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DEPRESSÃO E CULTURA: UMA ABORDAGEM ARQUETÍPICA

Gostaria de fazer algumas reflexões acerca da forma como a psicologia junguiana, em especial
a psicologia junguiana arquetípica, aborda o fenômeno da depressão. Entretanto, antes de
entrar no assunto propriamente dito, preciso tecer algumas considerações preliminares que
julgo importantes.

Quero ressaltar primeiro que minha posição como psicoterapeuta não é das mais confortáveis
pelo fato de possuir uma formação médica de origem. Informei-me, formei-me e atuei como
médico clínico, passei pela psiquiatria e só lenta e gradualmente venho me tornando
psicoterapeuta. Isso não tem sido simples, pois é muito complicado descolar do modelo
médico, um modelo que tende a tomar como referência, a realidade física e não a realidade
psicológica. A própria psiquiatria tem se tornado cada vez mais biológica e, afastando-se da
etimologia de seu próprio nome que significa “articulação psíquica”, ela passa agora a articular
neurotransmissores como se cérebro e psique fossem a mesma coisa. Desse modo, vocês
percebem que é um tanto complicado passar de médico a psicoterapeuta. Primeiro por que ser
médico é mais científico, portanto mais próximo dos critérios de verdade e seriedade
preconizados em nossa cultura, segundo, porque adentrar no universo psicológico é uma
aventura sem mapas definitivos, sem certezas, algo bastante diferente da dimensão corporal,
essa cada vez mais mensurada e protocolada em rotinas médicas de investigação e tratamento.

A confusão entre corpo e psique possui razões históricas. Nossa era cristã abandonou a clássica
idéia grega de que o mundo seria composto de três instâncias: a matéria, a alma e o espírito.
Essa mudança implicou na exclusão de uma das três e a excluída foi a alma (psique). Passamos
a conceber o mundo como uma dualidade espírito/matéria e quando a alma é mencionada,
passa então a ser confundida com o espírito ou com o corpo. Isso foi reforçado pela filosofia
cartesiana e ainda hoje vivemos nessa perspectiva dualista de mundo que não reserva um lugar
para a alma, que não reconhece sua realidade.

Há aproximadamente cem anos atrás, Sigmund Freud levantou novamente a bandeira da alma.
Ele postulou brilhantemente que nossos comportamentos eram moldados conforme uma
realidade psicológica inconsciente. Isso se constituiu numa revolução cultural e, graças a ela é
que podemos estar hoje reunidos aqui a conversar sobre esses assuntos. Mas, parece que, a
despeito dessa revolução, vivemos ainda bastante confusos quando o assunto é a alma. Nem
sequer nos sentimos à vontade para usar esse termo, uma vez que ele adquiriu uma conotação

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metafísica, fruto justamente da confusão entre alma e espírito. Por outro lado, quando
recorremos à palavra psique, vem a ciência médica e comprova que nossos sintomas psíquicos
não passam de subprodutos da genética e/ou da bioquímica cerebral, nesse caso, a alma como
desdobramento da matéria.

Falávamos de Freud e de sua genialidade no resgate da realidade da alma dentro da nossa


cultura. Ora, isso é sem dúvida seu grande mérito em termos da história da psicologia, mas o
próprio Freud parece ter refreado grande parte da sua iniciativa revolucionária ao dirigir-se
finalmente para um reducionismo racionalista e organicista da psique.

