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1.INTRODUÇÃO
As lideranças são fruto da necessidade da organização, sobretudo no controlo das actividades
diárias, bem como a divisão da produção. Para o efeito de, as comunidades indicavam um
ancião, a quem era incumbida a tarefa organizativa.

Na verdade, afirma Jornal Noticias (2009:1) que, a importância deste grupo social passou a ser
reconhecida pelo Governo com a aprovação, em Junho de 2000, de um decreto governamental
que destaca a necessidade de estabelecer formas de articulação dos órgãos locais do Estado
com as autoridades tradicionais.

Esta necessidade enquadra-se no âmbito do processo de descentralização administrativa do


Estado, valorização da organização social das comunidades locais e aperfeiçoamento das
condições da sua participação na administração pública para o desenvolvimento
socioeconómico e cultural do país.

Entretanto, este decreto passou a surtir largos efeitos depois da eleição de Armando Guebuza
como Presidente da República em 2004. Desde essa altura tem se verificado a larga
participação dos líderes tradicionais nos processos de tomada de decisão nas zonas rurais,
sendo também visível a presença de representantes deste grupo social em todas cerimónias
públicas realizadas nestes pontos do país.

Embora eles participem nos comícios dirigidos pelo Chefe do Estado, governadores
provinciais, administradores distritais, entre outros, parece que o seu relacionamento com
estes é muito mais próximo e de particular afecto entre ambos.

Durante estes encontros, as duas partes trocam impressões sobre diversos aspectos da vida das
comunidades locais bem como experiências de vida sobre aspectos culturais locais.

A revisão constitucional de 2004, revitalizou ainda mais o lugar que as autoridades


tradicionais ocupam na sociedade, hoje estas, encontram-se presentes em todas as actividades
de governação.

À partir deste referencial, surge a presente pesquisa com o propósito de estudar o papel dos
líderes comunitários na liderança do país, cujo objectivo é recolher informações junto as
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populações, dirigentes do posto administrativo de Estaquinha para compreender o papel desta


estrutura social na governação do país.

1.1.Tema

O presente trabalho tem Como tema o papel dos lieders comunitários na governação do
pais. Sabe se que os líderes comunitários beneficiaram de uma espécie de resgate, estando
agora ocupar um lugar de relevo na esfera de governação do país, situação que se tornou mais
visível após a ascensão de Armando Guebuza ao cargo de Presidente da República em 2005.

1.2.Problematização
Actualmente o papel dos líderes comunitários é incontestável nas zonas rurais mas eles
estiveram marginalizados, relegados ao último plano ou pura e simplesmente esquecidos
desde a independência nacional, proclamada em 1975.

Face ao exposto acima, surge-nos a questão seguinte:

Qual é o papel dos líderes comunitários na governação do país: caso Estaquinha?

1.3.Delimitação Do Tema
O estudo será realizado na província de Sofala, Distrito de Búzi comunidade de Posto
Administrativo de Estaquinha, concretamente nos Regulados de Riconde e Maxemege. A
razão da escolha desta comunidade prende-se com facto de existirem facilidades no acto da
pesquisa isto devido a acessibilidade ao campo de pesquisa (boas condições das estradas) e
fácil acesso aos meios de transportes que nos possam levar até ao grupo alvo. Quanto ao
tempo, a pesquisa abordará o período compreendido entre 2017, até ao presente, por ser o
momento do resgate jurídico das funções desta estrutura social, função esta que tinha sido
resgatado desde os finais de 1994, embora sem bases jurídicas
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1.4.Objectivos
1.4.1.Objectivo geral
 Compreender o papel dos líderes comunitários na governação do país.
1.4.2.Objectivos Específicos
 Avaliar o grau de envolvimento dos líderes comunitários na governação do país.
 Identificar o nível de conhecimento do papel dos líderes comunitários na governação
do país.
 Propor as melhores estractégias de inclusão de líderes comunitários na governação do
país.
 Identificar as acções levadas a cabo pelos líderes comunitários para poder ligar a
Comunidade e o Governo;

1.5.Aspectos éticos
Os informantes serão codificados para garantir o anonimato. O sentimento exclarecido será
obtido verbalmente após explicação dos objectivos de estudo e finalidade dos resultados.

1.6.Hipóteses
1.6.1.Primaria

 O reconhecimento do papel dos líderes comunitários torna-lhes autoridades supremas


na hierarquia dos membros que compõe a sua jurisdição.

1.6.2.Secundarias
 Alianças Partidos políticos/chefes tradicionais: o fenómeno do clientelismo político a
nível local contribui para falta de puder (dos líderes) com a população, pois, os
critérios de nomeação dos líderes não soam a democracia.

 A fraca divulgação dos deveres dos líderes comunitários emanados no decreto 11/2005
está por de trás da fraca participação nas actividades de desenvolvimento das suas
comunidades e consequentemente a falta de credibilidade nas áreas de actuação.
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 Sendo maior parte dos líderes comunitários, pessoas com menos privilégios
escolásticas, as capacitações sobre as actividades que devem por si serem
desenvolvidos nas suas comunidades, seria outra forma de reduzir as injustiças e
recorrentes irregularidades cometidas pelos mesmos.

1.7.Justificativa
A opção pelo tema resulta pelo facto de os governantes Moçambicanos exaltarem a
governação local moçambicana que tem sido marcada por dois processo, os quais têm sido
implementados simultaneamente: a descentralização (devolução política) e a desconcentração
administrativa. A sua implementação foi acelerada pela democratização do país, mas, desde
então, ambos processos têm sido reticentes, com constantes mudanças legislativas, em
especial o processo de descentralização. É importante que o governo moçambicano assuma
uma posição mais clara acerca dos processos de descentralização e desconcentração, seguindo
os princípios adoptados pela recentemente aprovada Carta Africana sobre Democracia,
Eleições e Governação, a qual avança que: “...Estados-membros devem descentralizar poder
a autoridades locais democraticamente eleitas como determinado na legislação nacional”.
Um dos princípios fundamentais de organização e funcionamento da administração pública
moçambicana é a desconcentração, através da qual o governo moçambicano pretende reduzir
os poderes administrativos dos órgãos centrais, facilitando a tomada de decisões por parte dos
escalões inferiores, onde o poder das autoridades tradicionais encontra espaço para actuação.
Em vários pronunciamentos, o Presidente Armando Guebuza tem destacado a importância do
distrito, um dos órgãos locais de Estado e parte do processo de desconcentração, como
estrutura administrativa essencial ao desenvolvimento do país. Tal opção política deveria
implicar numa considerável alocação de recursos ao governo distrital; contudo, nota-se que o
distrito, se comparado à província e ao governo central, continua recebendo menos recursos,
apesar das crescentes responsabilidades.

As autoridades tradicionais viraram um elemento essencial nos discursos actuais,


principalmente quando se trata de programas comunitários (desenvolvimento comunitário).

Hoje o governo valoriza mas a participação das autoridades tradicionais na governação, isto é
governar a partir da base. É nas autoridades tradicionais que todos os projectos de
desenvolvimento contam como aliados com vista a obterem a devida implementação. As
autoridades tradicionais são o celeiro da comunidade, onde ela guarda os seus segredos, são
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também juízes da comunidade pelo papel que tem na resolução dos problemas locais e
apresentação destes no governo central.

