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POMAR / FAVI
ARTETERAPIA:
RESGATE DA AUTOESTIMA FEMININA ATRAVÉS DA DELICADEZA
Rio de Janeiro
2016
1
ARTETERAPIA:
RESGATE DA AUTOESTIMA FEMININA ATRAVÉS DA DELICADEZA
Orientadora
Prof.a Ms. Marcia Santos Lima de Vasconcellos
Rio de Janeiro
2016
2
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
This research had the objective to show some aspects of the role of women along
the time, bringing the issues that may have generated a certain emotional unbalance
and the importance of going in search of their creative potential, the expansion of the
subjective perception about themselves, their real femininity and the reconstruction of
the self-esteem. It also presents art therapy as a therapeutic process capable of re-
reading the emotional blocks and issues that affect them in childhood in order to lead
to a transformation. The weekly therapeutic art encounter emerges as a
transformative resource that enabled a group of women to build a more welcoming,
subtle and creative field of expression, so that when surrendering to a space of
confidence and expansion of their perception about their life, to find out resources for
dealing with suffering, working with several materials that help in self-knowledge,
self-care, self-worth, affection and delicacy provided by the activities produced.
LISTA DE IMAGENS
Imagem 1 Feminino 11
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Imagem 2 Desconstrução 13
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Imagem 3 Submissão 14
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Imagem 4 O tempo 15
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Imagem 5 Ruminar 16
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98ffdc8cd7fddbc648 ed1c175c3.jpg
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Imagem 6 Reencontro 17
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Imagem 8 A Deusa 19
Disponível em: http://www.cgsociety.org/cgsarchive/stories/2007_06/jussi/wa
llpaper.jpg
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Imagem 12 Submissão 25
Disponível em: http://meuspensamentospensam.blogspot.com.br/search?up
datedmax=2012-04-13T11:53:00-07:00&max-results=60
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7
Imagem 14 O Resgate 27
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Imagem 15 Consciência 28
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Imagem 19 Patriarcalismo 35
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Imagem 20 O Eu 36
Acervo pessoal da autora.
Imagem 23 O resgate 43
Acervo pessoal da autora.
Imagem25 Olhar 45
Acervo pessoal da autora.
Imagem 26 Mulher 49
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8
Imagem 27 O Segredo 50
Acervo pessoal da autora.
Imagem 28 A dor 51
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Imagem 29 Reinventando 53
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Imagem 31 Individuação 58
Acervo pessoal da autora.
Imagem 32 Metamorfose 60
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Imagem 33 Prática I 63
Acervo pessoal da autora.
Imagem 34 Prática II 65
Acervo pessoal da autora.
Imagem 36 Prática IV 66
Acervo pessoal da autora.
Imagem 37 Prática V 67
Acervo pessoal da autora.
Imagem 38 Prática VI 68
Acervo pessoal da autora.
Imagem 41 Prática IX 71
Acervo pessoal da autora.
Imagem 42 Prática X 72
Acervo pessoal da autora.
Imagem 43 Prática XI 72
Acervo pessoal da autora.
9
Imagem 45 Renovação 74
Acervo pessoal da autora.
10
SUMÁRIO
RESUMO ........................................................................................................ 04
ABSTRACT .................................................................................................... 05
LISTA DE IMAGENS ...................................................................................... 06
APRESENTAÇÃO .......................................................................................... 11
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.......................................................... 74
REFERÊNCIAS................................................................................................ 76
11
APRESENTAÇÃO
Imagem 1: Feminino
INTRODUÇÃO
Imagem 2: Desconstrução
e mulheres, onde o papel da mulher era respeitado pelos homens, que era capaz de
perceber e valorizar o papel feminino de gerar e cuidar dos filhos dando a ele a
mesma importância que dava a mãe natureza, que fertilizava e produzia a planta.
Quando se instala a sociedade de caça, o homem sobrepõe-se da força física e
descobre sua importância na fertilização, tomando para si o domínio deste feminino.
Partindo desta nova reorganização social, a mulher afasta-se da sua natureza inicial,
gerando assim uma série de conflitos internos e uma constante busca de encontro
com o seu ser, pois os princípios masculinos reafirmaram-se como soberanos
ligados ao racional e dominante. O que fez com o que mulher reafirmasse o seu
comportamento ligado ao coletivo, ao sensível e ao sentimental, aumentando sua
submissão diante do poder masculino. Com o tempo, a mulher percebeu a perda da
sua identidade feminina, negou sua própria natureza, rejeitou a sensibilidade, a
maternidade, adotando papéis masculinos.
