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(TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL)
1ª Edição
Indaial - 2022
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
F676p
CDD 158
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................5
CAPÍTULO 1
História E Fundamentos Da Psicopatologia...............................7
CAPÍTULO 2
Psicologia Clínica –
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)................................69
CAPÍTULO 3
Aplicação E Eficácia Da TCC Na Prática Clínica E No
Contexto Organizacional.........................................................123
APRESENTAÇÃO
Mil outros o fizeram antes de mim, e não me agrada encher um
livro com coisas que todo mundo sabe. Observarei tão somente
que desde sempre todos se opõem ao estabelecido, sem que
ninguém pense em propor coisa melhor. A literatura e o saber
de nosso século tendem bem mais a destruir que a edificar.
Censura-se em tom de professor. Para propor é preciso outro,
em que o nível filosófico se compraz menos. Apesar de tantas
obras que só têm como objetivo, dizem, ser úteis ao público, a
primeira de todas essas utilidades, que é a arte de formar os
homens, permanece esquecida. (ROSSEAU, 1979, p. 6)
Mas, ao final do parágrafo, ele foi seletivo e fez distinção, apontando o deficit
que existia nas ciências que tratavam da formação humana. Skinner (2000),
dois séculos depois de Rosseau, apontou quase o mesmo, ou seja, que as
ciências da física e da biologia evoluíram de forma incrível, enquanto as ciências
do comportamento humano pareciam estar estagnadas no legado filosófico de
Platão.
Este livro não tem relação com a forma como evoluímos como seres
humanos. Mas trata de uma área da vida que muito diz do homem: o estudo da
mente humana. Ao longo da história, os estudos sobre a mente humana tiveram
oscilações, algo comum nas ciências. Ora se deu sobre bases convictas, ora foi
preciso descontruir para avançar.
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Capítulo 1 HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA PSICOPATOLOGIA
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
De novo seu plano lhe pareceu frágil demais, e aquela coisa
respirante que ele era no escuro pareceu-lhe muito pouco,
como começo de conversa. Martim se atrapalhou todo
como se tivesse mais dedos do que precisava e como se
ele próprio estivesse atabalhoando o próprio caminho. Veio-
lhe então o desejo de que uma criança começasse a chorar
para ele poder ser bom para ela. É que estava desamparado
e sentia necessidade de dar, que era a forma como uma
pessoa desajeitada sabia pedir. Sua ambição era grande e
desamparada, ele queria segura a mão de uma criança; estava
um pouco cansado. (LISPECTOR, 1998, p. 137)
FONTE: <https://pixabay.com/pt/vectors/mulher-cobertura-chuva-
edif%c3%adcios-5716900/>. Acesso em: 16 jan. 2022.
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Capítulo 1 HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA PSICOPATOLOGIA
2 ETIMOLOGIA E DEFINIÇÕES DE
PSICOPATOLOGIA
Antes de ingressarmos em um pouco de história e de narrativa sobre o
desenvolvimento da Psicopatologia, parece pertinente, singular estudante, que
nos debrucemos sobre o que é a Psicopatologia. Parece uma questão óbvia, mas
você conseguiria defini-la? É uma disciplina da área da Medicina? É uma disciplina
da área da Psicologia? É um ramo da ciência? É um método de investigação? É
uma corrente teórica? É uma categoria profissional?
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
Se, então, em algum momento, você, estudante, vier a ser convidado a dar
uma definição do que é a Psicopatologia, as poucas palavras acima servem para
designá-la e situá-la. Contudo, talvez o seu interlocutor deseje saber mais e/ou
você também queira expandir a explicação, apontando o que faz parte e o que
não faz parte dela. Dalgalarrondo (2008), destrinchando demarcações e limites,
apresenta um levantamento do que envolve o termo “psicopatologia”: é um
conhecimento que busca a sistematização, a cientificidade, e que se afasta assim
de incluir critérios de valor ou dogmas. A Psicopatologia tem raízes na tradição
médica, mas também bebe de fontes humanística (principalmente da Filosofia e
das Psicologias), não se confundindo com a Neurologia, e se consolidando como
uma área científica autônoma.
Por fim, cabe apresentar uma resposta para a seguinte questão: qual a
relação ou associação entre Psicopatologia, Psiquiatria e a Psicologia? Enquanto
a Psicopatologia se preocupa em observar, compreender e descrever – por meio
de métodos – as manifestações patológicas ou as doenças mentais, a Psiquiatria
e a Psicologia se preocupam com a cura. Ainda que a cura não seja alcançada,
a expectativa dessas duas é o alcance ao menos da diminuição dos sintomas e
a melhora da qualidade de vida das pessoas adoecidas. Não são concorrentes,
mas complementares. A Psiquiatria tem na terapia medicamentosa a sua principal
estratégia de intervenção, embora não seja a única. Já a Psicologia tem a
psicoterapia (individual ou grupal) como principal ferramenta, embora utilize
várias alternativas não medicamentosas. Logo, a relação também acaba sendo
instrumental, em que a Psicopatologia oferta seu arcabouço de conhecimentos
aos diagnósticos à Psiquiatria, à Psicologia, assim como a outras categorias
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Capítulo 1 HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA PSICOPATOLOGIA
3 A HISTÓRIA
A história da Psicopatologia se entrelaça com a história da Medicina, com a
instituição da especialidade médica da Psiquiatria (ou do alienista, na Europa no
século XVIII), com a história da evolução dos hospitais e, no geral, com a própria
história das experiências políticas, sociais e econômica do ser humano. O último
aspecto, relativo aos diferentes modelos de organização social e de produção
do ser humano, aparecerá apenas como pano de fundo na presente exposição.
