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Índice:

Resumo
Introdução
Introdução
Justificativa
Delimitação do tema
Problematização
Hipóteses
Principal
Secundárias
Objectivos
Geral
Especifico
Metodologias
Método de abordagem
Método de procedimentos
Método de Consulta Bibliográfica
Estudo de campo
Método Comparativo
Método de Observação
Entrevista
Amostra
Capitulo I: Enquadramento teórico e conceptual
1.1.     Quadro conceptual
Descentralização
Casamento
Casamento Prematuro
Autoridade
Comunidade
Autoridade comunitária
Capitulo II: Historial do papel das autoridades comunitárias (líder tradicional) em Moçambique
Capitulo II: Historial do papel das autoridades comunitárias (líder tradicional) em Moçambique
2.1. O papel das autoridades comunitárias no Período pré-colonial
2.2. O papel da Autoridade comunitária no Período colonial
2.3. O papel da autoridade tradicional no período pós-independência
2.3.1 No regime Socialista
2.3.2. No regime democrático
III. capitulo: enquadramento legal de casamento prematuro
3. O papel dos chefes tradicionais no distrito de Dondo (comunidade de Macharote)
3.1. Localização do Distrito de Dondo
Imagem: Mapa de identificação Geográfica do Distrito de Dondo
3.2. População do distrito de Dondo
3.3. Educação
Gráfico1: Escolas do Distrito de Dondo
3.4. Saúde
3.5. Análise e discussão dos resultados
Gráfico2: Subdivisão dos Chefes tradicionais do distrito de Dondo em escalão.
Tabela 1.
Gráfico 1.
Tabela 2.
Gráfico 2.
Tabela 3.
Tabela 3.
Conclusão e sugestão;
Maria José Arthur
Bibliografia

Resumo
O trabalho procura compreender “o processo de casamento prematuro: o papel das autoridades
comunitárias e da comunidade na prevenção dos casamentos prematuro” numa perspectiva de princípio
geral para cair numa perspectiva mais específica dos factos que são vividos pelas comunidades e o governo.
Para iniciar o trabalho começa em dar as razões que nos levaram a enveredar pelo tema, sendo que dadas as
possíveis justificativas aventamos aquelas questões que serviram-nos de problematização para que nos seja
fácil o levantamento do problema, postumamente seguimos com a definição dos objectivos, levantamento
das possíveis hipóteses e as metodologias que nos foram úteis para a concretização do trabalho.
No primeiro capítulo conceituamos os termos que achamos necessários para a compreensão do tema com
bases em vários autores que versam sobre tais termos e fizemos um levantamento das possíveis bibliográficas
que falam acerca do tema fazendo o nosso quadro teórico que nos deixa a perceber como o tema é abordado
pelos diferentes autores.
No segundo capítulo, deixamos um historial do papel das autoridades comunitárias (tradicionais) em
Moçambique. Este que mostra como as autoridades comunitárias (tradicionais) foi encarado desde a fixação
Bantu a ao governo moderno democrata moçambicano.
No terceiro capítulo vamos falar do enquadramento legal do casamento prematuro, onde vamos destacar
sobre a idade aceitável para o casamento e os direitos violados das criança no processo de casamento
prematuro.
Palavras-chave: Descentralização, casamentos prematuros, autoridades comunitárias.

 
Introdução

O trabalho versa sobre “casamento prematuro: o papel das autoridades comunitária e das comunidade na
prevenção dos casamento prematuro, este tem como seu foco o Distrito de Dondo – Comunidade de
Macharote, onde procuramos abordar de forma concisa para melhor clareza.
Para o entendimento do trabalho passa pela compreensão do processo da Descentralização e papel das
autoridades comunitárias na administração moderna descentralizada. Este que nos levou a procurar analisar
a influência destas autoridades tradicionais no processo de combate contra ou na mitigação dos casamento
prematuros.
Ao longo do trabalho tecemos algumas considerações acerca de certos conceitos e certos pontos de vistas de
alguns autores acerca do processo de casamentos prematuros e das autoridades comunitárias. Mas também,
faz-se uma descrição minuciosa do historial do papel das autoridades comunitárias ao longo da marcha
histórica do país. Colhemos pareceres de como é encarada pelo governo o papel das autoridades
comunitárias, dos próprios lideres e como não podia deixar de ser dos membros da comunidade que são os
elementos que mais podem diagnosticar o papel destas autoridades na intervenção dos assuntos da
comunidade no que se refere aos casamentos prematuros.

Justificativa

A escolha do tema prende-se com o facto de procurar-se a compreender as causas dos casamentos
prematuros e as respectivas intervenções dos próprios pais em particular das autoridade tradicionais na
prevenção dos casamentos prematuros e tentar trazer os direitos das crianças violados com o casamento
prematuro.
Acha-se relevante a chamada de atenção da sociedade em geral, e das comunidades em particular, ao papel
que as autoridades comunitárias devem demonstrar e possuir de modo que contribuam para o bem-estar
socioeconómico da sociedade moçambicana no geral e nas comunidades.
Justifica-se pelos conhecimentos obtidos nas várias cadeiras tidas ao longo do curso no primeiro semestre
que criaram o desejo de compreender os aspectos ligados as “autoridades comunitárias e o papel que
tendem a desempenhar na sociedade em particular no que se refere aos casamentos prematuro já que é um
tema de preocupação social” através da conciliação da teoria e a prática (realidade) em que nos
encontramos de modo que as lacunas encontradas ao longo dos estudos sejam ultrapassadas.
Mas também, na tentativa de poder contribuir com um manancial de conhecimentos para a sociedade, a
camada intelectual (estudantil) acerca do papel desempenhado pelas autoridades tradicionais na sociedade
nos assuntos sociais como os casamentos prematuros.

Delimitação do tema

O estudo será realizado na província de Sofala, Distrito de Dondo comunidade de Macharote, entre os
períodos de 200— 2014. A razão da escolha desta comunidade prende-se com facto de existirem facilidades
no acto da pesquisa isto devido a acessibilidade ao campo de pesquisa (boas condições das estradas) e fácil
acesso aos meios de transportes que nos possam levar até ao grupo alvo.
A escolha do ano 2007 devesse ao facto de terem passado treze (10) anos após a legalização das Autoridades
Comunitárias deste modo possibilitará a compreensão do funcionamento destas e o papel que esta
desempenha na comunidade. 

Problematização       
No pais, desde sempre como em particular nos anos 2000 tem-se registado uma onda de casamentos
prematuros mesmo com a expansão de instituições de ensino esta mentalidade de casamentos prematuros
tendem a continuo, e sendo que principalmente a partir do final da década de 80 têm-se registado uma onda
de reformas que veio a transformar a sociedade moçambicana, este processo de reforma teve como uma das
consequências o processo de descentralização do poder, fazendo com que certos poderes fossem transferidos
a vários níveis da administração do país, aparecendo deste modo a figura da autoridade comunitária na
governação local das comunidades, queremos perceber a intervenção dos lideres na comunidade.
Nas comunidades (bairros e aldeias) os elementos ou componentes desta deparam-se com vários problemas
que os afligem, provocados tanto por intervenção humana (roubos, discussões entre vizinhos) bem como de
ordem da natureza (ciclones, cheias), os afectados muito dos casos vem-se isolado a resolverem este
problema por si, sem a intervenção de uma autoridade competente.
Nas comunidades nota-se disputas entre elementos ou componentes dos bairros por vários factores tais
como: não definição do cerco dos quintais (que faz com que certos moradores não tenham por onde passar)
por não haver uma concordância entre os utentes acerca do que se pode fazer com as ruelas que é de acesso
de todos (certos elementos negam-se a contribuir para o bom estado das ruelas).
Pouco ou não se faz presente as autoridades comunitárias, ressalvando-se os casos em que os componentes
das comunidades são obrigados a recorrer a estas para pedir uma declaração que os identifique que são
moradores de uma determinada comunidade (bairro), que servirá para tratar um determinado documento.
 Deste modo ao abrigo do postulado no Decreto 15/2000 de 20 de Junho, que institucionaliza as Autoridades
Comunitárias, leva-se ao seguinte questionamento:
      Que papel desempenham as autoridades comunitária no processo prevenção dos casamentos

prematuros?

Hipóteses

Principal 

      Adopção de uma liderança comunitária que proporcione uma maior participação comunitária, faz com
que os problemas que afectam a comunidade em particular os casamentos prematuros sejam do
conhecimento de todos membros desta e facilite uma eficiente e eficaz resolução.

