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PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOTERAPIA JUNGUIANA

CLAUDETE REGINA MAGALHÃES LESSA

MANDALAS E SUA UTILIZAÇÃO NO PROCESSO TERAPÊUTICO NA


CLÍNICA JUNGUIANA

São Paulo – SP
2019
CLAUDETE REGINA MAGALHÃES LESSA

MANDALAS E SUA UTILIZAÇÃO NO PROCESSO TERAPÊUTICO NA


CLÍNICA JUNGUIANA

Trabalho de Conclusão de Curso, sob a forma de Artigo


Científico, apresentado a Faculdade UNIP, como
requisito obrigatório para a conclusão do curso de Pós-
graduação Lato Sensu em Psicoterapia Junguiana

Orientador: Profª. Doutora e Mestra Fernanda Aprile


Bilotta

São Paulo – SP
2021
MANDALAS E SUA UTILIZAÇÃO NO PROCESSO TERAPÊUTICO NA
CLÍNICA JUNGUIANA
Claudete Regina Magalhães Lessa 1

RESUMO
O presente trabalho cujo tema “Mandalas e sua utilização no processo terapêutico na Clínica
Junguiana”, tem como objetivo entender como se desenvolve e o benefício da utilização de Mandalas
como técnica projetiva no processo terapêutico junguiano. Para isso se fez necessário uma pesquisa
bibliográfica que elucidasse o uso das mandalas e principalmente o que diz a psicologia junguiana a
respeito desse recurso amparado com a teoria, buscando entender a importância dos símbolos para a
psicologia junguiana, onde estes serão as projeções de nossas possibilidades imaginárias. Desta
maneira Jung nos leva a uma possibilidade de conhecimento pessoal que pode estar intimamente
ligado a criatividade, através das formas criativas também se é possível estudar os efeitos dos
arquétipos e esse processo se dá de maneira autônoma na psique do indivíduo criativo. O processo de
utilização da criatividade pode nos auxiliar na autorregulação e também na regulação mental da vida
da sociedade. Quando as imagens arquetípicas também são animadas elas nos fazem experimentar
as fantasias, mas estas precisam ser elaboradas e compreendidas, assim o sentido que elas trazem
pode ser vivenciado por nós. Desta maneira as mandalas trabalhada no ambiente clínico servem como
material que possibilitará as representações simbólicas do Self, conduzindo ao centro e ao processo
de individuação do indivíduo que dela faz uso e se beneficia.
Palavras-chave: Mandalas, Símbolos, Psicologia Junguiana e arteterapia

INTRODUÇÃO
A escolha do tema se deu pelo anseio que senti em conhecer e entender
melhor a utilização de técnicas projetivas no processo terapêutico e como estas
facilitam o contato com os símbolos do inconsciente através das imagens
arquetípicas. Essas imagens podem auxiliar nesse processo com a totalidade do ser,
ou como nos diz Jung com o processo de individuação.
O contato com as mandalas me levou a alguns questionamentos como por
exemplo: o que há por trás dessa expressão que vai além de um simples desenhos e
figuras; e que podem falar de um mundo íntimo o qual se manifesta em cada
representação pessoal?

1 Título de Bacharel e Psicóloga pela UNIBAN – Universidade Bandeirante de São Paulo em 27/12/2011, Pós-
graduação nível Aperfeiçoamento em Geriatria e Gerontologia pela CEPPS – Centro de Estudos e Pesquisas
em Psicologia e Saúde em 07/12/2016 e Pós-graduação Lato Sensu em Psicogerontologia pela Faculdade
Unyleya em 03/10/2018. Realiza atendimento Clínico desde 07/2012, consultoria para elaboração de
Portfólio-Base GAC Pessoa Idosa no SENAC em 11/2015 e realização de trabalhos em Psicologia Social
como Técnica Psicóloga e gerente em Núcleo de Convivência para Idosos e Centro Dia para idoso.
Comecei a observar durante o tempo que trabalhei em um Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Idosos da prefeitura de São Paulo
(2013-2015), o quanto a arte traz certos benefícios e transformações nas pessoas e o
quanto isso era significativo para todos que estavam de alguma maneira envolvidos
com este trabalho. Naquele momento não dei a devida atenção ao que poderia ser
esse contato mais íntimo com as mandalas de maneira que pudéssemos trabalhar
com o processo de integração e individuação. Logo após o desligamento deste
serviço, busquei de forma amadora fazer algo com a arte, onde desta experiência
surgiram quadros de mandalas com material reciclado e filtros dos sonhos que
também pode ser uma forma de representação de mandala com linhas. Fui atraída
por esta experiência que proporcionou à volta da utilização de técnicas expressivas
no atendimento na clínica em um primeiro momento com pessoas idosas o que me
levou a realizar uma especialização em Psicogerontologia.
O interesse por técnicas projetivas continuou e de certa maneira a atração
pelas mandalas mais uma vez me conduziu a uma busca mais intensa que me
possibilitou participar de um Workshop “Mandalas e seu uso terapêutico na
perspectiva da Espiritualidade” no IPq/HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP) de São Paulo. Por este workshop ser
sério o que contou muito para a minha participação, pois não era apenas uma aula
sobre mandalas, mas a utilização da mesma de maneira terapêutica o que poderia me
auxiliar no desenvolvimento do meu trabalho clínico fez com que a experiência desta
vez fosse diferente despertando a busca pelo aprofundamento na Psicologia Analítica.
Como vemos em algumas obras de Jung, mesmo que de tal experiência
possa emergir possíveis conflitos internos o fato de se permitir criar uma mandala
pode produzir descarga de tensões emocionais e estressantes, pois neste processo
podemos ter uma intervenção acessível a dimensões espirituais que nos possibilita
ter contato com o Si-mesmo: “Meus desenhos de mandalas eram criptogramas que
me eram diariamente comunicados acerca do estado do meu Si Mesmo”. (JUNG,
[1961], 2016, p. 201)
Esse contato aconteceu comigo levando-me a buscar uma segurança e o
conhecimento adequado para poder proporcionar ao paciente na clínica essa
experiência com o seu mundo interno também através das mandalas.
Assim foi importante seguidamente começar a pós em Psicoterapia
Junguiana onde tive o prazer de conhecer o trabalho realizado pela Professora
Doutora Irene Gaeta e mergulhei novamente na experiência da expressão artística
através de técnicas projetivas e com o desenho de mandalas no processo terapêutico.
Fui aos poucos levando a experiência para a clínica e para a vida, mas como falar de
mandalas em um trabalho de conclusão de curso, parecia algo tão pequeno em meio
a tantos assuntos interessantes, e foi então que percebi que as mandalas também
podem falar sobre o meu processo de transformação. No decorrer deste processo,
as mandalas foram surgindo e me auxiliando na concentração, diminuição de
ansiedade entre outros benefícios.
Desta forma comecei a pesquisar por bibliografias que me levaram a
aprofundar no assunto das mandalas tanto pessoalmente quanto profissionalmente.
Cito que durante o desenvolvimento desse artigo a Arteterapeuta Meire
Angela a qual chegou-se a contaminar pela COVID-19 no início da pandemia no Brasil
relatou sua melhora e cura com a produção de mandalas no ambiente hospitalar
durante seu processo de internação. Baseada nessa experiência cito aqui um trecho
no qual Jung fala sobre mandalas no livro Psicologia e Religião:
[...] o que as pessoas narram a respeito de suas experiências: Elas voltaram
a si mesmas; puderam aceitar-se; foram capazes de reconciliar-se consigo
mesmas e assim se reconciliaram também com situações e acontecimentos
adversos. Trata-se quase sempre, do mesmo fato que outrora se expressava
nestas palavras:” Fez as pazes com Deus, sacrificou a própria vontade,
submeteu-se à vontade de Deus”. [...] um mandala moderno é uma confissão
espiritual particular. Não há divindade no mandala, nem tão pouco se alude a
uma submissão à divindade ou a uma reconciliação com ela. Parece que o
lugar da divindade acha-se ocupado pela totalidade do homem. [...]Quando
falamos aqui do homem, aludimos a uma sua totalidade que não pode ser
delimitada e nem é susceptível de formulação, só podendo ser expressa por
meio de símbolos. Escolhi a expressão “Si-mesmo” (Selbst) para designar a
totalidade do homem. (JUNG, [1971], 2012, §138-140 p. 103-104)

