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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA

MESTRADO

CARLOS KLEBER MAIA

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO BÍBLICO NA IGREJA E SUA PROPAGAÇÃO NA


MÍDIA: A EXPERIÊNCIA DA IGREJA ASSEMBLEIA DE DEUS EM GALINHOS/RN

CURITIBA
2

2019
A IMPORTÂNCIA DO ENSINO BÍBLICO NA IGREJA E SUA PROPAGAÇÃO NA MÍDIA:
A EXPERIÊNCIA DA IGREJA ASSEMBLEIA DE DEUS EM GALINHOS/RN

Carlos Kleber Maia1

Resumo
O presente artigo tem o objetivo de destacar a importância do ensino dos
princípios fundamentais da Bíblia Sagrada na igreja, através da ministração da
Palavra, ao verificar que este ensino é considerado um dos mais universais dos
meios da graça para os homens. Como meio da graça, o conhecimento bíblico é
usado pelo Espírito Santo para efetuar a conversão, a santificação, a edificação e o
despertamento espiritual, além de capacitar a igreja para a realização de suas
atividades missionais. Aliado ao método tradicional de exposição das verdades
bíblicas no púlpito, o uso da mídia pode expandir este universo de pessoas
alcançadas pelo ensino bíblico que é ministrado na igreja, para alcançar muitas
outras pessoas em sua comunidade e fora dela. O uso da internet no Brasil tem
crescido muito nos últimos anos, de modo que o “continente digital” constitui um
desafio para a igreja contemporânea, a ser alcançado pelo ensino da Bíblia. Este
meio da graça ministrado na igreja pode ser propagado através da mídia, ampliando
grandemente o seu alcance, como pode-se perceber na experiência da igreja local
em Galinhos/RN, que utiliza a plataforma YouTube para disseminar os estudos
apresentados em seu culto de ensino e tem alcançado bons resultados nesta
expansão por meio da mídia.

Palavras-chave: Educação. Bíblia. Mídia. Igreja. Missão.

Introdução

O ensino das doutrinas bíblicas fundamentais sempre foi um elemento de


fundamental importância para a igreja, para cumprir a missão que ela recebera
1
Mestrando em Teologia (FABAPAR) e Pós-graduado em Teologia do Novo Testamento Aplicada (FTBP),
ministro da Convenção Geral da Assembleia de Deus no Brasil. E-mail: ckmaia@hotmail.com.
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diretamente do Senhor Jesus, ao ordenar que se fizessem discípulos de todas as


nações, e ensiná-los “a guardar todas as coisas que eu tenho ordenado a vocês.”
(BÍBLIA SAGRADA, Mateus 28.20, 2017, p. 1430).
Goheen (2014, p. 171) destaca que o relato de Lucas nos informa que a
comunidade cristã primitiva se dedicou a quatro práticas que funcionariam como
canais pelos quais a vida do Espírito seria nutrida nela, e a primeira delas é ocupar-
se diligentemente com o ensino dos apóstolos, transmitido a todos os cristãos.
O ensino bíblico é essencial para capacitar a igreja para a realização de suas
atividades missionais. Lopes (2010, p. 140) assevera que a educação cristã tem a
tarefa formativa que a igreja realiza com seus membros, para habilitá-los a participar
da vida e dos compromissos de sua comunidade, pois ela “deve objetivar influenciar
a sociedade na busca pela finalidade última da educação, que é Deus”.
Zabatiero (2009, p. 55) valoriza o ensino da Palavra na igreja, como meio de
educação dos crentes, quando afirma que se deve trabalhar para que “se torne
presente a função educacional do culto, para que seu caráter pedagógico seja
valorizado”. Se não se fizer isto, ele questiona: “como pode haver uma educação
transformadora na igreja?”.
O estudo constante, sério e disciplinado da Bíblia é fundamental para o
crescimento espiritual da igreja. Para que a igreja cristã possa manter um
testemunho ativo nesta geração, e para que os cristãos possam crescer e tornar-se
cristãos maduros e eficientes, é da maior importância que os pastores e mestres
providenciem para o povo o verdadeiro ensino fundamentado na Bíblia e que dela se
origina.
Aliado ao uso do púlpito para transmissão do ensino bíblico que é essencial
para a igreja, o uso da mídia pode expandir este universo de pessoas alcançadas
pelo mesmo ensino que é ministrado na igreja, para levar os benefícios da
ministração da Palavra a muitas outras pessoas, em lugares distantes, ou mesmo
pessoas que, embora pertençam à mesma comunidade, estejam, por qualquer
motivo, impossibilitadas de ir ao culto no templo da igreja local.
Para justificar-se o esforço adicional de transmitir a palavra ministrada nos
cultos por meio da internet, e considerando-se que há muitas pessoas que não
viriam à igreja, mas acessam continuamente as redes sociais, parte-se do
pressuposto de que é preciso trabalhar nos meios de comunicação com mais
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efetividade. Se há possibilidade de usar os recursos midiáticos e a realidade da