As suas relações com as autoridades hierarquicamente superiores são de estrema importância


por que permite o conhecimento integral das comunidades por parte do governo.

Sendo assim, a edificação deste trabalho de pesquisa que tem como balizas 2017 a 2019, visa
trazer a superfície elementos pormenorizados que clarificam o papel a ser desempenhado
pelos líderes comunitários ou autoridades tradicionais no caso específico do distrito de Búzi
Posto Administrativo de Estaquinha, por notar-se que a população tem dificuldades em
identificar o lugar e dos líderes comunitários (Régulo) na comunidade.

Mas também, na tentativa de poder contribuir com um manancial de conhecimentos para a


sociedade, a camada intelectual (estudantil) acerca do papel desempenhado pelos líderes
comunitários na sociedade nos assuntos sociais.

Com este estudo podemos contribuir como enquadrar os líderes comunitários na governação
do país. A relevância social é incluir os líderes na governação do país.

O mesmo estudo foi desenvolvido em outros momentos por Bob (2011), que diz actualmente
os líderes comunitários são impostos novos desafios nas comunidades sob sua liderança,
desafios que não se limitam apenas na divisão de trabalho ou da produção.

2.MARCO TEÓRICO
Comunidade

Porém, Afonso (2011:18) afirma que, “comunidade é um conjunto de pessoas que se


organizam sob o mesmo conjunto de normas que geralmente vivem no mesmo local, sob o
mesmo governo ou compartilham do mesmo bairro, aldeia ou cidade”.

Entretanto, na visão de Fichter (1973: 127), comunidade “é um grupo territorial de indivíduos


com relações recíprocas que servem de meios comuns para lograr fins comuns”.

Ficou evidente nas duas definições acima, embora uma mais ampla e outra mais estreita, nota-
se aqui, reciprocidade de interesses de quem governa esta comunidade, quem é governado e
da relação da existência de interesses comuns a serem defendidas. Pois, o que faz existir uma
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comunidade é a necessidade de satisfação dos envolvidos, das necessidades, das metas, dos
objectivos, através de vários intervenientes da comunidade.

Líder

A Organização, gestão, monitoria e desenvolvimento da comunidade é feita por líderes


comunitários.

Entende-se por líder, inglês leader, é uma pessoa que actua enquanto guia ou chefe de um
grupo.

O líder tem a faculdade de influenciar os outros sujeitos. “O seu comportamento ou as suas


palavras conseguem incentivar os membros de um grupo para que trabalhem em conjunto
com vista num objectivo comum”. (Crisóstomo, 2008)

Líder “é aquele que dá propósito (direcção significativa) ao esforço colectivo e provoca o


desejo de despender este esforço para se atingir o objectivo” (Jacobs e Jaques, segundo Yukl,
1998:2-3).

No entender de Saul (2000: 47), líder, “é a pessoa que tem o papel de influenciar, inspirar,
encorajar e motivar as pessoas, estimulando-as a descobrir e a desenvolver seus potenciais
dentro da comunidade”.

Líder Comunitário

Através dos conceitos de Líder e Comunidade, podemos construir o conceito de Líder


Comunitário, sendo a pessoa que tem o papel de influenciar, inspirar, encorajar e motivar um
grupo (neste caso a sua comunidade) de indivíduos com relações recíprocos que servem de
meios comuns para logra fins comuns estimulando-os a descobrir e a desenvolver seus
potenciais.

Entendemos aqui por líder comunitário

“o morador representante legítimo de seu bairro, que tem a função de


mobilizar as pessoas através de lutas quotidianas, por meios dos movimentos
populares e, quase sempre, responsável por encaminhar as demandas sociais
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do bairro e objectivos propostos pelos moradores ao poder público. É de


extrema importância entender o papel e a actuação das lideranças
comunitárias junto aos movimentos sociais para termos uma compreensão
mais ampla dos processos em que estão inseridos em sua comunidade”
(Lerbach, 2012).

Governação Local e desenvolvimento

Governação Local é definida como a “formulação e a execução de uma ação colectiva a nível
local, englobando papéis diretos e indiretos de instituições formais de governo local e central,
assim como as funções de normas informais, redes e organizações comunitárias e associações de
bairro na prossecução da ação colectiva, definindo o quadro de interacção entre os cidadãos e
este com o Estado na tomada de decisão e na prestação de serviços públicos”(Shah, 2006, pp. 1-
2).

Mesmo assim, toda a governação local necessita de um líder, pois “o exercício da liderança é
fundamental para as agências políticas, mesmo em democracias contemporâneas”(Teles, 2010,
p. 22).

Para Olowu e Wunsch (2004), a governação local é entendida como “…regras de governação
por processos através do qual, os residentes de uma determinada área participam na sua
própria governação e que é limitada em interesses locais” (Olowu & Wunsch, 2004, p. 4).

Por sua vez Teles e Moreira (2007, p. 14), afirma que “os governos locais são vistos cada vez
mais, como facilitadores do processo de participação, facilitando a colaboração e
cooperação a nível local”. E é neste sentido que as abordagens relativas a governação local
devem procurar enfatizar e valorizar a participação da sociedade civil. Para tal, é necessário
que venha deste governo local um espírito motivador de participação e não o contrário.

O governo constitui “procedimentos formais que as instituições da sociedade criaram para


expressar os seus interesses, para resolver problemas e implementar a escolha pública”, de
modo a proteger os interesses dos cidadãos, garantindo-lhes justiça, saúde e iguais
possibilidade de alcançarem um nível de desenvolvimento desejável (John, 2001, p. 6).
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Na governação local em moçambique, é caracterizada pela existência de pequenos


grupos de elites a nível local (Devas, 2005, p. 1). Estes por sua vez correm risco de se
“contaminarem pelas paixões políticas e de se deixarem capturar por interesses de
grupos, sectores, ou, no limite, firmas individuais” (Melo, 2006, p. 61), dado que os
governos locais são os mais vulneráveis a captura do que o central (P. Bardhan &
Mookherjee, 2000; Enikolopov & Zhuravskaya, 2007, p. 137; 2262).

Associado a isso, os agentes económicos acabam capturando o benefício proveniente


de um determinado bem, que na sua essência tinha que ser exclusivo para a
comunidade local e não privado. Outro elemento a destacar são as decisões difíceis que
muitas da vezes são tomadas pelo governo local devido a elevados custos de transição
associado a informação incompleta (Alves & Moreira, 2004; Wunsch, 2008) e como
resultado, verifica-se a ineficiência das organizações locais em desempenhar as suas
funções básicas.

O local como contexto de acção

Moçambique é uma sociedade extraordinariamente complexa em termos de formas de agregação,


expressão de interesses, saberes e com a consciência da complexidade das interações simbólicas e
práticas existentes entre os actores (pessoas, organizações, instituições). Consciência essa, que se
constrói primeiramente sobre a confiança e a participação ativa dos homens da situação, aqueles que
detêm boa parte da resolução dos enigmas. Para isso, torna-se lógico que a escala mais pertinente seja
a do território local.
O local dá uma resposta, que reduz o Estado às suas funções mais clássicas (garantir a ordem interior e
a proteção exterior), privilegia a democracia direta e mais geralmente os circuitos de legitimidade
menos mediatizados.