Aqui no Brasil esse trabalho foi muito bem realizado com a psiquiatra Nise
da Silveira (1905-1999) que por não aceitar as formas de tratamento psiquiátrico da
época desenvolve no centro Psiquiátrico Nacional, Rio de Janeiro, a seção de
terapêutica ocupacional. Dentre as diferentes atividades, a pintura e a modelagem se
destacaram como um meio de acesso ao mundo interno dos pacientes. Da produção
desse trabalho nasceu o “MUSEU DE IMAGEM DO INCONSCIENTE”, esse espaço é
um centro vivo de estudo e pesquisa sobre a imagem, onde permite a troca entre a
experiência clínica e outras áreas do conhecimento. Nise (1905-1999) também
introduziu a Psicologia Junguiana no Brasil e seu contato com Jung também auxiliou
no desenvolvimento de uma diversidade de material onde deste destacam-se os livros
Imagens do inconsciente (1982) e O Mundo das imagens (1992).
Portanto através de pesquisa bibliográfica percebemos que o interesse por
este tema vem sendo desenvolvido em uma escala crescente, onde desde crianças
até pessoas idosas podem se beneficiar com a criação de mandalas no processo
terapêutico e assim caminhar para a integração como compreendeu Jung.
Compreendi sempre mais claramente que a mandala exprime o centro e que é a
expressão de todos os caminhos: é o caminho que conduz ao centro, à individuação.
(JUNG, [1961], 2016 p. 201)

REVISÃO LITERÁRIA
O SÍMBOLO NA PSICOLOGIA ANALÍTICA
Os símbolos são as representações das fantasias e toda nossa vida é
escrita através deles, e neles podem conter algo que ainda precisa ser revelado, algo
que ainda está escondido e assim precisa ser interpretado. Eles são as projeções de
nossas possibilidades imaginárias e uma das maneiras que podemos buscar a sua
compreensão pode ser através dos sonhos, técnicas expressivas, contos etc.
A respeito das imagens simbólicas, Kast (2019) resgata dos estudos de
Jung que elas significam mais do que exprimem, pois, possuem um aspecto
inconsciente e abrangente, que nunca pode ser definido com exatidão nem
esclarecimento de maneira exaustiva.
Com os símbolos podemos transportar e transformar emoções e
percepções e nós seres humanos precisamos das imagens e das histórias
arquetípicas para termos uma vida satisfatória ou para que ela se autorregule, pois
esta é uma das maneiras que buscamos sair da monotonia e interagimos com o meio.
No Livro “O homem e seus símbolos”, Jung nos mostra a importância de
darmos atenção aos símbolos quando relata:
Para o benefício do equilíbrio mental e mesmo da saúde fisiológica, o
consciente e o inconsciente devem estar completamente interligados, a fim
de que possam se mover em linhas paralelas. Se se separam um do outro ou
se “dissociam”, ocorre distúrbios psicológicos. Neste particular, os símbolos
oníricos são os mensageiros indispensáveis da parte intuitiva da mente
humana para a sua parte racional, e a sua interpretação enriquece a pobreza
da nossa consciência fazendo-a compreender, novamente, a esquecida
linguagem dos instintos. (JUNG, [1964], 1996 p. 52)

Nos estudos de Jung ([1976], 2000) sobre o inconsciente coletivo e os


arquétipos ele percebe que as alucinações são semelhantes às imagens oníricas, ele
via a produção delirante como uma tentativa de relacionar e ordenar os fenômenos
psíquicos desconhecidos que apareciam através das imagens, como cita a seguir:
As coisas que vem à tona brutalmente nas doenças mentais permanecem
ainda veladas nas neuroses, mas não deixam de influenciar a consciência.
Quando, no entanto, a análise penetra no pano de fundo dos fenômenos da
consciência ela descobre as mesmas figuras arquetípicas. (JUNG, [1976],
2000, §83 p. 48)

E ainda:
Uma vez que os arquétipos são relativamente autônomos como todos os
conteúdos numinosos, não se pode integrá-los simplesmente por meios
racionais, mas requerem um processo dialético, isto é, um confronto
propriamente dito que muitas vezes é realizado pelo paciente em forma de
diálogo. […] Esse processo tem um decurso dramático, com muitas
peripécias. Ele é expresso ou acompanhado por símbolos oníricos,
relacionados com as representations colectives, as quais sempre retrataram
os processos anímicos da transformação sob a forma de temas mitológicos.
(JUNG, [1976], 2000, §85 p. 49)

As imagens surgem então de uma necessidade natural que temos e


acessamos o inconsciente coletivo através das imagens arquetípicas. Os arquétipos
serão entendidos como efeitos do inconsciente coletivo, com padrões fundamentais
da vida que atuam em todos os indivíduos e por eles são sonhados, descritos e
moldados, são a precondição da história da civilização.
Então como nos mostra Furth (2004), os sonhos, desenhos e parapraxias
são independentes e existem por si só e isso é a autonomia do inconsciente que Jung
fala em toda sua obra.
Também é no inconsciente coletivo que estas imagens arquetípicas podem
se mostrar e se revelar, como círculos, esferas, espirais, cores etc. Os arquétipos
assim ajudam quando intervêm para regular, modificar e motivar as configurações dos
conteúdos da consciência, deles partem impulsos para a autorregulação da psique no
mais amplo sentido e eles serão a imagem e ao mesmo tempo as emoções, pois as
imagens permitem compreender as emoções em uma dinâmica estrutural
determinada.
As experiências existenciais que temos são expressas em símbolos. Se
voltamos o olhar para a representação do arquétipo da mandala, o círculo é um
símbolo muito antigo da totalidade, da coesão e proteção. O círculo é um símbolo fácil
de rastrear tanto a arte dramática, quanto nas formas linguísticas da história da
civilização. As imagens arquetípicas têm que ser formadas e depois traduzidas na
linguagem do presente, pois precisamos também desta linguagem humana, como
afirma Furth (2004) quando relata que é importante descobrir também através dos
desenhos se a figura está compensando ou complementando a psique. Depois é
importante perceber o que a pessoa é capaz de aprender a partir dessas informações.
Este também é o olhar que Kast (2019), traz quando menciona a
importância de percepção de como estas imagens simbólicas podem ser traduzidas e
pontua que é importante que o analista ajude o analisando a avançar na esfera do
inconsciente coletivo, onde primeiro descobre o tesouro das ideias coletivas e depois
as próprias formas criativas.
Jung nos chama a atenção e pede para que nós psicólogos investiguemos
com atenção os símbolos produzidos pelo homem.
Para explicar estes símbolos e o seu significado é vital estabelecermos se as
suas representações acham-se ligadas a experiências puramente escolhidas
pelo sonho de uma reserva de conhecimentos gerais conscientes. […] São
porções da própria vida – imagens integralmente ligadas ao indivíduo através
de uma verdadeira ponte de emoções. Por isso é impossível dar a qualquer
arquétipo uma interpretação arbitrária (ou universal); ele precisa ser explicado
de acordo com as condições totais de vida daquele determinado indivíduo a
quem se relaciona. (JUNG, [1964], 1996 p. 96)

