Você está na página 1de 24

3

Índice
Introducao....................................................................................................................................3
A I Guerra Mundial e Crise Económica e Social da Década de 20.............................................4
Nacionalismo...............................................................................................................................6
O Aparecimento do Nacionalismo em África..............................................................................6
As Associações............................................................................................................................7
O Grémio Africano......................................................................................................................8
A Imprensa em Moçambique.......................................................................................................8
O Contributo de Alfredo Aguiar na Imprensa.............................................................................9
Os Irmãos João e José Albasini....................................................................................................9
Rui de Noronha, o Poeta “Assimilado”.....................................................................................10
A Crise Económica Mundial e a Produção em Moçambique....................................................10
Medidas Tomadas Pelo Governo Colonial Para Fazer Face a Crise..........................................11
O Estado Novo e o Nacionalismo Económico de Salazar.........................................................11
A Política Colonial Durante o Nacionalismo Económico.........................................................12
As Medidas Tomadas no Âmbito do Nacionalismo Económica:..............................................13
Algumas Características Gerais do Colonial-Fascismo:............................................................14
Os Conflitos Sociais e a Resistência Anti-colonial nos Anos Entre1930 e 1937......................15
Moçambique Durante o Apogeu do Colonialismo Português (1945-1961)..............................15
Consequências do Sistema de Culturas Obrigatórias:................................................................18
A Continuação da Exportação de Mão de Obra e a Dependência ao Capital Estrangeiro.........18
O Crescimento da População Colona em Moçambique/Colonatos...........................................19
Os Planos de Fomento e a Industrialização...............................................................................19
O primeiro Plano de Fomento (1953-1958)...............................................................................20
O segundo Plano de Fomento (1959-1964)...............................................................................20
Terceiro Plano de Fomento (1968-1973)...................................................................................21
A Concordata e o Acordo Missionário......................................................................................21
Conclusão...................................................................................................................................24
Bibliografia................................................................................................................................25
4

Introducao
Este trabalho fala da 1ª guerra mundial da decada 20 e a crise economica de 1929, tem como
objectivo compreender as primeiras formacoes nacionalistas, O Aparecimento do Nacionalismo
em África, as Associações como o Grémio Africano que foi a primeira associação fundada em
1908; a Imprensa em Moçambique, o Contributo de Alfredo Aguiar na Imprensa; os Irmãos João
e José Albasini; A Crise Económica Mundial e a Produção em Moçambique; O Estado Novo e o
Nacionalismo Económico de Salazar e Os Planos de Fomento e a Industrialização.
Para elaboração deste trabalho baseamos nas consultas bibliográficas de algumas obras
disponíveis na internet e algumas físicas os quais referenciamos na bibliografia deste trabalho.
Quanto a estrutura do trabalho encontra-se organizado em parte introdutória, desenvolvimento,
conclusão e bibliografia.
5

A I Guerra Mundial e Crise Económica e Social da Década de 20


Em Maio de 1915, Portugal aliou-se à Grã-Bretanha, França e Rússia na Grande Guerra contra a
Alemanha. Esta guerra exigiu a utilização de recursos materiais e humanos não só dos países
beligerantes, como também das respectivas colónias. Á Portugual foi atribuido o papel
fundamental de ajudar a Grã-Bretanha na defesa das colónias britânicas de África.
Logo após o início da guerra, começaram a agudizar-se defeitos do frágil sistema económico
português em Moçambique, com maior incidência do sector financeiro. Isto traduziu-se na
desvalorização contínua da moeda (Escudo), à razão de 100% entre 1914 e 1919, 200% em 1920
e 600% entre 1921 e 1924.
Na prática, isto resultou em aumentos sucessivos do custo de vida, e na queda dos salários reais
dos trabalhadores, quer rurais quer urbanos. Aumentou também sucessivamente o mussoco, e o
imposto de palhota que, nalgumas áreas, passou a ser exigido em libras, tanto ao trabalhador
migrante como aos outros trabalhadores locais. Diminui cada vez mais a qualidade dos tecidos
importados, artigo fundamentalmente no comércio rural.
Estes factores conduziam, por um lado, à migração para fora do país, onde a atracção da libra
esterlina e tecidos de melhor qualidade era cada vez mais evidente e , por outro, à deserção do
trabalho pouco remunerado. Assim, agudizaram-se todos problemas relacionados com o
recrutamento da mão-de-obra tanto pelo estado colonial, como por empresas capitalista. Perante
esta situação, a administração colonial intensificou rusgas para o aprisionamento de pessoas, que
depois eram enviadas para o trabalho forçado nas companhias e obras públicas.
Nas cidades de Lourenço Marques e Beira, os trabalhadores brancos, que usufruiram de
privilégios coloniais, desenvolviam as suas acções separadamente dos trabalhadores negros, que
em geral não gozavam de mesmos direitos e , por conseguinte, moviam uma luta paralela,
embora ilegal. Desta forma registou-se uma série de greves em que os trabalhadores se
manifestaram activamente contra os efeitos da crise.
Das greves levadas a cabo em Lourenço Marques, destacaram-se as ferroviários (brancos) em
1917 e 1920, as dos estivadores (negros: 4 greves entre 1919 e 1921) e as do pessoal da empresa
de transportes urbanos (brancos) em 1916, 1920 e 1923.
O estado colonial utilizou a estratégia de reprimir e dividir os trabalhadores, quer negros, quer
brancos,deportanto os activistas brancos em 1920, e neutralizando rapidamente as greves dos
6

negros. Mas, às vezes, aliciou o reduzido número de assimilados assalariados, gratuindo-lhes


