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Políticas Públicas

AULA 5
PROF. GIL CARLOS
A Estrutura do Espaço Público: Esfera ou
Garrafa de Klein ?
A oposição entre espaço público e espaço privado nunca
frequentou o universo de conceitos e experiências da
psicanálise.  Como condição histórica da cisão
característica dos processos de individualização que
caracterizam a modernidade, a noção de espaço público
ou privado facilmente traduziu‐se, na chave da oposição
entre a casa e rua, pelo local de trabalho do psicanalista:
o consultório particular ou a instituição de
saúde. Quando falamos em espaço público
o conceito mesmo de espaço deveria ser
melhor qualificado. Espaço aqui não é
apenas território ou geografia, no sentido
em que falamos em praça pública ou em
propriedade particular.
É certo que tanto na polis grega quanto na
urbes romana,  o direito do homem livre
ou cidadão encontrava na ágora ou na
civitas sua expressão concreta, mas é
preciso ter em conta que o espaço público
é antes de tudo um espaço simbólico.
O que define um espaço, público ou
privado, segundo a política é a natureza do
interesse que o constitui e a extensão dos
indivíduos que ele compreende. Assim
como o que define o espaço para a
psicanálise é a o desejo que o constitui e o
sujeito que nele se realiza.
Lacan (1964), em um raro momento de
discussão sobre a historicidade dos espaços
dirá que a antiguidade se caracteriza pelo
espaço em forma de esfera, o macro e o micro
cosmos, ao passo que a modernidade
cartesiana tem uma estrutura de Garrafa de
Klein, ou seja, onde interior e exterior se
comunicam em zonas de passagem e
indeterminação. 

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