O material do inconsciente coletivo é algo saudável, que nos ajuda a


sobreviver e o contato com esse tesouro se dá pelas imagens arquetípicas que
surgem do material elaborado por cada pessoa e a apresentação deste material pode
se dar através de sonhos e técnicas expressivas como a elaboração de mandalas.
Assim a psicologia analítica também tem como um dos objetivos
compreender o que o inconsciente nos quer dizer quando trazem esses conteúdos
para o consciente. Neste sentido, vamos agora buscar entender a importância da
criatividade e da arte na clínica para acessarmos estes conteúdos inconscientes.

CRIATIVIDADE E ARTETERAPIA
Em vários trabalhos e estudos sobre as obras de Jung sempre é presente
a importância do aspecto criativo, em sua obra Memória, Sonhos e Reflexões isso
aparece com frequência desde os sonhos relatados até as figuras que desenha desde
a sua infância e na própria construção da “Torre”. Também em outras obras como, A
Arte de C. G. Jung e o Livro Vermelho que foi editado após sua morte e que contém
uma coletânea da criatividade exercida ao longo de sua vida. Através das formas
criativas também se é possível estudar os efeitos dos arquétipos e esse processo se
dá de maneira autônoma na psique do indivíduo criativo. Para esta afirmação
podemos citar o próprio Jung quando diz que: “O processo criativo […] consiste em
uma animação inconsciente do arquétipo e em seu desenvolvimento e sua elaboração
até a obra ser completada”. (JUNG, 2011 O.C. 15 § 130 apud KAST, 2019 p.37).
O arquétipo poderá ser traduzido em nossa linguagem atual no processo
criativo quando nos auxilia a ter acesso aos materiais mentais, pois se não nos fosse
trazida pelas imagens e criação, poderiam ficar obscuras e não se mostrar para o
indivíduo que dela se beneficiará. Outra maneira de auxiliar o indivíduo a ter o contato
com a criatividade é através da arte social, pois muitas pessoas se colocam em uma
posição de pouca criatividade o que muitas vezes dificulta que estes entrem em
contato com os temas arquetípicos neles formados. Assim a arte social poderá facilitar
com seus recursos que o indivíduo acesse os seus conteúdos internos.
O processo de utilização da criatividade pode nos auxiliar na
autorregulação e também na regulação mental da vida da sociedade. Quando as
imagens arquetípicas também são animadas elas nos fazem experimentar as
fantasias, mas estas precisam ser elaboradas e compreendidas, assim o sentido que
elas trazem pode ser vivenciado por nós.
Ai a importância que a criatividade pode ter no processo terapêutico, pois,
pensar na criatividade como um caminho nos faz ter a conexão com uma atitude
criativa e nos levar a uma eficácia no processo de individuação.
O princípio criativo também pode determinar o que está no mundo, mas o
indivíduo precisa estar conectado a este princípio que também poderá atuar no físico
e emocional, levando-o a viver uma atitude criativa e ligando os seus recursos a essa
força de autorregulação.
Kast (2019), ao estudar o seminário de Jung sobre Zarastrustra nos mostra
que neste processo a própria personalidade também pode ser formada, pois é
primordial que toda pessoa se conscientize de seu instinto criativo no processo de
individuação, instinto que pode ser entendido como um estímulo sem motivação
consciente.
O caminho criativo pode ser o melhor para auxiliar no encontro com o que
nos quer dizer o inconsciente. Podemos acessar o inconsciente através das fantasias,
lembranças e formar representações de dentro para fora, e isto poderá se dar através
do desenvolvimento com a criatividade na pintura, música, dança, imaginação e na
elaboração de mandalas. Kast (1997, p. 28), cita:
Todas as imagens que somos capazes de descrever, pintar e produzir dizem
algo a nosso respeito e a respeito de como nos encontramos a cada instante
– pois em cada situação temos apenas determinadas imagens à nossa
disposição, sejam elas imagens de lembranças ou de desejos. Elas sempre
dizem algo sobre a nossa condição atual. Desse modo, todo diagnóstico
baseado em imagens deve ser entendido como parte de um processo.
Dessa maneira podemos trabalhar nossos conflitos e complexos entrando
em contato com as nossas emoções e percebendo as representações que podem ser
vivenciadas através da imaginação e criatividade, pois percebemos que alguns
indivíduos têm certa resistência em acessar os conteúdos inconscientes que precisam
ser elaborados somente com a fala, assim podemos utilizar como instrumento
auxiliador o recurso da arte, com relata Arcuri (2010 p.49-50).
A arte devolve a liberdade à alma aprisionada pelo vazio, pelo medo, ou ainda
pelos sentimentos não nomeados e leva à concretização de anseios e
necessidades interiores do ser humano. A arteterapia age a serviço das
necessidades interiores do homem ... amplia e desdobra o potencial do
processo de criação do ser humano e de seu autoconhecimento... todo
indivíduo pode projetar os seus conflitos em formas visuais.

