Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ANATOMIA
PATOLÓGICA
Paradoxos do contrato médico
Poderíamos reescrever o contrato médico nos termos de uma
série de paradoxos.
•O primeiro: a pessoa humana não é
uma coisa e, todavia, o seu corpo é
uma parte da natureza física
observável.
• Segundo paradoxo: a pessoa não é uma mercadoria, nem a
medicina um comércio; mas a medicina tem um preço e tem
custos para a sociedade.
• Último paradoxo, que recobre os dois precedentes: que o
sofrimento é privado, mas a saúde é questão pública.
Ricouer, P. Os Três Níveis do Juízos Médicos. Universidade da Beira Interior: Covilhã, 2010.
OBJETIVO x SUBJETIVO (Searle)
•ONTOLÓGICO
objetivo x subjetivo
•EPISTÊMICO
objetivo x subjetivo
Naturalismo
Teoria bioestatística Boorse
x
Normativismo
...Nordenfelt, Fulford, Engelhardt
Boorse Naturalismo
• (3) a noção de metas vitais. - necessidades humanas fundamentais + metas estabelecidas pelo
próprio agente. // Nesta concepção, uma pessoa está feliz se julga que aspectos importantes
de sua vida correspondem a suas expectativas.
• Medicina de Dados
• Metas
• Índices
• desempenho
• Taxas
• Indicadores de risco
• Médias
• Algoritmo de decisão
• Classificação de Risco
O Paciente como desvio - Talcott Parsons
“Papel do doente”
• (1) Incapacidade do indivíduo - algo que está fora do exercício de sua
escolha, de forma que ele não é visto como alguém responsável por ela.
Para seu restabelecimento é necessário algum processo curativo, além
da própria motivação.
• (2) Sua incapacidade é uma razão determinante para que ele seja isento
de obrigações morais.
• (3) Estar doente é, portanto, ser capaz de ter legitimamente um
comportamento desviante.
• (4) A partir do momento em que a pessoa que sofre, espera-se que ela
procure ajuda competente e que coopere com as tentativas feitas para
fazê-la voltar a se sentir bem.
Papel do doente exige >> ajuda competente, ou seja, que adote o papel de
paciente. As funções do papel de doente colocam o desviante nas mãos
do médico.
A partir do Paciente Deficiência...
• Paul Hunt, Abberley etc.. [UPIAS], 1976 UNION OF THE PHYSICALLY IMPAIRED AGAINST
SEGREGATION, no Reino Unido. Primeira organização de deficientes criada e gerida por
deficientes. Uma entidade de e para deficientes, resistência política e cultural ao modelo
médico de normalidade.
- não entender como uma ‘tragédia pessoal’, mas uma questão social > estratégia do
UPIAS, redirecionar o foco político / redefiniu deficiência em termos sociológicos, além
do biomédico. Lesão é um dado corporal isento de valor, deficiência é interação do
corpo com lesão em uma sociedade discriminatória. “Minha lesão não está em não
poder andar, mas na inacessibilidade do ônibus”
• - a visão marxista da opressão da sociedade foi o principal fio condutor; deficiente com
redutor da produtividade.
• Teoria da deficiência como opressão: 1- ênfase na origem social da deficiência;
2- reconhecimento das desvantagens sociais etc…; 3- produção histórica e não resultado
da natureza; 4- reconhecimento do valor da vida; 5- garantir justiça social aos deficientes.
A partir do Paciente Deficiência...
• 1980 – OMS lança o ICIDH – Lesão (dano)– qq perda ou dano da estrutura fisiológica,
psicológica ou anatômica de estrutura ou função; Deficiência – restrição ou falta
resultante dessa perda para executar algo ‘normal’ para os humanos; Handicap é o
resultado individual dessa perda ou deficiência para executar uma atividade esperada
para o normal.
• Um revigoramento do modelo biomédico. Um modelo de adaptação do CID - Philip
Wood; muito criticado pela corrente sociológica:
• 1- desenvolvido por pessoas sem deficiências, sem a experiência fenomenológica..;
• 2- um modelo moral, de humanidade normal e desvios..;
• 3- o retorno da ideia de que a lesão é que exclui, e não a deficiência social que separa..;
• 4- afasta o debate sociológico sobre a exclusão, empurra em direção à medicalização, ao
tratamento da lesão…;
• 5- questão política, localizando o problema no indivíduo, não no social. Medicalizou a
deficiência.
Deficiência...
Exemplos:
• Lesão sem limitação de capacidade – cicatrizes
• Expectativa de doença sem limitação ou incapacidade –
Huntington, HIV + assintomático
• Lesão e limitação, mas sem restrição de capacidade – cadeirante
em ambiente preparado
• Restrição de desempenho e limitação de atividade sem lesão
aparente – doenças crônicas, DAC, DPOC..
• Restrição de desempenho, mas sem limitação de atividade ou
capacidade e sem lesão aparente – estigmatizados de doença
mental
Deficiência...
• A crítica feminista.
• A primeira é que a melhora das condições de acessibilidade conduz o indivíduo para a mesma
exploração capitalista acusada de causadora da segregação… ou seja, segrega pq tem baixa
produtividade, então melhoremos a acessibilidade, para que se melhore a produtividade…;
• A corrente sociológica lutava pelo reconhecimento da causa e perspectiva social e não pensou
no sofrimento individual, na dor subjetiva.
1. Futuros pais podem não apenas ser permitidos - presume-se que sim - mas
moralmente obrigados, pelo menos em certas circunstâncias, a valer-se
tecnologias e tomar medidas ativas para detectar a deficiência de seus filhos?