Você está na página 1de 4

O Pensamento e suas alterações

O pensamento é o trabalho mental que emprega os materiais coletados pela atenção,


percepção, memória e consciência (que são funções psíquicas), organizando-os por
meio das associações e da imaginação, influenciado pela inteligência e pela
afetividade, visando sempre ajustar-se à realidade.
Definições básicas:
Conceito:

 Os conceitos se formam a partir das percepções e representações, onde não é


possível contemplá-lo nem o imaginar, pois é um elemento puramente
cognitivo, intelectivo e sem qualquer resquício sensorial.
 O conceito é a unidade primeira
Juízo:

 Um conceito nunca está só


 Formar juízos é o processo que conduz ao estabelecimento de relações
significativas entre conceitos
 Juízo e realidade
 Ex: o céu é azul
Raciocínio:

 A função que relaciona conceitos e juízos, formando uma narrativa ou


argumentação.
 É a operação mental que nos permite aproveitar os conhecimentos adquiridos
através da prática social, combiná-los logicamente, para alcançar uma força
superior de conhecimento.
O pensamento enquanto processo de pensar:

 O curso do pensamento, que é o modo como o pensamento flui, sua


velocidade e ritmo ao longo do tempo. Quando há aceleração do pensamento,
ele flui de forma muito rápida, uma ideia se sucede a outra rapidamente.
Quando há lentificação, o pensamento progride de maneira devagar e
dificultosa, com certas latências entre as perguntas e respostas.
 A forma do pensamento: é a estrutura básica, sua arquitetura, preenchida
pelos mais diversos conteúdos e interesses do indivíduo
 O conteúdo do pensamento, pode ser definido como aquilo que dá substância
ao pensamento, os seus temas predominantes, o assunto em si etc. (as
alterações do conteúdo são os delírios)

Fuga de ideias:
 Secundária à aceleração do pensamento, na qual uma ideia se segue a outra de
forma rápida, perturbando as associações lógicas entre os juízos e conceitos
 Tendência irresistível de falar
 As associações entre as palavras deixam de seguir uma lógica ou finalidade do
pensamento e passam a ocorrer por assonância
 Característico de quem possui manias (quadros maníacos)
 As ideias se associam muito mais pela presença de estímulos externos
contingentes (as pessoas que estão presentes na entrevista, os móveis, os
quadros, um ruído incidental, alguém que entra na sala)
Alteração dos conceitos (neologismos (criação) patológicos):

 Desintegração e transformação dos conceitos:


Os conceitos sofrem um processo de perda ou transformação radical de seu
significado original
 Segundo Paim (1986), os conceitos se desfazem, e uma mesma palavra passa a
ter significados cada vez mais diversos
 Condensação dos conceitos: dois ou mais conceitos são fundidos em uma
palavra nova (ex: tristel = triste + cruel)
 Esquizofrenia e sintoma demenciais.
Pensamento concreto (concretismo):

 Não há uma distinção entre uma dimensão abstrata e uma dimensão concreta
e imediata dos fatos.
 O pensamento é muito aderido ao nível sensorial da experiência (não entende
metáforas, ironias, expressões de duplo sentido, ‘’entrelinhas’’)
 Pessoas com espectro autista, esquizo e deficiência intelectual
Pensamento inibido:

 Inibição do raciocínio, com lentificação e diminuição do número de conceitos,


juízos e representações
 Pensamento lento, difícil, rarefeito e pouco produtivo
 Os enfermos inibidos mantêm-se sentados ou deitados na mesma posição, não
falam espontaneamente nem respondem às nossas perguntas ou o fazem
lentamente ou com grande dificuldade.
 Demência e depressão
Pensamento vago:

 Falta de clareza e precisão no raciocínio (pensamento ambíguo e obscuro)


 Não há propriamente o empobrecimento do pensamento
 Pensamentos confusos, que se misturam
 Esquizofrenia, quadros demenciais iniciais e transtorno da personalidade
Pensamento prolixo:
 Dá longas voltas ao redor do tema e mescla o essencial com o supérfluo
 Tangencialidade: nunca chega ao ponto central
 Circunstancialidade: eventualmente o paciente alcança o objetivo de seu
raciocínio
 Esquizofrenia, transtorno de personalidade, demência.
Pensamento deficitário (bem específico de quem tem deficiência intelectual):

 Pensamento de estrutura pobre e rudimentar


 Tende ao raciocínio concreto
 Pouca flexibilidade na aplicação das regras (não ‘’quebra’’ as regras,
independente do contexto) e conceitos aprendidos
 Perda homogênea (apresenta deficiência intelectual desde a infância)
Pensamento demencial:

 Pensamento pobre com empobrecimento desigual (não perde tudo de uma


vez, é ao longo do tempo)
 Em certos pontos, pode revelar elaborações sofisticadas, embora imperfeitas,
irregulares e sem congruência
 Quadro progressivo, ou seja, piora conforme o passar do tempo
 Mais comum em idosos
 Nas fases iniciais, tenta dissimular (enganar) suas dificuldades cognitivas (ex:
não consigo encontrar aquela coisa, o meu...(batom), aquilo para passar aqui
(indica a boca com o dedo) ...’’)
Pensamento confusional:

 Pensamento incoerente, de curso tortuoso, devido à turvação da consciência


 Alteração da atenção e da memória imediata e de trabalho, impedindo a
formação adequada do raciocínio
 Estado de perplexidade e impotência
 Rebaixamento do nível de consciência
 Síndromes confusionais agudas, característico de quem sofre acidente, faz uso
de substâncias psicoativas (álcool etc.)
Pensamento desagregado:

 Pensamento radicalmente incoerente, no qual os conceitos e juízos não se


articulam minimamente de forma lógica
 A língua correspondente é o que se denomina ‘’salada de palavras’’
 A pessoa fala diversas coisas que não possuem conexão, sentido
 Alteração mais profunda do pensamento
 Esquizofrenia
Pensamento obsessivo:
 Predomínio de ideias ou representações que, apesar de terem um conteúdo
absurdo ou repulsivo para o indivíduo, impõe à consciência dele de modo
persistente e incontrolável
 Invade a consciência e domina
 Transtorno obsessivo compulsivo (TOC)
Ruminações ou pensamentos ruminativos perseverativo

 Ruminações são formas de pensamento repetitivo que implicam preocupações


e pensamentos negativos recorrentes, vivenciados de forma passiva
 Quadros de ansiedade, depressão, transtorno bipolar, no comer e ou beber
compulsivo
 Exemplo: ‘’meu filho saiu de casa, será que ele vai ser sequestrado¿ acho que
vai ser sequestrado, ele pode ser sequestrado.’’
 A pessoa ‘’aceita’’ os pensamentos
Forma do pensamento (conteúdo)

 Afrouxamento das associações – há concatenação lógica das ideias, mas um


afrouxamento dos enlaces associativos
 Início da esquizofrenia, psicose e quadros demenciais
 Descarrilhamento do pensamento – pensamento extravia-se de seu curso
normal, desvios, retornando aqui e acolá ao seu curso original – esquizofrenia.
Sai da linha de pensamento
 Desagregação do pensamento – profunda e radical perda dos enlaces
associativos, total perda de coerência do pensamento, torna-se
incompreensível, irracional e extravagante.

Você também pode gostar