De acordo com Bourdin (2001, p.29),

[...] o local oferece uma resposta que privilegia a diversidade, as diferenças, a


multiplicidade das escalas e a força das pequenas unidades. O espaço de pertença
resulta do conjunto dos recortes que especificam a posição de um ator social e a
inserção de seu grupo de pertença num lugar.

No entanto, as especificidades locais das comunidades rurais moçambicanas representam uma fonte
inesgotável dessas provas, e desta forma a pequena nação fortemente territorializada, quase local, com
sua cultura, sua língua, sua religião, seu patrimônio, seus traços “étnicos” (assunto muitas das vezes
eufemizado) se torna objecto de identidade por excelência.

É neste tipo de perspectiva que se situam Albert Mabileu (1985), quando considera que uma das
funções principais do governo local é a garantia à medição entre a sociedade civil e o Estado.
Acredita-se que a reintegração, a legitimação e o reconhecimento das autoridades tradicionais, pelo
governo, são uma maneira de repensar os lugares, em sua especificidade, levando-se em conta os
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sistemas de representação dos actores para o desenvolvimento local. Assim, o lócus revelado
apresenta-se, antes de tudo, como o conjunto de crenças compartilhadas expressas no espaço vivido
pelos agentes da organização social. Este percurso forma, assim, um espaço cognitivo comum. Todos
estes mecanismos de integração no lugar do homem, que Zaoual (2006) designou por homo situs seria
o grupo de pertencimento que as Autoridades Tradicionais incorporariam na promoção de capital
social para o desenvolvimento local.

Não se pode deixar de notar que o poder instituído em Moçambique, com base no Decreto n° 15/2000
de Diploma Ministerial 107-A/2000 de 2000 de junho, visa, em nosso entender, aproveitar as
capacidades administrativas das autoridades tradicionais e simultaneamente neutralizar qualquer
energia centrífuga que elas pudessem protagonizar no âmbito do controle politico das populações.
Como diz o preâmbulo do decreto, as autoridades comunitárias são reconhecidas no âmbito – e,
portanto, também no limite - “do processo da descentralização administrativa, valorização da
organização social das comunidades locais e aperfeiçoamento das condições da sua participação na
administração pública”. funções administrativas, os órgãos locais de Estado deverão articular com as
autoridades comunitárias, auscultando opiniões sobre a melhor maneira de mobilizar e organizar a
participação das comunidades locais, na concepção e implementação de programas e planos
econômicos, sociais e culturais, em prol do desenvolvimento local.

Torna-se claro que não se reconhece nenhuma valência política, nomeadamente de democracia
participativa, aos processos de articulação de auscultação. O limite geral de reconhecimento está
formulado no 1º parágrafo do art. 3º. O parágrafo nº 2 sublinha o caráter programático e instrumental
do reconhecimento das autoridades comunitárias, já que os critérios do âmbito e da natureza da
participação (tanto em termos das autoridades, como em termos do número de comunidades) decorrem
exclusivamente das necessidades de autoridade tradicional “poderia contribuir para a participação das
comunidades na gestão dos recursos em nível local, para a pacificação, reconciliação e harmonia
social e para a reposição dos valores dialógicos simétrico, éticos, e morais” (KYED et al., 2007, p.49).

Descentralização

De um modo geral, a descentralização é entendida como transferência de recursos e


poderes a nível central para o local. Dada a sua complexidade, ela pode ter vários
significados, em diferentes contextos e da forma como os planos são desenhados e
implementados.

De acordo com Manor (1999, pp. 5-6) existem três definições chaves da
descentralização: (i) desconcentração ou descentralização administrativa, (ii)
descentralização fiscal e, (iii) devolução ou descentralização democrática. Por sua vez
MILS 1990 Citado por Fuzikawa (2007) refere que existem quatro (4) tipos de
descentralização: (i) Descentralização Politica ou Devolução, (ii) Descentralização
Administrativa ou Desconcentração, (iii) Delegação e a (iv) Privatização. Porém, Manor
(1999) não considera este último (a privatização) como uma forma de descentralização
pelo simples facto deste não poder ser local, dado que poderá existir sucursais de
algumas empresas sediadas no centro e que fazem serviços a nível local.
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Veremos a seguir cada um dos conceitos com base nos autores abaixo.
Desconcentração ou descentralização administrativa – é a “dispersão de funções,
responsabilidades e funcionários dos escalões superiores para escalões inferiores do
governo; É a recolocação dos funcionários dos escalões superiores do governo em
diferentes pontos do território nacional, com o objetivo de fortificar a autoridade do
governo”(Manor, 1999, p. 6).

Todas as linhas de comando são de cima para baixo, enquanto a prestação de


contas é de baixo para cima. Contudo, os funcionários limitam-se por obedecer
decisões que são tomadas pelo governo central (Fuzikawa, 2007).

Para Pius Kulipossa (2004), Descentralização fiscal é “…a transferência de recursos


fiscais para escalões inferiores do governo, em que não há cedência nem influência
sobre orçamentos e decisões financeiras, em que se confia os funcionários
desconcentrados que prestam contas aos seus superiores a nível central”.

Devolução ou Descentralização democrática – é a “transferência de poder (tomada


de decisões), funções e recursos do governo central para governos locais que são
eleitos pela comunidade local e prestam contas a elas. Neste processo, há cedência
de personalidade legal, áreas de competência são legalmente definidas, há
autonomia sobre os impostos, orçamento próprio e competência legislativa” (Dias,
2005, p. 18).

A transferência de poderes do governo central para os níveis mais baixos na hierarquia


política, administrativa e territorial tem sido visto como “forma de promover o
desenvolvimento (…) e melhorar a eficiência, qualidade e democracia” (COLFER, 2012,
p.33). Em todo o caso, todo o processo de descentralização pauta pela maior
participação da comunidade e pela melhor prestação de contas (Idem, p.33).

Não será do interesse deste trabalho descrever todas as formas de descentralização aplicadas
em Moçambique. Porém, vamos centrar na análise da devolução de poderes do governo central
para o local

Autoridades tradicionais

Como nota Santos (2003:85), o n.º 2 do artigo 3.º do decreto 15/2000 sublinha bem o carácter
instrumental do reconhecimento das autoridades tradicionais, ao afirmar que a articulação
entre estas e os órgãos locais decorre das necessidades de serviço. O mesmo autor, não deixa
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de mencionar que simetricamente, as autoridades tradicionais pretendem instrumentalizar o


apoio do Estado para consolidar o seu próprio controlo político sobre as comunidades.

A Primeira-dama Maria da Luz Guebuza considerou esse grupo como sendo a sua “coluna
vertebral”, dada a sua importância no estabelecimento do contacto entre a sua instituição com
as populações. Salientou ainda a esposa do presidente Moçambicano Armando Guebuza que
“São as autoridades tradicionais que nos transportam até ao terreno onde desenvolvemos as
nossas actividades”, sublinhando a importância de trabalhar com este grupo de líderes, por
conhecerem melhor as populações com quem vive.

É por causa desse reconhecimento que durante as suas visitas a Primeira-Dama da República
insiste na necessidade das autoridades tradicionais mobilizarem as populações a mudarem de
atitude face a alguns problemas locais.

Alguns desses problemas têm a ver com as queimadas descontroladas, abandono de crianças
órfãs, discriminação das pessoas vivendo com o HIV/SIDA, rejeição familiar ou social das
pessoas idosas sob acusação de prática de actos de superstição. Insiste na necessidade dos
autoridades tradicionais mobilizarem as populações a não realizarem queimadas
descontroladas e observarem medidas de segurança quando fazerem fogo.

