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AULA 5

MÉTODO DE TRATAMENTO E TÉCNICAS


PSICOTERAPÊUTICAS NA CLÍNICA
JUNGUIANA PROF. GIL CARLOS
MÉTODO DE TRATAMENTO E
TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS
NA CLÍNICA JUNGUIANA
MÉTODO DE TRATAMENTO E
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MÉTODO DE TRATAMENTO E
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MÉTODO DE TRATAMENTO
 Jung retomou o sentido clássico que os filósofos davam ao termo “dialética” para propor seu
método psicoterapêutico com base num “diálogo ou discussão entre pessoas que ocupam
posições simétricas no setting” e a partir dessa relação surgir um terceiro, ou síntese, algo
novo e mais abrangente que apenas a soma das partes.

 A psicoterapia analítica se dá como “uma interação de sistemas psíquicos” regulada pelo


método dialético, como afirma Jung em A prática da psicoterapia.
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MÉTODO DE TRATAMENTO
 Jung caracteriza a psicoterapia como um campo de explorações diversas, em que o paciente
deve adotar uma postura ética diante das imagens do inconsciente – no sentido de se
responsabilizar ou se comprometer a lhes dar um lugar em sua vida cotidiana.

 O paciente deve ficar a sós, por assim dizer, com seu inconsciente a fim de tornar relativa sua
dependência com o psicoterapeuta até alcançar a autonomia.

 Aqui se torna importante a expressão simbólica e o envolvimento ativo dos pacientes com a
fantasia, até mesmo sugerindo que desenhassem, pintassem ou modelassem seus sonhos
fora da sessão analítica.
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MÉTODO DE TRATAMENTO
 A postura do terapeuta deve ser especulativa, não conceitual e não interpretativa, pois o
método diz respeito a um “confronto de averiguações mútuas”, em que a ele cabe colocar em
suspenso suas atribuições intelectuais.

 A psicoterapia é sustentada de modo a levar o paciente a experienciar seus afetos e emoções,


mais que nomeá-los ou interpretá-los racionalmente.

 O terapeuta, então, se coloca na posição de facilitador, que acompanha as “sementes” da psique


alheia, ajudando-as a se desenvolver, em oposição ao uma postura médica tecnicista que visa
tratar de doenças.
 As próprias noções de cura e patologia são particulares em sua teoria, pois Jung vê na patologia um tentativa
inconsciente de a psique se restabelecer, tendo em vista sua concepção autorreguladora do sintoma, que
pode compensar ou complementar a atitude unilateral do eu.
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MÉTODO DE TRATAMENTO
 Uma decorrência direta do método dialético na prática clínica é o dispositivo face a face: duas
poltronas permitem o contato direto entre as partes, sem o privilégio do divã. Há nessa
proposição a ideia que o terapeuta deve se oferecer como uma presença que sustenta – de
corpo e alma literalmente – as fantasias do paciente.

 Essa argumentação tem sido revista por autores pós-junguianos, considerando-se que, para
alguns pacientes, a expressão facial e corporal do terapeuta é certamente fonte de referências
importantes para a constituição do vínculo e o manejo da transferência. Mas não é possível
definir a priori um sentido generalista para o corpo e a imagem do terapeuta, já que isso pode
variar muito em função das necessidades e possibilidades psíquicas de cada paciente.
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MÉTODO DE TRATAMENTO
 Jung invoca um método dialético, esclarecendo que o encontro é único e particular, entende-se que é
importante oferecer mais uma possibilidade de contato com a presença corporal do terapeuta; daí entram em
cena alterações no setting, como o uso do divã e de outros recursos terapêuticos; que permitem, entre outras
coisas, o deslocamento do olhar e de todo o espectro de fantasias suscitadas por essa questão.

 Com relação ao setting ou enquadre, a regularidade das sessões depende da condição psíquica do
paciente e dos objetivos terapêuticos, mas em geral é mais frequente no início do tratamento e em
momentos de crise, podendo variar de uma a três vezes por semana. O tempo da sessão vai de 40 a 60
minutos, embora isso não seja rígido.