algumas das regalias dos brancos.
Não obstante, a diferenciação de estatutu e tratamento dos brancos manifestou-se bem evidente
entre 1918e 1920, ao ser concedido o pagamento em divisas da maior parte do salário à maioria
dos funcionarios brancos.
Nos anos seguintes, a crise manteve-se e veio a tomar propoções graves. O ano de 1925 iniciou-
se num autêntico clima de agitação. Foi-se desenvolvendo com certa intensidade uma campanha
a favor dos trabalhadores negros em Lourenço Marques, através do Brado Aficano . Este apelava
aos negros para se unirem por objectivo comum.
Entrato os atropelos à lei eram prática corrente. Em Fevereiro de 1925, mais de uma centena de
trabalhadores negros recusou continuar a prestar serviços à empresa Delagoa Bay Agency de
Lourenço Marques, alegando maus tratos e exigindo que os deixassem regressar às terras de
origem. Pelo facto foram imediatamente persos pela polícia por ordem da Secretaia dos Negócios
indígenas.
Em junho, 300 trabalhadores negros do caminhos de ferro de Lourenço Marques reuniram-se
junto à casa dos trabalhadores, manifestando-se contra o não pagamento de um aumento sarial
estabelecido pelo governo no ano anterior.
Foi certamente animada pelo clima de descontentamento e agitação que pirava sobra a cidade de
Lourenço Marques que se deu em 13 de Agosto de 1925 a greve dos trabalhadores de Delagoa
Bay Development Corporaction Limited, empresa concessionária de diversos serviços urbanos
(água, energia elétrica e transportes públicos). Os grevistas lutavam pela actualização de
vencimentos.
Em Agosto de 1925 estalou uma greve na Beira. Tratou-se da paralisação geral e concertada de
trabalhadores, funcionários e pequenos empresários brancos, em protesto contra uma série de
medidas decretadas pela administração da Companhia Majestática. Assim, em 7 de
Agosto,entraram em greve os comerciantes, protestando contra o controle de dívidas por parte
das Companhias, seguindo-lhes, por idêntico motivo, os pequenos agricultores colonos. Os
funcionários da companhia entraram em greve em 2 de Setembro, exigindo uma compensação
salarial que cobrisse a depreciação da moeda e a lata do custo de vida, entre outras
reivendicações. A situação só voltaria a normalidade a 10 de Setembro, tendo os grevistas
conseguido uma vitória quase total, embora temporária.
7

Em Setembro de 1925, começõu a greve dos estivadores do porto da capital, reivindicando


aumentos salariais e melhores condições sociais, seguindo-se a greve dos trabalhadores
ferroviários portuários brancos, em defesa dos seus interesses e previlégios, o que veio
transformar-se em greve geral. Iniciada em 11 de Novembro, a greve só viria a terminar em
Março de 1926, tendo obrigado o governo a estabelecer o estado de sítio na cidade. Finalmente,
o governo colonial centralizou a greve; foram presos e deportados para vários pontos de
Moçambique os principais dirigentes grevistas.

Nacionalismo
É a consciência que os Indivíduos ou grupos de indivíduos, adquirem da sua pertença a uma
nação, compreendendo nações como “terra natal”, “o conjunto das tradições familiares”, mas
também o respeito pelas autoridades estabelecidas e legítimas. (SERRA, 2000, p. 433).
O Nacionalismo é ainda o sentimento de íntima vinculação, de um grupo humano, ao núcleo
nacional da colectividade a que pertence. Aspira a criação ou consolidação da independência
política, Pode se definir também, como sendo uma política, que visa o apoio substancial da
burguesia nacional, em luta pela reabilitação da economia nacional (nacionalismo económico).
O Nacionalismo pode ser ainda um sentimento de valorização marcado pela aproximação e
identificação com uma nação, mais precisamente com o ponto de vista ideológico.
O Aparecimento do Nacionalismo em África
O nacionalismo em África, teve de alguma forma uma peculiaridade em diversas vertentes, quer
no campo ideológico, quer no campo histórico europeu. Pois nos finais do século XIX, é que
realmente ficou efectivado e alargado no seio deste continente e obviamente foi resultado da
opressão colonial, o que nos conduz a não estranhar que tivesse sido precisamente nesta época
em que cresce a “contestação da situação colonial”, pois enquanto fosse maior o número de
população oprimida a probabilidade de ser atingida também era maior, ameaçando e destruindo
todas as estruturas seculares africanas, o que impulsionou um estabelecimento de unidade entre
os povos explorados, dando origem a nacionalismo em África.
Três foram as fases das manifestações nacionalistas africanas que assentaram-se nos seguintes
princípios:

 A imitação da cultura europeia;


 A redescoberta dos valores tradicionais;
8

 A procura duma síntese.


No caso de Moçambique foi a “dominação colonial que deu origem à comunidade territorial e
criou bases para uma coerência psicológica, fundada na experiência da discriminação,
exploração, trabalho forçado e outros aspectos da dominação colonial”. (Mondlane:87).
Em Moçambique, devido à proibição de qualquer associação política, à necessidade de sigilo que
isso impunha, à erosão da sociedade tradicional e ausência de uma educação moderna nas àreas
rurais, minou o alastramento de ideias nacionalistas por todo território. Por isso, foi só entre uma
minoria predominantemente urbana, composta de intelectuais e trabalhadores assalariados,
individuos destribalizados, na sua maioria mulatos e assimilados, que se desenvolveu a ideia de
uma acção nacionalista.
Nas cidades era fàcil compreender que não era a força do colonizador que levava a nossa
dominação mais ao contrário era a nossa propria fraquesa que gerava o sucesso dos Portugueses:
Possivelmente, a própria ausência do ambiente tribal contribui para criar uma visão nacional,
ajudou este grupo a ver Moçambique como terra de todos os Moçambicanos, e fez-lhe
compreender a força da unidade”. (Mondlane:89).
Assim encorajados pelo liberalismo da nova República em Portugal (1910-1926) e pelas ideias
pan-africanistas, estes criaram associações e fizeram protesto na imprensa contra os abusos do
colonialismo, exigindo direitos iguais.
As Associações
As Associações, tiveram origens da maneira como foram “urbanizadas” as cidades africanas,
pois congregavam os recém-chegados e camponeses emigrantes, ambos que clamavam por uma
independência. Eles unirem-se em prol de formar movimentos associativos, como forma de
segurança, defesas sociais e ajuda mútua. Os seus líderes eram na maioria dos casos os jovens
educados, que procuravam minorar as precárias condições vividas nas aldeias, assim como
enveredar um esforço conducente a transição das aldeias em cidades, fortificando por um lado
laços tradicionais e por outro procurando fomentar o progresso e modernização de própria
comunidade de origem.
Ainda neste contexto, apareceram outras associações, mas que não eram tradicionais, formadas
por mulheres, jovens motivados sobretudo pela recreação tal como: a dança e festivais, e ainda
por motivos ideológicos: novas seitas.
9

Em Moçambique, as organizações associativas, sobretudo as mais importantes, apareceram no


final da monarquia Portuguesa, constituídas por assimilados e mulatos que com as suas
iniciativas e criatividade lançaram-se.