A possibilidade de trabalhar com a arte pode fazer com que o indivíduo


busque se aprofundar em seu estado de espírito e assim conseguirá registrar suas
fantasias e as associações que fluirá e será composto de alguma forma no processo
que por ele será apresentado. À medida que o indivíduo consegue traduzir suas
emoções em imagens estas podem trazer uma tranquilidade interna e isto ajudará no
processo de conscientização que há por trás das emoções traduzidas nestas. Este
processo pode fazer com que o indivíduo dirija sua atenção para o seu inconsciente e
nós terapeutas devemos ter a cautela para esse desenvolvimento, pois tudo isso
requer tempo e cuidado com o material que nos está sendo apresentado, o paciente
precisa se interessar por ele mesmo e precisa de atenção para este despertar.
É importante lembrar que em nosso país a psicologia analítica e a
arteterapia tem um marco importante nos trabalhos realizados pela Dra. Nise da
Silveira e por Osório César onde este começa com a arteterapia no Hospital
Psiquiátrico do Juqueri aproximadamente no ano de 1946 e Nise no Rio de Janeiro
onde cria a Casa das Palmeiras que é um símbolo do movimento da Psiquiatria social
no Brasil.
A importância da Dra. Nise em relação ao desenvolvimento de seu trabalho
com pacientes esquizofrênicos foi tão impressionante para a mesma que ela ao
perceber a recorrência de mandalas nos trabalhos realizados pelos pacientes,
escreveu cartas para Jung para fala da sua experiência, a partir desse momento
iniciou-se uma troca e colaboração entre os dois. Essa parceria foi uma oportunidade
para explicar as figuras e temas recorrentes que apareciam nos trabalhos e assim a
práxis junguiana começa a ser introduzida no Brasil, ela cria um grupo de estudos com
o objetivo de divulgar as ideias desse psicólogo logo após sua ida para Zurique, no II
Congresso Internacional de Psiquiatria, em 1957 onde expôs as pinturas e
modelagens de seus pacientes e teve seu encontro com Jung e a aproximação do
pensamento de ambos sobre o tratamento dos pacientes esquizofrênicos por meio
dos recursos artísticos.
Através da arteterapia ou de recursos e técnicas expressivas terapêuticas,
podemos facilitar o acesso a expressão de componentes simbólicos culturais e
universais e estes podem ter algo do “não dito” inconsciente, que podem estar
reprimidos e através da utilização destes recursos podem encontrar a possibilidade
de se apresentar, facilitar a ampliação de consciência possibilitando o tratamento da
alma e promover o reconhecimento da dinâmica psíquica com um diálogo com os
conteúdos inconscientes permitindo que estes por meio de projeções venham a
consciência havendo assim um processo de integração.
Quando se trava um diálogo interior com as imagens o ego deixa sua
posição passiva e interage com elas e assim pode estabelecer uma relação com o
inconsciente que não envolve a linguagem e quando esse espaço é aberto para o não
racional o ego dá oportunidade para as mudanças.
GREGG (2004, p. 31) nos explica que:
As imagens provenientes do inconsciente coletivo são arquetípicas e se
manifestam nos sonhos e nas fantasias, nos mitos e na religião. Quando elas
surgem somos ‘tocados” de alguma forma, como se soubéssemos que elas
pertencem a nós, que são verdadeiras e que trazem um sentido que não
podemos explicar. Compreender e admitir que os símbolos presentes no
desenho podem vir da camada coletiva do inconsciente ajuda-nos a
responder a questões específicas em relação às figuras e à sua interpretação.

E ainda:
Por meio do símbolo, chegamos ao complexo com o qual o problema se
mistura, permitindo que a energia ligada ao complexo volte a fluir. […] os
sonhos e as figuras do inconsciente revelam os complexos, então ambos
tocam a mesma camada do inconsciente. Em consequência disso pode-se
dizer que o trabalho com os complexos pode levar a um crescimento e a um
desenvolvimento da psique individual e que isso pode ser alcançado pela arte
terapia.

Para Arcuri (2010), ao estabelecer um diálogo com o material simbólico que


pode ser representado na Arteterapia podemos realizar uma compensação onde pode
haver uma tentativa direcionada pela psique de unir oposições, assim o fenômeno
pode ser ao mesmo tempo expressão espontânea do inconsciente e resposta
reguladora à consciência.
Portanto agora vamos nos aprofundar dentre as tantas formas criativas
para essa expressão espontânea do inconsciente nas mandalas, buscando entender
seu significado e a utilização delas no processo terapêutico.

MANDALAS
Antes de falarmos sobre o uso das mandalas no processo terapêutico é
importante sabermos o que é a mandala, seu significado e como é utilizada desde as
tradições antigas. O mandala é o círculo a esfera como explica a Dra. M. L. von Franz
no capítulo que escreveu no livro O homem e seus símbolos.
[…] o círculo (ou esfera) como um símbolo do Self: ele expressa a totalidade
da psique em todos os seus aspectos, incluindo o relacionamento entre o
homem e a natureza. Não importa se o símbolo do círculo está presente na
adoração primitiva do sol ou na religião moderna, em mitos ou em sonhos,
nas mandalas desenhadas pelos monges do Tibete, nos planejamentos das
cidades ou nos conceitos de esferas dos primeiros astrônomos, ele indica
sempre o mais importante aspecto da vida – sua extrema e integral
totalização. (VON FRANZ, [1964],1996, p. 240)

E von Franz ([1964], 1996, p. 249) ainda ressalta: […] O Símbolo do círculo
tem representado, e eventualmente ainda representa, uma parte curiosa de um
fenômeno invulgar da nossa vida de hoje.
Notamos que a mandala está presente na tradição espiritual do Oriente e
Ocidente. No Oriente encontramos a representação das mandalas em vários
processos iniciatórios como no tantra tibetano, no hinduísmo, na ioga, no taoísmo.
Segundo o livro taoísta o Segredo da Flor de Ouro, encontramos a Flor de Ouro como
símbolo mandálico que é desenhado em forma geometricamente ordenada.
Em outras culturas do Oriente Médio podemos encontrar a mandala
vivenciada corporalmente em danças de ritual circular, na Índia as danças circulares
tem a mesma representação que a mandala desenhada, na tradição espiritual hindu
a mandala é a arte sagrada que reproduz as realidades espirituais como cita
Cavalcanti (2008, p. 62) […] A imagem sagrada (murti) da divindade refletida no
interior do mandala é considerada, nesta tradição, a manifestação do imanifestado no
mundo das formas fenomenais múltiplas.
Ainda na cultura Oriental no tantra tibetano temos outro instrumento de
meditação que tem significado, finalidade e função semelhante ao da mandala, este
instrumento é o Yantra. A diferença entre eles é que as mandalas são mais figurativas
e os yantras geométricos e sintéticos, este último também pode representar o
universo, uma imago mundi que ajuda na concentração. O mais conhecido é o Shri-
yantra que é composto por nove triângulos apresentados de forma justapostos que
forma um total de quarenta e três triângulos menores. Os triângulos que estão
apontados para cima representam Shiva e os que estão apontados para baixo
representam Shakti. Cada triângulo é o local de morada de uma divindade. Eles são
cercados por um círculo formado por lótus de oito pétalas que simbolizam Vishru, a
tendência ascendente que permeia todo o universo, após há ouro círculo com
dezesseis pétalas e quatro círculos que as circundam. Cavalcanti (2008), explica que
a representação do Shri-yantra é a energia psicocósmica do universo e que seu ponto
central que também pode ser chamado de a roda inteiramente formada de bem-
aventurança representa a deusa Tripura Sundar, a quem o yantra é dedicado.
No livro psicologia e religião encontramos uma citação de Jung sobre os
yantras.
Em geral, consistem em um padma redondo ou lótus que contém um edifício
sagrado de forma retangular, com quatro portas, indicando os quatro pontos
cardeais e as estações do ano [...]São yantras ou instrumentos rituais que
servem para a contemplação e para a transformação da consciência do iogue
na consciência divina do todo. (JUNG, [1971], 2012, p. 87)

Já no Ocidente as mandalas se tornam conhecidas e compreendidas


graças as investigações de Jung como cita Cavalcanti (2008, p. 69)
[…] Nas suas pesquisas sobre o conhecimento contido nas tradições
espirituais do Oriente, ele encontrou nos mandalas um poderoso símbolo
ordenador da psique. Jung acreditava que os mandalas continham um poder
curativo e ordenador sobre a psique.

