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mas, ao contrário, os aproxima do doente. E por fim Goldstein em matéria de patologia diz
que que a norma é antes de tudo uma norma individual.
Em resumo, o texto considera a vida uma potência dinâmica de superação e que são
os doentes que geralmente se julgam. O texto traz exemplos de acidente de trabalho os
quais o trabalhador passa por adaptação do novo (limitação de movimento), e que o médico
muitas das vezes limita-se a entrar em acordo com seus clientes para definir o normal e o
anormal. Estar doente significa ser nocivo, ou indesejável, ou socialmente desvalorizado.
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relação ao ambiente em que se encontra, indo além de simples medidas estatísticas para
considerar a saúde como um estado de equilíbrio dinâmico e funcional.
Canguilhem aponta que a fronteira entre o normal e o patológico – sadios e doentes
– frequentemente se dá por uma comparação com uma norma resultante da média
esperada para uma população específica. Ainda que consideradas as exigências e o rigor
do método científico, o autor afirma que uma média, obtida estatisticamente, não permite
afirmar que determinado indivíduo é normal ou não. Existencialmente, o relevante não é a
norma estatística, mas os desdobramentos e desencontros impostos à vida da pessoa e as
consequências biopsicossociais que as intervenções focadas estritamente na dimensão
biológica podem gerar.
O indivíduo é quem avalia a transformação do normal em patológico, porque é ele
quem sofre as consequências no momento em que se sente incapaz de realizar as tarefas
que a nova situação lhe impõe. É a partir do julgamento individual de estar doente que cada
pessoa sente a necessidade de procurar assistência.
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esperada ou apreciada por uma outra ordem que de nada nos serve e que temos de
suportar.
"Ser sadio, diz Goldstein, é ser capaz de se comportar ordenadamente, e isso pode
ocorrer apesar da impossibilidade de certas realizações que antes eram possíveis. No
entanto... a nova saúde não é a mesma que a antiga”.
Curar, apesar dos déficits, sempre é acompanhado de perdas essenciais para o
organismo e, ao mesmo tempo, do reaparecimento de uma ordem. A isso corresponde uma
nova norma individual. Pode-se compreender o quanto é importante reencontrar uma ordem
durante a cura se atentarmos para o fato de que o organismo parece, antes de tudo, querer
conservar ou adquirir certas peculiaridades que lhe permitirão construir essa nova ordem.
Essas novas constantes garantem a nova ordem. Só podemos compreender o
comportamento do organismo curado se prestarmos atenção a isso. Não temos o direito de
tentar modificar essas constantes, só criaríamos, assim, uma nova desordem.
A vida não conhece a reversibilidade. No entanto, apesar de não admitir
restabelecimentos, a vida admite reparações que são realmente inovações fisiológicas. A
redução maior ou menor dessas possibilidades de inovação dá a medida da gravidade da
doença.
A expressão "infidelidades do meio" se refere às mudanças e perturbações que o
ambiente pode apresentar, tais como variações de temperatura, exposição a agentes
patogênicos, alterações na dieta, entre outros fatores externos que podem afetar o
organismo. Essas "infidelidades" representam as condições não constantes e muitas vezes
imprevisíveis do ambiente em que vivemos.
Ao dizer que a saúde é uma "margem" a essas infidelidades, Canguilhem está
enfatizando a capacidade adaptativa e regulatória do organismo. Uma pessoa saudável é
capaz de lidar com uma variedade de condições e desafios ambientais sem entrar em
estado de desequilíbrio patológico.
Essa perspectiva destaca a ideia de que a saúde não é uma condição estática, mas
sim um processo dinâmico de adaptação contínua ao ambiente. A capacidade de manter um
estado de equilíbrio mesmo diante das variações do meio é um sinal de saúde funcional.
O homem só se sente em boa saúde — que é, precisamente, a saúde — quando se
sente mais do que normal, isto é, não apenas adaptado ao meio e às suas exigências, mas,
também, normativo, capaz de seguir novas normas de vida.