O Grémio Africano
Foi a primeira associação fundada em 1908, que instalou-se nas actuais províncias de
Inhambane, Tete, Sofala e Maputo, mas que não alcançou grandes sucessos, pois havia ausência
de relações entre umas e outras, também o facto de algumas delas não ascendessem de pequenas
e importentes agrupamentos, limitou muito a sua acção e pouco se conhece as consequências da
sua existência.
O Grémio Africano de Lourenço Marquês, legalizada em 1920, era a mais importante das
organizações da oposição moderada. Dirigida pelos irmãos Albasini, desde a sua criação, O
Grémio Africano, integrava o grupo dos mulatos e negros assimilados, ainda no mesmo ano esta
Associação, mudara o nome para “Associação Africana da Colónia de Moçambique” Além dos
Albasini, estiveram ligados ao Grémio Africano os nomes como Estácio Dias, director do Brado
Africano durante a década de 1930, Karel Pott, dinamizador das associações durante a década de
1930, Francisco Benfica entre outros que preconizavam a valorização da cultural e promoção
intelectual da comunidade negra.
Na Ilha de Moçambique, tentou-se formar “O Grémio Africano” em 1924/5 e em 1926 a Liga
Moçambicana, mas ambos não surtiram efeitos satisfatórios, a não ser que deram luz para o
surgimento do Grémio Luso-Africano da Ilha, em 1930.
Na Beira, foi criado em 1932, “O Grémio Africano”, de Manica e Sofala, que os seus objectivos
não se diferenciavam dos das outras associações e foi sujeitas as mesmas pressões da parte das
autoridades.
Enquanto isso acontecia cá em Moçambique, em Lisboa formavam-se algumas Associações,
compostas por alguns assimilados das colónias Portuguesas, embora não perdurassem.
A Imprensa em Moçambique
A Imprensa também foi uma das formas das manifestações, contra o poder colonial em
Moçambique, é nessa perspectiva que vai contribuir significativamente para pôr fim a esse
regime colonial.
10

O primeiro jornal publicado em Moçambique, de uma forma oficial pensa-se ter sido o
“Progresso” em 1868.
A Imprensa moçambicana nos primórdios, caracterizou-se por um intenso movimento
sindicalista que estava ao serviço da classe operária branca, é óbvio que era a única existente na
altura. As publicações tais como O “Proletariado” em 1912, ligado ao partido socialista
Português; “O Ferroviário” em 1915/16; “O Germinal” em 1914/18; “Os Simples” em 1911/13
e tantos outros que contestavam severamente contra a classe operária dos colonos brancos,
mesmo dentro das extremas dificuldades que eram atravessadas no âmbito dos materiais e das
leis, procuravam impor-se através das ínfimas possibilidades que lhes eram oferecidas.
O Contributo de Alfredo Aguiar na Imprensa
Mas na essência a Imprensa, como uma das formas de contestação do período colonial, foi
desenvolvido por um misto angolano chamado Alfredo de Aguiar o seu precursor, que era
Tenente do exército, que chegou a Moçambique em 1879, onde se dedicou exclusivamente à
actividade jornalística, dando origem a múltiplos jornais. O primeiro foi publicado em 1885, que
sofreu acusação “de combate e escândalo” chamava-se
“O Imperial”; entre em 1886 e 1894 publicou-se “O clamor Africano”, todos com
características que incidiam sobre os protestos contra o trabalho forçado e descriminarão racial
no ensino e nas empresas, foram estes aspectos que condenaram ao colapso dos seus jornais e até
à prisão do seu precursor.
Os Irmãos João e José Albasini
Dentro de todo o panorama da Imprensa moçambicana, foram sem quaisquer dúvidas os irmãos
Albasini que celebrizaram-se, eram netos de um colono Português, que chegou a ser vice-cônsul
de Portugal, na República de Transvaal.
No exercício dos seus artigos, João Albasini, não abstia-se de censurar as injustiças levadas a
cabo pelos colonos contra os africanos, no seu jornal “O Brado Africano em 1919”, foi ainda
João Albasini, que em 1915 no jornal “O Africano”, reivindicava a igualdade dos vencimentos
para portugueses e africanos. Este indivíduo foi quem fundou e dirigiu o jornal O Africano em
1909/18, que era publicada em Português e Ronga e em 1918, seu irmão José Albasini criou o
Jornal O Brado Africano, em armas de um nacionalismo reivindicativa, mesmo que não
totalmente consciente das consequências a que isso levaria.

A Poesia Popular
11

Neste período de todas as formas de manifestações através poesia, a que verificou-se com maior
expressão, foi a poesia cantada sobretudo pelas comunidades chope. A poesia escrita, mostrou-se
importante na medida em que revelava, a um público maior como era bater do coração dessa
resistência, um bater interior, que não tratava-se de um problema étnico como podia ser dos
chopes, makuas ou ainda makondes, mas de todos os moçambicanos que almejavam a
independência.
O poeta urbano, no seio da sua nação jovem, sempre procurou fazer perceber através de uma
sensibilidade expressa em palavras conquistadas ao estrangeiro ocupante, a sua contestação,
apesar de tratar-se de um processo paulatino, com menos intensidade e qualidade inferior, mas
que era indispensável para o protesto do regime colonial.
Rui de Noronha, o Poeta “Assimilado”
O poeta Rui de Noronha, foi filho de pai Indiano e mãe Negra, nascido em 1909 e veio morrer
com 34 anos. Esta personalidade colaborou significativamente no exercício da revista
“Miragem” e o jornal “O Brado Africano”, numa altura em que a poesia escrita era muito
escassa, pois só havia algumas páginas no jornal, sobretudo nos anos trinta, era publicada no
jornal O Brado Africano, foram precisamente essas páginas no jornal, que permitiram a
revelação do precursor da poesia moçambicana escrita (Rui de Noronha).