 Quanto à duração do processo terapêutico, Jung não se arriscava a definir qual o tempo médio de uma
análise. Entretanto, discutiu uma série de “passagens” observadas nos processos conduzidos por ele. Estas
não evidenciam nem devem ser tomadas como fases ou estágios preestabelecidos, como uma escala
evolutiva, mas apenas na forma de certos indicadores de mudanças que se evidenciam na psicoterapia.
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MÉTODO DE TRATAMENTO
 Num primeiro momento, observa-se um tom confessional, na medida em que o paciente encontra um lugar seguro para
trazer seus conflitos, medos e desejos. Essa fase do processo é associada à catarse, pois permite o alívio das tensões
relacionadas aos segredos que, quando não compartilhados, podem gerar sentimentos de culpa, angústia e paralisação na
vida.

 Um segundo momento da psicoterapia foca o “esclarecimento”, em que o terapeuta ajuda o paciente a buscar as causas
de seu sofrimento, visando à elucidação dos aspectos obscuros e reprimidos de sua história pessoal que levaram à
formação de seus complexos.

 A partir daí, pode-se tanto obter um retorno ao mundo social de modo mais maduro, configurando um momento que Jung
entendia como uma espécie de “educação” para o ser social, quanto avançar para níveis mais profundos de transformação
da personalidades, que ele associava mais especificamente ao processo de individuação.

 Essas reflexões ajudam a encaminhar a questão do fim da análise, embora o aspecto fundamental a ser considerado seja o
término da transferência, na medida em que ela pode ser esvaziada ao longo do processo terapêutico.
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Vídeo: “Como funciona a Psicoterapia Junguiana?”


Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=XOR_N-jaa44&t=44s&ab_channel=CamiPsic%C3%B3loga
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MÉTODO DE TRATAMENTO
 Jung deu à transferência diferentes níveis de importância, de acordo com cada fase de sua teoria,
mas em sua última afirmação a respeito do assunto reconhecia que ela era o “alfa e o ômega de
qualquer processo de transformação profunda”

 Para ele seria o mecanismo psicológico geral que permite a manifestação de fantasias de qualquer
natureza do paciente para o terapeuta. A contratransferência, por sua vez, se refere aos
“impulsos” inconscientes despertados pelo paciente no analista.
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MÉTODO DE TRATAMENTO
 Esses fenômenos têm uma dimensão arquetípica, dado que comportam uma série de
fantasias relativas aos inconsciente coletivo que norteiam a relação psicoterapêutica.

 O paciente, por exemplo, pode idealizar o terapeuta como se este fosse um ser que encarna
potências divinas e que o poder máximo de curá-lo.

 O terapeuta, por sua vez, pode se sentir identificado com essa projeção arquetípica e sentir-se
compelido a atuar como se fosse o superpoderoso.
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MÉTODO DE TRATAMENTO
 Para discutir o campo transferencial, Jung elaborou o que chamava de “modelo quaternário”,
um sistema baseado no método dialético atravessado por uma série de projeções, tanto do
analista como do analisando.

 Esse sistema teria quatro pontos: dois conscientes – caracterizados pelo “eu” do paciente e do
terapeuta; e dois inconscientes – representados pelo inconsciente de cada um – Ligando esses
quatro pontos, surge uma série de projeções com as quais o analista terá que lidar.
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“MODELO QUARTENÁRIO”
MÉTODO DIALÉTICO JUNGUIANO
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MÉTODO DE TRATAMENTO
 Jung renuncia a qualquer ideal de separação na relação sujeito-objeto, cancelando a ideia
de uma possível assepsia entre terapeuta-analisando. Num momento da história da
psicanálise, em que a contratransferência era considerada sintoma do analista, ele dá a ela lugar
privilegiado, considerando-a uma ferramenta importante para a prática clínica.

