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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

FACULDADE DE PSICOLOGIA

PSICOPATOLOGIA

Aluna: Ana Carla Moura de Melo

A etimologia do termo Psicopatologia desvela o significado do mesmo, indicando


tratar-se de um conjunto de saberes sobre os adoecimentos mentais, ou como Deminco
(2018) nos apresenta
A etimologia da expressão Psicopatologia é composta de três palavras
gregas: psychê, que produziu "psique", "psiquismo", "psíquico",
"alma"; pathos, que resultou em "paixão", "excesso", "passagem",
"passividade", "sofrimento", "assujeitamento", "patológico" e logos, que
resultou em "lógica", "discurso", "narrativa", "conhecimento". Dessa
forma, Psicopatologia pode ser compreendida como um discurso ou um
saber (logos) sobre a paixão, (pathos) da mente, da alma (psiquê). Ou
seja, um discurso representativo a respeito do pathos psíquico; um
discurso sobre o sofrimento psíquico sobre o padecer psíquico.

Uma vez compreendido que o tema deste trabalho refere-se aos sabres do
adoecimento psíquico, cabe a pergunta: que saberes são esses? Canguilhem (2002) é
pioneiro ao indicar que historicamente estes saberes foram constituídos a partir de uma
perspectiva positivista e que por isto almejava uma objetificação dos adoecimentos, e
consequentemente ignorava o caráter histórico-social do adoecimento mental. Os efeitos
desta pretensão positivista é pensar uma psicopatologia pura e autossuficiente, ou seja,
independente das relações estabelecidas. Pretensão a qual Silva e col. (2010) mostram ser
impraticável, pois, o adoecimento só pode ser pensado a partir das relações que o sujeito
“adoecido” estabelece. Para exemplificar
Como exemplo é citado o astigmatismo, que poderia ser considerado
normal em uma sociedade agrícola, mas patológico para alguém que
estivesse na marinha ou na aviação. Desta forma, só se compreende
bem que são “nos meios próprios do homem, que este seja, em
momentos diferentes, normal ou anormal” (p.162). Portanto, o
patológico não possui uma existência em si, podendo apenas ser
concebido numa relação.

Compreender-se, portanto, que o adoecimento psíquico só pode ser pensado a


partir das relações sociais que são historicamente estabelecidas. Disto é possível extrair
que toda psicopatologia é uma patologia de seu tempo e sociedade, consequentemente,
não há um conceito estanque e único.
Em psicologia existem outros saberes/discursos (abordagens) que produzem
conhecimento sobre o pathos da psychê. Porém, por não buscarem objetificar o humano
e sua existência no mundo a partir de um olhar biologicista, acabam por não utilizar
nomenclaturas como patologia ou adoecimento, mas sim, expressões da subjetividade,
maneiras de ser e sofrer no mundo, entre outros. E sempre com a preocupação de que tais
discursos (afirmações sobre o que “certo e errado” “doente e saudável”) podem ser
formatadores da subjetividade humana e, por isso, produtoras de sofrimento.

REFERÊNCIAS

Canguilhem, G. (2002). O normal e o patológico. 5.ed. rev. aum. Rio de Janeiro: Forense
Universitária.

DEMINCO, Marcus. PSICOPATOLOGIA: Definições, Conceitos, Teorias & Práticas.


Psicologias.PT, ISSN 1646-6977 Documento publicado em 13.05.2018. Disponível em:
https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1200.pdf

SILVA, Thiago Loreto Garcia da et al . O normal e o patológico: contribuições para a


discussão sobre o estudo da psicopatologia. Aletheia,  Canoas ,  n. 32, p. 195-197, ago. 
2010 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1413-03942010000200016&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  03 
abr.  2022

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