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comportamental
Muitos clientes quando chegam ao consultório relatam como uma de suas queixas
principais o fato de não se sentirem livres, que não gostariam que fossem controlados
pelo que sentem ou pelo que fazem. E de fato isso acontece com frequência, porque
se não soubermos identificar as variáveis e as contingências que em nossa vida
possam nos trazer coisas boas ou não, vamos apenas vivendo em qualquer
contingência sem ter conhecimento das consequências e do controle que cada uma
delas exerce em nossa vida. Sem autoconhecimento, deixamos a vida nos levar e
muitas vezes somos levados para lugares que não gostaríamos de estar. É nesse
momento, que nós terapeutas começamos a fazer um trabalho muitas vezes de
formiguinha. Começa aí o processo terapêutico, no qual para que ocorram mudanças
necessárias, é preciso que o cliente conheça a si próprio, mas para isso, tem que
aprender primeiro a se observar, discriminar as variáveis de controle existentes em
sua vida, para então chegar ao autoconhecimento e talvez até a mais sonhada
“liberdade”.
De acordo com Skinner “Não nos devemos surpreender com o fato de que quanto
mais soubermos sobre o comportamento alheio, melhor compreenderemos a nós
mesmos” (Skinner, 1982). A relação que mantemos com as outras pessoas nos diz
muito sobre nós mesmos, enfim somos seres altamente sociais e geralmente é nessa
relação que identificamos as variáveis que nos controlam. A grande vantagem de viver
esse processo de conhecimento, inclui conseguir por meio desse, uma certa
previsibilidade e controle (liberdade) sobre a obtenção de reforços dentro do ambiente
em que se vive. Nosso comportamento é reforçado na relação com as outras pessoas,
ou seja, pelo efeito que geramos nos outros. Diante disso poderíamos dizer que
conhecer o outro, ao menos os que convivemos, é de grande valia.
O processo de mudança na terapia não acontece de uma hora para outra, esse
processo de autoconhecimento pode levar mais tempo do que muitos dos clientes
esperam, o que pode ser um entrave no processo de autoconhecimento. Nós, seres
humanos, estamos acostumados a fugir do que é ruim, sendo o processo terapêutico,
algo lento e muitas vezes dolorido, pode fazer com que alguns clientes desistam do
processo para se esquivarem de estímulos aversivos que podem ser evocados nas
sessões. Talvez alguns clientes não permaneçam tempo suficiente na terapia para
entrarem em contato com o conhecer a si mesmo e se sensibilizarem das vantagens
que isso possa lhe trazer.
Algumas teorias conceituam liberdade como a ausência de controle aversivo, por isso
deixar a terapia antes de alcançar esse objetivo muitas vezes é a única coisa que o
cliente está apto a fazer. De acordo com Skinner (1982), agimos com a intenção de
nos livrarmos de contatos prejudiciais. Mas com a finalidade de encontrar a liberdade
muitas vezes se faz necessário lidar com os estímulos aversivos. De acordo com um
antigo supervisor e psicólogo, “Fazer terapia é despertar a dor da lucidez” ou seja, é
entrar em contato direto com lembranças, relatos e análises que nos trazem
sofrimento e dor.
Para ajudar nossos clientes precisamos entender a liberdade vista a sua maneira e
mostrar-lhes que o entendimento desse conceito, na visão da Análise do
Comportamento, traz muitos ganhos ao cliente, como a possibilidade de entender
quais problemas lhe atingem e aprender a lidar com eles e ainda ter a oportunidade de
modificá-los. Pensamos que dessa forma nos damos a oportunidade de entendermos
a vida como um processo em constante mudança, onde somos ativos e atuantes,
onde existem várias possibilidades e alternativas para modificarmos algumas variáveis
e consequentemente ter essa sensação de liberdade.
Referências