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Experiência humana dos sintomas e do sofrimento; O que o clínico produz processando as queixas em
como o doente, os membros de sua família ou sua termos técnicos; é o problema visto da perspectiva do
rede social mais ampla percebem, convivem e clínico; em termos do modelo biomédico trata-se de
respondem aos sintomas e incapacidade; experiência uma alteração da estrutura ou do funcionamento
vivida de monitoramento de processos corporais. biológico.
“Não existe nome para esta dor. Os nomes das doenças não refletem os tormentos que elas infligem. Eles só
exprimem as fantasias dos médicos, talvez os seus medos obscuros, o seu orgulho de descobridores. Eles
pensam que assim fazem o seu trabalho. Mas a doença nos possui. Nomeá-la, compreendê-la, só nos oferece
um poder ilusório sobre ela” (Marin, op.cit, pp.21-22).
Normal X Patológico
Saúde: a vida no silêncio dos órgãos
- A medicina existe porque há homens que se sentem doentes e não porque há médicos que os informam
de suas doenças.
Relato...
“Eu não me identifico mais com a minha imagem refletida no espelho. As transformações físicas são
rápidas demais para que o esquema corporal interior se adapte a elas. A memória conserva piedosamente a
relíquia daquela que eu era. Ela se aproveita para idealizá-la e torna ainda mais cruel a comparação”
(Marin, op.cit., p.23).
Doença...
Doença: julgamento de valor virtual (valor negativo)
Normal: valor e fato - equivoco facilitado pela tradição realista, pela qual toda generalidade indica uma
essência, um caráter comum adquire valor de tipo ideal.
- A vida que faz do normal biológico um conceito de valor e não um conceito estatístico
- “...a vida não é indiferente às condições nas quais ela é possível...a vida é polaridade e por isso mesmo,
posição inconsciente de valor...a vida é, de fato, uma atividade normativa
- Patológico deriva de pathos: afecção, “...sentimento direto e concreto de sofrimento e de impotência,
sentimento de vida contrariada.”.
‘Norma’...Normal
- Um traço humano seria normal porque freqüente ou seria freqüente porque normal?
- Como decidir, só com base em procedimentos estatísticos, dentro de que intervalos de variação com relação à
uma posição média teórica os indivíduos ainda podem ser considerados normais?
- É a atividade normativa biológica dos organismos que avalia e prefere certos estados e comportamentos com
referência a determinados meios e por isso os escolhe, tornando-os mais freqüentes.
- As médias fisiológicas não registram objetivamente o normal tal como ele é, sempre foi e sempre será. O que
elas registram são as “latitudes funcionais” conquistadas pela espécie humana.
• A fronteira entre o normal e o patológico é imprecisa para diversos indivíduos
• Aquilo que é normal, apesar de ser normativo em determinadas situações, pode se tornar
patológico em outra situação.
• O indivíduo é que avalia essa transformação porque ele é que sofre suas conseqüências, no
próprio momento em que se sente incapaz de realizar as tarefas que a nova situação lhe impõe.”
K.Goldstein (1878-1965)
- Inicialmente seguidor de Wernicke, em Breslau.
- Critica a correspondência entre sintoma e localização de função → vários mecanismos convergem para a
formação do sintoma
- Sintomas: respostas do organismo como um todo às solicitações do ambiente.
“Esta espécie de composição que ocorre entre o organismo e o mundo ambiente é o que nós chamamos da
lei biológica fundamental(...) a mesma mudança exterior, o “mesmo estímulo”, pode agir de modos muito
diferentes” (Goldstein, 1934[1983], p.96).
Doença: não mais uma situação de privação, de falta de um atributo ou capacidade que faz do doente
um ser diminuído.
O doente é um ser modificado em sua individualidade que mesmo quando é capaz de chegar aos
mesmos desempenhos de que era capaz antes da doença agora o faz percorrendo caminhos diferentes
dos anteriores.
