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Instituto Superior de Gestão de Negócio

Licenciatura em Psicopedagogia

A Teoria do Desenvolvimento Humano de Jean Piaget

Quelsa Teodósio Bango 2º Ano

Xai - Xai, Fevereiro de 2024

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Instituto Superior de Gestão de Negocio

A Teoria do Desenvolvimento Humano de Jean Piaget

Trabalho de pesquisa científica


elaborado na disciplina de Psicologia de
Desenvolvimento, Faculdade de Ciências
Educação, Instituto Superior de Gestão
de Negócio, para avaliação, sob
orientação do docente: Dr Hercílio
Quive.

Quelsa Teodósio Bango

2º Ano

Xai - Xai, Fevereiro de 2024

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Índice
0.0 Introdução..................................................................................................................................2
1.0 A teoria do desenvolvimento humano de Jean Piaget...............................................................3
1.1 O Desenvolvimento...................................................................................................................3
1.2 Factores explicativos do desenvolvimento................................................................................3
1.3 Noção de estádios de desenvolvimento.....................................................................................5
1.3.1 Estádio sensório-motor...........................................................................................................8
1.3.2 Estádio pré-operatório............................................................................................................8
1.3.3 Estádio das operações concretas...........................................................................................10
1.3.4 Estádio das operações formais..............................................................................................11
2.0 Conclusão................................................................................................................................13
3.0 Referências bibliográficas.......................................................................................................14

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0.0 Introdução
O trabalho foi elaborado na cadeira de psicologia de desenvolvimento e tem como tema: a teoria
do desenvolvimento de Jean Piaget. Desenvolvimento é na sua definição, um conjunto de
transformações a vários níveis, sendo a nível físico, fisiológico e psicológico, e marcam
significativamente toda a existência do indivíduo dependendo das suas experiências, atitudes e
características pessoais.
Este trabalho vai centrar-se num dos grandes nomes da Psicologia do Desenvolvimento, Jean
Piaget, que definiu o desenvolvimento por estádios, os quais estão apresentados ao longo deste
trabalho.
Para elaboração deste trabalho recorremos as consultas bibliográficas das obras que sustentam o
tema em causa assim como as obras do autor Piaget, os quais encontram se referenciadas na
bibliografia deste trabalho.

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1.0 A teoria do desenvolvimento humano de Jean Piaget
1.1 O Desenvolvimento
Segundo Rappaport (1981), cada indivíduo tem o seu próprio desenvolvimento, e isso constitui
uma história singular que o acompanha desde a sua concepção até à sua morte, o que torna o
desenvolvimento um processo de transformação ininterrupto.
Assim sendo, além das transformações físicas implicadas pelos factores biogenéticos, o conceito
de desenvolvimento abarca todas as transformações e processos internos que permitem que a
experiência, o conhecimento e o comportamento adquiram uma diferenciação e complexificação
crescentes, integrando e englobando todas as funções do indivíduo
Segundo Piaget o desenvolvimento é uma sucessão de estádios, que são transformações
qualitativas que ocorrem em determinados períodos do ciclo vital.
Piaget é o defensor da Epistemologia Genética que é a teoria que parte do pressuposto que o
conhecimento é construído por meio da interacção do sujeito com seu meio, a partir de estruturas
existentes no sujeito. Assim sendo, a construção do conhecimento depende tanto das estruturas
cognitivas do sujeito como de sua relação com os objectos e com outras pessoas. Essa teoria tem
como base, o estudo da génese psicológica do pensamento dos indivíduos.

1.2 Factores explicativos do desenvolvimento


Existem 4 factores que segundo Piaget explicam o desenvolvimento cognitivo:
1. A hereditariedade e a maturação física
2. A experiência
3. A transmissão social
4. A equilibração
O primeiro factor, a hereditariedade e a maturação física, é constituído pelas mudanças
biológicas que ocorrem no indivíduo e que são independentes da experiência.
O segundo factor, a experiência, não é o simples registar passivamente os dados da experiência,
mas sobretudo a actividade do indivíduo sobre objectos, quer física quer mentalmente e que lhe
permite orgnizá-los e distingui-los. Este segundo factor, é importante para a formação de
estruturas ou esquemas, e estes possibilitam a acção e a compreensão da realidade.
O terceiro factor, a transmisão social, refere-se à influência que a sociedade tem não na nossa
actividade, mas na nossa construção de contexto social através da sua observação e educação.