Secundárias

      Gestão eficaz e eficiente dos assuntos comunitários possibilita que a comunidade esteja mais englobada
e engajada na prevencao dos casamentos prematuros;

      Intervenção nas esferas social e económica da comunidade, contribuindo deste modo para a proporção
do bem-estar social e económico da comunidade;

      Promoção de maior interacção entre o governo e os órgãos comunitários e com os membros da


comunidade, faz com que se conheça os problemas que afligem a comunidade e levante-se as possíveis
soluções.

Objectivos
Geral

      Compreender o papel das autoridades comunitárias no desenvolvimento sócio económico das


comunidades e na prevencao dos casamentos prematuros.

      Trazer em evidencia os direitos violados no processo de casamento prematuro

Especifico

      Descrever o processo da descentralização em Moçambique;

      Descrever os casamentos prematuros

      Contextualizar o estabelecimento das autoridades comunitárias;

      Analisar o papel desempenhado pelas autoridades comunitárias no desenvolvimento das comunidades;

Metodologias

Método de abordagem

Para a realização e sustentação de uma determinada pesquisa seguem-se directrizes e procedimentos como
devem ser abordados os dados que nutrem o trabalho final. Deste modo para está pesquisa será usado:
Método Hipotético – dedutivo, “que inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos, acerca da qual
formula hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenómenos
abrangidos pela hipótese.” (LAKATOS & MARCONI, 2009:91)
Para realização e efectivação do trabalho será utilizado como método de abordagem, o método Hipotético –
dedutivo, pois, antes da pesquisa serão elaboradas algumas hipóteses como forma de dar uma possível
resposta ao problema que é levantado para a pesquisa.
No entanto, após o levantamento de hipóteses seguir-se-á a fase de concretização do trabalho que se
começara por descrever os aspectos gerais ligados aos temas e posteriormente se fará uma abordagem de
forma particular do tema (indo a realidade do estudo).

Método de procedimentos

Método de Consulta Bibliográfica

A pesquisa bibliográfica é indicada a fim de proporcionar melhor visão do problema ou torná-lo mais
específico ou, ainda, para possibilitar a construção das hipóteses. […] Com a pesquisa bibliográfica usa se
fundamentalmente a contribuição dos diversos autores sobre determinado assunto, […] ou matérias que
receberam um tratamento analítico […]. (GIL, 1996:64),
Este método que é de extrema pertinência para a realização do trabalho, uma vez que este auxiliou e
auxiliará na fundamentação do mesmo, bem como serve como guia para a realização e implementação do
trabalho pesquisa.
Este que consistiu e consistirá na leitura de certos livros que abordam algo inerente ao tema sendo deste
modo necessários para a efectivação e aprofundamento do trabalho de modo que se responda ao problema
levantado e se concretize os objectivos patentes.

Estudo de campo

Para VENTURA (2002:79) citado por Kumar (2007:8), a pesquisa de campo deve merecer grande atenção, pois
devem ser indicados os critérios de escolha da amostragem (das pessoas que serão escolhidas como
exemplares de certa situação), a forma pela qual serão colectados os dados e os critérios de análise dos
dados obtidos.
O estudo de caso procura o aprofundamento de uma realidade específica. É basicamente realizada por meio
de observação directa das actividades do grupo estudado e de entrevista com informantes para captar as
explicações e interpretações que ocorrem naquela realidade(KUMAR, 2007:8)
Procura o aprofundamento de uma realidade específica. É basicamente realizada por meio da observação
directa das actividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar as explicações e
interpretações do ocorre naquela realidade.
Este método nos será útil visto que facilita na concretização do trabalho com a ida dos pesquisadores ao
campo de estudo, onde faremos uma observação e análise dos factos inerentes a sociedade em estudo de
modo a tirarmos constatações que servirão de base para a sustentação do trabalho e para a aceitação ou a
refutação das hipóteses.

Método Comparativo

“Comparação é o efeito ou acto de examinar com atenção para estabelecer as diferenças e semelhanças no
confronto dos factos” (idem, 396).
Para Andrade (2006:133) “Estes métodos realiza comparação com a finalidade de verificar semelhanças e
explicar divergências. Usado tanto para comparação de grupos no presente, no passado ou entre os
existentes e os do passado, quanto entre sociedades de iguais ou diferentes estágios de desenvolvimento.”
Este método irá auxiliar na realização do trabalho, através de uma relativa e objectiva comparação dos
factos que serão verificados no campo de estudo e os aspectos que são relatados por alguns autores. Mas
também, este método ira auxiliar na medida que se fará uma mera comparação dos estágios de evolução da
autoridade comunitária.

Método de Observação

Segundo Quivy & Campenhoudt (2005:164), “observação directa é aquela em que o próprio investigador
procede directamente a recolha das informações, […]. Apela directamente aos seus sentidos para a
observação, podendo em certos instantes a técnica de inquérito e/ ou entrevista, […] ”.
Para Marconi e Lakatos (2009:88) “é uma técnica de colecta de dados, para conseguir informações e utiliza-
la no sentido de obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas
também em examinar factos, que se deseja estudar, a observação pode ser directa e indirecta.”
Este que sem dúvida é importante para realização do trabalho, visto que, será de extrema utilidade, pois, é
o ponto de partida para realização do trabalho. Através deste far-se-á uma observação do objecto de estudo
e os aspectos que estes mostram. Este que vai possibilitar a recolha de dados de forma directa através da
observação e em alguns casos por inquérito ou entrevista nos intervenientes do campo de estudo. 

Entrevista

Segundo Lakatos & Marconni (1999:111), “entrevista é uma conversação efectuada face a face, de maneira
metódica, proporcionando ao entrevistador, verbalmente, a informação necessária, […]”.
Tratando-se de uma conversa feita de forma oral ou escrita entre duas ou mais pessoas, esta técnica irá ser
usada de modo à colectar dados através de questões e conversas aos entrevistados aos intervenientes da
comunidade abordada de modo a compreender o fenómeno em estudo. Sendo que podem ser feita de forma
dirigida ou de modo não focalizado (este que permite que o entrevistado debruce de forma livre).

Amostra

Para efectivação do trabalho será usada o tipo de amostra simples que para Lakatos (op cit.:42) “consiste
na escolha de um individuo, entre a população e ao acaso (aleatória) quando cada membro da população
tem a mesma probabilidade de ser escolhido.”
Escolheu-se a comunidade de Macharote, sendo que os intervenientes – os membros da comunidade – terão
as mesmas oportunidades de participar fornecendo os dados mas realce-se que estes serão escolhidos por
acaso e só podendo entrar uma vez para à amostra.
No tocante ao tamanho da amostra ao vai-se usar a margem de precisão de 5% da população de modo a
evitar as possíveis falhas, mas se a população for menor será usado a margem de 100%, pois este tipo de
amostra é a mais recomendada para o tipo de pesquisa.
Deste modo num universo de 2325 habitantes da comunidade Machorote ficamos com 11 membros da
comunidade dos quais 6 são mulheres e 5 homens e entrevistamos o líder da comunidade.

Capitulo I: Enquadramento teórico e conceptual

1.1.Quadro conceptual

Descentralização

Para Chiavenato (2001:204) “a descentralização faz com que as decisões sejam pulverizadas nos níveis mais
baixos da organização. A tendência moderna é no intuito de descentralização para proporcionar melhor
utilização dos recursos humanos.”
Segundo Dava (2003:21) “a descentralização é um processo administrativo de delegação ou de devolução de
poderes, mas antes, é um processo eminentemente cultural.”
A descentralização é o processo de delegação de funções aos escalões inferiores da actividade administrativa
com vista a possibilitar uma maior maximização das actividades e a fácil compreensão dos problemas da
organização e a resolução dos mesmos.

Casamento

Segundo o portal do governo (2014) a Lei moçambicana define casamento como sendo uma

união voluntária e singular entre um homem e uma mulher, com o propósito de constituir família,

mediante comunhão plena da vida. O casamento pode ser civil, religioso ou tradicional. Em

Moçambique, ao casamento monogâmico, religioso e tradicional é reconhecido valor e eficácia

igual à do casamento civil, isto quando tenham sido observados os requisitos que a lei estabelece

para o casamento civil.

Casamento Prematuro

Segundo AUGUSTO (2014), casamento prematuro é um vinculo ou união estabelecido por duas pessoas sendo
um deles menor, sem o reconhecimento governamental, cujo muitas vezes tem sido forçado originado por
varias razoes que apoquentam a sociedade.