O fundador da psicologia analítica em suas obras básicas e completas


recorreu à imagem da mandala para designar uma representação simbólica da psique,
em seus estudos ele traz esta definição.
"Mandala", em sânscrito, significa círculo. Este termo indiano designa
desenhos circulares rituais. No grande templo de Madura (sul da índia)
observei sendo feita uma imagem desse tipo. Uma mulher a desenhava no
chão do mandapam (átrio) com giz colorido. A mandala media três metros de
diâmetro. Um pandit que me acompanhava explicou-me que nada podia
informar a respeito. Somente as mulheres que traçavam tais imagens o
sabiam. A própria desenhista recusou-se a comentar o que fazia. Obviamente
não queria ser perturbada em seu trabalho. Mandalas elaboradas,
executadas com argila vermelha, encontram-se também nas paredes
externas caiadas de muitas cabanas. As mandalas melhores e mais
significativas são encontradas no âmbito do budismo tibetano. Como
exemplo, pode servir a seguinte mandala tibetana, cujo conhecimento devo a
RICHARD WILHELM. (JUNG, [1976], 2000 p. 351 §629)

Nos estudos de Dibo (2006 p. 114), encontramos este relato:


As mandala foram conhecidas no mundo ocidental, cristão, somente em
época recente, graças ao interesse pela tradição religiosa-espiritual e
esotérica sobre o mundo oriental (Aranha e Martins, 1987). As pesquisas de
Jung sobre o simbolismo das mandalas contribuíram para torná-las
acessíveis ao público ocidental. Foi quando se identificou uma relação entre
o material espontâneo dos sonhos dos indivíduos e as que atravessavam
crises interiores e os estranhos símbolos encontrados nos desenhos
mandálicos.

E ainda podemos acrescentar a contribuição e complementação com o


pensamento de Cavalcanti (2008, p. 59)
Nas tradições antigas, o mandala era concebido como um diagrama do
universo, uma representação geométrica do mundo, uma imago mundi e o
mundo era considerado um projeto essencial de Deus.
Como uma imagem do centro criador, o mandala contém em sua
configuração, a quadratura do círculo, a representação da manifestação das
potências divinas no mundo fenomenal. [...]o mandala mostra a inter-relação
do mundo espiritual com o material.

Outro ponto interessante a ser destacado é o fato de que falamos a


mandala, mas a utilização da palavra de maneira correta é o mandala, por representar
o “círculo”, mas Jung em Psicologia e Religião ao estudar este símbolo para analisar
o sonho de um paciente, e trazer a espiritualidade que ali está contida fala sobre o
mandala:
[…] Na medida em que é matrix, receptáculo e terra, quer dizer, aquilo que
contém, ela é, para a intuição alegorizante, o redondo assinalado pelos quatro
pontos cardeais, ou seja, o orbe terrestre com as quatro estações celestes,
escabelo da divindade, quadrado da cidade santa, ou “flor do mar” na qual
Cristo se esconde – numa palavra, o mandala. Na representação tântrica do
Lótus, por razões facilmente perceptíveis, o mandala é feminino. (JUNG,
[1971], 2012 p. 92 §123)

Então com esta observação o círculo também pode representar o feminino


e assim em nossa cultura ocidental acabamos muitas vezes nos referindo a este
círculo como a mandala.

MANDALAS NO PROCESSO TERAPÊUTICO JUNGUIANO


A possibilidade de se utilizar este recurso expressivo na clínica vem quando
estudamos Jung e em suas obras percebemos que na sua própria autoanálise em um
momento difícil após a ruptura com Freud, ele começa a se confrontar com o seu
próprio inconsciente e em Memória, Sonhos e Reflexões ele próprio escreve:
As fantasias que nesta época me vieram ao espírito foram primeiro anotadas
no Livro negro e mais tarde as transcrevi no Livro vermelho, que ornei de
imagens. Este contém a maioria das mandalas que desenhei. […]
Compreendera que tanta imaginação necessitava de um terreno sólido, e que
eu deveria voltar primeiro à realidade humana. Esta, para mim, era a
compreensão científica. Senti a urgência de tirar conclusões concretas dos
acontecimentos que o inconsciente me havia transmitido, e isso se
transformou na tarefa e conteúdo da minha vida. (Jung, [1961], 2016, p. 193-
194)
E ainda em outro trecho que diz:
[…] Desde este momento pus-me a serviço da alma. Eu amei e odiei, mas ela
sempre foi minha maior riqueza. Devotar-me a ela foi a única possibilidade
de suportar minha existência, vivendo-a como uma relativa totalidade. [...]tudo
o que criei no plano do espírito provém das fantasias e dos sonhos iniciais.
[…] Só pouco a pouco compreendi o que significa propriamente a mandala
[…} exprime o si mesmo, a totalidade da personalidade que, se tudo está
bem, é harmoniosa, mas que não permite o autoengano. […] Meus desenhos
de mandalas eram criptogramas que me eram diariamente comunicados
acerca do estado do meu “Si Mesmo”. […] Compreendi sempre mais
claramente que a mandala exprime o centro e que é a expressão de todos os
caminhos: é o caminho que conduz ao centro, a individuação. (Jung, [1961],
2016, p. 197,198,200 e 201)

Assim, Jung utiliza as mandalas como representações simbólicas do Self,


e percebendo que elas conduziam ao centro e ao processo de individuação, aproveita
sua experiência pessoal para levá-la ao trabalho com seus pacientes como veremos
ao longo se suas obras. Cavalcante (2008, p. 71) Exemplifica dizendo que Jung
recomendava aos seus pacientes que desenhassem mandalas e que fizessem
exercícios contemplativos com mandalas, pois eles sempre exercem sobre a mente
humana uma grande força estimuladora, regenerativa e curativa.
Pensando na utilização das mandalas no processo terapêutico Jung verifica
que a mandala possui dupla eficácia: conservar a ordem psíquica, se ela já existe; ou
restabelecê-la, se ela desapareceu. Neste último caso, exerce uma função
estimulante e criadora.
[…] as mandalas não provem dos sonhos, mas da imaginação ativa. […] As
mandalas melhores e mais significativas são encontradas no âmbito do
budismo tibetano. […] Uma mandala desse tipo é assim chamado “yantra”,
de uso ritual, instrumento de contemplação. Ela ajuda a concentração,
diminuindo o campo psíquico circular da visão, restringindo-o até o centro.
(JUNG, [1976], 2000 §627, §629 e §630 pp. 351-352)

Prossegue complementando a explicação:


[…] Este centro não pensando como sendo o “eu”, mas se assim se pode
dizer, como o “si mesmo”. Embora o centro represente, por um lado, um ponto
mais interior, a ele pertence também, por outro lado, uma periferia ou área
circundante, que contém tudo quanto pertence a si mesmo, isto é, os pares
de opostos, que constituem o todo da personalidade. (JUNG, [1976], 2000
§634 p. 353)

