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ANAIS DA
VI JORNADA DE
ARTETERAPIA E FILOSOFIA
Desafios Contemporâneos
1ª. Edição
Balneário Camboriú SC
Arte Sem Barreiras
2014
ACAT – Av. Brasil, 333 Edifício Delta, apto. 503 – Balneário Camboriu/SC
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ISBN: 978-85-65285-03-2
CDD 610
Autoria
Associação Catarinense de Arteterapia
Ressalva: Os textos apresentados são de criação original dos autores, que responderão
individualmente por seus conteúdos ou por eventuais impugnações de direito por parte de
terceiros.
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ACATSECRETARIA@GMAIL.COM
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APOIOS:
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Oração do Terapeuta
Fátima Bittencourt
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SUMÁRIO
PROGRAMAÇÃO ...................................................................................................... 09
AGRADECIMENTOS ................................................................................................. 11
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 12
PALESTRAS .............................................................................................................. 23
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5. ARTETERAPIA E ORIGAMI
Márcia Regina do Nascimento .............................................................................. 122
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Coordenadora do evento:
Profª. Drª. Sonia Bufarah Tommasi
Equipe de organização:
Associação Catarinense de Arteterapia.
Profª Drª. Sonia Bufarah Tommasi - Presidente da ACAT
Profª. Esp. Mariléa B. Hoffmann Loos - Vice-presidente da ACAT
Comissão Científica:
Profª. Drª. Sonia Maria BufarahTommasi
Prof. Dr. Liomar Quinto de Andrade
Profª. Drª. Maria Glória Dittrich
Prof. Dr. José Jorge de Moraes Zacharias
Comissão Organizadora:
Profª. Drª. Sonia Maria Bufarah Tommasi
Profª. Esp. Mariléa B. Hoffmann Loos
Profª. Esp. Mara Lucia Adriano Bueno
Profª. Esp. Rosana Maria Ostroski
Profª. Esp. Edeltraud Fleischmann Nering
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PROGRAMAÇÃO
06/09/2014
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos
A presença de todos/as.
A energia de cor, luz e de amor que trouxeram para compartilharmos e
formamos a nossa egrégora criativa.
A todos os presentes e ausentes que contribuíram de maneira direta e indireta
com a ACAT para a realização de mais uma Jornada de Arteterapia e Filosofia.
Ao trabalho de equipe desenvolvido por está diretoria para a realização da VI
Jornada de Arteterapia e Filosofia.
A ARTE SEM BARREIRAS que registrou a VI Jornada de Arteterapia e
Filosofia no ISBN e auxiliou na divulgação.
A VETOR editora por elaborar e confeccionar os certificados.
A SOCIESC que acolheu a ACAT e a VI Jornada de Arteterapia e Filosofia.
Ao CENSUPEG – Centro Sul-Brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós
Graduação, apoiar e divulgar a VI Jornada de Arteterapia e Filosofia.
A UBAAT- União das Associações de Arteterapia Brasileira, por apoiar e
divulgar a VI Jornada de Arteterapia e Filosofia.
Aos Palestrantes, que se deslocaram de seus estados e de suas cidades. Do
Paraná agradecemos a presença das Profª. Ms. Mariel Granato, a Profª. Ms.
Cleonice Soares de Sales, a Profª Esp. Aricle Tosin, a Profª Esp. Adriana Porto, a
Profª Esp. Sandra Regina da Silva, a Profª Esp. Mair Soares. De Santa Catarina
agradecemos a presença das Profª Drª Maria Glória Dittrich, Profª Ms. Karla Simone
Espindola, Profª Ms. Rikeli Ferreira Thives Hackbarth, Profª Esp. Aline Franco, Profª
Ms. Ana Léa Maranhão, e ao Prof. PhD. Jörg Henri Saar, por compartilharem
conosco seus conhecimentos teóricos e práticos.
A todos vocês que nos motivam a realizar com carinho mais uma Jornada de
Arteterapia.
Sonia Bufarah Tommasi
Presidente da ACAT
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APRESENTAÇÃO
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com vinte e sete (27) alunos/as. Ao mesmo tempo Graciela implantou em Passo
Fundo, RS, outro curso de Arteterapia. Atuou na UNOESC por um ano e meio e por
motivos familiares, mudou-se para Passo Fundo. A coordenação do curso da
UNOESC, foi para Marilei Teresinha Dal'Vesco, que desenvolvia um excelente
trabalho no hospital de São Miguel. Desde então, Marilei Teresinha Dal'Vesco, está
na coordenação, Graciela continuou a contribuir com o curso como professora da
disciplina Fundamentos da Arteterapia. Novas turmas foram abertas, em 2006 o
curso teve 29 alunos/as, a turma de 2008 foi composta por 31 alunos/as, em 2010
com 18 aluno/as, e em 2012, cresceu, a turma foi fechada com 30 alunos/as. Os
cursos de Arteterapia da UNOESC fluem e, com alegria e orgulho, Graciela afirma:
"Minha escolha deu certo, porque até hoje Marilei faz um trabalho fantástico, possui
muita liderança..."
Em 2004, os ventos sopram, novamente em Florianópolis, o estímulo vem de
uma pessoa que participava do processo arteterapêutico no Rio de Janeiro, e ao
mudar-se para Florianópolis, não quis interromper seu desenvolvimento facilitado
pela carioca, psicóloga e arteterapeuta Ana Luisa Batista. Sendo assim, a
facilitadora, Ana Luisa, deu inicio a um grupo, com 12 participantes, concluindo com
7; mas apenas 2 alunas cumpriram as exigências da formação e trabalham com
Arteterapia. E desde então os cursos de formação em Arteterapia da Incorporar-te
vem acontecendo.
E os ventos da Arteterapia sopram em Brusque, em 2003, a catarinense,
filosofia Maria Gloria Dittrich, participa da Jornada Gaúcha de Arteterapia promovida
por Gislaine Guimarães, pela Centrarte, e conhece a psicóloga paulista Sonia M.
Bufarah Tommasi, na troca de conhecimento, experiências, de sonhos e projeções
futuras, colocam nas asas do vento um novo despertar criativo. Em 2006, na
Faculdade São Luis em Brusque floresce o Lato Sensu em Arteterapia: fundamentos
filosóficos e prática, tendo Sonia M. Bufarah Tommasi como professora do curso. De
2006 a 2011, duas turmas se formaram, concluindo com 31 aluno/as formadas. Em
2012, Maria Gloria Dittrich, em parceria com a Faculdade São Luiz de Brusque, abre
o Da Vinci Centro de Belas Artes e Ecoformação em Balneário Camboriú, e neste
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Ação ou efeito de associar. Entidade que congrega pessoas que têm interesses
comuns: associação profissional, esportiva. Ação de aproximar, de ajuntar:
associação de cores. Associação de ideias, fato psicológico que consiste em
uma imagem ou ideia evocar outra.
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Sob essa ótica, creio que Pierre Weil contribui com perfeição quando afirma:
Na área individual, a cooperação gera um estado físico de saúde estimulando um
funcionamento glandular harmonioso, pois gera sentimentos e emoções altamente
construtivas tais como o amor, a compaixão, a alegria e a equanimidade; as gera ou
resulta delas. No plano da mente, a cooperação estimula a dissolução que se opõe o
'eu' e o 'outro'. Na cooperação, há momentos em que se constata que só há um
espírito o qual é integrado pelos espíritos individuais em aparência separados.
Caros Associados, as mudanças somente ocorrem quando participamos
ativamente das ações transformadoras, e para isso disponibilizamos energia criativa
para a formação de uma nova egrégora. Eu e toda a diretoria da ACAT desejamos a
sua participação para fazermos a diferença.
A ACAT, no ano de 2012 recebeu novos associados, ampliou seus limites de
relacionamentos e vislumbra novas possibilidades. Estabeleceu contato com os
coordenadores dos demais cursos de Arteterapia, que existem no Estado de Santa
Catarina, fortalecendo os elos criativos, afetivos e científicos. Estamos Crescendo!
Assim como os Bons Ventos, também mudamos de direção. Neste ano de
2012, a IV Jornada de Arteterapia e Filosofia, foi acolhida carinhosamente pela
Faculdade AVANTIS, localizada em Balneário Camboriú. Agradecemos a acolhida
calorosa da diretora da Faculdade a Profª. Isabel Regina Depiné, e também da
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na cidade de Ponta Grossa. Este crescimento de cursos por todo o Estado de Santa
Catarina demonstra que a Arteterapia é a profissão do presente e do futuro.
Como o tempo não para, a ACAT ainda tem muito a crescer, para isso
contamos com apoio e participação dos nossos associados e amigos.
Até breve!
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PALESTRAS
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Palestra 1:
Exemplos de Aplicação da Arteterapia no Tratamento Multidisciplinar
de Crianças com Bloqueio Emocional Cognitivo.
Profª. Esp. Mariel Granato.
Palestra 2:
A Arteterapia para o cuidado integral em saúde.
Profª. Ms. Karla Simone Espindola (ACAT).
Palestra 3:
Arteterapia em múltiplos espaços.
Profª. Drª. Sonia M. B. Tommasi (ACAT, ASB, CENSUPEG, Anhembi Morumbi).
Palestra 4:
Diálogo entre a Arte Contemporânea e a Expressão Social.
Profª. Ms. Rikeli Ferreira Thives Hackbarth (CENSUPEG).
Palestra 5:
A Interface entre a Música e a Arteterapia.
Profª. Ms. Ana Léa Maranhão (CENSUPEG).
Palestra 6:
Elementos da expressão artística na Respiração Holotrópica: o poder do imaginário na
terapia com estados ampliados de consciência.
Prof. PhD. Jörg Henri Saar.
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Palestra 1:
Exemplos de Aplicação da Arteterapia no Tratamento Multidisciplinar de Crianças
com Bloqueio Emocional Cognitivo.
Resumo:
O presente artigo apresenta dois dos principais casos indicados para inserção no
processo arteterapêutico pelos setores de Neurologia e Psicopedagogia do Centro
de Neurologia Pediátrica do Hospital de Clínicas-PR (CENEP) no ano de 2013.
Trata-se do caso de duas crianças, sendo uma menina de 12 anos e um menino de
10 anos. Em ambos os casos as crianças apresentavam características de bloqueio
emocional cognitivo. Participaram de acompanhamento multidisciplinar pela equipe
da Neurologia, Psicopedagogia e Arteterapia. Todos os acompanhamentos foram
realizados uma vez por semana em sessões com duração de 30 minutos em cada
especialidade. Com relação ao acompanhamento em Arteterapia foram aplicadas
técnicas expressivas, tais como pintura, recorte e colagem, construção com
materiais de sucata, desenho, modelagem, escrita criativa, fantoches, máscaras,
tecelagem, entre outras. As práticas arteterapêuticas auxiliaram nesta situação como
terapia complementar aos tratamentos neurológico e psicopedagógico, observando-
se no decorrer desses acompanhamentos uma melhora tanto da estrutura emocional
quanto da dificuldade cognitiva apresentadas inicialmente pelas duas crianças.
Introdução:
Este artigo tem como objetivo apresentar dois casos que foram
acompanhados pela equipe multidisciplinar do CENEP – Centro de Neurologia
Pediátrica do Hospital de Clínicas de Curitiba. Esta equipe foi composta por
1
Arteterapeuta; Professora do Ensino Fundamental, Médio e Superior formada em Artes Visuais
Unespar/FAP-PR; Especialista em História da Arte Espanhola Palma de Mallorca, Espanha;
Especialista em Literatura Infantil e Juvenil PUC-PR; Especialista em Metodologia do Ensino Superior
PUC-PR; Especialista em Ensino Religioso Escolar PUC-PR; autora de Metodologia do Ensino da
História da Arte para Crianças na Oficina de Arte Abyara, Curitiba-PR; Arte Educadora; Arteterapeuta
em clínica particular e em voluntariado no Centro de Neurologia Pediátrica do Hospital de Clínicas
(CENEP), Curitiba-PR. marielgranato@lza.com.br
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Referencial Teórico:
A Arteterapia em suas possibilidades de composição promove sentimentos e
fantasias através de suas variadas práticas expressivas, possibilitando ao cliente
oportunidade para desenvolver sua auto expressão e, por meio dela, vir a se
perceber melhor. Segundo Angela Philippini (2009, p. 18):
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A forma de pensar, que junto com o sistema de conceito nos foi imposta pelo meio que
nos rodeia, inclui também nossos sentimentos. Não sentimos simplesmente: o
sentimento é percebido por nós sob a forma de ciúme, cólera, ultraje, ofensa. Se
dizemos que desprezamos alguém, o fato de nomear os sentimentos faz com que estes
variem, já que mantêm certa relação com nossos pensamentos.
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Estudos de casos
Caso 1
Menina denominada de “V”, de 12 anos, residente na cidade de Canoinhas-
SC, a qual já vinha recebendo acompanhamento neurológico e psicopedagógico no
CENEP há dois anos.
Em seu laudo de início de atendimento neurológico registravam-se as
características de somatização com dores nas pernas, onifagia e ansiedade
generalizada, com prescrição do uso do medicamento sertralina 60 mg uma vez ao
dia.
Em seu laudo de atendimento psicopedagógico constava que “V” cursava o
sexto ano do Ensino Fundamental II e apresentava disgrafia, déficit de atenção e
baixo rendimento escolar. Percebeu-se influência de fatores de ordem emocional
influenciando no seu processo de aprendizagem.
Ao iniciar o acompanhamento arteterapêutico, foram observadas as situações
de sobrepeso, autoestima comprometida, desânimo com relação à aprendizagem
gerando baixo rendimento escolar. A situação emocional de “V” encontrava-se
abalada em função da morte de sua irmã mais velha de 17anos, ocorrida há um ano,
em razão de distrofia genética. Após este fato, “V” começou a sentir medo quanto a
acidentes com familiares, aumentou sua sensação de apetite, mordia roupas e
móveis. “V” tinha ainda dois outros irmãos mais velhos de 19 e 29 anos.
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com boca vermelha e adornos no pescoço, além de olhos bem trabalhados com
pintura. No outro pé, desenhou marcas sinuosas nas cores verde e preta.
Na última sessão arteterapêutica do ano a proposta de atividade foi baseada
no tema “Desejos para 2014”. “V” então desenhou uma nave espacial com muitos
recortes de figuras de pessoas retiradas de revistas, carros, um navio e várias
mulheres vestidas de sambistas de escolas de samba. Completou a sessão
comentando que gostaria de muita alegria e diversão, além de poder viajar no ano
de 2014.
Em sua última sessão no acompanhamento psicopedagógico, foi proposto
que “V” comentasse escrevendo sobre sua experiência em seus acompanhamentos.
Assim, “V” escreveu um pequeno texto onde relata a importância destes
acompanhamentos em seu momento de vida, agradecendo às profissionais que a
atenderam e finalizou a atividade ilustrando com desenho as duas etapas de sua
vida, antes e depois da Arteterapia. Na primeira etapa antes do processo
arteterapêutico, ilustrou uma árvore seca com folhas caindo ao chão, linhas
representando o vento e a própria “V” em pé ao lado de um banco de jardim, com
expressão de tristeza no rosto. Não coloriu este desenho e escreveu a frase “Sem
Arteterapia, só no mundo”. No outro desenho, representando a etapa onde já
participava do acompanhamento arteterapêutico, “V” retratou o mesmo desenho,
agora totalmente colorido. A árvore estava copada e repleta de frutos, sem folhas
secas caindo ao chão, e sim os frutos da árvore. Sem representação do vento,
contendo pássaros voando e a ela mesma ao lado do mesmo banco, colocado sobre
ele um aparelho de som e “V” com expressão de alegria com a escrita da frase:
“Com a Arteterapia”. Esta representação espontânea foi extremamente significativa
como mostra de sua melhora quanto ao seu equilíbrio emocional e de como sua
experiência vivenciada no processo arteterapêutico foi marcante positivamente em
sua vida.
Caso 2:
O presente caso é de um menino com idade de 10 anos, neste artigo
denominado de “E”, residente na cidade de Colombo, região metropolitana de
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personagem em vermelho, disse que era seu irmão mais velho, marcou com um
círculo preenchido de preto na região equivalente ao umbigo neste personagem
como sendo o local dos seus super poderes. Na parte de cima da folha pintou a
folha de ponta a ponta um céu na cor preta, disse novamente de forma espontânea
que representava chuva com tempestade.