“O discurso da doença é quase sempre negativo, discurso da restrição e da renúncia. Ele lembra o que não
podemos fazer. Código da vida, revisto e empobrecido. (…) Mas a doença também desperta uma sensibilidade
que estava adormecida.(…) Ela introduz um novo ritmo. Não, como poderíamos crer, o ritmo lento daqueles
cujos corpos são freados pelas dores. Ao contrário, ela acelera a existência. (…) A doença exalta e excita. (…)
Ela nos mergulha no vivo da vida, na sua desmedida…” (Marin, op.cit., pp.9-10)
Saúde: margem de tolerância às infidelidades do meio
“...limitar os esforços e os riscos mata pouco a pouco as esperanças. A gente se fecha em uma existência
na qual nada mais nos motiva, nos excita, na qual nada mais nos mantem vivos. Uma existência morna,
repetitiva, enevoada(...)” (Marin, op.cit., p.18).
Foucault e o Biopoder
Dois pólos de desenvolvimento no exercício de poder sobre a vida:
o Disciplinas: anátomo-política do corpo humano;
o Intervenções e controles reguladores: biopolítica da população;
Sociedade de normalização: não é uma sociedade disciplinar generalizada, mas uma sociedade na qual se
cruzam e se articulam a norma da disciplina e a norma da regulação
MODELO BIOMÉDICO X SUBJETIVIDA – SLIDE
Contexto histórico...
- Século 20 existiram as primeiras manifestações negativas no interior da medicina sobre a forma em que esta
se achava constituída, privilegiando-se a doença e não o doente.
- Medicina psicossomática
- Foi através de Michel Balint que as críticas em relação ao modelo médico tiveram uma grande repercussão
mundial
- Trazidos à tona a necessidade de se resgatar a relação humanizada entre médico-paciente e direcionar a escuta
terapêutica não só para os relatos objetivos da doença, mas para todos os aspectos psicológicos que permeiam o
adoecer.
- Lugar, ou o não-lugar, que os fenômenos subjetivos relacionados ao adoecimento ocupam nesse modelo
- Papel condicionante que as teorias correntes acerca das categorias diagnósticas e de sua gênese têm no modo
como o médico traduz o sofrimento que seus pacientes apresentam
- Supervalorização de aspectos objetiváveis, traduzidos em doença, e deixando de lado o universo subjetivo do
sofrer.
Atualmente...
- Crítica ao reducionismo - organicista da medicina vigente
- No campo da saúde coletiva a emergência de novas abordagens para se pensar o adoecimento:
Clínica ampliada
Transformação do modelo
Produção do cuidado Inserção de novos saberes
Tecnoassistencial
Diagnóstico
Intervenção
terapêutica
Território da
Seara da ciência “arte”
Promove Permeada de
dicotomia incerteza
Impossibilidade Possibilidade de
de erro fracasso
Fragmentação Compartilhada
do paciente com o paciente
- O referencial da clínica médica passa a ser a doença e a lesão
- O objetivo do médico é identificar a doença e a sua causa
- O sofrimento do paciente torna-se irrelevante
Tensão...
- Embora a biomedicina tente se adequar ao modelo preconizado pela ciência, o médico em sua prática clínica
não consegue cumprir este ensejo, pois a subjetividade apresenta-se em vários momentos: Na sua experiência,
nas interpretações dos exames, ao tomar decisões e julgamentos.
Objetivação...
- Nem todas as manifestações da doença podem ser explicadas a partir do modelo doença-lesão
- Doenças que não se encaixam nos referenciais da biomedicina tornam- se um problema para o diagnóstico
- Coloca em xeque o saber médico,
- Estes pacientes possuem persistentes sintomas físicos sem que o médico possa detectar uma doença.
- Termos em medicina para nomear estas manifestações: “distúrbio conversivo ou dissociativo”, histeria,
somatização, neurose conversiva, distúrbio neurovegetativo.