A possibilidade de abusar da saúde faz parte da saúde. Não foi, evidentemente, com
a intenção expressa de dar aos homens essa impressão que a natureza fez seus
organismos com tal prodigalidade: rim demais, pulmão demais, paratireóides demais,
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pâncreas demais, até mesmo cérebro demais, se limitássemos a vida humana à vida
vegetativa. Tal modo de pensar expressa o mais ingênuo finalismo. No entanto, a verdade é
que, sendo feito assim, o homem se sente garantido por uma superabundância de meios
dos quais lhe parece normal abusar.
Se deixarmos, agora, essas análises para voltar ao sentimento concreto do estado
que elas procuraram definir, compreende-se que, para o homem, a saúde seja um
sentimento de segurança na vida, sentimento este que, por si mesmo, não se impõe
nenhum limite.
V FISIOLOGIA E PATOLOGIA
Definir a fisiologia como ciência das leis ou das constantes não é rigorosamente
exato por duas razões:
1)O conceito de normal não é um conceito de existência e por isso não pode ser medido
objetivamente.
2)O patológico deve ser compreendido como uma espécie do normal, porque o anormal é
um normal diferente.
A fisiologia é uma ciência e é fácil definir por meio de seu método o modo como ela
é uma ciência. Mas não é fácil definir por meio de seu objeto de que ela é a ciência.
Woelfflin diz que o artista barroco vê o olhar e não olho, vê na natureza o que está
inacabado.O homem da época barroca não se interessa pelo que é, e sim pelo que vai ser.
Do mesmo modo, Sigerist diz sobre o médico: “ele não vê o músculo, mas sua contração e o
efeito que ela produz”. Eis como nasceu a fisiologia, tendo como objeto o movimento,
abrindo portas ao ilimitado e sendo a ciência dos ritmos estabilizados da vida.
O doente foi o primeiro a constatar um dia que alguma coisa não ia bem. Se não
houvesse obstáculos patológicos não haveria também fisiologia, pois não haveriam
problemas fisiológicos a serem resolvidos.
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semiologia clínica quanto na interpretação fisiológica dos sintomas. Ele enfatiza que o
obstáculo é o que chama o médico e que as normas só são reconhecidas como tal quando
infringidas. Ele argumenta que a vida só se torna consciente e científica de si mesma por
meio da inadaptação, do fracasso e da dor.
O autor também destaca exemplos históricos, como a descoberta da função das
glândulas supra-renais após a remoção acidental em um cão. Ele argumenta que muitas
descobertas em fisiologia e imunologia surgiram de acidentes e observações clínicas.
Canguilhem defende a importância da patologia na geração de conhecimento
científico e na compreensão das funções normais do organismo, destacando que a doença
desempenha um papel crucial na evolução da medicina e da fisiologia.
O autor explora se a patologia deve ser uma ciência puramente natural, eliminando
considerações teleológicas (ou seja, finalidades ou objetivos) da análise patológica, ou se a
teleologia é útil e inevitável na compreensão da doença.
Argumenta que a patologia não pode ser separada da teleologia, uma vez que as
considerações teleológicas são úteis na prática médica, como no caso de determinar se um
tumor é maligno ou benigno. Eliminar completamente a teleologia da patologia pode
prejudicar a medicina prática e a compreensão dos processos patológicos.
Ele também menciona que muitos patologistas modernos aceitam a importância da
teleologia na patologia, pois se relaciona com a totalidade do organismo e seu
comportamento, o que é essencial para uma compreensão completa da doença. Portanto, a
divisão rígida de trabalho proposta por alguns autores, que separa completamente a
patologia da medicina e da fisiologia, pode ser impraticável e prejudicial para a medicina.
O texto destaca a importância de considerar a teleologia na patologia, pois ela
desempenha um papel fundamental na prática médica e na compreensão das doenças. A
divisão rígida entre ciências naturais e medicina pode não ser viável, e a teleologia pode ser
útil na compreensão dos processos patológicos.
Conclusão
Na conclusão o autor discute a natureza do conceito de "normal" e "patológico" no
contexto da patologia e da medicina. Argumenta que o estado mórbido no organismo vivo
não pode ser meramente considerado uma simples variação quantitativa dos fenômenos
fisiológicos que definem o estado normal. Em vez disso, ele defende a importância de
entender a patologia em relação à polaridade dinâmica da vida.
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