Assim nesse contexto Jung, em sua obra verifica que o centro,


primeiramente, pertence à consciência, depois, ao inconsciente pessoal e, finalmente,
a um segmento de tamanho indefinido chamado inconsciente coletivo, cujos
arquétipos são comuns a toda humanidade. Ele utilizou as mandalas para analisar as
bases sobre as estruturas arquetípicas da psique humana e considerava que o
comportamento humano se molda de acordo com as estruturas da consciência
individual e coletiva, onde na primeira aprendemos durante a vida e a segunda
herdamos de geração em geração.
As mandalas podem aparecer de maneira espontânea em diversas formas
de expressão como nos diz Jung ([1976], 2000, §713 p.385), “No âmbito dos costumes
religiosos e na psicologia, designa imagens circulares que são desenhadas, pintadas,
configurações plásticas ou dançadas.” E por outro lado, podem aparecer como
fenômeno psicológico, aparece de maneira espontânea em sonhos e em certos
estados conflitivos e até psicóticos, sua ocorrência espontânea em indivíduos permite
à investigação psicológica e um estudo mais aprofundado de seu sentido funcional.
Ele ainda sinaliza que a mandala pode aparecer em estados de dissociação psíquica
ou de desorientação. E que, quando existe um estado psíquico de desorientação,
devido à irrupção de conteúdos incompreensíveis do inconsciente, observa-se tal
imagem circular, a qual compensa a desordem e a perturbação do estado psíquico:
“Trata-se evidentemente, de uma ‘tentativa de autocura da natureza’” (JUNG, [1976],
2000, §714 p.385)
A utilização das mandalas para o uso terapêutico tem por base auxiliar em
um desbloqueio e despertar de sentimentos e sensações que podemos ter
dificuldades para lidar ou manifestar exteriormente, como nos mostra o próprio autor.
Que tais imagens, em certas circunstâncias, têm um efeito terapêutico
considerável sobre seus autores, é empiricamente comprovado além de ser
compreensível, posto que representem não raros tentativas muito ousadas
de ver e reunir opostos aparentemente irreconciliáveis e de vencer divisões
que pareciam intransponíveis. A simples tentativa nessa direção costuma ter
efeito curativo, no entanto só quando ocorre espontaneamente. (JUNG,
[1976], 2000, §718 p. 387)

O ato de desenhar Mandalas poderá ser utilizado na clínica como uma


intervenção não verbal, mas que induz o paciente a refletir sobre estados emocionais
internos, ajudando assim em sua organização e no seu fortalecimento da psique, onde
conduz o indivíduo a uma maior consciência de si mesmo e do mundo que as cerca,
identificando experiências do cotidiano e consequentemente, a atingir estados
ampliados do sentir como nos mostra Arcuri e Dibo (2010, p. 27) quando relatam:
“[…] Ao dar livre curso às expressões das imagens internas, o ser humano,
ao mesmo tempo que as modela, transforma a si mesmo. Ao conhecer
aspectos próprios, recria-se, educa-se e, sobretudo, pode experimentar
inserir-se na realidade de uma maneira nova. A pintura, o desenho e toda
expressão gráfica ou plástica, formam um instrumento valioso para o
indivíduo reorganizar sua ordem interna, ao mesmo tempo que reconstrói a
realidade.”
Splendore (2019) em seu Workshop de Aprofundamento em Mandalas
Terapêuticas no Ipq/HCFMUSP relata que Jung observou a criação espontânea de
mandalas em seus pacientes e dizia que estas ocorrem no momento de re-integração
da psique. Jung incentivava os seus clientes a desenharem mandalas ao acordarem
pela manhã, ou ao despertarem a qualquer momento da noite em razão de sonhos,
pesadelos, sensações de mal estar etc., iniciando, assim, o processo de integração,
e colocando em ordem seu caos interior.
Jung percebia nos trabalhos artísticos de seus pacientes que passavam
pela experiência da individuação as mandalas e assim pôde desenvolver uma lista
dos desenhos que observava neste processo como encontramos no livro Arteterapia
e mandalas.
[…] Ele desenvolveu uma lista dos desenhos que observou, incluindo os
seguintes: circulares, esféricas e ovais; o círculo é elaborado como uma flor
(rosa e lótus) ou como uma roda; um centro expresso por um sol, uma estrela,
uma cruz, geralmente com quatro, oito ou doze pontas; os círculos, as esferas
e as figuras cruciformes frequentemente são representados em rotação; o
círculo é representado por uma cobra enrolada em torno de um centro, seja
um anel ou uma espiral; quadratura do círculo, transformando a forma de um
círculo num quadrado ou vice-versa; motivos de castelo, cidades e pátios;
olhos; além de figuras tetrádicas (e múltiplos de quatro), há também formas
triádicas e pentádicas. (ARCURI, DIBO, 2010, p. 27)

Com as mandalas podemos acessar uma forma de meditação em ação,


pois, o indivíduo ao ir criando a mandala ou observando-a, vai libertando seus
pensamentos e clareando a sua mente. Elas ajudam na concentração e na atenção,
proporcionando assim uma estabilidade mental e equilíbrio espiritual, aprofundando
no conhecimento sobre si mesmo, como nos mostra Dibo (2007, pp. 88- 89)
Nas práticas meditativas e outras que proporcionam maior concentração, ao
alinhar o ego no eixo com o Self, podem gerar consequentemente maior e
melhor produtividade daqueles que as praticam. Ao desenhar a mandala
provoca-se um estado alterado de consciência em que é dada a oportunidade
para esse alinhamento ocorrer. É provável que esta atividade melhore o
rendimento na atividade proposta se houver essa centralização.
A atenção concentrada foi um desses pontos observados neste trabalho de
dissertação e é possível que se testem outros, tais como inteligência e
coordenação.

Além desta verificação da melhora de concentração ao desenhar


mandalas, Jung também nos mostra que para se alcançar um efeito terapêutico na
criação das mandalas estas devem ser produzidas de maneira espontânea, não sendo
possível nenhum valor terapêutico pela imitação ou repetição destas imagens. Porém,
esclarece que tais imagens podem possuir efeito terapêutico de maneira considerável
sobre seus pacientes, sendo empiricamente comprovado como verificamos na
dissertação de Dibo (2007, p. 64)
As mandalas surgem espontaneamente quando a psique humana está em
processo de reintegração; em seguida, despontam no momento de
desorientação psíquica, como fatores que compensam a ordem. Conclui Jung
que a mandala é um arquétipo da ordem, da integração e da plenitude
psíquica, surgindo como esforço natural de autocura. É, desta maneira, uma
tentativa de autocura inconsciente, a partir de um impulso instintivo, na qual
a figura diagramática, imposta pela imagem circular da mandala como um
ponto central, compensa a desordem do estado psíquico. E é por esta razão
que afirma que a mandala possui uma eficácia dupla: conserva a ordem
psíquica, se ela já existe, ou a restabelece, se a ordem psíquica desapareceu.
Neste último caso, a mandala exerce uma função estimulante e criadora.

Sendo a mandala um arquétipo da ordem e da integração como


mencionado acima por Dibo, (2007), podemos dizer que este dentre os arquétipos,
pode ser considerado um dos mais importante, pois representa justamente aquele que
Jung chamou de Self ou Si-Mesmo.
O Self expressa a totalidade do homem e aparece sob diferentes aspectos,
um dos quais é a mandala. Como vimos, a mandala é utilizada pelos orientais
como um meio para favorecer a meditação profunda, a fim de alcançar a paz
interior. (LISBOA DA CUNHA, 1998, pp. 140-141 apud DIBO, 2006 p.117).

