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ALUNO: Dilucas José de Santana

Durante as minhas aulas de psicologia geral, vivenciei a ACP em toda a sua


intensidade; o meu professor não roubou a liberdade da classe e se colocou à
disposição para aprendermos dentro dos nossos interesses. Isto no inicio me
pareceu um favor: dar a liberdade! Mais tarde, descobri através dessa própria
abordagem que liberdade não se dá, apenas não se tira. (PINTO, 2010, p. 59)

O texto supracitado, de autoria do psicólogo Marcos Alberto da Silva Pinto, trata


dos princípios da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), que fora criada pelo
americano Carl Ransom Rogers. A psicologia de Rogers, que ficou conhecida como
psicologia experiencial, dado ao fato da valorização das experiências de vida, isto é, do
entendimento de que a experiência que se vive deve-se ser objeto dessa psicologia,
possui uma serie de conceitos que dão suporte ao arcabouço teórico/prático. É desses
conceitos, mais centrais, da abordagem que o texto em questão trata.

Todavia, o texto do Pinto (2010) logo nas primeiras linhas pode-se extrair a
seguinte citação: “Mais tarde, descobri através dessa própria abordagem que liberdade
não se dá, apenas não se tira” (PINTO, 2010, p. 59) que trata de um conceito que apesar
de central na abordagem, não é trabalhado como princípio da mesma, a saber: a
liberdade.

Apesar de não poder-se identificar a liberdade como principio dentro da ACP,


pode-se considera-la um valor que subsidia alguns, se não todos, os princípios. Aqui
procurarei centrar-me em alguns desses princípios de maneira breve, observando sua
relação com esse valor,

Na abordagem parte-se do entendimento de que todos os organismos tendem


para o desenvolvimento de suas potencialidades de forma positiva. Essa tendência à
atualização do ser, que já fora alvo de inúmeras críticas e discussões, em nada tem a ver
com a interpretação do bem e do mau, antes é apenas um movimento que os seres vivos
fazem em busca do caminho que melhor é percebido pelo organismo em dado momento,
considerando todas nuances que tal processo perceptivo engloba, como o ambiente. É a
partir desse crivo que a abordagem propõe algumas noções para criação de um ambiente
facilitador para que a tendência à atualização aja de forma mais saudável, salientando o
cuidado necessário para que tais elementos ao não sejam aplicados com tecnicidade uma
vez que a ACP tem como característica não possuir técnicas. Tem em mente que os
organismos são autodirigidos é, em ultima análise, uma valorização da liberdade
ontológica, uma vez que essa percepção nos leva a eximir-se de, em se tratando de
abordagens psicológicas, quaisquer tentativas de imposição de modus operandi por
parte do terapeuta.

Já no que diz respeito ao método não diretivo, assumido na ACP em detrimento


de técnicas é marcado, numa análise objetiva e superficial, pelo fato do psicólogo falar
menos que a metade do cliente, até por entender que a entrevista pertence ao cliente e
não ao psicólogo. Partindo para uma visão mais profunda da questão neste método de
atendimento o psicólogo porta-se de modo a acolher o que o cliente fala permitindo que
expresse sentimentos que em outro método de atendimento não seria possível pelo seu
caráter. Tal método foca-se no cliente propriamente dito e não no seu conflito ou
desadaptação. Em suma os esforços do psicólogo devem se dar de maneira a criar uma
relação onde o cliente tenha segurança de verbalizar seus conteúdos sem receios.

A liberdade que o método não diretivo abdica de cercear favorece a pessoa um


maior grau de empoderamento de sua situação de vida por reconhecer que a ela não só
cabe dirigir uma sessão psicoterápica, mas sua própria existência. Em se tratando de
ACP o método empregado acaba por comungar da visão que o organismo que tente a
auto atualização de maneira que quaisquer empregos de estratégias isentam da
percepção da realidade existencial de liberdade da pessoa, não tem fim terapêutico.

REFERÊNCIA

PINTO, M. A Abordagem Centrada na Pessoa e seus princípios. Praticando a


Abordagem Centrada na Pessoa: duvidas e perguntas mais frequentes. São Paulo:
Carrenho Editorial, 2010.

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