Actualmente como refere Katiavala (2004:3), as atribuições gerais das autoridades


tradicionais, dependendo do grau de incidência das influências exercidas pelos factores
externos tais como Igrejas, Estado, a interferência dos partidos políticos, a interferências de
ONG΄s, a economia do mercado, entre outros, estão ligadas ao exercícios de funções de foro
executivo, legislativo e judicial, confirmando um verdadeiro poder público distinto de Estado.
Preenchendo em muitos casos o vazio deixado por estes junto das comunidades rurais.

1.2.1. No plano executivo

As funções das autoridades tradicionais estão relacionadas com a gestão geral das
comunidades, negociações e estabelecimento de ligações com agentes externos (instituições
do Estado, ONG΄s, etc), gestão de terras incentivos de produção agrícolas e controle da
população. A que destacar, ainda na fase actual o papel das autoridades tradicionais na
mobilização das populações, visando a sua participação na implementação de projectos de
construções de infoestruturas sociais e no apoio ao processo de reinserção social de ex-
militares.
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1.2.2. No plano legislativo

As autoridades tradicionais são responsáveis pelo estabelecimento de normas sociais, pela


definição dos limites do território que ocupam as comunidades sob sua jurisdição e também
pelo estabelecimento de regras de utilização de recursos comunitários como a terra, a água e a
floresta.

1.2.3. No plano judicial

A acção das autoridades tradicionais esta fundamentalmente direccionada para administração


da justiça, intervindo desta forma na resolução de conflitos e na observância do cumprimento
das normas sociais pelos membros da comunidade.
O exercício destas funções, afirma Katiavala (2004:6) que, não ocorre de mesma forma em
todas as comunidades rurais, havendo variações em conformidade com o nível de ruralismo
ou influências externa que cada zona apresenta. Sustenta ainda o autor que foi reconhecida a
prestação das autoridades tradicionais durante o processo de registo eleitoral e o importante
papel a desempenhar na mobilização da população para participar nas eleições, ainda
destacaram-se:
 Na promoção do desenvolvimento comunitário e a consolidação da democracia;
 No desempenho do processo de participação e reconstrução Nacional;
 No fomento da unidade, de fraternidade e da tolerância política;
 Como ponte da efectiva ligação entre o povo e o poder político;
 No garante da intermediação e prossecução dos interesses do Estado junto das
populações.

CAPÍTULO II: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

Como foi referenciado anteriormente, a análise e interpretação de dados terá como base a
avaliação das respostas colectadas através de um questionário com perguntas abertas, com
finalidade de perceber o papel dos líderes comunitários na governação do país.

Com base nesta inquietação, foram elaborados seis (6) questões para Membros da
Comunidade e sete (7) para Régulos, com vista a responderem os objectivos desta pesquisa.
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A análise das respostas teve como base a transcrição de respostas dos quinze (15)
entrevistados. Processo que seguiu a reprodução de textos sequenciados das respostas de cada
entrevistados, tendo sido posteriormente atribuído um código, que parte de um (1) a quinze
(15). Deste modo, para as entrevistas efectuadas aos Régulos foram codificados em RR (n)
1e2 e RM(n)1e2, onde RR significa Régulo de Riconde e RM significa Régulo de Maxemege
e (n) significa número dos entrevistados. E para os Membros da Comunidade foram
codificados em MCR (n)1,2... e MCM(n)1,2..., onde MCR significa Membro da Comunidade
de Riconde e MCM significa Membro da Comunidade de Maxemege e (n) número dos
entrevistados.

Em seguida agrupou-se as respostas semelhantes, o que facilitou o processo de análise. As


informações obtidas permitiram perceber a visão que a Comunidade tem em relação a figura
de Régulo, assim como perceber como é que o Régulo se sente diante da Comunidade e do
Governo.

Neste caso, é de referir que os dados patentes nesta pesquisa reflectem os sentimentos dos
Régulos e dos Membros da Comunidade, colhidos das respostas às entrevistas efectuadas.

2.1. Localização Geográfica do Distrito de Nicoadala

Inteernet

2.2. Relações Existentes entre Lidere Comunitários e a Comunidade no Posto


Administrativo de Estaquinha

Como forma de melhor perceber-se as relações existentes entre os Lidere Comunitários e a


Comunidade, formulou-se um inquérito para os Membros da Comunidade e Régulos onde a
partir das respostas fornecidas por estas, vai-se compreender até que ponto estes se
relacionam. Para tal coloca-se o seguinte inquérito:

Já ouviu falar dos líderes Comunitários (Régulo)?

Para esta questão todos os entrevistados responderam de forma semelhante ao afirmar que
sim, já ouviram falar do Régulo, o que indica que este é uma figura popular dentro da
comunidade.
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MCR (1, 2 e 5) afirmam que: “(...) para além de ouvirmos falar, convivemos com o Régulo
por ser um individuo que se encontra perto de nós como vizinho e familiar.”

MCM (2, 3, 4, e 6) afirmaram que: “O Régulo é nosso amigo, mesmo o seu Pai a quem ele
sucedeu era amigo. Por isso não se trata somente de ouvir falar, mas sim de uma figura que
vive connosco.”

O que entende por líderes Comunitários (Régulo)?

Respondendo a questão, os entrevistados entendem-os como figuras reconhecidas ao nível da


comunidade, indivíduos responsáveis pela comunidade e que resolvam e apresentam os
problemas da comunidade a nível das hierarquias superiores.

MCR (1, 3, 4 e 5) definem eles que: “ líderes Comunitários são as pessoas que mais
respeitamos dentro da comunidade e que orientam-nos a viver de forma pacífica. São elas
que resolvem os nossos problemas, consideramos elas como os Pais da Comunidade.”

MCM (2, 4 e 6) definem que: “ líderes Comunitários são os presidentes ou Deuses (Ishe) das
nossas Comunidades, que trabalham para manter os nossos hábitos e costumes e é neles que
reportamos as nossas preocupações.”

Que relação existe entre a comunidade e o Régulo?

Os entrevistados concordaram ao afirmar que o Régulo interfere na vida quotidiana dos


membros da comunidade, resolvendo os seus problemas, através dos encontros organizados
por este, para se informar do que acontece na comunidade e informar a comunidade acerca de
qualquer programa do Governo ou dos Não-governamentais a ser organizado ou realizado
dentro da comunidade. Por sua vez, a comunidade sempre que quiser realizar alguma
actividade primeiro informa ao Régulo para evitar cometer erros dentro da comunidade.

MCR (1, 2, 3 e 4) afirmam que: “Sempre temo-nos reunido com o Régulo, uma ou duas vezes
por Mês para lhe informar os nossos problemas, ele têm-se relacionado muito bem connosco
porque consegue nos ouvir e lutar para garantir a resolução dos problemas que assolam a
comunidade. Sempre que precisamos de aumentar as nossas Machambas, queremos terrenos
para construir, temos problemas de seca, de pragas que prejudicam as nossas produções, e
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mais outros problemas, recorremos ao Régulo para em conjunto debatermos as formas


possíveis para ultrapassar os tais, uma vez que, ele é dotado de poderes para evocar e fazer
pedidos aos espíritos e de dirigir cultos dentro da comunidade.”