A Crise Económica Mundial e a Produção em Moçambique.


Por volta dos anos 1929 a 1933/34 uma grande crise económica afectou a produção mundial,
provocado pela superprodução que ultrapassou o consumo, e como resultado, os preços das
mercadorias inclusive a matéria prima baixaram de preço.
A crise económica teve a sua origem nos EUA e, anos depois espalhou-se pelo resto do Mundo,
pelo facto de todos os restantes países dependerem da economia norte americana.
Como consequência disso as fabricas faliram, a produção baixou, originando o desemprego de
milhões de trabalhadores em todos os Países industrializados.
Esta crise teve efeitos insuportáveis nas colónias africanas, tendo reduzido a procura da matéria
prima, cujos os preços baixaram para metade e agudizado os conflitos sociais que se
manifestaram na época.
12

Em Moçambique os preços de amendoim, milho, copra, cana de açúcar e sisal diminuíram


consideravelmente o seu preço; apenas o caju e o algodão mantiveram o preço; o numero de
mineiros moçambicanos na Africa do Sul desceu de 96.657 em 1929 para 58.483 em 1932.
O decréscimo da actividade económica na Africa do Sul, Rodésia do Norte e Sul e Niassalândia
reduziu o tráfego nos caminhos de ferro e portos de Lourenço Marques e Beira; O numero dos
Brancos desempregados também aumentaram entre 1930 e 1932; Alem de tudo a crise obrigou
as companhias sisaleiras de Cabo Delgado e Nampula a aumentarem o seu recrutamento de mão-
de-obra barata, através das administrações (Ibid; 1936-1938:86).
Medidas Tomadas Pelo Governo Colonial Para Fazer Face a Crise
Para enfrentar a crise, os proprietários das plantações tiveram que tomar uma série de medidas a
saber:
a) Redução dos custos através do abandono das actividades dispendiosas, de despedimento
de pessoal e do encerramento de algumas fábricas menos rentáveis. Exemplo: em 1931 e
1935 a Sena Sugar Estates encerrou as suas velhas plantações e fábricas em Caia e
Mopeia e reduziu um pouco a produção nas fábricas de Marromeu e Luabo;
b) O coco passou a ser comprado aos camponeses a preços baixos;
c) Certas industrias reduziram salários dos trabalhadores;
d) Algumas plantações introduziram novos métodos para aumentar a produtividade, como a
utilização de animais de tracção em vez de trabalho braçal e de estrume como fertilizante.
O Estado Novo e o Nacionalismo Económico de Salazar
António de Oliveira Salazar
Foi líder da mais longa ditadura da história de Portugal. Foi ministro das Finanças entre (1928-
1930), Ministro da Colónias entre (1930–1932), Entre (1932-1968), foi o político que dirigiu os
destinos de Portugal, como Presidente do Conselho de Ministros (Primeiro Ministro).
Foi fundador e chefe da União Nacional - partido único durante o Estado Novo - a partir de
1931. Salazar foi o fundador e principal mentor do Estado Novo (1933-1974), substituindo a
ditadura militar (1926-1933).
Com a agitação política da 1ª República (que se prolongou inclusive após o Golpe militar de 26
de Maio de 1926), a Ditadura Militar chamou Dr. Salazar em Junho de 1926 para a pasta das
finanças; passados treze dias renuncia ao cargo e retorna a Coimbra por não lhe haverem
satisfeitas as condições que achava indispensáveis ao seu exercício.
13

Em 27 de Abril de 1928, após a eleição do Marechal Carmona e na sequência do fracasso do seu


antecessor em conseguir um avultado empréstimo externo com vista ao equilíbrio das contas
públicas, reassumiu a pasta, mas exigindo o controlo sobre as despesas e receitas de todos
ministérios. Satisfeita a exigência, impôs forte austeridade e rigoroso controlo de contas,
conseguindo um superavit, um "milagre" nas finanças públicas logo no exercício económico de
1928-29.
Em 1932 publicou o projecto de uma nova Constituição que culminou com a sua aprovação em
1933. Com esta constituição, Salazar cria o Estado Novo, uma ditadura Fascista, anti-liberal,
anti-comunista e anti-parlamentar que se orienta segundo os princípios da tradição
conservadora: Deus, Pátria e Família. Toda a vida económica e social do país estava organizada
em corporações - era também um Estado Corporativo. Portugal afirmava-se como "um Estado
pluricontinental e multirracial" - assentava-se sobre os pilares de uma politica colonialista, o que
Salazar chamou de Nacionalismo Económico
A Política Colonial Durante o Nacionalismo Económico
A política colonial deste novo período baseou-se no princípio de que as colónias deviam ser
fonte de matérias-primas para a Metrópole e mercados das manufacturas portuguesas bem como
recepientes de desempregados portugueses. Desta forma, Moçambique torna-se um fornecedor
importante de algodão para a indústria portuguesa, consumidor do vinho e têxteis portugueses e
albergue de camponeses empobrecidos em Portugal tanto em regime de colonatos como nas
cidades.
Com a publicação do Acto Colonial, foram definidas as linhas em que a futura economia das
colónias deveria assentar, e com elas a de Moçambique: “ a economia de todas as colónias
deveria ser parte integrante da economia nacional”.
Outros diplomas também importantes foram a Constituição Portuguesa – “ a organização
económica dos territórios portugueses depende da organização económica habitual da Nação
Portuguesa, e ela deve por consequência ser integrada no conjunto da economia mundial”,
especificação a relação entre a economia das colónias e Portugal, - a Carta Orgânica, publicada
para cad colónia, e a Lei da Reforma Administrativa Ultramarina (1933). Por esta Reforma, a
administração local ficou sujeita ao mandato efectivo ao mandato efectivo de Lisboa,
assegurando-se desta forma, os interesses da burguesia portuguesa.
14