utilização em massa destes meios, pela população em geral, e pelos cristãos em
particular, obriga a essa situação, deve-se falar de Jesus utilizando as tecnologias
que estão à disposição para evangelizar a todos.
Paes (2003), ao relacionar princípios que são, em sua avaliação,
indispensáveis para um crescimento saudável e equilibrado da igreja, lista entre
eles: igrejas que tiram grande proveito da mídia, e afirma que por meio da mídia o
evangelho tem chegado a lugares em que um pregador não chegaria por vias
tradicionais, dado o seu poder de penetração.
A Igreja cresce através das redes de relacionamentos naturais (família,
colegas de trabalho, amizades, etc.). Tudo aquilo que não cresce vai se
degenerando. Isso vale para as pessoas, as comunidades e também para a missão
da igreja. Evangelho é vida e é parte da sua essência crescer e propagar a nossa fé.
Por isso, a importância da propagação da Palavra de Deus no mundo atual,
utilizando-se, inclusive, os meios de comunicação.
O objetivo deste artigo, primeiramente, é estabelecer a importância do
ensino bíblico na igreja, baseado, principalmente, no fato concreto de que as
Escrituras são um meio da graça de Deus para os homens, que visa a sua salvação,
edificação, santificação e despertamento espiritual.
Em seguida, pretende-se analisar o uso da internet, pela população
brasileira e como este meio da graça, a Palavra de Deus, ministrada na igreja, pode
ser propagado através da mídia, visando ampliar o seu alcance a outras pessoas.
Na última parte, apresentaremos o caso da igreja local em Galinhos/RN
(Igreja Assembleia de Deus), a sua experiência na divulgação dos vídeos que
registram a ministração da Palavra em seus cultos de ensino, e os resultados
alcançados nesta expansão por meio da mídia.

A Bíblia é um Meio da Graça

“Meios da Graça”, segundo define Wiley (1990, p. 436), são “canais


divinamente designados por Deus través dos quais as influências do Espírito Santo
são comunicadas à alma humana”. São coisas específicas que Deus concedeu aos
crentes para ajudá-los a desenvolverem sua salvação, fazerem as boas obras que
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Ele determinou e a crescerem na graça. Embora a expressão “meios da graça” não


se encontre na Bíblia, é uma designação adequada para aquilo que está ali
ensinado.
Grudem (1999, p. 801) define os meios da graça como “quaisquer atividades
na comunhão da igreja que Deus usa para distribuir mais graça aos cristãos”, e lista
como primeiro item na lista destes meios: o ensino da Palavra de Deus, ou seja, a
exposição dos princípios revelados por Deus, conforme foram registrados na Bíblia
Sagrada.
Há dois tipos de meios da graça: os particulares (palavra, oração) e os
públicos (adoração, Ceia do Senhor, Batismo). Enquanto a teologia católica enxerga
estes meios como “meios de salvação”, a teologia protestante os vê como sendo
apenas meios de alcançar as bênçãos de Deus, pois a salvação é garantida pela
obra de Cristo (GRUDEM, 1999, p. 802). Destaca-se que, em si mesmos, estes
meios da graça são completamente ineficientes e só produzem resultados espirituais
positivos mediante a eficaz operação do Espírito Santo.
A Palavra de Deus é um dos meios universais da graça, e é pela pregação
que se administra a graça aos ouvintes. Wiley ressalta que a Bíblia deve ser
pregada conforme a direção do Espírito Santo e buscando instruir os cristãos nas
verdades do evangelho:

É importante que esta pregação seja em demonstração do Espírito e de


poder (1 Co 2.4), porque à parte da operação do Espírito sobre os corações
humanos a Palavra carece de poder. Deriva a sua eficácia como um meio
da graça apenas quando se transforma em instrumento do Espírito. Para ser
completamente efetiva, a Palavra deve ser pregada para a ‘doutrina’ ou
instrução nas verdades do Evangelho; para a ‘repreensão’ de negligência ou
fracasso; para a ‘correção de tendências errôneas’, e para a ‘educação’ na
justiça ou na arte de viver santamente (2 Tm 3.16).” (WILEY, 1990, p. 436,
437).

A eficácia da Bíblia, de comunicar a graça de Deus, depende


exclusivamente de que ela seja um instrumento do Espírito Santo. O livro em si
mesmo não tem poder, seu poder deriva do Seu Autor e Instrutor, Deus.

1. O ensino da Bíblia é um meio de salvação.


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A Bíblia é necessária para a salvação (GRUDEM, 1999, p. 78). Para que


alguém possa ser salvo, ele “precisa ler a mensagem do evangelho por si mesmo,
ou ouvi-la de outra pessoa” (idem).
A Bíblia reivindica para si mesma esta indicação de ser um meio para
salvação para os homens, pois ela foi escrita para que a humanidade tenha a vida
eterna (Jo 20.31). O apóstolo Paulo escreveu sem sua epístola dirigida aos cristãos
de Roma que o evangelho é poder de Deus para salvação de todo aquele que crê
(Rm 1.16). Ele também afirma, em sua carta endereçada aos cristãos da cidade de
Corinto, que Deus resolveu salvar os crentes pela loucura da pregação (1 Co 1.21),
e na sua epístola enviada a Timóteo, que as sagradas letras podem tornar o homem
sábio para a salvação (2Tm 3.15).
Também o apóstolo Pedro, dirigindo-se aos cristãos espalhados nas regiões
do Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, afirma que o crente é regenerado pela
Palavra de Deus (1Pe 1.23). Tiago, o irmão de Jesus, em sua epístola universal,
também contribui para fundamentar este ponto, pois assevera que fomos gerados
pela verdade da Palavra (Tg 1.18).
A pregação do evangelho é um meio da graça de maior importância para
alcançar os homens que estão perdidos (Rm 10.13-17; 1Co 1.17,18; Lc 24.47; At
1.8). Conforme observamos no livro histórico do Novo Testamento, Atos dos
Apóstolos, o crescimento da igreja está diretamente ligado à proclamação do
evangelho (At 6.7; 12.24; 13.49).
A salvação se dá unicamente pela fé em Jesus como Salvador (Ef 2.8,9),
mas para crer em Cristo é preciso conhecer a verdade do evangelho, que se revela
nas Sagradas Escrituras. Logo, a Bíblia é instrumento de Deus para a salvação. Não
há rotas alternativas de salvação, à parte da revelação de Deus no evangelho. O
carcereiro na cidade de Filipos foi sacudido pelo terremoto, mas alcançou a salvação
por meio da pregação de Paulo, baseada no evangelho de Jesus (At 16.25-34).
Goheen (2014, p. 245) afirma que o propósito da pregação é “conduzir os
ouvintes a um encontro face a face com Jesus Cristo e com todo o seu poder de
salvação a fim de sermos equipados para a nossa missão abrangente no mundo”.
Como assevera Washer (2013, p. 19), “foi Deus quem designou a ‘loucura da
pregação’ para ser o instrumento que leva a mensagem de salvação do evangelho
ao mundo (1 Co 1.21)”.
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Charles Hodge (apud GRUDEM, 1999, p. 804) afirma que, embora seja
possível, geralmente não há indicação da influência salvadora do Espírito Santo em
lugares onde se desconhece a Palavra de Deus e que “o cristianismo floresceu
proporcionalmente ao grau de conhecimento da Bíblia, ao grau de difusão das suas
verdades entre as pessoas”.