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E por fim, mas não menos importante, o quarto factor, a equilibração, que é o equilíbrio termo
entre a assimilação e a acomodação. Este factor, assegura formas de equilibração cada vez mais
estáveis na adaptação ao meio, pois em cada novo estádio dá-se o surgimento de novos esquemas
e estruturas ou de esquemas e estruturas mais complexos do que os já existentes. Acerca deste
quarto factor, de acordo com Rodrigues (2004), “Para Piaget o desenvolvimento cognitivo
implica que a actividade do sujeito na interacção com o meio responda aos desequilíbrios
cognitivos procurando atingir um estado de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação,
mecanismos de adaptação ao meio.” (p.59)
De acordo com a teoria de Piaget, as crianças passam por diferentes estágios específicos de seu
intelecto e sua capacidade de perceber relacionamentos maduros. Esses diferentes estágios do
desenvolvimento infantil são os mesmos para todas as crianças, independentemente de sua
origem ou cultura. Apenas a idade pode variar de uma criança para outra.
É comum que crianças muito jovens não demonstrem empatia. Em vez disso, elas têm
pensamentos egocêntricos, de acordo com sua idade e habilidades.
Durante a infância, a criança aprende a pensar, ou seja, a interagir com o mundo ao seu redor.
Este é o desenvolvimento cognitivo natural. Isso pressupõe uma série de mudanças evolutivas na
vida da criança, cujas diferentes fases podem ser distinguidas durante a infância, do nascimento à
pré-adolescência. Essas etapas, durante as quais as crianças desenvolvem suas habilidades
cognitivas, são atualmente divididas de acordo com os estágios de desenvolvimento de Piaget.
Piaget fez muitos estudos sobre a infância. Segundo ele, a infância é dividida em diferentes
etapas. A teoria de Piaget explica os diferentes estágios do desenvolvimento infantil de acordo
com a idade.
As etapas de Piaget são um conjunto de fatos determinantes no processo de desenvolvimento
humano que aparecem temporalmente, seguindo um ao outro. Assim, o tipo de linguagem
utilizada pelas crianças pode ser diferenciado para cada faixa etária: gagueira, palavras
inventadas, pseudopalavras, falar na terceira pessoa referindo-se a si mesmo e assim por diante.
É o mesmo para o tipo de pensamento (pensamentos egocêntricos, onde tudo gira em torno do
que a criança vê e acredita), ou para habilidades físicas (uso de reflexos, rastejando, andando,
correndo …). Segundo a teoria de Piaget, esse desenvolvimento cognitivo aparece de forma
contínua e gradual, em torno de uma idade aproximada.

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Na teoria de Piaget, os estágios não aparecem necessariamente em um momento específico. No
entanto, podemos dizer que há períodos em que é mais provável e normal que certas habilidades
cognitivas se desenvolvam. É mais fácil aprender uma habilidade definida na idade que
normalmente lhe convém. Para a aquisição da linguagem, por exemplo, as primeiras palavras são
aprendidas no primeiro ano, mas a linguagem não é bem desenvolvida antes dos sete anos
(vocabulário ainda muito pequeno, que aumentará à medida que se passarem os anos).
De acordo com ele, Com base nesta ideia, Piaget formulou sua teoria de que o conhecimento
evolui progressivamente por meio de estruturas cognitivas (raciocínio) que substituem umas às
outras em estágios.

Jean Piaget considera que a criança tenta compreender o seu mundo através de um
relacionamento activo com as pessoas e objectos. A partir dos encontros com acontecimentos,
a criança vai se aproximar do objectivo ideal que é o raciocínio abstracto. Piaget estimulou o
interesse pelos estágios maturacionais do desenvolvimento e pela importância da cognição para
muitos aspectos do funcionamento psicológico, tendo actuado como uma contra força construtiva
à ideia de que as crenças, pensamentos e modos de uma criança abordar problemas são
basicamente o resultado daquilo que se lhe ensine directamente. Piaget acredita assim que os
objectivos do desenvolvimento incluem a habilidade para raciocinar de modo abstracto, para
pensar sobre situações hipotéticas de modo lógico e para organizar regras, por ele designadas
operações, em estruturas de nível superior mais complexo.