Carl Gustav Jung deu um passo à frente ampliando e aprofundando a noção de psique em Freud
através da teoria do inconsciente coletivo e dos arquétipos. Mas, o próprio Jung, a despeito da
grande profundidade de sua obra psicológica, parece às vezes incorrer em certas inflexões que
beiram a metapsicologia e a metafísica. Talvez, em conseqüência disso, passa então a carregar
consigo uma certa aura de místico. Como podemos perceber, novamente a confusão
psique/matéria/espírito, também em Freud e Jung, algo que apesar de não invalidar a
genialidade das idéias desses grandes pensadores da psique, segue alimentando nossa
indiscriminação do que seja a alma e sua fenomenologia. Tal herança recai sobre nós,
psicoterapeutas atuais, quando nos vemos diante dos rumos a serem tomados em nossas
práticas profissionais. Ou tentamos parecer mais científicos nos agarrando aos racionalismos
psicanalíticos, ou enveredamos pelas chamadas abordagens corporais, ou então descambamos
para o franco esoterismo e espiritualismo disfarçados de psicoterapia. Assim parecemos
prosseguir na confusão, na indiferenciação psicológica fruto da nossa repressão cultural da
alma.

É especialmente nesse ponto que, ao meu ver, se faz bem-vinda a contribuição de James
Hillman, o criador da psicologia arquetípica, aquele que particularmente considero ser o maior
teórico da psicologia depois de Freud e Jung. Entre suas importantes contribuições, Hillman
primeiro ressalta e aprofunda o que existe de essencialmente psicológico em Freud e Jung;
depois busca delimitar o campo fenomenológico da alma em contraste com a fenomenologia
material e espiritual, especificando assim de forma mais precisa o que seja o papel profissional
do psicoterapeuta. Por último, defende radicalmente a idéia, já presente em Jung, de que a
psique é melhor compreendida a partir do paradigma da arte e não da ciência. Apoiando-se na
afirmação junguiana de que psique é imagem, propõe um fundamento poético para a mente e
rompe, assim, com toda e qualquer reivindicação cientificista na psicologia. Dessa forma,
Hillman tenta delimitar um logos da alma, uma teoria específica da psique, uma efetiva

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psicologia que não se confunda com a biologia nem com a teologia.

O que aqui estou chamando de alma, talvez seja psicologicamente melhor definido como uma
perspectiva, a perspectiva da imaginação assim como a matéria é a perspectiva da fisicalidade
e o espírito a perspectiva da transcendência. Essas coisas são “deuses”, o que equivale dizer
em psicologia junguiana que são grandes princípios arquetípicos de inspiração e de orientação
humanos. Costumamos reverenciar apenas duas dessas três grandes divindades. Nossos
objetos de culto hoje são inequivocamente o corpo e o espírito, basta olharmos para as coisas
com que predominantemente gastamos nosso dinheiro. Gastamos com alimentação, bens
materiais, avanços tecnológicos, instrução intelectual, planos de saúde, seguros de vida, etc...
E a alma? Onde é que a imaginação é cultivada? Tradicionalmente, o treinamento e cultivo da
expressão imaginativa acabam ficando literalmente condicionados aos chamados artistas e
assim nunca somos educados a ver a vida a partir de uma perspectiva imaginal, poética ou
psicológica. Pelo contrário, tal perspectiva, ao invés de ser estimulada e educada, é
gradualmente reprimida no nosso desenvolvimento para a idade adulta, tornando-se, por fim,
atrofiada e de difícil recuperação, vide as freqüentes dificuldades com que nos deparamos, em
nossas práticas clínicas, relacionadas às grandes limitações de compreensão metafórica que
encontramos em muitos de nossos pacientes, limitações estas que provavelmente estão na base
de seu sofrimento neurótico. Mas Freud nos ensinou que o reprimido sempre retorna e Jung
nos disse que os deuses viraram nossas doenças. É assim que a alma infiltra-se num poderoso
reduto da sociedade contemporânea: o marketing e a propaganda, e, a serviço do sistema
capitalista de consumo, a imaginação passa a se constituir num instrumento de subjugação
mercantil do indivíduo. Aí está um dos grandes sintomas psicológicos da atualidade, nosso
consumismo compulsivo insuflado por uma imaginação veiculada na mídia de forma
desumana.

Depois de tecer essas considerações gerais acerca da história da alma em nossa cultura
ocidental, quero agora refletir sobre o que provavelmente se constitui no nosso maior problema
psicopatológico atual, a depressão.

