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PSICOLOGIA MÉDICA

3° período
Profa. Alinne Nogueira Silva Coppus

SUPREMA
PSICOLOGIA MÉDICA

Introdução
 Psicologia # psicanálise

 Freud (?)

 Paciente com um corpo, uma história, um psiquismo.


O que é saúde?
 Na fundação da Organização Mundial da Saúde, em 1946, foi
definido o seguinte conceito:

 “A saúde é um estado de completo bem-estar


físico, mental e social, e não consiste apenas na
ausência de doença ou de enfermidade.”
 Como vocês entendem isso?
Não há saúde sem saúde mental

 Canguilhem (1988)
 A doença é o que faz o corpo falar
COMO ADOECEMOS?

 A falta da palavra faz com que o sofrimento/ a angústia


apareçam no corpo.
“PARA QUE SERVE A PSICANÁLISE?”TXT
 O lugar da comunicação tem ganhado cada vez mais
destaque.
 Quando falamos nos mostramos.

 Psico-pathos-logia = busca de sentido (logia) daquilo


que causa espanto (pathos) à alma.

 Reagimos ao nosso desamparo fundamental neurótica,


psicótica ou perversamente.
“PARA QUE SERVE A PSICANÁLISE?”TXT
 Como humanos, subvertermos as determinações do
instinto... Não comemos meramente por fome, não
dormimos apenas por uma necessidade fisiológica,
SOMOS INFLUENCIADOS POR INÚMERAS
VARIÁVEIS.

 O nosso universo das necessidades é determinado por


inúmeras variáveis.
 Texto para a próxima aula:

 “As reações psicológicas à doença e ao adoecer”.


 Como trabalhar o texto:
ALGUNS CONCEITOS FUNDAMENTAIS

 INCONSCIENTE

 Eu

 CORPO

 NARCISISMO

 ANGÚSTIA
INCONSCIENTE
 Segundo Sigmund Freud, a psicanálise é um método de
investigação, que consiste essencialmente em evidenciar
o significado inconsciente das palavras, das ações, das
produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios) de um
sujeito.

 Como se sabe dele? Através dos sonhos, sintomas, ato


falho, chiste.
 A partir dos estudos e Freud e seu trabalho com os
paciente, a psicanálise se edifica na busca da
compreensão da relação do homem com seu corpo e seu
mal-estar a partir de causas psíquicas.
POR QUE UM MÉDICO PRECISA SABER
DISSO?

 Porque é na linguagem e através da linguagem que ele se


expressa.

 Ou seja, é na forma como o paciente fala (interessado,


aflito, ansioso, com desprezo, com alegria), e nas
palavras que ele usa para falar de sua dor, de
seu ,mal- estar que algo do inconsciente aparece,
revelando algo que o próprio paciente não se dava conta.
 Ex: fala de uma dor com satisfação;
 Fala de um sintoma físico se referindo a si (sou
diabético, sou esquizofrênico). IDENTIFICAÇÃO COM
O SINTOMA.
 Ganho secundário- O que é?

 Relaciona o início daquilo que ele se queixa com um


acontecimento em sua vida pessoal ou história de vida.
O SENTIDO QUE O PACIENTE DÁ AQUELE
SOFRIMENTO OU DOENÇA INFLUENCIA NO
PROGNÓSICO DO MESMO.
 É UMA PUNIÇÃO...

 É UMA LIBERTAÇÃO...
EU, CORPO, NARCISISMO E ANGÚSTIA
 EU = a ideia que você tem de você resulta de uma
construção. Essa construção é feita a partir das marcas da
sua história, boas e ruins.

 O eu é uma imagem (Freud, 1914, Introdução ao


narcisismo), ele é sobretudo corporal.
 Tem uma parte do eu que é inconsciente...não sabemos
tudo de nós mesmos...

 Narcisismo= eu/ corpo é um objeto investido


libidinalmente
 IMPORTANTE:

 o que afeta o EU GERA CONSEQUÊNCIAS NO


CORPO.

 Exemplo: as maneiras como a angústia se expressa no


corpo.
 Falta ou excesso de sono, de apetite, de libido.