1.3 Noção de estádios de desenvolvimento


A noção de estádio é, de certo modo, artificial e surge como instrumento de análise,
indispensável para a explicação dos processos e das características que se vão formando ao longo
do desenvolvimento da criança.
A criança, à medida que evolui vai-se ajustando à realidade circundante, e superando de modo
cada vez mais eficaz, as múltiplas situações com que se confronta.
Se uma criança de 3 anos resolve determinado problema, suscitado pelo meio, que não conseguia
aos 2 anos, é porque possui, a partir de agora uma determinada estrutura mental diferente da
anterior e, de certo modo, superior, porque lhe permite resolver novos problemas e ajustar- se à
situação.

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Os sucessivos ajustamentos da criança ao meio que se vão manifestando ao longo do seu
desenvolvimento devem interpretar- se em função desses mesmos estádios.
Os vários psicólogos da criança não são unânimes no que se refere à sucessão dos estádios, na
medida em que cada um os aplica como instrumentos da sua própria teoria explicativa.
PIAGET, 1999, p. 15). Refere-se a estádios não numa perspectiva global, mas cada estádio não
comportando todas as funções: mentais, fisiológicas, sociais e afectivas, mas somente funções
específicas. Assim considera a existência de estádios diferentes relativamente à inteligência, à
linguagem e à percepção. Piaget refere que a aceitação da noção de estádio exige determinados
pressupostos, tais como:
 Carácter integrado de cada estádio. As estruturas construídas e específicas de
determinada idade da criança tornam-se parte integrante da estrutura da idade seguinte;
 Estrutura do conjunto. Os elementos constituintes de determinado estádio estão
intimamente ligados entre si e contribuem conjuntamente para caracterizar determinada
conduta;
 Todo o estádio tem um nível de preparação e um nível de consecução. O estádio não
surge definido e acabado, mas evolui no sentido da sua superação.
 As crianças podem iniciar e terminar determinado estádio em idades diferentes. O
período estabelecido para delimitar os estádios é médio.
Os estádios de Piaget colocam a tónica na função intelectual do desenvolvimento. Ele não nega a
existência e a importância de outras funções, mas delimita e especifica o campo da sua
investigação ao domínio da epistemologia genética.
A psicologia da criança, em Piaget, quase se identifica com uma psicologia da inteligência.
Cada estádio é definido por diferentes formas do pensamento. A criança deve atravessar cada
estádio segundo uma sequência regular, ou seja, os estádios de desenvolvimento cognitivo são
sequenciais. Se a criança não for estimulada / motivada na devida altura não conseguirá superar o
atraso do seu desenvolvimento. Assim, torna-se necessário que em cada estádio a criança
experiêncie e tenha tempo suficiente para interiorizar a experiência antes de prosseguir para o
estádio seguinte.
Normalmente, a criança não apresenta características de um único estádio, com excepção do
sensório - motor, podendo reflectir certas tendências e formas do estádio anterior e / ou posterior,
Ex: uma criança que se encontre no estádio das operações concretas pode ter pensamentos e

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comportamentos característicos do pré-operatório e/ou algumas atitudes do estádio das operações
formais.
Piaget (1999) elenca quatro estágios que precedem o desenvolvimento infantil: sensório motor,
pré-operacional, operacional concreto e operações formais:
Estádio Sensório-Motor (0-18/24 meses):
 Dos reflexos inatos à construção da imagem mental, anterior à linguagem
 Coordenação dos meios e fins
 Permanência do objecto
 Invenção de novos meios, imagem mental e formação de símbolos
Estádio Pré-Operatório (2-7 anos):
 Inteligência representativa
 Egocentrismo – centração
 Pensamento mágico / animismo, realismo, finalismo
Operações Concretas (7-11/12 anos):
 Reversibilidade mental
 Pensamento lógico, acção sobre o real
 Operações mentais: contar/medir/classificar/seriar
 Conservação da matéria sólida/líquida/peso/volume
 Conceitos de tempo, espaço, velocidade
Operações Formais (11/12 – 15/16 anos):
 Pensamento abstracto
 Operar sobre operações, acção sobre o possível
 Raciocínios hipotético-dedutivos
 Definição de conceitos e valores
 Egocentrismo cognitivo
Piaget distinguiu duas grandes etapas no desenvolvimento, que dizem respeito a dois tipos de
inteligência:
A inteligência prática ou sensório-motora, que é o anterior à linguagem, até cerca dos
dois anos de idade, a que chamou o período da inteligência sensório-motora;

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E a inteligência interiorizada, verbal ou reflectida, a partir da linguagem e que se
desenvolve durante toda a vida, ao longo de três estádios: estádio pré-operatório, estádio
das operações concretas e estádio das operações formais.