Vejamos o que dizem as notificações estatísticas:

A alta incidência da depressão no mundo vem assustando a Organização


Mundial de Saúde (OMS). A instituição prevê que nos próximos 20 anos, o
problema sairá do quarto para o segundo lugar no ranking de doenças
dispendiosas e fatais. Ele deverá perder apenas para as enfermidades do

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coração.
Os últimos dados revelam que hoje a depressão atinge mais de 400 milhões de
pessoas no mundo (cerca de 15% da população mundial) e aproximadamente
20% da população passará por pelo menos um episódio de depressão ao longo
da vida. Desses casos, aproximadamente a metade irá ter episódios repetitivos
de crise e precisará de tratamento contínuo.
DIÁRIO DE SÃO PAULO, 12 de abril de 2002

Será que o tratamento que a alma tem recebido em nossa civilização, nos últimos dois mil anos,
guarda alguma relação com esse fenômeno epidemiológico?

Não temos cultivo da alma nas escolas, nem em nossas políticas institucionais, nem em nossa
arquitetura, enfim, estamos cercados de coisas “sem graça” que constroem um cotidiano
pálido e uma crescente desanimação coletiva. Na anamnese de alguém que se queixa de
desânimo seria interessante incluir perguntas acerca dos ambientes por onde ela anda. Quem
sabe se um trajeto inóspito de avenidas cinzentas e de ruas sem calçadas confortáveis para
caminhar, no seu caminho diário para o trabalho, não estejam contribuindo para tal estado? E o
que dizer das crianças carentes e abandonadas nessas mesmas ruas; do trânsito maníaco; da
poluição em todos os níveis; da arquitetura sem graça; dos “fast foods” padronizados e das
grades em nossas casas? Serão essas coisas deprimentes?

Um dos sintomas mais característicos da depressão é o estado de desânimo. A palavra latina


anima significa alma, portanto, alguém des-animado é alguém des-almado, alguém
empobrecido em sua faculdade imaginativa. Porém talvez, muito do que chamamos hoje de
depressão possa se tratar na verdade de uma grande síndrome de despersonalização, não no
sentido psiquiátrico tradicional do termo, mas sim no sentido de ausência de individuação das
coisas à nossa volta decorrente de uma lucrativa massificação do mundo. Assim, o tédio e a
desanimação parecem apontar para a carência ou o aprisionamento de imaginação em nossas
vidas esvaziadas de anima. Mas, e a depressão propriamente dita? Que outros sintomas, além
do desânimo, costumam acompanhá-la?

Segundo o DSM IV, o episódio depressivo caracteriza-se basicamente pelos seguintes


aspectos:

1. Sentimentos de tristeza ou vazio.


2. Interesse ou prazer acentuadamente diminuídos.

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3. Insônia ou hipersonia.
4. Agitação ou retardo psicomotor (sensações de inquietação ou de estar mais lento).
5. Fadiga ou perda de energia.
6. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada.
7. Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão.
8. Pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida,
plano suicida e/ou tentativa de suicídio.
9. Prejuízo no funcionamento social ou ocupacional.

Facilmente percebemos tratar-se de uma coleção de sintomas que apontam para uma notória
perda de interesse pela vida e uma poderosa atração pela morte. O que haverá de tão atrativo na
morte a ponto de tornar opaco tudo na vida ao redor? Por que sentir sono quando a vida pede
que se permaneça acordado e por que acordar na escuridão da noite enquanto a vida dorme?
Por que não se consegue funcionar direito para a vida? Por que, em suma, a vida deixa de ser
interessante? Na depressão, as imagens da vida se esmaeceram e agora passa a se viver e se
respirar as imagens da morte.