Imagem 3: Submissão
Imagem 4: O tempo
Imagem 5: Ruminar
Imagem 6: Reencontro
CAPITULO I
IDENTIFICAÇÃO DO FEMININO
percurso relaciona-se como fazem hoje. E isso vai ser visto como algo que faz uma
enorme diferença na vida, na relação entre os seres humanos e até no planeta.
Partindo do princípio, que a espécie humana vivia da coleta e da caça de
pequenos animas e que não era preciso usar força física, as mulheres tinham lugar
de equivalência. Para Muraro (2009, p. 05) “[...] a mulher ainda é considerada um
ser sagrado porque pode dar a vida, e, portanto, a fertilidade da terra e dos animais.
O princípio masculino e o feminino governavam o mundo juntos. Não existia
desigualdade entre ambos os sexos”.
Imagem 8: A Deusa
O homem via a mulher como Deusa e dava a ela o direito ao poder, que não
era conquistado pela força. Observando a história das Deusas, pode-se perceber o
reflexo do inconsciente coletivo no comportamento feminino. Aceitar a divindade que
há em ser mulher é evocar o feminino sagrado existente em todas nós. As mulheres
20
Sendo assim, “Esse poder não trazia privilégio pessoal para quem mandava.
Por isso, todos, por sua vez, acabavam por exercê-lo.” (MURARO, 2003 p. 14). Não
existia a noção de individualismo, porque os interesses dos grupos envolvidos
estavam além dos interesses pessoais. Para Muraro,
Homens e mulheres viviam da coleta dos frutos das árvores e da caça aos
animais miúdos, os grupos eram muito pequenos e sentiam medo diante da
natureza grandiosa e frequentemente hostil. Por isso, a lei regia o
comportamento desses grupos era: Lei da solidariedade e da partilha.
(2003, p. 12).
Ainda segundo Muraro & Boff (2002), a relação entre eles passa a ser de
dominação, como a mulher representava o princípio feminino que necessitava ser
dominado, foi subjugada pelo homem. Assim, o mundo passou a ser competitivo, e a
mulher conservou os valores de solidariedade e partilha, que foram passados para
seus descendentes.
.
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13T11:53:00-07:00&max-results=60
A voz interior é a voz de uma vida mais plena e de uma mais ampla e abrangente.
Por isso, dentro da mitologia, o nascimento de um herói ou seu renascimento
simbólico costuma coincidir com o nascer do sol; é que o formar-se da
personalidade equivale a um aumento da consciência. (JUNG, 2002c, p. 190)
28
quase total da figura masculina nos grupos familiares. Elas já não estão mais só
dentro de casa, agora cuidam dos filhos, da casa e estão também no mercado de
trabalho. Sendo assim, o número de famílias chefiadas por mulheres expande-se.
A percepção desses valores nos traz duas polaridades diferentes,
contribuindo para o equilíbrio interior de cada um dos seres levando assim ao sanar
das desigualdades estabelecidas através dos tempos. Se estes paradigmas forem
restaurados, não se fará mais necessário os movimentos organizados pelas
mulheres, na tentativa de serem vistas com igualdade pelos homens. E assim,
homens e mulheres voltarão a viver em harmonia.
30
CAPITULO II
O SAGRADO
Que nada no limite, que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a
liberdade seja nossa própria substância, já que viver é ser livre. Porque
alguém disse e eu concordo que o tempo cura, que a mágoa passa, que
decepção não mata. E que a vida sempre, sempre continua.
Simone de Beauvoir
A busca desta sintonia com a mãe Terra pode ser um caminho importante
na busca da harmonia de nossa sociedade, que não valoriza o feminino, no
qual as mulheres, para tornarem-se respeitadas, procuram assumir posturas
masculinas nos campos profissional, cultural e social. Contudo, ao adquirir
qualidades masculinas, como autoritarismo, a mulher perde seu poder de
acolhimento, de ternura e de sentir prazer, aponta (ARCURI, 2006, p. 18)
.
É a partir do encontro desta harmonia com a natureza que a mulher se
fortalece e passa a crer na sua sexualidade, não sendo mais apenas objeto de
desejo, mas sim, senhora de si. Desta forma a mulher aprende a resgatar a própria
origem, o que a encoraja para irem busca de sua autenticidade.