Acresce-se ainda a história da loucura, ou seja, a biografia dos comportamentos
desviantes e a forma como foram concebidos em cada época. Podemos partir
desse ponto, deixando claro que seguiremos a linha cronológica da cultura
ocidental.
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Capítulo 1 HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA PSICOPATOLOGIA
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Capítulo 1 HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA PSICOPATOLOGIA
FONTE: <https://www.museodelprado.es/en/the-collection/art-work/the-extraction-of-the-
stone-of-madness/313db7a0-f9bf-49ad-a242-67e95b14c5a2>. Acesso em: 17 jan. 2022.
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Contrasta ainda com a figura do santo que renuncia aos bens materiais e
aos prazeres mundanos para ser, seja de forma itinerante ou instalado em um
mosteiro, um intercessor entre o ser humano que sofre e o Deus que intervém
contra as moléstias, já que a origem delas estava no pecado e na influência do
demônio. Assim, por meio do aparato religioso, também era possível mitigar as
aspirações à mudança da ordem social e, ao mesmo tempo, incitar homens a
guerras em favor de reivindicações da Igreja (MATIAS, 2015).
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Capítulo 1 HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA PSICOPATOLOGIA
Antes objeto de reflexão religiosa, o que ainda não deixa de ser, a partir do
século XV a loucura passa a ser de interesse das reflexões sociais e políticas.
Passa a ser, inclusive, objeto de disputa, já que, afinal, o trabalho de limpar os
desajustados das cidades cabia a instâncias que recebiam por essa “caridade”.
Os estabelecimentos destinados a “cuidar” dos loucos se proliferam de tal forma
que surge a necessidade de formalizar o espaço institucional e os processos de
repressão. Surge, assim, o hospital geral (FOUCAULT, 1997).
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desviantes da normalidade não podem frequentar e onde devem ficar. Não está
tão claro, porém, quem será o responsável por cuidar dos desajustados.
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Capítulo 1 HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA PSICOPATOLOGIA
FONTE: <https://collections.louvre.fr/en/ark:/53355/
cl010062860>. Acesso em: 17 jan. 2022.
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Capítulo 1 HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA PSICOPATOLOGIA
FONTE: <https://munch.emuseum.com/en/objects/4167/skrik;jsessio
nid=FC00ABC92D34F303551015EA65C3B23B?ctx=42dc524f-f4aa-
422f-8871-2edeca869bf8&idx=21>. Acesso em: 5 jan. 2022.
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Capítulo 1 HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA PSICOPATOLOGIA
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Capítulo 1 HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA PSICOPATOLOGIA
ATIVIDADE DE ESTUDO
1 – Vimos uma síntese da história da doença mental. A esse
respeito, analise as afirmativas a seguir e assinale a correta.
a) ( ) A psicopatologia como área destinada ao estudo do sofrimento
da mente tem sua consolidação com a Renascença, a partir da
diminuição da influência do misticismo e do dogmatismo religioso
e com a crescente valorização da racionalidade e da ciência.
b) ( ) O hospital geral surge na Idade Média como estabelecimento
exclusivamente de saúde.
c) ( ) O papel do médico diante da doença mental na Idade Média
não era relevante, já que no pecado estava a causa explicativa
para as diversas disfunções psíquicas.
d) ( ) A interpretação da doença mental é similar em todas as
sociedades, diferenciando apenas as formas de tratamento.
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FONTE: <https://www.freepik.es/search?format=search&query=manual>.
Acesso em: 05 jan. 2022.
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FONTE: <https://pixabay.com/photos/hand-human-woman-
hands-elderly-3667021/>. Acesso em: 23 jan. 2022.
A CID estava desde 1992 na sua décima versão. Contudo, a décima primeira
versão entrou em vigor a partir de 2022. A CID-11 (OMS, 2022) traz as classificações
relacionadas às psicopatologias no Capítulo 6, intitulado Transtornos mentais,
comportamentais ou do neurodesenvolvimento. Se pensarmos no ser humano de
forma holística, o profissional de saúde mental não utilizará apenas esse capítulo
para conduzir seu olhar sobre a saúde e adoecimento mental do paciente.
Afinal, uma vez que a saúde esteja afetada por doenças, independentemente da
natureza dela, há impacto no emocional, nos significados e nos comportamentos
da pessoa enferma.
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Capítulo 1 HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA PSICOPATOLOGIA
ATIVIDADES DE ESTUDO
3 – E então, leitor/a, após a leitura até aqui, você consegue apontar
as principais diferenças entre o DSM e a CID? Por que a CID tem
seu uso mais difundido no mundo todo?
R.:_______________________________________________
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Capítulo 1 HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA PSICOPATOLOGIA
FONTE: <https://www.shopify.com.br/burst/imagens-hd/desktop-em-
uma-startup?c=trabalho-de-casa>. Acesso em: 25 jan. 2022.
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Capítulo 1 HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA PSICOPATOLOGIA
FONTE: <https://munch.emuseum.com/en/objects/7256/adj-kyss?ctx=b144de61-
05ef-49b5-a70b-a08f72d3894a&idx=0>. Acesso em: 05 fev. 2022.
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inatas que determinam um modo de ser, com o caráter, que é soma de traços
de personalidade, constituídos por meio das relações sociais e ambientais. O
caráter insere-se na adaptação moldada pelo indivíduo de acordo com o seu
temperamento.
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ATIVIDADES DE ESTUDO
4 Considerando que as alterações da atenção se manifestam
de forma específica em diferentes diagnósticos, associe os
itens utilizando o código a seguir, ajustando as alterações da
atenção aos respectivos transtornos em que mais aparecem.