A partir de Freud, sabemos que a depressão é um sintoma decorrente de perda. A psiquiatria


tenta diferenciar dois tipos básicos de depressão. Quando conseguimos estabelecer uma
experiência significativa de perda na vida do indivíduo e quando a depressão decorrente disso
se dá num tempo determinado, chamamo-la de depressão reativa; quando a depressão não pode
ser assim objetivamente justificada e se estende por um tempo prolongado, falamos em
depressão endógena ou maior e são comprovadas as implicações bioquímicas envolvidas em
tal transtorno bem como o benefício terapêutico fornecido, especialmente nesses casos, pelas
drogas antidepressivas. Mas a questão mais ampla permanece e torna-se impossível reduzir o
grande problema da depressão apenas à fisiologia cerebral. Por que a depressão torna-se cada
vez mais a doença do nosso tempo? Será que nosso cérebro está simplesmente funcionando
diferente? Ou será que o ser humano, ao se sentir negligenciado em qualquer uma de suas três
dimensões existenciais, passa a apresentar sintomas? E, em se tratando da alta incidência dos
sintomas depressivos em nossa vida atual, será a morte o grande fator psicológico reprimido,
rebaixado, e, por isso mesmo, sintomaticamente buscado em nossas depressões?

Desde o início, com Freud, a psicologia manteve estreita conexão com a mitologia. Jung
desenvolveu isso e, rompendo com a exclusividade freudiana ao mito de Édipo, nos mostrou
que o mito em geral é a realidade da psique. Segundo ele, nossa alma vive de mitos, o que vale
dizer, vive de fantasias, não de uma fantasia apenas e sim de um manancial delas. Para Jung,

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esse mundo psíquico de fantasia encontra-se espontaneamente organizado em padrões
imaginais, os arquétipos. Mas, os arquétipos só são passíveis de serem psicologicamente
experimentados através de imagens. Dessa forma, compreendemos as imagens da mitologia
como formas culturais que expressam os padrões psicológicos. O mesmo vale para os sonhos
que apresentam diariamente a nossa mitologia individual. Se o mito é a verdade da psique,
nossos sonhos são a nossa verdade psicológica individual assim como as lendas e o folclore
revelam a alma de uma cultura regional.

Jung disse que a etiologia da neurose está intimamente ligada à unilateralidade psíquica. O que
será isso? Para ele, é a condição na qual a personalidade consciente (o ego) encontra-se
identificado com uma única imagem. Dessa forma, as demais imagens da alma que necessitam
de expressão, encontram-se reprimidas no inconsciente. Podemos aplicar o mesmo raciocínio
à cultura.

Nossa consciência cultural dominante parece unilateralmente identificada com um mito, o


mito do sucesso, da extroversão, da força de vontade, do esforço, do trabalho, da superação, da
conquista, da evolução e do crescimento. Em mitologia, há uma imagem para isso: o Herói, o
herói solar que luta contra a noite, a escuridão e a morte. Haverá, em nossa civilização, espaço
aberto a outros mitos ou estes, na condição de reprimidos, acabam tendo que ser vividos
inconscientemente, compulsivamente, neuroticamente? Que espaço destinamos, em nossas
vidas, aos deuses da morte?

O reino da morte parece ter sido sempre mitologicamente imaginado como um reino
subterrâneo, um reino “de baixo”. Na mitologia grega, por exemplo, ele era chamado de Hades
e alguns deuses possuíam maior afinidade com ele do que outros. O Hades era o lugar dos
eidola, os espectros daqueles que um dia foram vivos sobre a terra. Metaforicamente, diríamos
que o reino subterrâneo da morte é o reino de tudo aquilo que vive na sombra de nossa
consciência. Hoje poderíamos dizer que os “mortos”, os reprimidos, seriam, por exemplo, a
nossa introversão, nossas fraquezas, nossas derrotas, nossa preguiça, nossa impotência, nossa
regressão e nossa estagnação. Por fim, englobando tudo isso e muito mais, a imaginação
enquanto dimensão culturalmente reprimida e invisível, parece consistir na nossa grande
morte, nosso pecado, nossa queda no que está abaixo de nós, nosso Hades.