 Entendia que o psiquismo do analista (linha 5 da figura) reflete as informações valiosas sobre
conteúdos psíquicos despertados na área de inconsciência mútua que liga o inconsciente do
analisando ao do analista (linha 2). Desse modo, este se implica no campo transferencial na justa
medida em que se deixa ser afetado pelo analisando.

 Isso impõe maior responsabilidade uma vez que ele deve diferenciar os conteúdos de sua
sombra daqueles relativos ao encontro com o analisando. Foi em nome dessa
responsabilidade que Jung reforçou a necessidade imperiosa de o analista também se submeter à
análise.
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TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS
CLÁSSICAS E CONTEMPORÂNEAS
TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS
TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS
CONTEMPORÂNEAS CRIADAS A PARTIR DOS ESTUDOS
CLÁSSICAS CRIADAS PELO CARL GUSTAV JUNG:
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA:

 ASSOCIAÇÃO DE PALAVRAS  Expressão com desenhos

 IMAGINAÇÃO ATIVA  Modelagem em argila


 ANÁLISE DE SONHOS
 Jogo de areia ou Sandplay,
 AMPLIAÇÃO SIMBÓLICA entre outras, como o uso das
mandalas terapêuticas.
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TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS
 Jung considerava a expressão simbólica uma poderosa aliada para promover a autonomia do
analisando durante o processo, já que estimulava seu envolvimento ativo com a fantasia
inconsciente.

 Em seu livro de memórias, dedicou um capítulo ao que denominou confronto com o


inconsciente, em que narra as experiências vividas no período subsequente à dissidência do
movimento psicanalítico, quando se encontrava fortemente angustiado.

 Entre essas experiências é digna de nota a descrição de uma técnica que o autor fala sobre a
imaginação ativa, e é dela que partimos para entender os fundamentos da análise de sonhos
na psicologia analítica.
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TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS
1º) Associação de palavras

 Jung entendia que o teste de associação de palavras de pode desencadear respostas fisiológicas e
emocionais capazes de revelar a presença de algum trauma no analisando.

 Baseia-se na ideia de que nosso inconsciente pode ser capaz de assumir o controle da vontade consciente.
Desta forma, uma palavra pode evocar traumas do passado ou dar origem à visibilidade de um conflito interno
não resolvido.

 Este instrumento foi amplamente aceito por várias décadas e aplicado, por sua vez, em múltiplos contextos.
No entanto, deve-se notar que este é um teste projetivo. Como tal, e usado exclusivamente, ele não possui
um valor diagnóstico confiável por si só. Ele deve ser usado junto com outros recursos, outros testes e
entrevistas para chegar a conclusões mais claras e ajustadas.
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TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS
1º) Associação de palavras

 O experimento ou teste da associação de palavras foi criado em meados do século XX por Carl Jung e
tinha um objetivo muito claro: desvendar o inconsciente. Entender suas manifestações e fornecer canais
adequados para ler, entender e, por fim, trazer à luz os problemas que vetam a liberdade e o bem-estar do
analisando.
 A técnica não poderia ser mais simples. A pessoa é presenteada com uma palavra de estímulo à qual deve
responder com o primeiro termo que lhe vem à mente. Entende-se que esses conceitos de estímulo
geralmente despertam uma carga emocional específica.

 Por outro lado, o terapeuta também deve ler as respostas físicas e emocionais que ele irá interpretar depois
que o teste terminar com suas 100 palavras. Da mesma forma, e apesar de este teste ter mais de um
século, a neurociência encontrou evidências para sustentar suas premissas.
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TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS
1º) Associação de palavras
 À primeira vista, pode parecer um jogo: alguém diz uma palavra e a outra pessoa responde a primeira coisa que vem à
mente. Agora, por trás dessa dinâmica não está apenas a palavra evocada. A reação fisiológica também deve ser
interpretada. Assim, o Teste de Associação de Palavras de Jung baseia-se em um amplo arcabouço teórico que vale a pena
conhecer.
A mente consciente e pontos dolorosos
 Carl Gustav Jung trabalhou durante o início de sua carreira na clínica psiquiátrica Burghölzli, da Universidade de Zurique, sob
a direção de Eugen Bleuler. Lembre-se de que essa figura foi fundamental para resolver muitos dos conceitos que usamos
hoje no campo da psicologia clínica e da psiquiatria.