 A pessoa está triste e se vê feia. Repetidas cirurgias


plásticas.
SAÚDE-DOENÇA, NORMAL-
PATOLÓGICO

 "A saúde é a vida no silêncio dos órgãos.” (René Leriche, 1940)


 “Quando estamos bem, nenhuma parte do corpo nos informa de
sua existência; se alguma delas nos adverte por meio da dor é, com
certeza, porque estamos mal; se for por meio do prazer, nem
sempre é certo que estejamos melhor.” (Denis Diderot, 1751)
SAÚDE-DOENÇA, NORMAL-
PATOLÓGICO
 O que é saúde?
 Canguilhem (1988)
 O corpo também adoece em silêncio

 “Ainda que a saúde seja o maior de todos os nossos bens


concernentes ao corpo, ele é, contudo, aquele sobre o qual fazemos
o mínimo de reflexão e apreciamos menos. O conhecimento da
verdade é como a saúde da alma: quando a possuímos, não
pensamos mais nela.” (Descartes, 1649)
SAÚDE-DOENÇA, NORMAL-
PATOLÓGICO
 A saúde como laço social

 “O corpo vivo é... [um] existente singular cuja saúde exprime a


qualidade dos poderes que o constituem, visto que ele deve viver
sob a imposição de tarefas, portanto em relação de exposição com
um meio ambiente do qual, em primeiro lugar, ele não tem
escolha... Sua saúde é, ao mesmo tempo, um estado e uma ordem...
A saúde... é... a vida na discrição das relações sociais.”
(Canguilhem, 1988).

 NORMALIDADE COMO NORMATIVIDADE


SAÚDE-DOENÇA, NORMAL-
PATOLÓGICO
 O que é saúde?
 Canguilhem (1988)
 A saúde como verdade do corpo, de Um corpo
 “O espanto verdadeiramente vital é a angústia suscitada pela
doença." (Georges Canguilhem, 1966)

 “Como se explica o fato de nunca se ter pensado em inverter essa


assimilação, nunca se ter perguntado se a saúde não seria a
verdade do corpo?” (Canguilhem, 1988)
SAÚDE-DOENÇA, NORMAL-
PATOLÓGICO