Autoridade

Chiavenato (2001:273) “refere-se ao poder que é inerente ao papel de uma posição na organização. A
autoridade é delegada por meio de descrição de cargos, títulos organizacionais, políticos e procedimentos
da empresa.”
Segundo a Enciclopédia Mirador Internacional (1997:1067) para Emile Durkheim “é o elemento básico do
facto social na medida em que este é dotado de poder coercitivo. Os factos sociais exercem sobre os
indivíduos força imperativa que, por sua natureza se encontra difusa na sociedade.”
Entende-se como Autoridade, a capacidade que os indivíduos possuíam através do poder que lhes é conferido
de puderem influenciar outros membros do seu meio de modo que estes enveredem por trilhar os caminhos
desejados pela autoridade.

Comunidade
Sogge (1997:52) diz que Comunidade “é uma associação de actores que partilham de uma área territorial
limitada com base para o desempenho da maior parte das suas actividades quotidianas.”
“Reunião de ideias, interesses e recursos em determinados espaços geográficos em que as pessoas interagem
buscando soluções dos seus problemas para a realização do bem comum.” (NETO & GARCIA, 1987:8)
Segundo ISGB (1997:12) comunidade entende-se por “ um grupo social mais estrito do que a sociedade, em
que os contactos são, na sua maioria directos, e que é constituído por indivíduos residentes numa área mais
ou menos limitada geograficamente”.
A comunidade é o primeiro grupo social que manifesta uma certa auto-suficiência, a comunidade possui as
instituições que são mais necessárias a vida do grupo tais como escola, igrejas e hospitais, e, esta encontra-
se associada a problemas fazendo com que se engajem na busca de um bem comum.

Autoridade comunitária

Para os efeitos do presente decreto são autoridades comunitárias os chefes tradicionais, os secretários de bairro ou aldeia e
outros líderes legitimados como tais pelas respectivas comunidades locais. (DECRETO No 15/2000)

Pessoas que exercem uma certa forma de autoridade sobre uma determinada comunidade ou grupo social,
tais como, chefes tradicionais, secretários de bairros ou aldeias e outros líderes legitimados como tais pelas
respectivas comunidades ou grupos sociais.

As autoridades comunitárias são os representantes máximos de uma determinada comunidade que velam
pelos direitos, segurança e bem-estar da mesma e desempenham a função do interlocutor entre a
comunidade e os órgãos locais do estado, fazendo com que haja uma convivência que estimule o bem-estar
da mesma.

Em Marx Weber existem três formas distintas de autoridades que são caracterizadas pela forma como essas
são legítimas, deste modo a autoridade dispõe então de instrumentos para se fazer acreditar criando assim a
sua própria validez. Assim como postulado pelo Weber a legitimidade podem ser:
1º de carácter racional, que descansa na crença da legalidade de padrões de regras normativas, e de direitos
de comando dos chamados a exercer a autoridade em seu nome (autoridade legal); 2º de carácter
tradicional, que se apoia em crenças quotidianas na santidade das tradições e na legitimidade
de status daqueles que em seu nome exercem a autoridade (autoridade tradicional); 3º de carácter
carismático que se baseia na devoção extracotidiana à santidade, heroísmo ou características exemplares de
uma pessoa, e nos padrões normativos ou ordem por ela criada ou revelada (autoridade carismática).
(ENCICLOPEDIA MIRADOR INTERNACIONAL, Idem)   

Segundo Dava (2003:37) “nos dias que correm a descentralização representa um desafio para as autoridades
tradicionais e comunais, pois estas devem se munir de recursos, capacidades e poderes renovados, para que
possam corresponder às exigências da actualidade.”
Na década 90 eram frequentes debates entre o Governo e a sociedade civil, sobre o papel social e as formas
locais de poder e de autoridade, estes debates que possibilitaram a institucionalização de um regime
jurídico que reconhece-se e legitima-se as autoridade comunitárias como sendo importantes na promoção do
desenvolvimento local.
As autoridades comunitárias gozam de prestigio social dentro das comunidades onde estão inseridas e, por
isso, todas as decisões importantes sobre a vida da comunidade só poderão surtir os efeitos desejados se
estas autoridades forem envolvidas ou, se essas decisões forem implementadas em coordenação entre estas
e os órgãos locais do estado. (DAVA, 2003:1)
Assim as autoridades comunitárias serão o elo de ligação entre a comunidade e o Estado, fazendo o papel de
descodificador da mensagem da comunidade para o Estado, como também, do Estado para a comunidade.
Existem dois pressupostos básicos que possibilitam uma melhor articulação e um bom desempenho das
autoridades comunitárias face aos aspectos e factos que a sociedade se encontra. Deste modo as autoridades
comunitárias devem:
      Possuir capacidades de destrinçar as acções do Estado e as da comunidade. Esta premissa requer, por si

só, um conhecimento exaustivo do território e do modo de vida das populações do território de jurisdição;

      A questão da atribuição da autonomia ou seja, da personalidade jurídica as colectividades. Deste facto
infere-se que tanto a autonomia, quanto, a autogestão são requisitos imprescindíveis à descentralização.
(DAVA, 2003:38/9)

Assim sendo as autoridade comunitárias devem estar em disposição para a comunidade como para os órgãos
estado, figurando como o elo de ligação entre ambos de modo que garanta um bem-estar da sua
comunidade.

 
Capitulo II: Historial do papel das autoridades comunitárias (líder tradicional) em
Moçambique

A história do estabelecimento das autoridades comunitárias compreende um longo processo de


transformações, este que é caracterizado pela evolução destas autoridades desde o período pré-colonial até
a independência nacional com a formalização destas pelo governo onde deixam de ser consideradas
autoridades tradicionais para designarem-se autoridades comunitárias.

2.1. O papel das autoridades comunitárias no Período pré-colonial

No período correspondente não existia a designação de autoridades comunitárias, sendo que as autoridades


eram designadas por autoridade tradicional.
Dentro deste período, o elemento designado por autoridade tradicional insere-se no período da formação das
primeiras unidades políticas no território moçambicano, tendo sido estabelecidas de acordo com as
características de cada região do território surgiram pequenos núcleos familiares mais conhecidos por
linhagens.
Segundo Cuahela (1996:9) “os membros de uma linhagem têm o mesmo antepassado que normalmente é
real, ou seja pode ser reconhecido através da tradição oral, ocupam o mesmo espaço geográfico chamado
território linhageiro.
Assim sendo, estes núcleos foram crescendo ora através da própria produção (constituindo famílias
alargadas) ora através da agregação de famílias ou indivíduos vindouros, ao longo do tempo estes núcleos
estruturaram-se e consolidaram-se social e politicamente.
Neste âmbito, surgiram as chefias tradicionais, refere-se o surgimento de dois grandes grupos sociopolíticos,
nomeadamente as linhagens matrilineares e patrilineares. Sendo que a sua característica fundamental é a
reprodução do poder através da filiação materna e paterna, respectivamente.
Serra (2000:17) diz que “À frente de cada linhagem ou da família alargada estava um chefe com poderes
políticos, jurídicos e religiosos, e um conselho de anciões. As funções políticas nessas sociedades eram
exercidas pelos homens.”
Os chefes das linhagens e de famílias assumem o poder tradicional dentro do mundo sociopolítico da
autoridade tradicional. Porem, a autoridade tradicional inclui todo conjunto da elite sociopolítica
tradicional: os chefes tradicionais; os curandeiros; os adivinhos; os ervanários; os oficiais de rituais.
Os principais elementos da estrutura política do poder tradicional são o chefe e seus colaboradores que,
dependendo de cada região e do grupo etnolinguístico, têm uma designação específica, deste modo, nas
etnias ndau as principais figuras politicas são: mambo ou hashe, o shingore, o munyore, etc., na etnia
macua, são: Mwene, o sangira, o fumo, entre outros, sendo a apwiyamwene, a principal figura do sexo
feminino. No grupo changana a hierarquia política sustenta-se no hosi, seguido do qulume, o nduna o ndota e
o xidotane.
Segundo Cuahela (op.cit:10) “a autoridade tradicional possui uma legitimidade que lhe é dada pela
comunidade, e somente pela comunidade. Só a comunidade pode lhe tirar esta legitimidade entre os vivos e
os mortos.”
Quanto as tarefas, os chefes tradicionais eram responsáveis pela manutenção da segurança social
comunitária e sua reprodução material e espiritual, com efeito:
      Velavam pelo bom ambiente e harmonia da comunidade cem como pelos limites do

território linhageiro;

Intervinham na resolução de certos conflitos na comunidade, quando não tivessem solução


      

nos níveis familiares e linhageiro;

Promoviam e orientavam cerimónias de interesse geral da comunidade;


      

Asseguravam que a terra fosse património da comunidade um bem de todos, para uso de
      

todos.