( ) Esquizofrenia.
( ) Depressão.
( ) TDAH.
( ) Mania.
a) ( ) III – IV – II – I.
b) ( ) III – II – I – IV.
c) ( ) IV – I – III – II.
d) ( ) III – I – IV – II.
6 DAS SÍNDROMES
FIGURA 11 – DANÇA DA VIDA
FONTE: <https://munch.emuseum.com/en/objects/6713/livets-dans;jses
sionid=3CDC896E9B52E08724327D4178EEA676?ctx=ca5d1642-3cf5-
4b0a-9fea-70cd7bd935b1&idx=29>. Acesso em: 05 jan. 2022.
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Capítulo 1 HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA PSICOPATOLOGIA
Não é ousadia dizer que nem mesmo o mais experiente psicólogo, psiquiatra,
enfermeiro em saúde mental, professor ou outro profissional domine todas as
nuances do diagnóstico psicopatológico. Nas próximas linhas, ainda mais breves,
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serão assinaladas as outras categorias, como forma de instigar você, que chegou
até aqui, a acessar a bibliografia indicada ou buscar novas fontes. No nosso caso,
o marco continua sendo o DSM-5, pelas razões já explicadas.
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ocorrer uma via de mão dupla, em que tanto o sofrimento mental afeta as áreas
designadas nos transtornos quanto as disfunções que surgem delas aumentam a
dor psíquica.
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ATIVIDADES DE ESTUDO
6 – Quais são as fases evolutivas da esquizofrenia? Descreva seus
respectivos sintomas.
R.:____________________________________________________
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Capítulo 1 HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA PSICOPATOLOGIA
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Encerramos nosso primeiro capítulo. Seria impraticável abarcar de
forma satisfatória toda, ou abundantemente, a riqueza dos estudos sobre a
psicopatologia em um espaço necessariamente circunscrito. Mas as discussões
sobre a psicopatologia não ficarão encerradas nesta parte. No capítulo seguinte,
que tratará das perspectivas da psicologia cognitiva-comportamental, veremos, em
algum momento, que na história as duas se cruzam e passam a ser companheiras
entre as ciências que se dedicam ao cuidado em saúde mental.
REFERÊNCIAS
ABREU, C. N. Síndromes psiquiátricas: diagnóstico e entrevista para
profissionais de saúde mental. Porto Alegre: Artmed, 2006.
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C APÍTULO 2
PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA
COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Vimos, no primeiro capítulo, que a psicopatologia se desenvolveu – planeada
nas ciências médicas – como área voltada para o conhecimento das doenças
mentais. A partir do momento em que a loucura e os comportamentos desviantes
(objetos de interesse da medicina) passam a ser designados como doença mental,
faz sentido que, além de estudados, sejam tratados. As formas de tratamento
oscilaram no meio médico ao longo do tempo, com a aplicação de dieta, sangria,
inanição e purgação, choques, coação, ameaças, punição, camisa de força,
encarceramento, banhos, hipnose, tratamento comunitário, tratamento pela fala
e escuta, terapias medicamentosas, e outras técnicas alternativas (MENDONÇA,
2005; REZENDE, 2009; VIDEBACK, 2012).
FIGURA 1 – PSICOTERAPIA
FONTE: <https://www.freepik.es/vector-gratis/hombre-hablando-terapeuta-
su-oficina-paciente-sentado-sillon-hablando-mientras-medico-positivo-
toma-notas-ilustracion_16607996.htm>. Acesso em: 16 fev. 2022.
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
Para alcançar essa meta, ela apresenta várias estratégias, que, acrescidas do
arcabouço teórico, a diferenciam de outras abordagens psicoterápicas. Logo, será
esse o contexto que se seguirá nas próximas páginas. Mais uma vez, imaginamos
que aqueles que se debruçarão sobre o assunto aqui tratado poderão apresentar
diferentes níveis de assimilação do conteúdo. A expectativa é que aqueles muito
familiarizados com o conteúdo possam amadurecer ainda mais suas habilidades
em relação à TCC e que os iniciados ou não aprofundados possam evoluir no
domínio da abordagem.
2 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS,
FILOSÓFICOS E TEÓRICOS
DA ABORDAGEM COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL
A TCC se constitui como um sistema psicoterápico especializado e de
base científica que surgiu nos Estados Unidos e se tornou uma das principais
abordagens no cenário da psicologia global. Essa associação da TCC com a
psicologia é uma demarcação importante para discorremos sobre alguns aspectos
que costumam trazer confusão. Muitas vezes, generaliza-se abordagens
psicoterápicas como abordagens psicológicas. Ainda, confunde-se essas duas
com teorias do conhecimento humano. Adentremos, então, cara aluna e caro
aluno, em algumas peculiaridades.
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
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FONTE: O autor
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FONTE: O autor
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
Como já foi dito antes, a psicologia fazia um percurso mais voltado, primeiro,
para o estudo não pragmático dos elementos da mente (consciência) e do
comportamento humano e, em segundo, para a aplicação em outras áreas, como
na educação ou nas organizações, e negligenciou por um bom tempo o estudo do
sofrimento mental (BARRETO; MORATO, 2008). Como já vimos no Capítulo 1,
além da psicanálise, as ciências médicas tinham o predomínio na abordagem dos
estudos e tratamentos das psicopatologias.
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
FONTE: <https://www.istockphoto.com/br/foto/minsk-bielorr%C3%BAssia-
25-de-fevereiro-de-2020-ratos-brancos-em-um-laborat%C3%B3rio-de-
pesquisa-gm1215488940-354037059>. Acesso em: 23 abr. 2022.