“(...) A imagem que Salazar queria dar era a de uma sociedade assente nos principios católicos
da autoridade e família; da probidade financeira e da moeda forte; do progresso económico
planeado alcançado sobretudo com os recursos internos; da neutralidade firme e da
independência nacional; e de uma missão civilizadora em África afirmada na sua forma clássica
na nova Constituição aprovada para Moçambique em 1933:
“Contitui o papel principal atributo da naçao portuguesa desempenhar a função
histórica de possuir e colonizar os domínios ultramarinos e civilizar as populações
indígenas que neles habitam, bem como e exercer a influência moral que lhes é atribuida
pelo Padroado no Oriente”.
Basicamente, esta legislação marcou o fim da autonomia formal da Província de Moçambique,
que passou a designar-se colónia, centralizou os poderes legislativos e financeiros nas mãos do
entâo Ministro das Colónias, procurando colocar Portugal ao nível das restantes potências
europeias.
O resultado desta política foi a formação e consolidação lenta mas contínua de um capital
português. A grande dependência de países estrangeiros foi largamente superada através das
dificuldades impostas ao capital estrangeiro e da diversificação de fontes externas de capital em
vez da hegemonia de uma única como acontecia a posição da Inglaterra.
As Medidas Tomadas no Âmbito do Nacionalismo Económica:
1. Centralização política e administrativa;
2. Redução e extinção dos direitos das companhias não Portuguesas;
3. Montagem de uma economia proteccionista de Portugal e das suas colónias;
4. Estabelecimento de uma zona monetária portuguesa;
5. Promoção de culturas forçadas de algodão, tabaco, sisal, cana de açúcar, que nada
interessava aos camponeses, mas sim ao colonialismo Português;
6. Participação intensa e directamente nas plantações e na exportação da mão-de-obra para
Africa do Sul.
Contudo, importar frisar que a implementação do nacionalismo económico do Salazar em
Moçambique não significou a exclusão total de capitais e iniciativas de outras origens, por
exemplo entre 1932 e1935 foi concedida à Companhia de Moçambique para a construção duma
grande ponte ferroviária sobre o rio Zambeze entre Sena e Mutarara com cerca de 3,6
quilómetros de extensão, com objectivo de melhorar a rentabilidade das minas de carvão de
15

Moatize, do caminho de ferro Beira-Niassalândia e do porto da Beira. Por sua vez, Portugal
continuou a exportar a mão-de-obra para Africa do Sul, pelo facto de o seu capital não ser
competitivo e a incapacidade de Portugal em suportar trabalhadores com salários altos; Um outro
aspecto é que a própria actividade migratória era uma grande fonte geradora de divisas, através
do pagamento em sistema deferido.
Mas a verdadeira expressão do nacionalismo económico do Salazar/Português, manifestou-se
com a introdução do “Acto colonial” e a “Carta Orgânica do Império Colonial” em 1930, que
desenvolveram os princípios já delineados em 1926.
Desta forma foram criadas as bases legais da nova administração das colónias ligadas ao novo
cenário político Português designado por “Estado Novo Corporativo”.
Em 1936, o Governo colonial publicou uma lei que estabeleceu novas bases para o fomento da
indústria no império português, com objectivo de limitar a concorrência internacional e assegurar
a industrialização de Portugal. Desta forma, foi severamente limitado o desenvolvimento duma
indústria transformadora em Moçambique, mesmo de iniciativa de Capital não-português, foi
isso que ficou conhecido por “Condicionalismo” industrial.
Algumas Características Gerais do Colonial-Fascismo:
a) O Estado colonial passa a dirigir toda a política laboral, especialmente atráves da
Direcção dos Serviços e Negocios Indígenas, tornando-se actividades exclusivas dos
diversos sectores da política laboral;
b) O Estado cria uma zona de estudo (1932), impondo um sistema de licenças de importação
e exportação em relação às trocas com outros paises nas operações internas da Colónia,
centralizando todas as divisas nos cofres do estado;
c) Incrementa o sistema de agricultura forçado do algodão e do arroz, obrigando os
camponesesa vendê-los a preços e quantidades estipulados pelo Estado. Em 1938, por
exemplo, cria a JEAC (junta de Exploração do algodão Colonial) e em 1941 a Divisão do
fomento Orizicola;
d) Moçambique passa a ser fornecedor de matérias-primas à metròpole, o que permiteu aos
indrustriais portugueses o desevolvimento da industria têxtil e asua penetração nos
mercados coloniais e internacionais competitivos;
e) Incrementa o desevolvimento da cultura do chá, sobretudo na Alta Zambézia;
16

f) Aperfeiçoa a cobrança do imposto indígena, diversificado as suas modalidades e


aumentando os seus montantes. Assim, para além do imposto de capitação, foi
intruduzido em 1924 o imposto reduzido indígena para as mulheres solteiras, viuvas ou
divorcidas há mais de três anos, o imposto remissivo indigena, destinados a desencorajar
o não pagamento imediato do imposto de capitação, entre outros;
g) Limita o poder das comanhias Monopolistas. Em 1924, coma cesseção dos poderes
majestáticos da Companhia de Moçambique, Portugual passa a controlar efectivamente
Moçambique;
h) Introduzir os planos de Fomento e dos colonatos.
Os Conflitos Sociais e a Resistência Anti-colonial nos Anos Entre1930 e 1937
Devido aos efeitos da crise económica mundial, as culturas obrigatórias e o trabalho forçado
vários conflitos e formas de resistência surgiram tais como:
 O conflito sobre as terras no Mossuril – Nampula;
 As greves de 1932-1933 na Beira e Lourenço Marques;
 O surgimento do movimento associativo e politico, onde se destacam o Instituto
Negrófilo, O brado e Grémio africano; a Associação dos Naturais da Colónia de
Moçambique.
Moçambique Durante o Apogeu do Colonialismo Português (1945-1961)
A Economia e Estrutura Social
Considera-se este período de apogeu do colonialismo Português em Moçambique pelo facto de a
exploração colonial ter se desenvolvido mais em beneficio do capital metropolitano.
Características Gerais Deste Período
1. Neste período a produção agrícola de exportação aumentou consideravelmente através da
utilização intensiva de meios já estabelecidos de coerção e exploração da forca de
trabalho, tal como: as culturas e o trabalho forcado;
2. Aumento da população colona (Colonatos) que ocupava um crescente numero de postos
de trabalho que exigiam especialização e cuja situação económica e social privilegiada
veio a ser reforçada por barreiras raciais cada vês mais marcadas, principalmente sob
capa da sindicalização dos trabalhadores brancos;
17