Segundo Serra (2000:19) “Os chefes das linhagens e os chefes territoriais imploravam aos
antepassados, para si e para seu povo, as chuvas, a saúde, a protecção para a caça e para as
viagens.”

Dentre os principais direitos constava:


      A cobrança de imposto;
      Ser respeitado pelos súbditos.

Como se pode depreender destas funções, o chefe tradicional tinha um grande conhecimento da sua zona e
dos valores culturais das comunidades que dirigia. Ele era acima de tudo o seu principal depositário, velando
pela sua transmissão para novas gerações.

2.2. O papel da Autoridade comunitária no Período colonial

Com o fim das chamadas campanhas de pacificação [1] do território moçambicano, a administração colonial
procurou formas de se estabelecer nos diversos territórios, para pôr em funcionamento os seus planos
económicos, sociais e políticos. No entanto, os oficiais desta administração pouco conheciam, tinham
igualmente medo de progredir nestes lugares, pois temiam represálias da comunidade. Mais ainda, cedo
compreenderam que só os chefes tradicionais poderiam servir de interlocutores entre eles e as comunidades,
pelo facto de estas respeitarem os seus líderes.
De facto as estruturas socioeconómicas e políticas africanas foram submetidas à dominação colonial desde a
época da conquista, no sentido de todas as actividades produtivas se efectuarem, directa ou indirectamente
em benefício do colonialismo. A estratégia colonial foi, por conseguinte o de manter na medida do possível,
e através da repressão administrativa e policiais formas sociais da produção camponesa, nos seus moldes
pouco modernos, de maneira a recaírem sobre a família camponesa o grosso dos riscos e custos de
produção…. (HEDGE, 1999:186)

Foi neste contexto que os chefes tradicionais foram integrados na administração colonial. A palavra régulo
passou a designar todas as figuras políticas que estivessem a frente de determinadas unidades políticas,
independentemente da legitimidade comunitária e a partir de então, a figura do régulo foi sendo
confundida, muitas vezes, com a do chefe tradicional.
De acordo com o postulado na Reforma Administrativa Ultramarina de 1933, as autoridades gentílicas
(régulos, chefes de grupos de povoações indígenas e chefes de povoação indígena) eram considerados
auxiliares da administração civil nas colónias. Dentre as varias funções competia-lhes:
      Obedecer pronta e fielmente as autoridades administrativas portuguesas e fazer com que os indígenas

sob a sua jurisdição lhes obedecessem também;

      Denunciar o fabrico e venda de bebidas alcoólicas;

      Opor-se à prática de bruxarias e adivinhações e muito especialmente das que representassem violência
contra as pessoas;

      Descobrir e vigiar os indígenas estranhos à sua gente, apresentando-os ao administrador, sempre que
não estivessem munidos de passe ou salvo-conduto;

      Prender e isolar todo gado que aparecesse nas terras da regedoria com proveniência desconhecida,
suspeita ou proibida, participando imediatamente o facto ao administrador ou ao chefe do posto;

      Isolar os indígenas que tivessem doenças suspeitas;

      Incitar os indígenas a aprenderem a língua portuguesa, a mandarem os seus filhos às escolas, a


frequentarem as granjas e andarem vestidos com decência;

      Ordenar ou efectuar a prisão de qualquer indígena que tivesse alterado o sossego da população
indígena, mandando-o apresentar-se à autoridade administrativa para ser julgado e punido, podendo pedir a
expulsão das suas terras dos indígenas cuja presença fosse a causa de alarme ou motim;

      Fornecer rapidamente os homens que para a defesa ou polícia do território nacional lhes fossem
requisitados legalmente.

Observando atentamente o novo quadro de funções do regulo e comparando-o ao período pré-colonial, pode-
se depreender que tais consequências em larga medida, orientavam a acção do regulo para a defesa dos
interesses colónias, em detrimento da sua comunidade e dele próprio. Este deixava de ser o guardião do
território linhageiro, para se tornar numa peça fundamental do aparelho administrativo colonial.
Alguns chefes colónias resistindo contra a exploração colonial jogaram como um pau de dois bicos. Assim
sendo, ao mesmo tempo que fingiam que eram fieis ao regime colonial, defendiam as suas comunidades,
quando das culturas forçadas (algodão, amendoim, trigo), recrutamento para o trabalho forçado ou xibalo,
entre outras acções repressivas colonial.

2.3. O papel da autoridade tradicional no período pós-independência 

2.3.1 No regime Socialista

Terminada a guerra, Moçambique tornava-se independente do governo colonial português mas com isso
surgia um dilema acerca das autoridades coloniais. Pairava no seio dos moçambicanos quem estava e quem
eram os indivíduos que encabeçavam a chefia das comunidades ou mesmo dos regulados.
Foi neste âmbito que não se sabendo com exactidão quem eram os chefes tradicionais que segundo Artur
(1999:160) “a exemplo do que vinha acontecendo nas zonas libertadas durante a luta armada de libertação
nacional, nas novas instituições políticas e administrativas não se achavam representadas….nem as
estruturas tradicionais, nem as do regulado colonial.
A Frelimo havia crescido e formulado as suas experiencias através das lutas de base rural, no norte. As zonas
libertadas tinham revelado a organização expressões manifestas de contradição de classe e tendências para
a diferenciação no seio do próprio movimento. As conclusões tiradas a nível ideológico, assim como, da
prática concreta, baseavam-se na teoria marxista e mostraram a sua validade nos anos da resistência
crescente contra as forças coloniais. (EGERO, 1992:78).

As relações sociais feudais e capitalistas dominaram as vidas de uma população de que 80% eram ainda
rurais, tinham-se acentuado as divisões étnicas, instalando os chefes tradicionais como agentes do governo
colonial com poder sobre as vidas das comunidades.
Segundo Newit (1997:469/70) “A Frelimo chegou ao poder decidida a acabar com a opressão social e
política…. Esta foi definida parcialmente em termos de classes a existência de relações sociais feudais e
capitalistas que haviam explorado as diferenças e parcialmente em termos de opressão da ignorância.”
 Depois da independência nacional, em 1975, tanto os chefes tradicionais como os régulos, foram conotados
com os servidores do governo colonial. Na criação do novo Aparelho do Estado, passaram a uma situação
marginal. Aparentemente sem nenhuma função, sobretudo quando tratasse da articulação com os Órgãos do
Estado.
Mosca (2005:131) aventa que “O período de transição caracteriza-se pela aceleração dos processos de
transformação de uma sociedade, onde os elementos de conflitos intrínsecos, combinados com factores
externos produzem dinâmicas globais assentes em desequilíbrio de diferentes naturezas que se reforçam
mutuamente.”
 As transições podem ser ou não períodos de conflitos diversos com maior ou menor controlo por parte dos
poderes e que são geralmente aproveitados pelos novos poderes para reproduzir quanto possível os
elementos caracterizadores das sociedades que se pretende transformar.
Assim sendo, com vista a garantir a defesa da linha do novo governo os militantes da Frelimo começaram a
trabalhar em todos os sectores da sociedade de modo que crie-se Comités do Partido que ponham em prática
as directivas da Frelimo e do governo, fazendo com que se liberte a iniciativa das massas e pondo em acção
a sua capacidade criadora.
Segundo Dava (2000) “surgiram os Grupos Dinamizadores (GD’s) os quais constituíram a organização
administrativa dos bairros. Asseguravam a sua organização, bem como a direcção das tarefas sociais,
económicas e culturais.”
Para Egero (1992:79/80) “os comités do partido, cedo designados Grupos Dinamizadores viriam a tornar-se
numa característica marcante do programa de mobilização da Frelimo, com grande importância para os
acontecimentos dos primeiros anos de independência”
Estes vão florescer enquanto as condições para uma democracia de Base abertamente definida estavam no
seu melhor, e estes vão funcionar como elo de ligação entre a Frelimo (o governo) e a comunidade, sendo
que os Grupos Dinamizadores vão transmitindo as directrizes do Governo para as comunidades, bem como,
levavam as inquietações e anseios da comunidade para o governo.
Egero (1992:82) aventa que “para que pudessem desempenhar a sua tarefa os GD’s tinham que merecer a
confiança da maioria ou seja, que ter um registo limpo relativamente ao passado colonial.”
Assim sendo, os antigos régulos (chefes tradicionais) passaram a ser marginalizados devido o seu contacto
com as autoridades coloniais, pois encaravam-lhes como sendo hostis ao novo governo que estava a nascer e
assentar as suas bases. Porem, o método de referendo popular que foi proposto viria a ser usado em diversas
ocasiões posteriores com resultados positivos.
Deste modo, corporizavam a nova estrutura vital dos locais de residência com as seguintes tarefas:
      Orientar, coordenar e controlar as comissões dos quarteirões, no âmbito da vigilância popular, saúde,

higiene, saneamento do meio e habitação, assuntos sociais, alfabetização, educação, cultura, desporto
informação e propaganda;

      Apoiar, orientar e dinamizar a vida económica do bairro, nas cooperativas de produção e de consumo;

      Apoiar o funcionamento dos postos e centros de saúde, maternidade e escolas;

      Organizar os residentes para o combate à candonga (especulação) e no controlo do abastecimento.