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
Foi nesse contexto que Albert Bandura propôs a teoria social, que sugere
o conceito de aprendizagem vicariante, no qual o indivíduo aprende a partir da
observação, e não (ou não somente) pelas consequências oriundas de seus
atos. Percebem o que isso implicava para um modelo comportamental? Que a
aprendizagem envolveria os processos cognitivos, devido à capacidade envolvida
de armazenar a informação e evocar em representações futuras, necessitando
da ativação da memória, da atenção do julgamento e outras funções mentais
(BANDURA; AZZI; POLYDORO, 2008).
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FONTE: <https://www.freepik.es/vector-gratis/concepto-diferentes-
trastornos-mentales_9907647.htm#query=phobia&position=0&from_
view=search>. Acesso em: 23 abr. 2022.
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
FONTE: O autor
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FONTE: O autor
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FIGURA 8 – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL, DE A. BECK
PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
FONTE: O autor
Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
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FONTE: O autor
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
I- Aaron Beck.
II- Sigmund Freud.
III- B. F. Skinner.
a) ( ) III – I – II.
b) ( ) III – II – I.
c) ( ) II – I – III
d) ( ) II – III – I.
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
Se, por um lado, na linha de frente do cuidado aos que apresentam sofrimento
mental estão psicólogos, psiquiatras, enfermeiros e especializados (possibilitados
pelas pós-graduações de natureza multidisciplinar), sabemos que qualquer tipo de
adoecimento, seja físico ou mental, traz em seu bojo angústias e preocupações
que têm o potencial de tirar a estabilidade emocional e a tranquilidade da pessoa
enferma, o que nos leva a considerar que todo atuante na área da saúde tem
sua parcela de contribuição. Em função disso, tem ocorrido um movimento de
apologia a perspectivas de terapias combinadas.
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/team-medical-
professionals-mix-race-doctors-1858968271>. Acesso em: 24 abr. 2022.
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
Tais perguntas levantadas pelo nosso amiguinho Leo servem mais à instigação
sobre esse demarcador de identidade para o profissional psicoterapeuta, ou seja,
se a escolha da abordagem que vai nortear a atuação serve somente de baliza
para ele, sem a ciência das pessoas que buscam o serviço de que existe uma lista
que talvez devesse consultar antes de agendar o atendimento. Parece ser difícil
comparar propostas terapêuticas, mais ainda comparar critérios de avaliação do
progresso dos pacientes. Cabe mais a cada linha teórica se avaliar e sistematizar
melhor os dados sobre as contribuições junto à sociedade.
Veremos nas páginas que seguem que a TCC apresenta especificidades que
se ajustam a aspectos contemporâneos buscados pelas pessoas quando elas
procuram algum serviço: é objetiva, educativa, diretiva e focada na resolução da
demanda (ou problema) principal, propõe estratégias e permite monitoramento
e avaliação dos progressos. Isso já pode explicar o motivo de ser uma das
principais abordagens difundidas no mundo. Pensamos ser indispensável incluir
no processo de formação do psicoterapeuta essa dimensão do alcance social,
contributivo e benquisto nos espaços de atuação.
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
A TCC, como já foi dito, está inserida em vários espaços, desde clínicas
privadas, consultórios, setor público até na educação e outros cenários. Ainda que
os espaços sejam diversos, a perspectiva da TCC, assim como das psicoterapias,
é clínica. Por mais que estratégias sejam aplicadas por profissionais, por exemplo,
no contexto escolar, a sua direção tenderá a contribuir ali com a saúde mental das
pessoas atendidas. Logo, não é difícil constatar que é na área da saúde que os
psicoterapeutas estão situados, seja no nível de atenção primária, secundária ou
terciária.
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
4 A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA
PERSPECTIVA DA TCC
FIGURA 13 – AVALIANDO PENSAMENTOS, EMOÇÕES E SENTIMENTOS
FONTE: <https://unsplash.com/s/photos/psychological-
assessment>. Acesso em: 27 fev. 2022.
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
FONTE: O autor
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
A TCC vem sendo adaptada para uma grande variedade de quadros clínicos,
como os transtornos depressivos e de ansiedade, os transtornos bipolares,
a esquizofrenia, os transtornos de personalidade borderline, os transtornos
alimentares e outros. Embora isoladamente a TCC apresente limitações para
pacientes com esquizofrenia ou transtorno bipolar, quando combinada com
farmacoterapia, os resultados são significativos (WRIGHT; BASCO; THASE, 2011;
LAM et al., 2003).
103
PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
Os esquemas tendem a ser divididos em: esquemas simples, que são regras
mais gerais e de menos impacto nas distorções cognitivas – exemplos: “devemos
valorizar os estudos”, “o trabalho nos dignifica”, “devemos ficar atentos ao andar
sozinho à noite”; esquemas ou crenças intermediárias, que se baseiam em
pressuposições e influenciam a regulação emocional e comportamental –
exemplos: “tenho que me empenhar para conquistar algo”, “se eu não conseguir
chegar no horário, vão pensar que sou irresponsável”; esquemas ou crenças
nucleares (de si mesmo), que são regras absolutas, globais e mais rígidas –
exemplo “não sou capaz de nada”, “jamais vou conseguir um emprego”, “tenho
azar no amor”, “tenho muito potencial”, “sou um ótimo filho”. Repare que aqui
considerei exemplos de crenças positivas.
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
FONTE: O autor
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
FONTE: <https://br.freepik.com/psd-gratuitas/post-de-midia-social-de-conceito-
de-atendimento-pediatrico_8849665.htm>. Acesso em: 27 fev. 2022.