A mulher por muito tempo e ainda nos dias de hoje, foi ridicularizada pelos
homens o que a fez assumir uma postura que trouxe marcas profundas na sua vida
emocional, o que a flagela, e aprisiona no seu próprio ser. Assim, ela passa a viver
um mundo de submissão e discriminação, onde então no papel de vítima, deixa de
lado o seu sagrado feminino, e passa apenas a servir ao homem e a suas vontades.
Na ânsia de liberta-se dessa submissão e ser aceita pela sociedade, a mulher
rejeita a maternidade, perdendo a identidade feminina. Dessa forma, o princípio
feminino fica ameaçado, dando origem ao movimento feminista. A partir daí, as
mulheres passam a imitar os homens, adotando papéis masculinos diante da
sociedade. (HARDING, 1985).
Imagem 18: Senhor absoluto
Imagem 20: O Eu
“Já que são dois, dois devem ficar, com suas diferenças e seus laços de
dependência recíproca, únicos a assegurar a reprodução da espécie, a ordem social
e a felicidade” (BADINTER, 1986, p. 237).
A redenção do sagrado feminino diz respeito, tanto ao homem quanto a
mulher. É necessário que ambos mudem o olhar para áreas espiritual, familiar,
social, política, econômica, cultural, e que deixe fluir as necessidades de cada um.
Para que os valores femininos e masculinos sejam revalorizados, compreendidos e
respeitados.
“Não se trata de uma luta de gêneros, mas sim, a busca de instauração do
princípio feminino que, em parceria com o masculino, pode desenvolver a
sustentabilidade do planeta.” (VASCONCELLOS Apud MURARO e BOFF, 2002, p.
71).
O homem antigo, experimentava o mundo a partir das imagens arquetípicas
que eram formadas da sua relação com ele (NEUMANN, 1998).
Essa cultura é resultado das dinâmicas arquetípicas, que provêm das
experiências psíquicas dos povos, é a relação que o homem estabelece entre a
consciência e o inconsciente que determina o caráter de toda uma cultura. Isto
significa que à medida que há a evolução da consciência do homem primitivo, que
se encontrava “mergulhado” nos processos inconscientes, há uma transformação e
desenvolvimento do homem como um todo (NEUMANN, 1998).
2.1 LILITH
Segundo Gênesis, Eva não foi a primeira mulher de Adão, mais sim Lilith,
uma mulher independente e emancipada que não se dobrou diante do poder
masculino, e questionou seu lugar de igualdade com os homens, e assim abalou a
estrutura patriarcal. Conforme o mito, Lilith fora a primeira esposa de Adão, anterior
à Eva.
No mito, Lilith fora a primeira esposa de Adão, anterior a Eva. Os dois foram
criados por Deus para que não houvesse superioridade entre nenhum dos dois
sexos, Deus os fez do mesmo pó (ROBLES, 2006).
Desta linda mulher, com cabelos longos e negros, seu corpo, uma escultura,
rosto suave e mãos delicadas pouco é sabido. Algumas culturas dizem que: Deus
38
criou Adão e Lilith do mesmo pó, e esta durante o ato sexual questionou sua posição
subjugada.
“[...] por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu
corpo? Por que devo ser dominada por você? Contudo eu também fui feita de pó e
por isso sou igual.” (SICUTERI, 1998, p. 35) O desejo de Lilith, é que desta forma os
dois pudessem desfrutar do prazer e do amor em igualdade. Eram iguais.
Adão, entendeu o pedido de Lilith como ousadia e negou-o, abandonando-a.
Ofendido foi queixar-se para Deus, que pediu para três de seus anjos trazerem Lilith
novamente para seu marido sob a pena de ser amaldiçoada (RIBEIRO, 2012). Lilith
não concordou com a sentença e foi amaldiçoada e relegada à convivência com
demônios. Em sua revolta declarou guerra ao Pai, não permitindo mais paz entre
39
Sua imagem retorna de tempos em tempos, sempre que uma mulher luta por
igualdade e liberdade. Lilith não é somente o demônio. Para Monteiro (1998) ela
também representa o aspecto sombrio do feminino – desejo e sensualidade ilícitos –
reprimidos da consciência. Referem-se à sua humilhação, fuga e diminuição perante
Adão. É associada a raiva e à vingança, na aparência de mulher sedutora e
assassina.
Ainda conforme Monteiro (1998, p. 34),
2.2 EVA
Eva foi segunda mulher de Adão. Monteiro (1998, p. 27) comenta que: “em
Gênesis 2:23 – Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne. Está
será chamada de varoa, porquanto do varão foi formada. Gênesis 3:20 – E chamou
Adão o nome da sua mulher, Eva porquanto ela era a mãe de todos os viventes.”