A imaginação e seu povo culturalmente sombreado não cabem em nosso universo


unilateralmente heróico. Dessa forma, passam a viver como assombrações, “almas penadas”
desprovidas de culto e reverência; demonizadas e sedentas de sangue dos vivos. Não parece à

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toa que designemos nossa doença de depressão, ou seja, descida. Quando estamos deprimidos,
estamos down, estamos “na fossa” e geralmente estamos em baixo na companhia de todo esse
pessoal que lá vive em estado reprimido, desvalorizado, negligenciado. Quando menos
esperamos, somos atacados por baixo. Nosso tapete é puxado e caímos, deprimimos. Daí
então, somos heroicamente puxados de lá de baixo para sermos novamente devolvidos à
superfície. Desse modo, monta-se o ciclo maníaco-depressivo de nossa cultura, a infinita saga
heróica de nossas vidas, o eterno lutar contra os dragões da depressão. Tal heroísmo é evidente
em nossa filosofia popular do pensamento positivo e da força de vontade, assim como na
heróica jornada científica das últimas décadas obsessivamente empenhada em descobrir e
desenvolver mais e mais drogas antidepressivas.

A abordagem junguiana arquetípica da depressão inclui a consideração de tudo isso tanto a


nível cultural como individual. Dessa forma, precisamos então acompanhar nosso paciente
deprimido em toda a sua imaginação de derrota, de desvalia, de tristeza e de morte.
Necessitamos experimentar com ele o sabor da impotência e da desesperança para podermos
juntos compreender e redimir esses fantasmas. A questão é: seremos nós, psicoterapeutas,
capazes de suportar tudo isso? Qual o nosso coeficiente de continência para o fracasso e para a
morte? Podemos suportar nossa própria depressão?

O semelhante cura o semelhante. Este é o princípio homeopático que, ao meu ver, se revela
apropriado à abordagem psicoterapêutica como um todo. Diante das imagens de fracasso, de
estagnação e de morte da depressão, é preciso ficar com elas, nos refletirmos nelas, suportá-las
no sentido de conferir-lhes o vaso, a continência necessária para seu devido processamento,
sua cura. É imprescindível acreditarmos nelas, ou seja, imaginar que elas não desejam nos
destruir literalmente. Que desejam apenas o direito de também fazer parte de nossa vida. Para
isso, se faz necessário uma espécie de “fé psicológica”, a confiança nas imagens da alma.
Sabemos de sobra o que seja fé material, a fé de “São Tomé” que acredita nos sentidos.
Também temos idéia do que seja a fé espiritual, a confiança na lógica racional, na
transcendência, em Deus e na vida após a morte. Entretanto, parece que não sabemos o que seja
fé psicológica, a confiança nas imagens, a crença de que elas são a nossa realidade psicológica
e que possuem um dinamismo próprio, uma ordem própria que não requer necessariamente o
pulso heróico do controle e da força de vontade do ego.

Talvez se perceba melhor agora porque eu disse no início que era tão difícil tornar-se
psicoterapeuta, ainda mais sendo médico. Faz-se necessária toda uma desidentificação da
visão de mundo dominante. Implica em resgatar uma visão de mundo psicológica, uma visão

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romântica fora de moda, que se encontra muito distante dos domínios da ciência e das
academias.

Apesar dos grandes esforços de Freud, Jung e agora Hillman, a lógica psíquica (a psicologia)
ainda está por se tornar uma perspectiva verdadeiramente consolidada em nossa cultura.
Talvez, para isso, ela necessite diferenciar-se de outras áreas do conhecimento humano, algo
que parece ainda ser muito incipiente. Trabalhar nesse sentido não é nada fácil nem conosco
nem com nossos pacientes. Requer dedicação, paciência, consumo de tempo e principalmente
amor à alma. E, para tratar a depressão, talvez seja necessário tratar a alma que desce, implica
em aprendermos a descer com ela, mas isso é uma grande contra-mão em nossa cultura que só
sabe viver para cima.

Hermenegildo O. Anjos
Salvador, Abril de 2002

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