Além desses personagens, ainda desenhou outro boneco em estilo palito
pintado de verde ao lado esquerdo da folha. Ao redor deste personagem havia
muitas marcas vermelhas representando sangue, porque este boneco havia sido
abatido por outro boneco ainda desenhado perto deste e pintado de vermelho. “E”
comentou que o boneco de vermelho era o “homem de ferro” que eliminou o boneco
de palito verde porque este verde “era do mal”. Ainda com a mesma temática, na
sessão seguinte, realizou-se em papel sulfite A4, numa mandala circular dividida em
quatro partes, o desenho de si mesmo novamente pintado de verde com um círculo
preto na região do umbigo. Na finalização desta atividade, “E” desenha um prédio
“pegando fogo” dizendo ter gostado disso. Nesta sessão, “E” está
surpreendentemente mais falante e interativo com o grupo.
Na sequência, com o tema “Máscara dos Super poderes”, foi proposto o
manuseio de materiais como máscara industrializada em papel machê, giz de cera,
papéis coloridos de diversas texturas aplicando técnicas de desenho, pintura, recorte
e colagem. “E” iniciou desenhando o nariz da máscara em vermelho. Então, pela
primeira vez, foi espontâneo ao colocar a máscara e imitou uma voz sendo a voz de
um personagem. Em seguida, pintou com intensidade a região da testa da máscara,
dizendo que seu poder era o de “apagar o fogo”.
Na próxima sessão, foi proposto o preenchimento com areia colorida de uma
mandala previamente desenhada. “E”, nesta atividade, preencheu parte de sua
mandala e demonstrou estar mais decidido nas escolhas das cores e em como
preencher os espaços. Algumas atividades não puderam ser finalizadas
integralmente em função do tempo da sessão.
Mais uma vez houve ausência de “E” nas sessões do mês de julho, desta vez
por motivo de férias. Na sessão de seu retorno no mês de agosto, foi apresentado o
tema “Eu e meu Mundo”. Atividade proposta em prato de papelão com desenho em
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lápis de cor, canetinha hidrocor e giz de cera. “E” desenhou um círculo no centro do
prato em preto. Dentro deste, se retratou numa figura muito pequena na base inferior
do círculo. Desenhou vários pontilhados saindo deste círculo e pela primeira vez
escreveu de forma espontânea as palavras bola, bicicleta e videogame ao redor do
círculo. Disse que “soltou a pipa no mundo” referindo-se aos pontilhados coloridos
da composição.
Na sequência, realizou-se a atividade do contorno do próprio corpo. Esta
atividade foi elaborada com auxílio da arteterapeuta em folha de papel kraft, usando-
se giz de cera, figuras de revista, cola líquida, tesoura e canetinha hidrocor. “E”
desenhou em seu contorno pequenos dedos nas mãos, desenhou grandes olhos
abertos com grandes cílios. A boca também foi desenhada em tamanho grande, com
representações dos dentes. O corpo foi dividido ao meio e foi preenchido com
recortes colados sobrepostos sempre representando imagens de alimentos. É
importante ressaltar que nesta sessão em especial “E” está falante e até assoviou
por diversas vezes no decorrer da atividade, além de ter estado concentrado e ter
dito que gostou muito de “fazer ele mesmo”.
Na continuidade das sessões, “E”, ainda no mês de setembro, apresentou-se
falante durante todas as sessões. Já estava bem mais concentrado e tranquilo na
elaboração das atividades, em especial quando utilizou a argila como material
proposto. Além disso, pediu para utilizar palitos de diferentes tamanhos e
espessuras para ajudar em sua modelagem em argila. Representou uma cabeça
com boca, dentes, dois olhos e vários palitos quebrados como se fossem os cabelos
da cabeça modelada. Na sessão seguinte, “E” pintou sua modelagem em argila
apresentando-se envolvido e satisfeito em estar trabalhando a atividade. Comentou
alegremente sobre a mudança de cores na água ao limpar o pincel nos intervalos de
troca de cores das tintas. No final desta sessão, a mãe de “E” comentou com a
arteterapeuta o quanto “E” gostava das sessões de Arteterapia e que sentia muita
falta das mesmas quando necessitava ausentar-se.
Continuando alegre e participativo, “E” realizou a atividade do jogo da
memória, quando conseguiu com rapidez surpreendente formar 16 pares de um total
de 20 pares do jogo na primeira etapa, num tempo aproximado de 10 minutos. Na
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segunda etapa, ele formou 8 pares. Este momento foi compartilhado com “E”
juntamente com outro participante do grupo, ambos com a mesma idade. Observou-
se que “E” demonstrava expectativa em juntar os pares, porém, com sua ansiedade
bem controlada. Nesta sessão, ficou evidente a sua melhora quanto aos quadros de
estrutura emocional e autoestima. Na sequência de atividades de jogos na próxima
sessão, “E” participou do jogo de quebra-cabeças, onde se apresentou lento com
certa dificuldade no encaixe das peças no decorrer da montagem.
Ausentou-se no mês de outubro por motivo de tratamento de pneumonia. Em
novembro retomou as sessões. Apresentou-se no início um pouco mais silencioso
que nas sessões anteriores. Trabalhou modelagem com material chamado de
“amoeba”. Brincou de esticar o material e observou por longo tempo a transparência
apresentada como resultado do manuseio. Brincou de fazer ruídos com o material
sendo colocado no pote da embalagem e se divertiu rindo com o som que conseguia
produzir ao fazer isso. No final desta sessão, “E” assoviou e brincou falando coisas
engraçadas para o grupo sobre a atividade. Sendo assim, já se apresentou mais
solto e comunicativo.
Na sequência de sessões trabalhou-se composição criativa com bolas de
isopor, lantejoulas e alfinetes de cabeça. Nestas sessões “E” criou mosaicos com
recorte e colagem em material E.V.A. Pareceu sempre muito interessado em todas
as atividades. Evidenciou melhora na coordenação motora no recorte e na
montagem das peças.
No mês de dezembro, em função das férias, “E” realizou apenas uma sessão,
que teve como tema “Quadro dos Desejos para 2014”. Então, recortou e colou
diversas imagens de revistas que representavam personagens da “Disney” e de
pessoas pertencendo a torcidas de futebol em gestos de vibração com seu time.
Apresentou-se determinado e concentrado em sua atividade. Demonstrou grande
avanço na melhora de sua coordenação motora, concentração e expressividade.
Conversou e trocou ideias e recortes de figuras de revistas com seus colegas de
grupo. Não se percebia mais sentimento de tristeza em sua fisionomia. Encerrou as
sessões do ano de 2013 demonstrando maior autonomia em seu fazer expressivo,
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Mundo e que agora gostava de brincar de correr porque não se cansava mais e nem
tinha mais falta de ar. Terminou a sessão sorrindo e dando um abraço em seus
colegas de grupo. Atualmente “E” está cursando o terceiro ano do Ensino
Fundamental.
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Conclusão:
Neste estudo a Arteterapia atuou como tratamento complementar, tendo
adquirido importante função no processo de estruturação emocional das crianças do
grupo de atendimento multidisciplinar citadas neste artigo.
Quanto aos aspectos considerados fundamentais especialmente no trâmite do
acompanhamento arteterapêutico, enfatizamos a questão do bloqueio emocional
apresentado pela clientela. Havia a preocupação maior em conduzir o processo
oferecendo materiais e técnicas artísticas, as quais contribuíssem de forma mais
objetiva a retomada da estruturação emocional. Acreditou-se que por meio desta
estruturação se pudesse alcançar um desbloqueio, abrindo caminhos para o
desenvolvimento cognitivo da aprendizagem escolar.
Desta forma, considerando a cognição como ato ou processo de aquisição de
conhecimento, resultando em aprendizagem, por meio da percepção, atenção,
imaginação, pensamento e linguagem, dentre outros, podemos assim afirmar que
encontramos estes mesmos canais pertencendo às práticas arteterapêuticas
aplicadas nos casos aqui apresentados.
Referências:
BALLONE, Geraldo José. Dificuldades de aprendizagem. Disponível em:
<http://www.psiqweb.med.br>.Acesso em: 18 jun. 2005.
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Anexo A
Tabela 1:
Técnicas aplicadas e mudanças comportamentais observadas – ano 2013 – Caso 1 = “V” Caso 2 =
“E”
Técnicas Casos Abril Maio Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
E - Fala
espontaneamente.
Recorte/Colagem V/E
Interativo c/ o
grupo.
Desenho Giz de
V/E
Cera
Desenho Lápis
V/E
de Cor
V – Superação
da ansiedade.
Aumento da
autoestima,
Desenho em sem sintomas
V/E
Papel Camurça de onifagia.
Mais risonha.
Emagreceu em
torno de 12
quilos.
V – Diminuição da
ansiedade. Mais
Construção foco e
Palitos de V/E envolvimento.
Madeira E – Comentários
sobre sua
produção.
Construção com
Caixas de V/E
Papelão
Mandalas com E – Escrita
Desenho e V/E espontânea
Pintura na atividade.
Mandalas em
E
Tear
V – Menos
ansiedade
e maior
cuidado
Máscaras em
V/E pessoal.
Papel
Diminui o
desejo de
possuir
coisas.
Texto Coletivo
V
com Improviso
E – Determinado e
concentrado. Melhora
na coordenação
motora. Conversa e
troca ideias com o
grupo. Sem fisionomia
Quadro dos de tristeza.
V/E
Desejos V – Sem traços de
ansiedade,
autoestima
equilibrada, melhora
no rendimento
escolar. Finaliza os
acompanhamentos.
Máscara
V/E
Industrializada
Mosaico em
E
E.V.A
Moldes Vazados V/E
V – Maior
interesse nos
estudos.
Colagem com
V/E Melhora da
Areia Colorida
Disgrafia e
Déficit de
atenção.
E – Falante e
assoviando
Contorno do
V/E na sessão.
Corpo em Kraft
Envolvido no
seu fazer.
Modelagem em V/E V – Comenta
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Anexo B
Tabela 2:
Técnicas aplicadas e mudanças comportamentais observadas - ano 2014 – Caso2 = “E”
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Palestra 2:
A Arteterapia para o cuidado integral em saúde
Profª. Ms. Karla Simone da Silva Espindola (ACAT)
Resumo:
O presente artigo apresenta um estudo de caso, o qual foi o resultado de uma
pesquisa teórico-prática intitulada, A percepção da mulher mastectomizada sobre a
arteterapia no cuidado à saúde integral, que objetivava compreender a percepção da
mulher mastectomizada sobre a Arteterapia no cuidado à saúde integral.
Desenvolvida para a conclusão do curso de Mestrado em Saúde e Gestão do
Trabalho da UNIVALI. Ocorreu na Unidade de Saúde Familiar e Comunitária da
UNIVALI, em Itajaí/SC, dentro do Projeto Mãos de Vida, o qual visa humanizar o
atendimento de pessoas portadoras do câncer de mama, desenvolvendo práticas
integrativas, dentro de uma abordagem transdisciplinar. A pesquisa foi
fundamentada na fenomenologia existencialista em Frankl, na psicologia analítica
em Jung, na teoria da auto poiése em Maturana. As participantes da pesquisa eram
integrantes do projeto Mãos de Vida e foram escolhidas pelos prontuários médicos.
O caso AN foi uma das mulheres mastectomizadas que integrou a pesquisa,
participando das dez vivências de arteterapia, estruturadas dentro da metodologia
do Protocolo ArTCISaP (Arteterapia para o Cuidado Integral à Saúde de Pessoas
com câncer de mama). Uma Tecnologia Social desenvolvida a partir dos resultados
relevantes desse processo arteterapêutico, vivenciado pelas participantes da
pesquisa. O processo arteterapêutico de AN teve como resultado a elevação da
autoestima, o desenvolvimento de sua autoafirmação, autonomia e independência, o
despertar de sua sexualidade e vaidade feminina, o retorno ao convívio social,
desde o pessoal até ao trabalho, o resgate da vida sexual com seu marido e
companheiro, a aceitação da autoimagem, a compreensão e tranquilidade para
vivenciar as fases do tratamento, a tomada de consciência e o despertar para um
novo estilo de vida mais saudável, a partir da compreensão do seu sentido de estar
vivendo.
Introdução:
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percepções e reações diante do desafio de conviver com sua nova imagem de corpo
mutilado. Segundo Wanderley (1994), muitas dessas mulheres relatam se achar
sexualmente repulsivas, outras têm episódios de ansiedade e depressão, medo de
rejeição, sentimento de inferioridade, vergonha do próprio corpo. Por isso, a
aquisição de habilidades de enfretamento, específicas para cada contexto, é
fundamental para a saúde integral da mulher mastectomizada.
A mutilação sofrida por elas é de uma parte do corpo, a mama, que simboliza
a feminilidade e a maternidade da mulher, e, por isso, para a maioria delas é um
processo muito doloroso e complexo.
O seio tem relação com o princípio feminino [...] O seio é sobretudo símbolo de
maternidade, de suavidade, de segurança, de recursos. Ligado à fecundidade e
ao leite – o primeiro alimento – é associado às imagens de intimidade, de
oferenda, de dádiva e de refúgio (CHEVALIER; GHEERBRANT, 2007, p. 809).
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Metodologia:
A pesquisa foi qualitativa, teórico-prática, ocorreu na Unidade de Saúde
Familiar e Comunitária da UNIVALI, em Itajaí/SC, dentro do Projeto Mãos de Vida
que visa humanizar o atendimento de pessoas portadoras do câncer de mama,
desenvolvendo práticas integrativas, dentro de uma abordagem transdisciplinar.
A pesquisa prática desenvolveu-se desde uma abordagem fenomenológica
existencialista em Frankl; com a psicologia analítica em Jung, para a leitura
hermenêutica-fenomenológica dos símbolos criados no processo arteterapêutico;
bem como, com a teoria da autopoiése em Maturana, para compreender o processo
de auto-organização das mulheres participantes nas vivências com a Arteterapia.
O processo arteterapêutico desenvolveu-se por meio de 10 oficinas de
arteterapia, com duas horas de duração e uma amostra de duas mulheres
mastectomizadas, com idades entre 30 e 55 anos. Ambas frequentadoras do projeto
de extensão suprecitado. Elas foram escolhidas pelos prontuários médicos daquela
unidade de saúde.
A metodologia da pesquisa resultou numa Tecnologia Social, com um
protocolo denominado ArTCISaP – Ateterapia no Cuidado Integral à Saúde de
Pessoas com câncer de mama, possibilitando o processo arteterapêutico desse
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estudo de caso, dinamizado por diversas linguagens artísticas como: música, dança,
contos de fadas, dramatização, pintura.
Fundamentação teoria:
Compreendendo o caso NA:
AN tinha 41 anos de idade, natural do Rio Grande do Sul, perdeu seus pais
em acidente de moto aos 22 anos de idade, tem um irmão mais velho e três mais
novos, todos morando no Rio Grande do Sul. AN reside em Itapema com seu
segundo marido, não tem filhos. Fazia pouco mais de um ano que fora diagnosticada
com o câncer de mama triplo-negativo. Fez mastectomia na mama direita e
tratamento com quimioterapia.
Atualmente, fazia fisioterapia na clínica da Univali e estava aguardando o
resultado da perícia para decidir, se voltava ao trabalho. Antes do tratamento do
câncer, trabalhava no setor administrativo de um posto de gasolina da cidade em
que residia.
“O patinho feio” foi o primeiro conto utilizado na oficina de arteterapia para
trabalhar o tema “quem sou eu?”
AN deixou claro em suas falas a tensão e a dualidade de seus sentimentos
em decorrência da experiência da mastectomia, com relação à curiosidade das
pessoas pela falta de sua mama direita, e, o seu sentimento dúbio entre não se
importar com tal atitude das pessoas, e, em se sentir agredida diante de tal fato. “O
certo é que aquilo de que o homem realmente precisa, não é de um estado isento de
toda e qualquer tensão, senão de uma certa tensão, uma sadia dose de tensão, -
aquela doseada tensão que lhe provocam no ser exigências e solicitações de um
sentido. “ (FRANKL, 2010, p. 105).
Essa dualidade expressou-se em suas falas e na sua pintura criada nessa
oficina, demonstrando tensão na aceitação de sua nova autoimagem, ou seja, seu
corpo sem a mama direita. Ora ela dizia que se aceitava assim, ora comentava
sobre a resistência em se olhar no espelho depois da mutilação.