2. O ensino da Bíblia é um meio de santificação.

Os cristãos são santificados, separados do mundo e consagrados a viver


para Deus, quando se unem a Cristo pela fé. O Espírito Santo, através da sua obra
no interior do cristão, o conduz a uma vida de santificação progressiva. O terceiro
meio de santificação é a Palavra de Deus.
Jesus declarou, em sua oração sacerdotal, que o cristão é santificado pela
Palavra de Deus (Jo 17.17; 15.3). A Bíblia é a “água” que lava o homem de suas
impurezas (Ef 5.26). O salmista afirma, no Salmo 199, que guardou a Palavra de
Deus em seu coração para evitar o pecado (Sl 119.11).
Horton (in GUNDRY, 2006, p. 131) explica que este instrumento não está
desvinculado da obra do Espírito Santo nem é adicional a ela, mas que “a Palavra é
a sua principal ferramenta e ele a usa para cumprir a obra na vida e no coração das
pessoas”.
A Bíblia foi escrita por homens chamados de santos, que foram santificados
por Deus, enquanto Ele os inspirava e guiava, por intermédio do Espírito Santo (2Pe
1.21). Ela ensina, principalmente, o que as pessoas precisam saber sobre a pessoa
e o caráter de Deus e quais os deveres que Ele exige daqueles que querem ser
seus filhos. A Bíblia revela os princípios pelos quais Ele julgará a humanidade e
demonstra o supremo padrão pelo qual devem ser averiguados todos os
comportamentos, credos e opiniões dos homens.
Para o homem ser santo, que é uma exigência de Deus para seus filhos,
conforme afirma o apóstolo Pedro (1Pe 1.16), é preciso conhecer a Deus e este
conhecimento é revelado ao homem nas páginas do sagrado livro. Assim, entende-
se que a Bíblia é necessária para a santificação.
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3. O ensino da Bíblia é um meio de edificação.

A Bíblia é o principal instrumento pelo qual Deus fala aos homens. Enquanto
eles leem a Bíblia, Deus os abençoa e os fortalece com tudo que eles necessitam
para seu viver diário. O apóstolo Paulo, durante a sua segunda viagem missionária,
estando na cidade de Mileto, dirige-se aos anciãos da igreja de Éfeso e afirma que
Deus, por Sua Palavra, pode edifica-los e dar-lhes herança entre todos os
santificados (At 20.32).
A Bíblia é necessária para a manutenção da vida do crente, para sua
nutrição espiritual (Mt 4.4). A Palavra de Deus é verdadeiro alimento (Jó 23.12).
Moisés, o grande líder dos judeus no êxodo do Egito para a terra de Canaã afirma
ao povo de Deus que a Palavra lhes daria vida (Dt 32.47). A Bíblia é o “leite” que
alimenta o crente no princípio de sua vida espiritual (1Pe 2.2; 1Co 3.2; Hb 5.12,13) e
o alimento sólido para o que está mais amadurecido (Ef 4.14; Hb 5.14). As palavras
que transmitem graça são úteis para edificação dos cristãos (Ef 4.29).
Além disto, a Palavra de Deus é útil para “o ensino, para a repreensão, para
a correção, para a educação na justiça” (2Tm 3.16), para nos dar esperança (Rm
15.4) e para dar sabedoria (Sl 19.7) aos que se dedicam a ouvir a proclamação das
suas verdades.
O estudo das Escrituras é fundamental para que se possa estabelecer uma
cosmovisão bíblica. Cosmovisão é o conjunto de “pressupostos fundamentais
cognitivos, afetivos e avaliadores que um grupo de pessoas adota sobre a natureza
das coisas e que utiliza para organizar a vida”, segundo a define Hiebert (2016,
p.19). Ele também define cosmovisão bíblica como “a compreensão humana dos
pressupostos básicos das Escrituras” (Op. Cit. p. 291). A Bíblia, portanto, fornece os
pressupostos básicos para organizar a vida humana de acordo com a Sua vontade.
Hiebert (2016, p. 311) destaca a importância da proclamação das verdades
do evangelho para todos, quando afirma que “o evangelismo é central na vida da
igreja, não só para os que são salvos por meio dele, como também para manter a
vitalidade da igreja”.
O conhecimento sobre Cristo e sobre a maneira que o cristão deve viver é
importante tanto para a salvação como para o crescimento na fé, como afirma
Hiebert:
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Conversão, então, é um ponto – uma mudança de rumo. Essa mudança


pode envolver uma quantidade mínima de informações a respeito de Cristo,
mas ela realmente implica uma transformação no relacionamento com Ele –
um compromisso de segui-lo, embora o conheçamos pouco, de conhecê-lo
mais e obedecer-lhe à medida que ouvimos sua voz. Mas a conversão
também é um processo – uma série de decisões que se originam dessa
mudança inicial. Pensando assim, Papayya [um camponês indiano
analfabeto] pode se tornar cristão depois de ouvir o evangelho uma vez,
mas os que o conduzem a cristo têm uma grande responsabilidade em
discipulá-lo, estabelecendo-o de maneira firme em sua nova fé. Sem
discipulado, ele pode se tornar um cristão natimorto, por assim dizer. Ao
longo de sua vida, ele pode crescer na fé; também pode ‘apostatar’.
(HIEBERT, 2016, p. 339-340).