Eva é considerada primeira mulher, primeira esposa, mãe de todos. Feita de
uma de suas costelas e por isso é inferior a ele. É a culpada pelo pecado original
quando comeu o fruto da árvore da sabedoria o que levou a expulsão dela e de
Adão do Paraíso. Pires (2008, p. 51) afirma que: “Também foi culpada pelos
padecimentos humanos, pois a partir daí a mulher começou a parir com dor e o
homem precisou obter seu sustento por meio do próprio trabalho.” É o início da vida
terrena caracterizada pela dor, pelo trabalho e pela morte. Afirma, Robles (2006) que
a partir daí a mulher fica responsável pelo pecado de ter cedido ao demônio e a
cometer pecado e de ser a culpada pela perda do Paraíso. No entanto, Eva assume
o papel principal ao ser seduzida pela serpente. Eva e Adão comem o fruto proibido
da árvore do conhecimento. Com o poder da escolha, o homem também torna-se
responsável por seu destino, e com certeza, o peso desta obrigação o retira para
sempre do Paraíso. Para Pires (2008, p. 68): “Assim é esperado que a mulher
identifique-se com o modelo representado por Eva – a esposa fiel e obediente ao
marido, a mulher passiva e submissa ao homem. Sua realização está no casamento,
na maternidade e na vida doméstica.”
Eva representaria o papel reservado à mulher, de auxiliar do masculino, a
quem completaria ao tornar-se uma única carne com ele, o que já indica a espécie
de ligação que deve existir entre ambos.
41
diante das leis de Deus, mesmo sendo ela responsável pelo pecado
original. Por esse motivo, Eva pode ser vista como modelo ideal de mulher,
criado por deus para estabelecer um padrão eterno de conduta feminina.
que, provavelmente, saberia a resposta, mas ele deveria se precaver porque ela
cobrava por seus serviços (JOHNSON, 1991). O ano passou e Arthur, sem resposta
e sem saída, resolveu procurar a tal bruxa. A resposta estava com ela, mas o preço
cobrado parecia ser impossível. A bruxa, pediu como pagamento, casar-se, com o
cavaleiro mais nobre da Távola Redonda que é o amigo mais íntimo de Arthur. O Rei
ficou horrorizado com o pedido da velha bruxa, que era horrenda. Mesmo assim, o
amigo aceitou casar-se para salvá-lo. O casamento foi anunciado e com isso, o
segredo foi revelado e assim, o Rei Arthur se salvou da forca. (JOHNSON, 1991).
A imagem da bruxa pode ser comparada ao medo feminino de encontrar a
resposta de seus reais desejos, bem como pela sua negação em percebê-los o que
a leva a ansiedade em buscar a aceitação social e ter de volta sua identidade,
assim, acaba negando a sua própria natureza e sem perceber, assume uma
identidade falsa, que lhe é dada, para que possa sentir-se aceita e readaptada
socialmente.
Imagem 23: O resgate
A julgar pela nossa realidade atual, isso nos parece uma utopia inalcançável.
Contudo, se a humanidade deseja alcançar o equilíbrio, para com isso chegar a uma
convivência harmônica e reverter o caminho destrutivo que fiz até agora, é preciso
tentar fazer ressurgir o sentimento de esperança, de que ainda é possível gerar um
mundo movido por relações de igualdade e dignidade entre homens e mulheres.
45
CAPITULO III
ARTETERAPIA
Pensando assim, a arte aparece como a forma que o ser humano encontrou
para se expressar. Lá no tempo das cavernas, o homem utilizava a arte como forma
de expressão, colocando para fora suas emoções e sentimentos. Em relação à
Arteterapia, Diniz (2010, p. 12) complementa,
[...] esclarecendo que cada ser é único, singular, já que recebe a Vida para
desenvolver seus potenciais. A Arteterapia facilita o ser humano a chegar a
esse âmago, essa singularidade do Ser, a chegar a essência. [...] A
arteterapia é uma facilitadora de decifração do mundo interno, e a
possibilidade de acessar esse mundo em um ambiente cuidadoso e
acolhedor que nos ajuda a ter encontros com o mais profundo de nós,
visando à saúde total do Ser. O processo psíquico desenvolve seu
dinamismo por meio de imagem simbólica.