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
testes, com a decisão do STF, passasse a ser livre a qualquer pessoa, a aplicação
profissional continuou designada aos psicólogos (CARDOSO; ZANINI, 2021).
107
PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
Até certo ponto, a TCC com tempo limitado é mais adequada para a pessoa
com quadro de adoecimento não grave, boas habilidades verbais e que tem
interesse pelo processo psicoterápico. Na verdade, esses indicadores servem a
qualquer forma de intervenção profissional em saúde (WRIGHT; BASCO; THASE,
2011).
5 APLICAÇÃO DE TÉCNICAS E
ESTRATÉGIAS COGNITIVAS E
COMPORTAMENTAIS
O trabalho na TCC de diagnosticar transtornos mentais, identificar sintomas
psicológicos, crenças irreais, pensamentos distorcidos e situações problemáticas
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
seria improfícuo se não apresentasse, a partir disso, auxílio aos pacientes nas
metas terapêuticas. Reduzir sintomas e ensinar o paciente a administrar novas
estratégias para lidar com os problemas são focos dos esforços na TCC.
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
a) Entrevista motivacional
c) Ativação comportamental
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
se bem sucedido, tem duplo efeito: o paciente se torna mais ativo na sua vida e
passa a se sentir melhor emocionalmente, já que, de forma inerente, ele passa a
ressignificar a leitura de si próprio de forma mais positiva. Além de tudo, espera-se
que ele passe a ter mais habilidades para a resolução de problemas (WENZEL,
2018).
d) Técnica da exposição
e) Aceitação e mindfulness
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
n) Manejo da raiva
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Este capítulo se propôs a trazer aspectos históricos, constitucionais e
diretivos da TCC. Existe um certo mito de que a TCC seja simplista ou demasiada
focada e gerencialista. Na verdade, ao contrário de ser simplista, a TCC demanda
aprofundamento, por conter vasto arcabouço teórico e diretivo. Ficar somente nas
leituras superficiais pode limitar o potencial terapêutico. São inúmeras estratégias
comprovadas e quanto mais o profissional tiver o domínio delas, mais competente
ele será na escolha, aplicação e avaliação da técnica utilizada. Com relação ao
gerenciamento e à organização (prévia e pós) das sessões, propicia-se tanto ao
profissional quanto ao paciente um vínculo terapêutico mais seguro e empático.
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
REFERÊNCIAS
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
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Capítulo 2 PSICOLOGIA CLÍNICA – TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
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C APÍTULO 3
APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA
PRÁTICA CLÍNICA E NO CONTEXTO
ORGANIZACIONAL
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APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O psicoterapeuta é o profissional que oferece um tipo de tratamento
que busca reestabelecer a saúde mental das pessoas. Quando falamos em
reestabelecimento da saúde mental, pode-se pensar que estamos versando sobre
os transtornos mentais que constam nos manuais de psicopatologia. Porém,
devemos observar que há os sofrimentos mentais considerados comuns e os
transtornos mentais considerados patológicos.
A TCC pode ser aplicada nos dois casos. O profissional deve, contudo, ser
claro que, ao lidar com os sofrimentos comuns, o objetivo é a prevenção de
sintomas e o empoderamento da pessoa atendida, para que ela possa se apropriar
de habilidades cognitivas e comportamentais para o enfrentamento de fatores
precipitantes e o gerenciamento adequado dos fatores predisponentes. Já nos
casos em que se manifestam transtornos mentais, a diminuição ou eliminação
dos sintomas e o fortalecimento cognitivo, emocional e comportamental do
paciente são metas no tratamento.
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
FONTE: <https://www.freepik.es/foto-gratis/empresaria-hablando-
su-psicologa_860909.htm>. Acesso em: 22 mar. 2022.
Neste capítulo, vamos ver como a TCC pode contribuir em três situações:
a) nos casos em que pacientes apresentam sintomas ou diagnósticos
psicopatológicos, ou seja, em situações moderadas ou graves de adoecimento
mental; b) nos casos em que não há o apontamento de algum transtorno presente
na vida dos pacientes, mas, por prevenção, a intervenção da TCC é benéfica e
recomendável devido à presença de fatores precipitantes que podem desencadear
sintomas emocionais e comportamentos disfuncionais; c) no ambiente do trabalho,
126
APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
2 POSSIBILIDADES DE
INTERVENÇÃO DA TCC NAS
PSICOPATOLOGIAS
Nesta primeira seção, vamos focar a aplicação da TCC no tratamento dos
principais transtornos mentais. Na seção subsequente, discorreremos sobre a
TCC aplicada a um âmbito mais preventivo, nos casos em que os transtornos
mentais não estão presentes, mas os fatores precipitantes sim, o que torna
fundamental a indicação da psicoterapia para ajudar o paciente a lidar com as
dificuldades.
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
FONTE: <https://br.freepik.com/vetores-gratis/conjunto-de-diferentes-
transtornos-mentais_10183288.htm>. Acesso em: 23 mar. 2022.
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APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
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APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
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APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
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FONTE: O autor.
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APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
3) História do atendimento/tratamento
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
Nos quatro anos e meio de tratamento, Luana foi recuperando aos poucos
a estabilidade afetiva, emocional, ideativa e comportamental – ressalva-se que
funções como memória, inteligência, atenção e afins ficaram preservadas. Com
a remissão dos sintomas, mas não a ausência deles, foi sendo possível aplicar
estratégias cada vez mais refinadas no acompanhamento psicoterápico baseado
na TCC, em que até com o conteúdo alucinatório presente, os conteúdos
delirantes foram eliminados ou ganharam explicações racionais, a ponto de Luana
voltar ao trabalho, com ressalvas.