Para a realização das suas tarefas, o Grupo Dinamizador tinha a seguinte composição: secretario, secretário-
adjunto, responsáveis pela vigilância popular, produção e abastecimento, saúde, higiene e habitação,
educação, cultura e desporto, informação e propaganda, Organização da Mulher Moçambicana (OMM) e
Organização da Juventude Moçambicana (OJM).

2.3.2. No regime democrático

Em Moçambique, é sobretudo a partir da abertura do espaço político na década de noventa que a


descentralização (política e administrativa) se tornou um dos elementos fundamentais do próprio processo
de reforma do Estado, sublinhando, por um lado, a participação dos cidadãos na administração e
desenvolvimento a nível local e, por outro, o melhoramento dos mecanismos de funcionamento do Estado.
(FORQUILHA, 2008:89)
Em 1992, com a assinatura do Acordo Geral de Paz, em Roma, entre o Governo de Moçambique e o
Movimento Nacional Resistência Moçambicana (Renamo), estabeleceu-se um clima de paz no país. Este clima
reforçado pela nova Constituição da Republica criada em 1990, em que introduzia, entre outros aspectos, o
sistema multipartidário, criando condições para a participação de toda a sociedade, nos programas de
desenvolvimento comunitário.
O Governo reconhecia, no entanto, que nas comunidades rurais, o sucesso destes programas não poderia ter
lugar, sem que estas estivessem devidamente estruturadas. Foi assim que o Conselho de Ministros criou o
Decreto 15/2000 de 20 de Junho, sobre as autoridades comunitárias.
Segundo o Decreto 15/2000 no seu artigo 1 “para os efeitos do presente decreto são autoridades comunitárias os chefes
tradicionais, os secretários de bairro ou aldeia e outros líderes legitimados como tais pelas respectivas comunidades
locais.”

Não obstante as características heterogéneas de cada uma das figuras, todas elas são chamadas a intervir
com o seu saber e competência, na gestão dos assuntos comunitários, participando criada pelo clima de paz.
Deste modo as Autoridades Comunitárias são importantes parceiros e agentes do progresso da governação
local.

Entretanto, no concernente ao processo de legitimação da autoridade comunitária segue-se dois processos


fundamentais:
      O chefe tradicional rege-se apenas pelo princípio de hereditariedade. Esta que tem suporte na

legitimação tradicional;

      Os secretários dos bairros ou aldeias e outros líderes legitimados como tais pela respectiva
comunidade: a escolha e feita num encontro com todos membros do bairro ou aldeia. Este forma de
legitimação tem a ver com a legitimação carismática.

Porem, depois da legitimação popular ou por via hereditária das autoridades tradicionais estás devem ser
legitimadas seguindo um processo de acordo com a legitimação racional ou legal por um competente
representante do Estado.
As áreas de articulação entre os órgãos locais do Estado e as autoridades comunitárias são aquelas em que se realizam
actividades que concorram para a consolidação da unidade nacional, produção de bens materiais e de serviços com vista à
satisfação das necessidades básicas de vida e de desenvolvimento local, tais como:

      Paz, justiça e harmonia social;

      Recenseamento e registo da população;

      Educação cívica e elevação do espírito patriótico;

      Uso e aproveitamento da terra;

      Emprego e segurança alimentar;

      Habitação própria e saúde pública;

      Educação, e cultura;

      Meio ambiente e abertura e manutenção de vias de acesso.

Portanto, as autoridades comunitárias têm esta função de garantir estes aspectos para que se verifique um bom ambiente na
comunidade e possibilite que o estado intervenha na comunidade e crie condições para que se estabeleçam planos de
desenvolvimento na comunidade.

Segundo Artur et all (1999:183) as autoridades tradicionais são vistas por administradores e chefes dos
postos administrativos como pilares da vida do distrito ou do posto administrativo, porque a população está
mais ligada a elas.
Sendo assim, tal como diz Dava (2003:1) “as autoridades comunitárias, gozam de prestigio social dentro das
comunidades onde estão inseridas e, por isso, todas as decisões importantes sobre a vida da comunidade só
poderão surtir os efeitos desejados se estas autoridades forem envolvidas…”
Pois, como autoridades que são e legitimadas influenciam no comportamento dos membros das suas
comunidades, senso que, estes possam cumprir com as tarefas exigidas pelas autoridades comunitárias.