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Dessa forma, pôde refletir profundamente sobre seu antigo estilo de vida, em
que o seu ser mais profundo, não era considerado. Trabalhava muito e tinha um
ritmo automatizado e acelerado, como uma máquina programada. Subtraia de seu
cotidiano momentos de lazer, descanso, e, portanto, a alegria e o prazer de viver. O
espírito para Dittrich (2010, p. 83): “Su estructura es un campo de energia cuántica,
que permite una organización celular que se auto-crea. En ella existe una
organización vital-cognitiva que dinamiza todos los processos emocionales y
racionales inseparablemente”.
A organização autopoiética, segundo Maturana (1997), é o processo em que
os seres vivos se autoproduzem a si próprios de modo contínuo, numa rede de
interações dinâmicas, desde a organização bio-fisiológica, psicológica, sua
dimensão espiritual até o meio em que pertence. Justamente o fenômeno da
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concluir para o bem, pois seus sentimentos e emoções conflitantes, nada mais eram
que o início de uma mudança criativa em sua vida, fenômeno que foi se
desenrolando no decorrer de seu processo arteterapêutico e acredita-se que
ocorrerá ao longo de sua vida.
AN na terceira oficina de arteterapia já demonstrava alguns avanços, estava
alegre, mais feminina e vaidosa e ela mesma comentava essa mudança, a qual
também se manifestava em suas pinturas. Isso significava que o processo
arteterapêutico estava atingindo também seu objetivo de fazer aflorar a criatividade,
elevar sua autoestima, sua autoafirmação como mulher.
Outro aspecto importante dessa oficina a ser citado é que AN, naquela
semana, saiu sozinha, dirigindo o seu carro para a inauguração da loja de uma
amiga, afirmando que há dias atrás não iria sozinha e se privaria de prestigiar o
evento de uma querida amiga.
Além disso, comentou durante as vivências arteterapêuticas sobre sua
energia sexual, que estava despertando novamente. Contou que durante o
tratamento do câncer de mama, ela e seu companheiro criaram um vínculo forte de
cuidado, mas a atração sexual ficou enfraquecida entre os dois.
Percebia-se nos comentários e significações sobre suas vivências no
processo arteterapêutico, que AN já desejava um sentido maior para sua vida, ou
seja, re-significá-la nesse novo momento. Inclusive voltou a fazer seus artesanatos e
sentiu vontade de vendê-los. Algo realmente muito positivo nesse processo, o qual
se mostrava evoluindo a cada oficina. Também vale dizer que, a maioria de seus
artesanatos tem o tema “boneca”, que ela simbolizava como o sentido para viver.
Símbolo este pintado na nessa oficina. “A liberdade da vontade do ser humano é,
portanto, a liberdade “de” ser impulsionado “para” ser responsável, para ter
consciência”. (FRANKL, 2004, p.40).
O processo arteterapêutico entende o ser humano como um ser biológico e
psicológico, que em sua inteireza com sua base espiritual, possui a liberdade de dar
sentido à sua vida e a si mesmo. Fazendo suas escolhas de acordo com seu nível
de consciência. Porém, somente pela consciência se torna um ser responsável, e,
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por meio dela, sente a necessidade e vontade de dar sentido à sua vida, àquilo que
faz e ao mundo em que vive.
As oficinas de arteterapia proporcionaram momentos de reflexões para ela.
De tal maneira que o fenômeno criativo manifestado no processo, possibilitou o
desenvolvimento de sua consciência sobre si mesma. Desde suas percepções
sobre os seus trabalhos até o seu autoconhecimento, o qual ia conquistando pouco
a pouco. Dessa forma, AN tornou-se mais autêntica, mais útil, mais feliz e mais
consciente de suas responsabilidades e de sua “missão” na vida.
Na quarta oficina de arteterapia trabalhou-se o conto de Vasalisa e AN
conversava sobre o quanto o conto esteve em seu pensamento a semana inteira;
disse que a arteterapia estava melhorando sua autoestima e sua sexualidade.
Estava se sentindo mais feminina, mais vaidosa e pensando em sua relação com o
marido, desejando-o sexualmente, algo que há muito tempo estava adormecido.
Afirmou que antes da Arteterapia se sentia num casulo e que agora se sentia uma
nova mulher e completou dizendo:
Sou uma nova mulher, despertando para a vida cheia de cores, sons, aromas,
uma borboleta colorida que está rompendo o seu casulo. Com a arteterapia
estou evoluindo meu lado feminino que estava adormecido. Cozinhando pratos
diferentes, pintei algumas paredes do apartamento para me sentir melhor em
minha casa, expus a minha porcelana e pintei meu armário de branco. Me sinto
em casa. (sic)
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reconhecendo o amor entre os dois. Afirmou grande desejo em lutar pelo amor e
pelo relacionamento com ele. Resgatando-o como homem e não somente como um
companheiro amigo e cuidador.
As vivências feitas por meio das contações das histórias, reflexões,
dramatizações, danças, pinturas, o próprio contato com as cores, sons, aromas
sensações e percepções trabalhadas no processo arteterapêutico, acompanhadas
de suas significações e compreensões, favoreceram o desenvolvimento da
consciência em dar-lhes “sentido”. Pelo processo criativo despertou-se para o
“Criador”, o “Si-mesmo”, acessando sua base espiritual profunda de “ser”, dentro de
si e por si. Tudo isso resultou na transformação de AN para uma nova mulher, mais
criativa, mais feminina, mais madura e sensual.
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Também aqui nesta sexta oficina quando afirmou “eu devo resgatar nós dois.
Estou indo fundo no sentimento para fazer este resgate.” (sic); ela estava se
referindo ao aspecto sexual do relacionamento, pois a cumplicidade e o
companheirismo já vinham ocorrendo entre os dois.
A mastectomia é a mutilação da mama, a qual representa a feminilidade,
como também a sensualidade feminina, uma parte da mulher extremamente
valorizada sexualmente e esteticamente nas sociedades em geral. Além disso, tem o
seu poder de nutrir a vida, por meio da amamentação. Logo, é natural que o
relacionamento sexual entre o casal sofresse algumas alterações, visto que a
maioria das mulheres se sente insegura nessa situação, e, seus companheiros,
muitas vezes, sentem-se despreparados diante dessa situação.
No caso de AN ficou clara a sua insegurança quando confessou seu medo de
ser abandonada pelo marido. Segue seu comentário feito na quinta oficina
anteriormente discutida: “Grande parte das mulheres pensa que serão abandonadas
depois que descobrem o câncer de mama.” (sic)
E continuou falando sobre o assunto: “Talvez pelo pouco tempo que
estávamos juntos. E no fim foi o contrário, ele foi meu cúmplice, ele inclusive raspou
o cabelo dele quando fiz a quimio.” (sic)
No início de seu comentário sobre a insegurança de ser mastectomizada falou
de uma forma geral, reportando-se ao sentimento da maioria das mulheres; por
último assume esse sentimento de insegurança, que sentiu quando teve que fazer a
retirada de sua mama direita.
Consequentemente, a arteterapia também contribuiu para que AN se sentisse
mais segura de sua sedução feminina, mesmo depois da retirada de uma das
mamas. Ela mostrava-se pronta para reconquistar e seduzir seu marido
sexualmente. Era uma nova mulher renascendo para a vida.
A arteterapia por proporcionar a escuta e a expressão criativa-simbólica, a
reflexão, significação e ressignificação desses processos subjetivos das mulheres
que são diagnosticadas com o câncer de mama, é uma grande aliada da medicina
no que diz respeito a um trabalho transdisciplinar no cuidado integral.
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Na sétima oficina AN pintou uma imagem em que ela estava dançando alegre
com um lenço. A alegria era expressa por seu largo sorriso e pela própria dança. AN
no começo do processo arteterapêutico comentou que ficou um pouco tímida em
movimentar o corpo, mas, aos poucos, no decorrer das várias oficinas de
arteterapia, foi se soltando, adquirindo mais flexibilidade em seus movimentos,
dentro de suas possibilidades corporais do momento.
A dança também auxiliou na evolução de sua autoestima feminina, no início
do processo seu corpo era mais rígido.
Esta expressão criativa, pelo movimento físico, esta linguagem não verbal é uma
metáfora, uma representação da dinâmica intra-psíquica da personalidade. [...].
Esta terapia proporciona ao indivíduo contato com níveis mais profundos do seu
próprio ser ao possibilitar a conscientização pelo movimento. (ANDRADE, 2000,
p.145).
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2
É um processo de interpretação de textos sagrados ou literários, orais ou da vida cotidiana,
relacionais ou existenciais, privilegiando o grupo e/ou indivíduo como lugar de interpretação e
vivência desses textos; trabalhando corpo, alma, espírito, a criatividade e toda corporeidade.
(ROESE, 2007)
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ser impulsionado “para” ser responsável, para ter consciência”. (FRANKL, 2004,
p.40).
Portanto, refletir e ter consciência de si mesmo e de sua situação no mundo,
resignificando a sua própria história, o ser humano se libera de estagiar na dor, no
rancor, na raiva, na mágoa e em outros sentimentos que lhe fazem mal.
A partir dessa ressignificação ele adquiriu a ‘liberdade da vontade’, como
afirmava Frankl (1995), sendo responsável por si e por sua vida, deixando de ser
uma marionete na mão desses conteúdos inconscientes, abandonando a forma
impulsiva de reagir e agir.
Esses conteúdos inconscientes são energias psíquicas poderosas, destrutivas
quando apenas reprimidos e não conscientizados. O que Jung designou de
“sombra”. “A sombra não consiste apenas de omissões. Apresenta-se muitas vezes
como um ato impulsivo ou inadvertido.” (JUNG, 1977, p. 169).
Sendo assim, o fato de AN associar a vida dos personagens e o enredo do
conto à sua própria vida e história, revivendo-os indiretamente, permitiu a
conscientização dos mesmos, com novos significados. Porque sem a tensão intensa
do momento, conseguia perceber também novos sentidos, que se reverteram em
mais maturidade e autonomia, o que a beneficiaria em outras situações similares
que lhe desencadeiam esses mesmos sentimentos.
Eu ao saber do câncer vi que tinha que encarar e resolvi encarar com bom
humor, claro passei por sofrimentos fiquei no casulo, hoje estou bem, mas não
quero atropelar nada, me controlo. As pessoas percebem que já sou outra.
Quero ir devagar com meu relacionamento com JU (codinome de seu marido),
ele foi meu cúmplice, me deu muito carinho até agora cuidando de mim,
mas não devo nada pra ele, porque é uma troca, também faço bem pra ele.
Vamos viajar dia 29 de julho provavelmente para Argentina. Lá pra janeiro do
ano que vem vou fazer a reconstrução de minha mama e ao meu trabalho não
sei se volto depois da perícia, vai depender deles me aceitarem e de eu aceitar o
horário, ou se mudo de emprego. Já estou fazendo, ajudando a fazer algumas
impugnações naquele trabalho da ONG. (sic, grifos do autor)
Concluiu dizendo: “Jamais vou voltar a ser a “maquininha” de antes! Sou uma
nova mulher!” (sic, grifos do autor).
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Considerações finais:
A Arteterapia para o caso AN possibilitou vivências de cuidado integral em
saúde pela criatividade e a busca de sentido em cada momento, em cada palavra,
nos movimentos e expressões corporais, nas imagens pictóricas, nas ideias,
intuições e percepções que essas vivências proporcionaram-na.
Assim, AN sentindo-se acolhida amorosamente, respeitada em seus
desabafos e reflexões, pôde entrar em contato íntimo consigo mesma e com suas
experiências de vida. Transformando-se num processo contínuo de evolução e
crescimento. Aceitando sua nova imagem mutilada. Contudo, resgatando a sua
beleza e sensualidade feminina. Tornando-se mais vaidosa, mas, primando por sua
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63
Referências:
ANDRADE, Liomar Quinto de. Terapias expressivas. São Paulo: Vetor, 2000.
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64
ESTÉS, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos. Mitos e histórias
do arquétipo da mulher selvagem. Tradução: Waldéa Barcellos. Rio de Janeiro:
Rocco, 1994.
JUNG, C.G.; FRANZ, M-L Von. O homem e seus símbolos. Tradução: Maria Lúcia
Pinho. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977.
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65
Palestra 3:
Arteterapia em múltiplos espaços.
Resumo:
A pesquisa sobre o tema Arteterapia em múltiplos espaços foi de campo e
explicativa, para dar início ao mapeamento dos espaços de atuação do profissional
Arteterapeuta. A arte e suas funções terapêuticas é muito conhecida no Brasil e em
outros países. No Brasil, Osório Cesar e Nise da Silveira dois psiquiatras, tornaram-
se conhecidos nacional e internacionalmente por utilizarem a arte em hospitais
psiquiátricos. Durante os últimos 30 anos, a Arteterapia ganhou espaço e se
estruturou concreta e significativamente nas áreas da saúde, educação e social,
atuante de forma expressiva em CAPS, CREAS, CRAS entre outros. Tendo objeto
de estudo o ser humano a Arteterapia têm um vasto campo de atuação. Sendo
assim, a Arteterapia, em processo de desenvolvimento aponta possibilidades às
necessidades atuais da sociedade, que vive sob a pressão estressante da vida
cotidiana, a qual dificulta a qualidade de vida e o bem estar pessoal, familiar, social e
profissional. Expandiu sua área de atuação inicial da saúde (estando atualmente
inserida da atenção básica ao atendimento especializado) para a educação e
relações sociais, e já se encontra inserida em escolas, creches, presídios, ONGS,
OSCIPS, associações e instituições de apoio, recuperação de dependentes
químicos e seus familiares. Vem desenvolvendo também trabalho em empresas. A
Arteterapia entende o ser humano de forma integral, eco-bio-psico-físico-social e
espiritual, diferenciando-se das demais profissões por ter características
multidisciplinar e interdisciplinar. Abarca conhecimento especializado sobre a esfera
psíquica, criativa e simbólica do ser humano, o que determina o saber e a absorção
dos profissionais da Arteterapia no mercado de trabalho. Requisitos que constituem
elementos essenciais para a organização e consolidação de uma categoria,
posicionando-se no âmbito da competição interprofissional e garantindo-lhe a
identidade como profissão.
3
Psicóloga clínica e educacional. Doutora em Ciências da Religião. Mestre em Psicologia da Saúde,
Especialização em Musicoterapia e em Psicologia Analítica, Arteterapia. Escritora. Docente em
cursos de pós-graduação de Arteterapia, psicologia analítica, psicossomática, gerontologia.
Presidente fundadora da Oscip Arte Sem Barreiras. Org. da coleção Anima Mundi, Vetor ed. Autora e
Org. de livros em Arteterapia, Autora do livro: Arte Terapia e Loucura, Revisitando a Ética com
Múltiplos Olhares, Origami em Educação e Arteterapia, Ed. Paulinas. Envelhecendo com sabedoria,
ed. Paulinas. Arteterapeuta um cuidador da psique (org). Vetor. Pensando a Arteterapia com Arte
Ciência Espiritualidade. Vetor. Presidente da ACAT Membro do Conselho da UBAAT- União Brasileira
das Associações de Arteterapia. http://lattes.cnpq.br/5010212588553393 (ACAT, ASB,
CENSUPEG, Anhembi Morumbi).
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Introdução:
A criatividade pode vir a representar um papel fundamental nesta redefinição
das regras de existência colocada pela sociedade contemporânea. Este artigo
pretende estimular a reflexão sobre os processos criativos que podem ser
desenvolvidos dentro dos múltiplos espaços, sejam eles: sociais, educacionais,
institucionais, empresariais, da saúde e outros, não apenas para crianças, mas
dando continuidade no período da adolescência, juventude, adulto e velhice. Ao
mesmo tempo fortalecer a ideia de que a saúde psíquica depende da vazão da
energia psíquica criativa. A qual foi reprimida durante anos de nossas vidas, e por
isso sofremos consequências, tais como o estresse, pânico, mau humor, insônia e
outros.
Não se pode perder de vista que o processo criativo não é apenas uma
questão individual, mas não deixa de ser questão do individuo. E cada ser humano é
indivisível em sua personalidade e na combinação de suas potencialidades. Saber
respeitar a forma de interagir do outro com o mundo é primordial para a saúde
psíquica individual e coletiva.
A arte nasceu com o ser humano, lhe deu a consciência de sua capacidade
criadora, da possibilidade de interpretar, de imaginar e de atuar sobre o mundo.