3. Introdução de um sistema de educação para a maioria da população, que funcionava


como uma barreira considerável, ao avanço significativo na sua formação geral, bem
como no acesso aos pontos de emprego que requeriam qualificações tecnico-profissional.
O Capital Comercial no Quadro da Agricultura Familiar Forçada
O papel de Moçambique como fornecedor de matéri-prima a Portugal foi muito evidente com o
algodão, o qual produzido em regime desumano de trabalho forçado sem qualquer dispêndio do
capital em salários, permitiu aos industriais portugueses:
(i) o desenvolvimento de uma das poucas indústrias portuguesas de vulto (a têxtil)
(ii) a sua penetração nos mercados coloniais e europeus com preços competitivos.
O Caso do Algodão
Uma das mais importantes indústrias portuguesas era a indústria têxtil. Antes de 1926,
Moçambique e Angola, produziam cerca de 800 toneladas de algodão contra 17.000 toneladas
que a indústria portuguesa necessitava anualmente. Assim, pelo decreto nº 11994 de 29 de
Agosto de 1926, regulamentava-se pela primeira vez a cultura do algodão por camponeses
moçambicanos ( lei forçada em 1946, pelo decreto nº 35844).
Segundo esta lei, o governo fazia concessões de terras (algodoeiras) a companhias que se
comprometiam a erguer uma fábrica de descaroçamento do algodão e um armazém, bem como
fornecer sementes à população camponesa e a adquirir destas, o algodão colhido.
O cultivo do algodão foi responsabilizado aos camponeses num sistema fortemente controlado
por agentes da administração colonial e das companhias concessionárias.
Os camponeses viam-se obrigados a cultivar o algodão com seus próprios meios de produção e a
vender a colheita a preços fixos à companhia que lhes forneceu as sementes. Este sistema reduzia
o tempo e o meio do campesinato para o cultivo da sua subsistência.
Em 1932, para fazer face aos baixos preços mundiais do algodão, que se verificaram a partir de
1927, o Estado passou a incentivar financeiramente as concessionárias algodoeiras, comprando o
algodão de 1ª qualidade a 8 escudos metropolitanos contra 5 escudos no mercado mundial.
Em 1938, com a crescente procura mundial do algodão, aumentando em consequência o seu
preço, Portugal, para controlar todos os aspectos da produção e comercialização do algodão, cria
a JEAC- Junta de Exportação do Algodão Colonial, com sede em Lisboa.
Através deste organismo o governo pretendeu estabelecer um maior controlo sobre as
companhias concessionárias em Moçambique. O sistema de produção camponesa mantinha-se, e
18

as companhias obrigaram-se a desenvolver, mais activamente, a cultura do algodão em


concessões alargadas. Toda a exportação tinha de ser aprovada pela JEAC.

Em 1939, a JEAC tentou promover o aumento da cultura do algodão através da propaganda e da


persuasão. Em reuniões nos regulados escolhidos para a promoção da cultura, os
administradores, chefes de posto, agentes da junta e missionários propagandearam que o cultivo
do algodão seria de grande benifício para o povo, e este aproveitaria do dinheiro da produção e
de roupas barratas, de algodão, que seriam produzidas e vandidas localmente.
Mas a prática, mostrou outra realidade: a não ser quando cultivados em solos particularmante
apropriados, tais como alguns existentes em Cabo Delgado, Nampula, norte da Zambézia, norte
de Manica e Sofala (Chemba), o rendimento por hectare era baixo; os preços oferecidos eram
baixos; os camponeses só podiam vender o algodâo à companhia que havia fornecido as
sementes, impedindo-o de contactar outras companhias e a viciação na classificação do algodão.
Assim, perante a intensificação desta cultura obrigatória, os camponeses começaram a protestar,
fugindo para zonas onde não existia o cultivo de algodão ou para os territórios vizinhos, cozendo
ou torrando as sementes antes de lançar à terra, ou mesmo juntando pedras nos sacos de algodão
para aumentar peso.
Mas, as autoridade reforçavam a vigilância organizando e controlado de perto o processo de
cultivo,muito em particular através da concentrção de camponeses em melhores terras
algodoeiras (sistema de imposição do prolongamento do trabalho).
Caso do Arroz
A produção do arroz tinha como objectivo fundamental abastecer as nessecidades alimentares da
população urbana e surgiu no contexto da II Gerra Mundial em que se tornava dificil a
importação do arroz do sudeste asiático (via Singapura).
Na década 1929-1939, a produção e comercialização do arroz em Moçambique diminuiu,
tornando-se mais barato importar arroz a granel do sudoeste asiático (via singapura). Esta
importação atingiu cerca de 11.000 toneladas em 1939.
No entanto, a redução significativa da navegação comercial e o desenrolar dos acontecimentos
políticos no sudoeste asiático, nomeadamente a expanção do Japão e a queda de Singapura em
seu favor, provocaram a interrupção no fornecimento do arroz.
19

Em resposta a esta última situação, e para promover a auto-suficiência em arroz o governo


colonial decidiu introduzir a produção obrigatória do arroz.
O governo decidiu criar Círculos Orizícolas e entregar o fornecimento de sementes aos
camponeses africanos e a compra do poduto a concessionários europeus, num modelo repressivo
semelhantes ao da cultura do algodão. Assim, é criada em 1942 Divisão do Fomento Orizícola
que tinha poderes semelhantes aos da JEAC.