III. Capitulo: enquadramento legal de casamento prematuro

O casamento pressupõe, antes de mais, o livre consentimento das partes. A Lei da Família, aprovada em
2004 (Lei nº 10/2004), define-o como: “a união voluntária e singular entre um homem e uma mulher, com o
propósito de constituir família, mediante comunhão plena de vida (Artigo 7, Noção de casamento). Então se
pegarmos nesta definição, todas as uniões que não obedecerem ao carácter “voluntário” e “singular”, não
são efectivamente “casamentos” perante a lei. Esta última característica “singular” refere-se ao casamento
monogâmico, enquanto o “voluntário” diz respeito ao consentimento das partes.
Neste contexto, podemos interrogar-nos: quem está em condições de dar o seu consentimento ao
casamento? Uma criança, por exemplo, que não tem maturidade suficiente para avaliar a extensão dos
compromissos que assume ao casar-se, estará em condições de consentir? É que esta tomada de decisão
implica um conhecimento, ou seja, deve ser uma “decisão informada”. Na Lei da Família, por exemplo, a
idade núbil é fixada em 18 anos para os dois sexos, embora se possam fazer excepções que autorizem o
casamento a partir dos 18 anos, desde que fundamentadas para posterior avaliação. Lembremos que,
segundo a Convenção Sobre os Direitos das Crianças (aprovada na 44ª sessão da ONU, 1989 e ratificada pelo
Conselho de Ministros, resolução nº 19/90, no BR, I Série, nº 42, 23/10/1990), a criança é definida como todo
o ser humano com menos de dezoito anos, excepto se a lei nacional conferir a maioridade mais cedo. A
mesma definição de criança é subscrita pela Carta Africana dos Direitos e Bem-estar da Criança (XXVI
Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da OUA, 1990 e ratificada pelo Conselho de Ministros, resolução
nº 20/98, no BR, I Série, nº 21 - 6º Suplemento, de 2/6/1998).
Assim, porque uma pessoa com idade inferior a 18 anos (criança) não é capaz de dar o seu consentimento
válido para se casar, os casamentos em que ambas ou apenas uma das partes é menor de idade, são
considerados como uniões forçadas, o vulgarmente chamado casamento prematuro. Uma Relatora especial
das Nações Unidas para o tráfico de pessoas, em particular mulheres e crianças, Sigma Huda (2007), vai mais
longe: “o casamento imposto a uma mulher não pela força explícita, mas submetendo-a a pressão implacável
e/ou manipulação, muitas vezes dizendo-lhe que a recusa de um pretendente irá prejudicar a sua família na
comunidade, também pode ser entendido como forçado”.
Por estas razões, o casamento prematuro é condenado tanto ao nível do sistema universal dos direitos
humanos, como em instrumentos legais regionais e nacionais. Vejamos em seguida quais são as provisões que
dizem respeito a esta violação dos direitos das crianças e das mulheres.
Começando com a Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres
(1979) (ratificada pela Assembleia da República, resolução nº 4/1993, no BR, I Série, nº 22, de 2/6/1993),
podemos ver que há um princípio de base, definido no seu artigo 1:
“Para efeitos da presente Convenção, a expressão "discriminação contra a mulher" referir-se-á a toda a
distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por objecto ou resultado menoscabar ou anular
o reconhecimento, o gozo ou exercício por parte da mulher, independentemente do seu estado civil, com
base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamentais nas esferas
política, económica, social, cultural e civil ou em qualquer outra esfera”.
Esta Convenção vincula os estados a tomarem medidas efectivas para acabar com a discriminação das
mulheres nas leis e práticas (art. 2) e mais adiante estabelece que:
“Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas para: a) Modificar os padrões socioculturais de
conduta de homens e de mulheres, com vista a alcançar a eliminação dos preconceitos e das práticas
consuetudinárias e de qualquer outra índole que estejam baseadas na ideia da inferioridade ou superioridade
de qualquer dos sexos ou em funções estereotipadas de homens de e de mulheres” (art. 5).
Por seu turno, a Convenção Sobre os Direitos das Crianças (já referida mais acima), estabelece que “a
criança, para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade, deve crescer num ambiente familiar, em
clima de felicidade, amor e compreensão” (artigo 1).
E que: “Todos os direitos se aplicam a todas as crianças sem excepção. O Estado tem obrigação de proteger
a criança contra todas as formas de discriminação e de tomar medidas positivas para promover os seus
direitos” (art. 2, nº 1).
Esta Convenção define também o “Interesse superior da criança” (art. 3), que diz que o estado é, em última
instância, responsável por garantir os cuidados adequados à criança, quando os pais, ou outras pessoas
responsáveis por ela não tenham capacidade para o fazer”. Quer isto dizer que o garante máximo dos
direitos das crianças é o estado. Por isso, mesmo que elas se encontrem à guarda dos pais ou outro
representante legal, o estado deve intervir se houver violação dos seus direitos. É isso que diz o artigo 19:
“1. Os Estados Partes tomam todas as medidas legislativas, administrativas, sociais e educativas adequadas à
protecção da criança contra todas as formas de violência física ou mental, dano ou sevícia, abandono ou
tratamento negligente; maus tratos ou exploração, incluindo a violência sexual, enquanto se encontrar sob a
guarda de seus pais ou de um deles, dos representantes legais ou de qualquer outra pessoa a cuja guarda
haja sido confiada”.
Também é dado um grande destaque à violência sexual:
“Os Estados Partes comprometem-se a proteger a criança contra todas as formas de exploração e de
violência sexuais. Para esse efeito, os Estados Partes devem, nomeadamente, tomar todas as medidas
adequadas, nos planos nacional, bilateral e multilateral para impedir:
a) Que a criança seja incitada ou coagida a dedicar-se a uma actividade sexual ilícita” (Artigo 34).
Esta legislação estatui, clara e irrefutavelmente, o direito à maior protecção das crianças. Não devem
constituir barreiras para o exercício dos seus direitos nem a vontade dos pais ou seus tutores legais, nem
práticas religiosas ou culturais em uso no contexto em que se encontra a criança.
Todas estas medidas encontram correspondência na legislação nacional, nomeadamente na Constituição da
República, na Lei de Bases de Protecção de Menores (Lei nº 7/2008) e no Código Penal, entre outras.
Por isso, quando em presença de um casamento prematuro, há matéria legal para intervir no sentido de
proteger a criança e criminalizar todos os responsáveis envolvidos: i) os pais ou responsável legal que
entregou a criança; ii) o adulto que recebeu a criança e a mantém para fins de exploração laboral e sexual.
Que direitos estão a ser negados com o casamento prematuro? Se nos guiarmos pela Convenção sobre os
Direitos da Criança, são os seguintes (Bruce, 2002, citado por FNUAP, 2003):2

 O direito à educação (artigo 28).


 O direito a ser protegida contra todas as formas de violência física ou mental, dano ou abuso,
inclusive sexual (artigo 19) e de todas as formas de exploração sexual (artigo 34).
 O direito ao gozo do mais alto nível possível de saúde (artigo 24).
 O direito à informação escolar e profissional e orientação (artigo 28).
 O direito de procurar, receber e transmitir informações e ideias (artigo 13).
 O direito ao descanso e lazer, e de participar livremente na vida cultural (artigo 31).
 O direito de não ser separada de seus pais contra a sua vontade (artigo 9).
 O direito à protecção contra todas as formas de exploração que afectem de qualquer modo o bem-
estar da criança (artigo 36).

3. O papel dos chefes tradicionais no distrito de Dondo (comunidade de Macharote)

3.1. Localização do Distrito de Dondo

O Dondo é um é um distrito da província de Sofala no centro do país que possui uma extensão de 2,308 km.
Este que está localizado no Centro-Este desta província tendo como seus extremos os seguintes:
      Norte – Distrito de Muanza;

      Oeste – distrito de Nhamatanda;

      Sul – Distrito do Buzí e a cidade da Beira;

      Este – pelo Oceano Indico.

Imagem: Mapa de identificação Geográfica do Distrito de Dondo 

Fonte: INE (Estatística do Distrito de Dondo)  


O distrito de Dondo tem uma certa influência na província assim como sobre a cidade capital desta a cidade
da Beira, visto que para alem das indústrias que esta possui, como diz a MAE (2005:4) “ esta localizado no
corredor da Beira o que lhe proporciona ligações ferroviárias e rodoviárias com a cidade da Beira, as
províncias vizinhas, e com o Zimbabwe.”

3.2. População do distrito de Dondo

A população do distrito de Dondo é diversificada por diferentes grupos étnicos que se encontram a habitar
esta região, fazendo com que este seja um distrito multicultural.
De acordo com os dados do instituto Nacional de estatística com base no ultimo Recenseamento Populacional
de 2007 a população dessa região esta estimada em 141,003 pessoas que faz cerca de 8,6% da população
total da província, mas esta dividida em 3 Postos administrativos: Dondo-sede, Mafambisse e Savane.
Tabela: número da população e a Densidade populacional
Província de Sofala Distrito de Dondo Comunidade de
Macharote
População 1,642,920 141,003 5,241
Densidade populacional 24.25 61.08 32.6
 Fonte: INE III Recenseamento geral da população e habitação (adaptado autores)
Salienta-se o facto de este universo populacional ser uma mistura de vários grupos étnicos presentes nesta
região, contudo os autóctones desta região são os povos da etnia Sena como resultado do cruzamento de
Machangas/Matewes com povos de baixo Zambeze.
Mas segundo MAE (2005:9) “os dois grupos principais grupos étnicos são Senas e Ndaus,” estando distribuídos
da seguinte maneira: os Ndaus na zona sul e sudeste do distrito e por sua vez os Senas estão concentrados no
Norte e sudeste do distrito.

3.3. Educação

A educação é uma actividade muito importante e significativa para qualquer sociedade, tal é que em
nenhuma sociedade que tenha existido não tenha tido esta pratica importante para a comunidade. Porem,
nas sociedades actuais existe dois modelos de educação em vigor.
Segundo Pilleti (2004:12) “não há forma única e nem único modelo de educação… a transmissão de
conhecimentos de velhos para os jovens nas aldeias africanas e o ensino nas modernas escolas das cidades
grandes são modelos diferentes do processo educativo.”
Assim sendo, a educação tradicional é feita nas comunidades, em casa que pressupõem a transmissão dos
valores culturais dos mais velhos para os mais novos, e a educação moderna é feita em escolas formais
criadas com o tal propósito.
De acordo com os dados fornecidos pelo Gabinete técnico do governo do Distrito de Dondo existem
estabelecidas no distrito de Dondo um total de 69 escolas divididas em escolas do ensino primário (1º e 2º
Grau) e secundário (1º e 2º Grau).

Gráfico1: Escolas do Distrito de Dondo


Fonte: Administração do Distrito adaptado pelos autores
Na comunidade de Macharote encontramos localizadas duas Escolas, sendo que uma é do ensino primário (1º
e 2º Grau) e a outra é do Ensino Secundário Geral (1º Grau), fazendo com que os membros desta comunidade
sejam beneficiadas desde o nível primário até ao secundário geral (de 1ª classe à 10ª classe).