Nascimento (2016, p. 192) afirma a importância do conhecimento bíblico


para a defesa da fé cristã, quando afirma que “o ponto de partida para uma
apologética sadia é o estudo sistemático das Escrituras”, e ampara esta afirmação
no fato de que “nela estão arraigados os fundamentos da nossa crença e os motivos
da esperança que temos em Cristo Jesus”.

4. O ensino da Bíblia é um meio de avivamento.

O avivamento é uma obra da graça de Deus, agindo de maneira


surpreendente entre os cristãos. Stephen Olford (apud Shedd, 2004, p. 11) descreve
o avivamento como “aquela estranha e soberana obra de Deus na qual ele visita o
seu próprio povo, restaurando-o, reanimando-o e libertando-o para receber a
plenitude de suas bênçãos”.
Tanto no surgimento quanto na manutenção dos resultados destes
momentos de avivamento, é fundamental o genuíno ensino bíblico, pois “a teologia
que nega as verdades centrais da Bíblia não tem o poder de transformar vidas,
muito menos de provocar um avivamento” (SHEDD, 2004, p. 15). Observa-se que
este ensino bíblico está intimamente relacionado aos avivamentos, desde o
Pentecostes.
R. O. Roberts (apud SHEDD, 2004, p. 66-68) lista entre as características de
igrejas e indivíduos que necessitam de um avivamento:
a) Quando a busca pela verdade bíblica fica estagnada e os cristãos se
acomodam, pacificamente, com as verdades adquiridas há muito tempo.
b) Quando o conhecimento bíblico é tratado como fato externo e falta uma
aplicação ao coração e à vida.
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Entre os resultados de um avivamento observa-se que muitos têm o seu


surgimento fomentado pelo estudo da Palavra de Deus. Vida sem doutrina gera
misticismo e experiencialismo subjetivista. Avivamento sem doutrina é fogo de palha,
é movimento emocionalista, é experiencialismo personalista e antropocentrista.
Deus tem compromisso com a verdade e a sua Palavra é a verdade e todo
avivamento precisa estar fundamentado na Palavra. O avivamento precisa estar
norteado pelas Escrituras e não por sonhos e visões. Precisa estar dentro das
balizas da Bíblia e não dentro dos muros de revelações subjetivistas, muitas vezes
surgidas apenas da imaginação humana.

4.1. O Ensino da Palavra de Deus Acerca do Espírito Santo Desperta a Busca


pelo Poder do Espírito Santo.

O conhecimento advindo do ensino bíblico desperta o interesse pelo poder e


os dons do Espírito Santo. Aqueles que não têm este conhecimento geralmente não
têm o desejo de buscar esta manifestação do Espírito (At 19.2).
No Pentecostes, Jesus falou que enviaria o outro Consolador e que eles
esperassem em Jerusalém até que fossem revestidos de poder (Lc 24.49). Eles
obedeceram e foram todos batizados. Pedro, em seu discurso inflamado, dirigido
aos moradores de Jerusalém e todos os que presenciaram o derramamento de
poder, aponta-lhes o ensino das Escrituras: esta promessa é para vocês também (At
2.39) e eles continuaram buscando o poder do Espírito Santo.
Nos EUA, o estudo do livro de Atos dos Apóstolos feito pelo professor da
Escola Bíblica Bethel em Topeka (Kansas), Charles Fox Parham, foi fundamental
para o início do avivamento naquela escola. Este estudo despertou William
Seymour, que foi usado por Deus para um grande avivamento na Rua Azusa, em
Los Angeles (1906-1909), que espalhou o fogo pentecostal em muitos países,
inclusive no Brasil (GUNDRY, 2006).
No avivamento ocorrido em Pyongyang, na Coreia, muitas pessoas se
reuniam para orar e estudar a bíblia. Eles testemunharam: “Uma das características
notáveis do grande avivamento desse ano foi a inteira ausência de fanatismo. A
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razão, sem dúvida, foi o acompanhamento do estudo da Palavra” (SHEDD, 2004, p.


46).
A Igreja precisa manter o ensino das doutrinas pentecostais e a busca pelo
poder do Espírito Santo, para que o avivamento perdure.

4.2. O Ensino da Palavra de Deus Pela Pregação Impacta o Coração dos


Ouvintes e Causa Temor de Deus e um Arrependimento Profundo e
Duradouro.