 O que é saúde?
 Segundo Almeida-Filho (2011), a raiz da palavra saúde é latina, e
deriva do termo salus que significa inteiro, intacto, integro. Esse
termo deriva do latim medieval salvus que aponta para a superação
de situações onde a integridade física está ameaçada.
SAÚDE-DOENÇA, NORMAL-
PATOLÓGICO
 O que é saúde?
 Straub (2014) destaca a perspectiva atual da psicologia da saúde.
 Perspectiva biopsicossocial (mente-corpo)
 Procurar apenas um fator causal produz uma imagem incompleta
da saúde e da doença de uma pessoa. Portanto, os psicólogos da
saúde trabalham a partir da perspectiva biopsicossocial (mente-
corpo). Essa perspectiva reconhece que forças biológicas,
psicológicas e socioculturais agem em conjunto para determinar a
saúde e a vulnerabilidade do indivíduo à doença; ou seja, a saúde e
a doença devem ser explicadas em relação a contextos múltiplos.
SAÚDE-DOENÇA, NORMAL-
PATOLÓGICO
 E o psicólogo na saúde...
 Benevides (2005) aponta alguns paradigmas presentes na articulação
da psicologia com as políticas públicas de saúde, fatores podem ser
atribuídos aos vínculos do início de nossa ciência com as ciências
positivistas ou com as filosofias subjetivistas, com a tradição
humanista que nos localiza nas ciências humanas ou talvez ao
grande número de pensamentos e correntes psicológicas que nosso
saber comporta.
 Público x Privado
 Individual x Coletivo
 Interno x Externo
 Sujeito x Social
 Clínica x Política
SAÚDE-DOENÇA, NORMAL-
PATOLÓGICO
 E o psicólogo na saúde...
 Benevides (2005) propõe três princípios éticos que podem balizar a
interface do campo da psicologia com o campo da saúde:
 Princípio da inseparabilidade: se tomamos a Psicologia como campo de
saber voltado para os estudos da subjetividade e se esta é entendida como
processo coletivo de produção resultando em formas sempre inacabadas e
heterogenéticas, é impossível separar, ainda que distinções haja, a clínica da
política, o individual do social, o singular do coletivo; os modos de cuidar
dos modos de gerir; a macro e a micropolítica .
SAÚDE-DOENÇA, NORMAL-
PATOLÓGICO
 E o psicólogo na saúde...
 Benevides (2005) propõe três princípios éticos que podem balizar a
interface do campo da psicologia com o campo da saúde:
 Princípio da autonomia e da co-responsabilidade: assim sendo, também é
impossível se pensar em práticas dos psicólogos que não estejam
imediatamente comprometidas com o mundo, com o país que vivemos, com
as condições de vida da população brasileira, com o engajamento na
produção de saúde. que implique a produção de sujeitos autônomos,
protagonistas, copartícipes e co-responsáveis por suas vidas.
SAÚDE-DOENÇA, NORMAL-
PATOLÓGICO
 E o psicólogo na saúde...
 Benevides (2005) propõe três princípios éticos que podem balizar a
interface do campo da psicologia com o campo da saúde:
 Princípio da transversalidade: a Psicologia, tal como qualquer outro campo
de saber/poder não explica nada. É ela mesma que deve ser explicada e isto
só se dá numa relação de intercessão com outros saberes/poderes/disciplinas.
É no entre os saberes que a invenção acontece, é no limite de seus poderes
que os saberes têm o que contribuir para um outro mundo possível, para uma
outra saúde possível.
POR QUE A PSICOLOGIA NA SAÚDE?
 Para se estabelecer uma relação profissional-paciente
satisfatória, o profissional precisa saber o que pode
ocorrer ao corpo do indivíduo quando seu estado
emocional está alterado e o que pode ocorrer em seu
estado emocional quando seu corpo adoece. (integração
corpo-mente).
POR QUE A PSICOLOGIA NA SAÚDE?
o homem é um ser biopsicosocial; qualquer alteração
numa destas áreas (corpo, mente ou ambiente), afeta as
outras. (não há separação entre psique e soma).

 O profissional precisa saber se fatores psicológicos


modificam a "doença", como e em que grau.
POR QUE A PSICOLOGIA NA SAÚDE?
 Distúrbios Psicogênicos agravam certas doenças e
sintomas (doenças psicossomáticas).

 conhecimento de aspectos emocionais que agravam e


ocorrem simultaneamente com a doença.

 perceber o paciente como uma totalidade (psique e


soma).

 - identificar o que dificulta a cura


ONDE SE APLICA?
 a todas as especialidades que envolvem a saúde

 ao profissional odontólogo, nas suas tensões profissionais, na


compreensão de sua própria personalidade e comportamento
frente ao paciente.
MITOS....
 “Os dentistas são sádicos”

 “Cadeira de dentista é igual ao divã do analista”

 (mito: perder o paciente se o encaminhar para o


psicólogo)
 “Tem um paciente que eu pensei em encaminhar para o
psicólogo, mas ele [o paciente] pode acreditar que estou
o chamando de louco, que tem problemas” (Seger, 2009)
PARA REFLETIR...
 "É do conhecimento de todos, e eu o aceito como coisa
natural, que uma pessoa atormentada por dor e mal-estar
orgânico deixa de se interessar pelas coisas do mundo
externo, na medida em que não dizem respeito a seu
sofrimento. Uma observação mais detida nos ensina que
ela também retira o interesse libidinal de seus objetos
amorosos: enquanto sofre, deixa de amar.“ (Freud, 1914
'Sobre o Narcisismo: uma introdução')
O CAMPO DA SAÚDE MENTAL
Saúde Mental
O CAMPO DA SAÚDE MENTAL
 O que é o campo da saúde mental?
O termo saúde mental se refere ao campo das políticas, leis,
estudos, pesquisas e intervenções que versam sobre o sofrimento
psíquico, sobre o mal viver inato à condição humana.

Doença mental
X

Saúde mental
O CAMPO DA SAÚDE MENTAL
 Tundanca (2006) diferencia espaço, lugar e campo:
 Espaço: se define como sítio/terra, espaço de cada um, das lutas e
disputas, prevendo operações de exclusão e substituição, não
definindo para o sujeito o seu lugar no mundo.