Luana nasceu em uma família com recursos diminuídos, mas com o suficiente
para não passar dificuldades: casa situada em local com bom saneamento básico
para morar, alimentação, eletricidade, água tratada, boas roupas, atividades
recreativas em família, vida social e comunitária ativa etc. Contudo, com pouco
mais de um ano de vida de Luana, o pai, único provedor da casa, veio a falecer. É
evidente que o pai era uma parte fundamental para a engrenagem familiar manter
a condição socioeconômica mais estável.
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APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
namorou após a morte do marido, e Luana cresceu sem saber, na verdade, o que
seria a presença de um pai, já que, evidentemente, não armazenou na memória
nada do pai. Pelas fotos e relato da mãe, ela apenas ficou sabendo que foi a mais
paparicada pelo pai, que, por passar um período tratando a saúde antes de vir a
falecer, pôde conviver com a filha de forma mais próxima.
Luana teve infância e adolescência tranquila, sempre foi bem nos estudos e
nas amizades e com facilidade entrou no mercado de trabalho. Praticamente não
namorou na adolescência. Percebeu que gostava de menina e, talvez, aí veio a
primeira onda de dificuldades: manifestar junto à família sua homossexualidade
e conseguir naturalmente manter seu padrão de socialização. Lidou de forma
resiliente ante os preconceitos velados, afastou-se de amigos que imaginava
serem contra o relacionamento homoafetivo e administrou no âmbito familiar as
dificuldades. Por volta dos vinte anos, ingressou na faculdade. Em tal período,
passou por fatores estressores. Relatou em sessões que, naquela época,
apresentou sintomas depressivos e ideação suicida, mas sem nunca buscar
ajuda. Não podia se dar ao luxo de cuidar de si enquanto corria atrás da formação
e do trabalho.
Por volta dos vinte e cinco anos, passou a lecionar na rede estadual de
ensino, fez especialização e se considerava bem-sucedida em sala de aula. Por
volta dos trinta anos, quando já havia passado em um concurso estadual e sido
efetivada, experimentou o papel de supervisão escolar devido ao afastamento da
ocupante do cargo, só que acabou ficando por três anos. Durante esse período,
passou a buscar ajuda do psicólogo e psiquiatra pelo plano de saúde vinculado
ao trabalho, ou até pagando por consultas particulares. Nessa época, também
comprou uma casa na qual passou a morar, levando consigo sua mãe. Durante
toda a vida, Luana morou com sua mãe e diz não conseguir imaginar morar em
uma casa sem a presença da progenitora. A mãe não vê mal nisso e tem em
Luana sua companhia para a vida, já que os outros filhos se casaram e vivem com
suas famílias.
A volta para a sala de aula era não era o desejo, mas foi derrotada em uma
eleição que daria direito à continuidade na supervisão. É evidente que tanto o
processo quanto o resultado mexeram muito com Luana. Na verdade, ela já vinha
se sentido esgotada, cansada, cobrada e se pressionava. Além disso, enfrentava
dificuldades no relacionamento afetivo, apesar de a namorada fazer todo o
possível pra darem certo. Enquanto a namorada baseava a relação no equilíbrio
emocional e serenidade, Luana tinha dificuldades de lidar com o ciúme e pelo fato
de a namorada trilhar um caminho bem-sucedido.
Nos dois anos subsequentes, o trabalho em sala de aula era tido como
sacrificante e não prazeroso. Achava que os alunos falavam alto, não tinham
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
disciplina e não davam valor às suas aulas. Três meses antes do surto psicótico,
ficou afastada por duas semanas por crises de choro, esgotamento e nível elevado
de estresse. Tomou medicação prescrita por psiquiatra, mas não quis, dessa vez,
acionar serviços psicoterápicos, com a justificativa de que não teria tempo para
continuar indo às sessões após voltar ao trabalho e por desânimo.
7) Pontos fortes/recursos
8) Objetivos do tratamento
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
meus comportamentos para mostrar para as pessoas que estou bem; se eu não
conseguir voltar a dar aulas, as pessoas pensarão que sou fracassada; sou um
risco para as pessoas.
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
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Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
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APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
3 TCC PREVENTIVA: A
CONTRIBUIÇÃO PARA A QUALIDADE
DE VIDA
É importante apontar para a capacidade preventiva da TCC, já que a
prevenção de sintomas ou do regresso dos sintomas (nesse caso, após um
tratamento que alcançou êxito) pode ser tão benéfica quanto a possibilidade
de tratar um episódio atual de adoecimento mental (NEUFELD; CAVENAGE,
2010). Não se trata, nesse sentido, de psicopatologizar todo sofrimento humano.
Ao contrário, importa demarcar que nem toda manifestação de dor, angústia,
ansiedade, aflição, dentre outras, precisa ser medicada ou sofrer intervenção
“mais dura”. Vimos, no Capítulo 2, que distorções cognitivas, pensamentos e
crenças influenciam no surgimento dos sintomas e instruir as pessoas com
estratégias para lidar melhor com as dificuldades pode ser de grande valia para o
não surgimento de transtornos psicopatológicos.
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
FONTE: <https://www.conasems.org.br/material-da-campanha-
de-prevencao-ao-covid-19/>. Acesso em: 27 mar. 2022.
