manifestações

Paulo de Carvalho Chagas Viotti (***)

RESUMO
O objetivo deste Artigo, à guisa de dissertação, é conceituar inconsciente, em
especial dos pontos de vista descritivo, sistemático, dinâmico, econômico e ético.

Palavras-chave: Inconsciente, Inconsciente descritivo; Inconsciente sistemático;


Inconsciente dinâmico; Inconsciente econômico; Inconsciente ético.

ABSTRACT
The objective of this article, as a dissertation, is to conceptualize the unconscious,
especially from a descriptive, systematic, dynamic, economic and ethical point of view.

Keywords: Unconscious, Descriptive Unconscious; Systemic unconscious; Dynamic


unconscious; Economic Unconscious; Ethical unconscious.

Introdução

1 Inconsciente

O inconsciente pode ser definido como um arquivo de segurança máxima


aonde de encontram todas as informações, fatos, ocorrências de todas as áreas vi-
venciais, as quais o consciente não conseguiu agregar de maneira equilibrada ou,
aquilo que, em sua normalidade, a psiquê não consegue apropriar, evitando eventuais
ocorrências desnecessárias, impróprias ao momento atual da mesma. Nossa mente é
um grande complexo psíquico, onde o inconsciente de natureza camaleônica, onde
encontram-se guardadas nossas mais profundos e ardilosas ocorrências a guisa de
paixões, de medos, da vida e, da morte. Segundo JUNG (1875-1961)1, é aquilo que
ignoramos, que não se identifica simplesmente com o desconhecido; é antes o psí-
quico desconhecido, ou seja, tudo aquilo que presumivelmente não se distinguiria dos
conteúdos psíquicos conhecidos, quando chegasse à consciência. (KINUGASA,
2020)2 nos diz que, o Conteúdo do Inconsciente inclui instintos (desejos) e represen-
tantes instintivos; material acumulado devido à "repressão primária"; conteúdos em-
purrados para baixo pela força da repressão; e esquemas filogenéticos que organizam
"fantasias primitivas".
(***) Graduado em Tecnologia de Processamento de Dados, Pós-graduado em Novas Tecnologias de Comuni-
cação Social, Pós-graduando, Mestrando e Doutorando em Psicanálise Modalidade Livre pela SAPDH – Socie-
dade de Análises Psicanalíticas e Desenvolvimento Humano, Pós-Graduando em Psicanálise Livre da ABRAFP
Atividades de Psicanálise Ltda, Pós-graduando em Homeopatia Integrativa pelo Centro Educacional Terapia
Milenar, Pós-Graduando em Acupuntura e Aurículo-acupuntura pela Instituição EBSáude Cursos e Eventos e,
graduando em Farmácia pela Unicesumar.
Do ponto de adjetivação estrutural, compõe-se de ID(isto), total inconsciente e
EGO(Ich=Eu) e SUPEREGO(Über Ich=Censor moral), parcialmente inconscientes.
(KINUGASA, 2020)2 nos diz que o Inconsciente como uma qualidade, de forma adje-
tiva, aparece na Teoria Estrutural/Segunda Topografia de Id, Ego e Superego. Aqui,
todo o Id (ES=Isto) é inconsciente, mas partes do Ego (Ich = Eu) e Superego (ÜBER
ICH = Eu Ideal, princípios morais internalizados) são também inconscientes.

1.1 Inconsciente do ponto de Vista Descritivo

O Inconsciente descritivo diz respeito somente ao fato de um conteúdo mental


não está no momento consciente, encontrando-se em um inconsciente imediato, como
em um limbo, entre o consciente e o inconsciente, somente aguardando significantes
energéticos bastantes significativos que lhes exornem as características mais
profundas.

Visto de fora, descrito por um observador, EU ou o outro fora de mim,


observando, provido de manifestações inconscientes, perceberemos apenas os
produtos, fatos, falas e imagens inesperados, correspondentes a atos falhos,
esquecimentos, sonhos ou surgimento de ideias inesperadas incomuns, definição de
um conceito abstrato e até mesmo a criação de um poema, normais ou patológicos,
mas sempre atos surpreendentes e enigmáticos para a consciência do sujeito e para a
do psicanalista, demonstrando-nos a existência de um processo inconsciente obscuro
e ativo, em nós, sem que o saibamos.

Portanto, o inconsciente é, não somente a causa deste processo, mas também


a essência do psiquismo, tendo o consciente como um epifenômeno, cujo significante
é o inconsciente, consignando ao inconsciente a significação de toda vida psíquica, o
psíquico em si mesmo e sua realidade geradora e gerada.