MCM (2, 3, 5) e 6 afirmam que: “(...) sempre temos tido debates acerca de tudo o que
acontece dentro da comunidade e o Régulo aconselha para que recorrer-mos a ele no caso de
termos preocupações, quer seja, individuais ou colectivos com vista a fortificar as nossas
relações, ele sempre nos protege de tudo o que acha que não é benéfico para a comunidade e
o que a comunidade também protesta. Ele é guardião dos nossos hábitos e costumes, por isso
tudo consultamos a ele.”

Alguma vez se beneficiou dos serviços do Régulo?

Respostas dadas indicam que quer, seja de forma individual ou colectiva os entrevistados já
viram os seus problemas a serem resolvidos com o Régulo.

MCR (2, 3 e 5) enaltecem que: “Se não fosse o esforço de Régulo que contactou o Governo
Distrital para junto com ele actualizar os limites das Machambas, nós estaríamos sem campo
de produção de comida a favor de um grupo de Chineses que queriam nos arrancar as nossas
Machambas. E Têm feito grande ajuda para todos, o exemplo de pedidos que ele faz ao
Governo em nome da comunidade, como abastecimento de Água potável, sementes,
motobombas para regadio das Machambas, escolas e mais.”

MCM (2, 3, 4 e 6) reconhecem ter-se beneficiado dos serviços do Régulo: “ Tivemos grandes
problemas na delimitação das áreas ocupados pelos nossos Coqueiros e só foi com a
intervenção do Régulo que conseguimos resolver e recuperar as nossas palmeiras uma vez
que ele conhece os limites ocupados pela empresa Madal. Não foi fácil mas ele teve que lutar
para defender a invasão da sua comunidade. Ele luta bastante para beneficiar todos.”

Há quanto tempo é Régulo?

Em relação a questão colocada, constatou-se que todos os Régulos entrevistados têm uma
média de dez (10) Anos exercendo este cargo, outros como sucessores dos Pais e outros de
Irmãos.

RR (1) afirma que: “Está a 08 e 14 Anos, como Régulos, em substituição de Pai e Irmão.”

RM (1) afirma que: “(...) está a 06 e 19 Anos, como Régulos, em substituição de pai.”
16

Como é que se relaciona com a Comunidade?

O Régulo defende que para se sentir juntos com a sua População têm convocado reuniões para
obter informações de tudo o que acontece na Comunidade e informá-la de eventuais
acontecimentos a terem lugar dentro da mesma. E estão sempre abertos para ouvir e resolver
as preocupações da Comunidade.

RR (1) afirma que: “(...) tem reunido com a Comunidade, como forma de promover a
comunicação e é desta forma que deve trabalhar porque eu represento a Comunidade e faço
tudo para o bem dela.”

RM (2) acrescenta que: “ Se não existisse a Comunidade eu não teria espaço para trabalhar,
por isso é nela que devo me juntar e buscar apoio de modo que juntos solucionemos os
nossos problemas. Por isso que, antes de tomar decisões reúno-me com a minha População
para tomarmos decisões unânimes.”

2.3. Acções Levadas a Cabo pelos líderes Comunitários para Poder Ligar a Comunidade
e o Governo

É de extrema importância identificar o trabalho feito pelos líderes Comunitários de Posto


Administrativo de Estaquinha, no sentido de ligar a Comunidade e o Governo. Para tal, far-se-
á análise das respostas fornecidas pelos entrevistados (Régulos), partindo das seguintes
questões:

Como é que se relaciona com o Governo?

Os posicionamentos dos Régulos mostram que têm-se reunido frequentemente com o


Governo, porque eles representam uma pequena parcela do Distrito ou da Província, mas não
têm recursos para sustentar as necessidades que assolam a Comunidade e nem todos os
problemas que cabem a decisão deles. Por isso, sempre pedem o apoio de Governo para lhes
ajudar na resolução de diversas preocupações que existem dentro das áreas das suas
jurisdições. Além disso, o Governo nada pode fazer dentro da Comunidade sem o
conhecimento prévio dos Régulos. Esta relação justifica-se, pelo facto de que constantemente
reúne-se no sentido de o Governo auscultar dos Régulos as preocupações que assolam a
Comunidade e em conjunto traçar as melhores formas de soluciona-las.

RR (1) sustenta que: “(...) apenas represento a Comunidade, não tenho muita coisa para
ajudar no caso de existirem preocupações. Por isso peço sempre a colaboração de Governo.
17

O governo têm se reunido connosco para saber dos nossos problemas e nos informar dos
projectos que pretende desenvolver nas nossas Comunidades.”

RM (1) sustenta que: “Sempre conta com a colaboração do Governo para nos ajudar a
resolver os problemas que a Comunidade enfrenta. Sempre nos preocupamos em fortificar as
nossas relações, de modo, a nos manter informados uns aos outros a cerca de tudo o que
acontece ou que se pretende realizar.”

Que acções o Governo têm realizado dentro do Posto Administrativo que necessita da
colaboração da Comunidade?

Os entrevistados confirmaram que a maior parte dos projectos de governo, como a


electrificação, abertura de canais para irrigação e abastecimento de Água, parcelamento de
terrenos, a construção de algumas infra-estruturas e outros necessitam da colaboração da
População. Dai que, os Régulos jogam grande papel na sensibilização da População.

RR (1) afirmam que: “O governo informou-me para pedir a ajuda da Comunidade na


abertura dos canais de irrigação que banham as nossas machambas, algo que melhorou a
nossa produção. Mesmo quando queria electrificar a zona (Riconde), a população ajudou na
corte das árvores e na fixação dos postes e em muitas outras actividades o Governo sempre
conta com as forças comunitárias.”

RM (1 e 2) afirmam que: “(...) a população têm colaborado bastante para ajudar o Governo
na implementação dos seus programas de desenvolvimento na Comunidade. Já convidamos a
força da População para derrubar Palmeiras que estavam a cair sobre os postes que
transportam a energia, para construção de salas de aulas, fazer limpeza no hospital.”

O que faz para ligar a Comunidade com o Governo?

O Régulo confirmou que luta para estabelecer fortes relações entre o Governo e a
Comunidade através das auscultações dos problemas que afectam a População e a posterior
apresentação destes ao Governo. E como resposta disso, muitos problemas apresentados
foram reduzidos pelos esforços efectuados pelo Governo e nota-se agora a intervenção deste
na resolução dos problemas comunitários.

RR (1) afirma que: “(...) tenho apresentado os pedidos da Comunidade para o Governo, e a
partir de momento que este aparece para satisfazer os tais pedidos sento-me a ligar os Dois.
18

Além disso sempre informo e encaminho a palavra do Governo até as zonas onde ele não
chega.”

RM (1) afirma que: “A minha grande função é de ligar os Dois porque não estou em
condições de sozinho resolver os problemas da Comunidade. Por isso, sempre levo
preocupação de Comunidade e informo ao Governo e também apresento a Comunidade as
respostas dadas pelo Governo.”

2.4. O papel dos líderes comunitários na governação do país: caso estaquinha.

Sendo este um dos grande objectivos desta pesquisa torna-se também necessário a elaboração
de questões para Régulos e Membros da Comunidade para se apurar a verdade acerca do
papel dos LC's na governação do país no Posto Administrativo de Estaquinha. Que são:

Sente-se satisfeito com o lugar que ocupa na Comunidade? Porque?