 Nesse contexto, Jung começou a estudar os processos que acompanham traumas e complexos. Segundo ele, uma
maneira de compreendê-los e trazê-los à luz era através dos sonhos, da imaginação ativa ou da fantasia. No dia a dia com os
pacientes, ele percebeu que certas palavras e expressões agiam como estímulos do inconsciente.
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Vídeo: “O teste de ASSOCIAÇÃO DE PALAVRAS em Jung”


Disponível:
https://www.youtube.com/watch?v=tegdBhDnj-k&t=52s&ab_channel=INSTITUTOPSIQUEVID
A%26SA%C3%9ADE
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 Uma maneira de favorecer essa ativação, fazer contato com o universo psíquico de trauma, medos e conflitos era
evocando um conjunto de palavras-chave. Para testar essa teoria, ele inventou o Teste de Associação de Palavras (WAT)
ou as associações de palavras de Jung.

Teste de associação de palavras de Jung – Fonte: “A Mente é Maravilhosa”


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TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS
1º) Associação de palavras

 Como isso se aplica?


 Em primeiro lugar, algo que o próprio Jung deixou claro é que esse teste não é útil para todas as pessoas. Haverá
quem apresente resistência excessiva, quem não leve a prova a sério e quem não tenha um uso adequado da linguagem
(seja por idade, compreensão ou outros problemas neurológicos, déficits de desenvolvimento, etc.)

 O teste consiste em apresentar ao paciente 100 palavras de estímulo.

 Antes de cada palavra, a pessoa deve dizer em voz alta a primeira coisa que vem à mente de forma rápida e automática.

 O terapeuta escreve o termo evocado e também deve estar ciente de outros fatores. O tempo de resposta, o
desconforto, a expressão facial, a postura, o silêncio, se repete ou não a palavra estímulo…
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Vídeo: “O hospital Burghölzli e o Teste de Associação de Palavras no Filme: Um Método Perigoso”


Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=X8HjPTktMhM&t=102s&ab_channel=SidartaCavalcante
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TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS
1º) Associação de palavras

 Qual a confiabilidade do teste de associação de palavras de Jung?

 Carl Jung percebeu que este instrumento era muito adequado para aplicar em grupos familiares. Foi
possível observar padrões de resposta semelhantes, identificando a origem de múltiplos problemas.

 No entanto, o próprio Jung abandonou este instrumento e seu interesse no campo experimental da
psiquiatria algum tempo depois. Mais tarde, suas teorias sobre o inconsciente coletivo ou os arquétipos
chegariam. No entanto, este teste continuou a ser aplicado até que seu uso caiu drasticamente em 2005. É
usado apenas em programas de terapia junguiana e como uma técnica projetiva complementar em alguns
processos terapêuticos.
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TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS
1º) Associação de palavras

 Em 2013, o Dr. Leon Petchkowsky fez um estudo interessante sobre o assunto. Ele demonstrou por ressonância
magnética como as palavras do teste de Jung geraram respostas neurológicas muito reveladoras nas pessoas. Em resposta a
palavras como pai, família, abuso, medo, criança, etc., os neurônios-espelho foram ativados.

 Houve também atividade em áreas como a amígdala, a ínsula ou o hipocampo, etc. Os resultados também
foram muito impressionantes em pessoas com estresse pós-traumático.

 Tudo isso serve para mostrar como as palavras evocam emoções, lembranças e fragmentos que muitas vezes
preferimos não considerar. Desta forma, apesar do teste de associação de palavras de Jung continuar
recebendo críticas, ainda é um recurso interessante que tem o apoio de vários estudos.
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Vídeo: “Introdução à Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung” – João Carlos Major (português)
Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=zSf0ALD6t6Y&ab_channel=JungLab
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TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS CLÁSSICAS:

2ª) Imaginação ativa:

 A imaginação ativa foi idealizada como uma espécie de jogo no campo da fantasia em que se dava um diálogo
imaginativo entre o “eu” e as figuras do seu inconsciente, que se manifestavam como se fossem personagens.

