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POSIÇÕES GERATRIZES
POSIÇÕES GERATRIZES
LISTA OFICIAL DE EXERCÍCIOS, MÚSICAS E CONSIGNAS
DE BIODANZA
SUMÁRIO
Código I
1. Conexão com o Infinito
2. Intimidade
3. Valor
4. Proteger a Vida
5. Dar – Dar-se
6. Receber
7. Pedir
8. Trabalhos Primordiais
Código II
1. Flutuar no Líquido Amniótico
2. Conexão com o Primordial
3. Disposição a ser Fecundada
4. Expansão (“O Homem Estrela”)
5. Atemporalidade
6. Determinação
7. Encontro com o Irmão
Código III
1. Receber a Graça
2. Elevação
3. Evocação e Liberação da Energia Interna
4. Magnetismo
5. Conexão Céu – Terra
6. Inspiração
7. Iluminação
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INTRODUÇÃO
Desde o princípio da história humana até nossos dias, o ser humano realiza alguns
“gestos eternos”.
Estes gestos “arquetípicos” aparecem nos baixo-relevos, esculturas e pinturas de
todos os tempos. Consistem em gestos de adoração, maternidade, reverência, traba-
lho, intimidade, etc.
Rudolf von Laban afirma que os movimentos da dança são os movimentos da
vida.
Etienne Decroix, selecionou 22 posições como partes fundamentais que geram o
movimento da Arte Mímica.
Em Biodanza, selecionei três códigos de Posições Geratrizes, que permitem criar
danças espontâneas de grande riqueza e profundidade humana. Cada uma destas po-
sições tem um significado psicológico profundo.
Os gestos arquetípicos pertencem ao inconsciente coletivo, descrito por C. G.
Jung e constituem verdadeiras matrizes expressivas. Os três códigos de posições ge-
ratrizes que proponho em Biodanza são produto de uma longa busca no repertório
gestual de diferentes culturas: indiana, egípcia, greco-romana e ocidental moderna.
Selecionei as que representam, para mim, gestos altamente evoluidos - capazes de
induzir vivências profundas e transcendentes – que têm o poder de gerar “danças
internas”.
Chamei estes gestos arquetípicos de "posições geratrizes" porque podem gerar
danças específicas.
Dança expressiva comum é uma combinação de movimentos organizados pela
vivência pessoal do dançarino. As danças que surgem da combinação de posições
geratrizes possuem uma dimensão mais universal e remetem à grandeza do ser hu-
mano. A combinação de três ou mais posições geratrizes dá origem a danças de ex-
traordinária beleza e pureza expressiva.
A realização das posições geratrizes tem que durar aproximadamente um minuto.
A seguir, se sugere aos alunos que realizem uma dança livre, fazendo variações sobre
a respectiva posição geratriz.
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CÓDIGO I
2. Intimidade
3. Valor
4. Proteger a Vida
5. Dar – Dar-se
6. Receber
7. Pedir
8. Trabalhos Primordiais
2. Intimidade
As mãos se aproximam do peito lentamente, como para proteger o mundo íntimo;
a cabeça se inclina com devoção. Este gesto gera uma vivência de intimidade con-
sigo mesmo.
A posição de intimidade gera danças de recolhimento (Íntase). O contato se dá
com "o mais íntimo do íntimo" (Santo Agostinho).
Pés unidos. Os olhos se fecham quando se intensifica a vivência.
Música: Gluck – Dance of the Blessed Spirits, from “Orpheus and Eurydice”.
Gounod – Ave María
Schubert – Adagio, from String Quintet in C
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Arte Greco- Itálica: Figura feminina em greda
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3. Valor
Punhos cerrados, braços estendidos, cabeça reta e atitude serena. Os braços são
cruzados lentamente e com firmeza no peito, no ato de manter um poder e defender
um valor interno. O gesto se refere ao valor interno da pessoa como criatura trans-
cendente. Esta posição induz danças que expressam a identidade. Assume-se o “si
mesmo”. Os olhos olham para a frente e os pés estão levemente separados.
Música: Richard Strauss – Assim falou Zaratustra
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VALOR
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4. Proteger a Vida
Movimento lento e delicado como embalando uma criança. Sensação universal de
respeito pela vida.