Em relação a questão, os Régulos têm divergido bastante ao responder, o que indica que não
se sentem muito satisfeitos com o lugar que ocupam, alegando que, há casos que acontecem
na Comunidade fora do seu conhecimento. O exemplo de casos que deveriam ser resolvidos
por eles e das acções levados a cabo por algumas ONG's que somente contactam o Governo e
o próprio Governo não lhes informam nada. Mas, ultimamente o Governo tem contado com a
participação destes para o desenvolvimento da Comunidade e a Comunidade sempre conta
com apoio deles na resolução e apresentação dos problemas ao Governo.

RR (1) sustenta que: “Não me sinto muito satisfeito. Porque o que acontece hoje parece que a
População não conhece bem o que deve ser resolvido com o Régulo, há coisas que acontece
sem eu saber e as pessoas só me procuram quando já não sabem o que fazer, assim como
coisas que são feitas dentro da Comunidade sem a minha permissão. Mas, com os encontros
que temos tido, as coisas tendem a mudar.”

RM (1) sustenta que: “Estou satisfeito. Mas faltam ainda mais coisas para me sentir
completamente satisfeito. O Governo deve reconhecer (construir casa, oferecer meios de
produção, etc ) o trabalho que faço, de sensibilizar a População a viver de forma ordeira e
própria População deve me ajudar (oferecer produtos alimentares) porque tenho muitas
necessidades.”
19

Acha que a Comunidade valoriza o teu papel?

Os Régulos reconhecem que são valorizados pela Comunidade, mas receiam que esta
valorização vem a se diminuir nos próximos anos porque as gerações mais novas pouco
sabem do papel destes, visto que, em nenhum momento aproximam a estes para apresentar os
seus problemas, assim para se informar a cerca de hábitos e costumes que norteiam a sua
cultura, sendo estes que futuramente serão-lhes confiado este cargo. E ultimamente, é notável
a redução de apresentação de casos que competem a gerência destes em vertente de outros
representantes da Comunidade.

RR (1) afirma que: “(...) valoriza-me, principalmente neste últimos Anos que o Governo têm
colaborado bastante connosco. O problema reside nos nossos jovens que não querem se
juntar a mim e tenho medo de no futuro não ter alguém para conservar a nossa tradição.”

RM (1) afirma que: “Tenho feito muita coisa para a Comunidade, dai que ela me valoriza
bastante. Apesar de existir pequenos problemas, o exemplo de casos que acontece fora do
nosso conhecimento, conflitos que são resolvidos a nível líderes religiosos, AMETRAMO,
Secretários de Bairros e outros, sem terem me comunicados. Mas a comunidade sempre têm
atendido o meu pedidos e o Governo têm reforçado muito para que a Comunidade me
confie.”

Qual o papel dos líderes comunitários na governação do país?

Na óptica dos Membros da Comunidade o Régulo é a figura mais alta, o representante da


Comunidade, pelo trabalho que ele faz de orientar, ajudar e resolver os problemas da
População e de informar o Governo acerca das inquietações da Comunidade. Mas, hoje com a
presença de vários representantes dentro da Comunidade, acaba reduzindo a
representatividade máxima dos Régulos na Comunidade e não só, para as gerações mais
novas, estes não ocupam o mesmo lugar, porque os mais novos não têm o conhecimento da
importância destes na Comunidade.
20

MCR (2, 3 e 5) confirmam que: “ (...) são reconhecidos e valorizados na governação do pais,
pois eles: Velam pelo bom ambiente e harmonia da comunidade bem como pelos limites do
território linhageiro; Intervém na resolução de certos conflitos na comunidade; Promovem e
orientam cerimónias de interesse geral da comunidade ; Asseguram que a terra seja património
da comunidade um bem de todos, para uso de todos.”

MCM (2, 4, 5 e 6) confirmam que: “São os líderes comunitários que transportam as necessidades
da comunidade até ao ponto mais alto do Governo do Pais, por conhecerem melhor as populações
com quem vive. Desde os tempos passados os Régulos sempre foram tidos como donos da
Comunidade é assim que até hoje olhamos para eles, porque continuam a exercer as Funções
que sempre exerceram, cuidando da sua População. Mas acreditamos que os jovens podem
não pensar assim porque eles pouco sabem das funções a serem desempenhados por estas
figuras.”

Será que a Comunidade oferece o respeito que o Régulo merece?

Respondendo a questão, concordaram os Membros da Comunidade que no que diz respeito,


aos mais velhos, por sinal, aqueles que sabem o que representa o Régulo na Comunidade estas
figuras são muito bem respeitadas. Mas não dizem o mesmo em relação aos mais novos.

MCR (1, 2, 4 e 5) afirmam que: “(...) respeitamos o Régulo, pelo tudo o que ele faz e que
representa para nós. Todos sabemos da importância dele na comunidade. E agora queremos
ensinar aos nossos filhos a reconhecerem e respeitar a esta figura.”

MCM (3, 4 e 6) afirmam que: “Claro que oferecemos. Porque o Régulo é indivíduo que
dirige a nossa Comunidade e merece todo o nosso respeito. Além do respeito da Comunidade
o Governo também deve promover o papel desse para que ganhe mais respeito dentro das
Comunidades sob sua Jurisdição e pelo País todo.”

3.Conclusão

Levando em consideração o lugar das Autoridades Tradicionais em Moçambique,


desenvolveu-se um trabalho de pesquisa no Distrito de Nicoadala para melhor perceber-se até
que ponto estas são valorizadas dentro da Comunidade. Este trabalho foi dividido em dois
21

momentos: o regime Moçambicano da Revolução Socialista e da Democracia Multipartidária.


Mostra Santos (2006:42) que, a história moçambicana é feita de rupturas e continuidades, e
cujos efeitos foram tomando diferentes formas ao nível local, onde as estratégias do Estado,
presentes e passadas, se interligam com as dinâmicas das próprias comunidades ou do espaço
global. Foi assim que, por exemplo, as autoridades tradicionais resistiram, apesar da tentativa
de lhes pôr fim nos anos 1980 ou os tribunais populares de base tendiam a articular o direito
revolucionário com o direito tradicional da comunidade.

Verifica-se que, na actualidade o peso das Autoridades Tradicionais é bastante variável,


dependendo do nível do Local. No Distrito de Nicoadala, as AT's conseguiram recuperar o
seu poder nos Anos 90 com ajuda da nova Constituição e com a Revisão Constitucional em
2004, onde o Governo tem vindo a promover de forma constante estas figuras através do
papel que desempenham como colaboradores na apresentação dos problemas que afectam a
Comunidade e na implementação e difusão dos programas Governamentais.

Observa-se que, existe uma grande participação dos Régulos em todas realizações do Governo
incluindo o conselho consultivo dentro do Posto. Assim como, têm sido convocados para
participar nas realizações a nível Provincial. Nota-se ainda, a participação destes na resolução
dos diversos conflitos (secas, pragas que decimam as culturas, conflitos de terra, conflitos
supersticiosos, litígios, etc) que se dão dentro da Comunidade, situação que leva a População
a confiar nestes como juízes justos no julgamento dos Problemas e como os primeiros
representantes da Comunidade.

Acredita-se agora que, o trabalho dos Régulos é fundamental para a comunidade, uma vez que
é a partir destes que a comunidade consegue reportar os seus problemas ao Governo e
mantêm-se informados dos programas a serem desenvolvidos dentro da Comunidade.