Este pensamento também condiz com o que relata Fincher (1998, pp. 14,
39):
[…] a totalidade é um processo natural que traz à luz a singularidade e a
individualidade de uma pessoa. Por essa razão, Jung chamava de
individuação. [...] Uma respeitosa atenção aos símbolos do inconsciente
como forma de promover a evolução pessoal. E via no aparecimento
espontâneo de mandalas em sonhos, na imaginação e no trabalho artístico
evidências de que a individuação estava ocorrendo. O resultado dessa
individuação é a integração harmoniosa da personalidade com o Self, o
princípio unificador central.
[…] Desenhar um círculo talvez seja algo como desenhar uma linha protetora
ao redor do espaço físico e psicológico que identificamos como nós mesmos.
A mandala invoca a influência do “Self”, o padrão subjacente de ordem e
totalidade.

Splendore (2019) na realização de seu trabalho com mandalas no


Ipq/HCFMUSP diz que, ao aplicar as Mandalas, criamos um novo paradigma que
preconiza relações mais humanas no cuidado com a saúde e a valorização da
subjetividade do paciente. E que algumas condições como estilo de vida, as emoções
desequilibradas, sentimentos destrutivos, atitudes e crenças conscientes ou
inconscientes podem ser responsáveis por boa parte das doenças e esses fatores
quando não encontram meios de expressão são somatizadas no corpo e vão aparecer
de acordo com a predisposição genética e com as fragilidades de cada pessoa. Ao
utilizarmos a Mandala como uma técnica projetiva de forma terapêutica, auxiliamos
que o paciente tenha a experiência de um momento de interiorização, tranquilidade e
a sensação de bem-estar. Talvez seja esse o benefício imediato mais perceptível ao
fazer uma Mandala.
Nesta mesma perspectiva no livro A Arte de C. G. Jung, Hoerni, (2019)
relata que a imagem tem uma importância central na obra de Jung, onde ele enfatiza
a significância das imagens como uma via de expressão, o método de imaginação
ativa, a aplicação terapêutica individual das imagens dos sonhos e de fantasias,
processos psíquicos correlatos a imagens coletivas, motivos visuais específicos e
muito mais.
Jung destaca seu pensamento dizendo que os médicos não podem
observar ou examinar diretamente o inconsciente de um paciente, eles devem se
apoiar em manifestações indiretas incluindo as imagens. […] se as fantasias fossem
desenhadas, comparecem símbolos que pertencem principalmente ao tipo de
mandala. (OC 13, §31) A imaginação ativa nos coloca numa posição vantajosa, pois
com ela podemos fazer a descoberta do arquétipo.
Se conseguirmos desenvolver o hábito de internalizar e identificar as
emoções, nós nos colocamos à disposição da nossa intuição, deixando de lado a
racionalidade diária. Com o desenvolvimento intuitivo, escutamos mais a nossa
essência, nosso coração, aquietando a nossa mente. Quando vemos o
desenvolvimento das obras de Jung, percebemos que ele faz este mergulho profundo
na internalização e identificação com suas emoções.
No desenvolvimento do capítulo, O Movimento Circular e o Centro do livro
A Flor de Ouro, Jung explica que para a união dos opostos há um processo de
desenvolvimento psíquico que se exprime em símbolos e que isso pode ser percebido
nas mandalas e sua percepção na produção dos pacientes como relata a seguir:
[…] Se as fantasias forem desenhadas, comparecem símbolos que
pertencem ao tipo do “mandala”. Mandala significa círculo e particularmente
círculo mágico. Os mandalas não se difundiram somente através do Oriente,
mas também são encontrados entre nós. […] A maioria dos mandalas tem a
forma de uma flor, de uma cruz ou roda, tendendo nitidamente para o
quatérnio, o que lembra o número básico: a tetraktys pitagórica. Entre os
índios Pueblo os mandalas são desenhados na areia, para uso ritual.
“Entretanto, os mandalas mais belos são os do budismo tibetano. Os
símbolos de nosso texto acham-se representados nesses mandalas.
Encontrei também desenhos mandálicos entre doentes mentais, entre
pessoas que certamente não tinham qualquer ideia das conexões aqui
mencionadas. […] Os próprios pacientes quase nada podem dizer acerca do
sentido simbólico dos mandalas, mas se sentem fascinados por eles.
Reconhecem que exprimem algo e que atuam sobre seu estado anímico
subjetivo. (JUNG, [1929], 2001pp.30,31)
Pensando na utilização das mandalas como técnica projetiva na clínica
podemos perceber que as imagens brotam espontaneamente e que estas imagens
proporcionam ao paciente um pressentimento do Si-mesmo, da própria essência
individual, mas pensando de forma da concepção oriental sobre o símbolo mandálico
percebemos que estes símbolos não são apenas expressão, mas também atuam na
vida do próprio autor trazendo ou auxiliando em transformações emocionais,
intelectuais e físicas como podemos perceber na afirmação de Jung ([1929], 2001,
p.36)
De um modo geral, o fenômeno é espontâneo, aparecendo e desaparecendo
por impulso próprio. Seu efeito é espantoso e quase sempre soluciona
complicações anímicas, liberando a personalidade interna de confusões
emocionais e intelectuais, e criando assim uma unidade de ser,
experimentando em geral como uma “liberação”.

Percebe-se que o uso das mandalas pode facilitar o processo expressivo


auxiliando na autoexpressão e no alívio das tensões emocionais, facilitar a expressão
da criatividade do Self, possibilitar a expressão dos sentimentos e o possível alcance
da percepção de que seus sentimentos e suas emoções poderão ser compartilhados
de maneira própria dentre outros aspectos que poderão ser apresentados pelo
paciente nas sessões com a utilização desta técnica.
Assim, a técnica do desenho da mandala pode ser aplicada a qualquer
indivíduo que tenha um mínimo de capacidade de elaboração desde crianças até
idosos. Devemos nos lembrar que esta técnica deve estar a serviço do bem estar do
indivíduo que dela se utiliza e que poderá auxiliar na resolução dos problemas e
integração de conteúdos inconscientes permitindo que a criatividade volte a se
desenvolver, como menciona Arcuri e Dibo (2010, p. 41-42)
[…] A expressão artística do indivíduo, em suas formas, cores, sons,
movimentos, revela a disposição individual presente na estrutura psíquica do
indivíduo. Por meio desses elementos existe a possibilidade de modificar a
situação presente e liberá-lo para modificar a realidade externa. Aqui está a
possibilidade de cura. A pessoa encontra outras formas de compor a própria
vida e materializa a própria capacidade no trabalho expresso, a sua produção.
[…] Estar com o mundo das imagens é estar conectado com algo maior.