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APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
Marcelo resolveu, então, sair para comer algo, já que, além de estressado, não estava a fim de
preparar algo e ainda ter que limpar. Além do mais, sair um pouco poderia ajudar a pensar numa
forma de conversar com Leila. Na sua cabeça, ela estaria na casa da mãe dela ou na casa de
alguma amiga. Escolheu comer algo num bar e aproveitou para tomar sua cerveja (também motivo
de discussão entre o casal). Ao voltar para a casa, para a sua surpresa, encontrou, sentadas no
sofá, sua mãe e sua esposa. Leila havia ficado o dia todo com a mãe de Marcelo em um hospital!
Esse era o motivo das ligações, as quais ele não atendeu. Marcelo é filho único, já não tem mais
o pai e, como ele demorou a dar um retorno, Leila adotou a iniciativa de tomar as providências em
relação à sua sogra.
FONTE: O autor
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APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
- Bom, eu não devia fazer este favor após esse seu teatrinho, mas o que um pai não faz para a
filha, né!? O Júlio está aqui em casa há uns quinze minutos (“O quê!?”, grita Nicole do outro lado).
Ele deixou o celular em casa, falou que você reclama de ele ficar usando o aparelho quando saem
juntos. Eu pensei que você estivesse ainda aqui se arrumando, já que não vi você saindo. Aliás,
você poderia avisar e se despedir ao sair, né? Agora que notamos que você não está, ele quer
saber se você, por acaso, não se esqueceu de que iam ao shopping hoje.
- Cabeçudo!
- Filha, isso são modos de falar com seu pai?!
- Não estou chamando o senhor, pai! Para de drama. Passe o celular para o Júlio.
- Ok, de nada!
- Oi, linda! (“coisa doida os namoros de hoje”, diz o pai ao fundo, saindo da sala).
- Linda? Linda vai ficar a sua orelha quando você chegar aqui.
Enfim, Júlio não conseguiu chegar a tempo de pegar o ônibus e Nicole o esperou para irem no
próximo. Os amigos foram na frente para reservar entradas para o cinema e, evidentemente, o
clima poderia estar melhor.
FONTE: O autor
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
(BECK, 2013). Vejamos que a literatura que fala da prevenção por meio da TCC
trata justamente – e basicamente – do valor que se dá à condição de recaída. Mas
por que não se dar mais ênfase à evitação de primeiros episódios sintomáticos?
Por que não pensar que habilidades em resolução de problemas e interpretações
funcionais de experiências vividas do cotidiano ajudam na promoção da qualidade
de vida?
FONTE: O autor.
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APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
Assim que as duas saíram, passando por ela com risinhos e cochichos, percebeu que o papel ficou
na mesa. Luíza pensou em ir conferir do que elas riam. Mas se corou imaginando que seria coisa
diferente do relacionado com ela. Apesar disso, levantou-se e, de forma rápida e decidida, foi até à
mesa e pegou o papel. Ao ler, foi tomada por uma mistura de raiva e tristeza. Estava lá seu nome,
um desenho seu e setas apontando para as partes do corpo com adjetivos vulgares e depreciati-
vos. Imediatamente, quase chorando, levou o desenho e apresentou-o à sua supervisora, que, no
mesmo instante, solicitou ao responsável da cantina o acesso às imagens do ocorrido, para poder
dar início a providências.
FONTE: O autor.
O caso 5 traz uma situação peculiar e que traz uma mensagem que não
podemos ignorar. Algumas das metas da TCC é que o paciente aprenda a ser
seu próprio terapeuta, que consiga administrar seus pensamentos automáticos,
identificar suas crenças centrais e fazer com que o melhor gerenciamento da
capacidade cognitiva leve a comportamentos mais funcionais e diminua o
sofrimento ou adoecimento mental. Sempre indicamos dar atenção aos erros
e distorções cognitivas que podem levar a interpretações equivocadas da
realidade. Mas isso não significa que devemos ignorar ingenuamente que, no
dia a dia, realmente situações ruins podem acontecer, dificuldades podem se
apresentar, pessoas podem agir mal conosco e muitos acontecimentos
podem nos abalar.
156
APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
FONTE: <https://stock.adobe.com/br/images/parents-and-son-family-portrait-daddy-
mom-and-child-having-fun-outdoors-father-s-day-mother-s-day-loving-parents-childhood-
fatherhood-motherhood-love-happiness/276030995>. Acesso em: 26 mar. 2022.
157
PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
Na sessão, uma vez abalada com a maldade das colegas, foi trabalhado o
ponto positivo da situação, em que Luiza buscou evidências e resolveu o problema
de uma forma objetiva e com mediação da supervisora. Foi preciso descontruir
as distorções cognitivas de generalização, já que, a partir do ocorrido,
Luiza passou a reforçar que “todas as pessoas são ruins e não confiáveis”.
Foram levantadas estratégias para continuar lidando com as colegas, já que
elas receberam advertência, mas não foram excluídas do projeto. Pegou-se a
situação como ótima oportunidade para aprender a lidar com pessoas difíceis,
frustrações e conflitos em equipe. Com o transcorrer do tempo, Luiza voltou a
conversar com as colegas, mas passou a demarcar um limite seguro para não se
frustrar e ser respeitada.
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APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
O caso 6 traz outro exemplo de uma pessoa que preferiu buscar evidências
a partir de uma situação que a incomodava. Nos casos que envolvem
relacionamentos, profissionais, assim como o/a leitor/a deste livro, podem ser
levados a julgar a atitude de Cláudia, aprovando ou desaprovando o ato de
conferir se o marido estava ou não falando a verdade sobre o motivo de chegar
mais tarde a casa. Mas vejamos que a busca por evidência imaginativa, avaliando
os pensamentos, não desautoriza a busca por evidências no mundo real. Aí sim,
vale de o profissional avaliar se as tomadas de decisão pela pessoa atendida
são baseadas em anterior ajuizamento da situação, se há distorções cognitivas,
ideação paranoide ou delírios.