1.3.1 Estádio sensório-motor


(0 - 18/24 meses)
Neste estágio a criança busca adquirir controlo motor e aprender sobre os objectos físicos que a
rodeiam. A criança adquire o conhecimento por meio de suas próprias acções que são
controladas por informações sensoriais imediatas. Assim, a criança conquista, através da sua
percepção e dos seus movimentos, todo o uni- verso que a cerca.
No início, a vida mental reduz-se ao exercício dos aparelhos reflexos, de fundo hereditário, um
exemplo é a ação de sugar. Com o passar do tempo estes reflexos se desenvolvem e ao final
deste período, a criança já é capaz de utilizar objectos para alcançar seus objectivos. Como
exemplo, usa uma vassoura para pegar um brinquedo que está longe, utilizando a inteligência
prática ou sensório-motora.

Este estádio ao contrário do que se poderia pensar é de extrema importância para o


desenvolvimento intelectual futuro, porque quanto mais estimulada for a criança, mais
possibilidades ela terá de se desenvolver intelectualmente.
Ao nascer a criança dispõem de um conjunto de reflexos, sendo a sucção um deles. O reflexo
existe, porém só se revela na presença do estímulo que o consolida e exige o seu funcionamento.
Quando a criança alcança o seio da mãe, o reflexo da sucção obtém seu estímulo adequado. Mais
tarde, levará todo o tipo de objectos à boca ( generalização do reflexo).
Com cerca de 6 meses o bebé já é capaz de procurar os objectos escondidos. Com um ano de
idade a criança experimenta activamente novos comportamentos. Tendo atirado um boneco que
tinha na mão, ao chão, a criança repete várias vezes e em várias posições esse mesmo
comportamento para verificar e feito obtido.
Este estádio indica o contacto da criança com o mundo e o início da sua exploração. A criança
adquire um conhecimento prático do mundo que a rodeia.

1.3.2 Estádio pré-operatório


(2 - 7 anos)

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Umas das características deste período é o desenvolvimento da actividade simbólica,
caracterizada pelo facto da criança diferenciar o significante do significado.
A criança desenvolve a linguagem, estando esta muito ligada à função simbólica, (PAPALIA,
2006).
1.3.2.1 Características deste período de desenvolvimento:
Egocentrismo
Considerado como a incapacidade manifesta da criança de se por no ponto de vista do outro.
A criança considera que o que é mais importante para os outros é o que é mais importante para
si; o objecto que fica mais perto dela é também o que fica mais perto de outra pessoa, mesmo que
esta se encontre no lado oposto, tendo por isso outros objectos que estão mais perto de si do que
aquele que está mais perto da criança. A criança que tem um irmão dirá isso mesmo, que tem um
irmão, mas se lhe perguntar-mos quantos irmãos tem o seu irmão poderá dizer que não tem
nenhum. Neste estádio, a criança afirma mas nunca demonstra, porque o carácter social da sua
conduta, dado o seu egocentrismo, não lhe permite provar as coisas perante os outros. A criança
não sente necessidade de se justificar. (PIAGET, 1999, p.32),
Irreversibilidade
Refere-se à incapacidade manifestada pela criança para entender a reversibilidade de certos
fenómenos, ou seja, ela não percebe que as coisas permanecem as mesmas, mesmo que sofram
uma operação (transformação). É em consequência desta característica que se chama a este
período pré-operatório. A criança mão entende o problema da conservação (quer dos líquidos
quer dos sólidos). A criança não percebe por exemplo que a quantidade de massa e de água não
se altera apesar de mudarem de forma. A criança deste grupo etário não se consegue descentrar
ou seja ela focaliza a sua perspectiva apenas numa dimensão do estímulo e não entra em conta
com os outros factores.
Raciocínio Transdutivo
É um tipo de raciocínio que parte do particular e chega ao particular. Referindo-se à sua filha,
Jaquelina, Piaget observa que o facto de ela ver o pai aquecer a água para fazer a barba, lhe
permite concluir que sempre que se aqueça a água, é para o pai fazer a barba.
Animismo
Tendência para considerar as coisas como sendo vivas, dotadas de intenções e de consciência.
Esta característica exprime uma confusão entre a realidade objectiva e subjectiva. A criança