Esta posição gera vivências de ternura e de encantamento face a toda criatura e
ativa os sentimentos de maternidade e paternidade.
Olhos abertos e pés levemente separados.
Música: Walter Blanco – Ponteio
Gounod – Ave Maria
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5. Dar – Dar-se
Dar
Pés separados. Os braços se elevam lentamente para adiante até um ângulo de 35º.
Mãos abertas em atitude generosa de dar. Olhos abertos.
Música: Zamfir – Bilitis
Dar-se
O mesmo movimento mais amplo: o corpo se abandona para trás em atitude de
oferecer-se completamente.
A posição geratriz de dar-se põe em prática a difícil prova de doar-se ao outro,
sem medo. Fechar os olhos quando se intensifica a vivência.
Estas duas posições evocam sensações de generosidade e autodoação. Muitas ve-
zes são propostas de modo sucessivo.
Música: Chopin – Prelúdio op. 28 n.4
DAR
(Imagem nutrícia, vínculo com a natureza)
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6. Receber
Partindo da posição de “Dar”, os braços se levantam para adiante, em um ângulo
de 90º, para depois abrir-se num ato receptivo. Este gesto complementa o anterior e
está em relação ao equilíbrio de dar – receber.
Olhos abertos e pés ligeiramente separados.
Música: Zamfir – Bilítis
7. Pedir
Anteriormente: Perna direita ajoelhada, perna esquerda no ângulo direito.
Modificação: A perna direita adiantada, a perna esquerda se dobra levemente no
joelho. Olhos abertos. O braço direito se eleva para diante a 140º, com a palma da
mão voltada para cima. O braço esquerdo fica para trás. O olhar e o rosto se dirigem,
com dignidade, em direção da mão direita.
A atitude de pedir é ainda mais difícil que a de dar ou receber, em especial para
as pessoas que sofrem sentimentos de inferioridade.
Música: Enya – Watermark
8. Trabalhos Primordiais
Braço direito atrás em ato de lançar um objeto. O gesto consiste em dar um im-
pulso vigoroso a algo que se encontra na mão. O braço esquerdo acompanha natu-
ralmente o movimento, moderando a força do braço oposto. A perna direita está para
trás em perfeito sinergismo. A posição favorece os movimentos dos trabalhos ma-
nuais, agrícolas e movimentos do esporte.
Esta posição estimula a sincronização e eurritmia do grupo. As coreografias livres
que são induzidas se relacionam com cerimônias coletivas de trabalho.
Música: Pink Floyd – I wish you were here (parte II)
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Arte Grega: O Discóbolo de Mirone (IV a.C)
Museu Nacional Romano
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CÓDIGO II
5. Atemporalidade
6. Determinação
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2. Conexão com o Primordial
Com os olhos abertos, ficando agachado, com os joelhos flexionados (de cócoras),
a pessoa acaricia o solo com as mãos. O olhar está dirigido para as próprias mãos.
Esta posição evoca o artesão com a argila, a seleção de sementes e a preparação
dos alimentos. No plano visceral evoca o parto natural, a micção e a defecação.
Música: David Fanshawe – African
Sanctus. “Canzone del Latte”
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3. Disposição a ser Fecundada
(posição geratriz indicada para o sexo feminino)
Deitadas de costas sobre o solo, com as pernas semiabertas e os joelhos levemente
dobrados em atitude receptiva. Os braços estão naturalmente abandonados no solo,
os olhos fechados e a boca semiaberta.
Os movimentos são lentos e cadenciados para facilitar uma receptividade ativa.
Progressivamente, os movimentos aumentam de intensidade, seguindo o “cres-
cendo” da música. As pernas assumem uma posição semidobrada. Iniciam-se mo-
vimentos de levantar e baixar espontaneamente a pélvis: este movimento não deve
ser mecânico, mas responder ao impulso interior.
A posição geratriz de disposição genital se refere às cerimônias primitivas de fe-
cundação, nas quais as mulheres, estendidas nos sulcos dos campos, invocavam a
força fecundadora do céu que se manifestava com a chuva e a luz solar.