De facto, a cultura do arroz baseava-se na pressão exercida pelos administradores cipaios e


capatazes. Os concessionários deviam distribuir as sementes, fertelizantes e sacos, tendo cada
homem cultivar um hectare e a cada mulher meio-hectar. O arroz devia ser vendido pelo
camponês apenas ao concessionário, a um preço baixo, fixado pelo governo. O concessionário
processava e revendia o produto, enriquecendo-se dessa forma, em todo o processo de
comercialização. Face a esta situação, os camponeses preferiam emigrar para outras zonas onde
não se praticasse esta cultura, a cozer ou torrar as sementes bem como outras formas de protesto.
Outras Culturas: situação semelhantes ocorre com a cultura obrigatória do chá e do tabaco.
Consequências do Sistema de Culturas Obrigatórias:
1. Provocou a forte residência de campesinato, em especial as fugas que, difíceis de
controlar, resultaram na diminuição de recurso principal da colónia, a sua forca de
trabalho;
2. O declínio da produção de culturas alimentares e o enfraquecimento da capacidade do
campesina em se reproduzir;
3. A reduzida rentabilidade por hectares e por cultivador em áreas geográficas muito
extensas, implicando um esforço bastante dispendioso na propaganda e na fiscalização da
maioria dos produtores, que estavam pouco motivados para a cultura do algodão, para
alem das grandes despesas relacionadas com o transporte.
A Continuação da Exportação de Mão de Obra e a Dependência ao Capital Estrangeiro
O capital português continuava fraco e pouco competitivo. Não conseguia aliciar trabalhores
com salários mais altos. Assim, para as finanças portuguesas, o trabalho migratório em si, como
a obrigação do Transvaal utilizar o porto e caminho de ferro de Lourenço Marques, constituiu a
principal fonte de receitas em dívidas ao governo colonial. (Recordar a Convenção de 1928,
revista em 1934 e 1940).
20

O Crescimento da População Colona em Moçambique/Colonatos


O processo da industrialização de Portugal troxe como consequência imediata a proletarização de
massas significativas de camponeses portugueses que permanecendo em Portugal sem emprego,
que constituiam uma camada potencialmente perigosa para a estabilidade social e política.
Assim, o governo procurou canalizar esta massa para as colónias onde se convertiam numa
camada leal ao governo, não só no desemvolvimento económico das colónias como na
manutenção da autoridade colonial.
Por isso em 1945-50 e 1960, assiste-se a uma vaga de povoamento colono organizado pelo
Estado – os Colonatos.
Os colonatos eram regiões de ordenamento e fixação dos colonos europeus que tinham sido
organizados na tentativa de recriar em Moçambique, a pequena propriedade portuguesa. O seu
objectivo era estabelecer zonas que deviam construir barreira ao avanço de qualquer movimento
nacionalista que na altura se fazia sentir por toda a Africa.
A instalação de colonatos significou a expulção de camponeses africanos dessas terras alguns
dos quais já tinham uma base próspera. Embora nalguns colonatos admitidos africanos a pretexto
de lhes ensinar hábitos portugueses de trabalho rural, estes ocupavam posições subalternas na
quantidade e qualidade das terras atribuídas.
Os colonatos desenvolveram-se fundamentalmente em áreas agrícolas de grande fertilidade, nos
principais vales fluviais, como os do Limpopo e Révue, e nas terras de Lichinga e Montepuez.
O primeiro colonato foi criado no Vale do Limpopo em 1954, onde foram instaladas as
primeiras 10 famílias originarias de Portugal; durante a decada 60 foram criados outros colonatos
como: no Vale de Revue e em Sussundenga – província de Manica, Nova Madeira em Niassa.

Os Planos de Fomento e a Industrialização


Em 1937 foi publicado um plano de fomento sexanal. Seria financiado pelos excedentes
governamentais acumuladores e pelas receitas dos portos e caminhos de ferro. O plano
contemplava a construção para o interior da Ilha de Moçambique, os esquemas de irrigação do
Vale do Limpopo e do Umbeluzi, o caminho de ferro de Tete, o desenvolvimento do porto de
Nacala e algum investimentos agrícola e rodoviário. A implementação do plano foi interrompida
pela II Guerra Mundial.
21

Durante a década 50 o governo colonial deu um passo na exploração dos recursos


Moçambicanos com o inicio dos Planos de Fomento e a criação dos Colonatos.
O primeiro Plano de Fomento (1953-1958)
O primeiro Plano de Fomento (1953-1958) – a sua principal obra foi a construção de a
aproximadamente 300 quilómetros de linha férrea de Lourenço Marques a Malvernia na fronteira
com então Rodésia do Sul. O seu objectivo era aproveitar o crescente tráfego da nova Federação
Central Africana, a confederação das colónias de Rodésia do Sul, Norte e Niassalandia, um bloco
que segundo os planos Britânicos permitiria um crescimento económico e acumulação rápida de
capital. Para alem deste beneficio, contribuiu para a construção de um projecto que culminou
com o inicio da fixação sistemática de colonos no Vale do Limpopo e o escoamento das suas
produções.
Um dos principais aspectos deste período foi o crescimento da População colona (Colonatos),
que esteve intimamente relacionado com o problema da proletarização progressiva do
campesinato português, devido a capitalização gradual do campo e sob impulso da
industrialização.
Este plano contemplava tsmbém o “aproveitamento de recursos e povoamento”, prevendo
investimentos na ordem de 1.848.500 contos, assim distribuidos:
a) Caminhos de ferro, portos e transportes aéreos...........63%
b) Aproveitamento de recursos e povoamento..................34%
c) Diversos.........................................................................3%
O plano não previa a atribuição do quaisquer verbas nem para a investigação científica, nem para
a saúde pública e ensino.
O segundo Plano de Fomento (1959-1964)
O segundo Plano de Fomento (1959-1964), trata-se da continuidade do primeiro, com
investimento programado para os seguintes sectores:
 Comunicação e transporte;
 Aproveitamento dos recursos, em especial no fomento agrário, florestal, pecuária,
hidro-agricola e hidro-electrica;
 Conhecimento cientificado território, com estudos a realizar no que concerne a
cartografia geral e estudos geológicos; etc.
22

Era essencialmente, um plano que visava o fomento da produção e do povoamento e continuava


a não contemplar a indústria, pelo menos directamente, no que respeitava à direcção dos
investimentos, estudos de cartografia geral e geológicos.
Terceiro Plano de Fomento (1968-1973)
O terceiro plano tinha como finalidade cobrir os períodos de 1963 a 1973. O montante global
locado foi de 15.555.500.000 de escudo com previsão de se usarem só em 1968, 2.417 milhões.
O terceiro plano tinha como principais áreas de investimentos assim distribuídos:
 Transportes e comunicação...................................................................... 43 %
 Agricultura, florestas, e artigos de 1ª necessidade................................... 29%
 Educação....................................................................................................10%
Face as guerras de liberação nacional de Moçambique, Portugal foi obrigado a desviar os fundos
do terceiro plano para usar nas guerras, deixando o plano sem fundos para sua concretização.