A partir das respostas apresentadas em relação aos objectivos, pode-se constatar que 87.3%
dos entrevistados reconhecem o papel LC's no Posto Administrativo de Estaquinha (Riconde e
Maxemege), através das actividades efectuadas por estes na resolução dos problemas, no
apelo à tranquilidade, na apresentação dos interesses da comunidade ao Governo e na
divulgação dos programas do Governo dentro da Comunidade, Promovendo deste modo, o
desenvolvimento Comunitário. Cerca de 12.7% apresentam uma visão diferente em relação ao
22

lugar do Régulo, ao afirmar que está figura é mais valorizada hoje, mais ela já disputa o seu
poder com vários indivíduos dentro da Comunidade, o que torna o Régulo a não ser a única
figura que representa a População. Para estes últimos, a supremacia dos poderes do Régulo na
Comunidade diminuiu, porque a População pode recorrer a outras entidades para a satisfação
das suas necessidades.

Conclui-se a pesquisa com a certeza de que os Régulos em Estaquinha (Riconde e


Maxemege), são figuras reconhecidas ou ocupam um lugar de destaque, principalmente pelo
papel que têm de unir a comunidade e o Governo, através das suas acções na mobilização da
População a participar na implementação dos programas de desenvolvimento comunitário e
na promoção de convivência harmoniosa dentro da Comunidade, assim como, porta-vozes
(representantes) dos problemas da Comunidade ao governo, o que se enquadra a segunda
hipótese. No que refere a primeira hipótese, pode se concluir que os Régulos em Estaquinha
(Riconde e Maxemege) não são reconhecidos como autoridades supremas, devido a existência
de várias entidades (líderes religiosos, AMETRAMO, Secretários de Bairro, Chefes de
Quarteirão, Chefes de Associações dos Camponeses, e outros) que representam a População.
Situação que põe em causa a representatividade absoluta dos Régulos na Comunidade.

4. Sugestões

Para que o lugar Papel dos líderes comunitários seja reconhecido no Posto Administrativo de
Estaquinha, concretamente nos regulados de Riconde e Maxemege, por sinal, onde se
desenvolveu a pesquisa, é preciso que o Governo desenhe com clareza os papéis a serem
desempenhados pelos órgãos locais (Secretário de Bairro, Chefe de Quarteirão, e de Bloco),
apelar aos outros representantes da População (líderes religiosos, AMETRAMO, Chefes de
Associações dos Camponeses, e outros) a não interferir para resolver problemas que
competem aos Régulos. É preciso, também que os Régulos sejam activos no desempenho das
suas funções, colaborarem com as outras entidades que representam a População e
promoverem reuniões mensais com os jovens, para melhor incutir na cabeça destes a
importância que eles têm na Comunidade e ensinar aos jovens os hábitos e costumes da
Comunidade, uma vez que são confiados para a preservação das tradições que norteiam a
Comunidade.
23

3. Metodologia

Para a elaboração do presente trabalho científico optou-se pela pesquisa qualitativa porque
essa abordagem procura consolidar procedimentos que buscam superar os limites das análises
meramente quantitativas. Segundo Bodgan e Biklen citados por Nimitt e Pinto (2008:167), as
pesquisas quantitativas envolvem a obtenção de dados descritivos, colectados no contacto
directo do pesquisador com a situação estudada, enfatizando mas o processo do que o produto
e preocupando-se em retratar a perspectiva dos participantes.

Para a realização da pesquisa qualitativa optou-se pelo estudo do caso por mostrar-se mas
pertinente ao estudo pretendido, favorecendo o contacto directo e natural com a situação e
indivíduos pesquisados por meio de trabalho de campo.

Segundo Ludke e André (1986:18-19), o estudo do caso qualitativo é o que se desenvolve


numa situação natural, é rico em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível e focaliza a
realidade de forma complexa e contextualizada. De acordo com as autoras o estudo de caso na
pesquisa qualitativa visa a descoberta, enfatizando a interpretação do contexto, utilizando
várias fontes de informação, buscando retratar a realidade de forma complexa e profunda.
24

O trabalho serviu-se também da pesquisa bibliográfica que segundo Gil (2002:44), é


desenvolvimento com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e
artigos científicos. Sustenta ainda o autor que a principal vantagem da pesquisa bibliográfica
reside no facto de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenómenos mais
ampla do que aquela que poderia pesquisar directamente. Essa vantagem torna-se
particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo
espaço.

Neste caso, pesquisou-se fontes bibliográficas (livros, artigos e documentos científicos)


referentes ao tema e objectivos que enaltecem a pesquisa, com maior destaque: o lugar das
autoridades tradicionais na sociedade Moçambicana.

Para a colecta de dados, além dos dados obtidos a partir de documentos, artigos científicos e
obras literárias que fazem abordagem do tema em estudo, foi realizada uma entrevista semi-
estruturada no distrito de Nicoadala.

Os dados foram colectados junto a uma representação de duas localidades do distrito de


Nicoadala (Namacata e Maquival).

Para a análise e interpretação de dados sobre o conhecimento que os régulos e a


comunidade têm acerca do tema foi elaborado um questionário de perguntas abertas. As
respostas apresentadas pelos entrevistados serviram de base para a análise e interpretação. E é
a partir das análises e interpretações das respostas que se avalia o nível de percepção do tema
por parte dos entrevistados.

A pesquisa realizada junto a uma representação das autoridades tradicionais e certas


individualidades que fazem parte da jurisdição destes líderes (Nicoadala) vai possibilitar
maior compreensão do lugar ocupado pelas autoridades tradicionais na sociedade e o seu
reflexo no sucesso da governação aberta e da implementação de programa de
desenvolvimento comunitário.

0.5 Amostra

No presente trabalho, pretende-se fazer o desenvolvimento do trabalho, usando uma


amostragem aleatória simples que de acordo com GIL (2002:121), cada elemento da
população tem oportunidade igual de ser incluído na amostra, sendo que o uso deste
25

procedimento será tão importante, uma vez que facilita o processo da escolha dos
intervenientes.
Igualmente, será usada a Amostra Representativa, sabendo que há impossibilidade de
questionar toda a população, deve-se recorrer a amostra e porém para que a amostra seja
considerada num estudo sério, fiável e de responsabilidade, deve ser uma amostra
representativa.
Neste caso, para a realização do presente trabalho científico foram inqueridos quinze (15)
representantes residentes nas localidades acima referidas com o objectivo de verificar qual é a
percepção que tem em relação ao lugar ou actividades que competem as autoridades
tradicionais.

Tabela 1: Representação de n°. de entrevistados por Localidade

Locais seleccionados Régulos Membros da comunidade


Namacata 2 5
Maquival 2 6
Fonte: Elaborado por autor do trabalho a partir dos dados colhidos no terreno.
26

3.3.Local de pesquisa
A pesquisa será realizada na província de Sofala, distrito do Búzi, concretamente no Posto
Administrativo de Estaquinha, as suas coordenadas geográficas são 19 ° 58 '39 "sul, 34 ° 8'
29" do Leste e tem como limites geográficos a:

Norte – Localidade de Guara-Guara


Sul – Distrito de Machanga e Localidade de Ampara
Este – Localidade de Bândua e Ampara
Oeste – Distrito Chibabava

Com uma população de habitantes (MAE, 2012:15), composta por muitos grupos
etnolinguísticos, sendo a etnia Ndau maioritária com cerca de 97% da população e uma
superfície é de . INE (2007).