Graças a arte o ser humano elevou-se, compreendeu-se e se religou ao Divino. Ao
criar o ser humano redireciona o seu olhar sobre o Outro (mundo). É a partir deste
novo olhar que se desenvolve o autoconhecimento. Pois ao reconhecer o Outro
toma conhecimento sobre si. O Outro dá parâmetros para o Eu, tomar consciência
de si.
Jung desvela a essência da alma humana quando afirmar que dentro do ser
humano existe a necessidade de criar. Por ser uma necessidade intrínseca, não há
diferença no ato de criar entre raças, culturas, sociedades e principalmente entre
sadios e doentes. A criatividade existe para todos e em todos.
As primeiras décadas do século XX foram marcadas por rupturas
significativas, com mudanças na política internacional que interferiram em vários
níveis nacionais, sociais, políticos e culturais. Os movimentos internacionais de
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Arteterapia:
A Arteterapia busca o equilíbrio psicológico, o desenvolvimento da psique
saudável, favorece o contato com conteúdos internos transformadores. Trabalha a
saúde psíquica do ser humano em sua totalidade eco-bio-psico-social-espiritual;
vendo-o dentro da vida cotidiana, analisando-o, compreendendo-o em seu do dia-a-
dia, e identificando quais as possíveis causas de estresses, de psicossomatização,
de desequilíbrio emocional diário devido ao meio ambiente, aos conflitos familiares,
sociais e profissionais. Arteterapia baseia-se em um diálogo contínuo entre ego
consciente e o inconsciente. A Arteterapia busca uma visão: filosófica, psicológica e
terapêutica, onde forças arquetípicas são dinamizadas para desenvolver o equilíbrio
e a criatividade da psique.
A vida diária tornou-se normal dentro das patologias. Alguns indivíduos que
vivem tranquilos, equilibrados, com bom humor e é cordial com os seus semelhantes
desperta curiosidade, dúvidas a seu respeito ou é considerado fora de órbita. Este
sujeito não pertence a este mundo. O indivíduo sadio, equilibrado deve ter alguma
coisa para esconder. A saúde física e mental foi banida da normalidade. Aqui a
Arteterapia auxilia a retirar as couraças, estimula o autoconhecimento e rompe as
barreiras da persona, dá coragem para enfrentar as verdades internas. Arteterapia
Possibilita a resiliência. Fortalece a autoestima. Estimula o controle dos impulsos
emocionais Desvela novos horizontes. Instala pensamentos reflexivos sobre a
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Arte e criatividade:
Este subitem trata da arte e da criatividade, dois temas que geram discussões
multidisciplinares e interdisciplinares.
Para iniciar parte de desta reflexão deve-se entender o significado da palavra
criatividade. De acordo com a raiz latina da palavra creare as palavras: criar, criação,
criador, criança e criatividade significam “tirar do nada”.
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Na raiz grega encontra-se kreas, kreator que significa carne dando origem a
creatina e sua derivada creatinina. Estas por sua vez, designam uma substância
encontrada no suco muscular, no plasma sanguíneo e na urina, tudo conduzindo ao
ato de “tirar do nada” e dar substância a algo, neste último caso a carne. Portanto,
pode-se entender que criatividade está profundamente relacionada com o seu
criador, o ser HUMANO.
Mas como a mãe natureza é mais sábia, e sua criatividade é infinita, verifica-
se que cada ser humano tem a sua maneira ímpar de criação. A qual está
diretamente relacionada à forma de ver, ouvir, degustar, tatear, respirar, sentir,
pensar, intuir o mundo ao seu redor e o seu mundo interior. O relacionamento
extrínseco e intrínseco de cada ser humano com o mundo determina o potencial
criativo único, de cada um.
Quando se fala ou se pensa em criatividade imediatamente pensa-se em arte,
acredita-se que o artista não está ligado às convenções, dogmas e instituições da
sociedade. Segundo Jung (1985, p. 102), “O artista moderno, longe de vivenciar e
sofrer em sua criação artística a expressão da destruição de sua personalidade
encontra justamente na destrutibilidade a unidade de sua personalidade artística.” O
artista tem uma expressão criativa que é resultado direto de sua liberdade de sentir
o mundo.
Para sentir o mundo devesse aprender a ‘ver e observa’, e isto todos podem
desenvolver. Portanto, todos os seres humanos são criativos. Ver significa
conhecer, perceber pela visão, alcançar com a vista os seres, as coisas, as formas,
as cores do ambiente ao redor. Mas ver não é só isso. Ao ver se está levando junto
as vivências e experiências em relação ao que vê. Pode-se desenvolver um treino
para ver, entre o objeto visto e a pessoa existe um percurso repleto de informações,
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que não são observados de imediato. Mas ao tomar consciência deste percurso
torna-se impossível não ver os elementos que ali estão.
Observar é olhar, pesquisar, detalhar, estar atento para as particularidades e
ao mesmo tempo mudar de ângulo, e relacionar as várias informações formando
uma nova ideia a respeito do objeto e percurso observado.
Ver e Observar leva a tomada de consciência do Eu e do mundo. Leva a
reflexão sobre a realidade cotidiana, possibilitando ensaios de atuação e até de
transformação sobre o meio ambiente.
A questão sobre a criatividade tornou-se eixo central das pesquisas
epistemológicas, psicológicas, pedagógicas e sociológicas. E a valorização do ser
humano criativo chegou a picos nunca antes atingidos.
Na exploração deste conceito adentra-se no campo da educação e da
psicologia. As cortinas se abrem para várias áreas de conhecimento e de
orientações teóricas que permitem constatar, de imediato, a natureza dialética e
interdisciplinar do conceito de criatividade.
Quando o ser humano começou a ser criativo? Por meio da história das
religiões, arte, antropologia e geologia foram descobertos os passos da humanidade,
e na tentativa de reconstituir a história da humanidade observa-se o processo
criativo de cada época e cultura.
A partir do momento em que o ser humano começou a ter consciência de sua
existência e a pensar sobre as coisas que via e observava fora (exógeno) dentro de
si (endógeno). Ao analisar o que sentia durante ou após ver a natureza ou seu
semelhante, ele começou a reproduzir a imagem que ficou registrada em sua
memória, desta forma deu início ao desenho, muito antes da escrita.
Há cerca de 40.000 mil anos o ser humano pintou nas paredes das cavernas
e grutas, Rodésia é a mais antiga, fica na África, em Lascaux na França, os
desenhos têm 17.000 mil anos; em Altamira na Espanha os desenhos têm 14.000
mil anos, são desenhos de animais e seres humanos dançando e caçando. O motivo
que o levou a este ato criativo não se sabe. Uma das múltiplas explicações é
relacioná-lo à magia. Aceitando essa possibilidade, o papel da arte seria o de
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O Arteterapeuta:
As pessoas que procuram os cursos de Arteterapia, geralmente o fazem
devido a um desejo profundo de auxiliar o próximo, ou de compreender o sentido da
vida. Este desejo parece um chamado divino. Ao analisá-los com um pouco mais de
atenção, transpondo a persona social, encontra-se o Cuidador e o Curador que
existe dentro de cada um.
O arquétipo do Cuidador/Curador é tão forte e numinoso que transcende a
própria pessoa, ela tem algo especial, inexplicável em palavras, mas explicável no
intuir, sentir criar e fazer, suas sensações são aguçadas e a atenção está
diretamente focada no outro que está a sua frente. São pessoas meigas dóceis, às
vezes um pouco perdidas na área da razão, porém completamente inteiras nas
áreas das emoções e sentimentos.
Os estudantes dos cursos de Arteterapia possuem formações acadêmicas
diversas, com objetivos diferentes, em sua maioria, sem conhecimento prévio do que
seja Arteterapia e suas aplicações, porém, com uma forte sensibilidade humanitária.
A pesquisa aponta a necessidade de se fortalecer os referenciais teóricos, durante o
curso, para se obter uma prática mais consciente, ética e responsável, por parte
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Referências:
ALLESSANDRINI, Cristina Dias. Pesquisas em Arteterapia no Brasil. In: Jornada
Brasileria de Arteterapia: “Arteterapia, Musicoterapia e desenvolvimento
humano, 1, 2009, Goiânia. Anais. Goiânia: FEN/UFG/ABCA, 2009. p.462-490.
Cap.4B. (ISBN: 978-85-61789-01-5).
______. (org.). Revisitando a Ética com múltiplos olhares. São Paulo. Vetor.
2006.
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Palestra 4:
Diálogo entre a Arte Contemporânea e a Expressão Social.
Resumo:
Esse estudo tem por objetivo refletir sobre as relações entre a Arte Contemporânea
e a Expressão Social, dentro do tema Desafios Contemporâneos da VI Jornada de
Arteterapia e Filosofia. Nesse artigo podemos compreender que a Arte
Contemporânea da outro sentido para a criação Artística, deixando de ser
contemplativa e passando a ser experiências interativas entre o artista e o outro.
Também se destacam os lugares que a Arte Contemporânea ocupa em relação à
cultura na atualidade. Para nossas interlocuções convidamos os seguintes autores:
Anita Prado Koneski, Lucyane de Morais, Beatriz Scigliano Carneiro entre outros que
estarão referenciados. O grande desafio desse diálogo é compreender os caminhos
da Arte Contemporânea e onde eles se cruzam com a Expressão Social.
Introdução:
A criação artística surgiu como uma necessidade do ser humano, se lembrar
dos registros pré-históricos, porém com o avanço e as descobertas do ser humano,
as artes também foram se transformando. Aqui não estamos mensurando pontos
positivos ou negativos de cada época, mas sim refletindo para compreendermos a
relação da Arte na contemporaneidade.
As obras de arte são criadas a partir do diálogo e da vivência do artista com o contexto
social, político, econômico, filosófico, em que está inserido. Sendo assim, características
que se fazem presentes no mundo contemporâneo refletem na arte, seja na postura do
artista, no conceito da arte e/ou nas características apresentadas nas diferentes
linguagens artísticas. (KUNZLER, 2005, p. 2)
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A arte aparece então pelo modo enigmático de sua presença, que não nos afeta pela
doce contemplação, mas pelo que apresenta como problema. Em tempos de destroços,
incertezas e pluralidades (...) estar diante da obra, portanto é estar diante de uma
inquietação. (KONESKI, 2012, p. 26).
Arte contemporânea:
Refletir sobre a Arte Contemporânea nos dias atuais é levar em consideração
o que diz Koneski (2012, p. 27) “Depois da grande quebra do paradigma estético
tradicional, realizado por Duchamp, com sua roda de bicicleta sobre um banquinho
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[...] o modo como se dá o conhecer na arte mostra-nos uma racionalidade não objetiva,
que nasce no mundo da vida, onde mundo e artista interpretam-se aflorando num
pensamento, feito não de palavras, e numa linguagem muda, todo o segredo do enfeixe
homem-mundo. (MERLEAUPONTY, 2006, p. 60).
4 (http://www.eliheil.org.br/por/artista/, 2014)
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Um mérito dos artistas modernos foi terem se empenhado na reconstrução dos sentidos
de arte e de humanidade, pautados por essa nova condição, terminando por redefinir
inteiramente os conceitos de arte e de artista. Cézanne, Gauguin, Van Gogh e Toulouse
Lautrec estiveram mais próximos de artistas como Pollock, Oiticica e Warhol, do que de
muitos de seus companheiros de século, como Ingres, Courbet e Delacroix. O que
diferenciava ambos os grupos era o fato de o segundo grupo ter exercido sua arte
sempre dentro da tradição, enquanto o primeiro a desenvolveu com base em outros
parâmetros, sem o respaldo de um modelo estético que viabilizasse suas obras.
(BUENO, 2010, p. 28).
Expressão social:
Agora é o momento de refletirmos sobre as questões sociais contemporâneas
“A contemporaneidade, com seu progresso tecnológico e com o crescimento da
consciência dos direitos humanos, não conseguiu evitar a tendência de
marginalização de multidões de excluídos” (BAZANELLA, 2009, p. 64).
Doenças Sociais:
Se analisarmos as raízes dessas doenças como: estresse, obesidade,
bullying, anorexia, estética, beleza física ou outras que aqui não foram citadas,
encontraremos a sociedade do controle e dos sérios, que conforme Bazanella
(2008), não quer a espontaneidade do sorriso, da vida. Tudo ao redor privilegia a
seriedade, incluindo as escolas que buscam nessa seriedade a verdade. A
insegurança vira sinônimo de medo, de vontade de controlar. Nesse caos
desaprendemos a sorrir, trocamos o sorriso sincero por uma postura de sério. “A
busca de harmonia e perfeição tem estado presente na história do mundo e ainda é
uma marca da sociedade ocidental contemporânea” (MARTINS et al, 2004, p. 970).
Torna-se possível refletir que a doença, na realidade, é uma nova norma, ou seja, uma
nova ordem vital. O estado patológico ou anormal não significa uma ausência de norma,
mas uma norma diferente. Porém o normal patológico e o normal fisiológico não são
iguais, constituindo-se em normas diferentes. A doença é uma norma de vida inferior por
ser incapaz de se transformar em outra norma. Ser sadio significa não somente ser
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normal em uma dada situação, como também ser normativo nesta e em outras
situações, ou seja, ser adaptável.
O Corpo e a Moda:
O ser humano vive em busca de sua identidade, mesmo com a pressão social
ele tenta se afirmar através do seu corpo e por meio da moda. “Em qualquer
situação, os indivíduos se esforçarão para afirmar sua identidade pessoal com o uso
de maquiagem, acessórios, penteados e cortes de cabelo” (JONES, 2008, p. 27).
O uso das roupas se deu primeiramente por necessidade fisiológica, para
não sentir frio, mas com o desenvolvimento intelectual do ser humano, as roupas
passaram a definir classes sociais, estilos de vida, filiações religiosas e também para
diferenciar e reconhecer profissões.
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Considerações finais:
Pensar sobre a Arte Contemporânea, nos remete ao abandono das práticas
artísticas convencionais. A Arte hoje está despida de preconceitos e de regras, ou
pelo menos deveria estar. Esbarramos nos entraves dos sistemas da arte, quando
necessitamos legitimar alguma produção artística.
Mas quando se trata de expressão social, podemos perceber que o homem
nunca esteve tão livre para criar como está nos dias atuais, porém a falta de tempo e
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as doenças sociais o estão consumindo que ele não percebe e não usufrui de suas
possibilidades artísticas.
O que sempre foi uma necessidade do ser humano, a criação artística, hoje
está se tornando recurso para cura de enfermidades. E sempre em busca da velha e
boa liberdade, tão sonhada por cada ser humano.
O grande desafio desse diálogo foi perceber onde os caminhos entre a arte
contemporânea e a expressão social se cruzam. Percebemos que o maior desafio
foi separar a arte contemporânea da expressão social. A arte contemporânea é uma
linguagem da expressão social, como a moda e outras linguagens.
Podemos refletir que esse foi um ensaio sobre essa discussão, pois a arte
contemporânea está aí mostrando e expressando as angustias sociais, as doenças
sociais e as necessidades dos seres humanos.
A arte contemporânea ainda causa estranheza, desconforto, medo, angústias,
tristezas, caos (...), pois é reflexo dessa sociedade contemporânea. A sociedade é o
contexto em que a arte está inserida, e a arte não é a reprodução da natureza, mas
sim uma interpretação, um olhar, enfim uma expressão social do que vivemos.
Se não gostamos do que estamos vendo pelas criações da arte
contemporânea, podemos refletir sobre a nossa contribuição para esse reflexo da
sociedade.
Cada um colhe o que planta?
Referências:
BATISTELA, Kellyn ; VIANA, Abel da Silveira. Caderno de Estudos – História da
Arte. Indaial – SC: Editora Asselvi, 2008.
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JONES, Sue Jenkyn. Fashion Design: manual do estilista. São Paulo: Cosac Naify,
2008.
KONESKI, Anita Prado. Reflexões sobre a arte hoje. Revista Hall CEART,
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, Florianópolis – SC: agosto de
2012.
MORAIS, Lucyane. Conexões entre ética e estética: escritos sobre arte, cultura e
sociedade. Ensaios Filosóficos, v. IV, outubro, 2011.
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Palestra 5:
A Interface entre a Música e a Arteterapia.
Resumo:
Este artigo reflete sobre os possíveis usos da música, dos seus elementos e sons
em um processo terapêutico com a Arteterapia, interação entre arte e ciência, e
como a música pode influenciar a expressão artística, criando uma ambiência
favorável para o surgimento de conteúdos a serem trabalhados terapeuticamente
numa visão integradora.