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observa os objectos e apercebe-se de que são úteis para o homem, e por isso, confere-lhes
intencionalidade. (PIAGET, 1964, p.325).
Artificialismo
É a crença de que as coisas foram construídas pelo homem ou por uma entidade divina, mas de
forma semelhante ao da fabricação humana. A criança acredita que “ as montanhas crescem
porque se plantaram pedras que foram fabricadas”
Jogo
Para Piaget o jogo mais importante é o jogo simbólico (só acontece neste período), neste jogo
predomina a assimilação (Ex. : é o jogo do faz de conta, as crianças "brincam aos pais", "ás
escolas", "aos médicos", ...). o jogo de construções transforma-se em jogo simbólico com o
predomínio da assimilação (Ex. : Lego - a criança diz que a sua construção é, por exemplo, uma
casa. No entanto, para os adultos "é tudo menos uma casa").
Inicialmente (mais ao menos aos dois anos), a criança fala sozinha porque o seu pensamento
ainda não está organizado, só com o decorrer deste período é que o começa a organizar,
associando os acontecimentos com a linguagem na sua acção.
A criança ao jogar está a organizar e a conhecer o mundo, por outro lado, o jogo também
funciona como "terapia" na libertação das suas angustias. Além disto, através do jogo também
nos podemos aperceber da relação familiar da criança (Ex. : Quando a criança brinca com as
bonecas pode mostrar a sua falta de amor por parte da mãe através da violência com que brinca
com elas).
Realismo Moral
A criança considera que os deveres e os valores têm uma identidade própria, independentemente
da consciência do sujeito; impõem-se por si. A gravidade de um acto não é medida em função da
intenção que o motivou mas em função dos prejuízos materiais. A criança que, ao ajudar a mãe a
pôr a mesa para o almoço, parte, sem querer, quatro copos, merece um castigo maior do que a
criança que, para se vingar da mãe que lhe bateu, partiu um copo porque o atirou ao chão,
propositadamente.

1.3.3 Estádio das operações concretas


(7 – 11/12 anos)

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PIAGET, (1999), Com o estágio operatório concreto, pressupõe-se que a criança já tenha
superado seu egocentrismo através dos relacionamen- tos que vivenciou.
Segundo PAPALIA, (2006), neste estágio, a criança começa a lidar com conceitos abstratos e
como os números e é marcada por uma lógica interna consistente e pela habilidade de solucionar
problemas concretos. É o período das construções lógicas, onde a criança estabelece relações
entre as “coisas” e com pontos de vista diferentes.
No plano intelectual surgirá uma nova capacidade as “Operações”. A criança conseguirá realizar
uma ação física ou mental dirigida a um fim (objetivo) e revertê-la ao início.
Em nível de pensamento, a criança consegue:
• Estabelecer corretamente as relações de causa e efeito e de meio e fim;
• Sequenciar ideias ou eventos;
• Trabalhar com ideias sob dois pontos de vista simultaneamente;
• Formar conceito de número (inicialmente concreto depois abstrato).
No plano afetivo, a criança será capaz de cooperar com os outros, trabalhar em grupo e ter ao
mesmo tempo autonomia pessoal, criando seus próprios valores. Também surgem à vontade,
conflitos entre o dever e prazer, e no final do período, as necessidades afetivas e de segurança
são satisfeitas progressivamente pelo grupo em detrimento da família.
A cooperação irá se desenvolver por todo este período em relação ao novo grupo.
A partir das necessidades, elaboram formas próprias de organização grupal, criando novas regras
que deverão ser aceitas por todos os participantes. Ao final do período, acontece a passagem do
pensamento concreto para o pensamento formal ou abstrato.
Esta “reflexão”, é então com um pensamento de segundo grau; o pensamento concreto é a
representação de ações possíveis. Não nos devemos espantar, então, se o sistema das operações
concretas deva terminar no decorrer dos últimos anos da infância, antes que se torne possível “a
reflexão” em operações formais. Quanto a estas, não são outras senão as mesmas operações, mas
aplicadas a hipóteses ou proposições (PIAGET, 1999, p.60).