O Arteterapeuta [...] comunica-se com seus estudantes por meio das pinturas
produzidas e essa comunicação tem valor terapêutico [...]. A função básica do
Arteterapeuta é tornar disponível para as pessoas os prazeres e satisfação que o
trabalho criativo pode proporcionar.
Arteterapeuta, olhar aquele trabalho feito lá atrás, que não sabia bem o que
significava, e dar nome para o que agora é mais compreensível.
Individuação é segundo Jung, (2000) o processo pelo qual o ser humano
chega ao autoconhecimento, sendo levado a estabelecer contato com seu
inconsciente, não só com o seu inconsciente pessoal (integrando a própria sombra),
mas também elementos do inconsciente coletivo.
3.1 DESENHO
CAPITULO IV
PSICOLOGIA ANALÍTICA
Existem tantos arquétipos quantas as situações típicas da vida. Uma repetição infinita
gravou estas experiências em nossa constituição psíquica, não sob a forma de
imagens saturadas de conteúdo, mas a princípio somente como formas sem
conteúdo que representavam apenas a possibilidade de um certo tipo de percepção e
de ação. (JUNG, 2010, p. 221)
[...] quanto mais viril sua atitude externa, mais suprimidos são os traços
femininos; aparecem, então, no inconsciente. Isto explica por que homens
bem masculinos estão sujeitos a certa fraqueza bem característica;
comportam-se para com as emoções do inconsciente com a
determinabilidade e impressionabilidade femininas. (JUNG, 2008a, p. 392)
Para concluir, partimos da ideia de que para que aconteça a aceitação dos
opostos, a aceitação dos lados de nossa psique que nós normalmente excluímos, e
necessário a busca pelo caminho da individuação, da totalidade. Em outras
palavras: “Tu és escravo daquilo que precisas em tua alma. O homem mais
masculino precisa da mulher, por isso é seu escravo. Torna-te tu mesmo mulher, e
ficarás livre da escravização à mulher.” (JUNG, 2010, p. 263)
"Individuação, segundo Jung, (1928, p.49), significa tornar-se um ser único,
homogêneo, na medida em que por 'individualidade' entendemos nossa
singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos
tornamos o nosso próprio si mesmo. Podemos, pois, traduzir 'individuação' como
'tornar-se si mesmo”.
A grande busca de Jung consistia em conhecer a si mesmo e o significado da
vida. Em suas pesquisas, percebeu que a psique trilha um único objetivo, que é o
encontro com seu próprio centro, a unicidade, é o retorno do ego às suas origens.
Deu então a esse objetivo da vida psíquica o nome de Individuação, que não é
repentino, mas sim, apresenta-se um processo.
O processo, em si, só se dá no confronto do consciente com o inconsciente, o
que vem a resultar num amadurecimento dos componentes da personalidade e na
união destes numa síntese, como também na realização de um indivíduo único e
inteiro.
58
também que nos tornamos o nosso próprio si mesmo. Pode-se, pois, traduzir
'individuação' como 'tornar-se si mesmo'."
Segundo Jung (2008b, p. 53):
CAPITULO V
UM NOVO OLHAR
Acredito que a verdadeira tarefa para a mutação das mulheres de hoje será
descobrirem por si mesmas quem são. Parte dessa descoberta, no entanto,
implica um diálogo com sua história e com as influências sofridas em seu
desenvolvimento, que as afetaram pessoal, cultural e espiritualmente.
(LEONARD, 1990, p. 32)
5.1 A INSTITUIÇÃO
proposta, a ansiedade não permitia que esperassem a vez. A disputa pelo “material”
era visível. Apesar de fazerem parte do mesmo grupo, não era amigável o
entrosamento entre elas. Cumpriam todas as tarefas propostas, mas demonstravam
dificuldades, ao manusear agulhas e tesouras. Demostraram também resistência
quando apresentei em outras atividades plásticas. Imediatamente relacionaram a
atividades feitas na escola (recorte, colagem, guache, massinha) com seus filhos.
Tinham dificuldades de se envolverem com as atividades, que eram realizadas sem
muita criatividade. Com o passar do tempo, o processo começou a tomar forma.
Algumas já davam significado ao que estavam fazendo, e passaram a participar com
mais envolvimento. Outras, não se interessaram e partiram, o que possibilitou que
novas integrantes.
5.3.3 Pintura
A pintura na Arteterapia permite diversas possibilidades. Philippini (2009, p.