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Estando na ciência, terá que criar um espaço que vai além da visão científica
fazendo um engate com a arte para criar novas sensações, estando na arte, terá
que se apoiar na ciência para explicar o que, como e porque essa sensação foi
criada. Assim, ora escapando para a criação, ora nomeando a criação, o
musicoterapeuta é um nômade que transita entre esses dois mundos (COELHO,
2001, p. 31).
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Sabemos que não existem dois seres humanos iguais, que pensem, sintam,
escutem e se expressem de maneira idêntica, e temos que lidar com essa verdade
enquanto terapeutas e seres humanos, pois essa realidade afeta diretamente nosso
trabalho. Cada indivíduo irá reagir verbalmente e expressivamente de forma única,
diante de uma mesma audição musical.
Não existem determinados tipos de músicas que possam fazer com que os
indivíduos livremente expressem graficamente conteúdos idênticos, pois as músicas
acionam conteúdos internos armazenados de forma única com associações
diferenciadas. Pode, e vai haver, conforme a música apresentada, semelhança nos
temas, mas as motivações e a forma como são expressados são únicas, e esse
processo se completa na fala do próprio indivíduo com relação a sua obra.
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Identidade sonoro-musical:
Visando embasar nossas escolhas de repertórios para as audições musicais
nos processos terapêuticos, podemos pensar em uma das teorias da Musicoterapia,
sobre a Identidade Sonoro-Musical dos indivíduos - ISo.
Conforme BENENZON (1988) e MARANHÃO (1999), cada indivíduo tem sua
Identidade Sonoro-Musical, que é formada de modo diferenciado em cada um.
Nessa formação estão englobados os sons universais de todo ser humano
(batimentos cardíacos, respiração, grito e choro, sons da natureza, etc.), a carga
cultural que ele carrega, o grupo onde vive, as oscilações do cotidiano e o modo
como sente os diferentes estímulos desde a gestação, provenientes de suas
influências sonoras.
Os sons são, portanto, percebidos desde a vida intrauterina, os batimentos
cardíacos da mãe, o barulho de água (líquido amniótico), os ruídos viscerais e as
vozes (principalmente da mãe) vão, desde essa época, formando a Identidade
Sonoro-Musical do indivíduo, somando-se posteriormente tudo que ele irá ouvir em
sua vida, sendo sua vontade, ou não.
Assim, ISo é definido por Benenzon: “ISo quer dizer igual, e resume a noção da
existência de um som, ou um conjunto de sons, ou fenômenos sonoros internos
que nos caracteriza. É um fenômeno de som e movimento interno que resume
nossos arquétipos sonoros, nossas vivências sonoras gestacionais intrauterinas
e nossas vivências sonoras de nascimento e infantis até nossos dias
(MARANHÃO, 1999, p. 26).
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Além da forma única como cada indivíduo capta os sons, o ISo está carregado
da cultura na qual ele está inserido, mas se altera conforma o humor e
acontecimentos diários e isso nos ajuda a utilizar um estímulo sonoro-musical
compatível com seu ISo, o que certamente facilita a abertura de canais de
comunicação favoráveis ao processo terapêutico.
Para uns a letra é a mais importante e decisiva, pois tem a vantagem de trazer
sua codificação própria e específica, que facilita a identificação do sentimento
proposto pela música; para outros, o ritmo é o mais importante, pois envolve a
pessoa, mesmo sem um conteúdo emocional muito forte (STRALIOTTO, 2001,
p. 88).
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uma única audição, enquanto outro mal sabe as palavras de um refrão que se repete
várias vezes na música, assim como é próprio de cada um a escolha por um ritmo
ou melodia numa música.
A Música:
A música atinge diferenciadamente áreas de nossa psique que dificilmente são
atingidas por outras fontes de estímulos, como uma mensagem a ser usada
terapeuticamente e manifesta sensibilidade, emoção, timbres diversos e ritmos,
melodias e harmonias, numa espécie de linguagem emocional, levando-nos a
reagir numa grande e variável escala, em áreas e percepções somente
experienciadas através dela (MARANHÃO, 1999, p. 10).
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provoca uma resposta fisiológica que tem relação direta com a percepção
auditiva desse ritmo, e quando o ritmo se apresenta sem melodia nem harmonia,
a resposta se elabora através do movimento como máximo expoente. Em muitos
indivíduos, a resposta surge espontaneamente e se sincroniza com os pulsos
rítmicos (MARANHÃO, 1999, p. 15).
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Efeitos bio-psíquicos:
A música, como atividade vibratória organizada, afeta o corpo de duas
maneiras: objetivamente, como efeito do som sobre as células e os órgãos; e
subjetivamente, agindo sobre as emoções, que, por sua vez, influenciam numerosos
processos corporais. Temos aí um modelo de retroalimentação, onde o organismo
influi nas emoções e as emoções influem no organismo.
O som, o ritmo e o movimento são capazes de agir sobre o físico e o psíquico,
com efeitos registrados através de pesquisas realizadas em várias regiões do
mundo, facilitadas pelos avanços tecnológicos.
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Audição musical:
Terapeuticamente, podemos utilizar a música e os sons de forma interativa,
com terapeuta e paciente interagindo musicalmente, ou receptiva, na qual a audição
musical se encontra e é o alvo de nossas reflexões.
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A música está facilmente ao alcance das pessoas para ser objeto de escutas
e expressividades e, poder ser ou não utilizada, cabe aos profissionais da arte e
ciência pesquisar, se atualizar, compor objetivos e efetuar escolhas para que um
processo terapêutico agregue valor e enriqueça as práticas.
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Referências:
BARANOW, Ana Léa. Musicoterapia: uma visão geral. Rio de Janeiro: Enelivros,
1999.
MARANHÃO, Ana Léa. A Visão Integral de Ser Humano como Base na Formação
do Musicoterapeuta. Anais do I Encontro Sul-Brasileiro de Musicoterapia, p. 17-
26. Curitiba: AMT-PR, 2008.
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Palestra 6:
Elementos da expressão artística na Respiração Holotrópica: o poder do imaginário
na terapia com estados ampliados de consciência.
Resumo:
Entre muitas técnicas de ampliação da consciência, a Respiração Holotrópica (RHT),
desenvolvida por Stanislav e Cristina Grof, é considerada a ferramenta mais potente
dentro da Psicologia Transpessoal. Esta técnica neoxamânica agrega
hiperventilação, música evocativa, trabalho corporal, confecção de mandalas e
partilha. Assim, os grupos terapêuticos utilizam diferentes elementos da arteterapia
para potencializar o efeito curador do acesso ao imaginário individual e coletivo.
Introdução:
Fazemos parte de um universo de dimensões muito além da nossa
imaginação. Quando ficamos limitados à realidade gerada pelos nossos cinco
sentidos, esta vastidão do espaço muitas vezes provoca em nós uma sensação de
insignificância.
Novos insights vindos da linha de frente da ciência, notadamente da física
quântica, mostram que o universo todo é construído a partir de campos vibracionais.
Estes campos sempre foram acessíveis para os seres humanos através de técnicas
de ampliação da consciência, ultrapassando o “confinamento” das informações vindo
dos nossos sentidos corporais. Quando mergulhamos nos campos mais sutis,
percebemos que fazemos parte de um Todo maior e que estamos conectados
profundamente a este Todo. As técnicas de ampliação da consciência permitem a
5
Doutor em Biologia, PhD em Biotecnologia, pós-graduado em Psicologia Transpessoal com
formação em Terapias com Estados Ampliados da Consciência. O autor baseou este artigo no seu
trabalho de conclusão de Curso de Formação em Terapias com Estados Ampliados de Consciência
(TEAC) da Unipaz-Sul em Porto Alegre, sob supervisão dos Professores Mauro Luiz Pozatti e João
Lauda (SAAR, J. H., 2012).
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6
http://pt.wikipedia.org/wiki/"http://pt.wikipedia.org/wiki/Dança_circular_sagrada" Arte_terapia – acesso:
06/2014
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hipnótico sobre o ser humano, diminuindo a frequência das ondas cerebrais até ele
entrar em estado meditativo.
A música usada nos estados holotrópicos da consciência é cuidadosamente
selecionada e segue um perfil dinâmico no desenrolar da vivência. As músicas
selecionadas abrangem uma ampla variedade de estilos e gêneros e são coletadas
de várias regiões culturais. O som da música é alto, podendo ser percebido
ressoando no corpo, permitindo ao respirador um contato visceral com este veículo
de sua viagem interna. Enquanto a música convida a pessoa a embarcar no seu
ritmo e na sua essência, a atenção do respirador não deve ser desviada para
processos mentais e reflexivos. Por essa razão devem ser evitadas músicas
cantadas em línguas de fácil entendimento que podem interromper o processo
introspectivo profundo do respirador.
O ambiente protegido e isolado da sessão garante que os respiradores
entreguem-se totalmente à experiência, expressando livremente as suas sensações
ou conteúdos imaginários através da emissão de sons, cantos, gritos e/ou
movimentos do corpo que podem chegar a danças em posição deitada, sentada ou
até em pé.
A trilha sonora segue, via de regra, um padrão de fases diferenciadas no
conteúdo (essência) e no ritmo (intensidade) das músicas. Inicialmente usam-se
intensidades maiores com músicas evocando cenários de grande agitação.
Gradualmente, a intensidade da trilha diminui e a essência das músicas torna-se
mais contemplativa e introspectiva, deixando ao respirador o tempo de integrar as
suas experiências num ambiente harmônico e de paz interna. É responsabilidade do
“DJ cósmico” perceber a dinâmica do grupo e adaptar a trilha sonora para criar
oportunidades para todos os participantes completarem a sua experiência.
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Conclusão:
Este curto apanhado da técnica de terapia de ampliação da consciência
através da respiração holotrópica teve como objetivo esclarecer o caráter sistêmico
das terapias transpessoais.
Práticas apoiadas na Arteterapia são elementos importantes do conjunto da
RHT. Destacamos, neste contexto a expressão artística no desenho de mandalas,
que ajuda a acessar conteúdos escondidos no inconsciente pessoal e coletivo,
contribuindo para o sucesso do processo terapêutico. Danças Circulares geram o
7
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dança_circular_sagradacircular_sagrada – acesso: 07/2014
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Referências:
GROF, S. Psicologia do Futuro. Niterói: Heresis, 2000.
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COMUNICAÇÃO ORAL
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Sandplay terapia:
Imagens amorizadoras de uma criança vítima de violência.
Franklin Jones Vieira.
Arteterapia e Origami.
Márcia Regina do Nascimento.
Estudo de caso:
Como S. expressa suas emoções no processo de aprendizagem.
Christiane Mesadri Córdova Diniz.
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Sandplay terapia:
Imagens amorizadoras de uma criança vítima de violência
Resumo:
Sob a ótica da psicologia junguiana, esta exposição tem como objetivo relatar a
experiência clínica de uma criança vítima de abuso sexual, outrora categorizada
como violência doméstica. A criança, chamada pelo codinome fictício de Ágata, do
sexo feminino, cuja idade 8 anos, fora violentada por dois adolescentes, filhos do
próprio padrasto. Seguiram-se plenamente as normas previstas pela Resolução
196/1996 e Resolução 19/07 que preconiza os parâmetros Éticos de Pesquisa com
Seres Humanos conforme aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Instituição UNIVILLE, cujo parecer consta no Processo nº 310.690/2013. O trabalho
prevê demonstrar uma sequência de imagens criadas pela criança em forma de
cenários na caixa de areia chamada também de Sandplay. Aconteceram 25 sessões
de psicoterapia, com duração de 60 minutos semanais. Foram utilizadas duas caixas
– uma com areia úmida e outra com areia seca – apresentando diâmetros precisos
retangulares (72 x 50 x 7,5), fundos e laterais azuis preenchidas até a metade com
areia esterilizada. A forma retangular da caixa abrange satisfatoriamente o campo
visual, e sua irregularidade fornece a inquietação frente a desigualdade dos
diâmetros levando o paciente a buscar o seu próprio centro (Self) na areia. O
Sandplay, também chamado como Jogo de areia, foi uma técnica aprimorada pela
analista junguiana Dora Kalff em 1956. É um jogo sem regras e o paciente tem a
liberdade de externar o seu mundo interior através de diversas miniaturas dispostas
sobre uma prateleira (WEINRIB, 1993). Neste caso, utilizou-se o “kit trauma” que
consiste na escolha de miniaturas mais focais para o trabalho com pessoas
violentadas. No caso em estudo, após a primeira entrevista clínica, foram
selecionadas miniaturas com animais selvagens e domésticos, figuras de monstros,
seres mágicos e sombrios. As imagens atuam como uma influência associativa no
sistema psíquico introduzindo a criança num diálogo com o ícone. Ela projeta seus
conteúdos subjetivamente, por vezes sem verbalização e a imagem lhe devolve o
significado de forma “mágica” e objetiva (JUNG, 1975-1961). A interpretação
simbólica das imagens projetadas no Sandplay é semelhante à técnica utilizada por
Jung na interpretação dos sonhos. A psique cria uma sequência de imagens até
atingir o nível sensorial da sensação inconsciente, realizando indiretamente a
transmutação imagética. O abuso sexual apresenta uma face secreta, íntima e
comprometedora, pois suscita a vergonha ao ser descoberta e a culpa da vítima
frente ao sentimento de prazer que experimenta ao ser tocada ou seduzida. A psique
tenta preencher as áreas de desamor pela compensação de outro símbolo que
inconscientemente regula as sensações que a desproporção traumática ocasiona
(GREG, 2004). A culpa, a vergonha e a rejeição agiam silenciosamente como
sombras, comprometendo o amor-próprio de Ágata e consequentemente a sua
relação com o mundo. Porém, com a emersão/projeção do complexo materno, dos
8
NAPE/Curitiba, Psicólogo – CRP 12/12785, psico.franklin@gmail.com
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Resumo:
A agressividade atribuída às crianças é um tema que ganha proporção nos dias
atuais no discurso escolar. Este tem acreditado nas soluções químicas como a
terapia mais viável, pois teria a função de auxiliar a criança a controlar sua reação
impulsiva diante dos acontecimentos que lhes parecem desafiadores. A família
denominada desestruturada pelo discurso escolar explica os comportamentos
recriminados. Num universo onde a escola, família e demais seguimentos não
conseguem se entender, a criança se torna refém de si mesma. Cada vez mais se
valendo de atos considerados fora dos padrões normais para se fazer ouvir. Esse
tipo de comportamento é considerado muitas vezes como um desvio de conduta,
mas a que se deter o olhar quando esse tipo de manifestação começa a se tornar
uma rotina, desta forma prejudicando o desenvolvimento e a socialização desta
criança com o meio onde está inserida. Donald Winnicott (1945-1978) aponta que o
instinto agressivo é próprio do ser humano, necessário para a sua sobrevivência. No
entanto, algumas crianças nos dias de hoje vem apresentando anormalidades em
seus comportamentos, conhecido por alguns pesquisadores como corpos agitados.
O que se presencia corriqueiramente é um armazenamento de encaminhamentos e
laudos. Acaso seria dada à criança em formação escolar a chance de escolha de ser
medicada ou não? Se a interpretação da aprendizagem e do comportamento dos
alunos na escola for pensada por outro viés, teria essa criança uma chance de
encaminhamento das dificuldades que não se resumisse a uma receita médica?
Percebe-se que o discurso da escola para tentar explicar a realidade é o da
associação direta entre agressividade e famílias desestruturadas e, a solução é pela
via do encaminhamento a especialistas que muitas vezes acabam apenas por optar
pela medicação, sendo que esta muitas vezes é negligenciada pelos pais.