A Concordata e o Acordo Missionário


Em 1941, o ensino das populações “nativas” foi confiado à Igreja Católica, de acordo com o
preceituado no artigo 66° do Estatuto Missionário.
Para responder melhor aos objectivos da colonização e sob o impulso do próprio Estado Novo,
foram sendo criadas instituições especializadas. Orientado pelos mesmos objectivos, destacava-
se o “Acordo Missionário”, de 7 de Maio de 1940, entre o Estado Português e o Vaticano, a
Concordata e o Acordo Missionário, consagrando desta forma, o papel da Igreja e da sua
doutrina como a grande força inspiradora e justificadora do regime colonial fascista português,
isto é, as missões eram consideradas “corporações missionárias” ou “religiosas” e, como tal,
instâncias económicas de “moralização dos indígenas”, isto é, de “preparação de futuros
trabalhadores rurais e artífices que produzem”.
No ano seguinte, foi assinado o Estatuto Missionário (5 de Abril de 1941), regulamentando
aquele Acordo. O Estatuto estabelecia que «as missões católicas portuguesas eram consideradas
instituições de utilidade imperial e sentido eminentemente civilizador» . O referido Estatuto
Missionário consagrou no artigo 68° este espírito discriminatório e comprometeu-se na
transformação do indígena em força de trabalho do sistema.
23

Implicações da Politica de Ensino


Segundo Marvin Harris, a taxa de analfabetismo em Moçambique em 1954 era a mais elevada de
toda a África. Pedro Ramos de Almeida regista 95% de iletrados da população negro-africana e
cerca de 25% da população portuguesa estabelecida na Colónia (II AL: 320/321). Nesse mesmo
período, menos de dez estudantes moçambicanos negros seguiam o ensino superior em Portugal
(idem, p. 386). Até 1950, apenas um estudante negro havia concluído o 5° ano liceal.
A partir dos anos 60, com a pressão da Comunidade Internacional e, com avanço dos
movimentos de libertação em África, o Governo Colonial passou a empreender reformas de
ensino, visando a aceleração do desenvolvimento económico e de «uma política de assimilação
mais vigorosa» (MEC, 1980: 18). Segundo. D Custódio Alvim Pereira, então Bispo Auxiliar de
Lourenço Marques, considerava a independência dos povos africanos um erro e contrária à
vontade de Deus, «uma monstruosidade filosófica» e desafio à civilização cristã.
As Reformas do Ensino e a Crise do Sistema Colonial
As reformas de 1964 resultaram da abolição aparente do Estatuto do Indígena, de 1961, e da
consequente alteração da situação jurídica do nativo. Outra causa aparente era a desconfiança
pelo ensino missionário, qualificado de deficiente.
As causas reais estavam ligadas à conjuntura política que Portugal vivia: a realidade das
guerras de libertação em Angola e Moçambique. Esta realidade exigiu do Governo Português a
reestruturação do ensino nas suas colónias, que consistiu na estatização do ensino dos indígenas.
A reforma começou com a substituição do ensino de adaptação pelo ensino pré-primário. No
segundo lugar, substituiu o Ensino Rudimentar pelo Ensino Elementar dos Indígenas, formados
em Postos Escolares da zona rural. A 4ª classe desse ensino equivalia à 3ª das Escolas Primárias
Oficiais.
Condições Necessárias Para Ser Assimilado
Eram condições necessárias para ser assimilado as seguintes:
1. Saber ler, escrever e falar português;
2. Ter meios suficientes para sustentar a família;
3. Ter bom comportamento;
4. Ter a necessária educação, e hábitos individuais e sociais de modo a poder viver sob a lei
pública e privada de Portugal;
24

5. Fazer um requerimento à autoridade administrativa da área, que o levará ao governador do


distrito para ser aprovado» (idem, p. 46).
Indigene
No artigo 2° do Estatuto dos Indígenas Portugueses das províncias da Guiné, Angola e
Moçambique, aprovado pelo Decreto-Lei 39 666, de Maio de 1954, lê--se:

“São considerados indígenas, nas respectivas províncias, os indivíduos de raça negra que, nelas
tendo nascido ou vivendo habitualmente, ainda não possuem a cultura e os hábitos individuais e
sociais exigidos pela integral aplicação do direito público e privado dos cidadãos portugueses”.

E, consideravam-se «igualmente indígenas os indivíduos nascidos de pai e de mãe indígenas em


diferente local destas províncias, para onde, provisoriamente, se tenham deslocado os pais».
25

Conclusão
Terminado o trabalho sobre a 1ª guerra mundial de década 20 e crise económica de 1929,
percebemos que Logo após o início da guerra, começaram a agudizar-se defeitos do frágil
sistema económico português em Moçambique, com maior incidência do sector financeiro. O
que resultou em aumentos sucessivos do custo de vida, e na queda dos salários reais dos
trabalhadores, quer rurais quer urbanos. Aumentou também sucessivamente o mussoco, e o
imposto de palhota que, nalgumas áreas, passou a ser exigido em libras, tanto ao trabalhador
migrante como aos outros trabalhadores locais.
Concluimos ainda que a instalação de colonatos significou a expulção de camponeses africanos
dessas terras alguns dos quais já tinham uma base próspera. Os colonatos desenvolveram-se
fundamentalmente em áreas agrícolas de grande fertilidade, nos principais vales fluviais, como
os do Limpopo e Révue, e nas terras de Lichinga e Montepuez.
Percebemos também que houve os Planos de Fomento e a Industrialização que contemplava a
construção para o interior da Ilha de Moçambique, os esquemas de irrigação do Vale do
Limpopo e do Umbeluzi, o caminho de ferro de Tete, o desenvolvimento do porto de Nacala e
algum investimentos agrícola e rodoviário. A implementação do plano foi interrompida pela II
Guerra Mundial.
26

Bibliografia
NEWITT, Malyn. História de Moçambique. Portugal, Europa/América, 1997
PEREIRA, José Luís, Manual de História 12ª classe (edição revista e aumentada). Colégio
Kitabo. Maputo. 2005
BAPTISTA, João, FINHANE, H.. História de Moçambique: 10ª Classe: Maputo. Livraria
Universitária.

Você também pode gostar