44) diz que é um recurso que permite “mobilizar emoções, facilitando a fluência e a
expressão de afetos.”
Na quinta sessão, a modalidade expressiva escolhida foi a pintura, que gerou
algumas queixas: “Não sei pintar”. “Sou péssima nisso”. “Eu gosto de pintar”. “Isso é
coisa para criança”. Demoraram para se aproximar do material. A música tocava, o
som ecoava, e a única coisa que acontecia, eram os olhares cruzados. A música de
meditação, com um som suave, o aroma de canela como estimuladores, tintas,
65
Uma vez organizado o espaço, coloquei uma música suave, tranquila. Esta
atividade foi muito disputada entre o grupo de mulheres, as peças coloridas,
brilhantes foram as mais cobiçadas. As cores deram ao trabalho um sentido de
renovação. No conteúdo simbólico, posso dizer que as missangas e as contas nas
cores vermelhas foram as mais escolhidas pelo grupo. Ocorrências e
comportamentos significativos: Todas as mulheres mostraram-se extremamente
67
animadas com as missangas. Alguns relatos mostram bem isso. ‘Gosto muito de
fazer bijuterias”.
A mais nova do grupo, não queria parar a produção de um colar pois
precisava que ficasse bem longo. Outra, experimentou animada no braço a pulseira
lilás brilhante. Envolveram-se muito na produção, e não queriam parar. Pediram que
pudessem fazer novamente em outro dia. Produziram ainda outras peças que
quiseram levar para as filhas. Uma comentou que adora bijuteria e sempre que
pode compra para se enfeitar. Ela fez rapidamente vários colares e pulseiras que
combinavam com a cor da roupa que foi escolhida para usar com o acessório.
Todas, num aspecto geral, mostraram satisfação para a confecção de colares,
brincos e pulseiras. Outra, comentou que adora se arrumar, mas que o marido só a
coloca para baixo, dizendo que ela está horrível. Nesse momento, todas começaram
a falar de coisas pessoais, então foi feito um desfile com as “bijus” prontas e
sentiram-se “empoderadas” usando algo que foi confeccionado por elas.
e o que precisava ser revisto em cada uma. Foi colocada uma música bem diferente,
segundo elas. Passaram creme nas mãos com o aroma de baunilha ou de canela.
Existe uma grande ansiedade no grupo para iniciar o trabalho. Estamos aos poucos,
trabalhando a espera. Outra grande importância é o silêncio, que apesar de muito
difícil de conseguir, vem instalando-se lentamente nas sessões. Todas pegaram logo
os tecidos e quando perceberam o guardanapo, um elemento desconhecido, logo
uma delas perguntou “como poderia ser usado”. Logo todas escolheram o mesmo
material e demostraram grande habilidade e satisfação em aprender uma nova
forma de produzir as caixas.
A caixa foi colocada em cima da mesa e, com disciplina, não a tocaram antes
do comando. E outros materiais plásticos como: guardanapos de decoupagem,
tecidos, flores artificiais, laços e fitas, rendas, adesivos, miniaturas de MDF, colas e
tesouras foram oferecidos.
Foi feito um relaxamento trabalhando a respiração ao som da música. Em
seguida, observaram as partes do corpo e a forma como as sentiam. Esse momento
foi surpreendente. A grande maioria, nunca tinha se observado. O cabelo, a cor dos
olhos, desenho de rosto, o sorriso. Foi encantador para elas, conseguirem se ver
através do olhar do outro. Conversamos bastante sobre o que estava acontecendo
neste momento, o que cada uma estava sentindo, o que guardariam dentro daquela
caixa, e como percebiam-se fazendo algo que já era tão importante para elas. Esses
69
5.4 DESDOBRAMENTO
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEAUVOIR, S. Segundo Sexo. V1. 2ª edição, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
CAVALCANTI, R. O Casamento do Sol com a Lua. 3a. edição, São Paulo: Cultrix,
1993.
FISCHER, E. A necessidade da arte. (3ª ed.) Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1971.
JUNG, C. G. Aion. Vol IX – 2 das obras completas. 7. ed. Tradução de Maria Luiza
Appy. Petrópolis: Vozes, 2011.
MONTEIRO, D. Mulher: Feminino Plural. Rio de Janeiro, Editora Rosa dos Ventos,
1998.
PAIVA, V. & EVAS, Marias. Lilith... as voltas do feminino. São Paulo: Brasiliense,
1990.
SICUTERI, R. Lilith: A lua negra. 6ª edição - Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.