Arteterapia no ambiente escolar um recurso terapêutico para crianças com TDAH. É
conhecido que alguns recursos contribuem no auxílio das práticas pedagógicas de
crianças com dificuldades comportamentais, o que é nomeado de desvio de conduta
e agressividade vivenciado corriqueiramente nos espaços escolares. Alguns
profissionais vêm utilizando técnicas como a contação de histórias, a pintura,
trabalhos manuais, musicalização, com o intuito de fazer com que a criança possa
se sentir inserida num ambiente propício a sua formação integral, como indivíduo
que tem vez e voz na sociedade. A Arteterapia é um processo terapêutico que utiliza
os recursos expressivos para revelar os conteúdos simbólicos inconscientes e
conscientes e assim compreender o indivíduo em sua totalidade. A Arteterapia
integra no contexto psicoterapêutico técnicas artísticas, originando uma relação
terapêutica diferente entre o sujeito (criador), o objeto da arte (criação) e o
terapeuta. O recurso arteterapêutico estimula a imaginação, libera a manifestação
do simbolismo e das metáforas enriquecendo o processo de autoconhecimento e
9
Formada em Letras Português e Inglês, Especialização em Circuitos de Teoria Literária e
Arteterapia. Leciona no Ensino Religioso em escola integral, Agente de leitura e contadora de
histórias. mair_soares@yahoo.com.br
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Resumo:
O presente artigo trata sobre uma ação Arteterapêutica com adolescentes e jovens
que se encontravam em cumprimento de medida socioeducativa de internação, com
fim de garantir a aplicação de Política e Práticas Integrativas e Complementares
como prevenção a saúde de indivíduos institucionalizados. A perspectiva de que o
modo operante que os adolescentes desta época e local se apresentavam, quanto a
comportamento e expressões de pensamento, sugeriu um propicio encontro destes
com a proposta da Arteterapia. Desse mesmo modo, pensou-se na possibilidade de
que o processo de subjetivação e individualização, que a Arteterapia busca
promover em sua atuação, pudesse trazer benefícios ao processo socioeducativo.
Uma perspectiva de intervenção em grupo foi implementada, as obras e vivências
produzidas pelos socioeducandos foram analisadas segundo a Arteterapia, e a partir
destas foram ponderadas as contribuições que a Arteterapia poderia propiciar. Essa
experiência, também, teve como objetivo elencar as dificuldades contextuais,
afetivas, e metodológicas encontradas no processo da pesquisa e identificar como a
Arteterapia pode contribuir no processo de formação desses indivíduos.
10Psicóloga. Universidade Estadual de Maringá, 2009. Pós- graduada em Arteterapia. Instituto Fênix
de Ensino e Pesquisa, 2012. Pós- graduada em Saúde Pública. Instituto Fênix de Ensino e Pesquisa,
2013. paulacardoso.arteterapia@gmail.com
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Resumo:
Há no mundo todo uma busca pela inclusão social que é um processo pelo qual a
sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas gerais o portador de
necessidades especiais que por sua vez, se prepara para assumir seu papel na
sociedade. Este trabalho visou observar os efeitos da Arteterapia aliados à
musicalização, na melhoria de qualidade de vida de crianças e adolescentes que
participam do Programa Sesi Oficinas Culturais no município de Caxias do Sul/RS,
relatando sua evolução antes e depois das sessões arteterapêuticas. Essas crianças
e adolescentes também são frequentadoras de um CAPS do município e apresentam
sofrimento psíquico severo e/ou persistente. O processo foi registrado em pareceres
descritivos realizados através da observação da monitora que acompanhava a turma
e dos responsáveis. Cada sessão ocorria semanalmente e tiveram duração de uma
hora. Participaram das atividades sete alunos com sofrimento psíquico, sendo cinco
do sexo masculino e duas do sexo feminino, com a faixa etária entre 11 e 16 anos. A
metodologia utilizada foi à qualitativa, constituindo- se em um estudo de caso.
Percebeu-se que as atividades arteterapêuticas, aliada a musicalização despertaram
neste grupo o potencial criativo, sua comunicação, a compreensão e
consequentemente a qualidade de vida, verificados pela alegria e cooperação que os
mesmos demonstraram, bem como no seu processo educacional artístico. Os
resultados confirmam que a Arteterapia aliada a musicalização podem ser um
elemento promotor de qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais.
11
Graduada em Arteterapia, pós-graduanda em Música: Ensino e Expressão e integrante da ASBAT.
É cantora, professora de musicalização e técnica vocal. Atualmente trabalha no Serviço Social da
Indústria de Caxias do Sul, como artetepeuta, professora de musicalização para crianças e PCDs e
professora de técnica vocal. É integrante dos grupos de estudos de Música e do Lazer Inclusivo do
Sistema Fiergs. Já trabalhou como arteterapêuta em escolas, clinicas de adictos e projetos
sociais.damis_ag@yahoo.com.br
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Arteterapia e Origami
12
Márcia Regina do Nascimento
Resumo:
A Arteterapia utiliza vários recursos artísticos como meio para atingir seus objetivos.
Nesta pesquisa buscou-se compreender a arte do Origami como uma prática
terapêutica, um facilitador da aprendizagem, uma proposta de lazer ou hobby,
possível de ser praticada por qualquer faixa etária, condição intelectual e financeira.
Em seu campo criativo, existem inúmeras possibilidades oferecidas pelo o Origami,
dentre elas a possibilita de criar suas próprias dobraduras ou de usar o Origami
como recurso ou apoio a outras formas de expressão, como por exemplo, contar
histórias. Assim, acredita-se que a arte de dobrar papéis possa vir a ser um recurso
terapêutico capaz de ajudar no processo arteterapêutico. O Origami oferece vários
recursos como a diminuição do estresse e da ansiedade. Chega-se então à questão
norteadora da pesquisa: a arte do Origami vem sendo usada como recurso
arteterapêutico? Como o Origami pode ajudar na Arteterapia? Como a arte do
Origami tem contribuído e pode contribuir com a Arteterapia? A pesquisa tem como
objetivo geral investigar como o Origami vem sendo usado como terapia e qual sua
relação com a Arteterapia. Dentre os objetivos específicos desta pesquisa optou-se
por investigar como e onde se iniciou a arte do Origami, demonstrar quais os
benefícios do Origami, a contribuição da arte do Origami para a Arteterapia, bem
como o que pensam alguns teóricos sobre essa arte e quais as características
terapêuticas das dobraduras de papel. Acredita-se na relevância de pesquisar esse
tema por constatar que a arte do Origami contribui na melhora dos pacientes com
doenças físicas e mentais e na prevenção de muitas doenças, como Alzheirmer,
bem como ajudar no desenvolvimento cognitivo, motor e emocional do ser humano,
pois o Origami ajuda na memória, na motricidade, ajuda a ter paciência entre tantas
outras contribuições. A metodologia empregada nesta pesquisa foi a bibliográfica,
buscando-se o referencial teórico em obras de autores como Carlos Genova, Bruno
Ferraz, Dario de Sá, Graça Proença, Maíra Bonafé Sei, Sonia Bufarah Tommasi,
Luiza Minuzzo, Maria Helena Aschenbach, dentre outros. Conclui-se que a arte de
dobrar papel é um forte estimulo a realização de novas conexões neuronais, para
auxiliar na diminuição do estresse, como facilitador de aprendizagem nas mais
diversas dificuldades, tanto físicas quanto emocionais, ou simplesmente como
diversão, tornando-se um auxílio tanto para a aprendizagem como para a terapia.
12 Formada em Pedagogia pelo Instituto Superior de Educação Nossa Senhora de Sion – Curitiba -
PR. Especialista em Arteterapia pela Faculdade Itecne de Cascavel. Acadêmica do Curso de pós-
graduação em Direito Educacional pela Faculdade Itecne de Cascavel – Curitiba - PR.Atuando na
Educação Infantil da rede publica na prefeitura municipal de Curitiba, em oficinas de Origami para
grupos, escolas, professores, crianças e em lar de idosos. Autora de blogs voltados à arte do
Origami, artes em geral e tecnologias educacionais.
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Resumo:
O tema escolhido refere-se à Arteterapia e o atendimento domiciliar, tendo como
objetivos: a contribuição da Arteterapia para melhorar a qualidade de vida de
pacientes com restrições físicas, impossibilitados de se descolarem de para um
espaço específico para atendimento. Introduzir a Arteterapia no contexto domiciliar.
O desenvolvimento do processo teve início com a solicitação da filha para que fosse
feito o atendimento à mãe idosa que apresenta um quadro delicado de saúde, tendo
dificuldades para deslocar-se para outros espaços. A mãe: uma senhora de 85 anos,
residindo com a filha, genro e uma neta (com transtorno opositivo desafiador, que foi
posteriormente internada em uma clínica para tratamento). Uma breve descrição da
filha sobre o comprometimento da saúde da mãe, aqui denominada de V.: conforme
exames médicos, ela apresenta uma mancha escura no pulmão que ocasiona
repentinas faltas de ar. Há uma cardiopatia grave (coração está com dilatação) sem
perspectiva de melhora. Toma vários medicamentos para manter esses órgãos em
relativo funcionamento e para manter a pressão arterial em equilíbrio. Com falta de
circulação, suas pernas estão com feridas abertas, e há ainda retenção de líquido, o
que causa o aumento do abdômen e desconforto geral. Após aceitação da paciente,
iniciaram-se os atendimentos de V. desenvolvido por intermédio de Oficinas de
Arteterapia com duração de 1 hora e 30 minutos, a cada quinze dias, tendo como
espaço a sala de jantar ou o dormitório, quando não se encontrava em condições de
deslocar-se até a sala. A paciente de estatura pequena, curvada, apresentava
aparência visivelmente cansada, embora esbanjasse um sorriso quando
cumprimentada. Suas mãos são atrofiadas em função de artrite reumatóide, tendo
dificuldade em segurar determinados objetos, o que não a impede de fazer o almoço
diariamente.Pés inchados, sem condições de calçar sapatos.Relatou falta de ar,
que lhe acarreta cansaço e e um “aperto” no peito, deixando-a com medo de
sufocar. Não sabia até então, sobre a gravidade da sua cardiopatia, apenas
salientava que seu coração está dilatado. É Professora aposentada, separada do já
falecido marido. Tem duas filhas, ambas casadas.Estudou num colégio Interno, de
regimo rígido. Como seus pais não tinham condições de pagar o Colégio, ela
trabalhava em troca de hospedagem, comida e estudos. Não era valorizada, ouvia
frases como: “seu trabalho não vale o sal da comida”. “Quando se formar, antes de
sair, terá que limpar tudo por aqui”. Após formada, iniciou a lecionar. De família
humilde teve uma Infância carente de afeto, com dificuldades financeiras. Casou-se
13
Artista Visual, Especialista em Arteterapia, Especialista em Aconselhamento e Psicologia Pastoral.
Professora do Curso de Pós-graduação Lato- Sensu de Arteterapia do CENSUPEG – Brasil.
Desenvolve um trabalho junto às mulheres da Igreja de Confissão Luterana no Brasil (IECLB),
ministrando Seminários de Lideranças e Oficinas Arteterapêutica. Palestrante e coordenadora de
Oficinas para grupos em geral. Atua no SPAço Aroma e Cor, na Clínica Active Performance em Rio
Negrinho – SC. Membro do Conselho Diretor da ACAT - Associação de Arteterapia do Estado de
Santa Catarina desde 2007. (ACAT). traudi10@gmail.com
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cedo e o relacionamento durou por um bom período. Cuidava das filhas e trabalhava
40h/a numa Escola Pública. Pois fim ao casamento, após descobrir que o marido a
traía com a namorada do melhor amigo. A filha mais nova decidiu ficar com o pai e a
mais velha seguiu com ela. Tem medo de morrer agonizando igual sua irmã. Seu
sono é truncado, como se sempre tivesse que ficar atenta ao que está acontecendo.
Sente falta das pessoas virem visita-la, embora tenha dias que sente-se indisposta.
Ficou feliz com o inicio dos encontros, pois sentiu-se acolhida e cuidada. Neste
contexto, as Oficinas foram preparadas partindo-se de um tema apropriado para
cada fase e desenvolvido de acordo com as possibilidades físicas de V. Como
caminho facilitador do diálogo-reflexivo, utilizou-se o Método Socrático e a
Hermenêutica como ferramenta para esclarecer, interpretar ou anunciar conceitos
relativos às falas e expressões artísticas. Lançou-se mão de músicas poesias e
pequenas histórias para facilitar o desenvolvimento arteterapêutico. Foram oito
encontros quinzenais. Destacaram-se as Oficinas: “Retalhos do tempo”: Colagem
com tecido. “Como estou”, trabalhando com a massa de modelar e linguagem
escrita. “Advento e Natal”, Confeccionando Bolas de Natal decorativas. “Traços de
Poesia”: Utilizando-se giz de cera para criar traços enquanto ouvia uma poesia, e no
encontro seguinte, desenhando uma flor e colando sobre o desenho fios coloridos.
“Encontrando um caminho”: Pintura de desenhos de mandalas. Os encontros foram
de grande apoio para a recuperação do bem estar e autoestima da paciente. Como
resultado, V. tornou-se mais amável consigo mesma, já que no inicio dizia que “era
um zero à esquerda”. Suas emoções reprimidas na infância e adolescência foram
expressas criativamente. Nem as mãos atrofiadas foram empecilho para sua
expressão plástica. Mesmo acamada, como aconteceu na Oficina “Impressões
digitais”, ela não deixou de cria algo. Neste dia a arteterapeuta ofereceu-lhe uma
prancheta para fixar o papel e foi lhe alcançando as tintas por ela escolhidas. Coloriu
e sorriu, agradecendo pelo fato de poder criar algo mesmo estando debilitada. Os
encontros tiveram que cessar, uma vez que teve piora no quadro geral. Está usando
oxigênio 24h por dia. Cansa-se rapidamente e sua mobilidade está gravemente
comprometida. Ficou evidente a importância dos atendimentos arteterapêuticos
serem realizados em domicilio, propiciando o cuidado paliativo, resgatando a
autoestima da pessoa que em cada encontro deixou-se cativar pela linguagem
expressiva, reconhecendo que aquele espaço de 1 hora e trinta minutos lhe
configurava a vida em sua essência. Entende-se como oportuno, continuar
buscando espaços domiciliares para a inserção da Arteterapia.
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Estudo de caso:
Como S. expressa suas emoções no processo de aprendizagem.
Resumo:
O presente artigo é um estudo de caso, denominado nesta pesquisa de S., que tem
como tema as emoções percebidas no processo de aprendizagem da criança.
Objetiva compreender as emoções percebidas no processo de aprendizagem
através da Arteterapia. A pergunta da pesquisa implica em, entender como S.
expressa suas emoções no processo de aprendizagem, através da Arteterapia. A
pesquisa é qualitativa de abordagem fenomenológica, fundamentada na psicologia
analítica, na teoria de autopoiese e na auto-organização em Maturana e Assmann. A
prática da Arteterapia ocorreu ao longo de 15 sessões com uma criança do sexo
masculino, que ocorreu num consultório de psicologia, no município de Itajaí. A
criança tem dez anos de idade, é estudante de uma escola especial, e apresenta
dificuldades de aprendizagem. Essas vivências arteterapêuticas contribuíram para o
processo de ensino-aprendizagem do caso, estimulando sua criatividade,
espontaneidade, que de forma suave, simples e lúdica, trouxe à baila, sentimentos,
emoções, reflexões críticas e questionamentos. Demonstrou também a elevação da
autoestima e autonomia, auxiliando-o na aprendizagem e em seu processo
educacional.
14
Psicóloga (formação 2002), com especialização em Gestalt Terapia para Crianças e Adolescentes
(2007), Formação Método Fiorini (2003), Arteterapeuta (2014), Outros cursos: Terapia com as mãos,
Mãos sem fronteiras (2001), Reiki (2006), Deeksha (2011).
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OFICINAS
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Resumo:
O artigo apresenta uma pesquisa bibliográfica sobre a arte de construir fantoche,
como recurso no processo arteterapêutico. Mostra que a arte, a imaginação e a
criatividade estão presentes na vida humana, levando o indivíduo a experienciar
emoções profundas, promovendo mudanças benéficas em si mesmo e em relação
ao outro. Observa-se que personagens, contos e histórias unem-se, cabe ao
arteterapeuta buscar recursos expressivos na arte, que permitam ao participante
exteriorizar a carga emocional interior por meio da linguagem verbal e gestual,
revelando símbolos num processo de autoconhecimento, harmonização e autocura.
As linguagens artísticas e suas diferenças técnicas auxiliam na liberação de tensões,
medos e angustias, amenizando o sofrimento psíquico. Este estudo fundamenta-se
nos pressupostos teóricos de Jung, Silveira, Bettelheim, Amaral entre outros.
Introdução:
O artigo tem como objeto de estudo a arte de criar e manipular fantoche como
recurso no processo arteterapêutico. Parte do princípio que a arte, a criatividade, a
ciência e a espiritualidade estão presentes na vida do ser humano no decorrer de
toda a sua história, caminhando lado a lado, uma sustentando a outra, levando o
indivíduo a experienciar emoções profundas, promovendo transformações em si
mesmo e em relação ao outro. Sempre criei fantoches e como arteterapeuta
começaram a surgir algumas indagações a respeito do processo criativo da
construção dos bonecos e sua aplicação na Arteterapia. Quais as possibilidades de
levar o indivíduo que se encontra em sofrimento a construir o fantoche? Como
utilizar o fantoche como recurso arteterapêutico? Será que o fantoche encanta e
fascina todas as faixas etárias?