1. Dramatização; 2. Chilique; 3. Frescura; 4. Piripaque;
Ele (médico) diagnostica esta coisa como “piti”, diagnóstico que tem como função desqualificar o sujeito tanto
quanto ele se sente agredido, desqualificado e impotente diante de um doente que pela própria doença tenta
derrogar o seu saber de mestre.
Kuhn: paradigmas e anomalia
Paradigma Anomalia
Descoberta fora do
Leis e teorias
padrão
Aplicação e
Paradigmático
instrumentalização
Consolidação do
Resistência
conhecimento
- A transição paradigmática é marcada por uma ruptura
- Abandona-se toda a tradição científica anterior e introduz-se uma nova, a qual é guiada por teorias e regras
- Métodos completamente diferentes dos vigentes
- A revolução científica implica rompimentos e não processos cumulativos.
N om eação C la ss ific a ç ã o O rd e m
- Desde o final do século passado, cresce no campo científico a consciência de que a ciência se configura cada
vez mais como uma prática de construção de modelos e solução de problemas num mundo em constante
mutação (Samaja, 1996; Maturana, 2001);
- Necessário interrogar a ciência sendo capaz de possibilitar articulações possíveis, restituindo ao sujeito o lugar
que a ciência lhe destituiu.
- A saúde tem demandado um profissional que não sabe de medicina, nem dos avanços científicos, mas
certamente quer um saber sobre os efeitos disto tudo no ser humano (Secchin, 2006).
Biomedicina e Subjetividade:
Um Diálogo Possível?
“A saúde, assim como a doença, se inscreve num corpo que é simbólico, marcado pela linguagem, pelos
códigos culturais, o que impede sua representação e restabelecimento apenas por processos bioquímicos e
imunológicos”. (Joel Birman, 1999).
“Incluir exceções à regra constitui a tarefa do profissional da saúde, visto que a subjetividade só se
apresenta como não-normativa”.
Discurso médico X Subjetividade
- Na atualidade, o saber médico se esforça por reduzir a clínica a uma leitura fisicalista dos fenômenos,
determinando o diagnóstico classificatório e prescindindo do sujeito.
- O discurso da ciência, em nome do bem-estar, apresenta significantes singulares como proteção, assistência e
prevenção e acaba por se colocar como agente do saber que move a verdade.
- O discurso da medicina provoca um assujeitamento do outro.
- Os Impasses em lidar com o discurso do médico são reais, o importante é não invalidar o discurso dos outros
profissionais, mas ampliá-los – tensão que pode favorecer a construção.
- É oportuno salientar que os discursos, no que concerne a saúde, doença coexistem e podem circular no mesmo
espaço, tendo cada uma a sua relevância para o processo de adoecimento.
- Essa convivência não deve se dá de forma complementar, mas cada uma, com o seu saber, deve ocupar o lugar
que lhe é destinado na relação com o paciente.
- Estabelecer uma aliança de trabalho com a equipe é fundamental, e compreender como as ideias dos
profissionais a respeito de sintomas inexplicáveis podem atravessar os atendimentos e a escuta dos pacientes.
- Cada profissional ocupa, um lugar que lhe é próprio na dinâmica transferencial.
- A multiplicidade de conhecimentos contribui, pois tratamos de um campo onde a verdade absoluta sobre o
sujeito passa longe da existência.
Atenção
Infra-
Gestão estrutura
Modelos de Atenção
- Conceito de modelo (?) ------------Ignora as variações internas
- Norma/padrão/enquadramento
Prevenção
Medicina preventiva
Medicina comunitária
Atenção de alta
Atenção Primária Atenção média
complexidade
Perfil epidemiológico
Promoção da saúde
- Visa a garantia de igualdade de oportunidades, elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis;
- Ação comunitária
MODELO MÉDICO
SANITARISTA
Biologicista Controle epidemiológico
Medicalizante Campanhas políticas
MODELO
Lógica curativa
Distritalização
Critérios geográficos/populacionais/epidemiológicos
Ações programadas
Vigilância da saúde
Controle de risco
Lógica assistencial
Acolhimento