Aconteceu assim no dia de Pentecostes, conforme registrado em Atos dos


Apóstolos. A pregação de Pedro causou um impacto na vida dos que ouviram e
muitas conversões aconteceram, segundo o relato lucano nos informa (At 2.37-41).
Também foi assim em Éfeso, pela pregação do apóstolo Paulo (At 19.17,18).
Jesus afirmou que o Espírito Santo é quem convenceria o homem do pecado
(Jo 16.8) e o apóstolo Paulo assevera que o conhecimento do pecado vem pelo
ensino da Palavra de Deus (Rm 3.20), pois ela é penetrante e reveladora, conforme
nos indica o escritor da epístola aos Hebreus (Hb 4.12,13). Quando a igreja está
cheia do Espírito Santo, o mandamento bíblico é que a exorta: Sede santos (1 Pe
1.16) se torna mais fácil de ser praticado. Isto vira uma realidade na igreja avivada
pelo Espírito que é Santo.
No avivamento que alcançou a Universidade Evangélica de Wheaton em
1950 cerca de 100 alunos foram tomados de um intenso desejo de confessar seus
pecados. Outros alunos foram tocados pelo mesmo desejo e todos foram à frente
para testemunhar e pedir perdão, numa reunião que começou na quarta-feira à noite
e terminou na sexta-feira pela manhã (SHEDD, 2004, p. 69).
No avivamento ocorrido em Nova Jersey, EUA, em meados do século XVIII,
a aflição na alma dos índios produzida pela pregação de David Brainerd foi de tal
intensidade que eles passaram mais de uma hora rolando no chão, pedindo perdão
a Deus (SHEDD, 2004, p. 30).
Em Mapumulo, na África do Sul, a igreja liderada pelo evangelista Stegen
experimentou um avivamento que mudou a história daquele lugar, após a conversão
de muitos feiticeiros e libertação de centenas de pessoas. O avivamento trouxe um
quebrantamento ao coração das pessoas, como descreve Gomes:
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[...] ao sairmos pela porta da frente da casa, encontrávamos cem, duzentos


pecadores endurecidos, chorando como crianças. “O que houve?”,
perguntávamos, e a resposta era: “Somos pecadores”. Era como se o dia do
juízo final houvesse chegado. Lembro-me de um certo pagão zulu de Singa,
um homem adulto, chorando num quarto como se alguém o estivesse
surrando com um chicote. “O que foi?”, perguntei. Ele disse: “Entre mim e o
inferno existe apenas um centímetro”. Quando tentaram consolar os que
sentiram a profunda convicção de pecados com a verdade do sangue de
Jesus que purifica as iniquidades, não acreditaram que Cristo pudesse
perdoá-los, tão profundos eram seus pecados. Eles os enumeraram um por
um. Quando, finalmente, sentiram que tinham sido perdoados, os seus
rostos brilhavam como anjos. (GOMES, 1996, p. 58 apud SHEDD, 2004, p.
100).

No avivamento de Gales, liderado por Evan Roberts, em 1904, as igrejas


ficaram lotadas e não havia hora para terminar os cultos. Confissões de todos os
tipos de pecados se fizeram e muitos bêbados, viciados e ladrões foram salvos.
Shedd (2004, p. 104) afirma que “nas primeiras cinco semanas do avivamento,
foram salvas ente 25 a 30 mil almas”.
A igreja precisa manter a pregação da salvação para todos os homens, pela
fé em Jesus, para que mais vidas possam ser avivadas e alcançadas pela graça
salvadora.

4.3. O Avivamento é Marcado pelo Desejo de Conhecer mais a Deus e Cumprir a


Sua Vontade, conhecida pela Palavra.

Após o dia de Pentecostes, a multidão dos discípulos perseverava na


doutrina dos Apóstolos, indo todos os dias ao templo para receber o ensino bíblico
(At 2.42,46). O estudo bíblico fomenta o avivamento e este produz o desejo pelo
estudo bíblico.
Os capítulos 8 e 10 do livro de Neemias descrevem um dos maiores
avivamentos registrados no Antigo Testamento. Este avivamento teve início
mediante um autêntico retorno à Palavra de Deus e um esforço decisivo para a
compreensão da sua mensagem (v.8); durante sete dias, seis horas por dia, Esdras
leu o livro da lei (v. 3,18). Uma das principais evidências de um avivamento bíblico
na igreja é a grande fome de ouvir, ler e estudar a palavra de Deus.
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Deus se revela principalmente através da Sua Palavra. É por meio dela que
conhecemos a Deus e a tudo que diz respeito a Ele. Pela Palavra conhecemos o
Evangelho, para salvação (Rm 10.13-17) e a vontade de Deus, segundo afirmou
Moisés aos judeus antes de eles entrarem em Canaã (Dt 29.29).
Quando ocorreu o avivamento em Gales, na Grã-Bretanha, em 1904, tendo
Evan Roberts como principal líder, as livrarias ficaram sem bíblias por causa de uma
enorme procura por elas, conforme afirma Shedd (2004, p. 27).

4.4. O Avivamento Cria uma Renovada Urgência pela Evangelização e um Amor


pelas Almas Perdidas, Pregando a Palavra.

A igreja primitiva, impulsionada pelo poder do Espírito e pela Palavra de


Cristo, evangelizou o mundo inteiro (Mt 28.19; Mc 16.15). Os crentes foram por toda
parte anunciando a Palavra de Deus, segundo o registro histórico empreendido por
Lucas (At 4.31; 8.4; 11.19,20).
No avivamento da Coreia até as crianças corriam atrás das pessoas, na rua,
rogando-lhes que aceitassem a Jesus como Salvador (SHEDD, 2004, p. 59). Após
eclodir o avivamento entre os morávios comandados por Nicholas Von Zinzendorf,
na Saxônia, eles enviaram 226 missionários para os povos não alcançados, mais do
que todas as igrejas tradicionais enviaram em 200 anos (Ibid, p. 65).
Como resultado do avivamento ocorrido na universidade evangélica de
Wheaton, alguns alunos foram movidos por Deus para montar uma rádio missionária
na Libéria, que levou o evangelho para milhões de pessoas, em 42 línguas, na
África, na Europa e no Oriente Médio. Entre 500 a 600 missionários saíram daquela
escola para servir ao redor do mundo, inclusive dois deles, que foram martirizados
por índios aucas do alto Amazonas, no rio Curaray, no Equador, em 1956 (SHEDD,
2004, p. 70, 71).
É a Palavra de Deus que gera fé nos corações e produz a salvação, como
explica o apóstolo Paulo na sua epístola dirigida aos cristãos romanos (Rm 10.8-17).
Sem conhecimento do evangelho não há pregação e sem pregação não há fé.
A igreja precisa entender seu papel no cumprimento do “ide” de Jesus, sua
participação na implantação do Reino de Deus na terra, e seu envolvimento na
preparação do mundo para a vinda de Cristo.
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O estudo da Palavra de Deus, pois, é de suma importância para que aconteça