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Fantoche:
Boneco, segundo Amaral (1991, p. 69), “é o termo usado para designar um
objeto que, representando a figura humana ou animal, é dramaticamente animado
diante do público”. O boneco pode ser antropomórfico como zoomórfico, refere-se
sempre ao ser humano, pois o boneco é visto como reflexo humano.
A palavra boneco está associada à expressividade e a técnica de
manipulação como: marionete, fantoche ou boneco de luva, marote, boneco de
sombra entre outros. O fantoche por meio das mãos do manipulador passa a ter
personalidade própria, fascina ao contar suas histórias, prende a atenção dos
espectadores pela magia e encantamento do seu movimento expressivo e criativo.
Conforme o pensamento de Amaral (1991), o ator representa um papel, o boneco é
o personagem o tempo inteiro, ambos se unem pela energia do ator, transmitida pelo
movimento e pela imagem e assim acontece o teatro de bonecos. Porém, o teatro de
formas animadas é um gênero no qual se fundem o teatro de bonecos, de máscaras
e de objetos, utilizando ao mesmo tempo a magia da imagem, do movimento e da
intuição. Como instrumento de forma animada é um gênero onde se manifestam as
ligações entre o mundo material e o sobrenatural, usando a matéria como um
condutor de ideias, estabelece uma comunicação com o transcendental, há na
matéria uma força invisível. Assim, compreende-se o poder do bastão do Xamã, da
vara de condão, dos objetos sagrados entre outros, de onde emana a fonte de
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energia, que liga a matéria ao espírito. O teatro de formas animadas apresenta uma
nova dramaturgia que resulta em vibrações espirituais no interior do espectador
(Amaral, 1991). Arte ambígua, entre animado e inanimado, espírito e matéria. O
teatro de formas animadas, geralmente não verbal, se aproxima do pensamento de
Jung em relação à teoria da livre associação, na qual, qualquer forma irregular e
acidental vai direto ao inconsciente, sendo um teatro de imagens simbólicas, é o
meio ideal para a apresentação da mitologia e de personagens míticos (monstros,
bruxas, fadas e princesas) que despertam no inconsciente situações do inconsciente
individual ou coletivo. Amaral conclui, o teatro de formas animadas responde a uma
necessidade muito atual de trazer de volta os símbolos, ausentes da vida do homem
moderno, veicula o invisível, trata do indizível-invisível. É magia que surge da
imitação e da repetição, energias que se desprendem do movimento do fazer crer,
sem ser, sendo. É um teatro de alquimistas, místicos e poetas.
O fantoche e a história:
Pesquisadores defendem que a arte do fantoche, a confecção e a
manipulação de bonecos faziam parte da cultura dos povos antigos. No Egito, em
2000 A.C, há evidências da utilização de bonecos de madeira articulados, operados
com barbante e estátuas confeccionadas em argila e marfim usadas em peças
teatrais e cultos religiosos. Xenofonte, filósofo grego, 422 A.C, é considerado o
autor dos registros mais antigos sobre os bonecos. O fantoche era considerado uma
imagem sagrada, tinha o poder de sustentar as pessoas espiritualmente e quem o
manipulasse era transformado em profeta possuidor de poderes mágicos. Somente
os iniciados nos conhecimentos sacros poderiam manipular o fantoche, essas
pessoas eram consideradas personas intermediárias entre os povos primitivos e
seus deuses. Na Grécia Antiga, os fantoches eram grandes bonecos colocados no
interior dos templos, gradativamente, as estátuas passaram a ser semelhantes ao
homem e estavam presentes nos cultos religiosos. No Antigo Oriente, em países
como Indonésia, China, Java e Índia o fantoche fazia parte da cultura, sendo
introduzido na Europa pelos mercadores. Na Idade Média, o teatro de fantoches era
utilizado como recurso para a evangelização, porém se assemelhava aos antigos
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ritos animistas, nesse período essa foi uma das razões que a Igreja passa a vedar
as encenações dentro dos templos. Assim, surgem os teatros itinerantes. No período
do Renascimento, a igreja resgata os bonecos tanto para utilizar em cerimônias
religiosas e pátios residenciais. No século XVI, época dos grandes descobrimentos,
os colonizadores trazem à América os fantoches e o teatro de bonecos, porém em
alguns locais os nativos já manipulavam bonecos articulados. Conforme o
pensamento de Piaget (apud REISIN, 2006, p.18), o uso do fantoche é uma prática
lúdica, promove o desenvolvimento intelectual. No Brasil as primeiras
representações com bonecos aparecem em Pernambuco, essa tradição permanece
até hoje. No século XVIII, no Brasil Colônia, os primeiros bonecos são de luva de
origem portuguesa, espanhola e depois germânica. No tempo dos Vice-Reis, no Rio
de Janeiro surgem as apresentações de teatro de marionetes e em Pernambuco
acontecem as apresentações do Mamulengo. E assim, sucessivamente, o boneco
de luva ou fantoche conquista as regiões brasileiras como: Minas Gerais, São Paulo
e Rio de Janeiro chama-se Briguela ou João Minhoca; na Bahia, Mané Gostoso; em
Pernambuco, Mamulengo; no Rio Grande do Norte e Paraíba, João Redondo.
Geralmente, as apresentações eram baseadas em histórias bíblicas, textos
religiosos, lendas e heróis. Nos séculos XVIII e XIX, na Europa surgem as histórias
da literatura e os autores passam a escrever peças para o teatro de fantoches.
Países como a Inglaterra e os Estados Unidos, baseados em livros apresentam
teatros de marionetes itinerantes. Jim Henson, o titereiro americano, criou os
Muppets para ensinar e entreter crianças, no programa de televisão Vila Sésamo,
devido à popularidade, criou outros programas de televisão e filmes. Os fantoches,
sua prática e seu caráter ambulante, passaram por transformações no decorrer de
sua história, atendendo as necessidades de cada época, em constante
metamorfose. Os fantoches sempre estiveram ligados à magia do teatro de bonecos.
Hoje, educadores, psicoterapeutas e arteterapeutas utilizam o fantoche como
recurso no processo de aprendizagem, terapêutico e arteterapêutico, pelo
encantamento, ludicidade e diversão, envolvendo todas as faixas etárias. Reisin
complementa, nos fantoches e nas máscaras há uma dimensão de construção
plástica que pode vir na atuação, facilitando o processo de dar vida ao inanimado,
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Tipos de fantoches:
Marionetes ou títeres é o boneco movido a fios ou cordas, manipulado por
cima; fantoche de dedo ou pedaço de pano ou de plástico ou mesmo um pouco de
tinta pode transformar um dedo em um personagem; fantoche de mão (corpo oco)
ou boneco de luva manipulado pelo bonequeiro ou titereiro, luva-mamulengo; marote
é também um boneco de luva que o bonequeiro veste e com sua mão articula a
boca do boneco; boneco ou fantoche de sombra refere-se a uma figura de forma
chapada, articulável ou não, visível com projeção de luz atrás da figura, projeta sua
sombra; boneco de vara cujos movimentos são controlados por vara ou varetas ou
fantoche com palitos de madeira (move os braços) ou fantoche com movimentação
dupla (mão e varetas); boneco–máscara ou máscara corporal, quando o ator se
veste com o personagem-boneco; Fantoche de sombra robótica, manipulação com
tecnologia moderna; boneco habitável é vestido pelo manipulador; boneco acionado
com a associação do gatilho, uso de coletes, vara e manetes.
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O fantoche e a arteterapia:
A Arteterapia conecta vários campos do conhecimento, utiliza a arte e a
criatividade em prol da saúde física, psíquica e espiritual. Nas oficinas
arteterapêuticas individuais ou em grupo, utilizando como recurso a linguagem
expressiva da criação e manipulação da fada fantoche, levam as participantes a
desenvolverem a afetividade através do olhar, da escuta, da percepção, dos
sentimentos compartilhados, revelando grande aprendizado sobre si mesmo e o
outro. O uso das mãos é de grande importância para o desenvolvimento das
percepções cerebrais, porque estimula e realiza novas conexões entre neurônios
traçando novos caminhos. Aprende-se muito com o tato e sua coordenação com a
visão e outros sentidos, desenvolve a sensibilidade, imaginação, criatividade,
melhora a memória entre outras. As participantes da oficina de criação e
manipulação da fada fantoche vivenciam todo o processo criativo a partir da
sensorialidade do material até os momentos que envolvem rodas de conversa em
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ligadas ao arquétipo Anima, a mulher tem por natureza própria esse arquétipo, faz
parte do desenvolvimento feminino, o lado sensível criando, gradativamente, ao
manusear os materiais e criar, surge possibilidades que levam a reflexão, a quebra
de padrões, crenças, tabus, a transformação e a reconstrução de si mesmo. Os
sentimentos positivos fortalecem a racionalidade, porém a esperança no futuro dará
a sustentação nas adversidades.
Os contos trabalham com metáforas e diferentes arquétipos do conhecimento
humano, o arquétipo da mulher está inserido em todos os contos, suscitando
memórias. A Arteterapia trabalha com a criação do fantoche e do personagem como
recurso arteterapêutico, essa transformação de boneco à personagem possibilita
dialogar com o próprio universo íntimo, favorecendo a sua elaboração e integração.
O fantoche e os contos levam à reflexão sobre diferentes situações da vida,
recriando e reconfigurando, trazendo de volta a autoestima, favorecendo o
autoconhecimento.
Segundo Pain e Jarreau (1996), a função do arteterapeuta é acompanhar o
processo do paciente, é compartilhar da sua aventura, ajudá-lo a superar os
obstáculos encontrados, do ponto de vista subjetivo e objetivo. Para isso, é
indispensável disciplina e seguir certos critérios como a observação e a escuta dos
sujeitos antes e durante a atividade criativa, e decidir a oportunidade e o conteúdo
das intervenções. Berg comenta “o arteterapeuta não pode ser incoerente, se é um
facilitador de saúde, cultura e criatividade, então tem que estar eticamente vinculado
ao direito de igualdade e da liberdade de expressão” (2002, p. 209). A Arteterapia
ajuda a superação de problemas diversos, como alternativa de tratamento a curto,
médio ou longo prazo, dependendo da individualidade de cada um, numa troca
constante de saberes, descobertas e vivências com as expressões artísticas, onde o
arteterapeuta é um olhar, uma escuta, uma ressonância afetiva e uma percepção
(PAIN e JARREAU, 1996, p.21). O arteterapeuta, facilitador do processo elabora um
projeto específico, que leva o participante a expressar-se através da arte, buscando
"aberturas" que serão benéficas ao participante e ao próprio arteterapeuta. A
Arteterapia pode ser praticada no âmbito escolar, empresarial, hospitalar e como
simples tratamento direcionado apenas para um sujeito sem vínculos com nenhuma
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instituição, somente trabalhar o ser humano e o "dever ser" (REISIN, 2006, p.18). O
tratamento arteterapêutico leva o participante a melhorar a autoestima, a
desenvolver a imaginação, a criatividade, a fantasia, a sensibilidade, a comunicação
e o fazer artístico.
Considerações finais:
O presente estudo permite observar que a arte, a criatividade, o fantoche e os
contos, fazem parte do existir do homem em toda sua trajetória. O ser humano tem
dentro de si o poder de acessar suas próprias potencialidades criativas na
construção do fantoche durante a oficina arteterapêutica. O participante conta a
própria história, numa linguagem verbal ou não verbal, expressa seus conflitos e
alegrias por intermédio do personagem, sendo assim, o autorretrato de si mesmo.
Gradativamente, podem ser inseridas nas sessões arteterapêuticas os contos com
fantoche, tendo um significado diferente para cada participante, porém pelo fascínio
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Referências:
ALESSANDRINI C.D. Oficina Criativa em Psicopedagogia. São Paulo: Casa do
Psicólogo. 1997.
BETTELHEIM, B. A Psicanálise dos Contos de Fadas. 21. ed. São Paulo: Paz e
Terra, 2007.
JUNG, C.G. O Homem e seus Símbolos. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1964.
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SILVEIRA, N. Jung, Vida e Obra. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra S.A., 7ª ed., 1981.
Sites:
http://www.academia.org.br/imortais/frame10.htm. Acesso em: 30 de junho de 2014.
http://pointdaarte.webnode.com.br/news /a-historia-do-teatro-de-bonecos/ Acesso
em: 30 de junho de 2014.
http://escola.britannica.com.br/article/482304/fantoche/. Acesso em: 30 de junho de
2014.
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A arte de tecer com filtro dos sonhos.
Aline Franco.
Resumo:
A presente pesquisa é teórico-prática, com estudo de caso, dentro de uma
visão fenomenológica, com embasamento teórico na psicologia analítica.
Portanto tratasse sobre o processo arteterapêutico, que motiva o estudante
seguir suas vivências escolares, com equilibrio, autoconhecimento,
dignidade,amor e respeito consigo e com o outro. O artigo é resultante de um
estudo de caso. Tendo como problema: Como a Arteterapia, por meio da
expressão criativa, contribui para o desenvolvimento do autoconhecimento do
aluno no ambiente escolar? O objetivo geral foi, compreender as teorias e
técnicas em Arteterapia, a expressão criativa com o individuo no ambiente
escolar. Tendo como resultados relacionamento social e educacional mais
adequado e harmonioso.
Introdução:
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atenção para seus filhos, e a escola está sendo alvo dessa falta de proteção,
de zelo e de cuidado”.
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Cada realidade cultural tem sua lógica interna, a qual deveu procurar
conhecer para que façam sentido as suas práticas, costumes, concepções e as
transformações pelas quais estas passam. Para o antropólogo Lévi-Strauss, as
alianças estabelecidas nas relações interpessoais são mais importantes para a
estrutura social que os laços de sangue, porque dá estrutura a cultura.
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Nativo Ojibwa
A Aranha pegou um aro de cipó e começou a tecer uma teia com cabelo
de cavalo e as oferendas recebidas. Enquanto tecia, o espírito da Aranha
falou sobre os ciclos da vida, do nascimento à morte e das boas e más
forças que atuam sobre nós em cada uma dessas fases. Ela dizia: “Se
você trabalhar com forças boas será guiado na direção certa e entrará em
harmonia com a natureza, do contrário, irá para uma direção que causará
dor e infortúnios.” No final a Aranha devolveu ao velho índio o aro de cipó
com uma teia no centro dizendo-lhe: No centro está à teia que representa
o ciclo da vida. Use-a para ajudar seu povo a alcançar seus objetivos,
fazendo bom uso de suas ideias, sonhos e visões. “Eles vêm de um lugar
chamado Espírito do Mundo que se ocupa do ar da noite com sonhos bons
e ruins”.
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cipó, a qual nos esclarece sobre a natureza da cura que está contida
nestes vegetais16.
16 (http://www.floraisdaamazonia.com.br/pt/?page_id=643).
17
(http://www.floraisdaamazonia.com.br/pt/?page_id=643).
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fenômeno. Não se podem manipular os sonhos, eles são, por assim dizer, a
voz da natureza dentro do ser humano. Eles mostram, a maneira pela qual a
natureza, por seu intermedeio, nos prepara para a morte. Segundo Jung (1961,
p. 32), “não considero o sonho não só uma fonte preciosa de informações. Mas
também como um instrumento educativo e terapêutico eficientíssimo”.
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Dentro do circulo se tece uma mandala vazada, com o fio de linha com a
cor selecionada. A estrutura inicial de cipó dá a impressão de rigidez, mas
ganha aspecto de leveza ao ser trabalhado com a linha. O produto final é uma
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Até finalizar sua teia, sua respiração ficou ofegante, não conseguindo
manusear os materiais com tranquilidade e permanecendo calada durante o
processo de confecção. Teceu sem sincronia, amarrando de uma forma
irregular no arco de cipó. Já na aplicação das penas demonstrou mais
satisfação com um sorriso no rosto, e logo escolheu as penas na cor azul, que
para Chevalier e Gheerbrant (1982, p. 107), “o azul é o caminho do infinito,
onde o real se transforma em imaginário”. Organizando em quatro elementos
com miçangas da mesma cor.