Música: David Fanshawe. African Sanctus
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Arte Cretense: O príncipe dos Lírios
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5. Atemporalidade
Sentados com as pernas dobradas. As mãos são colocadas sobre os joelhos, com
as palmas voltadas para cima. A cabeça, suavemente relaxada, se mantém ereta.
Fica-se nesta posição por no máximo um minuto. As palmas abertas se elevam su-
avemente e descem muito lentamente, seguindo a melodia, estando fora do tempo.
Esta posição induz uma vivência de eternidade. A posição geratriz de atempora-
lidade pode ser considerada uma forma de meditação.
Música: Ravel. “Daphnes et Chloé” (segunda parte, início)
6. Determinação
Todo o corpo é lançado para frente: a perna direita com o joelho levemente flexi-
onado, o braço direito estendido para frente, a mão aberta com a palma voltada para
baixo. Os olhos são mantidos abertos e a tensão muscular aumenta progressivamente
com a intensidade da música.
A vivência é de projeção para o futuro e de predisposição para a ação.
Música: Beethoven. “Pastoral”. La Tempesta
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CÓDIGO III
1. Receber a Graça
2. Elevação
4. Magnetismo
6. Inspiração
7. Iluminação
1. Receber a Graça
Sentados com as pernas cruzadas, as mãos apoiadas sobre os joelhos com as pal-
mas para cima. A cabeça deve estar levemente abandonada para trás (sem forçar),
os olhos fechados e a boca entreaberta. Esta posição induz a uma vivência de beati-
tude que se manifesta como a graça de existir.
A pessoa pode perceber uma sensação de harmonia com o ambiente e, se a vivên-
cia é feita na natureza, de harmonia com o universo. Esta posição geratriz pode ser
considerada uma forma de meditação.
Música: Schubert. Impromptu N°3
em sol bemol maior.
Lizt. Consolazione N°3
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2. Elevação
A posição é realizada de pé, braços junto ao tronco, antebraços em ângulo reto
para frente e levemente abertos para fora. As mãos com as palmas para cima e os
dedos um pouco abertos. A boca entreaberta e os olhos abertos. É um gesto de “ele-
vação” que gera uma vivência de leveza. A vivência de “elevação” gera uma força
ascendente. Este estado de ânimo é alimentado pela possibilidade de elevar-se acima
das dificuldades existenciais e ver os acontecimentos da vida com uma visão de al-
tura, de um ponto de vista de totalidade.
Música: Bach. Concerto de Brandemburgo N°1. Adagio
Ennio Morricone. “C’era una voltta il west”
4. Magnetismo
De pé, as palmas das mãos voltadas uma para a outra, se aproximam e se afastam,
como sustentando uma esfera invisível. Este gesto deve ser realizado muito lenta-
mente, na busca da percepção da energia magnética polarizada entre as duas mãos.
Esta posição induz a vivência da criação de uma esfera de energia pulsante.
Música: Vivaldi. Concerto N°7 Largo
INSPIRAÇÃO
Antonello de Messina: A Virgem Maria
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6. Inspiração
De pé. A mão esquerda pousada sobre o peito. A mão direita levemente a frente,
num gesto extremamente sensível, como se tocasse o ar. Os olhos abertos, olhando
para frente sem intencionalidade.
Esta posição gera um estado de incubação criativa, ou seja, o momento que pre-
cede o ato criador. Com a mão esquerda no peito se alude à íntima conexão consigo
mesmo (inspiração), e com a mão direita se sugere o início da ação criadora. A
vivência de inspiração tem a qualidade do estado de êxtase criativo.
Música: Schubert. String quintet in C. Adagio.
Ennio Morricone. Era uma vez o oeste”
7. Iluminação
De pé, mão esquerda no peito. Mãos unidas o peito em uma atitude de intimidade.
Olhos abertos. As mãos se separam lentamente levando as palmas para frente com
extrema sensibilidade. Este gesto produz uma intensificação sutil da percepção. A
posição cria um espaço para a contemplação e se vivencia a sensação de estar ilumi-
nado a partir de dentro de si mesmo.
Música: Schubert. Impromptu N°3, em sol bemol maior
Lizt. Consolacione N°3
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Raffaello Sanzio. A Transfiguração
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