 Segundo Jung, tais figuras imaginais não deveriam ser tomadas como representações de aspectos subjetivos do eu, e sim
como manifestações objetivas da psique inconsciente.

 Os personagens do inconsciente deveriam ser considerados como se fossem alteridades, pois gozavam de
objetividade simbólica e não se resumiriam a deformações ou cópias de conteúdos reprimidos pelo complexo do eu.
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Vídeo: “IMAGINAÇÃO ATIVA”- Psicólogo clínico: José Raimundo


Disponível:
https://www.youtube.com/watch?v=cLucLE6bKdM&t=19s&ab_channel=JOS%C3%89RAIMUNDOGOMES.Psic%C3%B3logoCl%C3%ADnico
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 O melhor exemplo dessa ideia é um dos personagens que apareciam nas fantasias do próprio Jung: “Filemon, da mesma
forma que outros personagens da minha imaginação, trouxe-me o conhecimento decisivo de que existem na psique
coisas que não são feitas pelo eu, mas que se fazem por si mesmas, possuindo vida própria”.

 Outros exemplos da objetividade da psique são os heterônimos de Fernando Pessoa (188-1935): Ricardo Reis, Álvaro de
Campos, Alberto Caeiro, os quais não eram pseudônimos do poeta, tendo até mesmo histórias pessoais diferentes.
Dessa maneira, suas narrativas também eram criações independentes da história do “verdadeiro” Fernando Pessoa.
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 Jung reconhecia, com a técnica da imaginação ativa, que a abordagem das figuras da fantasia inconsciente devia ser
orientada menos por seu significado conceitual e mais por seu aspecto relacional, por isso se distanciava de uma proposta
preocupada em saber dos personagens “o que isso significa”, privilegiando o diálogo que perguntasse “o que isso quer
de mim?”

 Uma afirmação clássica do Jung diz que a imagem “não representa”, mas “apresenta” algo: é uma revelação. Por isso
não necessita de tradução ou interpretação, mas de uma reverberação que a faça cumprir sua função dinâmica:
circunscrever novos conteúdos que penetram na esfera psíquica.

 A partir dessas ideias, adotou uma perspectiva fenomenológica em relação à análise de sonhos e de toda e qualquer
produção inconsciente, dado que as imagens, personagens e símbolos que se anunciam à consciência devem ser tomados
como alteridades.
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Vídeo: “Exemplo de IMAGINAÇÃO ATIVA através do filme ‘Sete Minutos depois da meia-noite’”
Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=SUMj20Ur8Qc&t=74s&ab_channel=ConhecendoJung
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TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS
3ª) Análise de sonhos:

 O sonho é como uma fotografia do inconsciente: ele retrata processos psíquicos


“subterrâneos” desconhecidos pelo complexo do “eu”.

 Sua tendência é promover algum tipo de compensação e/ou complementar a atitude unilateral
do eu, ampliando os limites do campo da consciência.
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TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS

 O sonho é entendido com base numa estrutura dramática semelhantes à do teatro grego: “exposição”, em
que determinado tema em elaboração do ponto de vista inconsciente se apresenta nas cenas iniciais;
“peripécia”, que se refere ao desenvolvimento da ação dos personagens oníricos; “culminação”, em que se
anuncia mais precisamente um conflito; e, por fim, a “lysis”, capaz de apontar algum tipo de resolução para o
conflito que o eu não sabe como resolver.

 Naturalmente, nem todos os sonhos apresentam essa estrutura completa; ainda assim, pode-se
identificar uma dessas características mesmo em fragmentos oníricos, o que serve como ponto
de partida para a compreensão do processo compensatório.
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TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS

 Para Jung, seu método de interpretação das imagens e personagens inconscientes segue a
máxima “ficar com a imagem” – procedimento que se assemelha mais a um movimento circular
em torno da imagem do sonho, mantendo o sonhador próximo aos elementos próprios da
manifestação imagética.