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
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APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
depressivos, ainda que normais, são desnecessários por tempo prolongado. Além
disso, no quadro depressivo, ocorre desregulação de outras áreas, prejudicando a
pessoa para além das manifestações psicopatológicas (OLIVA, 2011).
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Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
4 INTERVENÇÕES DA TCC NA
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
Administrar nossas emoções e comportamentos perpassa e muito pela forma
como pensamos, interpretamos a realidade, fazemos inferências sobre situações
não tão claras e pelas nossas habilidades mentais de criar estratégias para
resolver conflitos e problemas. Ou seja, nossas funções cognitivas são essenciais
tanto para interpretar a realidade como para resolver problemas.
FONTE: <https://incrivel.club/inspiracao-gente/13-coisas-que-nao-se-
deve-tolerar-no-trabalho-475960/>. Acesso em: 17 mar. 2022.
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
organizacional, de modo que existe um deficit do olhar clínico para a saúde mental
dos trabalhadores.
Alguns números levantados pelo ENAP (2020) ilustram isso: no mundo, 264
milhões de pessoas sofrem depressão e ansiedade (veja que não é o número
total de doenças mentais) que causam uma perda anual de US$ 1 trilhão na
economia. Quase 80% das pessoas sofrem com episódios de estresse no
trabalho anualmente; 42% dos trabalhadores brasileiros já sofreram algum tipo
de assédio moral no trabalho; 44% dos brasileiros afirmam ficar mais irritados no
trabalho; 25% aumentaram o consumo de álcool associando a causa ao trabalho;
28% confessaram descontar em familiares (ou seja, afetando outra área da vida).
Por outro lado, se houver interesse em promoção de saúde pelas organizações,
para cada US$ 1 investido em melhorias na saúde e bem-estar mental dos
colaboradores, US$ 4 são percebidos em ganhos como resultado (ENAP, 2020).
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APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
“Eu tenho que ser o melhor em tudo que faço”. “Tudo precisa estar
Expectativas imperativas
perfeito”. “Eu deveria ter esforçado mais”.
“As coisas dão errado porque meu coordenador não me apoia”. “Isso
Vitimização
aconteceu porque você não me ajudou”.
“Não fui escolhido porque sou incapaz”. “Ele foi demitido porque é um
Rotulação
mal funcionário”.
“Esse gestor está pensando que não vou me sair bem na tarefa”. “Eles
Leitura mental
não estão satisfeitos com a minha forma de liderar a equipe”.
“Não vai dar certo”, “Não vou conseguir”. Previsões pessimistas
“Se eu não cumprir a meta, sou um fracassado”. “Se não for para con-
Pensamento dicotômico
seguir realizar este trabalho, não vale a pena que eu tente”.
“Esse projeto não avançou por culpa minha”. “Meu supervisor está irri-
Personalização
tado, devo ter feito algo errado”.
FONTE: O autor
166
APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
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APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
FONTE: <https://incrivel.club/inspiracao-psicologia/psicologos-dao-7-dicas-para-evitar-que-
o-estresse-do-trabalho-destrua-seu-relacionamento-572760/>. Acesso em: 22 mar. 2022.
169
PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
• palestras;
• cartilhas, materiais on-line e vídeos;
• momentos psicoeducativos periódicos orientados por psicoterapeuta
atuante na abordagem da TCC;
• oferta do serviço psicoterápico de abordagem individual para acolher
pessoas que passam por dificuldades pessoais e/ou profissionais em
determinado momento da vida.
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APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
• um aluno que queira deixar a escola porque tem tirado notas ruins;
• uma esposa que queira desistir do casamento porque o marido apresenta
comportamentos violentos;
• um líder comunitário que se queixa da passividade da população para
resolver problemas locais;
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
• um trabalhador que queira pedir para sair do trabalho por não se sentir
valorizado;
• ou um gestor que se sente inseguro e desapontado com o rendimento de
sua equipe.
Assim, poderíamos citar outras situações. São demandas que o leitor deste
livro, pensando como um psicoterapeuta da TCC, consegue (e talvez até o tenha
feito enquanto lia) fazer inferências sobre causas, possíveis distorções e até
possíveis estratégias de intervenção.
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APLICAÇÃO E EFICÁCIA DA TCC NA PRÁTICA CLÍNICA E
Capítulo 3 NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, tivemos a intenção de dar sequência aos dois primeiros e,
de certa forma, integrá-los. Se, no primeiro capítulo, trouxemos pressupostos da
psicopatologia e, no segundo, os princípios da TCC, neste pudemos voltar em
muitos momentos aos aspectos da avaliação psicodiagnóstica e aos aspectos da
abordagem cognitivo-comportamental para a resolução de demandas.
Espera-se que este livro tenha contribuído, como foi dito na apresentação
inicial, para novos conhecimentos para aqueles novatos em relação aos temas
aqui apresentados. Para os mais familiarizados, a expectativa é ter contribuído
para novas inferências e indicações de leitura, além te ter preenchido algumas
lacunas. Que o olhar crítico do leitor tenha propiciado a imagem de um diálogo
possível e que, na participação no ambiente virtual desta disciplina, apareçam as
ideias e visão sobre os temas trabalhados.
173
PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
REFERÊNCIAS
AGUIAR, J.; KANAN, L. A; MASIERO; A. V. Práticas Integrativas e
Complementares na atenção básica em saúde: um estudo bibliométrico da
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PSICOPATOLOGIA E A TCC (TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL)
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