Que por seguinte, a arteterapeuta pergunta: A cor que você escolheu lhe
remete a que? E B responde: as penas com o animal pavão, que encanta com
sua cor, movimento e sedução. E não percebo mais isso na relação de meus
pais. Contudo para Chevalier e Gheerbrant (1982, p. 693), “símbolo da beleza
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18 http://www.significados.com.br/cor-roxa/
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Considerações finais:
A Arteterapia como promotora do desenvolvimento do ser humano como
um todo possibilita a este se expressar de forma livre, facilitando a melhor
compreensão de si e uma maior interação com o outro e com o meio que o
circunda. A Arteterapia é um instrumento terapêutico não verbal que utiliza
recursos expressivos nos quais o homem, por meio de suas produções, entra
em contato com o seu mundo interior. O processo arteterapêutico, impulsiona o
estudante a seguir suas vivências escolares, com mais equilíbrio, harmonia e
respeito para si e com os outros, favorecendo a aprendizagem e as relações
que ali constrói. Ele adquire um novo modo de ver a vida que vai além do olhar
externo e passa por um olhar interno e curativo, responsável por liberar
energias estagnadas, paradas.
Portanto a partir desse artigo, podemos perceber como a Arteterapia
traz para dentro do sistema de ensino, facilidades na transmissão e aquisição
de conhecimento, dando suporte emocional para o educando. Tornando um ser
consciente e preparado para seguir com suas novas expectativas mediante o
seu processo criativo. A experiência visual é dinâmica. Perceber o mundo não
é apenas um arranjo de objetos, cores e formas, movimentos e tamanhos, é
antes de tudo, uma interação de tensões dirigidas.
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Referências:
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Referências internet:
http://www.infoescola.com/filosofia/maieutica/
www.ubaat.org, acessado 25/01/2014.
http://www.xamanismo.com.br/Poder/SubPoder1191052936It009, acessado 26/01/2014.
http://www.airuma.com.br/2011/06/simbologia-de-cada-elemento-que-
compoe.html, acessado 26/01/2014.
http://www.significados.com.br/cor-roxa/ acessado 28/01/2014.
http://www.significadodascores.com.br/significado-do-lilas.php acessado 28/01/2014.
http://www.floraisdaamazonia.com.br/pt/?page_id=643
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Resumo:
A busca pela origem da vida e do estabelecimento de uma unidade com o
divino existe nas mais diversas culturas e tempos da história humana. A ciência
busca explicações e evidências enquanto a religião se concentra no
estabelecimento desse contato. Antigamente, ciência, religião e magia
caminhavam juntas no estudo e culto da harmonia entre o macro e o
microcosmo, conhecida como geometria sagrada e que analisa as construções
humanas e formas da natureza, encontrando uma intrigante harmonia entre
todas elas, independentemente do tempo e lugar em que surgiram ou foram
descobertas. De acordo com os estudos de Jung e seus colaboradores, a
reprodução de mandalas pelos indivíduos é uma atividade de grande auxílio na
reestruturação psíquica, uma vez que traz à consciência imagens da Geometria
Sagrada existentes no inconsciente coletivo. A oficina “a geometria sagrada
das mandalas” traz para a VI Jornada de Arteterapia da ACAT alguns
elementos referentes ao estudo da geometria sagrada e propõe a execução de
mandalas por meio do recorte e colagem, explorando alguns potenciais
resultados dessa atividade na prática da Arteterapia.
19
Arteterapeuta - AATESP 278/0414 e Psicóloga CRP 08/19355. Multiartista com destaque
em música, mosaicos, teatro e Dot Art. Realizou projetos de humanização e saúde mental em
hospitais públicos no Amapá. Integrou a Cia. Piracuca de Teatro Experimental. Possui
experiência clínica no atendimento psicoterapêutico (de orientação junguiana) e arteterapêutico
em consultório/ateliê próprio, bem como na docência do Ensino Superior (graduação e
especialização). E-mail: adrivporto@hotmail.com.
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Introdução:
A busca do sentido da existência é um continuum na história da
humanidade. Ainda que aspectos culturais determinassem mudanças nos
métodos de pesquisa e especulação, esta sempre foi uma das preocupações
centrais de todo o intelecto. Busca-se a razão, e, além dela, uma conexão
maior com o funcionamento de toda a vida no universo.
Numa inegável relação existente entre as formas e o funcionamento do
macro e o microcosmo, baseia-se uma antiga ciência denominada Geometria
Sagrada, que difere daquela disciplina que hoje conhecemos como Geometria
e que nos é ensinada nos bancos escolares. Nas religiões primitivas, os
conhecimentos da Geometria Sagrada extrapolavam os meros cálculos em
números racionais, passando por conhecimentos holísticos de todo o universo
e seu funcionamento em uma visão complexa e indistinta.
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167
Geometria sagrada:
Dalhke (2007) nos lembra que toda a forma se inicia em um ponto e
passa por várias formas mandálicas: células, átomos, estruturas cristais
minerais, nebulosas, o sistema solar etc. Embora nossos olhos não possam
identificar aquelas que são grandes ou pequenas demais em relação ao nosso
tamanho, ainda assim podemos sentir a presença dessas formas e, ainda que
inconscientemente, nos entendermos enquanto partes desse todo harmônico.
O autor afirma ainda que toda a atividade meditativa tem como objetivo a
vivência do centro do indivíduo, de modo que meditar significa “girar em torno
do nosso próprio centro” para o qual o mandala nos remete quando nos
concentramos na sua produção ou mesmo em uma contemplação mais detida.
Nesse mesmo sentido, Pennick (1980, p. 2-3) afirma que a geometria
está em tudo o que existe, seja na natureza ou na criação humana (que imita a
primeira), e que esta ciência começou a ser explorada pelo ser humano em um
tempo em que não havia distinção entre magia, ciência e religião, integrando o
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O círculo:
O círculo a ideia da continuação e do mundo contido em si mesmo, da
união do princípio e do fim, representando assim, o complemento e a
totalidade. É certamente um dos símbolos mais observados nas construções
humanas, sobretudo as primitivas e de templos.
A linha fechada em si mesma apresenta um espaço de contenção e
segurança. Em muitas culturas primitivas os sacerdotes traçam círculos no
chão para realizar seus rituais de proteção e cura.
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O quadrado:
O quadrado representa a estabilidade do mundo. É uma figura peculiar,
pois pode ser dividida em quatro partes iguais, sendo dividida em quatro partes
infinitamente. Seu centro é facilmente encontrado unindo-se suas pontas.
Observa-se nas pirâmides do Egito que o quadrado orientado para os quatro
pontos cardeais pode ser novamente dividido em diagonais, resultando em oito
triângulos. “Essas oito linhas, partindo do centro, formam os eixos que indicam
as quatro direções cardeais e os ‘quatro cantos do mundo’, ou, a divisão
óctupla do espaço” (PENNICK, 1980, p. 16).
O hexágono:
Esta figura é produzida por meio da demarcação dos seis raios de uma
circunferência, que produzem seis lados iguais. É observada em diversas
formas da natureza, como por exemplo, nos favos das abelhas, cascos de
tartarugas, algas marinhas, nas colunas basálticas da Irlanda e em teias de
muitas espécies de aranha. Ocorre inclusive na estrutura formada na difusão
de líquidos e em muitas estruturas moleculares.
A união de seus lados com o centro produz seis triângulos equiláteros
que se interpenetram representando os opostos complementares (quente/frio,
feminino/masculino, água/fogo etc.) e sendo símbolo do poder divino no
judaísmo até os dias atuais.
A rosácea:
Este símbolo está presente nas catedrais góticas e constitui-se com
base na “chave de doze”, que traz a representação dos signos zodiacais, fato
curioso, uma vez que as doutrinas católicas são avessas à utilização da
astrologia, não reconhecendo a mesma como ciência e punindo com
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veemência todo aquele que fosse apanhado tratando desse tema durante o
período da Inquisição na Europa e suas colônias. Como já foi dito
anteriormente, alguns dos conhecimentos da Geometria Sagrada, que antes
eram detidos pelos mestres iniciados, passaram a ser guardados pela Igreja
Católica durante o período da Idade Média, e grande parte desse legado
encontra-se ainda escondido nas áreas proibidas da Biblioteca do Vaticano. É
possível que tais construções tenham se baseado nesses preceitos, mas as
verdadeiras razões jamais foram devidamente esclarecidas. O fato é que a
visão dessas rosáceas sempre impressiona e mobiliza a emoção do
observador.
A rosácea representa a explosão que deu origem ao nascimento do
mundo, dando a ideia da luz desfeita em cores e solidificada nas bordas, e traz,
ao mesmo tempo, um retorno à criação, reunindo-a em um ponto central, como
se pode observar na Catedral de Chartres, na França (DAHLKE, 2007, p. 106).
A espiral:
A espiral pode ser encontrada em diversas estruturas vegetais e
animais, bem como em símbolos de diferentes culturas nas quais traz uma
infinidade de significados. Chevalier e Gheerbrant (1994, p. 303) informam que
essa forma “evoca a evolução de uma força ou estado”. Os mencionados
autores afirmam também que a espiral helicoidal está ligada à ideia do labirinto,
ou da
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As mandalas:
Ao longo de seus estudos, Jung observou que os desenhos de seus
pacientes continham certos padrões geométricos e símbolos que
correspondiam a mitos e símbolos já ocorridos nos desenhos de civilizações
primitivas e de populações geográfica e temporalmente distantes deles.
Entendeu tais desenhos como manifestações do inconsciente coletivo, uma
espécie de “memória anímica da espécie humana”.
De acordo com Jung & Wilhelm (2007, p.38), o processo de
desenvolvimento psicológico se exprime por meio de imagens simbólicas, e
quando as “fantasias originadoras” destas são desenhadas, geralmente surgem
símbolos pertencentes ao tipo do mandala. A mandala, por sua vez, significa
círculo mágico, que parte de um centro representativo do eu.
O símbolo mandálico é meio de expressão e de atuação, uma vez que
atua sobre o próprio autor. Este busca traçar uma área de proteção ao redor do
centro, que consiste no temenos ou área sagrada, onde encontra-se os
elementos da personalidade mais íntima, evitando o vazamento destes, o que
seria insuportável à sua consciência e, consequentemente, consistiria em grave
ameaça à sua saúde psíquica. Dessa forma, os rituais e “práticas mágicas”
consistem em uma “espécie de encantamento da própria personalidade, isto é,
um refluxo da atenção apoiada e mediada por um grafismo” e não são meras
projeções de acontecimentos anímicos (JUNG e WILHELM, 2007, p. 40-41).
O temenos, termo amplamente utilizado por Jung em seus escritos,
consistia no cálice alquímico, onde os antigos alquimistas realizavam as
transformações dos elementos. Este estava sempre em um lugar seguro e livre
de qualquer influência externa que pudesse alterar os procedimentos ali
realizados, como um local sagrado e preservado de interferências nocivas.
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Considerações finais:
O trabalho com elementos da Geometria Sagrada por meio da
confecção de mandalas na Arteterapia proporciona um rico contato do
indivíduo com o mundo arquetípico, auxiliando-o efetivamente em seu processo
de desenvolvimento psíquico, bem como na solução de conflitos, uma vez que
o inconsciente só encontra manifestação por meio da expressão de símbolos, e
ainda que o indivíduo não saiba traduzi-los, sua manifestação exerce um efeito
reestruturante sobre a psique.
A preocupação dos povos primitivos em manter ocultos os
conhecimentos da Geometria Sagrada são válidos se analisarmos o ponto de
vista ético que os justificava. No entanto, deve-se considerar que
posteriormente, quando as religiões passaram a ser exercidas como sinônimo
de poder e dominação, esses conhecimentos ficaram em poder dos
opressores. Atualmente, uma parte desses saberes que chegou até os nossos
dias são utilizados na Publicidade, que é um evidente instrumento de
manipulação do comportamento das massas.
Assim sendo, para que as preciosas relações da Geometria Sagrada
possam voltar a agir em benefício da humanidade, é preciso que sejam divulgadas
e que cada um seja livre para fazer a escolha de melhor compreender o universo
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Referências:
CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos: mitos,
sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores e números. Lisboa: Teorema,
1994.
PORTO, Mary. O ciclo das mandalas: uma metamorfose em sete passos. São
Paulo: Antroposófica, 2009.
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PÔSTER
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20 gilmar.ribas@uol.com.br
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geral querem voltar a conviver com suas famílias, estudar, ter emprego, se
libertar das drogas, viajar. Um dos internos falou que está se conhecendo
melhor e constatou que a beleza da vida está nas pequenas coisas, como a
natureza, as árvores, o sol e que ele não dava valor para estas coisas e agora
ele entende como elas são importantes. Alguns lembraram de filhos e de bons
momentos junto a natureza. Também representaram as mãos e/ou olhos de
Deus, iluminando as pessoas e libertando-as das drogas. As drogas foram
representadas por um coração apunhalado. Acreditamos que estamos
ajudando as pessoas a se conhecerem melhor, a se emocionarem, a lembrar
de bons momentos com suas famílias, com uma visão otimista do futuro e
libertando-se das drogas.
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IV MOSTRA DE ARTETERAPIA:
ARTETERAPEUTA E SUA ARTE
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A lenda do tsuru
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dos Tsurus, os 354 que faltavam para completar os mil. Para homenageá-la,
seus amigos ergueram um monumento no Parque da Paz em Hiroshima, e nele
gravaram essas palavras: “Este é o nosso grito, esta é a nossa oração. Paz na
terra”.
O monumento das Crianças da Paz foi erguido em 1958 e é também
conhecido como Torre dos Tsurus. No topo do pedestal de granito, se encontra
uma menina com os braços estendidos segurando um Tsuru, dentro do
pedestal, há um espaço para os milhares de Tsurus enviados por pessoas de
todas as partes do mundo. Ao conjunto dos mil Tsurus se dá o nome de
Zenbazuru.
O Tsuru, ave migradora é também conhecido como grou, garça real ou
cegonha. “Ave nativa, considerada ave sagrada do Japão, com plumagem alva,
que tem em suas extremidades um tom avermelhado” (TOMMASI e MINUZZO,
2010, 34) ave dotada de inigualável encanto.
Símbolo da paz, boa sorte, da saúde, da prosperidade e da felicidade.
No Japão é conhecido como símbolo da imortalidade, pois essa ave consegue
viver até mil anos. Considerado na Ásia como a ave mais velha do planeta.
“Eram os pássaros companheiros dos eremitas que faziam meditação nas
montanhas, os quais acreditavam que essa ave possuía poderes sobrenaturais
para não envelhecer. A ela atribuíam a simbologia da mocidade eterna e da
felicidade” (TOMMASI e MINUZZO, 2010, 34).
A arte do Origami se inspirou nessa ave e por isso o Tsuru é
considerado o símbolo do Origami. Os japoneses acreditam que quem fizer mil
Tsurus e a cada um fizer um pedido, seu desejo será alcançado. Quando se
oferece um Tsuru de presente está se desejando a essa pessoa, paz, saúde e
prosperidade, desta forma no Japão, há o costume de se presentear as
pessoas com o Tsuru em festas como de aniversário e de casamento.
Referências:
TOMMASI, S.B; MINUZZO, L. Origami em Educação e Arteterapia. São
Paulo: Paulinas, 2010.
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Mair Soares
Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor
amigo.
Ele era um pássaro diferente de todos os demais: era encantado.
Os pássaros comuns, se a porta da gaiola ficar aberta, vão-se embora para
nunca mais voltar. Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia
saudades… As suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram
sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde
voava.
Certa vez voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas
como o algodão…
— Menina, eu venho das montanhas frias e cobertas de neve, tudo
maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a
não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das
árvores. Trouxe, nas minhas penas, um pouco do encanto que vi, como
presente para ti…
E, assim, ele começava a cantar as canções e as histórias daquele
mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava
nas asas do pássaro.
Outra vez voltou vermelho como o fogo, penacho dourado na cabeça.
— Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água,
onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se
apaga. As minhas penas ficaram como aquele sol, e eu trago as canções
tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a
beleza dos campos verdes.
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Referências:
http://contadoresdeestorias.wordpress.com/2008/01/07
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Arte instalação
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________________
¹ Arte-Educadora, Arteterapeuta e Artista Plástica. Docente Pós-Graduação: Censupeg, Itecne,
Rhema. E-mail: aricletosin@bol.com.br //www.facebook.com/oficina de arte
Referências:
JUNG, C.G. O Homem e seus Símbolos. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira,
1964.
www.facebook.com/simpósiojunguiano
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