 Isso porque a imagem psíquica é uma realidade em si mesma, a ser compreendida nos limites
do contexto em que se apresenta e de acordo com a forma e conteúdo que a integram.
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Vídeo: “A interpretação dos sonhos numa perspectiva junguiana em 5 passos” –


Disponível:
https://www.youtube.com/watch?v=wrk7NGBDP0c&t=366s&ab_channel=AMulherSelvagem%3AJ%C3%BAliaOtero
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4ª) Amplificação simbólica:
 Apresentada inicialmente como a interpretação junguiana por excelência, a amplificação simbólica, que é embasada na
hipótese do inconsciente coletivo, permite a ativação da capacidade fantasiosa do paciente. A ideia é promover uma série
de associações histórico-culturais, com base em temas da mitologia e contos de fadas, comparando-as com a
situação vivida pelo analisando.

 O resultado é uma ampliação dos horizontes do “eu”, lançado em direção a novas perspectivas metafóricas.

 Seu manejo é semelhante ao que se pretende na clínica infantil, quando se conta uma história para a criança, de modo que
ela perceba que seu sofrimento se encontra refletido na história que lhe é narrada.

 O paciente pode se sentir amparado, uma vez que compartilha uma experiência que não é só dele, por assim dizer, mas pode
ser vivida por qualquer ser humano.
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4ª) Amplificação simbólica:

 Essa técnica é um recurso interessante quando o analisando não consegue associar por conta própria. Muitos
confundem estudos de casos feitos por Jung, em que ele se desdobra longamente sobre símbolos religiosos e
mitológicos, entendendo de modo equivocado que ele fazia isso na clínica.

 É importante diferenciar o que se passa na sessão terapêutica de um momento posterior em que o


terapeuta elabora o que ali aconteceu. Até porque expor longamente mitos para o paciente pode inibi-
lo, na medida em que cala sua subjetividade e supervaloriza a presença do terapeuta.

 Apesar de Jung propor um método dialético, isso não deve ser confundido com uma postura pedagógica, como
se devesse dar aulas para o analisando “aprender” alguma coisa. Afinal, a análise tem por objetivo o diálogo
com o inconsciente, e não o treinamento do complexo do “eu”.
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Vídeo: “Os sonhos e a terapia” (Legendado) – Carl Gustav Jung


Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=168Vfuet0og&t=24s&ab_channel=DanielNunes
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TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS
CONTEMPORÂNEAS CRIADAS A PARTIR DOS ESTUDOS DA PSICOLOGIA ANALÍTICA:

 Além da pintura e da modelagem em argila, o jogo de areia, criado pela suíça Dora Kalff na
década de 1960, também relaciona aos recursos expressivos.

 Trata-se de uma técnica não verbal, que estimula a regressão e a ativação da energia
psíquica, promovendo uma transformação “silenciosa” na personalidade.

 O jogo é realizado pelo analisando em uma caixa de madeira que segue padrões específicos,
na qual é colocada certa quantidade de areia do mar, permitindo a criação de cenários com
miniaturas realistas e modelagem da areia, quando molhada.
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TÉCNICAS PSICOTERAPÊUTICAS
CONTEMPORÂNEAS CRIADAS A PARTIR DOS ESTUDOS DA PSICOLOGIA ANALÍTICA:

 O apelo tridimensional promove uma experiência lúdica sem a intervenção ou interpretação


direta do terapeuta, pelo menos por um período.

 As cenas realizadas são fotografadas para posterior observação das transformações


percebidas nos cenários.

 Uma referência para entender melhor esse jogo é a técnica cinematográfica de stop-motion, em
que cada movimento dos personagens é fotografado quadro a quadro.

 Ao se observar, o conjunto de fotografias em ação, tem-se a apresentação do processo que revela


movimentos e transformações dinâmicas na personalidade.

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