1.2 Inconsciente do ponto de vista Sistemático

Já definimos o inconsciente como um sistema ao abordarmos a estrutura da


rede das representações. Nessa perspectiva, a fonte de excitação chama-se
representação de coisa, e os produtos são manifestações deturpadas do inconsciente.
O sonho é o melhor exemplo disso.
O excitado tem a coisa representada, sem os alaúdes da ilusão. Um fato, uma
fala, uma imagem, conceitos ou palavras são meios significantes que fizeram a
vinculação entre o obscuro e o aparente. O inconsciente não é transparente. Seu
acionamento, acidental ou não, transborda o significado com as cores da coisa
representada, do emanado ao íntimo, do visível ao abscôndito, do fogo que não
queima e da água que não mata a sede.

O real não vige, mas a dor simbólica, torna-se objetivamente real, trazendo
toda a representatividade da coisa representada, convertendo-a, energeticamente no
transbordar metafórica da vida idealizada, real ou não.

1.3 Inconsciente do Ponto de Vista Dinâmico

Remete-nos à luta hercúlea entre a força das pulsões e do recalcamento que


resiste. A fonte excitante, será chamada de representantes recalcados e, as
produções finais serão as dissimulações do inconsciente que conseguem se esquivar
do recalque. Estas esquivas normativas recebem o nome de retorno do recalcado,
produtos do recalcado, ou ainda, produtos do inconsciente. São pequenos itens
que emergem da consciência que serão vistos como sintomas neuróticos.

Tais manifestações do recalcado inconsciente direcionam para a resolução do


conflito, que opõe o impulso do recalcado em direção à consciência que procura
mascará-lo. Desta forma temos que o retorno do recalcado é composto do recalcado
inconsciente que venceu o recalcamento e de um elemento da consciência que o
mascara, como um disfarce consciente do recalcado, sem mascará-lo totalmente. Os
produtos do inconsciente ao chegar à consciência recebem uma nova carga do
recalcamento que os manda de volta para o inconsciente, em um processo de
recalcamento secundário ou a posteriori.

A questão que se põe, com relação ao recalcamento, é que ele pode ser visto
como um complexo movimento de energias que ao mesmo tempo que fixa as
representações recalcadas no inconsciente, reconduz as representações recalcadas
fugitivas ao inconsciente, que chegam ao pré-consciente a ao consciente, após essas
terem enganado o “guardião” recalcamento. Desta forma teríamos o recalcamento
primário que contém e fixa as representações recalcadas no solo do inconsciente, um
tapume energético erguido pelo consciente e pré-consciente – contra-investimento -
um investimento contrário, opositor das pressões Inconscientes e, o recalcamento
secundário que faz retroceder, no sistema inconsciente, os produtos pré-consciente
do recalcado, retirando em primeiro lugar a carga pré-consciente e consciente do
produto que estava no pré-consciente e consciente, reativando a carga inconsciente,
e, a seguir, o produto final é atraído pelas representações recalcadas pelo
recalcamento primário.

1.3 Inconsciente do ponto de vista econômico

Neste Inconsciente, a fonte de excitação será chamada de representante das


pulsões e as produções finais do inconsciente serão as fantasias ou comportamentos
afetivos e escolhas amorosas espontâneas, escorados em fantasias.

As fantasias podem tanto ser explícitas, presentes em nosso cotidiano, como


que enfurnadas e recalcadas no inconsciente, ou ainda como mecanismo de defesa
do Eu contra as pressões Inconscientes, assumindo a forma de produto do recalcado
ou de uma defesa recalcante.

1.4 Inconsciente do ponto de vista ético

Neste Inconsciente, a fonte energética chamaremos de desejo, ponto de vista


visto sob a ótica da sexualidade, do prazer sexual. Do ponto de vista conceitual, temos
que o desejo é uma pulsão da qual não temos consciência, que busca o prazer
absoluto em uma relação incestuosa, sendo o inconsciente em busca do incesto,
como objetivo ideal, mítico, normal em contraposição ao patológico e pleno de
legalidade. É o objetivo último e universal do desejo humano.

Entretanto, vemos na psicanálise, que a proibição do incesto é a mais


poderosa força incentivadora ao desejo inconsciente de incesto. No inconsciente, o
incesto é a coisa mais desejada, o valor supremo de um soberano. Orienta a vida de
cada um dos sujeitos desejantes que somos. Pois bem, o estatuto ético do
inconsciente se resume no fato de que é um desejo movido pelo soberano, que neste
caso se tornaria o gozo incestuoso.
REFERENCIAS

1
ARGOUS et al.
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Inconsciente#Modelos_do_inconsciente>.
Acesso em: 18.Out.2021

2
KINUGASA, Takayuki et al. Dicionário enciclopédico inter-regional de psicanálise da

IPA. O Inconsciente. Entrada Tri-Regional. Disponível em:

<http:// www.ipa.world/IPA/Encyclopedic_Dictionary> . Acesso em 18.out.2021

NASIO, Juan-David O prazer de ler Freud. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.
112p.

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