Salienta Jung (1991b, p. 140 apud Arcuri e Dibo 2010, p. 42): “Muitas vezes
as mãos resolvem um enigma com o qual o intelecto luta em vão.”
Para facilitar o processo analítico com a técnica da mandala podemos
utilizar alguns pontos focais que nos auxiliarão nas direções a serem adotadas e
podemos nos questionar por onde começar o trabalho com os desenhos? O simples
fato de desenhar dentro do círculo já pode ser um facilitador para experimentarmos
um sentimento de unidade. Como nos mostra Arcuri e Dibo (2010), podemos começar
com cores, formas, tamanhos, direção de movimento etc., o que importa é que no
desenho o contexto está entrelaçado com todos os seus componentes de forma
altamente interligada.
Terapeuta e paciente podem começar pelo que mais chama a atenção e
está sinalizado nos símbolos, quais as impressões causadas pelo desenho e
concentrar no primeiro sentimento que ele causa. O olhar para os pontos focais de
maneira sistemática auxilia o terapeuta a ordenar e direcionar seu trabalho analítico,
é importante também que não se faça nenhuma afirmação definitiva sobre os símbolos
apresentados, pois nunca podemos penetrar no fundamento absoluto de uma
mandala. Isso não quer dizer que não seja também importante conhecer as definições
desses símbolos suas posições, quadrantes etc. Assim o analista não pode se apoiar
somente no significado simbólico proveniente dos dicionários e nem o desvalorizar,
mas buscar um equilíbrio sabendo o que estes símbolos podem representar tanto no
material que temos disponíveis para o trabalho, mas também com a representação
que o paciente traz sobre os seus símbolos ali representados, pois quando o paciente
busca decifrar os significados das formas nas mandalas que ele realizou poderá
agregar um conhecimento sobre o padrão de Self em sua vida.
Cada mandala é um símbolo pessoal que nos ajuda a revelar quem somos
naquele determinado momento, e alguns pontos focais sugeridos podem auxiliar a
decifrar os conteúdos de nosso inconsciente que será revelado através do desenho
ali realizado, aqui alguns pontos que podemos trabalhar: Que sentimentos e o que o
desenho transmite? Quais palavras significativas aparece? O que há desenhado no
centro e o que ele representa para o paciente? Há desenho fora da mandala? Traçar
uma linha imaginária para reconhecer os quadrantes dentro da mandala. Como é a
pressão dos traços, forte ou fraco? Como está o tamanho da mandala ou dos
desenhos de dentro dela? Qual a posição da folha, horizontal ou vertical? Como foi a
utilização da folha entre parte superior e inferior e direita e esquerda?
Importante lembrar que para o terapeuta ser capaz de aplicar a técnica e
auxiliar seu paciente de maneira eficaz ele deve entrar em contato com a linguagem
de seu inconsciente, ou seja, o próprio deverá passar por esta experiência com o seu
inconsciente, tornando-se, portanto, íntimo de seus conteúdos. Recomenda-se que o
terapeuta deixe suas impressões, insights e alguns questionamentos para sessões
futuras, notando qual o momento adequado de colocar suas ideias e fazer seus
questionamentos.
Manifesta Jung (1966, p. 545 apud FURTH, 2004, p. 171):
Um analista pode ajudar o paciente somente até o ponto onde ele já foi, e
nem um passo a diante. Tenho deparado, desde o começo da minha prática
analítica, com pacientes que ficaram “emperrados” em suas análises
anteriores, o que sempre acontecia no ponto em que o analista já não
conseguia mais progredir com ele mesmo.

Quando falamos de mandalas devemos lembrar que elas não são testes
projetivos, mas sim um instrumento que nos conecta com algo maior, assim
possibilitando uma atenção concentrada onde sua representação é um símbolo que
contém a essência que pode proporcionar uma possível integração psíquica. Como
mencionado anteriormente o efeito terapêutico das mandalas consiste em sua
produção espontânea e sua repetição e imitação não possui um valor terapêutico, mas
as imagens ali representadas podem possuir um efeito terapêutico de maneira
considerável sobre o indivíduo. Isso foi empiricamente comprovado nas produções
tanto de Jung quanto na de seus pacientes.
Destaca Arcuri e Dibo (2010, p. 56):
As mandalas surgem espontaneamente quando a psique humana está em
processo de reintegração; em seguida, despontam no momento de
desorientação psíquica, como fatores que compensam a ordem. Conclui Jung
que a mandala é um arquétipo da ordem, da integração e da plenitude
psíquica, surgindo como esforço natural da autocura. É, dessa maneira, uma
tentativa de autocura inconsciente, a partir de um impulso instintivo, na qual
a figura diagramática, imposta pela imagem circular da mandala como um
ponto central, compensa a desordem do estado psíquico. É por esta razão
que afirma que a mandala possui uma eficácia dupla: conserva a ordem
psíquica, caso ela já exista, ou a restabelece, caso a ordem psíquica
desapareça. Neste último caso a mandala exerce uma função estimulante e
criadora.

Por fim é importante ressaltar que podemos trabalhar de diversas formas


com a mandala, mas é importante que a pessoa que utilizará esta técnica possa ter
contato e mergulhar neste processo, pois ele nos leva a refletir e integrar os opostos
que temos em nossa natureza, precisamos tocar a nossa natureza antes de tocar a
natureza do paciente. Assim saberemos como acolher o material que ali nos é
apresentado respeitando o processo e tendências autorreguladoras do psiquismo. É
importante que o próprio paciente entenda que ele é o autor e nós estamos ali para
acompanhar e acolher o processo criativo desenvolvido com a mandala. Não
podemos tentar descobrir os conteúdos inconscientes sem que o desejo de os
expressar seja espontâneo, pois o paciente poderá não estar preparado para entrar
em contato com esse material,

CONCIDERAÇÕES FINAIS
A partir das informações e reflexões apresentadas até o momento, buscou-
se compreender a importância e contribuição do uso de técnica de mandalas no
processo terapêutico, como instrumento que auxilia o contato com o Si-Mesmo.
Fez-se necessário um estudo bibliográfico onde se entende que na
psicologia junguiana a criatividade é muito importante para o processo de
desenvolvimento do indivíduo e também um facilitador para a autorregulação
emocional e social. A criatividade no processo terapêutico age como um caminho que
nos leva a uma conexão com nossa atitude criativa sendo eficaz no processo de
individuação.
Quando travamos um diálogo interior com as imagens que emergem da
criatividade o ego deixa sua posição passiva e interage com elas estabelecendo uma
relação com o inconsciente que não envolve a linguagem e quando esse espaço é
aberto para o não racional o ego dá oportunidade para as mudanças.
Nota-se que o uso das mandalas pode facilitar o processo expressivo
contribuindo com a autoexpressão e no alívio das tensões emocionais, facilitando a
expressão da criatividade do Self, possibilitando a expressão dos sentimentos e o
possível alcance da percepção de que esses sentimentos e emoções poderão ser
compartilhados de maneira própria dentre outros aspectos que poderão ser
apresentados pelo paciente nas sessões com a utilização desta técnica.
Assim, a técnica do desenho da mandala pode ser aplicada a qualquer
indivíduo que tenha um mínimo de capacidade de elaboração desde crianças até
idosos. Ressalto que esta técnica deve estar a serviço da integração do indivíduo e
conscientização de seus conteúdos inconscientes permitindo que a criatividade volte
a se desenvolver. Para isso, o terapeuta deverá ser capaz de aplicar a técnica com
seu paciente de maneira que também entre em contato com a linguagem de seu
inconsciente, mas para isso o próprio terapeuta analista deverá passar por esta
experiência primeiramente tornando-se íntimo de seus conteúdos.
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