3.4. Saúde

É para toda sociedade um bem indispensável para o bem-estar da mesma, bem como para a mitigação de
doenças. A Política do Sector Saúde quanto à prestação de cuidados de saúde é de contribuir para a
promoção de saúde da comunidade pela própria comunidade.
Segundo MISAU (2004:4) “O objectivo da Política nacional de Saúde contribuir através de actividades
específicas para a promoção, preservação, manutenção e melhoramento da saúde da comunidade em
complemento e colaboração com os esforços desenvolvidos por outros sectores.”
É neste sentido que são construídos centros e postos de Saúde ao longo do distrito como forma de fazer com
que os habitantes tenham um atendimento hospital e estejam saudáveis e aptos para contribuir para a
problemática da pobreza que assola o país.
Para tal o Distrito possui 11 Centro de Saúde e 3 Postos de Saúde que servem para o atendimento da
população. Mas, estes postos são poucos tendo em conta o universo da população 141,003 que estão sujeitos
a serem atendidos nestes centros e postos de saúde.
Os centros e postos de saúde até certo ponto encontram-se um tento que distante de certas comunidade o
que faz com que estas tenham que percorrer longas distancias para beneficiarem-se da assistência medica e
medicamentosa.

3.5. Análise e discussão dos resultados

A estrutura organizacional numa determinada sociedade ou comunidade é muito importante para se


conseguir efectuar uma boa administração dos recursos existentes em como para um bom atendimento e
organização e satisfação dos membros desta comunidade.
Segundo Roia (2008: 96) A organização formal é sinónimo de estrutura planificada; representa o esforço
deliberado para estabelecer modelos de relações entre os componentes a fim de alcançar os objectivos. A
estrutura formal é, pois, o resultado de um processo decisional que é prescritivo.
As autoridades comunitárias (autoridades tradicionais) no distrito de Dondo estão organizadas de
formalmente de modo que possibilite uma melhor organização e administração das comunidades. De acordo
com os técnicos da administração do distrito “as autoridades tradicionais estão divididas em chefes do 1º,
2º e 3º Escalão e são num número total de 153 chefes tradicionais. E os chefes do primeiro escalão
correspondem aos Régulos[2], chefes de povoação e sapandas.”

Gráfico2: Subdivisão dos Chefes tradicionais do distrito de Dondo em escalão.

Fonte: Administração do Distrito adaptado pelos autores


Esta designação depende do tamanho territorial que cada autoridade possui para exercer as suas
actividades, ainda os técnicos salientam que este “estratificação prende-se com o facto de facilitar a
localização e a identificação dos líderes. Mas realce-se que existe uma forte cooperação no despenho das
suas funções e valorização por parte dor “líder” (regulo) para com os outros elementos da sua estrutura
administrativa.
No trabalho mencionamos a educação, a saúde para puder perceber o nível da educação dos inqueridos para
com isso puder perceber a que níveis se encontram as pessoas praticantes do casamento prematuro.
De acordo com 55% dos entrevistados referem que os líderes comunitário não tem intervindo nos assuntos
ligados a casamento prematuro com vista a combate-lo, sendo que 45% tenham dito que os lideres
comunitário tem intervindo nos assuntos, também importa de referir que alguns dos nossos entrevistados
terão afirmado que os lideres apenas tem intervindo no que se refere a incentivo dos casamentos.
Respostas Nº de pessoas  Percentagem (%)
Sim 6 55%
Não 5 45%

Tabela 1.

Quando questionamos aos nossos entrevistados sobre qual avaliação fazia da intervenção dos lideres
comunitário eles responderam o seguinte como mostra o gráfico abaixo.
Gráfico 1. Fonte do autor

De acordo com os entrevistados sobre se os lidere comunitário tem influenciado nos casamentos prematuros
45% foram unânime em dizer não, 9% tendo dito sim e num total de 45% tendo dito talvez.
Respostas Nº de pessoas  Percentagem (%)
Sim 1 9%
Não 5 45%
Talvez 5 45%

Tabela 2. Fonte do autor

Quando questionamos aos nosso entrevistado sobre qual tem sido i papel dos pais no que se refere se tem
influenciados nos casamentos prematuro 81% foram unânimes em responder que os pais tem influenciado
para a prevalenvia dos casamento prematuro como mostra o gráfico abaixo.

Gráfico 2. Fonte do autor

Quando por nos questionados aos nossos entrevistado sobre o que os lideres comunitário tem vindo a
efectuar para prevenir os casamentos prematuros, 56% do entrevistados foram unânimes em dizer que os
lideres comunitário não tem feito nada e 36% da parte dos entrevistado disseram que tem feito campanhas
de sensibilização a comunidade e em fim 9% dos entrevistado disseram tem feito consultas a anciões, como
mostra a tabela a baixo.

Respostas Nº de pessoas  Percentagem (%)


Não faz nada 6 54%
Sensibilização a comunidade 4 36%
Consulta a anciões 1 6%

Tabela 3. Fonte do autor

Quando questionamos aos nosso entrevistados se era essencial a participação dos lideres comunitário na
prevenção dos casamentos prematuros 90% dos entrevistado responderam que sim e apenas 10% terá
respondido não.

Tabela 3. Fonte do autor

Segundo Ferreira (2011:429) aventa que “liderar implica a existência de um indivíduo que tem a capacidade
de influenciar um grupo de indivíduos”. Assim sendo, nem sempre um líder é capaz de influenciar todo
grupo, mas o mais importante em questão de liderança é necessário que o líder tenha uma maior
legitimidade dos membros do grupo.
Relacionamento com os órgãos locais do estado
 A comunidade é o primeiro grupo social que manifesta e necessita de uma certa auto-suficiência, para tal,
ela precisa possuir instituições que são mais necessárias a vida do grupo. Deste modo para que a comunidade
adquira tais instituições as autoridades devem estar em constante relacionamento entre si.
De acordo com o governo o relacionamento entre as autoridades comunitárias e o governo é excelente e
benéfica para a governação e elaboração de projectos e programas que visam o desenvolvimento
socioeconómico do distrito em geral e em particular das comunidades pertencentes ao distrito.
Este aspecto é importante, considerando que as autoridades comunitárias são as primeiras a estar em
contacto com a comunidade e conhecem as reais necessidades das suas comunidades e os seus ensejos.
No desempenho das suas funções administrativas, os órgãos locais do Estado deverão articular com as
autoridades comunitárias, auscultando opiniões sobre a melhor maneira de mobilizar e organizar a
participação das comunidades locais, na concepção e implementação de programas e planos económicos,
sociais e culturais, em prol do desenvolvimento local. (DECRETO 15/2000 DE 20 DE JUNHO)
  Perante o nosso inquérito estivemos com o líder de Macharote a qual o inquerimos de qual tem
sido o relacionamento entre os líderes comunitário com governo;
Segundo este líder diz que “estamos sempre em constante relacionamento com o Governo visto que nos
precisamos do governo para construção de nossas escolas, centro de saúde, fontes de água e mesmo as vias
de comunicação e nos fornecer informações base para a melhor convivência colectiva.
Segundo Dava (2003:37) “as autoridades tradicionais devem assumir que representam em extensão os
interesses das suas comunidades perante os órgãos locais do Estado e do Governo.” Mas no entanto, o líder
tem sido confrontado com os membros da comunidade acerca da sua lealdade para com a comunidade, pois
de acordo com os membros da comunidade.
Salienta ainda o líder que nem sempre o governo responde as nossas exigências e faz com que a comunidade
pense que não estamos nos esforçando para satisfazer os ensejos primordiais e essências para a comunidade,
mas realçar que o governo tem respondido aos nossos ensejos.

Importa referir que o nosso questionário não dispunha apenas de perguntas fechadas como

também dispunha de questões aberta de modo que possamos perceber aquilo que é o pensamento

do nosso entrevistado, sendo que das três perguntas abertas os entrevistados sempre tiveram a

mesma concepção na importância dos líderes comunitário na luta contra os casamentos

prematuro, tendo estes sustentando que os líderes comunitário são essenciais na intervenção no

que se refere aos casamentos prematuros porque sendo estes os responsáveis da comunidade a

sua palavra é essencial na redução deste problema social.