3.4.Fontes De Informação
População

População: é a totalidade dos elementos que apresentam pelo menos uma característica
comum objecto de estudo. (Fazenda:2006)

3.4.1.Amostra por conveniência.


Amostra por conveniência: os elementos são seleccionados de acordo com a intenção do
pesquisador (Mattar, 2001:62). A amostra será de 5% da população do Posto Administrativo
de Estaquinha, distribuídos em 9 povoados.

Determinação da amostra

Nº da população de Estaquinha: 40754Nº de povoados: 9

Habitantes. Esta é a média de habitantes por povoado, assim,

de
27

3.5.Colecta de dados: Técnicas e Instrumentos


Estudo de campo

Para VENTURA (2002:79) citado por Kumar (2007:8), a pesquisa de campo deve merecer
grande atenção, pois devem ser indicados os critérios de escolha da amostragem (das
pessoas que serão escolhidas como exemplares de certa situação), a forma pela qual serão
colectados os dados e os critérios de análise dos dados obtidos.

Estudo de caso
“O estudo de caso procura o aprofundamento de uma realidade específica. É basicamente
realizada por meio de observação directa das actividades do grupo estudado e de entrevista
com informantes para captar as explicações e interpretações que ocorrem naquela
realidade” (KUMAR, 2007:8)

Procura o aprofundamento de uma realidade específica. É basicamente realizada por meio da


observação directa das actividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para
captar as explicações e interpretações do ocorre naquela realidade.
Este método nos será útil visto que facilita na concretização do trabalho com a ida dos
pesquisadores ao campo de estudo, onde faremos uma observação e análise dos factos
inerentes a sociedade em estudo de modo a tirarmos constatações que servirão de base para a
sustentação do trabalho e para a aceitação ou a refutação das hipóteses.

A colecta de dados ocorrerá conforme das seguintes etapas:

a) Questionário (técnica):
“É um instrumento de colecta de dados constituído por uma série
ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo
informante, [...]. Objectiva levantar opiniões, crenças, sentimentos,
interesses, expectativas, situações vivenciadas. A linguagem utilizada
no questionário deve ser simples e directa, para que quem vá
responder compreenda com clareza o que está sendo perguntado”
(Gerhardte Silveira, 2009:69)

Far-se-á uma colecção de questões que serão colocadas à população (ver apêndice 2).
28

b) Pesquisa electrónica (técnica) – “É constituída por informações extraídas de


endereços electrónicos, disponibilizados em home page e site, a partir de livros,
folhetos, manuais, guias, artigos de revistas, artigos de jornais, etc.” (Gerhardte
Silveira, 2009:69). Foi utilizado para recolher informações para o enriquecimento do
trabalho.
c) Entrevista (técnica): “constitui uma técnica alternativa para se colectarem dados
não documentados sobre determinado tema. É uma técnica de interacção social, uma
forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca obter dados, e a outra se
apresenta como fonte de informação” (Gerhardte Silveira, 2009:72).

Será aplicada no decurso do trabalho de campo, que permitirá obter informações a partir dos
intervenientes neste caso os líderes comunitários, funcionários da Secretaria do Posto
Administrativo, assim como o Chefe do Posto (ver apêndice 1).

d) Estabelecimento de categorias (técnica): “para que as informações possam ser


adequadamente analisadas, faz-se necessário organizá-las, o que é feito mediante seu
agrupamento em certo número/ grupo de categorias”. (Gerhardte Silveira, 2009:81)
Para este trabalho teremos três grupos de categorias: chefe do posto, líderes
comunitários e a população.

Análise dos dados

Considerando-se a importância e as dificuldades que poderiam ocorrer nesta etapa de


pesquisa, será utilizada, visando garantir o máximo possível, a qualidade e a objectividade, a
técnica da análise quantitativa.

Os dados colectados serão digitados em arquivo electrónico e a análise de dados será


efectuada com auxílio de planilha electrónica do Microsoft Excel.

Nessa análise realizaremos a partir dele as possíveis análises quantitativas que serão
fundamentados a partir da utilização de estatística.
29

4.CRONOGRAMA

Período (Meses) Abr. Mai. Jun Jul Ago. Set Out Nov Dez

Organização do material X X

Montagem do projecto X X

Recolha de dados X X

Tratamento de dados X

Elaboração de síntese X X

Revisão de síntese X

Entrega do trabalho X

Tabela 1. Fonte do autor

5.ORÇAMENTO

Ord. Descrição Quantidades Preço Total


Unitário

01 Resma de papel A4 02 290,00 520.00

02 Esferográficas 10 10,00 100.00

03 Blocos de apontamentos 2 100,00 200.00

04 Flash 2GB 1 550,00 550.00

05 Máquina Cientifica 1 250,00 250.00

06 Deslocação ao campo de pesquisa 10 250,00 2.500.00

07 Consulta de obras nas bibliotecas e Internet 10 275,00 2.750.00

08 Digitalização, impressão e encadernação 350 10,00 3500.00


30

TOTAL 10.370,00

Tabela 2. Fonte do autor

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Review. vol. 40, 2006.
"Resgatado o Papel dos Lideres Locais". Noticias, Maputo, (07/09/2009):1.
Muhamud Matsinhe. "Maria da Luz Guebuza Enaltece Autoridades". Noticias, Maputo,
(07/09/2009):2.
Lei n.º 12/78, de 12 de Dezembro, art. 38.º.
Lei n.º 10/92 de 6 de Maio.
Lei n.º 4/92 de 6 de Maio.
Lei n.º 19/97, de 1 de Outubro.
Lei n.º 6/94, de 13 de Janeiro e Decreto n.º 54/95, de 13 de Dezembro.
34

Apêndices
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Apêndice 1: Questionário para Régulos.

Nome: .................................................................................................................................
.....

Idade:...................................................................................................................................
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1. Há quanto tempo é Régulo?

.............................................................................................................................................
..........

2. Sente-se satisfeito com o lugar que ocupa na Comunidade? Porque?

.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
....................

3. Como é que se relaciona com a Comunidade?

.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
....................

4. Como é que se relaciona com o Governo?

.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
....................

5. Que acções o Governo têm realizado dentro do Posto Administativo que necessita da
colaboração da Comunidade?
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.............................................................................................................................................
....................

6. O que faz para ligar a Comunidade com o Governo?

.............................................................................................................................................
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....................

7. Acha que a Comunidade valoriza o teu papel?

.............................................................................................................................................
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37

Obrigado!

Apêndice 2: Questionário para Membros da Comunidade.

Nome:..................................................................................................................................
..........

Idade:...................................................................................................................................
.

Profissão :............................................................................................................................
..

1. Já ouviu falar dos líderes Comunitários (Régulo)?

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.............................................................................................................................................
...................

2. O que entende por líderes comunitários (Régulo)?

.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
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3. Qual o papel dos líderes comunitários na governação do país?

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.............................................................................................................................................
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4. Que relação existe entre a comunidade e o Régulo?

.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
....................

5. Alguma vez se benefeciou dos serviços do Régulo?

.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
....................

6. Será que a Comunidade oferece o respeito que o Régulo merece?

.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
....................

Obrigado!

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