um genuíno avivamento e o conhecimento desta Palavra, além de exortar os crentes
a buscar mais a Deus, preserva-os de misticismo e fanatismo. O homem avivado
consegue cumprir os mandamentos revelados na Bíblia com mais alegria e temor no
coração.
Os meios particulares da graça foram concedidos aos homens para
sustenta-los em sua vida cristã diária, em um mundo de atividades cotidianas.
Praticá-los agora resultará em crescimento e frutificação da vida cristã. Quando o
crente utiliza os meios da graça, percebe os resultados em sua própria vida:
crescimento espiritual, maturidade, alegria, santidade e semelhança a Cristo.

O uso da internet no Brasil

Com o avanço das telecomunicações a partir da década de 1980, a


comunicação social se tornou um tema ainda mais relevante no mundo
contemporâneo, assumindo um papel de suma importância na formulação de
debates quanto às questões da sociedade. Conforme afirma Josaphat:

A comunicação social emerge, portanto, como a resposta a uma função


social que se universaliza e se torna viável na civilização industrial. Ela vem
ao encontro do apetite da informação e à necessidade de comunicação, que
se manifestam, em toda a sociedade, com maior força ainda, desde a
aurora do mundo moderno. (JOSAPHAT, 2006, p.30).

Dessa forma, os meios de comunicação exercem um grande poder frente à


sociedade enquanto agentes na construção da consciência, da razão e do ideário
coletivo, sendo uma importante forma de propagação de ideias, mensagens,
doutrinas e crenças.
No Brasil, comercialmente, a Internet chegou por volta do ano de 1995, por
acesso via Embratel e outros provedores. A partir do ano de 2001, a questão do uso
e acesso teve uma grande mudança, com a chegada da Web 2.0, e provocada pelo
descobrimento de que o elemento mais importante na internet era o usuário. Com
isso, surgiram novos padrões de desenvolvimento para internet, o que tornou os
sites acessíveis a partir de qualquer dispositivo, permitindo que os usuários menos
15

especializados produzissem conteúdo, como os blogs, redes sociais e diversos


outros aplicativos disponíveis hoje em dia.
Na última década ocorreu uma explosão no acesso à internet nos domicílios
brasileiros. Entre 2005 e 2015, o número de casas conectadas saltou de 7,2 milhões
para 39,3 milhões, um aumento de cerca de 446% no período, segundo dados
divulgados pelo IBGE no dia 22/12/20162.
O aumento foi, de fato, astronômico. Em 2005, 13,6% dos domicílios do país
tinham conexão, mas foi apenas em 2014 que mais da metade das casas do país
passaram a ter acesso à web, quando o índice chegou a 54,9%. O dado mais
recente, que se refere ao ano de 2015, mostra que 57,8% dos domicílios possuem
acesso à internet.
O aumento do acesso à internet no Brasil se deve, em grande parte, à
ampliação da conexão por meio de celulares e outros dispositivos móveis, que
cresceu em relação aos tradicionais computadores.
De 2013 para 2014, a conexão exclusivamente por equipamentos portáteis
aumentou 6,2 pontos percentuais, saindo de 5,6% para 12,8%. Mas, no mesmo
período, houve diminuição de 0,3 ponto percentual no uso da internet por
microcomputador (de 42,4% dos domicílios para 42,1%, respectivamente).
Entre 2014 e 2015, a mudança foi maior: mais casas tiveram acesso à
internet somente por celulares, tablets e outros equipamentos (17,3%, no total)
enquanto a proporção de uso de computadores caiu ainda mais (chegando a
40,5%).
Quando considerados os domicílios onde há apenas um único aparelho para
acesso à internet, os celulares e tablets ganham com folga do computador em todos
os estados do país.
Esse cenário é ainda mais evidente no Norte e Nordeste, onde há mais locais
com dificuldade de acesso à banda larga fixa. Estimativa do IBGE revela que 102,1
milhões de brasileiros tiveram acesso à internet nos três meses que antecederam o
questionário feito pelo órgão em 2015, um total de 57,5% da população do país.
Dos quase 200 milhões de habitantes, quase um terço dos brasileiros acessa
a rede. Segundo o IBGE3, a internet era acessível em 70% dos 69 milhões de
2
Fonte: https://exame.abril.com.br/brasil/apesar-de-expansao-acesso-a-internet-no-brasil-ainda-e-baixo/,
acessado em 20/01/2019.
3
Dados disponíveis em http://www.convergenciadigital.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?
UserActiveTemplate=site&infoid=47847&sid=14, acessado em 29/01/19.
16