Quando questionamos qual deve ser o papel dos pais na prevenção deste mal, os nossos entrevistado também
foram unânimes em dizer que os pais exercem um papel importante na prevenção dos casamentos
prematuros vistos que estes são os responsáveis destes e tendo os nossos entrevistados sugeridos que os pais
alem de convocar os casamentos prematuros devem colocar os seus filhos nas escolas, desencorajando este
mal.
E tentando perceber porque as meninas casadas prematuramente tem a dificuldade de voltar a escola os
nosso entrevistados desceram que tem haver com a falta de coragem de enfrentar aos seus colegas pôs as
crianças já se sentem grandes e isso pondo em causa a convivência com outras crianças da mesma idade.
Conclusão e sugestão
O casamento prematuro é endémico em Moçambique, o que quer dizer que se está perante um fenómeno
habitual e de grande incidência. Moçambique encontra-se entre os países que, ao nível mundial, apresentam
um maior número deste tipo de uniões forçadas: encontra-se em 7º lugar nesta lista, depois do Níger, do
Chade, do Mali, do Bangladesh, da Guiné e da República Centro Africana, contabilizando mais de metade de
mulheres que se casam antes dos 18 anos.
Como alerta o FNUAP (2003), o casamento prematuro é revelador da discriminação existente e, acima de
tudo, da discriminação na maneira como as famílias e as sociedades tratam as meninas e os meninos. A
desigualdade no tratamento manifesta-se na desproporcionalidade no nível de atenção e investimento entre
crianças dos dois sexos na saúde, na nutrição e na educação. As meninas enfrentam normalmente mais
privações e falta de oportunidades.
Com este texto pretende-se rever o enquadramento legal aplicável a Moçambique em relação ao casamento
prematuro e a sua incidência, e discutir uma tentativa de criminalizar os implicados num caso de casamento
prematuro (pai, mãe e o homem a quem foi entregue a criança), e perceber o papel que desempenha as
autoridades comunitárias na prevenção desses factos.
O casamento pressupõe, antes de mais, o livre consentimento das partes. A Lei da Família, aprovada em
2004 (Lei nº 10/2004), define-o como: “a união voluntária e singular entre um homem e uma mulher, com o
propósito de constituir família, mediante comunhão plena de vida (Artigo 7, Noção de casamento). Então se
pegarmos nesta definição, todas as uniões que não obedecerem ao carácter “voluntário” e “singular”, não
são efectivamente “casamentos” perante a lei. Esta última característica “singular” refere-se ao casamento
monogâmico, enquanto o “voluntário” diz respeito ao consentimento das partes.
Neste contexto, podemos interrogar-nos: quem está em condições de dar o seu consentimento ao
casamento? Uma criança, por exemplo, que não tem maturidade suficiente para avaliar a extensão dos
compromissos que assume ao casar-se, estará em condições de consentir? É que esta tomada de decisão
implica um conhecimento, ou seja, deve ser uma “decisão informada”. Na Lei da Família, por exemplo, a
idade núbil é fixada em 18 anos para os dois sexos, embora se possam fazer excepções que autorizem o
casamento a partir dos 18 anos, desde que fundamentadas para posterior avaliação. Lembremos que,
segundo a Convenção Sobre os Direitos das Crianças (aprovada na 44ª sessão da ONU, 1989 e ratificada pelo
Conselho de Ministros, resolução nº 19/90, no BR, I Série, nº 42, 23/10/1990), a criança é definida como todo
o ser humano com menos de dezoito anos, excepto se a lei nacional conferir a maioridade mais cedo. A
mesma definição de criança é subscrita pela Carta Africana dos Direitos e Bem-estar da Criança (XXVI
Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da OUA, 1990 e ratificada pelo Conselho de Ministros, resolução
nº 20/98, no BR, I Série, nº 21 - 6º Suplemento, de 2/6/1998).
Assim, porque uma pessoa com idade inferior a 18 anos (criança) não é capaz de dar o seu consentimento
válido para se casar, os casamentos em que ambas ou apenas uma das partes é menor de idade, são
considerados como uniões forçadas, o vulgarmente chamado casamento prematuro.
O nosso estudo tem como objectivo dar a conhecer que o casamento prematuro se encontra legalizado e as
medidas encontram correspondência na legislação nacional, nomeadamente na Constituição da República, na
Lei de Bases de Protecção de Menores (Lei nº 7/2008) e no Código Penal, entre outras.
Por isso, quando em presença de um casamento prematuro, há matéria legal para intervir no sentido de
proteger a criança e criminalizar todos os responsáveis envolvidos:
i)                    Os pais ou responsável legal que entregou a criança;
ii)                   O adulto que recebeu a criança e a mantém para fins de exploração laboral e sexual.
O nosso estudo também tem objectivo de trazer a tona dos quais os direitos  direitos estão a ser negados
com o casamento prematuro. Se nos guiarmos pela Convenção sobre os Direitos da Criança, são os seguintes

 O direito à educação (artigo 28).


 O direito a ser protegida contra todas as formas de violência física ou mental, dano ou abuso,
inclusive sexual (artigo 19) e de todas as formas de exploração sexual (artigo 34).
 O direito ao gozo do mais alto nível possível de saúde (artigo 24).
 O direito à informação escolar e profissional e orientação (artigo 28).
 O direito de procurar, receber e transmitir informações e ideias (artigo 13).
 O direito ao descanso e lazer, e de participar livremente na vida cultural (artigo 31).
 O direito de não ser separada de seus pais contra a sua vontade (artigo 9).
 O direito à protecção contra todas as formas de exploração que afectem de qualquer modo o bem-
estar da criança (artigo 36).

No que se refere ao papel das autoridades tradicionais importa dizer que a  descentralização é um processo
que consiste na delegação de certas actividades administrativas com vista a incrementar uma maior
celeridade e dinamismo nas tarefas a serem executadas. No país este facto começou a ser introduzido
paulatinamente nos primórdios da década de 90 conjuntamente com o processo de democratização.
Com o fim do governo socialista e a democratização do país, começou-se a imprimir uma maior dinâmica na
compreensão do papel das autoridades comunitárias (tradicionais) e qual seria o seu lugar no governo
descentralizado. Este facto teve como corolário a aprovação do decreto 15/2000 de 20 de Junho, que
estabelece o papel das autoridades comunitárias e a sua articulação com os órgãos locais do estado.
Porem, espera-se que se faça uma constante capacitação dos lideres comunitários como forma de cada vez
mais este estarem integrados no governo moderno moçambicano e percebam com maior clareza a questão
da descentralização administrativa, de modo que não há já ma compreensão e divergências com os chefes de
postos e administradores locais.
As autoridades comunitárias são vistas como sagradas para a comunidade, neste pressuposto deve-se
evidenciar esforços para que a comunidade passe a compreender qual a função que a administração moderna
reserva para os lideres comunitários de tal modo que estes não ficam mal vistos diante da comunidade como
sendo receptores de ordem do governo e não responsáveis e representantes do governo.
Feitos os nossos estudos concluímos que os chefes tradicionais podem exercer um papel importante na
comunidade visto que estes têm sido os únicos representantes mais próximos do povo alem do governo
distrital.
Com isso é de sugerir que as autoridades comunitária com vista a estancar este mau que afecta a sociedade
e o pais em geral pondo Moçambique em 7º lugar anivel mundial isso constituindo um grande problema para
a situação social do pais.
Com isso sugerimos que as autoridades façam:
   Campanha de sensibilização a comunidade.
  Que intervenham em todos assuntos relacionados com a sociedade
  Incentivar as crianças a irem a escola
  A prover e divulgar os direitos e dever das crianças com vista que as crianças tenham noção dos
seus direito.
  Manter-se informado com o governo dos assuntos legais relacionados com os casamento
prematuro
  Desentivar a comunidade sobre os casamentos prematuro
Também sugerimos ao governo distrital que faça
  Faça sempre encontros com as autoridades tradicionais com forma a capacita-los em matérias
relacionados;
  Faça a expansão de escolas com níveis mais altos (secundário e pré-universitário);
  Faça campanhas de sensibilização na comunidade;
  Faça a criação de núcleo de luta contra os casamentos prematuros.
Aos pais
  Que não permitam o casamento dos seus filhos

  Colocar a educação dos filhos em primeiro lugar

  Que não façam trocas dos seus filhos por dinheiro ou algo de género

A comunidade
  Que denunciem os casamentos prematuros
  Que contribuam juntos dos lideres comunitário na divulgação dos direitos da criança na prevenção
dos casamentos prematuros.
  Que desencorajam os casamentos prematuros na comunidade

Bibliografia

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humonos . gorongoza, sofala , mocambique .
2.ANDRADE, Maria. Introdução à Metodologia do Trabalho Científico, 7ª edição, Atlas, São
ARTUR, Domingos do Rosário (Coord.). Tradição e Modernidade: que lugar para a Tradição africana na
Governação Descentralizada de Moçambique? Maputo, CIMISAU, 1999.  
CHIAVENATO, Idalberto. Teoria geral da administração. Volume I. 6ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Campos,
2001.
DAVA, Fernando et all. A participação das autoridades comunitárias na governação local. Maputo: Colecção
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DAVA, Fernando (Dir.). Reconhecimento e legitimação das autoridades comunitárias a luz do decreto
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