1.3.4 Estádio das operações formais


(11/12 anos em diante)
PIAGET, (1999, p. 59) aponta que no estágio operatório formal, a criança começa a raciocinar
lógica e sistematicamente. Esse estágio é definido pelo despertar do raciocínio abstrato. As

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deduções lógicas podem ser feitas sem o apoio de objectos concretos. É a transição para o modo
adulto de pensar, sendo capaz de pensar sobre ideais abstratas.
Neste período, o adolescente realiza as operações no plano das ideais sem necessitar de
manipulação ou referências concretas, é capaz de lidar com conceitos como liberdade, justiça,
democracia e assim, domina progressivamente a capacidade de abstrair e generalizar. Cria teorias
sobre o mundo para reformulá-lo, isto é possível por sua capacidade reflexão espontânea. O
exercício da reflexão permite inicialmente ao adolescente submeter o mundo real as teorias que
seu pensamento é capaz de criar. Este processo irá atenuar-se através da reconciliação do
pensamento com a realidade até ficar claro que a função da reflexão não é contradizer, mas se
adiantar e interpretar a experiência, (PAPALIA, 2006, p.455).
Suas relações sociais mudam passando por uma fase de interiorização que se configura
aparentemente como antissocial, afastando-se da família e não aceitando conselhos dos adultos,
mas o alvo de sua reflexão é a sociedade. Posteriormente, atinge o equilíbrio entre pensamento e
realidade é quando compreende a importância da reflexão para a sua ação sobre o mundo real.
No aspecto afetivo, o adolescente vive conflitos, deseja libertar-se do adulto, mas ainda depende
dele. Deseja ser aceito pelos adultos e amigos. O grupo de amigos é o mais forte referencial,
determinando vocabulário, jeito de vestir e aspectos do comportamento e sua moral. Seus
interesses são diversos e mutáveis e vão se estabilizando pela chegada da vida adulta, (PIAGET,
1999, p.62).
Este processo culmina em um equilíbrio entre o real e as ideais dos indivíduos, isto é, de
revolucionário no plano das ideais, ele torna-se transformador, no plano da
acção. Na idade adulta, não surge nenhuma nova estrutura mental, apenas ocorre um aumento
gradual do cognitivo em profundidade e melhor compreensão da realidade, influenciado por
conteúdos afetivo-emocionais e definindo sua forma de estar no mundo.
Cada estágio é um período onde o pensamento e o comportamento do indivíduo são
caracterizados por uma forma específica de conhecimento e raciocínio. Assim, o conhecimento
destes estágios pode melhorar a prática educativa. Se conhecermos melhor a maneira que os
indivíduos aprendem, certamente, melhoraremos a nossa prática educativa, (RAPPAPORT,
1981, p.74).

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2.0 Conclusão
Terminado o trabalho que fala da teoria do desenvolvimento humano de Piaget percebeu-se que
para Piaget Desenvolvimento resulta em Aprendizagem, enquanto para outros autores como
Vygotsky Aprendizagem resulta em Desenvolvimento.
Foi percebido ainda que no que diz respeito a desenvolvimento defendido por vários psicólogos,
Piaget é que conseguiu formular até agora a que melhor explica o desenvolvimento das crianças.
Esta teoria, foi comprovada pelo mesmo, observando os seus próprios filhos e fazendo
experiências com outras crianças. Qualquer indivíduo consegue fazer um pouco da análise que
fez Piaget, basta observar as crianças que o rodeiam. Numa perspectiva dinâmica e abrangente, o
ser humano terá que ser encarado como um sistema aberto, em que todos os aspectos interagem:
o meio natural e a família, os amigos, o grupo de vizinhança, a escola, a comunidade.
Com este trabalho concluiu-se também que, existem vários níveis de desenvolvimento separados
por estádios e divididos em idades. A cada estádio corresponde um nível de desenvolvimento das
crianças. Estes estádios são constantes de geração em geração.

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3.0 Referências bibliográficas
PIAGET, J. A (2013). psicologia da inteligência. Tradução: Guilherme João de Freitas
Teixeira.– Edição Digital. Petropolis, RJ: VOZES,
PIAGET, J. (1999). Seis estudos de psicologia. Tradução: Maria Alice Magalhães D’ Amorim e
Paulo Sergio Lima Silva - 24º Ed. Rio de Jneiro: FORENSE UNIVERSITARIA,
PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin. (2006).
Desenvolvimento Humano. 8ºed. Porto Alegre: ARTMED,
Piaget, J. (1997). A Psicologia da Criança. Porto: Asa
PIAGET, Jean. (1964). A formação do símbolo na criança: Imitação, jogo e sonho imagem e
representação. 3º ed. Rio de Janeiro: LTC,
RAPPAPORT, C.R. (1981). Modelo piagetiano. In RAPPAPORT; FIORI; DAVIS. Teorias do
Desenvolvimento: conceitos fundamentais - Vol. 1. EPU,

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