domicílios brasileiros ao final de 2017. Um salto considerável de sete pontos


percentuais em apenas um ano. E em grande medida graças ao crescimento do uso
de telefones celulares como instrumento de acesso à rede, para 69% dos lares,
além dos novos aparelhos de televisão.
Os dados da PNAD divulgados no dia 26 de abril de 2018 mostram que a
quantidade de domicílios com celulares chegou a 92,7%, sendo que o uso desses
aparelhos como forma de conectividade passou de 60,3% para 69% dos lares entre
2016 e 2017. Os microcomputadores, antes forma de acesso à internet em 40,1%
dos lares, caíram para 38,8%. Enquanto os tablets recuaram de 12,1% para 10,5%.
Este espantoso crescimento do uso da internet no Brasil revela que grande
parte da população brasileira faz constante uso da rede mundial de computadores
para obter instrução ou entretenimento. Uma das plataformas mais acessadas é o
YouTube, onde um número gigantesco de vídeos é disponibilizado diariamente.
O YouTube é um site de rede social que proporciona aos seus usuários o
compartilhamento de vídeos, clipes, reportagens, shows, desenhos animados, filmes
e outros programas de TV, em formato digital. Nasceu durante um jantar entre os
amigos americanos Chad Hurley, de 29 anos, e Steve Chen, de 27, que
disponibilizaram uma versão beta do serviço em maio de 2005 (O GLOBO, 2010). É
extremamente popular no segmento desse gênero e chega a exibir 4,2 bilhões de
vídeos por ano. Além disso, o material encontrado no YouTube pode ser
disponibilizado em blogs e sites pessoais por meio de hiperlinks. Atualmente, há a
possibilidade de criar um canal específico para o grupo social que pretende divulgar
e assistir às postagens feitas.
A igreja precisa estar presente nesta plataforma e em outros sites, para
oferecer a estes milhões de internautas um conteúdo de qualidade, com estudo
bíblico consistente, para suprir a demanda desta população. Vivemos no mundo do
ciberespaço, de telefones celulares que capturam vídeo, fazem downloads de vídeo
e música, das redes de relacionamento social, das mensagens de texto e blogs, dos
equipamentos portáteis e podcasts.
A Internet pode ser usada para proclamar o evangelho de Jesus Cristo e,
com a mesma facilidade, pode ser usada para vender a sujeira e a imundície da
pornografia. Se o maligno pode usar a mídia para difundir suas sujeiras, a igreja
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pode utilizar-se deste meio para propagar o genuíno conhecimento da Palavra de


Deus, um meio da graça para abençoar a vida de muitas pessoas.
Pensando nisto, a igreja local precisa inserir a mídia em seu arsenal de
ferramentas usadas para divulgação da Palavra de Deus, a seus membros e a todos
que navegam pela rede. O evangelho não muda, mas nossa cultura, sim. Isso
significa que cada geração precisa tanto pregar a verdade eterna do evangelho
como descobrir como o evangelho pode ser relevante na cultura na qual vivemos.

O ensino bíblico na mídia, pela igreja de Galinhos

Segundo os textos bíblicos, o apóstolo Paulo, após visitar uma comunidade,


ou fundar uma igreja, continuava a se corresponder com essa através de suas
cartas, a fim de manter viva a sua palavra, a fé e a esperança daqueles que creram
no Evangelho anunciado por ele.
Se este apóstolo estivesse vivendo nesta sociedade contemporânea, seria
indispensável por ele o uso dos avançados meios de comunicação disponíveis para
comunicar as Boas Novas a todas pessoas. Com certeza, ele faria diversas
“navegações” pela internet e por suas comunidades virtuais, a fim de lançar as
sementes do Reino por todo o mundo.
Portanto, essa realidade do real e do virtual, em que ambos fazem parte da
vida contemporânea pós-moderna, auxilia na possibilidade de ampliação de saberes
e da fé. Os dois mundos, virtual e real, atualmente fazem parte da igreja do século
XXI, portanto, não há como negar ou renegar esse virtual, pois esta realidade já está
presente na humanidade toda.
Percebe-se que há um grande desafio para a igreja contemporânea, que é
evangelizar o “continente digital”, ou seja, a igreja deve participar de maneira
qualificada na cultura da comunicação digital. Com o recente advento da internet, a
sociedade se vê imersa na cultura midiática e não deve desprezar esse canal de
comunicação e evangelização.
A igreja Evangélica Assembleia de Deus situada na cidade de Galinhos, no
estado do Rio Grande do Norte realiza semanalmente um culto que tem como
propósito principal, além de adorar a Deus, ensinar as doutrinas fundamentais da
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Bíblia Sagrada. O culto de ensino acontece nas noites das quintas-feiras, com início
às19h30 e término previsto para 21h30min.
A referida igreja, ligada ao ministério IEADERN (Igreja Evangélica Assembleia
de Deus no RN), tem aproximadamente 50 pessoas em seu rol de membros e
congregados, com participação efetiva de cerca de 40% desta membresia no culto
de ensino, semanalmente.
Neste culto, a exposição bíblica é efetuada pelo pastor da igreja, Pr. Kleber
Maia, fazendo uso de slides em projeção multimídia, para ampliar a captação e
entendimento do ensino ministrado neste culto. Percebe-se que este recurso é
importante para que o ensino oferecido seja melhor apreendido pela maioria dos
cristãos presentes ao culto, apesar de um percentual da membresia não ser
alfabetizado.
Percebendo-se a necessidade de se levar o ensino bíblico que era ministrado
na igreja, dada a sua grande importância como meio da graça de Deus, para outras
pessoas que moravam na comunidade, mas não estavam presentes no culto, ou
mesmo para os que moravam em outras regiões, criou-se um canal na plataforma
YouTube.com, denominado Graça e Poder, com o intuito de atender a esta
necessidade.
Os objetivos iniciais foram, portanto, alcançar com a mensagem da Palavra
de Deus as pessoas que não compareciam aos cultos na igreja, principalmente
aquelas que não haviam abraçado a fé cristã, oferecendo-lhes uma exposição da
verdade libertadora do evangelho, bem como objetivando, também, alcançar outros
cristãos com o ensino edificante, oferecendo-lhes um conteúdo que os ajudassem a
viver em santidade, crescer no conhecimento de Deus e serem avivados para servir
ao Senhor, buscando ser capacitados pelo Espírito Santo.
Para colocar em prática este projeto, foram adquiridos equipamentos básicos:
câmera de vídeo, microfone de lapela, notebook e um distribuidor de som, usados
na gravação do vídeo e do áudio durante a ministração da palavra semanal no culto
de ensino, aquisições realizadas ao longo do ano de 2014.
Um voluntário residente na capital do estado do Rio Grande do Norte, Natal,
disponibilizou-se para fazer a edição dos vídeos e sua publicação na plataforma
YouTube, sem custos para a igreja. Os arquivos de vídeo e áudio são transferidos
19