 Lugar: vinculado ao social e ao político, diz respeito ao múltiplo,


aos laços, regras e leis que localizam um sujeito na coletividade.

 Campo: local de intercessão e conflito, que se dá no encontro do um


com múltiplo.
O CAMPO DA SAÚDE MENTAL
 Tundanca (2006) diferencia espaço, lugar e campo:
O espaço da saúde mental é a própria cidade, o sujeito na rede
discursiva que compõe o laço social de uma determinada local e
tempo.
 Como espaços específicos de intervenção as instituições públicas ou privadas
(mesmo assim regidas pelo público), tais como os consultórios, CAPS,
hospitais, clínicas, UAPS, residências terapêuticas, dentre tantas outras
organizações institucionais de acolhimento e tratamento que funcionam como
dispositivos de localização subjetiva.
O CAMPO DA SAÚDE MENTAL
 Tundanca (2006) diferencia espaço, lugar e campo:
 Como referentes de lugar, a saúde mental tem como base leis,
portarias, manuais, arcabouços teóricos, conselhos de classe, dentre
outros mecanismos de identificação e subjetivação.
 A lógica que permeia os lugares da saúde mental são baseadas na lógica da
adaptação: resposta universal ao mal-estar na civilização, balizada pelos
manuais de psiquiatria e classificações dos transtornos mentais.
O CAMPO DA SAÚDE MENTAL
 Tundanca (2006) diferencia espaço, lugar e campo:
 Quanto à definição de campo, podemos definir como um campo de
cuidado orientado pela política do ajustamento à ordem pública.
Tem como objetivo reintegrar o indivíduo à comunidade social. A
saúde mental acredita na noção de responsabilidade social, na
reabilitação do psico-ao-social, nos ideais de subjetividade psíquica
onde o real cessaria de ser insuportável.
 Gozar de boa saúde mental seria, portanto, poder andar pelas ruas sem ser
atropelado no caótico sistema de trânsito atual, sair de casa e depois voltar
sem perder-se no emaranhado contemporâneo das grandes cidades, saber
utilizar corretamente a medicação prescrita pelo médico e engordar as
estatísticas que indicam boa qualidade de vida. (Miller, 1988)
O CAMPO DA SAÚDE MENTAL
 Tundanca (2006) diferencia espaço, lugar e campo:
 Ao contrário, a clínica traz como:
 Espaço: fala e a linguagem
 Lugar: dinâmica transferencial e relação médico-paciente
 Campo: política do sintoma um à um, um campo de cuidado cuja
perspectiva é balizada pela ética, onde cada um se insere no laço social de
uma maneira singular.
 Não existiria, portanto, o conceito pleno de saúde mental, visto a aposta
na singularidade, o encontro não harmônico por natureza do Um com o
Outro.
 Parte da lógica do não-todo e engendra a noção de responsabilidade
subjetiva.
 Lacan chegou a afirmar que em certa medida todo mundo é louco,
delirante (1978): A fórmula todo mundo é louco é um princípio, que
afirma ser radical a inadequação do real e do mental [...]. Ao
contrário do que o otimismo governamental professa: não há saúde
mental.
O CAMPO DA SAÚDE MENTAL

Saúde
Um Mental Outro
O CAMPO DA SAÚDE MENTAL
 O que é saúde mental?
 Saúde mental e ordem pública: A definição de saúde mental faz
parte do conjunto da ordem pública, visto que quando um sujeito
não goza de boa saúde mental ele, em geral, perturba a ordem
pública. Diz respeito ao laço social. (Miller, 1988)
 Segundo Dany-Robert Dufour, a subjetividade contemporânea é
marcada pelo rebaixamento dos ideais civilizatórios, das grandes
utopias comunitárias, em detrimento da elevação dos objetos de
consumo e da lógica do mercado nas relações humanas.

 Quais as consequências para o campo da saúde mental que


essa nova ordem social produz?
O CAMPO DA SAÚDE MENTAL
 Atividade complementar:
Assistir o filme:
“Bicho de sete cabeças”

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