para um drive virtual gratuito na plataforma Google Drive, de onde são acessados
para serem editados e postados.
Além de criar o canal na plataforma YouTube.com, também uma página no
Facebook foi criada, para empreender a divulgação dos vídeos, além de utilizar-se
os perfis do Facebook, Instagram e LinkeIn do pastor Kleber maia, a fim de alcançar
o maior número de pessoas nesta divulgação.

Resultados alcançados pelo ensino na mídia

Hoje, o canal atingiu o número de 3.640 inscritos, número que é maior do que
o dobro do número de habitantes da cidade de Galinhos, estimado em 1.600
habitantes fixos. A maioria das pessoas que acessaram é de residentes na nação
brasileira, mas inclui também pessoas residentes nos EUA, Japão e países da
Europa e África.
O canal Graça e Poder, segundo informações do YouTube, oferece,
atualmente, mais de 200 vídeos em seu acervo, com os mais variados temas da
doutrina bíblica e assuntos da teologia. Seu vídeo mais acessado até o momento
apresenta mais 55 mil visualizações; o canal alcançou mais de 370 mil visualizações
no total, numa média de 1.800 acessos para cada vídeo. Os vídeos têm a duração
média de 60 minutos.
Juntamente com os vídeos, são disponibilizados os slides utilizados na
ministração da palavra no culto de ensino, para que outros pastores possam fazer
uso dos mesmos em seus próprios cultos de ensino, ou para que as pessoas
possam usá-los em estudos em grupo ou individualmente.
Pastores de alguns estados brasileiros já reportaram estar usando este
material em suas igrejas, do Nordeste ao Sudeste do Brasil e até de Portugal já se
recebeu email solicitando liberação para uso dos slides do canal Graça e Poder.
Muitas pessoas têm relatado que foram edificados através dos vídeos
disponíveis no YouTube, inclusive pessoas que não podem ir a uma igreja local, por
estarem doentes, afirmaram que fizeram dos vídeos Graça e Poder seu momento de
edificação na Palavra de Deus.
A Igreja Assembleia de Deus situada na cidade de Mossoró, no estado do
Rio Grande do Norte, a segunda maior cidade do estado, com quase 400 mil
20

habitantes, firmou uma parceria para disponibilizar os vídeos em um programa de


TV que é oferecido na Tv a Cabo Mossoró, onde a referida igreja tem um canal
exclusivo.
Ali são apresentados 10 vídeos por semana, com alcance de mais de 10 mil
pessoas por dia. A Tv AD Mossoró informou que, dentre 14 programas exclusivos
disponíveis em sua programação, o programa Graça e Poder está em 4º lugar em
audiência, logo atrás dos programas que transmitem o culto da igreja de Mossoró, o
programa de notícias da igreja e das aulas da EBD.
Não é possível numerar o alcance total dos vídeos do canal Graça e Poder,
pois há muitos compartilhamentos nas redes sociais, muitos sites de igrejas que
fazem referências ao canal e muitos pastores que utilizam o material distribuído,
sem notificar ou solicitar autorização para uso (que não é necessária), mas, em
relação ao número de membros da igreja e até mesmo, em relação à população da
cidade, é notória a expansão do alcance da mensagem proclamada no púlpito da
igreja, quando divulgada pela mídia.

Considerações finais

O ensino bíblico – a proclamação das verdades divinas registradas nas


Escrituras, realizado na igreja, em seus cultos, é essencial para que as pessoas
possam ser salvas, possam ser conduzidas num processo de santificação, possam
crescer na fé o no relacionamento com Deus e ser despertadas para buscar o poder
do Espírito Santo, sendo capacitadas para cumprir a missão que receberam do Pai.
Como meio da graça de Deus, pelo qual o Espírito Santo age convencendo,
transformando e corrigindo, este ensino é determinante para a saúde espiritual e o
crescimento equilibrado do povo de Deus, além de estabelecer as bases para a sua
missão ao mundo.
Aliada à proclamação dirigida do púlpito aos seus membros, em suas
reuniões, a igreja local pode e deve fazer uso da mídia para ampliar o alcance de
seu impacto transformador à sua comunidade, alcançando pessoas que não vem
(ou não viriam) ao templo para aprender a Palavra.
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Para cumprir seu chamado missional, a igreja também precisa levar o


conhecimento bíblico ao “continente digital”, sendo relevante não apenas no seu
espaço geográfico, mas também no ciberespaço.
A igreja Assembleia de Deus em Galinhos, fazendo uso da mídia para
divulgar a Palavra pregada semanalmente em seu púlpito, tem alcançado muitas
pessoas em diversos locais, tanto no Brasil como em outros países, ampliando em
muito, o alcance da sua proclamação e levando a graça de Deus “aos confins da
terra”.
Percebe-se, assim, que o estudo das verdades da Palavra de Deus é
essencial para o crescimento equilibrado do evangelho e a sua divulgação na mídia
é de grande importância para tornar conhecidas as verdades das Escrituras a um
número maior de pessoas.

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